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Escola e Educacao Musical Ha Ressonancia
Escola e Educacao Musical Ha Ressonancia
Outubro, 2010
Porque se chamavam homens
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem
[...]
E lá se vai mais um dia
Márcio Borges
21 de outubro de 2010
Mesa Redonda:
“Escola e Educação Musical: há ressonâncias?”
Profª Maria Teresa Alencar de Brito (USP-ECA-São Paulo)
Profª Silvia Cordeiro Nassif Schroeder (USP-Ribeirão Preto)
Coord.:Profª Liana Arrais Serodio (GEPEC-FE-UNICAMP)
Este texto se destina aos professores que têm o desafio de ensinar a criança a
escutar na era em que reina a imagem. E também o desafio de enfrentar as
crenças e representações sobre o lugar da música no currículo escolar, pois ao
mesmo tempo em que, de um modo geral, se tem atitudes muito positivas em
relação a ela, existem poucas informações a respeito, o que alimenta
controvérsias e equívocos sobre sua função na escola e na formação das crianças.
Enfim, este texto quer afirmar que sim, há muitas ressonâncias da Música na
Escola e da Escola na Música. Há que escutá-las.
Pois bem, há quem pense que a música serve para brincar, relaxar, dançar e
alegrar, embora, “nas séries mais adiantadas (...) possa 'perturbar' as atividades
rotineiras de sala de aula”' (SOUZA, 2002, p. 56). O ambiente violento que,
infelizmente, é comum em certas regiões urbanas, faz crescer a opinião de que a
música desenvolve a sensibilidade da criança para que ela não repita a violência
que presencia, pois extravasa suas emoções e fornece um refinamento interior
(Idem, p.59). É também comum o uso da música como auxiliar no
desenvolvimento de outras disciplinas, como meio de trabalhar práticas sociais,
valores e tradições culturais, como mecanismo de controle e como
conscientização estética (Idem, p.55 a 71).
Será que a música tem todo esse poder? Vejamos:
◦ A música funciona como diversão, portanto, serve para as crianças menores,
mas não nas classes onde o trabalho é mais sério? Na verdade, a música serve
1
Este texto foi baseado em outro texto, redigido para a Secretaria Municipal de Educação de Indaiatuba, organizado por
Rosaura Soligo / Instituto Abaporu de Educação e Cultura, em 2008.
como diversão para qualquer idade e nenhum trabalho é tão sério que deva
evitar a música.
◦ Funciona como terapia, que consegue fazer uma criança transcender alguns
efeitos da violência de que é alvo? Sim, mas dificilmente no âmbito da escola.
Existe uma área específica da Musicologia2, que se chama Musicoterapia3, cuja
finalidade é usar a música no processo terapêutico e que se desenvolve junto
da Psicologia e da Terapia Ocupacional.
◦ Recupera a tradição e práticas sociais? Compositores que influenciaram na
Educação Musical como Bela Bartók (1881-1945) e Zoltan Kodály(1882-1967) 4,
na Hungria e Heitor Villa-Lobos(1887-1959) aqui no Brasil, fundamentaram
suas obras nessa proposta. Será que Villa-Lobos recuperou a cultura popular
brasileira? Sabe-se que é impossível recuperar algo que nasceu na vivência das
práticas sociais, no sentido de readquirir o perdido. O que se perdeu, perdido
está. A aposta que se faz na música é que, ao proporcionar práticas musicais
para nossas crianças e jovens, recupere-se neles o prazer de conviver
socialmente, numa ‘espécie’ de diálogo que se subtrai ao imperialismo da
palavra, um ‘diálogo musical’, por assim dizer.
◦ Impõe a ordem? Tomara que não, mas que mostre de algum modo a
importância de uma ordem, de uma organização e até mesmo de um
desenvolvimento físico para se alcançar um objetivo como, por exemplo, a
aquisição de técnica para tocar um instrumento ou para cantar.
◦ Auxilia o aprendizado de outras disciplinas? Pode ser que sim. Há vários
relatos nesse sentido.
