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SISTEMAS HÍBRIDOS

SOLUÇÃO ALTERNATIVA PARA LEVAR ENERGIA A COMUNIDADES ISOLADAS


INTRODUÇÃO
Principais FACTORES que é necessário tomar em
consideração na ESCOLHA da opção de alimentação de
um determinado local:
 Disponibilidade do recurso energético,
 Capacidade de transporte,
 Capacidade de distribuição e armazenamento,
 Custo de produção,
 Condições geográficas e econômicas,
 Impactos ambientais.
INTRODUÇÃO
Opções de Alimentação de Energia a Locais
Isolados (Remotos):

 Primeira Opção
Rede Pública
 Opções Alternativas
Equipamentos e Sistemas de Geração Local de Energia
OPÇÕES DE ALIMENTAÇÃO
REDE PÚBLICA

 Configura um grau de segurança elevado na garantia de


fornecimento de energia
 Não satisfaz a disponibilidade de energia em todos os locais
 Nem sempre se torna a solução mais econômica, em resultado
dos custos de investimento em infra-estruturas de eletrificação
 Implica perdas de energia nas infra-estruturas de transporte e
distribuição
 Implica custos relacionados com o consumo de energia que são
cada vez mais elevados, tornando a eletricidade um bem cada
vez mais essencial e dispendioso.
OPÇÕES DE ALIMENTAÇÃO
REDE PÚBLICA
Quando é necessário:
 Extender a rede pública ou
 Reforçar a rede em locais onde a rede existente é fraca e tenha
havido um crescimento do consumo eléctrico.
Implica custos elevados de investimento em infra-estruturas de
extensão ou de reforço da rede pública.
É necessário:
 Avaliar a opção da rede pública face às outras opções
alternativas, tendo em conta todos os factores de escolha da
opção de alimentação.
OPÇÕES DE ALIMENTAÇÃO
EQUIPAMENTOS E SISTEMAS DE GERAÇÃO LOCAL DE
ENERGIA (SISTEMAS AUTÓNOMOS/ISOLADOS)
São alternativas para garantir energia elétrica em locais
remotos/isolados, onde não é viável fazer uma extensão da
(ou reforçar a) rede pública exitente nas proximidades (ou
no local). Contribuem na:
 Diminuição da carga na rede pública
 Redução das perdas de transmissão e distribuição, uma vez
que são instalados nos locais de consumo
 Garantia de abastecimento de parte de energia necessária no
caso de cortes na rede pública.
OPÇÕES DE ALIMENTAÇÃO
EQUIPAMENTOS E SISTEMAS DE GERAÇÃO LOCAL DE
ENERGIA

Por sua vez, os Sistemas Autónomos/Isolados,


compreendem duas possibilidades, em função do
recurso energético, nomeadamente:
 Grupos geradores na base de combustíveis fósseis;
 Energias renováveis.
GRUPOS GERADORES A COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

 Até recentemente, a geração de energia elétrica em


locais remotos/isolados em Moçambique baseava-se
principalmente na utilização de combustíveis fósseis.
 Ainda hoje, é comum encontrar comunidades
remotas/isoladas com serviço elétrico disponível em
apenas algumas horas por dia apoiado em geradores
de combustíveis fósseis.
GRUPOS GERADORES A COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

Vantagens:
 Têm uma grande facilidade de implementação e
colocação em serviço, com grande rapidez, facilidade de
instalação e baixo custo;
 Permitem garantir a disponibilidade de energia para
qualquer potência e em alguns casos com
 Elevada portabilidade e mobilidade.
GRUPOS GERADORES A COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS
Desvantagens:
 Em pequenas cidades, um gerador fóssil normalmente cobre apenas o pico
noturno e funciona de três a quatro horas por dia. Em cidades maiores, a
geração por combustíveis fósseis tem duração média de de mais de 12
horas.
 O custo do combustível onera o fornecimento da eletricidade.
 O transporte de combustível representa uma parcela significativa do custo
do abastecimento, torna-se um fator limitante, uma vez que na maioria
dos casos as comunidades mais necessitadas são remotas e estão distantes
das principais rotas de transporte
 São equipamentos pouco ecológicos. Têm um impacto ambiental negativo
devido aos gases de efeito estufa e possíveis derrames de combustível e
lubrificantes durante o transporte e armazenamento.
GRUPOS GERADORES A COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS
Desvantagens:
 A queima de combustíveis fósseis para a produção de energia
eléctrica tem como impacto ambiental mais importante a
produção de dióxido de carbono.
 O dióxido de carbono contribui activamente para o efeito de
estufa, estando o seu teor na atmosfera correlacionado com o
aumento da temperatura média do planeta.
 Algumas das consequências deste aumento de temperatura podem
vir a ser o aumento dos riscos de catástrofes provocadas por
fenómenos atmosféricos, o degelo acelerado das calotas polares e
consequente subida do nível médio do mar, a migração da fauna
marítima e terrestre, a migração de doenças, etc.
GRUPOS GERADORES A COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

