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Carolina Silva
Boyd White
João Pedro Fróis
sam aprofundar teoricamente a área da fenomenologia da percepção das obras de
arte, conceber novos modos de acção pedagógica na formação de adultos na área
das artes visuais, em contexto universitário, e permitir novos diálogos com áreas
disciplinares confluentes como a neuroestética, semiótica e psicolinguística.
Coordenação
João Pedro Fróis
Boyd White
Faculty of Education, McGill University
Consultores
Rui Brites
Instituto Superior de Economia e Gestão, Universidade de Lisboa
Ficha Técnica
Índice
Apresentação 6
Encerramento 204
Apêndices 289
6 III. Diálogos com a arte
Apresentação
Organização do livro
O livro é composto por três partes. Na primeira parte, aproximamo-nos de fontes teóricas
no âmbito da estética, da psicologia da educação artística e da educação em museus de arte.
Os tópicos e conceitos aí tratados são elementos teóricos estruturantes do nosso estudo. Na
segunda parte, apresentamos o modelo de investigação do projecto e caracterizamos o grupo
de participantes envolvidos no estudo. Na terceira parte, a mais extensa, discutimos os dados
obtidos decorrentes do exercício do modelo de investigação proposto. No encerramento,
fazemos uma síntese do estudo, com abertura a futuras investigações. Os dois apêndices
finais contêm informações sobre a descrição dos procedimentos metodológicos utilizados,
bem como os resultados complementares à leitura da terceira parte. Sob o título Encounters
with art. Aesthetic experience and meaning making, o livro inclui uma resenha em inglês.
Agradecimentos
Agradecemos a todas as pessoas e entidades que autorizaram a reprodução das obras de arte incluí-
das neste livro. Ao Centro de Arte Moderna (CAM), da Fundação Calouste Gulbenkian. À Dra. Leonor
Nazaré, agradecemos o apoio concedido na escolha e acesso livre às obras de arte, sem o qual não seria
possível cumprir e realizar o projecto com plena satisfação. Ao artista Rui Calçada Bastos é devido o
reconhecimento pelo seu apoio na cedência incondicional das reproduções das suas obras, que foram
sendo solicitados pela equipa do projecto. Agradecemos aos Professores Luís de Moura Sobral, da
Université de Montréal, Cristina Azevedo Tavares, da Universidade de Lisboa, e à Dra. Leonor Nazaré, do
Centro de Arte Moderna Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, pela produção e cedência dos tex-
tos sobre os artistas e as obras de arte escolhidas de Martha Telles, Sarah Affonso e Rui Calçada Bastos.
Este livro não seria possível sem a participação dos professores e educadores envolvidos no projecto
de investigação. São eles os protagonistas desta história e «organizadores do texto» que apresentamos.
Manifestamos o nosso reconhecimento pelo seu activo envolvimento por meio de acções que, desde o
primeiro momento e ao longo de vários meses, foram propostas nas oficinas do projecto, na Faculdade
de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e no Centro de Arte Moderna. O trabalho desenvolvido pelos
participantes do projecto é singular, no panorama de estudos congéneres, pela forma livre como a ele
aderiram. A eles manifestamos o nosso agradecimento por cederem os seus textos e imagens.
Ao Professores Rui Brites e Bjarne Sode Funch, consultores do projecto, é devida especial estima.
Rui Brites foi responsável pela supervisão e tratamento de dados do projecto, bem como o desen-
volvimento e a organização da formação no âmbito das áreas da sua competência dos membros
da equipa. Bjarne Funch, em várias fases do projecto, provocou novos olhares sobre os dados obti-
dos. À Dra. Leonor Pereira da Costa, responsável pela produção de relatórios de análise de dados
quantitativos, devemos as novas percepções sobre os dados recolhidos e organizados pela equipa.
8 I. Arte, experiência e criação de sentido
Introdução 9
Recepção da arte 10
Metaforização do real 11
Educação estética 13
Museus de arte e experiência estética 16
Bibliografia 18
Introdução
Existe uma vasta literatura que sustenta o interesse científico e educacional sobre a fenomeno-
logia da recepção nas artes visuais. Na Europa e nos Estados Unidos, este interesse foi reforçado
com contributos teóricos oriundos da investigação na psicologia da educação artística (Parsons,
1987; Feldman, 1987; Gardner, 1990; Funch, 1997). Na década de oitenta do século XX, auto-
res como Dwaine Greer (1987), Stephen Dobbs (1998), Ralph Smith (1995) e Elliot Eisner
(1990) propuseram as bases de uma aproximação à educação artística centrada na «leitura» e
na interpretação das obras de arte. Estes contributos teóricos proporcionaram uma compreen-
são renovada sobre a importância das artes na educação, permitiram a abertura à inovação das
práticas da educação artística e o desenho de programas de formação dos educadores.
