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2012
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA POR
CRISLLENE QUEIROZ CUSTODIO CRB8/8624 - BIBLIOTECA DO INSTITUTO DE
ESTUDOS DA LINGUAGEM - UNICAMP
Título em inglês: Effects of training and professional vocal practice over singing and
speech.
Palavras-chave em inglês:
Music and language
Singing
Phonetics
Gestural phonology
Acoustic phonetics
Área de concentração: Linguística.
Titulação: Doutor em Linguística.
Banca examinadora:
Eleonora Cavalcante Albano [Orientador]
Ricardo Molina de Figueiredo
Osvaldo Novais de Oliveira Junior
Luiz Augusto de MoraesTatit
Maria Jose Dias Carrasqueira de Moraes
Data da defesa: 23-01-2012.
Programa de Pós-Graduação: Linguística.
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Agradecimentos
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vi
Resumo:
Palavras chave: música e linguagem, canto, fonética, fonologia gestual, fonética acústica.
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viii
Title: Effects of training and professional vocal practice over the singing and speech.
Abstract:
The aim of this study is to observe the effects of training and professional voice practice,
the basis of three scenarios that show similarities and differences in spoken and sung
productions: 1) speech is different among groups, 2) singing is similar in the two groups of
singers, 3) speech and singing have similarities and differences influenced by musical
education and training. Conselhos, a song by Carlos Gomes, was chosen to constitute the
corpus, whose text was read and sung five times by three groups, each with five subjects:
solo singers (SOL), choir singers (COR) and news broadcasters (LOC). The data obtained
from the musical score were analyzed with nonparametric procedures, and the data from
acoustic recordings of speech and singing (with and without accompaniment) were
analyzed using parametric procedures. Non-parametric analysis showed that the musical
score maintains language restrictions, without loss of phonological function or linguistic
relevance. Differences observed in the analysis of spoken duration support the first
hypothesis. Such differences suggest the influence of training distinctions based on
professional practice and maintenance of the prosodic hierarchy. Analysis of speech
intonation shows gradient performance among groups, and separates singers from
broadcasters, as well as indicate the influence of professional vocal training. The analysis
of vowel space estimations shows the stressed vowels as expressiveness markers used
by both groups. The intensity in speech distinguishes broadcasters and soloists such as
groups with professional vocal practioneers. The soloists stand out with high values in
intensity and formants. The way of keeping close to the score may explain the tendency of
singers with more practice and training to read a text with an intonation that reminds the
melody. Analysis of overall duration in singing without accompaniment shows that the
similarity between groups reflects the second hypothesis, referring to musical training.
Differences in duration of the linguistic variables in singing reflect the influence of practice
and training. The analysis indicated that pitch singers' intonation ties the musical score,
and accompaniment makes it easy. The analysis of vowel space area estimations in
singing showed similar between groups. The distinction between them appears in the tonic
vowels, more centralized by the soloists, and with higher intensity and formants. The
comparison between acoustic data and estimations of the musical score in singing showed
the soloists with similar pitch to the score. The stressed vowels were investigated in
speech, singing, and between modalities. In speech, the differences between groups are
explained by their background, as soloists and broadcasters are trained to open their
mouth widely. The articulatory consequences would be the larynx lowering and reduction
of pharyngeal space. Research results indicate the stressed vowels in singing have higher
formants for soloists, resulting in stretching (or lifting of the larynx). The results of these
comparisons indicate the influence of music proficiency or vocal training seeking a
comfortable vocal space. These results, observed in the speech and singing, suggest
gestural transference between singing to speech, and vice-versa, as occurs in second
language acquisition. This phenomenon could be the result of bio-mechanical adaptation,
consistent with the Gestural Phonology.
ix
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Lista de Figuras
Figura 2.5.1: Alinhamento Temporal Dinâmico de séries entoacionais.............................................18
Figura 2.6.1: Segmentação dos dados do corpus................................................................................24
Figura 4.2.1: Histograma dos dados de duração de fala, com curvas de densidade de probabilidade
para cada informante..........................................................................................................................40
Figura 4.3.1: Histograma dos dados de entoação (f0) de fala, com curvas de densidade de
probabilidade para cada informante...................................................................................................44
Figura 4.4.1: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das coralistas (COR)......................47
Figura 4.4.2: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das solistas (SOL)..........................47
Figura 4.4.3: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das locutoras (LOC).......................48
Figura 5.2.1: Histograma de duração dos dados de canto sem acompanhamento..............................62
Figura 5.2.2: Histograma de duração de canto com acompanhamento..............................................65
Figura 5.3.1: Histograma de entoação (f0) para canto sem acompanhamento...................................69
Figura 5.3.2: Histograma dos dados de canto com acompanhamento................................................73
Figura 5.4.1: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada sem acompanhamento
das coralistas (COR)...........................................................................................................................76
Figura 5.4.2: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada sem acompanhamento
das solistas (SOL)...............................................................................................................................77
Figura 5.4.3: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada com acompanhamento
das coralistas (COR)...........................................................................................................................77
Figura 5.4.4: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada com acompanhamento
das solistas (SOL)...............................................................................................................................78
Figura 6.1.1: Gráfico de médias de F1 por grupo e modalidades: fala, canto sem acompanhamento
(cantoS), canto com acompanhamento (cantoC)................................................................................96
Figura 6.1.2: Gráfico de médias de F2 por grupo e modalidades: fala, canto sem acompanhamento
(cantoS), canto com acompanhamento (cantoC)................................................................................98
Figura 6.1.3: Gráfico de médias de F3 por grupo e modalidades: fala, canto sem acompanhamento
(cantoS), canto com acompanhamento (cantoC)................................................................................99
Figura 10.1: Partitura da linha vocal de Conselhos (Carlos Gomes)................................................147
Figura 11.1: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das coralistas (COR). Pretônicas...157
Figura 11.2: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das coralistas (COR).Tônicas........158
Figura 11.3: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das coralistas (COR). Postônicas. .159
Figura 11.4: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das solistas (SOL). Pretônicas.......160
xi
Figura 11.5: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das solistas (SOL). Tônicas...........161
Figura 11.6: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das solistas (SOL). Postônicas......162
Figura 11.7: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das locutoras (LOC). Pretônicas. . .163
Figura 11.8: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das locutoras (LOC). Tônicas........164
Figura 11.9: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das locutoras (LOC). Postônicas...165
Figura 11.10: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada sem acompanhamento
das coralistas (COR) Pretônicas.......................................................................................................166
Figura 11.11: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada sem acompanhamento
das coralistas (COR) Tônicas...........................................................................................................167
Figura 11.12: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada sem acompanhamento
das coralistas (COR) Postônicas.......................................................................................................168
Figura 11.13: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada sem acompanhamento
das solistas (SOL) Pretônicas...........................................................................................................169
Figura 11.14: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada sem acompanhamento
das solistas (SOL) Tônicas...............................................................................................................170
Figura 11.15: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada sem acompanhamento
das solistas (SOL) Postônicas...........................................................................................................171
Figura 11.16: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada com acompanhamento
das coralistas (COR).Pretônicas.......................................................................................................172
Figura 11.17: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada com acompanhamento
das coralistas (COR).Tônicas...........................................................................................................173
Figura 11.18: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada com acompanhamento
das coralistas (COR). Postônicas......................................................................................................174
Figura 11.19: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada com acompanhamento
das solistas (SOL). Pretônicas..........................................................................................................175
Figura 11.20: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada com acompanhamento
das solistas (SOL). Tônicas..............................................................................................................176
Figura 11.21: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada com acompanhamento
das solistas (SOL). Postônicas..........................................................................................................177
xii
Lista de Tabelas
Tabela 3.1: Resumo das análises não paramétricas da partitura de Conselhos (Carlos Gomes); S
resultado significativo; NS resultado não significativo...................................................................31
Tabela 3.2: estatística descritiva dos dados acústicos estimados da partitura....................................36
Tabela 4.1: ANOVA para dados de duração de fala............................................................................41
Tabela 4.3: ANOVA para dados de entoação de fala..........................................................................45
Tabela 4.5: ANOVA das medidas de espaço vocálico para a produção falada: área de espaço
vocálico (VSA); significância: significativo (S), não-significativo (NS)...........................................48
Tabela 4.7: teste t para as estimativas de espaço vocálico (VSA) comparando grupos na produção
falada..................................................................................................................................................50
Tabela 4.8: ANOVA das medidas de espaço vocálico para a produção falada: razão de centralização
formântica (FCR); significância: significativo (S), não-significativo (NS).......................................51
Tabela 4.10: teste t para as estimativas de espaço vocálico (VSA e FCR) comparando grupos na
produção falada...................................................................................................................................52
Tabela 4.12: ANOVA dos formantes por grupo..................................................................................53
Tabela 4.13: Médias e desvios padrões dos formantes por grupo......................................................54
Tabela 4.14: teste t comparando os formantes por grupo na fala......................................................54
Tabela 4.15: Médias e desvios-padrão de duração e entoação para partitura e grupos......................55
Tabela 4.16: teste t com os dados acústicos da produção falada e as estimativas da partitura...........55
Tabela 5.1: ANOVA para os dados de duração da produção cantada sem acompanhamento............63
Tabela 5.4: Médias e desvios padrão de duração para as variáveis linguísticas por grupo, canto com
acompanhamento................................................................................................................................67
Tabela 5.5: ANOVA para os dados de entoação da produção cantada sem acompanhamento...........70
Tabela 5.6: Médias e desvios padrão de entoação por grupo, canto sem acompanhamento..............71
Tabela 5.7: ANOVA para os dados de entoação da produção cantada com acompanhamento..........74
Tabela 5.8: Médias e desvios padrão de entoação por grupo, canto com acompanhamento..............74
Tabela 5.9: Teste t entre grupos para VSA na produção cantada sem acompanhamento...................79
Tabela 5.10: Médias e desvios padrão de VSA por grupo, canto sem acompanhamento...................79
Tabela 5.11: teste t das estimativas de VSA entre grupos no canto com acompanhamento...............80
Tabela 5.12: Médias e desvios padrão para VSA por grupo, canto com acompanhamento...............80
Tabela 5.13: Teste t entre grupos para FCR na produção cantada sem acompanhamento.................80
Tabela 5.14: Médias e desvios padrão de FCR por grupo, canto sem acompanhamento...................81
Tabela 5.15: teste t das estimativas de FCR entre grupos no canto com acompanhamento...............83
xiii
Tabela 5.16: Médias e desvios padrão de FCR por grupo no canto com acompanhamento..............83
Tabela 5.17: Teste t das medidas de intensidade entre grupos no canto sem e com acompanhamento
............................................................................................................................................................83
Tabela 5.18: Médias e desvios padrão de intensidade(SPL) por grupo no canto, sem e com
acompanhamento................................................................................................................................84
Tabela 5.19: Comparação entre médias para os formantes do canto sem acompanhamento.............84
Tabela 5.20: Médias e desvios padrão dos formantes por grupo no canto sem acompanhamento.....85
Tabela 5.21: teste t entre grupos dos formantes no canto com acompanhamento..............................85
Tabela 5.22: Médias e desvio padrão para os formantes por grupo no canto com acompanhamento.
