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Disciplina de Português Escola Secundária de Alfena

Professor Evandro 2020/2021

VENDAVAL de Fernando Pessoa

Trabalho realizado por: Análise e interpretação do poema


Alexandra Camacho, nº2, 12ºB “ Vendaval”
ÍNDICE
1. Fernando Pessoa
2. Fernando Pessoa Ortónimo
3. Vendaval
4. Análise do poema
5. Recursos expressivos
6. Esquema síntese
7. Texto síntese (estrutura externa e interna; morfologia)
8. Conclusão
FERNANDO PESSOA
Nome completo: Fernando António Nogueira Pessoa
Heterónimos: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo
Reis, Bernardo Soares…
Nascimento/morte: 13-junho-1888/ 30-novembro-1925
(47 anos)
Ocupações: poeta, escritor e tradutor
Principais trabalhos: “Mensagem” (1934) e “Livro do
Desassossego” (1982)
Prémios: Queen Victoria Prize (1903) e Prémio Antero de
Quental (1934)
Movimento literário: Modernismo
PARTE 1
FERNANDO PESSOA ORTÓNIMO
Fernando Pessoa sentia uma constante dor de pensar causada pela intelectualização
permanente, desejo de inconsciência e várias tensões. Este não mentia mas sim fingia,
modelava, criava e transformava os pensamentos. Através do pensamento este sentia e
tinha consciência da sua tristeza.
Deparava-se com o confronto entre a realidade e o sonho. Refugiava-se numa infância,
regra geral, desprovida de experiência biográfica e submetida a um processo de
intelectualização. Pois era relembrada como um tempo de pureza, felicidade e inconsciência.

NOTA:
Ortónimo- Quando numa obra o escritor
não assina os seus trabalhos sob
heterónimo, ou seja, existe de verdade. PARTE 2
VENDAVAL
Ó vento do norte, tão fundo e tão frio, Mas dura planície, praia atra em fereza,
Não achas, soprando por tanta solidão, Só têm a tristeza que a gente lhes vê;
Deserto, penhasco, coval mais vazio E nisto que em mim é vácuo e tristeza
Que o meu coração! É o visto o que vê.

Inóspita praia, que a raiva do oceano Ah, mágoa de ter consciência da vida!
Faz louco lugar, caverna sem fim, Tu, vento do norte, teimoso, iracundo,
Não são tão deixados do alegre e do humano Que rasgas os robles — teu pulso divida
Como a alma que há em mim! Minh'alma do mundo!

PARTE 3
VENDAVAL
Ah, se, como levas as folhas e a areia, Horror de ser sempre com vida a consciência!
A alma que tenho pudesses levar — Horror de sentir a alma sempre a pensar!
Fosse pr'onde fosse, pra longe da ideia Arranca-me, ó vento; do chão da existência,
De eu ter que pensar! De ser um lugar!

Abismo da noite, da chuva, do vento, E, pela alta noite que fazes mais ‘scura,
Mar torvo do Caos que parece volver — Pelo caos furioso que crias no mundo,
Porque é que não entras no meu pensamento Dissolve em areia esta minha amargura,
Para ele morrer? Meu tédio profundo.

PARTE 3
VENDAVAL Retirado de:

E contra as vidraças dos que há que têm lares,


Telhados daqueles que têm razão,
Atira, já pária desfeito dos ares,
O meu coração!

Meu coração triste, meu coração ermo,


Tornado a substância dispersa e negada
Do vento sem forma, da noite sem termo,
Do abismo e do nada!

PARTE 3
ANÁLISE DO POEMA
“Não achas, soprando por tanta solidão” Na 1º estrofe, o “vendaval” começa
com o vento “soprando” (v.2).
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“Tu, vento do norte, teimoso, iracundo, Na 4º e 5º estrofe, este “vendaval”
Que rasgas os robles — teu pulso divida” intensifica-se ao longo do poema, destruindo
as árvores (vv.14-15) e levantando “as folhas e
“Ah, se, como levas as folhas e a areia” a areia” (v.17).
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“Arranca-me, ó vento; do chão da existência” Na 7º e última estrofe, vemos o sujeito poético
a despertar a violência do vento. Ao lhe
“Do abismo e do nada!” solicitar que o destrua/mate, arrancando-o
“do chão da existência” (v.27), fazendo com que
caia no “abismo” e no “nada” (v.40).
PARTE 4
ANÁLISE DO POEMA
O sujeito poético luta com a própria mente, apresenta uma inquietação de sentimentos
que o afetam e que o fazem reflectir sobre a vida, criando-lhe uma certa dúvida em relação
à sua existência. Ele utiliza elementos da natureza, como o vento, para se livrar dos seus
tormentos no coração. Este sente solidão e tristeza capazes de o fazer ficar desesperado,
ao ponto de não saber para onde ir e muito menos o que fazer.
Assim, depara-se com o problema que é ter consciência, tendo como solução ser levado
pelo vento, ou seja, desistir da sua existência (morte).