As transformações operadas no mundo da arte e a abertura aos fenómenos da cultura
visual levaram alguns a argumentarem que o modelo centrado nas obras introduziu disci-
plinas como a filosofia da arte, estética e história da arte na escola e nos curricula de artes
da educação; isto deveria ser suplantado por orientações alternativas, oriundas da denomi-
nada educação artística como cultura visual, centrada no debate de narrativas socialmente
pertinentes. No entanto, em ambas as situações, a dimensão estética, centrada na fruição
das obras de arte ou no fazer, mantém-se como um pólo organizador das aprendizagens na
educação artística. Contrariando o trabalho de investigação produzido sobre o desenvolvi
mento estético e artístico, a tendência actual, no plano escolar nacional e no contexto euro-
peu, é, de facto, a da redução do tempo para as artes nos curricula da escola pública, com um
agravamento em Portugal. As artes e o que elas representam na criação do novo, capacidade
para introduzir novas perspectivas e concepção de mundos, não podem apenas apresentar-
-se como elixir para momentos difíceis ou tornarem-se na expressão de mero jogo de emo-
ções. Subjacentes à imaginação criativa estão os mesmos problemas, as mesmas angústias
decorrentes da existência e a mesma urgência de singularidade do ser humano na procura
da harmonização do pensar e do sentir, que atravessa várias paisagens (Fróis, 2012).
O diálogo organizado com as artes visuais, quando vivido e compreendido, acompanha
um processo íntimo do desenvolvimento cognitivo e emocional dos indivíduos, distinto
de outras áreas do saber, no qual o raciocínio lógico se constitui como via principal para
a aquisição do conhecimento. As dificuldades inerentes à afirmação da educação artística
como área de conhecimento exigem a busca de soluções teóricas multidisciplinares.
A escola confronta-se com problemas estratégicos na consecução da educação artís-
tica. O primeiro deles respeita a um tipo de libertação do impulso estético e o segundo
incide sobre o desenvolvimento de técnicas através das quais expressamos esse impulso,
materializadas em projectos que reclamam uma actualização permanente face à criação
artística contemporânea. A consideração e tratamento teórico destes dois momentos não
devem esquecer as acções de capacitação dos mediadores pedagógicos. Neste estudo, o
nosso interesse centra-se na experiência da recepção das obras e nas implicações que dela
advêm, através da acção dos mediadores.
10 I. Arte, experiência e criação de sentido
Recepção da arte
A recepção das artes, pela multiplicidade das funções psicológicas subjacentes, é um pro-
cesso de extrema complexidade. Às vezes as interacções estabelecidas com as obras apre-
sentam-se como «não-diálogos». Esta constatação deve-se, em parte, ao facto de a inteli-
gibilidade das obras não ser directa, exigindo do observador um envolvimento cognitivo
e afectivo, uma vontade de permanência. Este «obstáculo», por exemplo, em contexto de
museu, poderá ser resolvido através do confronto activo com as obras originais, da abertura
e disponibilidade para o relacionamento com elas, exigindo mais do visitante, mas compen
sando-o, também, pelos resultados que advêm dessa atitude (Funch, 2012). Tal confronto
com as obras coloca o visitante face a face consigo próprio através da subjectividade da in-
terpretação e das dificuldades inerentes ao facto de estar perante uma obra de arte. Quanto
maior for o envolvimento no processo da aprendizagem cognitiva e afectiva, mais intensa
será a aprendizagem e o significado atribuído pelo sujeito à própria experiência.
