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TCC As Setenta Semanas de Daniel

Texto base: Daniel 9.24 - 27

Introdução

As profecias escatológicas contidas no livro de Daniel formam a base

de um grande quadro profético, elas se inter-relacionam com

mensagens escatológicas por todas as Escrituras, especialmente com as

contidas no livro de Apocalipse. A profecia das Setenta Semanas

proféticas que abordamos aqui nesta literatura se trata de um “evento

sem precedentes”, não há parâmetros para mensurarmos com

exatidão quando será seu termino! Cabe nos estarmos cientes das

informações que as Sagradas Escrituras nos fornecem sobre o tema. Esta

literatura não tenciona ser exaustiva quanto ao conteúdo das Setenta

Semanas, mas pretende traçar bases para que estudos posteriores do

leitor sobre o tema sejam mais eficazes e produtivos! Que Deus te

abençoe.

I. Fundo Histórico

Para uma melhor compreensão das Setenta Semanas vamos

observar abaixo alguns elementos que compõem o quadro da

época.

a. O Cativeiro Babilônico

 Esse título se refere ao período da história dos judeus que

começou no ano de 597 a.C., quando foi deportado o

primeiro grande grupo de judeus juntamente com seu rei,

Jeoaquim, para Babilônia por determinação de

Nabucodonosor. Esse período terminou em 538 a.C.,

quando Ciro, vencedor persa da Babilônia, baixou um

decreto concedendo aos judeus o direito de retornarem a

Jerusalém e reconstruírem o templo (ver o artigo). No

período entre essas duas datas, tiveram lugar, diversas

outras deportações, entre as quais aquela após a

destruição do templo, em 587 a.C. As fontes informativas


diferem no tocante ao número de judeus que foram

exilados, conforme se vê mediante a comparação dos

trechos de 2Reis 24.14,16 e Jeremias 52.28-30. O certo,

porém, é que pelo menos vinte mil judeus foram

deportados. Os judeus, chegados à Babilônia, desfrutaram

de condições relativamente favoráveis. O solo ali era mais fértil que o da Judéia, e os
agricultores judeus facilmente

podiam cultivá-lo. Alguns deles conseguiram enriquecer.

Muitos se tornaram tão bem-sucedidos na Babilônia que se

recusaram a retornar à Palestina, quando Ciro lhes permitiu

o retorno. Contudo, ajudaram financeiramente àqueles que

desejaram voltar do exílio. Cerca de 42 mil judeus

retornaram a Judéia, em 538 a.C. e aqueles que

permaneceram na Babilônia formaram o núcleo de uma

comunidade que, séculos mais tarde, tornou-se um

importante centro da erudição e das tradições judaicas.

b. O homem Daniel

 Daniel era descendente da família real de Judá, ou pelo

menos, da alta nobreza dessa nação. Entre 12 e 16 anos de

idade, Daniel já se encontrava na Babilônia, como cativo

judeu entre todos outros jovens nobres hebreus, como

Ananias, Misael e Azarias, em resultado da primeira

deportação da nação de Judá, no quarto ano do reinado

de Jeoaquim. A educação de Daniel se deu durante três

anos, ao final dos quais ele se tornou um dos cortesãos do

palácio de Nabucodonosor, onde, pela ajuda divina,

conseguiu interpretar um sonho do monarca, para inteira

satisfação deste. Tudo em Daniel impressionava o rei, pelo

que ele subiu no conceito real, tendo-lhe sido confiados

dois cargos importantes, como governador da província da

Babilônia e inspetor-chefe da casta sacerdotal (Dn 2.48).


Posteriormente, em outro sonho que Daniel interpretou,

ficou predito que o rei, por causa de sua prepotência,

deveria ser humilhado por meio da insanidade temporária,

após o que seu juízo ser-lhe-ia restaurado (Dn 4). As

qualidades pessoais de Daniel, como sua sabedoria, seu

amor e sua lealdade, resplandecem por toda a narrativa.

c. O livro de Daniel

 Na versão portuguesa o livro é composto de 12 capítulos,

357 versículos e 11.706 palavras.

 O conteúdo histórico do livro começa no capitulo um e se

estende até o capitulo seis ( contendo apenas somente um

sonho profético tido pelo rei Nabucodonosor sobre uma

estatua no capitulo dois).

 A parte profética propriamente do livro ocupa se do

capítulo sete ao capitulo doze.

