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NÁUSEAS E VÔMITOS

CONCEITO Fonte: freepik

• Náusea: sensação subjetiva e desagradável em epigástrio e


orofaringe associada à urgente necessidade de vomitar – pode vir
acompanhada de sudorese, mal-estar, sialorreia;

• Vômito: esvaziamento forçado do conteúdo gástrico pela boca,


ocasionado pela contração espasmódica do diafragma, parede
gástrica, musculatura respiratória e parede torácica.

ANCP, 2012
NÁUSEAS E VÔMITOS

Fonte: freepik
NÁUSEAS E VÔMITOS

MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS

1- Zona quimiorreceptora: área postrema - estrutura circunventricular,


localizada no assoalho do 4º ventrículo, no tronco cerebral; mediadores
envolvidos – dopamina (R-D2) e serotonina (R-5HT3); relacionado a causas
medicamentosas e toxico-metabólicas;

2- Centro do vômito: próximo a área postrema, no mesencéfalo, zona de


substância reticular lateral; é a via comum no processamento de estímulos
aferentes, promovendo o vômito; mediadores relacionados são acetilcolina
(R-muscarínico) e a histamina (R-H1).

HCFMUSP, 2018
NÁUSEAS E VÔMITOS

MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS

3- Sistema vestibular: causado por discinesias e outras alterações


vestibulares, compressão medular e hipertensão intracraniana; mediadores
envolvidos são acetilcolina e histamina;

4- Córtex cerebral: influenciado por sensações de medo, ansiedade;


sistema GABA agonista;

HCFMUSP, 2018
Fonte: fonovim
NÁUSEAS E VÔMITOS

MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS

5- Sistema gastrointestinal: interação com sistema nervoso central


(parassimpático, simpático, neurônios entéricos e células do músculo liso);

• Quimiorreceptores e mecanorreceptores – parede TGI: serotonina e


neurocininas;
• Estímulo vagal mediado por neurotransmissores do núcleo do trato
solitário – serotonina, adrenocorticotrófico, dopamina e histamina;
• Motilidade do TGI – relacionada a esvaziamento gástrico lentificado e
alterações da motilidade intestinal mediados por dopamina e serotonina.
HCFMUSP, 2018
FISIOPATOLOGIA
NÁUSEA E VÔMITO
NÁUSEAS E VÔMITOS

ABORDAGEM E DIAGNÓSTICO

• Diagnóstico é clínico;
• Etiologia é sugerida pela história clínica;
• Conhecer o indivíduo, evolução da sua doença, condições fisiopatológicas
e tratamentos já realizados;
• Características do vômito (fecaloide, biliar, alimentar, característica de
líquido de estase);
• Considerar aspectos emocionais e sociais.

HCFMUSP, 2018
NÁUSEAS E VÔMITOS

TRATAMENTO NÃO-FARMACOLÓGICO
Fonte: freepik

• Aromaterapia;
• Acupuntura;
• Terapia cognitiva;
• Exercícios de imagens mentais guiadas.

HCFMUSP, 2018
NÁUSEAS E VÔMITOS

MEDIDAS DIETÉTICAS

• Fracionamento da dieta em pequenas refeições em intervalos menores;


• Realização das refeições em ambiente tranquilo e arejado;
• Oferta de pequenas quantidades de carboidratos;
• Manutenção de horários estabelecidos para as refeições;
• Oferta de alimentos que sejam da preferência do paciente;
• Evitar que o paciente deite-se logo após as refeições;
• Evitar que o paciente fique próximo à cozinha na hora do preparo da refeição.

ABCP, 2011
NÁUSEAS E VÔMITOS

TRATAMENTO FARMACOLÓGICO

• Agonistas dopaminérgicos (D2):


- Haloperidol 1-2mg 8/8h;
- Clorpromazina, levomepromazina- 10mg a cada 6 ou 8h;
- Prometazina;

• Agentes pro-cinéticos:
- Metoclopramida 40-120mg EV;

HCFMUSP, 2018
NÁUSEAS E VÔMITOS

TRATAMENTO FARMACOLÓGICO

• Anti-histamínicos e anticolinérgicos:
- Escopolamina 120mg/24h;

• Antagonistas 5-HT3:
- Ondansetrona 0,15 mg/kg por dose / 8mg a cada 8h;
- Mirtazapina 15-45mg/dia;
- Olanzapina 2,5-10mg/dia (age também R-muscarínicos e H1)

HCFMUSP, 2018
NÁUSEAS E VÔMITOS

TRATAMENTO FARMACOLÓGICO

• Benzodiazepínicos:
- Quimioterapia / náusea antecipatória;

• Análogo da somatostatina:
- Octreotide - 150 - 1500 µg;
- Oclusão intestinal maligna;

• Corticosteroides:
- Dexametasona 4-20 mg/dia;
HCFMUSP, 2018
NÁUSEAS E VÔMITOS

SITUAÇÕES ESPECÍFICAS

• Náusea/vômito quimicamente induzidos:


- Metoclopramida 30-80mg/dia - 6/6h;
- Haloperidol na impossibilidade do uso de gastrocinética: 1 a 2mg 8/8h;
- Ondansetrona 4-8mg 8/8h;