◦ A música desenvolve a sensibilidade? Auditiva, sim; emocional, sim e não;
estética, espera-se que sim. É bom lembrar que sensibilidade é uma palavra
que tem mais que um sentido. Só como curiosidade, para se dar uma idéia das
distintas noções de ‘sensibilidade’, a sétima posição da escala de sete notas,
é chamada ‘sensível’5! Quando a usamos como ‘capacidade de ouvir o que
ocorre à nossa volta’, podemos aceitar facilmente que ao fazer música, a
sensibilidade auditiva6 ganha em qualidade. Se aspectos psicológicos, como
lembranças de momentos significativos nos sensibilizam, diz-se que poderia
ser despertada pela música. Por outro lado, atribui-se a certos estilos o poder
2
Para o Instituto Brasileiro de Estudos Musicológicos, a Musicologia é a ciência que estuda e investiga a música: desde os
fundamentos e generalidades, a história, as várias culturas (como as indígenas), os contextos interculturais e
internacionais e a psicologia até os estudos ambientais. Informação disponível em
<http://www.musicologia.ismps.de/temas-IBEM.htm> Acesso em: 19 out. 2008.
3
De acordo com a definição da FEDERAÇÃO MUNDIAL DE MUSICOTERAPIA (WFMT), “A Musicoterapia é a utilização da
música e/ou de seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia), por um musicoterapeuta qualificado, num processo
sistematizado, de forma a facilitar e promover a comunicação, o relacionamento, a aprendizagem, a mobilização, a
expressão, e organização de processos psíquicos de um ou mais indivíduos para que ele(s) recupere(m) as suas funções,
desenvolva(m) o seu potencial e adquira (m) melhor qualidade de vida. Disponível em:
http://musicoterapia.com.sapo.pt/. Acesso em: 19 out. 2008. Para se tornar musicoterapeuta há cursos de
especialização em nível de pós-graduação lacto senso para músicos.
4
KENNEDY, Michael. Dicionário Oxford de Música. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1998.
5
Nota a meio tom abaixo daquela que dá o nome à escala, ou seja, tônica; na estrutura da música que herdamos da
Europa desde 1600, segundo o Dicionário Oxford de Música (1998, p.313).
6
Sabe-se que é o sistema auditivo que acolhe as ondas acústicas e que o cérebro faz as leituras. Atribui-se à música,
então, o empenho no exercício do reconhecimento intelectual, histórico, funcional – cultural, dos sons na música.
de estimular, excitar, inclusive a belicosidade. Quanto ao desenvolvimento de
sensibilidade estética espera-se que sim em qualquer caso, desde a vivência
eficiente, intencional, com a música.
◦ Espera-se, inclusive que a predisposição humana para se expressar por meio
da linguagem instigue diálogos sobre a música, que se estenda a outros
acontecimentos linguísticos, culturais.
Algumas dessas possibilidades contudo, possivelmente aconteçam como ‘efeito
colateral’ do objetivo mais próximo, que é o da criança aprender a escutar para
poder, de algum modo, fazer música. Outras devem ser evitadas na escola, como
a perspectiva terapêutica; também podem ser indesejáveis, quando orientadas
para a imposição de ordem. Um dos grandes desafios do professor de música é
contribuir para que a comunidade escolar entenda que Música tem seus
conteúdos próprios, como as outras disciplinas do currículo.
Quais são esses conteúdos? Lidar com as diversas maneiras de se produzir música,
partindo, de forma muito resumida, de um objetivo central, que é desenvolver a
percepção auditiva para compreender a linguagem musical.
Será que, sem ouvir, seria possível aprender música? A música como as
concebemos culturalmente? A resposta é não. E se ensina alguém a ouvir? Agora,
a afirmação é que sim. A escuta intencional, ativa, crítica, reflexiva,
mobilizadora de ações e emoções é algo que se aprende, portanto, é conteúdo
do ensino e, sendo conteúdo, há maneiras apropriadas para abordá-lo 7. O que é
exatamente ‘ensinar’ a ouvir? É levar o outro a notar as características dos sons
(cantando, tocando, movimentando-se, criando, ensaiando) para interagir com
eles de diversas maneiras (cantando, tocando, movimentando-se, criando,
ensaiando!).
