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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal, o veto exarado por


determinado Chefe do Executivo não seria passível de controle por ADPF, tendo em
vista a natureza política deste ato. É bem verdade que, no julgamento da ADPF 45, o
Ministro Relator do caso sinalizou que aceitaria o uso da ADPF para impugnar o veto;
no entanto, a ação perdeu objeto. Logo, ainda prevalece o entendimento pela
impossibilidade do uso da ADPF para controlar o veto político do presidente da
república. Além da corrente adotada pelo STF, há uma segunda corrente que admite o
controle do veto exarado pelo Chefe do Executivo pela via da impetração de mandado
de segurança por parlamentar.

O princípio da parcelaridade versa sobre a possibilidade de o STF reconhecer a


inconstitucionalidade apenas de palavras ou expressões que estiverem em
desacordo com a Constituição Federal, desde que essa declaração de
inconstitucionalidade de determinada palavra não altere o sentido do dispositivo
legal. OBS: Vale lembrar que tal possibilidade não é admitida no caso do veto
presidencial (art. 66, § 2º, da Constituição Federal de 1988), uma vez que, nesse ato, o
Chefe do Executivo Federal somente pode vetar artigos, parágrafos ou incisos inteiros.

No sistema do controle de constitucionalidade forte, o Poder Judiciário é o órgão com


competência para dar a última palavra (ainda que provisória) sobre determinada questão.
Já no sistema do controle de constitucionalidade fraco, não é o Poder Judiciário quem
profere a última palavra acerca de determinada discussão jurídica. O controle de
constitucionalidade fraco vigora no Canadá, uma vez que o Estado Canadense admite a
chamada “cláusula não obstante”, na qual o Poder Legislativo pode suspender/revogar as
decisões da Suprema Corte Canadense. Nessa perspectiva, é possível afirmar que o Estado
brasileiro também refuta o chamado departamentalismo constitucional ou corrente
departamentalista da interpretação constitucional que propõe dividir a prerrogativa de
interpretar a Constituição entre os diversos Poderes do Estado.

A inconstitucionalidade branca é aquela que ocorre de forma tácita, não expressa, velada
em um julgamento. Pode também ser chamada de declaração branca de
inconstitucionalidade. Nesta situação, o juiz ou o Tribunal, ao decidir, afasta a aplicação de
lei ou de ato normativo por motivos constitucionais, de modo expresso ou não, mas sem
pronunciar diretamente a sua inconstitucionalidade. Afirma Rodrigo Padilha: "Podemos
verificar a declaração de inconstitucionalidade branca quando, embora não haja declaração
expressa de /inconstitucionalidade, o entendimento é que a norma não está adequada à
Constituição. Em análise do conflito entre o verbete 331 do TST e o art. 71, §1.º, da Lei
8.666/93, o Min. Marco Aurélio citou que, por se tratar de uma declaração branca de
inconstitucionalidade da Lei 8.666/93, esse preceito deveria ser afastado para aplicar o
verbete do TST. Não seria surpresa afirmar que na declaração expressa de
inconstitucionalidade teríamos a declaração de inconstitucionalidade preta ou 'em preto'".
Tendo em vista suas consequências junto aos órgãos administrativos e, principalmente,
judiciais, bem como à integridade do ordenamento jurídico, não se revela uma forma
adequada de pronúncia de inconstitucionalidade, tanto que é combatida pela Súmula
Vinculante Nº. 10.

Considera-se cognição aberta no controle concentrado de constitucionalidade em virtude


da possibilidade do Supremo Tribunal Federal declarar a inconstitucionalidade de um
artigo com base em dispositivo constitucional diverso do apontado pelo legitimado na
inicial como fundamento da incompatibilidade com a Constituição Federal. Isso se dá em
virtude da abertura da causa petendi no controle concentrado de constitucionalidade. No
entanto, a abertura da causa petendi não significa exceção ao princípio da congruência no
controle concentrado de constitucionalidade, pois a cognição aberta se dá na causa de
pedir e não no pedido. Dessa forma, não é possível em uma ADI por vício formal (pedido),
o STF declarar a inconstitucionalidade material da norma.

É possível a propositura de ADI contra dispositivo de lei pré-constitucional desde que o


dispositivo impugnado tenha sido alterado na lei após o advento da Constituição Federal
de 1988. A Lei 6.015/1973 (Lei de Registros Públicos) foi editada antes da Constituição
Federal de 1988. No entanto, o artigo 58 da referida lei, impugnado via ADI, foi editado em
1998, recebendo assim interpretação conforme para desembaraçar registro de mudança
de nome de pessoas transexuais.

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