............................................................................................................................................................86
Tabela 5.23: teste de comparação entre dados acústicos da produção cantada sem acompanhamento
com as estimativas da partitura...........................................................................................................87
Tabela 5.24: Médias e desvios padrão para duração e entoação por grupo e partitura no canto sem
acompanhamento................................................................................................................................87
Tabela 5.25: teste t comparando duração e entoação entre grupos na produção cantada com
acompanhamento................................................................................................................................88
Tabela 5.26: Médias e desvio padrão de duração e entoação por grupo e partitura no canto com
acompanhamento................................................................................................................................90
Tabela 6.1: ANOVA dos Formantes F1 e F2 (Bark) por vogais e grupo na fala..............................100
Tabela 6.2: Médias e desvios padrão dos formantes por vogal na fala.............................................101
Tabela 6.3: Teste t comparando formantes das vogais tônicas por grupo, canto sem
acompanhamento..............................................................................................................................103
Tabela 6.4: Médias e desvios padrão dos formantes das vogais tônicas por grupo, canto sem
acompanhamento..............................................................................................................................104
Tabela 6.5: Teste t comparando formantes das vogais tônicas por grupo, canto com
acompanhamento..............................................................................................................................105
Tabela 6.6: Médias e desvios padrão dos formantes das vogais tônicas por grupo, canto com
acompanhamento..............................................................................................................................106
Tabela 6.7: Quadro resumo das relações entre formantes das vogais tônicas, modalidade e grupo:
Com canto com acompanhamento, Sem canto sem acompanhamento, Fala fala...................107
Tabela 9.1: Análises não paramétricas de Conselhos (Carlos Gomes): Pearson (x2), Fisher exato e
V-Cramer...........................................................................................................................................138
Tabela 9.2: Análises não paramétricas de Conselhos (Carlos Gomes): desvios de Freeman-Tukey.
..........................................................................................................................................................140
xiv
Tabela 9.3: Estatística Descritiva dos dados de fala e canto; loc locutoras, cor coralistas, sol
solistas, desvpad desvio-padrão.....................................................................................................141
Tabela 9.4: ANOVA entre formantes e vogais por modalidade........................................................142
Tabela 9.5: Comparações entre modalidades e cantoras (TukeyHSD).............................................143
xv
xvi
Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................1
1.1 Considerações Preliminares.....................................................................................3
1.2 Abordagens sobre o assunto.....................................................................................3
1.3 Objetivo.....................................................................................................................7
1.4 Fatores envolvidos....................................................................................................8
1.5 Estrutura da tese.......................................................................................................9
2 Metodologia....................................................................................................................11
2.1 Considerações Preliminares...................................................................................13
2.2 Descrição dos procedimentos de análise de partitura e letra..................................13
2.3 Descrição da metodologia de gravação e análise dos dados acústicos.................15
2.4 Justificativa da escolha dos sujeitos e montagem do corpus..................................16
2.5 Método de gravação, descrição de variáveis e segmentação.................................17
2.5.1 Método de segmentação e análises semiautomáticas.....................................17
2.5.2 Descrição das Variáveis...................................................................................19
2.5.2.1 Variáveis Acústicas e Categóricas............................................................19
2.5.2.2 Variáveis Estimadas..................................................................................19
2.5.2.2.1 Área de Espaço Vocálico...................................................................20
2.5.2.2.2 Razão de Centralização Formântica.................................................20
2.6 Análise fonológica do corpus...................................................................................20
2.6.1 Dados de Fala..................................................................................................22
2.6.1.1 Texto da Canção.......................................................................................22
2.6.2 Dados de Canto...............................................................................................24
2.6.2.1 Produção cantada sem acompanhamento...............................................25
2.6.2.2 Produção cantada com acompanhamento...............................................25
2.7 Comparação entre Partitura e Interpretações Cantadas quanto a f0 e duração ....25
2.8 Análises Estatísticas: Descritivas e Inferenciais......................................................26
2.8.1 Análises Descritivas.........................................................................................26
2.8.2 Análises Inferenciais........................................................................................26
3 Resultados e Análises: Partitura e Letra.........................................................................27
3.1 Considerações Preliminares...................................................................................29
3.1.1 Análise Exploratória em Partituras...................................................................30
xvii
3.1.1.1 Análise das associações entre categorias linguísticas e musicais...........30
3.1.1.2 Análises das Estimativas Acústicas da partitura a partir das categorias da
letra........................................................................................................................33
4 Resultados e Análises: Gravações de Fala....................................................................37
4.1 Considerações preliminares....................................................................................39
4.2 Análises dos dados de duração .............................................................................39
4.2.1 Análise descritiva ...........................................................................................39
4.2.2 Análises inferenciais.........................................................................................41
4.3 Análise dos dados de entoação (f0) .......................................................................42
4.3.1 Análise Descritiva.............................................................................................42
4.3.2 Análises Inferenciais........................................................................................45
4.4 Análise das estimativas de espaço vocálico nas posições acentuais ....................46
4.4.1 Área de Espaço Vocálico (VSA).......................................................................48
4.4.2 Razão de Centralização Formântica (FCR).....................................................50
4.5 Análise da Intensidade (SPL)..................................................................................52
4.6 Análise dos Formantes............................................................................................53
4.7 Comparação entre dados acústicos e estimativas da partitura...............................54
5 Resultados e Análises: Gravações de Canto.................................................................57
5.1 Considerações Preliminares...................................................................................59
5.2 Análises dos dados de duração .............................................................................59
5.2.1 Canto sem acompanhamento .........................................................................59
5.2.1.1 Análise descritiva......................................................................................59
5.2.1.2 Análises inferenciais.................................................................................62
5.2.2 Canto com acompanhamento..........................................................................64
5.2.2.1 Análise descritiva......................................................................................64
5.2.2.2 Análises inferenciais.................................................................................66
5.3 Análise dos dados de entoação (f0) .......................................................................67
5.3.1 Canto sem acompanhamento..........................................................................67
5.3.1.1 Análise Descritiva......................................................................................67
5.3.1.2 Análises inferenciais.................................................................................70
5.3.2 Canto com acompanhamento..........................................................................71
5.3.2.1 Análise Descritiva......................................................................................71
5.3.2.2 Análises Inferenciais.................................................................................74
5.4 Análise das estimativas de espaço vocálico nas posições acentuais ....................75
xviii
5.4.1 Área de Espaço Vocálico (VSA).......................................................................78
5.4.1.1 Canto sem acompanhamento...................................................................79
5.4.1.2 Canto com acompanhamento...................................................................79
5.4.2 Razão de Centralização Formântica (FCR).....................................................80
5.4.2.1 Canto sem acompanhamento...................................................................80
5.4.2.2 Canto com acompanhamento...................................................................81
5.4.3 Análise da Intensidade (SPL)...........................................................................83
5.4.4 Análise dos Formantes.....................................................................................84
5.4.4.1 Canto sem acompanhamento...................................................................84
5.4.4.2 Canto com acompanhamento...................................................................85
5.5 Comparação entre dados acústicos e estimativas da partitura...............................86
5.5.1.1 Canto sem acompanhamento...................................................................86
5.5.1.2 Canto com acompanhamento...................................................................87
6 Análise das vogais tônicas.............................................................................................92
6.1 Considerações preliminares....................................................................................94
6.2 Investigação sobre as tônicas na fala...................................................................100
6.3 Investigação sobre as tônicas no canto................................................................102
6.3.1 Canto sem acompanhamento........................................................................103
6.3.2 Canto com acompanhamento........................................................................105
6.4 Comparação entre modalidades...........................................................................107
7 Discussão e Considerações Finais...............................................................................110
7.1 Recapitulação........................................................................................................112
7.2 Discussão..............................................................................................................113
7.3 Considerações Finais............................................................................................116
8 Referências Bibliográficas............................................................................................118
9 Anexo I Tabelas.........................................................................................................136
10 Anexo II Partitura ...................................................................................................145
11 Anexo III Espaços Vocálicos....................................................................................155
........................................................................................................................................155
xix
xx
1 Introdução
1
2
1.1 Considerações Preliminares
Várias pesquisas foram realizadas por diversos autores sobre a relação fala-canto,
principalmente quanto à descrição dessas produções em diversos níveis: acústicos,
fisiológicos, linguísticos, semióticos. O trabalho de dois pesquisadores são referências
necessárias nesse campo de estudo, principalmente no enfoque de aspectos prosódicos
e segmentais (fones).
Em sua obra, Nicole Scotto di Carlo descreve vários aspectos da produção vocal
no canto e sua comparação com a fala. Seus trabalhos sobre os fatores envolvidos na
3
inteligibilidade do canto (SCOTTO DI CARLO, 1972, 1985, 1995) abordam desde as
condições acústicas mínimas de altura e intensidade, bem como a influência dos métodos
de canto na articulação das frases (sintagmas) linguísticas, se pareadas às frases
musicais.
Sobre a frase cantada e a articulação musical, Scotto di Carlo (1976) faz um estudo
comparativo entre emissão falada e cantada, no sentido de entender que nível de
perturbação da articulação no canto exerce influência sobre os diversos elementos
constituintes da musicalidade da frase cantada, bem como suas consequências. Tais
resultados questionam as técnicas vocais baseadas na articulação de encontros
consonantais ou apoiadas em consoantes. Essa discussão é ampliada em Scotto di Carlo
(1993), que afirma que tais métodos de canto com base nessas articulações devem ser
evitados, a fim de preservar o equilíbrio entre a compreensão do texto cantado e a
estética musical.
Outro achado de Scotto di Carlo (1997 e 2005b) é que o aprendizado do canto faz
uso da memória proprioceptiva1. Nesse trabalho, a autora descreve o papel do professor
de canto ao ensinar como o aluno deve fazer os ajustes articulatórios de cavidade
faríngea e abertura oral, a fim de adaptar as cavidades de ressonância, e, assim,
aumentar seu volume.
4
das consoantes cantadas, deixando sua duração intrínseca e elasticidade com valores
muito próximos aos das consoantes faladas.
Nesse mesmo estudo, a autora afirma que as vogais no canto são mais alongadas
por haver certa desaceleração significativa no ritmo, que é inerente à produção musical.
Há um consequente aumento da duração dessas vogais, fato que se deve à amplitude
considerável dos movimentos realizados pelos articuladores. A redução temporal das
consoantes e expansão vocálica são explicadas não somente pelas fortes restrições
aerodinâmicas enfrentadas na sua produção, mas, também, pelas limitações estéticas
necessárias para manter o legato, que é um dos parâmetros-chave da musicalidade.
Um autor que vem contribuindo com suas pesquisas há mais de cinquenta anos é
Johan Sundberg. Sua obra abrange diversos aspectos da produção cantada, desde a
análise acústica à percepção e simulação em laboratório dos efeitos da voz falada e
cantada.
Alguns dos seus estudos com colaboradores trataram de esmiuçar tal sintonia com
testes perceptivos (CARLSSON-BERNDTSSON e SUNDBERG, 1991). As consequências
articulatórias, conforme já mencionado, são do abaixamento de laringe e abertura oral,
também observadas em outro estudo (SUNDBERG e SKOOG, 1999), notando-se a
dependência da abertura oral sobre o pitch e vogais nos cantores profissionais, pois,
segundo esse estudo, a princípio, tal gradiência de abertura oral ajudaria na sintonia de f0
com F1.
5
Outro trabalho que Sundberg orientou é relativo aos efeitos da formação do cantor
solista. Em Murbe et al. (2003) são observados os efeitos da educação de um cantor
solista profissional sobre o retorno auditivo e cinestésico, visando um estudo longitudinal
do controle tonal dos cantores. Novamente, notou-se que os solistas não dependem do
acompanhamento.
Outros autores abordaram o mesmo assunto, com diferentes enfoques. Dalla Bella
et al. (2006) trata da proficiência cantada na população em geral, proficiência que estaria
correlacionada às diferenças de tempo, pois cantores ocasionais (amadores) tendem a
cantar mais rápido e com maiores erros de tom e duração.