Para tanto, não basta deixar que o som entre e seja naturalmente processado
pelo corpo (ou seja, deixar um aparelho tocando música [um som tocando no
aparelho] enquanto se pensa em outra coisa...). É preciso 'cantar' (figurativa e
literalmente) para as crianças e com as crianças; é preciso conversar, incentivar
que façam comparações, figurações e movimentos; instigar suas explorações em
busca de sons interessantes; imitar as ideias dos outros e imaginar novas
invenções, até ajudá-las a elaborar, articular essas descobertas e encontrar
outras formas de expressá-las.
E como saber se uma determinada característica do som é percebida se não
escutamos com os ouvidos da criança? Analisando esteticamente suas expressões,
isto é, suas reações, representações corporais, faciais, sonoras, gráficas,
gestuais, verbais, pictóricas. É escutando 'a música em que ela se transforma'.
Sabe-se, por exemplo, que é complexo aprender a escrever textos devido à
necessidade de coordenar diferentes procedimentos, relacionados, ao mesmo
tempo, a o que e como escrever – um ‘como’ que diz respeito à gramática, a
correta ortografia, à coerência, à coesão, ao discurso. São muitas questões a
7
A concepção defendida em todas as publicações que compõem a Série ‘Orientações Curriculares’ é de que conteúdo não
é apenas o que se ensina explicitamente, o que se comunica diretamente, mas tudo o que cria as necessárias condições
para que os alunos aprendam por si mesmos, de modo a desenvolverem as capacidades selecionadas como objetivos do
ensino.
observar e a considerar... Assim, os estudos a esse respeito e a prática
pedagógica têm mostrado que a criação de textos próprios deve ser precedida de
um amplo processo de produção com apoio, que pressupõe escrever com o outro,
reescrever textos conhecidos, mudar a perspectiva de um determinado
personagem, parafrasear, continuar uma história iniciada, fazer ‘decalques’,
dentre outros. Ou seja, eliminam-se algumas dificuldades e focalizam-se alguns
aspectos apenas (SOLIGO, 2008).
Também para música, essa perspectiva pedagógica – de restringir a tarefa e o
desafio - faz todo o sentido, porque também o aprendizado de música é
complexo e requer a coordenação de uma série de procedimentos.
A resposta às necessidades de aprendizagem das crianças, que permite
conquistar o objetivo final – o desenvolvimento da capacidade de, cada vez mais,
ouvir música para fazer música ou mesmo interagir como ouvinte – é a razão de
ser de um planejamento que se pretende ajustado à realidade. Assim, aguçando
o seu olhar e a sua escuta, o professor pode equilibrar, no planejamento, os
dados da avaliação dos saberes das crianças, os objetivos, os conteúdos
previstos, os percursos de aprendizagem, os interesses, as necessidades.
Por exemplo: para cantar uma canção temos que coordenar a respiração, a
quantia de força (apoio) que fazemos para que ela saia: Solto a voz nas
estradas.... Lembrar da letra também! Nos fazermos entender, e, de
preferência, fazer os ouvintes felizes! Não é pouca coisa, como se vê...
Os diversos enfoques permitem pensar em outras combinações, que além de
possibilitar à criança 'viver' a música de várias maneiras e avaliar o resultado do
que fez ou ouviu (fazer análises estéticas), favorece que os vários aspectos da
música venham a ser coordenados. Ao entrelaçá-los, a interpretação, a criação e
a direção de ensaios levam a uma espécie de interdisciplinaridade dentro da
mesma disciplina – tocando, cantando ou 'dançando8, explorando, investigando,
improvisando ou compondo sua música, dirigindo os colegas em ensaios e
apresentações... São atividades tão diversas, que as práticas de acionar o
aprendizado de diversos conteúdos ao mesmo tempo são proporcionais à nossa
responsabilidade com o planejamento. Note-se que são diferentes as
competências introspectivas de um compositor e a comunicabilidade do
ensaiador. A oportunidade com as duas práticas, por exemplo, tem uma enorme
potencialidade para a formação da criança.