 Uma curiosidade a ser observada neste livro é que o

capitulo dois ( visão da estatua em sonho) e o capitulo sete

(visão dos animais a se levantarem do mar) nos trazem o

mesmo conteúdo profético falando dos reinos políticos

gentílicos que dominariam o mundo.

II. As Setenta Semanas

a. A data de seu inicio

 Uma decisão importante na interpretação desta passagem

é a questão do início dos 490 anos. Isso é descrito em Daniel

9.25: “Sabe e entende: desde a saída da ordem para

restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao

Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as

praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos

angustiosos”. Daniel recebeu a ordem de saber e entender

a profecia, mas é questionável se ele de fato a entendeu.

Se os que estudam as Escrituras hoje, depois de grande


parte do livro de Daniel ter-se cumprido, têm dificuldade

em especificar o início dos 490 anos, é óbvio que o profeta

também enfrentou o mesmo problema. Os amilenistas

costumam adotar uma posição que, essencialmente, nega

à profecia um cumprimento literal. Eles sugerem que este

período começou em 586 a.C., quando Jerusalém foi

destruída. O decreto seria então uma ordem divina, algo

que o texto não apóia, e seu cumprimento seriam tudo,

menos literal. Se a ordem refere-se a um decreto político,

quatro determinações diferentes são sugeridas:

 O decreto de Ciro que permitiu a reconstrução do

templo em 538 a.C. (2 Cr 36.20-23; Ed 1.1-4; 6.1-5);

 O decreto de Dario que confirma o decreto de Ciro

(Ed 6.6-12);

 O decreto de Artaxerxes (Ed 7.11-26); e

 O decreto de Artaxerxes, registrado em Neemias, que

autoriza a reconstrução da cidade (Ne 2.1-8). Embora

esteja claro que o decreto de Ciro autorizava a

reedificação do templo, há dúvidas sobre se ele

ordenou a reconstrução da cidade.

Os decretos posteriores, encontrados em Esdras,

aparentemente lidam apenas com o templo. De qualquer

maneira, a cidade e sua muralha não foram reconstruídas até o tempo de Neemias (445-444
a.C.). Os estudiosos

diferem quanto à data exata do decreto: se é o último mês

de 445 a.C. ou o primeiro de 444 a.C. Embora a diferença

persista, a explicação mais plausível é a data de 444 a.C.,

porque proporciona um cumprimento preciso da profecia e

coincide com a reconstrução real da cidade. Esta

interpretação oferece a explicação mais literal, sem ignorar

detalhes específicos da profecia. Os amilenistas, que em


geral não consideram essa profecia uma mensagem literal,

costumam evitar a data de 444 a.C. com o propósito de

achar um cumprimento para a profecia na época da

primeira vinda de Cristo. Nessa análise, o decreto teria sido

emitido numa data anterior a 445 a.C., com a primeira

parte do último período de sete anos cumprindo-se durante

a vida de Cristo e culminando em sua crucificação, que

eles situam como o ponto médio dos últimos sete anos. Isso,

todavia, não oferece um cumprimento realista da profecia

quanto aos primeiros três anos e meio, e certamente não

apresenta qualquer cumprimento para os últimos três anos

e meio. Tal como em muitas outras profecias, uma

interpretação literal ou normal exige um cumprimento

futuro, ou seja, o cumprimento dos últimos sete dos 490 anos

previstos pela mensagem.

b. A data de seu termino

 Se 444 a.C. for aceito como o início dos 490 anos, os 483

anos culminariam em 33 d.C., onde a erudição mais

recente colocou a data provável da morte de Cristo. Na

interpretação bíblica, as Escrituras autorizam o uso do ano

profético de 360 dias, os quais são multiplicados por 483

anos, ou seja, 490 menos sete. O cômputo indica o ano 33

d.C. O conceito de que o ano profético tinha 360 dias é

confirmado pela referência a "1.260 dias” (Ap 11.3; 12.6), a

"42 meses” (11.2; 13.5), e a "um tempo, dois tempos e

metade de um tempo,” ou seja, três anos e meio (Dn 7.25;

12.7; Ap 12.14). Esta interpretação permite que os 483 anos

tenham seu curso completo. O tempo que se interpõe entre

os primeiros 483 anos e os últimos 7 anos foi indicado na

própria profecia, como veremos no exame de Daniel

9.26,27.
c. Os propósitos das Setenta Semanas

 O primeiro objetivo, “fazer cessar a transgressão”,

provavelmente se refere a tendência de Israel a apostasia,

que precisa ter um fim, desde que esta nação será

restaurada e experimentara um reavivamento espiritual,

após a segunda vinda de Cristo, para estabelecer o

Milênio. Praticamente todos os expositores premilenistas

concordam que o ponto final desta profecia ocorre antes

do futuro reino milenar. A restauração espiritual de Israel e

seu retorno a Jerusalém, conforme mencionados por Daniel

em sua oração, já se tinham cumprido; mas a restauração

definitiva de Israel será após a segunda vinda de Cristo.