Outros autores abordam a relação entre fala e canto no nível prosódico. Lehiste
(2004) observa esse tópico relativo à prosódia no canto e na fala: como é a manifestação
do sistema prosódico de uma língua no canto, que contrastes de duração têm
semelhantes oposições prosódicas em relação à melodia, ou, se a melodia da canção
interage com contrastes de tom, ou ainda, se a melodia ultrapassa contrastes prosódicos
baseados na entoação falada.
Como Scotto di Carlo, a autora observa certa negociação entre a fala e o canto,
para manter inteligibilidade do texto com o encurtamento das consoantes no canto, além
do pareamento dos três primeiros formantes com os harmônicos entoacionais, sem haver
coarticulação no canto. Ainda, ela propõe que tal negociação implicaria em capacidades
6
cognitivas linguísticas e musicais.
1.3 Objetivo
4 Róticos no português brasileiro (PB) pertencem ao conjunto sons que se assemelham (alofones)
mantendo mesma função fonológica. O [r], vibrante múltipla, foi analisado no estudo citado.
7
articuladores semelhantes ou diferentes entre os grupos.
8
oradores, professores, entre outros. Essas práticas profissionais dependem de
treinamento, como já mencionado. Em especial, a prática do canto e da locução
profissionais tornam o indivíduo mais proficiente com o tempo, com o aprimoramento da
técnica que acontece com a prática cotidiana.
Deve-se considerar que o aprendizado musical tem semelhanças com a aquisição
de linguagem, quer de primeira ou de segunda língua. O indivíduo depende de prática
continuada e imersão no meio musical para atingir a proficiência necessária na prática
profissional, se assim deseja. O mesmo indivíduo tem a mesma necessidade de imersão
ou prática cotidiana para o aprendizado da língua materna ou segunda língua.
Como observado por estudiosos desses fenômenos (FLEGE, 1988; SANCIER e
FOWLER, 1998), existe a possibilidade da transferência de traços da língua materna para
a segunda língua, e vice-versa, num processo de interação que resulta em modificações
da atividade de fala desses indivíduos. O aprendizado musical tem processo semelhante,
pois, quando se aprende a tocar um instrumento da família das cordas é mais fácil
aprender outro instrumento da mesma família. O mesmo ocorre com outros instrumentos,
como madeiras ou percussão.
Ocorreria o mesmo processo no canto em relação à fala? Haveria traços que se
transferem da fala para o canto, e vice-versa, como acontece no aprendizado de línguas?
Seria possível observá-los de que forma?
Como já dito, esse trabalho tem essa finalidade: observar os efeitos do treinamento
e da prática vocal profissional no canto e na fala. Que efeitos seriam esses? Quais seriam
os traços a observar?
A Metodologia explicita os procedimentos adotados para essa tarefa. O capítulo 3
faz a análise da concepção idealizada de uma canção, a partitura, sob os aspectos da
letra e da música, de onde foram extraídos os parâmetros para as análises das
gravações. Essas, serão discutidas em dois capítulos, sobre as gravações de fala
(capítulo 4) e de canto (capítulo 5).
Notou-se durante o trabalho a importância das tônicas como local próprio para
distinções e semelhanças entre os grupos. Por isso, foram analisadas à parte no capítulo
6. O último capítulo faz as discussões e considerações finais.
9
10
2 Metodologia
11
12
2.1 Considerações Preliminares
13
estimados e categorizados.
Os dados referentes às proeminências foram obtidos via derivada primeira das
curvas de duração e f0. Tal procedimento não replica o processo semelhante executado
em Pessotti (2007). Suspeitou-se que alguns alinhamentos observados nas partituras não
se ajustavam ao se aplicar o método da razão tonal (DILLEY, 2005). A aplicação da
derivada primeira produziu resultados mais coerentes com a variação de tom e duração
observada diretamente nas partituras, justificando a troca de procedimento.
Eis as categorias aplicadas à partitura em análise que permitiram contagem de
frequência de ocorrência para a realização de testes não paramétricos:
Tonicidade linguística: sílaba tônica/átona do texto,
14
2.3 Descrição da metodologia de gravação e análise dos dados
acústicos.
Num primeiro olhar sobre o falar e o cantar nota-se que a variabilidade de ambos
passa basicamente pelos níveis duracional e entoacional. Quem tem a fala como
instrumento profissional como locutores e cantores usa o trato vocal para tarefas distintas,
ou seja, locuções profissionais e não profissionais. Ajustes na realização dessas tarefas
têm consequências acústicas e articulatórias que podem ser mensuradas.
Com esses dados, pode-se empregar para a análise diversos métodos comuns em
Fonética Experimental e Fonologia de Laboratório. Aqui se emprega a metodologia quasi-
experimental (CAMPBELL e STANLEY, 1963, 1966; COOK e CAMPBELL, 1979; WOODS,
FLETCHER e HUGHES, 1989).
15
2.4 Justificativa da escolha dos sujeitos e montagem do corpus.
As LOC tem entre 30 e 45 anos, tiveram formação não formal em música, não cantam
em grupos, corais ou como solistas, porém, fazem uso profissional da voz no rádio. As
COR tem entre 18 e 41 anos, cantam em grupos ou corais e realizam pequenos solos,
porém, não tem essa atividade canora como profissão. Já as SOL tem entre 23 e 51 anos,
atuam como solistas em corais, óperas, e têm atividade pedagógica vocal grande (aulas
de canto), além de atuarem em gravações de jingles e peças de teatro, com pelo menos
uma atuação no exterior como solistas, quer em concerto de câmara, quer ópera.
Para comparar fala e canto foi escolhido o texto da canção Conselhos (Carlos
Gomes), cuja partitura (linha vocal e piano) está no anexo II. Esse texto tem 195 sílabas,
segmentadas conforme metodologia descrita adiante. Ele foi lido por todos os grupos e
cantado por SOL e COR, não declamado, com a execução sem e com acompanhamento
digital. A taxa de elocução obtida na leitura realizada pelas locutoras justificou a pulsação
escolhida posteriormente para o acompanhamento.
16
2.5 Método de gravação, descrição de variáveis e segmentação
17
O gráfico seguinte mostra um exemplo dessa aplicação. As segmentações foram
reavaliadas por meio dessa técnica de alinhamento, permitindo correção das
segmentações realizadas manualmente.
O gráfico apresenta o alinhamento de séries temporais via DTW. Ele mostra dois
eixos de índices, de referência e de consulta, para dados de entoação (f0, em semitons)
de uma informante na produção falada. Os índices de referência pertencem à amostra
que é usada como padrão de comparação, enquanto que os índices de consulta
pertencem à amostra que será analisada. O ajuste da curva de alinhamento permite
aproximar, ou melhor, alinhar as duas amostras através dos índices gerados pelo
algoritmo.
18
2.5.2 Descrição das Variáveis
19
2.5.2.2.1 Área de Espaço Vocálico
20
citem pelo menos quatro níveis prosódicos com base em evidências duracionais
(WIGHTMAN et al. 1991; LADD e CAMPBELL 1991), adotou-se aqui os níveis
hierárquicos de constituintes prosódicos que muitos trabalhos consideram em seus
experimentos: os sintagmas entoacional e fonológico, segundo a nomenclatura de Nespor
e Vogel (1986).
Diversas teorias linguísticas descrevem de forma semelhante a estrutura
hierárquica da prosódia, com diversos níveis (LIBERMAN e PRINCE, 1977; SELKIRK,
1980, 1984; BECKMAN e PIERREHUMBERT, 1986; NESPOR e VOGEL, 1983; LADD,
1986). Nessas abordagens, é comum a estrutura prosódica ter pelo menos dois níveis de
constituintes: o sintagma entoacional e o sintagma fonológico. Esse último sintagma
(fonológico) é chamado de intermediário na terminologia de Beckman e Pierrehumbert.
Para os autores citados, a sentença é composta de sequência(s) de sintagmas
entoacionais, que, por sua vez, são compostos de sequências de sintagmas fonológicos,
onde as pausas são consideradas quebras entre sintagmas. Assim, a quebra de sintagma
entoacional é percebida como mais forte ou mais saliente que a quebra de sintagma
fonológico. Ainda, os sintagmas entoacionais são delimitados por fronteiras tonais, e os
sintagmas fonológicos são, teoricamente, marcados com acento frasal, onde os
marcadores inflexão de curva entoacional podem ser altos ou baixos (BECKMAN e
PIERREHUMBERT, 1986).
Em outras teorias de entoação (por exemplo t´HART, COLLIER e COHEN, 1990),
os marcadores entoacionais também ocorrem nas fronteiras acentuais, mas são
identificados com o movimento, e são ambos referidos como elevação e/ou abaixamento.
A transição entre os constituintes prosódicos costuma também ser marcada por
alongamento segmental e silábico em final de sintagma (WIGHTMAN et al., 1992).
21
2.6.1 Dados de Fala
22
SE01:[Menina venha cá]SF01 [veja o que faz]SF02
SE02:[Se por seu gosto o casamento quer]SF03
[a vontade ao marido há de fazer]SF04
SE03:[que este dever o casamento trás]SF05
SE04:[Se o homem velho for ou se ainda rapaz]SF06
[tome tome a lição que ele quiser lhe dar]SF07
SE05:[Se funções e contra danças não quiser]SF08
[também não queira que é melhor]SF09
[pra não brigar]SF10
SE06:[Menina venha cá veja o que faz]SF11
SE07:[Procure de agradar sem contrariar]SF12 [pronta sempre a obedecer]SF13
SE08:[Tenha dele cuidados com amor enquanto ao resto deixe lá correr]SF14
SE09:[Se ainda muito moço e arrebatado for]SF15
[nada nada de ciúmes que seria pior]SF16
SE10:[Oh menina venha cá]SF17 [veja o que faz]SF18
SE11:[A mulher só faz o homem bom e mau]SF19
SE12:[Que assim como dá pão]SF20 [pode dar pau]SF21
SE13:[Ai]SF22
23
criar categorias prosódicas não concordes, ou até duvidosas para algumas línguas, como,
por exemplo, os clíticos na abordagem de Nespor e Vogel. Outros níveis hierárquicos são
concordes, como nos níveis entoacional e intermediário nas abordagens de SELKIRK
(1980, 1984) BECKMAN e PIERREHUMBERT (1986), e NESPOR e VOGEL (1986). A
figura a seguir mostra a aparência final da segmentação.
24
2.6.2.1 Produção cantada sem acompanhamento
A produção cantada com acompanhamento foi gravada cinco vezes pelas cantoras
(COR e SOL). Como já foi dito, espera-se que essa produção seja semelhante entre os
grupos dois grupos de informantes. Se as solistas (SOL) mantiverem a mesma
variabilidade de produção nos três tipos de variáveis (duração, entoação e espaços
vocálicos) que as coralistas (COR), supõe-se que elas se apoiem em recurso cognitivo
externo, no caso, o acompanhamento musical
25
2.8 Análises Estatísticas: Descritivas e Inferenciais.
26
3 Resultados e Análises: Partitura e Letra
27
28
3.1 Considerações Preliminares
29
3.1.1 Análise Exploratória em Partituras
30
descritos anteriormente:
Variáveis significância
Tônica versus Sintagma Fonológico à Direita (SFD) S
Tônica versus Sintagma Entoacional à Direita(SED) S
Tônica versus Ocorrência de Pausa (presente) S
Tônica versus Proeminência de Tom (pico) S
Tônica versus Proeminência de Duração (sim) S
Tônica versus Tempo (forte) S
SFD/SED pareado com SFE/SEE S
SFD versus Ocorrência de Pausa (presente) S
SFE versus Proeminência de Tom (pico) NS
SFD versus Proeminência de Duração (sim) S
SFD versus Tempo (forte) S
SED versus Ocorrência de Pausa (presente) S
SEE versus Proeminência de Tom (pico) NS
SED versus Proeminência de Duração (sim) S
SED versus Tempo (forte) S
Ocorrência de Pausa (presente) versus Proeminência de Tom (pico) NS
Ocorrência de Pausa (presente) versus Proeminência de Duração (sim) S
Ocorrência de Pausa (presente) versus Tempo (forte) S
Proeminência de Tom (pico) versus Proeminência de Duração (sim) S
Proeminência de Tom (pico) versus Tempo (forte) S
Proeminência de Duração (sim) versus Tempo (forte) S
Tabela 3.1: Resumo das análises não paramétricas da partitura de Conselhos
(Carlos Gomes); S resultado significativo; NS resultado não significativo.