Assim como a música, o ensino e, portanto, o ensino de música, é composto de
uma pluralidade de relações com o saber, e
A relação com o saber é o conjunto de relações que um sujeito estabelece
com um objeto, um conteúdo de pensamento, uma atividade, uma relação
interpessoal, um lugar, uma pessoa, uma situação, uma ocasião, uma
obrigação, etc., relacionados de alguma forma ao aprender e ao saber -
conseqüentemente, é também relação com a linguagem, relação com o
tempo, relação com a atividade no mundo e sobre o mundo, relação com
8
Para ser rigorosa, trata-se de expressão corporal, que segundo vários estudiosos, são a forma por excelência de vivenciar
os sons (PELINSKI, 2005).
os outros e relação consigo mesmo, como mais ou menos capaz de
aprender tal coisa, em tal situação (CHARLOT, 2005, p.45).
Charlot nos mostra que a singularidade de cada sujeito é tal que, como sabemos,
a mesma aula, no mesmo espaço/tempo, não atinge/mobiliza todas as crianças
da mesma forma ou com a mesma intensidade. Mais uma vez, a diversidade da
música tem aí sua importância didática.
Os modelos de ensino que nos formaram são modos de pensar e agir que nos
compõem e que muitas vezes inspiram nossos planejamentos e nossas ações, para
o bem ou para o mal. Uma maneira de atuar diante deles é estar vigilante,
refletir constantemente sobre os sinais que nos dão as crianças, dialogar com os
pares, estudar.
É papel do professor também ensinar a ouvir simplesmente para ouvir. Uma
forma de se fazer isso é justamente apresentar obras para as crianças somente
escutarem, e proporcionar momentos para que elas ouçam umas às outras.
Uma vez alcançado o objetivo pedagógico imediato, não se pode dar por
encerrada a tarefa. O desenvolvimento da percepção auditiva é contínuo e, ao
mesmo tempo, integral: uma criança de seis anos pode ouvir a mesma peça
musical que outra de dez e ambas podem ter uma compreensão adequada do que
ouviram; uma criança pode ouvir a mesma obra em momentos diferentes e achar
que nunca a ouviu antes; como pode ouvir obras diferentes e dizer que são as
mesmas, pois o estilo, o arranjo, o ‘clima’ da música, são parecidos. Escutar bem
é algo que requer uma prática continuada, pois é resultado de uma aquisição
progressiva, durante toda a formação.
Aqui afirmamos que qualquer pessoa fisiologicamente capaz de ouvir pode
aprender música, se tiver chance e se quiser. No entanto, há um senso comum
aparentemente instituído, da existência dos 'sem talento', que promove
declarações como ‘acho linda a arte, mas não tenho talento, não é para mim’. É
um pensamento que fecha as portas ao saber, com a falta do talento como
justificativa (SERODIO, 2008).
Há crianças que desafiam essa convicção da igualdade de talentos (ou todos o
têm ou ninguém) para a música, tal a naturalidade com que aprendem, como se
fosse sua língua materna. Isso se repete em qualquer área do conhecimento.
Como diz Rosaura Soligo (2001) "tudo dependerá de suas experiências anteriores,
de sua história de vida, de suas características pessoais, do quanto a proposta
pedagógica for de fato adequada e bem desenvolvida, dentre outros aspectos.”
Porém, se tal fenômeno surpreende, mais ainda observar que nem sempre se
repete nos vários aspectos musicais: em sua multiplicidade, eles possibilitam que
interesses/desejos diversos despertem e impulsionem o desenvolvimento de
capacidades e habilidades também diversas9 em ‘gênero e grau’.