À obra de arte caberá sempre o papel decisivo, tópico sobre o qual Lev Vygotsky (1896-
1934) e Valentine Asmous (1894-1975) escreveram. Eles referiram-se à particularidade da
obra de arte no processo da recepção. Num importante texto intitulado Leitura como tra-
balho e criatividade, Asmous (1962) referiu, eloquentemente, que a imagem artística pro-
duziria inevitavelmente variações individuais na sua compreensão e avaliação. Contudo, o
texto não representaria apenas o carácter subjectivo da percepção estética; «pelo contrário,
uma obra de arte de qualidade tem um conteúdo objectivo intenso, independentemente
das eventuais impressões criadas no e pelo seu receptor». É através da actividade mental
complexa interna e subjectiva do receptor que o «conteúdo objectivo da obra» se transfor-
ma em conteúdo da mente do «leitor». Para finalizar, nessa actividade complexa e criativa
da consciência, o leitor escolhe o caminho proposto pelo autor, recriando para si o conteú-
do implícito da obra, das características explícitas da própria obra de arte. O objecto estéti-
co (artefacto) tem ingredientes atribuídos pelo observador à obra de arte (projecções) e, ao
mesmo tempo, ingredientes que são específicos da própria obra de arte.
Lev Vygotsky interrogou-se, nos anos 20 do século passado, sobre o que torna arte em
arte para, de seguida, rejeitar todas as teorias existentes sobre o tópico, neste caso porque
as definições da arte que acompanhavam essas teorias não conseguiam distinguir entre
arte e não-arte (Vygotsky, 1927, 1928; cf. Fróis, 2010, 2011). A arte não poderia ser apenas
a transmissão de sentimentos do artista para o observador, tal como Lev Tolstoi tinha pro-
posto, porque muitas coisas, fora do âmbito da arte, evocavam emoções e sentimentos;
não poderia ser reduzida à sublimação da energia sexual, porque outros fenómenos cul-
turais, fora da arte, assentavam a acção na sublimação da energia sexual, se acreditarmos
na psicanálise. A definição da arte assente na percepção de forma, que o crítico literário,
seu contemporâneo, Viktor Shklovsky (1893-1984) havia afirmado como essencial para a
experiência estética, carecia de especificidade porque não respondia à pergunta sobre o
que faz uma forma mais estética do que outra. Para Vygotsky, um dos eixos estruturantes
I. Arte, experiência e criação de sentido 11
Metaforização do real
Várias são as interpretações autorais sobre a relação dos indivíduos com as obras de arte
visuais que interessam ao nosso trabalho de investigação. A relação entre as metáforas
visuais e a criação de significados foi tratada teoricamente por Michael Parsons (1987,
2010) e Arthur Efland (2002). Terry Barrett (2003, 2010), por exemplo, focou a atenção
12 I. Arte, experiência e criação de sentido
dos seus estudos nas estratégias de interpretação das obras de arte. Boyd White (1998) e
Anne-Marie Émond (2010) propuseram metodologias para a criação de sentido nas artes
visuais. Bjarne Funch (2007, 2013) e Tone Roald (2007) têm vindo a explorar a dimensão
fenomenológica da experiência estética a partir do desenvolvimento de estudos empíricos
no âmbito da educação estética, em contexto de museu de arte. Mark Johnson (2007) estu-
dou o pensamento metafórico e a corporização da experiência. David Shusterman (2010)
elaborou, teoricamente, a proposta avançada por John Dewey (1934) em Art as Experience1.
Damos relevo à ideia que Michael Parsons (2010) propôs sobre o valor cognitivo da
criação e da fruição nas artes. A primeira geração de autores das ciências cognitivas, nas
décadas de 1960 e 1970, inclui o contributo dos que mais influenciaram o pensamento
e a educação estética no século XX: Rudolf Arnheim (1989), Nelson Goodman (1976)
e Howard Gardner (1990). O pensamento, para estes autores, surge como um «meca-
nismo» e processo de manipulação das representações, símbolos mentais da realidade,
mas essas representações não são apenas representações verbais, podem ser também
imagens visuais. No entanto, diz-nos António Damásio, devemos ser cuidadosos com
o conceito de representação «porque ele lembra facilmente a metáfora do cérebro-como-
-computador, completamente inapropriada, porque o nosso cérebro ao desempenhar fun-
ções semelhantes de computação, o seu funcionamento intrínseco tem pouco a ver com
a ideia comum do que é um computador» (Damásio, 1999: 366). Na segunda geração de
cognitivistas, incluem-se George Lakoff e Mark Johnson, que relacionam o pensamento
com o corpo e vêem o pensamento ligado à experiência corporal como um processo mais
analógico do que digital.