31
a partitura e o texto, entre o musical e o linguístico.
32
essas funções podem ser alteradas na produção, pois o que foi observado aqui é a
idealização e não a cadeia sonora gravada que seria resultante da performance de um
intérprete.
Antes de ser feita a análise acústica das produções gravadas serão aqui
detalhadas as análises das estimativas acústicas obtidas dos dados da partitura, cuja
finalidade é realizar posterior comparação com os dados das gravações. Foram
estimados valores para duração e entoação, adotando-se a taxa de 75 bpm para estimar
a duração em segundos (s). As estimativas para entoação (f0) foram obtidas em semitons
(st), com o referencial em 440Hz.
33
D e n s id a d e d e P r o b a b ilid a d e d e C o n s e lh o s - D u r a ç ã o
3 .0
2 .5
d e n s id a d e d e p ro b a b ilid a d e
2 .0
1 .5
1 .0
0 .5
0 .0
0 1 2 3 4
N = 195 B a n d w id th = 0 .0 7 3 1 1
34
D e n s id a d e d e P r o b a b ilid a d e d e C o n s e lh o s - E n to a ç ã o
0 .1 0
0 .0 8
d e n s id a d e d e p ro b a b ilid a d e
0 .0 6
0 .0 4
0 .0 2
0 .0 0
-1 0 -5 0 5 10 15
N = 195 B a n d w id th = 1 .1 7
35
mostraram também alta variabilidade, tendência mais central dos dados e possibilidade
de achatamento da curva, pois os valores são baixos, apesar da bimodalidade acima
aludida.
36
4 Resultados e Análises: Gravações de
Fala
37
38
4.1 Considerações preliminares
39
Figura 4.2.1: Histograma dos dados de duração de fala, com curvas de densidade de
probabilidade para cada informante.
40
Os resultados ilustrados no gráfico foram preditos pela assimetria. Eles podem dar
pistas da taxa de elocução produzida por todas as informantes, que aparenta ser
semelhante entre elas, e, consequentemente, entre os grupos. Esse fato pode ser
explicado com base no conhecimento que as informantes têm da língua para produzir
taxas de elocução semelhantes, pois não se pediu leitura acelerada ou lenta, nem
declamação com peso emotivo. A grande maioria das informantes permaneceu numa taxa
de elocução em torno de cinco sílabas por segundo, com produções mais alongadas em
sílabas tônicas.
Fala
Variável Resposta: duração
Df F valor p significância
Grupo 2 24,4690 0,0000 S
Posição de Proeminência de Sintagma Entoacional 2 17,6692 0,0000 S
Posição de Proeminência de Sintagma Fonológico 2 2,0285 0,1316 NS
Padrão Acentual 3 4990,0303 0,0000 S
Tonicidade 1 382,7251 0,0000 S
Tabela 4.1: ANOVA para dados de duração de fala
A ANOVA realizada (tabela 4.1) mostra significância para quase todas as variáveis,
ou melhor, a duração é distinta para Grupo, Padrão Acentual (PA), Tonicidade (TN) e
Posição de Proeminência de Sintagma Entoacional (PSE). Já o resultado não significativo
para Posição de Proeminência de Sintagma Fonológico (PSF) indica duração semelhante
nessa variável.
41
SOL COR LOC
VariáveisLinguísticas relação
média desvio padrão média desvio padrão média desvio padrão
grupo 0,2181905 0,1180361 0,2075892 0,1135793 0,2162057 0,1077118 SOL = LOC > COR
PSE 0,2643188 0,1074260 0,2598994 0,1073581 0,2628682 0,0953636 SOL = LOC = COR
PSF 0,2651427 0,0992833 0,2578589 0,0988952 0,2604579 0,0886757 SOL = LOC = COR
PA 0,2438672 0,0827485 0,2330028 0,0824891 0,2391601 0,0737291 SOL = LOC > COR
TN 0,2201306 0,0900891 0,2093257 0,0888998 0,2183306 0,0831092 SOL > LOC > COR
Tabela 4.2: Médias e desvios padrão das variáveis linguísticas em relação à duração por grupo.
42
Figura 4.3.1: Histograma dos dados de entoação (f0) de fala, com curvas de densidade de
probabilidade para cada informante.
43
está próxima do valor médio.
Fala
Variável Resposta: f0
Df F valor p significância
Grupo 2 889,1952 0,0000 S
Posição de Proeminência de Sintagma Entoacional 2 64,5581 0,0000 S
Posição de Proeminência de Sintagma Fonológico 2 6,2107 0,0020 S
Padrão Acentual 3 343,8876 0,0000 S
Tonicidade 1 22,8440 0,0000 S
Tabela 4.3: ANOVA para dados de entoação de fala.
44
COR > SOL > LOC. Esse resultado sugere o mesmo efeito observado nas curvas dos
histogramas de f0, isto é, levanta a hipótese da influência do treinamento vocal
profissional, pois LOC e SOL são os grupos que possuem maior tempo de treinamento,
além da prática profissional.
6 Conferir: http://www.phon.ucl.ac.uk/home/sampa/index.html
45
Figura 4.4.1: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das coralistas (COR).
A figura 4.3 (ampliada no anexo III) mostra os espaços vocálicos da fala das
coralistas (COR). As tônicas aparentam maior área, além de centralização formântica em
[E, a, o]. As pretônicas possuem maior área de espaço vocálico que as postônicas, com
dispersão vocálica em todas as vogais, nas duas posições acentuais. Esse dado de
dispersão pode indicar imprecisão articulatória, com possível falta de inteligibilidade.
Figura 4.4.2: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das solistas (SOL).
A figura 4.4 (ampliada no anexo III) mostra os espaços vocálicos da fala das
solistas (SOL). A maioria das vogais tônicas aparenta áreas mais delimitadas e menor
dispersão que em COR. Além disso, a área desses espaços vocálicos aparenta ser
46
homogênea em todas as posições acentuais, e, com certo abaixamento de [a] nas
tônicas, indicativo de maior abertura mandibular.
Figura 4.4.3: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das locutoras (LOC).
A figura 4.5 (ampliada no anexo III) mostra os espaços vocálicos da fala das
locutoras (LOC). Como notado com as SOL, elas têm maior área de espaço vocálico nas
três posições acentuais, além de aparentar áreas mais delimitadas com menor dispersão,
que implica em melhor inteligibilidade. Esse fato comum aos dois grupos é indicativo da
prática vocal profissional que possuem.
df F valor p significância
pretônica 2 0,5409 0,5958 NS
VSA tônica 2 8,5791 0,0049 S
pós-tônica 2 1,6344 0,2357 NS
Tabela 4.5: ANOVA das medidas de espaço vocálico
para a produção falada: área de espaço vocálico (VSA);
significância: significativo (S), não-significativo (NS).
47
A análise de variância (ANOVA) da tabela 4.5 foi conduzida considerando o grupo
(LOC, COR e SOL) em relação a VSA na posição acentual (pretônica, tônica e pós-tônica
). Os resultados foram significativos para as tônicas e não significativos para as pretônicas
e pós-tônicas, resultado que indica diferença entre as informantes para as áreas dos
espaços vocálicos nas tônicas, e certa semelhança entre as informantes nas pretônicas e
postônicas.
A tabela 4.6 exibe as médias e desvios padrões das áreas dos espaços vocálicos
para cada grupo e em cada contexto acentual (pretônica, tônica e postônica), bem como a
relação entre os grupos verificada pelos resultados dos testes post-hoc (Tukey). Conforme
já observado, as átonas são semelhantes entre os grupos, enquanto que as tônicas de
LOC aparentam ser maiores que as das cantoras (SOL e COR). Médias com valores
elevados para as tônicas é indicativo de articulações mais extremas. Tais resultados
corroboram a influência da prática vocal profissional de LOC na leitura.
A tabela 4.7 exibe a comparação entre os grupos por meio do teste t (tabela 4.7), e,
novamente, observa-se que a diferença entre as informantes está nas tônicas. Conforme
48
já mencionado, esses resultados significativos para VSA mostram que LOC realiza
movimento articulatório maior que SOL e COR, principalmente nas tônicas, reforçando a
influência da prática vocal profissional nessa tarefa de leitura. Locutores buscam melhor
inteligibilidade na sua produção, que, além de exigência da profissão, é alcançada com
muita prática e treinamento de precisão articulatória.
df F valor p significância
pretônica 2 0,9303 0,4211 NS
FCR tônica 2 5,5512 0,0196 S
pós-tônica 2 2,5478 0,1196 NS
Tabela 4.8: ANOVA das medidas de espaço
vocálico para a produção falada: razão de
centralização formântica (FCR); significância:
significativo (S), não-significativo (NS).
49
SOL COR LOC
FCR relação
média desvio padrão média desvio padrão média desvio padrão
pretônica 1,5024 0,0631 1,5200 0,0765 1,4659 0,0497 COR = SOL = LOC
tônica 1,4410 0,0251 1,4979 0,0526 1,3827 0,0747 COR > SOL > LOC
postônica 1,5999 0,0316 1,6364 0,0270 1,5815 0,0536 COR = SOL = LOC
Tabela 4.9: Médias e desvios-padrão para FCR por grupo e padrão acentual.
A tabela 4.9 mostra os valores das médias e desvios-padrão para FCR por grupo e
padrão acentual. As LOC são o grupo de informantes que têm menor FCR nas tônicas,
seguidas de SOL, que tem as médias desses índices entre os dois grupos nos padrões
acentuais (pretônicas, tônicas e pós-tônicas). COR é o grupo com maior FCR, resultado
que implica em menor precisão articulatória.
50
de duração, entoação e VSA. Esses resultados indicam que os grupos usam as tônicas
como marcadores de expressividade, pois elas, as tônicas, são as protagonistas da
conjunção letra/partitura.
Tais resultados parecem ter respaldo na literatura. Muitos estudos mostram que é
sobre a tônica que incide a maior variabilidade de f0 (LADD, 1996; GRABE et al, 1998;
GUSSENHOVEN, 1984). As mesmas vogais, tônicas, são as mais importantes para a
manutenção do ritmo na fala, conforme é observado em vários modelos de ritmo de
produção falada e de produção cantada (SMITH, 1991; SMITH, 1999; LARGE e COLEN,
1994; KAY et cols, 1987; SALTZMAN e BYRD, 1999; MARCUS, 1976; BARBOSA, 2002;
BURROWS, 1997).
51
4.6 Análise dos Formantes
Aqui serão realizadas as análises dos formantes, que foram tomados como base
para o cálculo das estimativas dos espaços vocálicos. Recordando, tais espaços
mostraram evidências sobre a atividade articulatória realizada pelos grupos.
df F p
F1 2 500,55 0,00
F2 2 920,22 0,00
F3 2 402,90 0,00
Tabela 4.12: ANOVA dos
formantes por grupo.
