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AVALIAÇÃO G1 – ESTUDO DIRIGIDO – JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL

Aluno: Gabriel Guimarães 1520304


Turma: 2HA

1) Qual a importância do controle de constitucionalidade para a manutenção da ordem


democrática? (1,0)

Resposta:
O controle de constitucionalidade seria o mecanismo atribuído pelo
ordenamento jurídico para que seja possível restabelecer a harmonia do sistema em face
de eventuais rupturas advindas das leis ou atos normativos infraconstitucionais que
sejam incompatíveis com a Constituição Federal.

Sobreleva ressaltar que o exercício da jurisdição constitucional tem por objetivo


precípuo defender a rigidez e a supremacia da norma fundamental, garantindo a
proteção do Estado de Direito Democrático, bem como dos direitos fundamentais,
sociais e coletivos oriundos da Lei Maior.

Nesse aspecto, observa-se que o exercício do controle de constitucionalidade


tem como fundamento o princípio da divisão funcional dos poderes, que prevê o
mecanismo de “checks and balances”. Com isso, a sustentabilidade da ordem
democrática é assegurada ao permitir que todos os poderes possam exercer o controle de
constitucionalidade, não concentrando a competência de regular as leis e atos
normativos apenas em um dos poderes.

Faz-se mister destacar, da mesma forma, que no Estado de Direito Democrático


a constituição privilegia e garante os direitos fundamentais das minorias, impedindo que
a vontade de eventual maioria viole as garantias dos grupos minoritários. Dessa forma,
o controle de constitucionalidade exerce um papel contramajoritário, possibilitando que
a democracia seja vivenciada de maneira plena, mediante respeito ao pluralismo
político.
Revela-se, portanto, que o controle de constitucionalidade é elemento
fundamental para convergência do conteúdo normativo produzido em sede
infraconstitucional em direção ao entendimento firmado pela Constituição Federal.
Desse modo, o controle de constitucionalidade afirma seu papel na defesa das garantias
fundamentais, promovendo a harmonia das instituições democráticas e o equilíbrio entre
os interesses plurais difundidos na sociedade.

2) O Poder Legislativo pode realizar controle repressivo de normas? (1,0)

Resposta:
A possibilidade de controle repressivo de norma por parte do poder legislativo é
consagrada pelo ordenamento jurídico brasileiro nas seguintes hipóteses: (i) controle de
constitucionalidade de medidas provisórias, previsto no no art. 62, §5º, CF e (ii) refere-
se ao controle de atos normativos do Poder Executivo que excedam o poder
regulamentar ou limites de delegação legislativa, estando previsto no artigo 49, inciso V
da Constituição Federal.

Cumpre ressaltar que na primeira hipótese o controle é qualificado como


repressivo porque a MP é tem força de lei a partir do momento que é publicada,
produzindo efeitos imediatamente. Todavia, a conversão do ato privativo do Chefe do
Executivo Federal depende de analise do Congresso Nacional, que ao decidir pelo não
atendimento aos pressupostos autorizadores da MP – relevância e urgência – exerce
controle repressivo.

Quanto ao controle de atos normativos do Poder Executivo, a medida é


repressiva pois o ato normativo já está em vigor, cabendo destacar que no caso de Leis
delegadas, o controle repressivo se aplica somente nos casos de delegação própria por
parte do legislativo, visto que tratando-se de delegação imprópria o ato será apreciado
sobre o prisma do controle preventivo pelo Congresso Nacional (art. 68 § 3º , CF).

3) O Chefe do Poder Executivo pode realizar controle repressivo de normas? (obs.: não
se trata aqui de veto a projeto de lei, mas de assunto tratado na aula 3). (1,0)

Resposta:
O controle repressivo de normas por parte do Chefe do Poder Executivo é
hipótese excepcional dentro da sistemática constitucional brasileira, sendo facultada a
possibilidade de edição de decreto determinando a não aplicação de norma
inconstitucional por parte da administração pública subordinada. Faz-se mister destacar,
contudo, que esses ato pode acarretar em crime de responsabilidade por não
cumprimento de lei, conforme raciocínio do art. 85, inciso VII, da Constituição Federal.

A doutrina e a jurisprudência não são uniformes quanto a aplicabilidade do


controle repressivo por parte do Chefe do Poder Executivo, embora a posição
majoritária reconheça sua validade, utilizando como embasamento o Enunciado nº 3 da
PGE-RJ. No âmbito do STF, o Ministro Gilmar Mendes critica tal hipótese por entender
que a organização da jurisdição constitucional garantiu o monopólio do controle de
constitucionalidade ao Poder Judiciário, não tendo sido recepcionado pela Constituição
de 1988 a doutrina da supremacia da norma constitucional.

4) O Tribunal de Contas pode realizar controle repressivo de normas? (1,0)

Resposta:
O controle repressivo de normas exercido pelo Tribunal de Contas ainda é
questão controvertida no ordenamento pátrio, mas por força da Súmula 347 do STF
autoriza-se o controle por parte do órgão de controle externo. Pelo fato da referida
Súmula ter sido editada durante a vigência da Constituição de 1946, existe grande
divergência sua recepção na ordem constitucional atual.

O Supremo Tribunal Federal – STF não possui posicionamento uniforme quanto


ao tema, havendo decisões monocráticas sustentando a possibilidade do TCU exercer o
controle repressivo de constitucionalidade.