Obviamente, os sacrifícios do Antigo Testamento não

podiam trazer os israelitas a este importante marco

espiritual; este exigia a morte de Cristo na cruz, a fim de

estabelecer a graça como o método divino de lidar com o

seu povo. O cumprimento dos muitos detalhes da Nova

Aliança em favor de Israel (Jr 31) não se dara até a

segunda vinda de Cristo. Escatologicamente, os judeus

serão restaurados, porque Deus lidara com eles em graça,

e não segundo o que merecem.

 O segundo objetivo, “dar fim aos pecados”, provavelmente

é entendido como levar o pecado ao seu ponto de perdão

ou conduzi-lo ao ápice de seu julgamento definitivo. Uma

variação no texto também permite a tradução “selar o

pecado”. A melhor explicação aparentemente inclui todos

esses elementos de pôr fim aos pecados, trazer a

transgressão a juízo e estender o perdão aos erros já

cometidos. Obviamente, faz parte do plano de Deus julgar

definitivamente a transgressão e oferecer perdão aos que


recebem a sua graça.

 O terceiro objetivo, “expiar a iniqüidade”, refere-se tanto à

morte de Cristo na cruz, a base de toda a graça, quanto à

aplicação desse padecimento, especialmente a Israel, por

ocasião da segunda vinda de Jesus. O verbo “expiar”

literalmente significa “cobrir”. A morte de Cristo lida com o

pecado daquela maneira definitiva que os sacrifícios do

Antigo Testamento só podiam ilustrar temporariamente.

Quando Jesus morreu na cruz, trouxe reconciliação permanente aos que se volta para ele
revestido pela fé (2

Co 5.19).

 O quarto objetivo, “trazer a justiça eterna”, tornou-se

possível pela morte de Cristo na cruz. A aplicação individual

e nacional disso a Israel aguarda a segunda vinda de

Cristo. Conforme afirmado em Jeremias 23.5,6: “Eis que vêm

dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo

justo; e, rei que e, reinara, e agira sabiamente, e executara

o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias, Judá será salvo, e

Israel habitara seguro; será este o seu nome, com que será

chamado: Senhor, Justiça Nossa”. Isso acontecera na

segunda vinda de Cristo, na mesma ocasião em que Davi

ressuscitara para ser regente, sob a autoridade de Jesus (Jr

30.9). A justiça e uma das características marcantes do

reino milenar, em contraste com as dispensações anteriores.

 O quinto objetivo, “selar a visão e a profecia”, refere-se ao

termino da composição da Bíblia, com a criação do Novo

Testamento. A figura do “selo” refere-se ao ato de selar

uma carta, apos esta estarem concluída e fechada, e

garantida por um lacre. De igual modo, Deus completou a

inspiração da Bíblia, e nenhum livro adicional será escrito.

 O sexto objetivo, “ungir o Santo dos Santos”, produziu uma


grande variedade de interpretações. Alguns o relacionam

a dedicação do templo construído por Zorobabel (516

a.C.); outros a santificação do altar, no período dos

macabeus, apos sua profanação por Ântico Epifanio (165

a.C.) (cf. 1 Macabeus 4.52-56); outros, ainda, a futura

dedicação do templo na Nova Jerusalém (Ap 21.1-27).

Alguns pensam que e um fato ligado ao templo milenar,

descrito por Ezequiel (Ez 40 a 42). Como a profecia não esta

inteiramente clara, provavelmente a melhor conclusão e

que seu total cumprimento ainda e futuro, para referir-se a

Nova Jerusalém, que será o santuário de Deus por toda a

eternidade. Outros pontos da profecia terminam com a

segunda vinda de Cristo, mas não ha qualquer evento

relacionado ao templo naquela ocasião. A unção do Santo

dos Santos, todavia, acompanhando as outras facetas dos

490 anos, terá que ver com o juízo do pecado, a expiação,

o perdão e a restauração espiritual.