A tabela 4.12 mostra a ANOVA dos formantes por grupo, com diferenças
significativas entre os grupos. Esses resultados são esperados, e endossam a hipótese
da diferença entre os grupos na fala.
A tabela 4.13 exibe as médias e desvios padrão dos formantes (F1 a F3), e a
relação entre os grupos avaliada com teste post-hoc (Tukey). Os resultados apontam
para a gradiência entre os grupos (SOL > LOC > COR), evidenciando mais uma vez os
grupos que possuem prática vocal profissional (SOL e LOC).
52
variável grupo t valor p significância
loc-sol -22,7183 0,0000 S
F1-Bark loc-cor 7,6837 0,0000 S
sol-cor 31,1705 0,0000 S
loc-sol -12,9963 0,0000 S
F2-Bark loc-cor 9,6545 0,0000 S
sol-cor 23,6494 0,0000 S
loc-sol -11,9169 0,0000 S
F3-Bark loc-cor 16,1017 0,0000 S
sol-cor 28,2628 0,0000 S
Tabela 4.14: teste t comparando os formantes por
grupo na fala.
53
aproximando-se da partitura. Esse fato poderia explicar a tendência das cantoras com
maior prática e treinamento em ler um texto de maneira próxima ao canto.
Outro fato que também pode justificar essa tendência é a relação SOL = COR para
a entoação, pois, esse resultado semelhante entre os grupos indica distinção entre
cantoras e locutoras. Por outro lado, a igualdade de SOL com LOC para duração sugere
leitura proficiente quanto ao ritmo, reflexo também da prática e do treinamento, pois
ambos os grupos são profissionais da voz.
Os dois fatos têm explicação na prática profissional, pois LOC deve fazer uso do
aumento duracional e da entoação baixa para elocução, diferente de COR. Já a
comparação das duas variáveis para SOL em relação aos outros grupos (COR e LOC)
mostra valores maiores, que pode indicar reflexo da prática vocal profissional do canto na
fala.
Fala
variável
grupo t valor p significância
loc-partitura -9,389 0,000 S
duração sol-partitura -9,342 0,000 S
cor-partitura -9,587 0,000 S
loc-partitura -40,013 0,000 S
entoação sol-partitura -30,810 0,000 S
cor-partitura -31,506 0,000 S
Tabela 4.16: teste t com os dados acústicos da produção
falada e as estimativas da partitura
A tabela 4.16 mostra os resultados da comparação via teste t dos dados acústicos
de duração e entoação com as estimativas obtidas da partitura. Os resultados
significativos reforçam o esperado: há diferença entre a produção falada e os valores
obtidos das estimativas, preditores para a produção cantada. Com esses resultados,
pode-se entender que os grupos têm produções duracionais e entoacionais próprias, não
refletindo o que está na partitura, que é uma representação musical, idealizada, e, sim, a
maior variabilidade típica da fala.
54
5 Resultados e Análises: Gravações de
Canto
55
56
5.1 Considerações Preliminares
57
Figura 5.2.1: Histograma de duração dos dados de canto sem acompanhamento.
58
5.2.1.2 Análises inferenciais
59
Esses resultados mostram que os grupos tentam manter a seu modo a estrutura
musical. Espera-se que a posição de sintagma entoacional esteja pareada com a
idealização das frases musicais propostas na partitura. Os resultados para PA e PSE
indicam o foco de SOL nos níveis mais altos da hierarquia prosódico musical, pois a
posição acentual está atrelada ao posicionamento de sintagma entoacional. Os resultados
para TN e PSF indicam que COR usa estratégia contrária à de SOL, marcando unidades
rítmicas de nível mais baixo (TN) e apoiando-se no nível fonológico mais próximo à
palavra (PSF) e não na entoação (PSE).
60
Figura 5.2.2: Histograma de duração de canto com acompanhamento.
A figura 5.2 mostra a sobreposição quase total das curvas suavizadas dos dados.
Como já feito antes, optou-se pela padronização via função densidade de probabilidade,
pois esse procedimento permite comparação visual direta, com a sobreposição das
curvas de cada grupo. A estatística descritiva corrobora a semelhança entre as curvas,
cujo resultado pode ser interpretado como realização rítmica semelhante. Diferente do
canto a capella, o acompanhamento fornece bases rítmicas e harmônicas com as quais
o/a cantor(a) pode fiar-se na interpretação. As análises inferenciais vão endossar essas
observações, como segue.
61
5.2.2.2 Análises inferenciais
62
Variáveis SOL COR
relação
Linguísticas média desvio padrão média desvio padrão
grupo 0,2753 0,1144 0,2839 0,3376 SOL = COR
PSE 0,5413 0,3562 0,5346 0,3618 SOL > COR
PSF 0,5522 0,3627 0,5462 0,3652 SOL > COR
PA 0,4682 0,2578 0,4594 0,2672 SOL > COR
TN 0,3913 0,2735 0,3880 0,2757 SOL > COR
Tabela 5.4: Médias e desvios padrão de duração para as variáveis linguísticas por grupo,
canto com acompanhamento.
Recordando, o canto sem acompanhamento foi realizado por COR e SOL, como
descrito na Metodologia. O histograma da figura 5.3 ilustra o que foi obtido na estatística
descritiva: diferenças aparentemente justificadas pelos valores de desvio-padrão e
medidas de dispersão (assimetria e curtose).
63
Figura 5.3.1: Histograma de entoação (f0) para canto sem acompanhamento.
64
5.3.1.2 Análises inferenciais
A tabela 5.6 exibe as médias e desvios-padrão para entoação por grupo das
variáveis analisadas na ANOVA para o canto sem acompanhamento. Note-se a relação
65
SOL > COR para as variáveis, exceto em Tonicidade (COR > SOL), resultados que
podem ser interpretados como reflexo da prática e do treinamento de SOL no emprego
das variáveis linguísticas para a interpretação da canção, enquanto que COR tenta
manter a entoação atrelada à pulsação rítmica, que é reflexo do conhecimento musical.
Em outras palavras, COR tenta manter a afinação sem perder o ritmo. Ainda que as
médias sejam diferentes em TN, a ANOVA considerou sem diferença significativa entre os
grupos por terem desvios-padrão elevados.
Recapitulando, o canto sem acompanhamento foi realizado por COR e SOL, como
descrito na Metodologia. O histograma da figura 5.4 ilustra a estatística descritiva,
mostrando poucas diferenças que podem ser justificadas pelo desvio-padrão e medidas
de dispersão (assimetria e curtose).
66
Figura 5.3.2: Histograma dos dados de canto com acompanhamento
67
5.3.2.2 Análises Inferenciais
68
A tabela 5.8 exibe as médias e desvios-padrão da entoação para as variáveis
linguísticas analisadas na ANOVA. As relações entre os grupos são as seguintes: a) COR
> SOL em grupo e Tonicidade (TN); b) SOL > COR em Padrão Acentual (PA), posição de
proeminência de sintagma entoacional (PSE) e posição de proeminência de sintagma
fonológico (PSF).
Como observado nos resultados para o canto sem acompanhamento, COR parece
manter a afinação atrelada à pulsação rítmica. Neste caso, o acompanhamento parece
facilitar essa tarefa, fato notado na elevação da média do grupo em relação ao canto sem
acompanhamento.
69
Figura 5.4.1: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada sem
acompanhamento das coralistas (COR)
A figura 5.5 (ampliada no anexo III) exibe os espaços vocálicos para o canto sem
acompanhamento das coralistas (COR). Observa-se certa homogeneidade das áreas
totais entre as posições acentuais. As áreas de cada vogal nas pretônicas não estão bem
delimitadas, diferente das tônicas e postônicas.
Figura 5.4.2: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada sem
acompanhamento das solistas (SOL)
A figura 5.6 (ampliada no anexo III) ilustra os espaços vocálicos nas posições
acentuais do canto sem acompanhamento das solistas (SOL). Esse grupo apresenta área
aparentemente maior que COR, quanto ao eixo de F2, em todas as posições acentuais.
Na sua maioria, as áreas correspondentes às vogais são melhor definidas, exceto em [o]
nas pretônicas.
70
Figura 5.4.3: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada com
acompanhamento das coralistas (COR).
A figura 5.7 (ampliada no anexo III) ilustra os espaços vocálicos nas posições
acentuais no canto com acompanhamento das coralistas (COR). Nota-se áreas bem
definidas nas tônicas e postônicas, e dispersão nas pretônicas.
Figura 5.4.4: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada com
acompanhamento das solistas (SOL).
A figura 5.8 (ampliada no anexo III) ilustra os espaços vocálicos nas posições
acentuais no canto com acompanhamento das solistas (SOL). Note-se a melhor definição
das áreas das vogais em todas as posições acentuais, exceto em [o] das pretônicas, que
aparenta dispersão.
Como observado, as vogais foram separadas por padrões acentuais (pretônicas,
tônicas e pós-tônicas), permitindo ver as diferentes realizações dos grupos. Note-se
visualmente a variabilidade de área de espaço vocálico, bem como a dispersão e
centralização vocálicas. Recordando, a avaliação dessas impressões foi realizada com o
71
cálculo das estimativas de Área de Espaço Vocálico (VSA) e de Razão de Centralização
Formântica (FCR), que permitem fazer inferências do ponto de vista da precisão
articulatória e da inteligibilidade.
A análise aqui adotada empregou o teste t para comparação das médias dos
grupos, pois são apenas dois (COR e SOL).
A tabela 5.9 exibe os resultados do teste t aplicado para as estimativas de VSA por
grupo. Os resultados não significativos mostram que os grupos apresentam áreas
semelhantes nas posições acentuais, fato observado na inspeção visual dos espaços
vocálicos.
72
SOL COR
VSA relação
média desvio padrão média desvio padrão
pretônica 4,8736 1,2374 4,4595 1,5960 SOL = COR
tônica 5,6456 1,0805 4,9606 1,1628 SOL = COR
postônica 2,4061 0,5326 1,8858 0,4381 SOL = COR
Tabela 5.10: Médias e desvios padrão de VSA por grupo, canto sem
acompanhamento.
A tabela 5.10 exibe as médias e desvios padrão de VSA por grupo no canto sem
acompanhamento. A relação de igualdade entre eles é novamente enfatizada.
SOL COR
VSA relação
média desvio padrão média desvio padrão
pretônica 4,8489 1,4749 4,6595 1,7661 SOL = COR
tônica 5,5705 1,4716 4,9535 1,1638 SOL = COR
postônica 2,9073 0,9281 1,8866 0,4382 SOL = COR
Tabela 5.12: Médias e desvios padrão para VSA por grupo, canto com
acompanhamento.
73
5.4.2 Razão de Centralização Formântica (FCR)
SOL COR
FCR relação
média desvio padrão média desvio padrão
pretônica 1,5024 0,0631 1,5022 0,0937 SOL = COR
tônica 1,4410 0,0251 1,4903 0,0574 SOL = COR
postônica 1,5999 0,0316 1,6407 0,0263 SOL = COR
Tabela 5.14: Médias e desvios padrão de FCR por grupo, canto sem
acompanhamento.
74
LILJENCRANTS, 1992; SUNDBERG, 1972, 1973, 1977, 1979, 1987,1999a, 1999b, 2001;
SUNDBERG e ASKENFELT, 1981; SUNDBERG e NORDSTRÖM, 1976; PABST e
SUNDBERG, 1993; MURBE et al., 2002; SUNDBERG, FAHLSTEDT e MORELL, 2005).