Focamos agora a atenção na primeira geração de cognitivistas. A aproximação cog-
nitiva à experiência estética e à educação artística encontrou repercussão nos círculos
académicos através de um importante texto, Languages of Art: An Approach to a Theory of
Symbols, de Nelson Goodman, publicado em 1976, com importância decisiva, não apenas
para a teoria estética, mas com implicações directas para o desenho de programas especí-
ficos de educação estética e da educação artística.
O primeiro representante da geração de cognitivistas foi Rudolf Arnheim. Influenciado
pela escola de psicologia em que intelectualmente se formou, propôs um conceito fun-
damental que possibilitaria contornar a falsa distinção entre pensamento visual e verbal.
O pensamento visual e a resolução de problemas que ele acarreta passam igualmente a
organizar-se através da modalidade expressiva que o determina: as palavras e a imagética
são parceiros de nível igual naquilo que designamos como pensamento. Esta asserção
apresenta-se como uma nova etapa para a educação artística, considerada a parte menos
1. De facto, o filósofo John Dewey viu que para se articular uma teoria adequada da arte e da estética, esta teria de se
fundar numa visão de como os indivíduos, como veremos adiante, dotados de um corpo, descobrem e criam senti-
do. Hoje, os obstáculos a uma teoria do sentido corpóreo são tantos quantos os que existiam no tempo de Dewey,
e encontram-se tão profundamente enraizados no nosso tempo quanto o estavam então. Dentre esses obstáculos,
destaca-se uma visão da mente e da linguagem que trata o sentido como sendo quase exclusivamente conceptual e
proposicional (Johnson, 2013).
I. Arte, experiência e criação de sentido 13
Educação estética
2. A orientação conceptual-proposicional da construção de sentido entende que este é «…exclusivamente uma pro-
priedade da linguagem. São os conceitos e as proposições, assim como as palavras que usamos para os simbolizar,
que têm sentido. Logo, se as artes têm algum sentido, isso apenas será possível através de estruturas análogas a
palavras, expressões e frases numa língua.» (ibid., 23)
3. Ideia que Mark Johnson retoma de John Dewey para quem «a arte emprega exactamente os mesmos materiais e
processos de criação de sentido com que nos deparamos nas nossas experiências quotidianas banais do sentido de
objectos, acontecimentos e pessoas» (cit. p. Johnson, 2013: 23).
4. Segundo esta visão pragmática, «o sentido de qualquer acontecimento, objecto ou símbolo é relacional, isto
é, o seu sentido é aquilo para que aponta através da experiência possível passada, presente ou futura. O sentido
de qualquer coisa é aquilo que essa coisa proporciona através da experiência e emerge das estruturas, qualidades
e direcções sentidas da nossa experiência corpórea: começa por estar directamente ligado a processos sensoriais
e motores que têm estrutura e valência emocionais. O que chamamos conceitos abstractos são assim extensões
metafóricas destes sentidos sensoriais e motores» (Johnson, 2013:22).
16 I. Arte, experiência e criação de sentido
5. Gilles Lipovestky (2010) escreveu que os museus, como entidades culturais, como a escola na nossa sociedade,
têm uma missão relevante: a de organizar e facultar ferramentas que permitam aos indivíduos ir mais além, de se
superar, de ser «mais», cultivando as suas paixões, o seu imaginário criativo em qualquer esfera de acção e de criação
em que actuem.
I. Arte, experiência e criação de sentido 17
6. Alguns dos exemplos mais característicos da abordagem cognitiva às artes visuais e a experiencia estética foram
trabalhados por Gerald Cupchik (2013), Tone Roald (2007, 2009), Helen Winner (1982), Noel Carrol, (2002) e Dahlia
Zaidel (2005). Recentemente Nicolas Bullot e Rolf Reber em The artful mind meets art history (2013) apresentaram
um «estado da arte» sobre a psicologia da apreciação artística.
18 I. Arte, experiência e criação de sentido
vários tempos e lugares. A experiência estética pode ser assim entendida como uma fusão
articulada das quatro dimensões evocadas. Todas elas exigem um envolvimento psico-
lógico e físico, complexo com as obras. As inibições que impedem o «desenvolvimento
equilibrado» e o diálogo com as artes estão relacionadas prioritariamente, como refere
Csikszentmihalyi, com o tratamento pedagógico dos conteúdos da colecção (Fróis, 2008).