PARTE 4
RECURSOS EXPRESSIVOS
Para realçar a temática e os seus sentimentos, Pessoa costuma utilizar: a adjetivação
(reforça a mensagem); a enumeração (reforça a descrição); a metáfora (refere a personagens
e objetos); e a hipérbole (representa dimensão do sofrimento). Neste poema destacam-se:

RECURSOS VERSOS EXPRESSIVIDADE

Gradação “Não achas, soprando por tanta solidão, -Descreve a solidão que ele está a sentir, ao
descendente Deserto, penhasco, coval mais vazio” enumerar várias palavras da mesma classe
Enumeração (vv.2-3) gramatical, por ordem decrescente.

“Ó vento do norte, tão fundo e tão frio,


Não achas, soprando por tanta solidão,
-Interpela coisas personificadas, com
Apóstrofe Deserto, penhasco, coval mais vazio recurso ao vocativo.
Que o meu coração!”
(vv.1-4)

PARTE 5
RECURSOS EXPRESSIVOS
RECURSOS VERSOS EXPRESSIVIDADE
“Tu, vento do norte, teimoso, iracundo, -Atribui sentimentos próprias do ser humano
Que rasgas os robles — teu pulso divida a um elemento da natureza.
Personificação
Minh'alma do mundo!” -Expressa o desejo de que o vento, que tudo
(vv.14-16) pode, o leve deste mundo.

“Horror de ser sempre com a vida a consciência! -Repete no inicio dos versos contribui para
Anáfora Horror de sentir a alma sempre a pensar” enfatizar a dor da consciência.
(vv.25-26)

“Meu coração triste, meu coração ermo,


Tornado a substância dispersa e negada
-Estabelece uma relação de semelhança
Comparação Do vento sem forma, da noite sem termo, entre o coração do poeta e coisas negativas.
Do abismo e do nada!”
(vv.37-40)

PARTE 5
ESQUEMA SÍNTESE Coração inútil = decepções/frustrações
Temática geral Dor da consciência

“Horror de ser sempre com a vida a consciência! “Ah, mágoa de ter consciência da vida!”
Horror de sentir a alma sempre a pensar”
Desejo Problema

Que o vento o leve Solução Morte


deste mundo
PARTE 6
TEXTO SÍNTESE
Estrutura externa:
-versos livres e compostos (decassílabos, hendecassílabos e
dodecassílabos)
-estrofes compostas por 4 versos cada (10 quadras ao todo)
-rimas ricas e cruzadas (ABAB)
-dor da consciência (tema)
-relação entre a consciência e a solidão (assunto)

PARTE 7
TEXTO SÍNTESE
Estrutura interna:
-Na 1º parte, o sujeito poético personifica o vento, ao dar a este
características humanas descreve os sentimentos negativos que está
a sentir (angústia, tristeza e solidão), causados pela
intelectualização permanente das emoções.
-Na 2º parte, depara-se com uma luta consigo mesmo que o afeta
de tal forma que o faz refletir sobre a vida e duvidar sobre a sua
existência. Diz que o seu coração é inutil, cheio de decepções e
frustrações. Esta “…mágoa de ter consciência da vida” leva-o a
desejar que o vento o leve deste mundo, ou seja, vê a morte como
solução ao problema que é a dor da consciência.

PARTE 7
TEXTO SÍNTESE
A nível morfossintático, o tempo verbal predominante é o
presente, que sugere a passagem lenta do tempo, junto com o
recurso ao gerúndio.
No poema predomina a adjetivação e vê-se a personificação do
vento. O vocabulário é todo ele simples. No entanto, é de salientar a
comparação entre o coração e as coisas negativas e a anáfora
“Horror de” que enfatiza a dor da consciência.

PARTE 7
CONCLUSÃO
A obra “Vendaval” de Fernando Pessoa apresenta relevantes características do
Modernismo, no qual se nota a presença de um poeta ortónimo que revela no poema os
seus sentimentos e aflições.
Em praticamente todas as suas obras, Fernando Pessoa inclui o fingimento artístico, a
dor do pensar, o conflito entre o sonho e a realidade e a nostalgia da infância. Este poema
não foge à temática, porém apresenta algumas diferenças a nível estrutural.

PARTE 8
WEBGRAFIA
Imagem da parte 1: https://blog.estantevirtual.com.br/2018/06/13/7-livros-
inesqueciveis-de-fernando-pessoa/ (27-11-20)
Imagem da parte 3: https://www.assirio.pt/produtos/ficha/poesia-do-eu/11237308
(27-11-20)
Imagem da parte 7: https://pngimage.net/seta-png-branca-3/ (29-11-20)

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