A tabela 5.15 exibe os resultados do teste t realizado para FCR por grupo. Note-se
a diferença significativa para as tônicas, indicando diferença entre os grupos. O resultado
para as postônicas poderia ser considerado marginalmente significativo, e mostra possível
diferença entre os grupos.
SOL COR
FCR relação
média desvio padrão média desvio padrão
pretônica 1,5172 0,0753 1,5200 0,0765 SOL = COR
tônica 1,4223 0,0369 1,4979 0,0526 COR > SOL
postônica 1,5679 0,0580 1,6364 0,0270 SOL = COR
Tabela 5.16: Médias e desvios padrão de FCR por grupo no canto com
acompanhamento.
A tabela 5.16 exibe as médias e desvios-padrão de FCR por grupo no canto com
acompanhamento. A relação COR > SOL mostra a precisão articulatória de SOL, pois
valores baixos de FCR indicam posições mais periféricas no espaço vocálico, implicando
em melhor inteligibilidade.
Esse fator endossa outro ponto da segunda hipótese (H2), relativo às diferenças
entre os grupos baseada no treinamento e na prática. Cantores com maior tempo de
treinamento e prática certamente buscam maior precisão na sua emissão.
75
5.4.3 Análise da Intensidade (SPL)
intensidade t df valor p
sem acomp. 11,9351 9219,611 0
com acomp. 10,2707 9212,195 0
Tabela 5.17: Teste t das medidas de intensidade entre
grupos no canto sem e com acompanhamento
SOL COR
intensidade relação
média desvio padrão média desvio padrão
sem acomp. 71,8702 6,8633 70,3173 5,7647 SOL > COR
com acomp. 71,9157 7,1366 70,5280 5,9774 SOL > COR
Tabela 5.18: Médias e desvios padrão de intensidade(SPL) por grupo no canto,
sem e com acompanhamento.
A avaliação dos espaços vocálicos foi baseada nas estimativas VSA e FCR, que
derivam do cálculo baseado nos formantes. Como já mencionado, foram conduzidos os
testes com os três primeiros formantes de todas as vogais (F1, F2 e F3), desconsiderando
os encontros vocálicos e as vogais nasais. Os formantes foram medidos de acordo com o
procedimento descrito na Metodologia.
76
5.4.4.1 Canto sem acompanhamento
SOL COR
Formantes relação
média desvio padrão média desvio padrão
F1 4,2657 1,2163 3,9416 1,5676 SOL > COR
F2 10,2322 1,5091 9,5641 1,5274 SOL > COR
F3 14,4554 0,8629 13,8187 1,0730 SOL > COR
Tabela 5.20: Médias e desvios padrão dos formantes por grupo no canto sem
acompanhamento.
77
5.4.4.2 Canto com acompanhamento
SOL COR
Formantes relação
média desvio padrão média desvio padrão
F1 4,5444 1,1493 4,0401 1,5796 SOL > COR
F2 10,5496 1,4360 9,7078 1,5070 SOL > COR
F3 14,7005 0,7323 13,9319 1,0382 SOL > COR
Tabela 5.22: Médias e desvio padrão para os formantes por grupo no canto com
acompanhamento.
78
5.5 Comparação entre dados acústicos e estimativas da partitura
79
5.5.1.2 Canto com acompanhamento
A tabela 5.25 exibe os resultados do teste t para duração e entoação por grupo,
considerando a comparação com a partitura. As diferenças significativas para duração
indicam que os grupos não estão se adunando à partitura e ao acompanhamento. Já a
entoação tem resultado não significativo para SOL e partitura, que indica semelhança
entre os dois parâmetros, ou melhor, SOL se aduna à partitura quanto à entoação quando
há o acompanhamento. Por sua vez, COR não se aduna ao acompanhamento na duração
e na entoação.
80
Mais uma vez, esses fatores endossam a segunda hipótese (H2). As semelhanças
observadas em SOL quanto à entoação sugerem a influência da formação musical para
se adunar ao acompanhamento. As diferenças observadas sugerem a influência da
prática e do treinamento, necessários para se alinhar ao acompanhamento.
81
82
6 Análise das vogais tônicas
83
84
6.1 Considerações preliminares
85
Figura 6.1.1: Gráfico de médias de F1 por grupo e
modalidades: fala, canto sem acompanhamento (cantoS),
canto com acompanhamento (cantoC).
A figura 6.1 exibe o gráfico de médias de F1 por grupo nas modalidades: fala, canto
sem acompanhamento (cantoS) e canto com acompanhamento (cantoC). As medidas dos
formantes, conforme já mencionado, foram feitas em Hertz e convertidas em Bark, aqui
apresentadas.
Nota-se nesse gráfico que as locutoras (LOC) estão entre os grupos com F1 mais
alto (SOL) e mais baixo (COR) na fala. COR possui pouca diferença entre o canto sem
acompanhamento e o canto com acompanhamento. SOL apresenta valores de F1
maiores que os outros grupos, com diferença aparente ainda maior entre o canto sem e o
canto com acompanhamento.
86
Figura 6.1.2: Gráfico de médias de F2 por grupo e
modalidades: fala, canto sem acompanhamento (cantoS),
canto com acompanhamento (cantoC).
87
Figura 6.1.3: Gráfico de médias de F3 por grupo e modalidades:
fala, canto sem acompanhamento (cantoS), canto com
acompanhamento (cantoC).
A figura 6.3 exibe o gráfico de médias de F3, segundo a descrição feita na figura
6.1. Os resultados são semelhantes aos anteriores: a) gradiência observada na fala (SOL
> LOC > COR), b) valores de COR nas três modalidades com pouca diferença; c) SOL
com valores maiores, d) valor mais alto no canto com acompanhamento em relação ao
canto sem de SOL.
De modo geral, nota-se que os formantes têm valores baixos para a fala em
relação ao canto, mas, SOL apresenta valores sistematicamente maiores que os outros
grupos. Observa-se também a influência do acompanhamento musical, que eleva os
formantes de todas as cantoras (SOL e COR).
88
conduzidos testes de comparação de médias (teste t), por haver apenas dois grupos (SOL
e COR). Ainda, foram conduzidas análises comparando canto e fala de SOL e COR, por
meio de ANOVA e teste post-hoc de Tukey. Essa última análise foi conduzida devido às
suspeitas levantadas em MEDEIROS (2002) e em PESSOTTI (2007) sobre semelhanças
entre fala e canto, decorrentes de certa negociação entre essas modalidades no nível
segmental a fim de manter a inteligibilidade.
89
vogais média desvio padrão relação
i 1,4712 1,0585 SOL > LOC = COR
e 2,2211 1,1015 SOL > LOC = COR
F1 a 2,9644 1,7732 SOL > LOC = COR
o 4,2012 1,3400 SOL > LOC > COR
u 3,5596 1,0987 SOL > LOC > COR
i 6,8595 2,6667 SOL = LOC = COR
e 9,1653 2,2090 SOL > LOC > COR
F2 a 9,0761 1,3771 SOL > LOC > COR
o 8,4614 1,1012 SOL = LOC = COR
u 8,8140 1,2479 SOL > LOC = COR
Tabela 6.2: Médias e desvios padrão dos formantes por vogal na
fala.
A tabela 6.2 exibe as médias e desvios-padrão para os formantes por vogal na fala,
e a relação entre os grupos, avaliada pelo teste post-hoc de Tukey. SOL tem valores
maiores em F1 para todas as vogais, enquanto que LOC e COR são semelhantes em [i,
e, a] e distintas (LOC > COR) em [o, u]. Em F2 há semelhança nas vogais [i, o] entre os
grupos, gradiência de grupos (SOL > LOC > COR) em [e, a], e distinção de SOL em [u].
90
As diferenças entre SOL e LOC podem ser explicadas pela formação que
receberam. SOL é o grupo de cantoras solistas, que, devido à sua formação foram
ensinadas a exagerar a abertura oral a fim de melhor sintonizar a entoação, com fins
estéticos e/ou emotivos. LOC é o grupo de locutoras profissionais e, de forma
semelhante, foram treinadas para obter uma articulação maior, porém, não tão ampla
como no canto, enfatizando a chamada voz de locução, com entoação grave. Tal recurso
tem consequências articulatórias já observadas, como o abaixamento de laringe e
aumento do espaço faríngeo.
91
6.3.1 Canto sem acompanhamento
92
SOL COR
relação
vogais média desvio padrão média desvio padrão
i 4,4358 1,4984 4,2318 1,6695 SOL = COR
e 4,1244 1,2490 3,7574 1,6681 SOL > COR
F1 a 4,6886 1,7095 4,5633 1,9174 SOL = COR
o 4,9574 1,0036 4,6675 1,6243 SOL > COR
u 4,1818 0,8599 4,3505 1,1866 SOL = COR
i 11,2043 1,8938 10,5790 2,0085 SOL > COR
e 10,9168 1,5379 10,0945 1,7848 SOL > COR
F2 a 9,8870 1,1640 9,6381 1,1318 SOL > COR
o 9,3210 1,0767 9,0415 1,1156 SOL > COR
u 9,1515 1,1601 9,1984 1,1802 SOL = COR
Tabela 6.4: Médias e desvios padrão dos formantes das vogais tônicas por grupo, canto sem
acompanhamento.
93
6.3.2 Canto com acompanhamento
94
SOL COR
relação
vogais média desvio padrão média desvio padrão
i 4,5171 1,3642 4,0061 1,8228 SOL > COR
e 4,4324 1,2078 3,7408 1,7586 SOL > COR
F1 a 5,0673 1,5434 4,6634 1,8404 SOL > COR
o 5,2421 0,9127 4,9182 1,5003 SOL > COR
u 4,3608 0,9338 4,6709 1,1997 SOL > COR
i 11,5990 1,3933 10,2256 2,2058 SOL > COR
e 11,3315 1,3367 10,1748 1,8171 SOL > COR
F2 a 10,2159 0,9838 9,7480 1,0923 SOL > COR
o 9,4571 1,0234 9,2388 0,9959 SOL > COR
u 9,3826 1,3418 9,4330 1,0659 SOL = COR
Tabela 6.6: Médias e desvios padrão dos formantes das vogais tônicas por grupo, canto com
acompanhamento.
A tabela 6.6 exibe as médias e desvios-padrão dos formantes das vogais tônicas
por grupo, no canto com acompanhamento. Os resultados mostram o que já foi
observado, com valores maiores dos formantes para SOL e semelhança em [u] de F2.
95
6.4 Comparação entre modalidades
A tabela 6.7 apresenta o quadro resumo das análises (ANOVA e testes post-hoc de
Tukey) entre os formantes F1 e F2 das vogais tônicas por modalidade e grupo,
disponíveis no anexo I. A modalidade é definida por fala (Fala), canto sem
acompanhamento (Sem) e com (Com). Observam-se três tipos de resultados: a) Com >
Sem > Fala, b) Com = Sem = Fala, c) Com = Sem > Fala.
O primeiro (Com > Sem > Fala) indica a diferença entre as modalidades, que
ocorre em F1 de [i, o] em COR, em decorrência da diferença de abertura mandibular
nessas vogais entre as modalidades, e em F2 de [e] em SOL, indicativo de diferença de
anteriorização/posterização de corpo de língua entre as modalidades.
96
língua em [u].
O terceiro (Com = Sem > Fala) mostra a realização semelhante no canto sem e
com acompanhamento, diferindo da fala. Esse resultado é o predominante, e, esperado,
pois o canto tende a ter formantes maiores que a fala, como já demonstrado nos gráficos
das figuras 6.1 a 6.3.