Por ora, importa salientar que a educação nos museus, desde o seu início, foi imagi-
nada como um auxílio humanizado à pedagogia da exposição. Isto deve-se, em parte,
ao facto de ter sido configurada no contexto de uma ideologia da falta que, no dizer de
Jacques Derrida (1967), apela à lógica do suplemento. Esta ideologia da falta provocou,
em muitas situações, como recurso estável, o surgimento da escolarização nas práticas
dos museus e no domínio da palavra. De facto, essa falta nunca foi preenchida e «resol-
vida» satisfatoriamente, como escreveu Cheryl Meszaros (2004), foi sublimada nos dis-
cursos e narrativas de autoridade.
O discurso educacional, tal como hoje se apresenta, segue a tradição dominante: privi-
legia o verbal como forma purificada da comunicação do significado. A palavra é o sím-
bolo da experiência mental e do pensamento, por isso, a sua importância é enorme. O
mandato educativo do museu de arte, tornou-se, em parte, na sua estrutura operativa,
extensão do discurso da educação escolar, e, juntos, colonizaram em vários lugares o
espaço da interpretação, por vezes infantilizaram os públicos, e, por vezes, «secaram» as
artes do seu inerente poder interpretativo na esfera pública. Esta constatação aponta desa-
fios novos para o serviço educativo dos museus que importa pensar e que devem emergir
a partir de dentro da entidade museu, porque as obras de arte, independentemente da sua
grandeza ou glória artística, são entidades que, isoladamente, não têm sentido, a não ser
que encontrem um olhar atento, uma mente que pensa e um «coração» que sente: a expe-
riência do observador e a sua imaginação torna-se artisticamente significativa, quando
consegue tratar a obra de arte de um modo relevante em relação às suas características
artísticas mais significativas (Hooper-Greenhill, 2000; Fróis, 2008).
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22 II. Estratégias de mediação e criação de sentido em museus de arte
Projecto de investigação 23
Oficina de formação 24
Etapas e ferramentas para a criação de sentido 25
Notas 25
Estetigrama 26
Quadrante 26
Texto-matriz 30
Obras de arte 30
Martha Telles 34
Os outros lados do espelho 35
O quotidiano na pintura de Sarah Affonso 37
Participantes 39
Sociografia e formação académica 39
Habitus cultural e valores – Artes 41
Visitação de museus 42
Atitudes face aos museus de arte 43
Bibliografia 44
Projecto de investigação
Oficina de formação
No âmbito do projecto, foi organizada uma oficina de formação que decorreu ao longo de
cinco meses. Os dois primeiros meses foram dedicados à apresentação do tópico criação
de sentido e à experimentação das ferramentas com dois grupos de participantes. Nos
restantes meses, cada participante trabalhou individualmente com a equipa do projecto.
Foram objectivos da oficina de formação: a) Introduzir os participantes na problemática
da investigação na área das mediações educacionais em museus de arte; b) Dar a
conhecer o modelo teórico em desenvolvimento no âmbito do projecto de investigação; c)
Acompanhar a actividade de interpretação das obras de arte realizada pelos participantes
em contexto de museu; d) Analisar os dados produzidos pelos participantes em colaboração
com a equipa do projecto. Em geral, os participantes dispenderam cerca de 40 horas
nesta experiência: 24 horas nas sessões presenciais da oficina de formação, organizada
II. Estratégias de mediação e criação de sentido em museus de arte 25
Notas Estetigrama
Notas
As notas são um registo escrito livre que resulta do encontro com a obra de arte; são as
primeiras impressões, pensamentos, associações livres e descrições das obras. Podem
também ser observações relativas à descrição do contexto em que a obra foi observada
e às emoções e sentimentos vivenciados pelo observador. Estes registos surgem do fluir
natural da atribuição de sentido às obras em visionamento.
1. Formação desenvolvida por Boyd White, com quatro participantes, na Faculdade de Belas-Artes da Universidade
de Lisboa, em Junho de 2010, da qual resultou o artigo Words for artworks, publicado em 2013 por João Fróis e Boyd
White na revista International Journal of Art and Design Education.
