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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA

Programa de Pós-graduação em Geografia


Disciplina: Análise Territorial
Docente: Vilomar Sandes Sampaio
Discente: Raffael Saloes de Souza¹

O TERRITÓRIO E AS REDES: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DAS ESTRATÉGIAS


DE GRANDES EMPRESAS
Mirlei Fachini Vicente PEREIRA
Samira Peduti KAHIL

No texto intitulado acima, as autoras fazem uma abordagem do território a


partir de considerações sobre as redes. Segundo elas, as redes são fundamentais
para o uso do território dentro do processo de globalização, em especial para a ação
das grandes empresas.
Sempre presentes e essenciais para a dinâmica territorial, o texto coloca
como as redes no passado eram mais simples e atendiam as necessidades de
circulação e abastecimento das necessidades da sociedade.
Com o advento da globalização, o meio técnico-científico-informacional
pensado por Milton Santos, caracterizasse por uma variedade de relações e redes
de integração que envolvem fixos e fluxos diversos, que vão além da circulação de
mercadorias, serviços, pessoas, informações etc. Envolvem também processos
imateriais através do jogo político de interesses e articulações no território.
Como principal objetivo das autoras, é feita uma análise de como as redes
criadas pelas grandes empresas se constituem numa forma de uso e dominação do
território. As grandes empresas se apropriam não apenas do sistema de objetos
destinados ao processo produtivo em escala local ou regional, mas se articulam em
nível global todo processo de circulação e produção. Tal processo é possibilitado
pelo meio técnico e informacional que temos hoje e que possibilita aos agentes
hegemônicos forjarem uma divisão territorial do trabalho.
As redes atuais têm possibilitado as grandes empresas, o privilégio em se
organizarem territorialmente indo em busca dos fatores atrativos e vantajosos.
Assim, vão se distribuindo pelo mundo e ditando o papel que cada lugar irá
desempenhar nesse emaranhado articulações produtivas.

¹Mestrando em Geografia – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.


De tal modo, alguns autores classificam as empresas que atuam dessa
maneira sobre o território como empresas rede, ou empresa em rede, como é
colocado por Castells. Tais empresas cooperam entre si e compartilham de redes
que envolvem matérias-primas, clientes, fornecedores, tecnologias, entre outras.
Compõem um movimento dinâmico no território que engloba objetos e ações, já
descritos por Milton Santos.
As autoras trazem ainda elementos que expressam como as redes, mesmo
que globais, interferem no local. O lugar pode estar integrado a uma rede produtiva
global, mas não usufruir das mesmas possibilidades e acessos que outros lugares
que também fazem parte dessa rede. Desta forma, elas trazem a contribuição de
Dias (2001) que detalha como esse processo é focalizado numa intensificação da
produção e produtividade concomitante a exclusão social e marginalização em
escala local.
As redes locais compõem uma fração de uma rede global que se integra
pelas estruturas técnicas e informacionais. Mas é “no lugar, elas servem ao trabalho
e ao capital (vivo) e determinam a sua natureza” (SANTOS apud PEREIRA e KAHIL
2006).
Por fim, as autoras chamam a atenção sobre como as redes em escala local
vão configurar as relações territoriais não apenas entre os grupos e objetos
diretamente inseridos no processo produtivo. Mas existem também uma parcela que
não está inserida diretamente neste processo, e passivamente é orquestrada pelos
agentes hegemônicos. Fica o anseio de que seja possível no futuro uma relação
mais harmônica entre as redes e os lugares no desenvolvimento de um território
mais justo.

PEREIRA, Mirlei Fachini Vicente; KAHIL, Samira Peduti. O território e as redes:


considerações a partir das estratégias de grandes empresas. In: GERARDI,
Lucia Helena de Oliveira; CARVALHO, Pompeu Figueiredo de
(org.) Geografia: ações e reflexões. Rio Claro: Programa de Pós-Graduação em
Geografia, IGCE-UNESP/AGETEO, 2006. p. 213-226.

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