O TERRITÓRIO E AS REDES: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DAS ESTRATÉGIAS
DE GRANDES EMPRESAS Mirlei Fachini Vicente PEREIRA Samira Peduti KAHIL
No texto intitulado acima, as autoras fazem uma abordagem do território a
partir de considerações sobre as redes. Segundo elas, as redes são fundamentais para o uso do território dentro do processo de globalização, em especial para a ação das grandes empresas. Sempre presentes e essenciais para a dinâmica territorial, o texto coloca como as redes no passado eram mais simples e atendiam as necessidades de circulação e abastecimento das necessidades da sociedade. Com o advento da globalização, o meio técnico-científico-informacional pensado por Milton Santos, caracterizasse por uma variedade de relações e redes de integração que envolvem fixos e fluxos diversos, que vão além da circulação de mercadorias, serviços, pessoas, informações etc. Envolvem também processos imateriais através do jogo político de interesses e articulações no território. Como principal objetivo das autoras, é feita uma análise de como as redes criadas pelas grandes empresas se constituem numa forma de uso e dominação do território. As grandes empresas se apropriam não apenas do sistema de objetos destinados ao processo produtivo em escala local ou regional, mas se articulam em nível global todo processo de circulação e produção. Tal processo é possibilitado pelo meio técnico e informacional que temos hoje e que possibilita aos agentes hegemônicos forjarem uma divisão territorial do trabalho. As redes atuais têm possibilitado as grandes empresas, o privilégio em se organizarem territorialmente indo em busca dos fatores atrativos e vantajosos. Assim, vão se distribuindo pelo mundo e ditando o papel que cada lugar irá desempenhar nesse emaranhado articulações produtivas.
¹Mestrando em Geografia – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
De tal modo, alguns autores classificam as empresas que atuam dessa maneira sobre o território como empresas rede, ou empresa em rede, como é colocado por Castells. Tais empresas cooperam entre si e compartilham de redes que envolvem matérias-primas, clientes, fornecedores, tecnologias, entre outras. Compõem um movimento dinâmico no território que engloba objetos e ações, já descritos por Milton Santos. As autoras trazem ainda elementos que expressam como as redes, mesmo que globais, interferem no local. O lugar pode estar integrado a uma rede produtiva global, mas não usufruir das mesmas possibilidades e acessos que outros lugares que também fazem parte dessa rede. Desta forma, elas trazem a contribuição de Dias (2001) que detalha como esse processo é focalizado numa intensificação da produção e produtividade concomitante a exclusão social e marginalização em escala local. As redes locais compõem uma fração de uma rede global que se integra pelas estruturas técnicas e informacionais. Mas é “no lugar, elas servem ao trabalho e ao capital (vivo) e determinam a sua natureza” (SANTOS apud PEREIRA e KAHIL 2006). Por fim, as autoras chamam a atenção sobre como as redes em escala local vão configurar as relações territoriais não apenas entre os grupos e objetos diretamente inseridos no processo produtivo. Mas existem também uma parcela que não está inserida diretamente neste processo, e passivamente é orquestrada pelos agentes hegemônicos. Fica o anseio de que seja possível no futuro uma relação mais harmônica entre as redes e os lugares no desenvolvimento de um território mais justo.
PEREIRA, Mirlei Fachini Vicente; KAHIL, Samira Peduti. O território e as redes:
considerações a partir das estratégias de grandes empresas. In: GERARDI, Lucia Helena de Oliveira; CARVALHO, Pompeu Figueiredo de (org.) Geografia: ações e reflexões. Rio Claro: Programa de Pós-Graduação em Geografia, IGCE-UNESP/AGETEO, 2006. p. 213-226.