26 II. Estratégias de mediação e criação de sentido em museus de arte
Estetigrama
Quadrante
2. Para a elaboração dos estetigramas foi utilizado o programa Inspiration 9. Esta é uma ferramenta de fácil uso,
concebida para o desenho de mapas visuais. A formação sobre o uso deste programa ocorreu em contexto de sala de
aula.
Estetigramas II. Estratégias de mediação e criação de sentido em museusEstetigramas
de arte 27
15
Reflexão 17
Percepção
OA 23
Mulher que olha para
baixo em direcção a
O/OA
A figura sobressai de
Reflexão
um livro aberto. Braços um fundo de manchas
apoiados nas costas de de cor suave, que mo-
uma possível cadeira OA dulam o seu volume e
O/OA com o queixo sobre
8 Anatomia definem a cena domés-
Escala natural. as mãos O/OA
realista. tica. Cores quentes e
1 Figura que Percepção vestido esverdeado Sombras expressivas,
ocupa quase Rosto fino
Percepção 9 de candura combinam com o fundo. reflexo do livro no braço
a totalidade O/OA
OA Ver como Técnica impressionista, 17
da composição Momento de descanso,
Pintura a óleo 16 aplicação espontânea da
Percepção OA mulher com necessidade
sobre tela. 2 Percepção tinta a óleo
Manga do braço de se entreter, de se instruir
Mulher jovem, Percepção 23
O/OA direito suspensa
recostada 7
10 22 Reflexão
Momento Atitude deliberada de pose
Percepção Percepção
OA Adicional
Estava sentada no
chão, a senhora OA 14
Momento da vida 11
3 vigilante entregou- Percepção OA
-me um banco e quotidiana. Possi- Ver como O livro aberto a meio
Conhecimento 13
pediu-me que me velmente terá 33
Reflexão 24
O/OA sentasse nele. Esta- adormecido a ler Percepção Percepção
Influência Almada va mais confortável e encontra-se
OA OA
Negreiros - técnica no chão num sonho
Composição equili- OA
profundo Acentuação
brada onde o centro 31 Mão esquerda cerrada 32
12 da clavícula
coincide com o rosto Percepção agarrando a cadeira, Percepção
O/OA no sombreado
Momento e as mãos da mulher enquanto a direita
Frida Kahlo - retratos 6 Adicional está em descanso
Conhecimento OA
4 O/C O/OA Cabelos negros e
Oiço uma voz cadeira negra.
Conhecimento Mulher que tem
que me parece Contornos acentuados
tempo para se 27 21 36
familiar 25 cultivar
O/OA Reflexão Reflexão Percepção
Reflexão
Tamara de Lempicka. OA
O/OA 5
Cabelo à anos 20, Óleo a estalar na tela
Jean-Baptiste-Camille Conhecimento O/OA
ondulado. Art deco.
Corot e Edward Hopper Sensualidade, O/OA
Cores fortes. O/OA
- mulheres a ler feminilidade Dupla condição de
Mulher rosada Lábios pintados,
sobrancelhas aparadas, mulher artista e 34
mulher cuidada mulher (de) artista Percepção
30
18 26 Reflexão
Ver como Explicação
19 OA
Memória 28 Mulher sentada virada 35
O/OA Ver como para as costas da cadeira. Reflexão
Perspectiva do livro, Atitude varonil
O/OA por cima do que
parece ser uma paleta.
29
Mulher artista 20 O/OA
Que poderá ser do Percepção Iluminação ambiente
(3ª Duquesa Palmela) Momento
Almada? Da própria? amarelada que poderá
Adicional vir de uma vela
O/OA
Mulher artista
(3ª Duquesa Palmela)
Daydreams
Não são exactamente memórias, são antes um estado empático empatia,
[Fantasias]
de devaneio imaginativo induzido pelo encontro devaneio imaginativo,
EXTRÍNSECO
com a obra de arte, uma “simbiose com a obra”. hipótese
(instrumental)
Na sua essência é um acto comparativo entre o que se apresenta imaginar,
Imaginativa
ao observador e o que poderia ser. interpretar, Figura 3. Modelo de equilíbrio fenomenológico, quadrante R. L. Jones.