d. As divisões das Setenta Semas

Para se compreender totalmente a profecia das Setenta

Semanas devemos entender que estas são semanas de anos

proféticos e não de dias naturais de vinte e quatro horas. As

setenta semanas são divididas em três partes como vamos

observar a seguir:

 Sete Semanas (49 anos) - Conforme o v. 25, durante as

primeiras sete semanas, as ruas e um fosso seriam

construídos em tempos angustiosos. Esse período de 49 anos

descrevia as conseqüências da construção da muralha de

Jerusalém por Neemias e da exigência de que um em

cada dez israelitas construísse uma casa em Jerusalém e

para lá se mudasse. Esse processo cumpriu-se nos 50 anos


subseqüentes à reconstrução da muralha. Isso coincide

perfeitamente com as primeiras 7 semanas, 7 vezes 7 anos.

 Sessenta e duas Semanas (434 anos) - Neste período o

Ungido, o Messias, nasceria e seria morto, apos a conclusão

do 483° ano, conforme indicado no versículo 26: “Depois

das 62 semanas, será morto o Ungido e já não estará ...”

Uma outra profecia e oferecida sobre um evento que

ocorreria depois do fim da 69a e antes do começo da 70a

semana: “O povo de um príncipe que ha de vir destruir a

cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e ate ao

fim haverá guerra: desolações são determinadas” (v. 26).

 Dois eventos principais marcam a diferença entre o fim da

sexagésima nona semana e o começo da septuagésima, a

fim de indicar que o Messias seria morto aproximadamente

em 33 d.C. e a cidade de Jerusalém seria destruída em 70

d.C. Obviamente, se o cumprimento dos últimos sete anos

seguisse imediatamente o período anterior, não haveria

tempo para considerar a destruição de Jerusalém como

parte do cumprimento que precedesse os últimos sete anos.

Uma vez mais, uma interpretação literal, conforme

defendida pelos premilenistas, e preferível a explicação

amilenista, a qual afirma que a 70a semana ja se cumpriu,

de algum modo. O fim chegou para Jerusalém em sua

destruição em 70 d.C., e, apos esse acontecimento, a

guerra continua com suas desolações, como a historia tem

confirmado.

 Uma Semana - A revelação final em Daniel 9.27 afirma: “Ele

fará firme aliança com muitos, por uma semana: na

metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de

manjares; sob a asa das abominações virá o assolador, até


que a destruição, que está determinada, se derrame sobre

ele”. Os sete anos da última semana, todavia, começarão

quando o líder das dez nações no Oriente Médio, que

ainda está para surgir, satisfará a descrição de um líder

relacionado ao Império Romano, o qual ressurgirá. Ele dará

início à última semana, quando fará uma aliança de paz

com Israel, a qual será quebrada depois de três anos e

meio. Esta abordagem tem a vantagem de oferecer o

cumprimento literal à profecia e harmonizá- la com outras

mensagens relativas aos últimos tempos. Outras

interpretações simplesmente não se ajustam à passagem.

Alguns sugerem que Antíoco Epifânio foi a pessoa que

cumpriu a profecia no século II a.C. No entanto, nada existe

na história que corresponda a uma aliança de sete anos

durante ou depois do reinado de Antíoco. Somente os que

consideram Daniel uma fraude, escrita no século II a.C.,

concordam com isso. Tomadas como um todo, as “setenta

semanas” de Daniel apresentam toda a história de Israel,

desde o tempo de Neemias, em 444 a.C., até a segunda

vinda de Cristo, para estabelecer o Milênio. Nisso se

interpõe a presente dispensação, não revelada no Antigo

Testamento, que freqüentemente profetizava a primeira

vinda como o mesmo evento referente à segunda vinda,

sem levar em consideração a presente dispensação entre

os dois eventos. Em sua visão, portanto, Daniel não só

abrangeu todo o espectro da profecia gentílica, encerrada

com a segunda vinda de Cristo, mas também revelou que

as “setenta semanas” se encerrarão com o mesmo

acontecimento da segunda vinda. O fato de Israel já estar

de volta à sua terra, de haver atualmente um movimento

em favor de um governo mundial e de já existir um


movimento religioso universal, tudo combina para indicar

que o tempo de cumprimento dos eventos escatológicos

está muito próximo.

Conclusão

Esta literatura tem por objetivo auxiliar os leitores em sua busca no

conhecimento proporcionando a base para as futuras pesquisas,

lembrando que nossa regra de fé são as Sagradas Escrituras e esta deve

ser interpretada usando o “método histórico gramátical”, ou seja, a

Bíblia interpreta a própria Bíblia!

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