97
98
7 Discussão e Considerações Finais
99
100
7.1 Recapitulação
101
A intensidade parece evidenciar a proficiência das leitoras, pois é maior na fala das
locutoras (LOC) que das cantoras (SOL e COR). Os formantes marcam o grupo com
maior proficiência no canto (SOL), pois observou-se que os seus formantes (F1, F2, F3)
têm valores maiores que os de LOC e de COR, diferenciando as tônicas das átonas na
fala e no canto.
Novamente, tais resultados diferenciam o grupo SOL, possivelmente pela
proficiência musical e pela prática e treinamento vocal. Esses resultados sugerem uma
busca por possível manutenção de postura vocal confortável.
7.2 Discussão
102
A maior abertura oral, provocada pelo abaixamento da mandíbula ou pelo
estiramento dos lábios, tem como possível resultado a elevação dos formantes
observada, fato ausente do grupo das cantoras coralistas, menos treinado. Pode-se supor
que as estratégias utilizadas pelas locutoras sejam semelhantes às das solistas, mas,
sejam aplicadas à fala, onde a melodia veiculada por f0 é a da entoação.
Tais diferenças sistemáticas de elevação dos formantes podem indicar que as
solistas usam estratégias articulatórias que permitem o encurtamento do trato vocal. Duas
estratégias distintas podem ser executadas, com consequências distintas: a) a elevação
da laringe, que não implica maior abertura oral; b) o estiramento dos lábios, que implica
necessariamente maior abertura oral.
A elevação de laringe é desaconselhada na literatura da pedagogia do canto (TOSI,
1723[1968]; MANCINI, 1774; GARCIA, 1854; LAMPERTI, 1864), por acarretar esforço
vocal. Esse fato foi corroborado por estudos recentes (SUNDBERG e ASKENFELT, 1981;
PABST e SUNDBERG, 1993).
O estiramento dos lábios resulta numa mudança de timbre (SUNDBERG e
ASKENFELT, 1981; PABST e SUNDBERG, 1993; GARNIER et al., 2008), recomendada
pela pedagogia do canto (GARCIA, 1854; MILLER, 1977). Outro uso positivo desse gesto
articulatório é encontrado na literatura sobre expressividade, pois o estiramento e suas
consequências acústicas decorrem necessariamente da fala sorridente (FAGEL, 2009),
agregando valor estilístico positivo.
Há na literatura fonética sobre o canto bases que justificam as manobras
articulatórias citadas. Estudos recentes identificam a sintonização do segundo formante
com algum harmônico de f0 (SUNDBERG, 1974; SUNDBERG, 1987; SUNDBERG et al.,
1999; JOLIVEAU et al., 2004, WOLFE e SMITH, 2008, GARDNER et al., 2010). Seria
esse um complemento da abertura da mandíbula, que é uma maneira conhecida de
sintonizar o primeiro formante com f0 (LESSAC, 1967; RAPHAEL e SCHERER, 1987;
MILLER e SCHUTTE, 1990; CARLSSON-BERNDTSSON e SUNDBERG, 1991;
SUNDBERG et al., 1992; KAYES, 2003).
No entanto, somente a abertura mandibular e o estiramento labial poderiam
acarretar a distorção de certas vogais, principalmente as altas. Como a prática vocal
profissional busca o conforto, é natural que um cantor proficiente tente parear f0 ou
qualquer de seus harmônicos com o formante menos passível de alteração, pois essa
estratégia de sintonia permite aumentar o volume sem esforço vocal, além de preservar
a inteligibilidade.
103
Os resultados mostram ainda outro fator interessante: o canto com
acompanhamento parece ser um lugar privilegiado para a elevação dos formantes. O
acompanhamento tende a marcar o ritmo e servir de apoio da harmonia, independente da
melodia. Além disso, uma vez que a sintonização promove um aumento de volume, deve-
se investigar no futuro a sua importância em momentos de saliência rítmica.
Para tanto, pode-se em trabalhos futuros, recorrer à síntese de fala, replicando
alguns dos trechos gravados de forma semelhante ao que se faz com a fala de
laboratório. As elevações de formantes observadas são possíveis de simular de acordo
com a literatura (Sanguinetti et al., 1994; Beautemps et al., 1995; Perrier et al. 2003 e
2005).
Esses resultados chamam a atenção para a possível transferência articulatória da
prática vocal profissional para a situação informal de leitura. O treinamento tanto das
solistas como das locutoras parece aumentar o conforto na abertura oral, com a elevação
dos formantes e, assim, sintonizá-los da maneira menos custosa possível com f0 ou seus
harmônicos, criando um efeito de maior ressonância.
Esses seriam indícios de uma possível adaptação fônica semelhante à que ocorre
nas interlínguas, onde uma prática sedimentada sofre influência de outra mais recente e
menos frequente. O uso da voz profissional, por razões de saúde vocal, não costuma
exceder determinado limite diário. Porém, é improvável que um profissional da voz faça
pouco uso da oralidade no cotidiano. É possível que a transferência articulatória aqui
observada na tarefa de leitura possa ser mais generalizada, hipótese que deve ser
investigada no futuro.
Além disso, esse pode ser um fenômeno de interprática vocal, semelhante ao
observado na aquisição de segunda língua. Em outras palavras, um recurso usado
anteriormente com pouca frequência passa a ser mobilizado cada vez mais, visando à
proficiência, e acaba por invadir contextos onde não é esperado.
104
7.3 Considerações Finais
105
106
8 Referências Bibliográficas
107
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123
124
9 Anexo I Tabelas
125
126
conselhos
Valor-p
variáveis Pearson(X2) GL (X2) Fisher_exact V-Cramer
(p-value)
Tonicidade + pos_SF 34,574 2 0,000 0,000 0,421
Tonicidade + pos_SE 20,459 2 0,000 0,000 0,324
Tonicidade + pausa 32,432 1 0,000 0,000 0,408
Tonicidade + proemTom 7,676 1 0,006 0,008 0,198
Tonicidade + proemDur 36,244 1 0,000 0,000 0,431
Tonicidade + Tempo 90,005 1 0,000 0,000 0,679
pos_SF + pos_SE 218,180 4 0,000 0,000 0,748
pos_SF + pausa 166,150 2 0,000 0,000 0,923
pos_SF + proemTom 1,989 2 0,370 0,353 0,101
pos_SF + proemDur 60,994 2 0,000 0,000 0,559
pos_SF + Tempo 25,371 2 0,000 0,000 0,361
pos_SE + pausa 115,567 2 0,000 0,000 0,770
pos_SE + proemTom 0,638 2 0,727 0,739 0,057
pos_SE + proemDur 45,518 2 0,000 0,000 0,483
pos_SE + Tempo 16,317 2 0,000 0,000 0,289
pausa + proemTom 0,582 1 0,446 0,416 0,055
pausa + proemDur 73,058 1 0,000 0,000 0,612
pausa + Tempo 23,334 1 0,000 0,000 0,346
proemTom + proemDur 20,168 1 0,000 0,000 0,322
proemTom + Tempo 4,886 1 0,027 0,037 0,158
proemDur + Tempo 33,904 1 0,000 0,000 0,417
Tabela 9.1: Análises não paramétricas de Conselhos (Carlos Gomes): Pearson (x2),
Fisher exato e V-Cramer.
127
Freeman
Tukey -
desvios
Variáveis-Influencia
Tônica versus Sintagma Fonológico à Direita (SFD) 3,3214
Tônica versus Sintagma Entoacional à Direita(SED) 2,5653
Tônica versus Ocorrência de Pausa (presente) 3,2461
Tônica versus Proeminência de Tom (pico) 1,7320
Tônica versus Proeminência de Duração (sim) 3,4146
Tônica versus Tempo (forte) 4,5167
SFD/SED pareado com SFE/SEE 4,7268
SFD versus Ocorrência de Pausa (presente) 5,8179
SFE versus Proeminência de Tom (pico) 0,9570
SFD versus Proeminência de Duração (sim) 4,2888
SFD versus Tempo (forte) 2,8571
SED versus Ocorrência de Pausa (presente) 4,7782
SEE versus Proeminência de Tom (pico) 0,7053
SED versus Proeminência de Duração (sim) 3,6933
SED versus Tempo (forte) 2,0964
Ocorrência de Pausa (presente) versus Proeminência de Tom (pico) 0,6767
Ocorrência de Pausa (presente) versus Proeminência de Duração (sim) 4,6120
Ocorrência de Pausa (presente) versus Tempo (forte) 2,7827
Proeminência de Tom (pico) versus Proeminência de Duração (sim) 2,8812
Proeminência de Tom (pico) versus Tempo (forte) 1,3788
Proeminência de Duração (sim) versus Tempo (forte) 3,2500
128
grupo média desvpad assimetria curtose média desvpad assimetria curtose nT
fala
loc -10,8670 4,3545 0,0831 -0,3465 0,2200 0,1057 0,8179 -0,1270 948
loc -14,0660 3,9731 0,3997 -1,0323 0,2299 0,1073 0,8634 0,4583 949
loc -13,7380 3,0257 0,4641 0,4237 0,2235 0,1216 1,0950 0,2612 949
loc -13,1654 4,2324 0,0058 -0,0923 0,2037 0,0991 0,9740 0,3631 953
loc -14,4209 4,2825 0,5256 -0,1676 0,2039 0,1009 0,9927 0,2736 937
cor -10,2859 5,1853 0,4641 0,3033 0,2514 0,1442 1,5042 2,8050 947
cor -9,2809 2,7805 -0,6347 3,1277 0,2061 0,1175 1,4605 1,7369 947
cor -10,4700 3,4741 0,3098 0,0290 0,1990 0,0906 1,1694 1,3950 958
cor -12,9358 3,3899 0,2125 1,7864 0,1819 0,0973 1,8258 3,5654 945
cor -8,2729 2,6088 -0,5113 0,3183 0,1994 0,0979 1,3689 1,9113 945
sol -9,3336 4,5968 -0,1141 -0,3320 0,2162 0,1139 1,2187 0,8336 949
sol -9,8003 4,9839 0,6310 0,1051 0,2346 0,1399 1,1535 0,6079 951
sol -8,5305 4,6806 -0,0065 0,6585 0,2081 0,1108 1,1232 0,5167 945
sol -11,4566 2,5141 0,0319 -0,2609 0,1909 0,0985 1,4564 1,7844 945
sol -11,2289 5,5604 0,3403 -0,0615 0,2410 0,1162 1,1430 0,9910 945
canto sem acompanhamento
cor -0,4773 3,8643 -0,0367 -0,2466 0,4423 0,3815 3,6791 20,0205 950
cor 0,4099 3,8625 0,0215 -0,4887 0,4113 0,3579 3,0131 12,7421 950
cor 0,7558 3,7628 0,0927 -0,5358 0,4281 0,3800 3,0539 12,9659 955
cor -1,0151 3,9806 0,0431 -0,6164 0,4331 0,3981 3,0870 14,3458 950
cor 0,3124 3,6933 0,1371 -0,4378 0,3822 0,3332 3,3298 16,1311 955
sol 0,3531 3,9083 0,0186 -0,5161 0,4211 0,4166 3,5456 17,5796 950
sol -0,0653 3,8713 0,0005 -0,4691 0,4519 0,4348 3,7656 20,4503 950
sol 0,0026 3,9156 0,0163 -0,4909 0,3624 0,3424 3,7667 20,0706 950
sol 0,8400 3,7358 0,1851 -0,4222 0,3502 0,3339 3,9842 23,1059 950
sol -0,0502 3,9938 0,0809 -0,5882 0,5059 0,4376 2,8871 11,4614 950
canto com acompanhamento
cor 0,0514 3,7760 0,0414 -0,6984 0,3844 0,3485 2,9973 11,9362 953
cor 0,3653 3,8795 0,0944 -0,6056 0,3834 0,3221 2,7840 10,4115 950
cor 0,2776 3,7773 0,0999 -0,5212 0,3841 0,3516 3,3692 16,0636 953
cor 0,0407 3,9425 0,0124 -0,6445 0,3878 0,3283 2,5127 8,1006 949
cor 0,1029 3,7677 0,0646 -0,6922 0,3735 0,3369 3,7240 19,8421 954
sol 0,2238 3,9306 0,0120 -0,5258 0,3883 0,3506 2,7202 9,6915 950
sol 0,0217 3,8685 0,0427 -0,4843 0,3784 0,3231 2,4621 7,7133 950
sol -0,0945 3,9407 0,0162 -0,6140 0,3861 0,3529 2,8307 10,6223 950
sol 0,1193 3,8161 0,1478 -0,4551 0,3845 0,3305 2,6699 9,3452 950
sol -0,2883 4,4048 -0,3415 0,6287 0,3959 0,3540 2,8176 10,6164 950
Tabela 9.3: Estatística Descritiva dos dados de fala e canto; loc locutoras, cor coralistas, sol
solistas, desvpad desvio-padrão.