Dessa forma, conclui-se que enquanto não houver julgamento pelo plenário do
STF acerca do tema, a questão permanecerá controvertida. Contudo, para fins de
esclarecimento prático da questão, pode-se afirmar que o controle repressivo pelo
Tribunal de Contas é possível.
5) O Poder Judiciário pode realizar controle prévio de normas? (1,0)

Resposta:
Existem duas hipóteses nas quais o Poder Judiciário poderá exercer o controle
prévio de constitucionalidade, sendo elas: (i) análise de Emenda Constitucional que vise
abolir clausula pétrea, nos termos do art. 60, §4º da Constituição Federal, sendo
necessário que um parlamentar impetre Mandado de Segurança pleiteando que o tema
não cabe ser discutido no Congresso Nacional. No entanto, o STF adota postura
cautelosa e só intervém quando há flagrante inconstitucionalidade da proposta de
Emenda Constitucional; e (ii) análise de inconstitucionalidade formal no processo
legislativo, também sendo necessário que o parlamentar prejudicado ao participar de
processo legislativo irregular impetre Mandado de Segurança. Assim, permite-se apenas
em caso de inconstitucionalidade formal na condução do procedimento de elaboração de
lei.

Cabe consignar, todavia, que o STF possui entendimento orientando que o Poder
Judiciário não poderá exercer o controle prévio de constitucionalidade caso a violação
verse sobre o regimento interno do Legislativo, cabendo apenas o controle no que se
refere ao processo legislativo previsto na Carta Magna.

6) O art. 503, § 1º do CPC pode ser aplicado quando a questão prejudicial do processo
for matéria constitucional? (1,0)

Resposta:
Nas hipóteses que versem sobre controle de constitucionalidade (controle
difuso) de questão prejudicial, constata-se que o juízo designado para apreciar o feito
não terá competência para julgar a constitucionalidade em termos de julgamento de
mérito, uma vez que tal atribuição apenas poderá ser exercida no âmbito do controle
abstrato de normas.
Destarte, considera-se impossível aplicar o art. 503,§ 1º, CPC quando a questão
prejudicial do processo for matéria constitucional, seja qual for a instância do Poder
Judiciário.

7) Em uma apelação cível a 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça acolhe a alegação


de inconstitucionalidade da lei “x”, que foi formulada pelo apelante. Sabendo que nem o
Órgão Especial do Tribunal de Justiça e nem o Supremo Tribunal Federal alguma vez
analisaram a inconstitucionalidade da lei “x”, qual deve ser o procedimento adotado
pela 3ª Câmara Cível agora? (1,0)

Resposta:
Diante da hipótese narrada, entende-se pela possibilidade de aplicação da
cláusula de reserva de plenário, bem como pela cisão funcional de competência, com o
consequente encaminhamento da análise para o Órgão Especial do Tribunal de Justiça
do Rio de Janeiro, conforme disciplina do art. 97 da Constituição Federal c/c art. 949,
inciso II do Código de Processo Civil. Nesse passo, o decisum proferido pelo Órgão
Especial, por maioria absoluta, deve ser encaminhado para cumprimento da 3º Câmara
Cível do Tribunal do Rio de Janeiro, tendo em vista que este órgão fracionário não
possui competência para declarar a inconstitucionalidade da lei.

8) No mesmo caso acima (questão 7), ao invés de acolher a alegação de


inconstitucionalidade poderia a 3ª Câmara simplesmente afastar a incidência da lei ao
caso concreto? (1,0)

Resposta:
Consoante entendimento estabelecido pela Súmula Vinculante 10 do STF, a 3ª
Câmara não poderia afastar a incidência da Lei ao caso concreto, pois estaria
desobedecendo a cláusula de reserva de plenário. Esta situação importaria na declaração
de inconstitucionalidade da lei em sede de controle difuso-concreto de
constitucionalidade, podendo ensejar a reclamação ao STF, assim como a eventual
cassação da decisão , conforme disciplina do art. 7º, § 2º, Lei 11.417/2006.

9) A 8ª Câmara Cível de um Tribunal de Justiça está analisando um recurso em que uma


das partes alega a inconstitucionalidade da lei federal “Y”. Há 6 meses atrás, o Órgão
Especial do Tribunal julgou um incidente de inconstitucionalidade em que reconhecia a
inconstitucionalidade dessa lei federal “Y”. Com base nessas informações, analise as
hipóteses abaixo:
(i) a 8ª Câmara Cível compreende que a norma é inconstitucional. Qual o
procedimento que deve ser adotado e qual a base normativa para tanto? (1,0)

Resposta:
Por força do princípio da economia processual, assim como por força do art.
949, PAR único do CPC, a 8ª Câmara Cível não deve submeter a análise ao Órgão
Especial. Sendo assim, cabe ao órgão fracionário julgar o mérito da demanda,
decretando a inconstitucionalidade da norma, vez que a mesma já foi apreciada pelo
Órgão Especial do Tribunal de Justiça.

(ii) a 8ª Câmara Cível compreende que a norma é constitucional e que a decisão


anterior do Órgão Especial está equivocada. Neste caso, poderá a 8ª Câmara Cível
aplicar a lei ao caso concreto? Há posicionamento que fundamente essa possibilidade?
Qual sua opinião a respeito? (1,0)

Resposta:
Existem duas linhas de fundamentação para sustentar a referida hipótese, de
plano é possível argumentar que o órgão fracionário tem a faculdade de remeter a
análise novamente ao OE, alegando motivo relevante ou a existência de tese jurídica
não apreciada anteriormente pela Corte com relação ao caso concreto.

Noutro giro, poderia-se alegar com fundamento no art. 949, PAR único do CPC
que ensejaria uma dispensa em ralação a remessa da análise ao OE, sendo necessário
verificar se existe impedimento disposto no Regimento Interno do Tribunal de Justiça.

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