 Em termos mundiais, foi assinado o Tratado de Quioto, com a


intenção de reduzir a emissão dos gases que provocam o efeito da
estufa, considerados como causa antropogénica do aquecimento
global.
 O tratado entrou em vigor no início de 2005, após a ratificação
por 55% dos países, que juntos, produzem 55% das emissões.
GRUPOS GERADORES A COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS
Com crescente consciencialização dos povos em relação ao seguinte:
 Consequências nefastas da produção de energia em centrais
termo-eléctricas através da queima de combustíveis fósseis, e dos
 Perigos inerentes à produção de energia em reactores nucleares, e
com o
 Esgotar das reservas dos combustíveis fósseis,

Torna-se cada vez mais importante o desenvolvimento da produção


de energia eléctrica através de outras fontes que não poluam o
ambiente e satisfaçam as necessidades energéticas.
SISTEMAS DE ENERGIAS RENOVÁVEIS

Constituem alternativa à combustíveis fósseis para


geração local de energia em pequena escala. Incluem:

 Energia solar (fotovoltaica e térmica)


 Energia eólica
 Energia hidroelétrica
 Sistemas de biomassa
SISTEMAS DE ENERGIAS RENOVÁVEIS
Estas tecnologias têm a vantagem de custos operacionais e de
manutenção muito baixa.
Além da diversificação da matriz energética, as fontes renováveis de
energia, têm efeitos positivos, tais como:
 Recurso inesgotável;
 Redução dos impactos climáticos;
 Desenvolvimento econômico local;
 Criação de empregos;
 Transferência de tecnologia;
 Desenvolvimento da cadeia produtiva e
 Criação de mercados descentralizados.
SISTEMAS DE ENERGIAS RENOVÁVEIS
No entanto,

 Em muitos casos, os custos de investimento são maiores do


que a geração fóssil;
 A maioria das fontes de energia renováveis têm intermitência
horária, diária ou variações sazonais na produção, devido às
características do recurso

As fontes de energia intermitentes funcionam bem quando


complementam outras fontes que estão disponíveis com mais
regularidade, como é o caso da energia hidro-elétrica, que
depende da quantidade da água dos reservatórios.
SISTEMAS HÍBRIDOS
 Combinam numa única instalação mais de uma fonte de
energia para gerar e distribuir energia eléctrica, de forma
optimizada e com custos mínimos, a uma determinada carga
ou a uma rede elétrica, isolada ou conectada a outras redes.
 Utilizam combinação de fontes renováveis numa matriz que
pode incluir fontes fósseis.
 Possuem sistemas de controle.
 Podem incluir baterias para acumular a energia produzida.
SISTEMAS HÍBRIDOS
APLICAÇÕES TÍPICAS
Tipicamente, os sistemas híbridos são aplicados de
forma a atender a residências que estão afastadas ou
isoladas da rede elétrica convencional, aumentando a
confiabilidade do fornecimento e garantia do recurso
energético, dada a possibilidade de uma fonte suprir a
falta temporária de outra.
SISTEMAS HÍBRIDOS