129
F1
GL F valor p sign.
grupo 2 8,2451 0,0003 S
grupo:vogal 12 100,2512 0,0000 S
grupo:vogal: i 1 25,7964 0,0000 S
grupo:vogal: e 1 15,8604 0,0001 S
grupo:vogal: a 1 25,7876 0,0000 S
grupo:vogal: o 1 212,2947 0,0000 S
grupo:vogal: u 1 116,0646 0,0000 S
F2
grupo 2 0,3785 0,6851 N
grupo:vogal 12 161,2003 0,0000 S
grupo:vogal: i 1 232,8288 0,0000 S
grupo:vogal: e 1 250,2927 0,0000 S
grupo:vogal: a 1 306,1171 0,0000 S
grupo:vogal: o 1 174,5678 0,0000 S
grupo:vogal: u 1 287,9974 0,0000 S
F3
grupo 2 11,6119 0,0000 S
grupo:vogal 12 29,6413 0,0000 S
grupo:vogal: i 1 15,9711 0,0001 S
grupo:vogal: e 1 4,0629 0,0445 S
grupo:vogal: a 1 9,6048 0,0021 S
grupo:vogal: o 1 94,0135 0,0000 S
grupo:vogal: u 1 56,8066 0,0000 S
Tabela 9.4: ANOVA entre formantes e vogais por modalidade.
130
cor sol
F1-Bark F1-Bark
p significância p significância
canto-S-canto-C 0,975 N canto-S-canto-C 0,918 N
fala-canto-C 0,000 S fala-canto-C 0,000 S
fala-canto-S 0,000 S fala-canto-S 0,000 S
[i]
F2-Bark F2-Bark
canto-S-canto-C 0,653 N canto-S-canto-C 0,584 N
fala-canto-C 0,171 N fala-canto-C 0,001 S
fala-canto-S 0,622 N fala-canto-S 0,016 S
F1-Bark F1-Bark
canto-S-canto-C 0,914 N canto-S-canto-C 0,721 N
fala-canto-C 0,000 S fala-canto-C 0,000 S
fala-canto-S 0,000 S fala-canto-S 0,000 S
[e]
F2-Bark F2-Bark
canto-S-canto-C 0,394 N canto-S-canto-C 0,758 N
fala-canto-C 0,003 S fala-canto-C 0,181 N
fala-canto-S 0,000 S fala-canto-S 0,038 S
F1-Bark F1-Bark
canto-S-canto-C 0,293 N canto-S-canto-C 0,010 S
fala-canto-C 0,151 N fala-canto-C 0,864 N
fala-canto-S 0,003 S fala-canto-S 0,002 S
[a]
F2-Bark F2-Bark
canto-S-canto-C 0,987 N canto-S-canto-C 0,997 N
fala-canto-C 0,001 S fala-canto-C 0,000 S
fala-canto-S 0,001 S fala-canto-S 0,000 S
F1-Bark F1-Bark
canto-S-canto-C 1,000 N canto-S-canto-C 0,967 N
fala-canto-C 0,458 N fala-canto-C 0,001 S
fala-canto-S 0,451 N fala-canto-S 0,002 S
[o]
F2-Bark F2-Bark
canto-S-canto-C 0,971 N canto-S-canto-C 0,522 N
fala-canto-C 0,002 S fala-canto-C 0,000 S
fala-canto-S 0,004 S fala-canto-S 0,000 S
F1-Bark F1-Bark
canto-S-canto-C 0,547 N canto-S-canto-C 0,996 N
fala-canto-C 0,000 S fala-canto-C 0,958 N
fala-canto-S 0,004 S fala-canto-S 0,979 N
[u]
F2-Bark F2-Bark
canto-S-canto-C 0,824 N canto-S-canto-C 0,997 N
fala-canto-C 0,873 N fala-canto-C 0,423 N
fala-canto-S 0,522 N fala-canto-S 0,384 N
Tabela 9.5: Comparações entre modalidades e cantoras (TukeyHSD)
131
132
10 Anexo II Partitura
133
134
135
Partitura: na codificação Lilypond:
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% Monday, January 18, 2011
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top-margin = 10\mm
bottom-margin = 20\mm
%%indent = 0 \mm
%%set to ##t if your score is less than one page:
ragged-last-bottom = ##t
ragged-bottom = ##f
%% in orchestral scores you probably want the two bold slashes
%% separating the systems: so uncomment the following line:
%% system-separator-markup = \slashSeparator
}
\header {
}
136
\time 2/4
r8 r4 ees8 |%1
ees16 f g aes ees8 r |%2
c' aes16 f ees f g f |%3
ees f g aes bes8 ees |%4
ees4~ ees8 c16 d |%5
ees8 d16 c d a b g |%6
c4 c8 bes16 aes |%7
g8~ g16 g g f ees g |%8
g4 ees'~ |%9
ees~ ees16 r ees,8 | % 10
ees f g aes | % 11
c4~ c8 ees, | % 12
ees f g aes | % 13
des4~ des8~ des16 r | % 14
f4~ f8 ees | % 15
f ees c aes | % 16
g bes aes16 g aes f | % 17
ees4~ ees8 aes16 bes | % 18
cbcbcbcb | % 19
c4~ c16 g aes bes | % 20
c b c b c g aes bes | % 21
aes4 r8 ees' | % 22
f ees c aes | % 23
des4~ des8~ des16 r | % 24
f,4 c'8~ c16 bes | % 25
aes4 r | % 26
R2 *3 | %
r8 r4 ees8 | % 30
ees16 f g aes ees8 r | % 31
c' aes16 f ees4 | % 32
ees16 f g aes bes8 ees | % 33
ees4~ ees8 c16 d | % 34
ees8 d16 c d a b g | % 35
c4 r16 c bes aes | % 36
137
g8 g g16 f ees g | % 37
g4 ees'~ | % 38
ees~ ees16 r ees,8 | % 39
ees f g aes | % 40
c4 c8 ees, | % 41
ees f g aes | % 42
des4~ des8~ des16 r | % 43
f4~ f8 ees | % 44
f ees c aes | % 45
g bes aes16 g aes f | % 46
ees4~ ees8 aes16 bes | % 47
cbcbcbcb | % 48
c4 r8 aes16 bes | % 49
c b c b c g aes bes | % 50
aes4~ aes8 ees' | % 51
f ees c aes | % 52
des4~ des8~ des16 r | % 53
f,4 c'8~ c16 bes | % 54
aes8 r aes' r \bar "|."
}% end of last bar in partorvoice
ApartAverseA = \lyricmode { \set stanza = " 1. " Me -- ni -- na ve -- nha cá, ve -- jao que faz se
por seu gos -- too ca -- sa -- men -- to quer a von -- ta -- deao ma -- ri -- dohá de fa -- zer quees -- te
de -- se -- joo ca -- sa -- men -- to tra -- az _ Seo ho -- mem ve -- lho for ou sea -- in -- da ra -- paz
_ To _ me, to -- me a li -- ção quee -- le qui -- ser -- lhe dar Se fun -- ções e con -- tra -- dan -- ças
não qui -- ser tam -- bem não quei -- ra queé me -- lhor pra não bri -- gar Me -- ni -- na, ve -- nha cá
_ ve -- ja o que faz! Pro -- cu -- re dea -- gra -- dar, sem con -- tra -- riar pron -- ta sem -- preao -- be
-- de -- cer Te -- nha de -- le cui -- da -- dos com a -- mor, en -- quan -- toao res -- to, dei -- xe lá cor
-- re er _ Sea -- in -- da mui -- to mo -- ço ou sea -- in -- da ra -- paz _ Na _ da, na -- da de ci -- u
-- mes, que se -- ri -- a pior! _ Oh me -- ni -- na, ve -- nha cá, ve -- jao que faz! A mu -- lher só faz o
ho -- mem bom e mau _ Queas -- sim co -- mo dá pão _ po de _ dar pau! Ai! }
\score {
<<
\context Staff = ApartA <<
\context Voice = AvoiceAA \AvoiceAA
>>
138
\context Lyrics = ApartAverseA\lyricsto AvoiceAA \ApartAverseA
%% Boosey and Hawkes, and Peters, have barlines spanning all staff-groups in a score,
%% Eulenburg and Philharmonia, like Lilypond, have no barlines between staffgroups.
%% If you want the Eulenburg/Lilypond style, comment out the following line:
\layout {\context {\Score \consists Span_bar_engraver}}
}%% end of score-block
#(set-global-staff-size 20)
139
140
141
142
11 Anexo III Espaços Vocálicos
143
144
Figura 11.1: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das coralistas (COR). Pretônicas
145
Figura 11.2: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das coralistas (COR).Tônicas
146
Figura 11.3: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das coralistas (COR). Postônicas
147
Figura 11.4: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das solistas (SOL). Pretônicas
148
Figura 11.5: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das solistas (SOL). Tônicas
149
Figura 11.6: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das solistas (SOL). Postônicas
150
Figura 11.7: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das locutoras (LOC). Pretônicas
151
Figura 11.8: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das locutoras (LOC). Tônicas
152
Figura 11.9: Espaços vocálicos nas posições acentuais de fala das locutoras (LOC). Postônicas
153
Figura 11.10: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada sem
acompanhamento das coralistas (COR) Pretônicas
154
Figura 11.11: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada sem
acompanhamento das coralistas (COR) Tônicas
155
Figura 11.12: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada sem
acompanhamento das coralistas (COR) Postônicas
156
Figura 11.13: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada sem
acompanhamento das solistas (SOL) Pretônicas
157
Figura 11.14: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada sem
acompanhamento das solistas (SOL) Tônicas
158
Figura 11.15: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada sem
acompanhamento das solistas (SOL) Postônicas
159
Figura 11.16: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada com
acompanhamento das coralistas (COR).Pretônicas
160
Figura 11.17: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada com
acompanhamento das coralistas (COR).Tônicas
161
Figura 11.18: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada com
acompanhamento das coralistas (COR). Postônicas
162
Figura 11.19: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada com
acompanhamento das solistas (SOL). Pretônicas
163
Figura 11.20: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada com
acompanhamento das solistas (SOL). Tônicas
164
Figura 11.21: Espaços vocálicos nas posições acentuais da produção cantada com
acompanhamento das solistas (SOL). Postônicas
165