9
Ainda que a finalidade deste documento não seja exatamente que nós, autores das Orientações Curriculares,
compartilhemos nossas experiências de professores, não resisti e faço isso aqui nesta nota: Enquanto professora, aprendo
certas coisas, outras não, como toda e qualquer pessoa. Ou aprendo certas coisas em algumas fases da vida. Passo por
experiências que marcam e por outras que não. Mas por ser professora, sou exposta a essa possibilidade porque vivo em
contato diário com as crianças, que são várias e únicas, cada uma com suas habilidades, capacidades e limitações, e de
olhos e ouvidos abertos me contagio com sua curiosidade, sua sede de saber, me implico com as suas dificuldades. Mesmo
Ao professor que se compromete a ensinar música cabe o papel de um verdadeiro
mestre: mostrar alguns caminhos e incentivar as crianças a buscarem outros por
si mesmas, inclusive, se assim quiserem futuramente, fazer música
profissionalmente ou para expressão pessoal.
Importa, a formação musical?
Como temos a responsabilidade de garantir que as crianças conquistem e
construam seu conhecimento, o que nós, professores, pensamos sobre a
importância da música na sua formação é de valor inestimável, assim como a
importância que atribuímos à música em nossa própria formação. Entretanto, se
pensarmos que desde a década dos anos 70, a grande maioria de brasileiros não
teve aulas de música em sua formação escolar e que muitos devem achar que, de
fato, esse aprendizado não faz falta, veremos que o valor do ensino de música
pode não ser percebido por muitos professores. Como sentir falta do que não se
experimentou?
Alguém diria que todos que tem um adequado funcionamento fisiológico do
sistema auditivo, já ‘experimentaram’ música. Ou já ouviram, ou já dançaram,
ou já fizeram uma deliciosa noitada em volta de um violão, cantando e
conversando.
Sabemos, por outro lado, que há ‘notas’ para os aromas, como as notas numa
escala musical, mas quem não é iniciado não reconheceria seus graus,
provavelmente. Outro exemplo mais clássico, é o dos esquimós, que distinguem e
conceituam dezenas de tipos de neve, coisa que para nossa práxis existencial é
cultura inútil.
Pois bem, é desse modo que quem lida com as palavras ou os sons intensa e
intencionalmente, distingue e até nomeia os fenômenos que percebe e conceitua
e outros, que não tem essa prática, nem sintam necessidade dela. Trata-se de
perguntar: será que im-porta, desenvolver a capacidade de ‘ler’ expressões
sonoras?
Se sim, o que fazer para que o ensino seja garantido? Voltamos ao ponto inicial.
A volta do que – em muitos casos - não foi; e o currículo.
No Brasil, em muitas escolas privadas, há aulas de música nos primeiros anos de
formação da criança, desde muitos anos atrás10. Em casos como esse, há um
professor que conhece a estrutura musical e a escolar contribuindo para a
organização do currículo, na perspectiva predominante da instituição em que
trabalha. Esse professor deverá ter histórias e ações criativas para contar, onde
os objetivos preliminares se alteraram, se adaptaram, inserindo novas práticas,
bem sucedidas ou nem tanto. Por vários motivos, a reflexão, a pesquisa, a
retomada e a reavaliação dos resultados vão formando um corpo ‘curricular’,
uma prática pedagógica, até mesmo um inédito viável.
assim, às vezes me flagro em momentos de falta de sensibilidade para tantas e tão variadas perspectivas que surgem das
crianças em sua descoberta da vida! E outras vezes me dou conta de que, enquanto ensinava uma coisa, elas aprendiam
outras...
10
Eu ensino música desde 1988 na mesma escola confessional da rede privada – Colégio de Aplicação “PIO XII”, da
Pontifícia Universidade Católica - PUC Campinas.
Loureiro (2001, p. 109) afirma que
11
“O que são essas narrativas? Textos escritos por profissionais que compartilham lições aprendidas a partir da
experiência, da reflexão sobre a própria experiência, da observação da prática dos pares, da discussão coletiva, da
leitura, do estudo, da pesquisa. São memoriais, novelas de formação, cartas pedagógicas, crônicas do cotidiano,
depoimentos, diários, relatos de experiência e de pesquisa” (SOLIGO e PRADO, 2008).
autoridade constituída e legitimada pela experiência (KRAMER, 2007,
p.18).