Figura 1 Exemplo de um Sistema Hibrido com Sistema de Armazenamento


SISTEMAS HÍBRIDOS
História
Os primeiros sistemas híbridos foram instalados na década de
1970, provavelmente, decorrente da busca de uma alternativa
energética face à crise do petróleo de 1973.
Dentre os projetos implantados nesta década, destacam-se:
 O sistema híbrido eólico-diesel instalado no ano de 1977 em
Clayton, Novo México, Estados Unidos da América e
 O sistema híbrido fotovoltaico-diesel instalado no ano de 1978
na reserva indígena Papago, Arizona, EUA
SISTEMAS HÍBRIDOS
História
 Em escala mundial, um dos maiores sistemas híbridos eólico-
solar, denominado de Grand Renewable Energy Park, ficará
localizado próximo ao lago de Lake Erie, na região de Ontario-
Canadá,
 Contemplará 150 MW de parques eólicos e 100 MW solar
fotovoltaica, totalizando um projeto híbrido de 250 MW.
 O layout do projeto inclui 67 aerogeradores, 425.000 módulos
fotovoltaicos, uma subestação de 34,5/230 kV e 20 km de linha de
transmissão em 230 kV.
CLASSIFICAÇÃO DE SISTEMAS HÍBRIDOS

Os sistemas híbridos podem ser classificados de


diversas formas, sendo as mais comumente utilizadas,
de acordo com:
 A forma de interligação com a rede elétrica e
 O porte (tamanho) da Central.
CLASSIFICAÇÃO DE SISTEMAS HÍBRIDOS
Quanto à Forma de Interligação com a rede elétrica, os
sistemas híbridos podem ser:
 Sistemas isolados, caracterizados por atenderem a
um conjunto de carga totalmente independente,
normalmente através de uma mini rede e isolada do
sistema interligado, ou
 Sistemas interligados, aos quais a energia elétrica
gerada é escoada na rede convencional pública de uma
distribuidora ou transmissora.
CLASSIFICAÇÃO DE SISTEMAS HÍBRIDOS
Sistemas Isolados
 Normalmente, são dotados de grupos de bateria de modo
a permitir o fornecimento em período de
indisponibilidade dos recursos renováveis.
 Para distribuição da energia elétrica gerada aos
consumidores, são utilizadas mini redes compostas por
postes, transformadores, cabos, isoladores e dispositivos
de manobra e protecção.
CLASSIFICAÇÃO DE SISTEMAS HÍBRIDOS
Sistemas Interligados
Nos sistemas que se encontram ligados à rede deve-se ter
uma grande preocupação de como a energia produzida é
enviada para a rede.
 Têm como principal vantagem o intercâmbio da energia
elétrica entre os seus diversos pontos de geração e
consumo.
 Funcionam como blocos de geração complementar dentro
da matriz energética, conectando-se através do sistema
elétrico interligado.
CLASSIFICAÇÃO DE SISTEMAS HÍBRIDOS
Com relação ao Porte dos Sistemas Híbridos, são agrupados
mediante os seguintes intervalos de capacidades nominais:
 Microssistema híbrido: Capacidade < 1 kW. Para atendimento de
pequenas cargas individuais;
 Sistema híbrido de pequeno porte: 1 kW ≤ Capacidade < 100
kW.
 Sistema híbrido de médio porte: 100 kW ≤ Capacidade < 1.000
kW. Relativas ao subsistema de geração elétrica;
 Sistema híbrido de grande porte: Capacidade > 1.000 kW.
Normalmente, são sistemas de geração distribuída, compondo
blocos de geração complementares no sistema interligado.
PRINCIPAIS CONFIGURAÇÕES DOS SISTEMAS HÍBRIDOS

 Sistema fotovoltaico-eólico;
 Sistema fotovoltaico-diesel;
 Sistema eólico-diesel;
 Sistema fotovoltaico-eólico-diesel.
SISTEMA FOTOVOLTAICO-EÓLICO
Ambas fontes fotovoltaico e eólico são de característica intermitente e
aleatória.
Porém, estudos climatológicos revelam existir complementaridade entre
ambas no tempo.
A figura 2 corresponde à periodicidade de 46 anos das séries eólica e solar
obtidas aplicando a série de velocidades mensais de vento e radiação solar
numa transformada de Fourier para estimar as energias/periodicidades
contidas no sinal.
É interessante notar a grande defasagem entre as duas (aproximadamente
15 anos). Verifica-se, desta forma, uma complementariedade que quando a
velocidade dos ventos aumenta a radiação solar diminui e vice-versa.
SISTEMA FOTOVOLTAICO-EÓLICO