Ver como Pode ser também uma interpretação que transcende recriar,
o aspecto exterior da obra. invenção
Pode ser uma expectativa orientada para a obra: um acto
comparação, Os pólos do quadrante definidos pelos eixos vertical e horizontal sugerem, assim,
comparativo entre o que se antecipa e o que se encontrou antes; antecipação,
Expectativas orientações teóricas opostas. Por exemplo, intrínseco refere-se a uma posição formalista
ou uma expectativa auto-orientada: uma antecipação pressupostos
da resposta à obra ou acontecimento por parte do observador. perante as obras (Fry, 1920; Bell, 1914). No outro extremo está a orientação extrínseca, em
Interacção positiva, negativa ou indiferente com a obra de arte.
Em geral, as atitudes são os pontos de vista positivos ou negativos
relação, que a obra é considerada apenas pelo seu valor instrumental ou de uso. O pólo cognitivo
Atitude acção,
sobre pessoas, lugares, coisas ou acontecimentos, todos decisão representa uma posição puramente intelectual em relação à obra. O seu oposto, o afecti-
considerados como objecto da atitude.
Comportamental
pausa,
Associações que transportam o sujeito para além da obra complemento seria um exemplo do que acabámos de referir. Finalmente, o seu oposto, o icónico, com-
Momentos embora partam dela. Tendência para envolver outros sentidos. ideativo;
adicionais Também podem ser reflexões que ocorrem após o encontro pensamentos
bina uma orientação intelectual com uma orientação instrumentalista: uma interpretação
com a obra de arte. paralelos
II. Estratégias de mediação e criação de sentido em museus de arte 27
30
da obra puramente em termos dos sistemas de símbolos serviria de exemplo a este foco.
Cada um destes pólos representa uma posição extrema e «não-estética». Para se tornar
estética, a experiência teria de passar da periferia do círculo para o centro, tornar-se
menos extrema e combinar-se ou trabalhar em conjunto num equilíbrio fenomenológico
com as outras possibilidades apontadas. A ideia é que um encontro equilibrado teria os
momentos individuais distribuídos uniformemente por cada um dos quatro quadrantes
e, presumivelmente, tanto quanto possível, mais próximos do centro (círculo interior) do
que da periferia. Jones defende que um encontro verdadeiramente estético não veria uma
superabundância de momentos em qualquer um dos quadrantes do círculo.
A partir dos estetigramas construídos, cada participante reorganizou os seus diversos
momentos experienciais tendo o quadrante R. L. Jones como referência. Os comentários
associados a cada momento foram determinantes para a decisão sobre o posicionamento
de cada círculo. No caso dos momentos que associavam duas ou mais categorias, estes
puderam ser colocados em pontos distintos do plano.
Texto-matriz
O texto-matriz é um registo escrito final que conjuga as etapas anteriores – notas, este-
tigrama, quadrante R. L. Jones e reflexões pós-encontro. Os participantes escrevem um
texto síntese sobre a sua experiência com a obra de arte.
Obras de arte
No estudo foram utilizadas três obras de arte: duas pinturas e um vídeo. A escolha destas
obras foi orientada pelos seguintes requisitos: 1) Gerarem, potencialmente, empatia nos
observadores; 2) Serem contrastantes entre si quanto à modalidade expressiva utilizada
na sua produção; 3) Estarem disponíveis na exposição permanente do museu de arte que
colaborou com o projecto.
A obra de arte Le Cadeau (1982), tela a óleo pintada por Martha Telles (1930-2001), foi
utilizada como obra de aquecimento com o grupo de participantes (Fig. 4). As exempli-
ficações das ferramentas aqui descritas e propostas para a mediação de sentido foram
introduzidas através desta obra – primeiro, através da projecção da imagem em contexto
de sala de aula e depois no museu. As outras duas obras são o vídeo de Rui Calçada Bastos
(1972), The Mirror Suitcase Man (2004) (Fig. 5) e a pintura de Sarah Affonso (1899-1982)
intitulada Retrato de Matilde (1932) (Fig. 6). Todas as obras pertencem ao acervo do Museu
de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian.
Sobre as três obras foram escritos textos a que os participantes não acederam, que aqui
servem como apresentação das obras e dos seus autores. O texto Martha Telles foi escrito
por Luís de Moura Sobral, Os outros lados do espelho foi elaborado por Leonor Nazaré e o
texto O quotidiano na pintura de Sarah Affonso é da autoria de Cristina Azevedo Tavares.