• Estase gástrica:
- Sonda nasogástrica de alívio se distensão abdominal;
- Usar inibidores de bomba de próton ou antagonista H2;
- Gastrocinéticos: metoclopramida, bromoprida, domperidona e eritromicina.
ANCP, 2012
NÁUSEAS E VÔMITOS

SITUAÇÕES ESPECÍFICAS

• Hipertensão intracraniana e meningismo:


- Corticosteroides em dose elevada - dexametasona 16 a 20mg/dia;

• Irritação peritoneal:
- Metoclopramida ou haloperidol;
- Ondansetrona como segunda escolha;
- Anti-histamínicos como o dimenidrinato – a cada 6 ou 8 horas;

ANCP, 2012
CONSTIPAÇÃO
CONSTIPAÇÃO
Fonte: absguedes

• Frequente em 30-90% dos pacientes – neoplasia avançada e uso de opioides


(redução da atividade neural e diminuição da atividade propulsora);
• Pode promover a dor abdominal, perda de apetite, náuseas/ vômitos, diarreia
paradoxal, retenção urinária, confusão mental;

DEFINIÇÃO: percepção individual de desconforto ou dificuldade de eliminação


das fezes, associada à diminuição do hábito intestinal e/ou alteração da
consistência das fezes.

HCFMUSP, 2018
CONSTIPAÇÃO

CAUSAS DE CONSTIPAÇÃO

• Imobilismo, inatividade, dificuldade de acesso ao vaso sanitário e falta de


privacidade;
• Baixa ingesta oral, caquexia, diminuição da força de preensão abdominal e
fraqueza;
• Dor à evacuação – doença hemorroidária, fissura anal, tumores;
• Distúrbios metabólicos – desidratação, hipocalemia, hipercalcemia;

HCFMUSP, 2018
CONSTIPAÇÃO

CAUSAS DE CONSTIPAÇÃO

• Medicamentoso – opioide, diurético, bloqueador do canal de cálcio,


antidepressivo tricíclico, escopolamina, antiemético ant 5TH3, análogo
somatostatina;
• Causas mecânicas – volvo, obstrução por tumor;
• Outras condições: hipotireoidismo, distúrbios neurológicos (lesão medular),
medo de diarreia, depressão.

HCFMUSP, 2018
CONSTIPAÇÃO

TRATAMENTO NÃO-FARMACOLÓGICO

• Orientação dietética - ingesta de frutas laxativas, legumes e verduras, frutas


com casca e bagaço, alimentos integrais, leguminosas, aumento da ingesta
de líquidos;
• Estimular a atividade física e mobilidade, se possível;
• Em ambiente tranquilo, estimula a ida ao vaso sanitário principalmente no
período matutino.

HCFMUSP, 2018
CONSTIPAÇÃO

TRATAMENTO FARMACOLÓGICO – LAXATIVOS

• IRRITATIVOS
Estimulação direta do plexo mioentérico, causa aumento da peristalse;
Cólicas abdominais e diarreia como efeitos colaterais;
Primeira escolha para constipação por opioide;
- Bisacodil (5mg comprimido): início de ação 10-12h; recomendado 5-10mg
à noite;
- Senne (cápsula): início de ação 8-10h; 1-2 cápsulas à noite;
- Picossulfato de sódio (2,5mg pérola gelatinosa/ 7,5mg/ml): início de ação
6-12h; 2-4 pérolas OU 10-20 gotas à noite.
HCFMUSP, 2018
CONSTIPAÇÃO

TRATAMENTO FARMACOLÓGICO – LAXATIVOS

• OSMÓTICOS
Atuam promovendo um meio hiperosmolar, atraindo água e determinando
aumento do trânsito fecal por aumento do bolo fecal e da diminuição da sua
consistência;
- Lactulose (667mg/ml): início de ação 48h; 15-30ml ao dia, 2-3x;
- Polietilenoglicol (macrogol): 1-2 sachês pela manhã;
- Hidróxido de magnésio: 30-60ml ao dia por 3 dias consecutivos.

HCFMUSP, 2018
CONSTIPAÇÃO
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO – LAXATIVOS

• LUBRIFICANTES
Lubrificação das fezes;
Risco de broncoaspiração – pneumonia lipídica;
- Óleo mineral: 1- 2 colheres de sopa por dia;
- Docusato (60mg comprimido): início de ação 24-48h; 1-2 comprimidos à
noite.

HCFMUSP, 2018
CONSTIPAÇÃO

TRATAMENTO FARMACOLÓGICO – LAXATIVOS

• DE USO RETAL
- Supositório de glicerina adulto: ação osmótica – ação em 15-60min;
- Solução glicerinada12% 500ml: com sonda retal, aplicado lentamente; ação
em 15-60minutos;
- Fosfato de sódio monobásico e de sódio dibásico (solução 130ml): ação
em 30-60min.

HCFMUSP, 2018
CONSTIPAÇÃO
Para concluir ...
• Antecipar-se a este problema comum;
• Questionar o paciente sobre sua função intestinal habitual;
• Iniciar laxantes profiláticos em concomitância ao início do uso de opioides;
• Dar preferência a laxantes orais aos retais;
• Combinar laxantes se necessário;
• Titular o tratamento visando atingir evacuações confortáveis;
• Considerar, sempre que possível, medidas não farmacológicas.

ANCP, 2012

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