Figura 2 – Complementariedade eólico-solar na curva de 46 anos


SISTEMA FOTOVOLTAICO-EÓLICO
A complementaridade entre as fontes, muitas vezes verificada em alguns
locais durante diferentes períodos de tempo, garante maior confiabilidade
ao sistema.
O comportamento da radiação solar ao longo do dia segue um padrão
razoavelmente previsível;
No início da manhã a radiação solar inicia com valores discretos,
atingindo um máximo próximo ao meio-dia e decrescendo até o pôr-do-
sol.
O comportamento do recurso eólico é menos previsível, devido à variação
natural da velocidade dos ventos;
SISTEMA FOTOVOLTAICO-EÓLICO
 Observa-se que, ao contrário da dinâmica eólica, a fonte solar
possui momento de produção mais elevada, em função do
comportamento esperado dentro do regime de flutuações de
aproximadamente 15 anos.
 Desta forma, é possível notar a grande complementariedade
entre as fontes no local de análise.
 Normalmente, a queda de produção de uma fonte é compensada
pelo aumento da outra, evidenciando um produto híbrido de
maior valor, capaz de garantir um produto mais estável e menos
vulnerável à variabilidade climatológica.
SISTEMA FOTOVOLTAICO-EÓLICO
Tipicamente, o perfil das velocidades mais elevadas ocorre em períodos
em que o nível de radiação solar é baixo ou inexistente, conferindo ao
sistema maior continuidade no que se refere à geração de energia elétrica.

A Figura 3 apresenta a complementaridade entre as fontes solar e eólica para


uma dada região.

Figura 3 - Complementariedade entre


os recursos eólico e solar (CRESESB,
2013).
SISTEMA FOTOVOLTAICO-EÓLICO
A figura 4 mostra a curva típica de carga característica de uma comunidade
rural com provimento de electricidade.

A curva mostra três níveis de demanda:


 uma carga noturna de base (iluminação pública, refrigeração, entre
outros);
 Uma carga diária e
 Um pico nas horas da noite de maior actividade (iluminação geral).
SISTEMA FOTOVOLTAICO-EÓLICO

Figura 4 Curva de carga característica de uma


comunidade rural com provimento de electricidade
SISTEMA FOTOVOLTAICO-EÓLICO
Usando a curva exibida no gráfico
como exemplo e assumindo um
sistema hibrido fotovoltaico-eólico,
nos períodos de radiação reduzida ou
inexistente, a energia fotovoltaica é
complementada pela energia eólica.
Nos períodos de radiação abundante,
o excesso de geração fotovotáica pode
ser armazenado em baterias para
cobrir as necessidades energéticas
quando a prevalência de ambos
recursos é escassa.
SISTEMA FOTOVOLTAICO-EÓLICO
PRINCIPAIS COMPONENTES DO PROJECTO
O projeto deve ser devidamente detalhado, devendo
compreender, entre outros, os componentes seguintes:
Objectivo (por exemplo: gerar energia elétrica para venda no
ambiente de contratação livre)
Capacidade (Total Z MW, dos quais X W da fonte eólica e Y
MW da energia solar fotovoltaica).
Universo beneficiário
Detalhes Financeiros (Investimento total, taxa de juro anual,
período de amortização, preço de venda por kWh)
SISTEMA FOTOVOLTAICO-EÓLICO
PRINCIPAIS COMPONENTES DO PROJECTO
Disponibilidade dos recursos eólico (velocidade média diária
do vento em m/s) e solar (radiação média diária Wh/m2)
Localização
Área total
Relevo (áreas planas e declives)
Novos acessos externos,
Construção de novas linhas de transmissão e de subestação
adicionais,
Sistema Fotovoltaico-Eólico-Diesel.
Nesta configuração explora-se a complementaridade das
fontes fotovoltaica e eólica e compreende um sistema de
emergência suportado por gerador a diesel.
Usando a curva exibida no gráfico, a geração fóssil serve
para cobrir períodos em que há ocorrência simultânea de
ventos fracos, radiação insuficiente e baterias
descarregadas.

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