28
31 II. Estratégias de mediação e criação de sentido em museus de arte
Figura 4. Martha Telles (1930-2001), Le Cadeau (1982), tela a óleo, 46,5 ∑ 38,2 cm,
Col.Centro de Arte Moderna, F.C. Gulbenkian.
32 Estetigramas
II. Estratégias de mediação e criação de sentido em museus de arte II. Estratégias de mediação e criação de sentido em museus
Estetigramas
de arte 33
Figura 5. Calçada Bastos (1972), The Mirror Suitcase Man (2004) (DVD, 4’30”), Figura 6. Sarah Affonso (1899-1982), Retrato de Matilde (1932), tela a óleo, 80 ∑ 55,5cm,
Col.Centro de Arte Moderna, F.C. Gulbenkian. Col.Centro de Arte Moderna, F.C. Gulbenkian.
Estetigramas II. Estratégias de mediação e criação de sentido em museus de arte 34 35 II. Estratégias de mediação e criação de sentido em museus de arte Estetigramas
Martha Telles Doze anos separam o Auto-retrato de 1968 de Le Cadeau. O primeiro, marcando o
ano da instalação da artista no Canadá, mostra a pintora ensimesmada como um novelo
Quando, em 1980, Martha Telles pintou Le Cadeau, fazia uma dúzia de anos que a no centro de um espaço sem volume, definido pela justaposição de uma série de barras
artista se encontrava em Montreal, após deambulações várias entre a sua Madeira natal, paralelas: a artista prisioneira do seu próprio labirinto. Le Cadeau é uma composição de
Lisboa, Porto e Paris. No Canadá, a pintora haveria de permanecer dezasseis anos, grande outra ordem. Das referências anteriores, apenas resta o modesto quadriculado do chão
parte dos quais voluntariamente arredada da cena artística. Razões de vida mais do que da varanda. Formas e figuras definem-se em termos simplificados e directos, próximos
razões de pintura, apesar de uma obra anteriormente estimada em Lisboa, em Paris e da arte naïf. A história que nos é contada transporta-nos, por seu lado, à época da infân-
em Copenhaga... A verdade, porém, é que Martha Telles, paralelamente à sua actividade cia da artista, à Quinta do Monte, perto do Funchal, onde a família passava as férias de
docente, jamais deixara de pintar ou, dito talvez com mais propriedade, de trabalhar, discre- Verão. Uma Quinta do Monte obviamente modificada pelas distâncias e pelas nostalgias.
tamente, na elaboração de um imaginário plástico próprio. Foi aliás durante a etapa cana- Na génese de Le Cadeau, uma recordação e uma fotografia: Martha sentada numa
diana que a pintura de Martha Telles conheceu as suas transformações mais significativas. cadeira de palhinha que as irmãs mais velhas enfeitaram de flores no dia do seu terceiro
Entre os meados dos anos 60 e o começo da década seguinte, a artista elabora de facto um aniversário (Fig. 7). Martha risonha, com os olhos brilhantes, a olhar provavelmente para
universo singular, feito de arquitecturas sem personagens e onde tudo, paredes, chão, tec- uma das irmãs ao lado do fotógrafo. Em Le Cadeau, as coisas passam-se de maneira dife-
tos, é feito em quadriculados – azulejos, mosaicos ou tijolos multicolores. Muitas vezes rente. A cadeira com a menina foi colocada numa sala vazia e escura, de costas para uma
essas arquitecturas abrem-se para paisagens marítimas ou para horizontes indefinidos, varanda aberta que dá para o mar. A cadeira, com assento de veludo azul, agigantou-se, a
parecendo cenários abandonados, frios e algo inquietantes. Nos meados dos anos 70, este menina olha para o chão, pode ser que a sorrir um pouco, mas um tanto intimidada ou
universo modifica-se com a aparição da figura humana. Inicia-se então um processo de acabrunhada, com as mãos juntas no regaço e os ombros descaídos. No chão, em frente
recuperação da memória pessoal que vai de par com a desconstrução do universo plástico da cadeira, o «presente» atado com fitas vermelhas. Nada mais na grande sala roxa – nem
anterior. De uma maneira ou de outra, no centro deste processo, encontra-se a própria ninguém para quem ela olhe ou a olhar para ela. Quem colocou ali o presente? Porque
figura da pintora. razão não desce ela da cadeira para o abrir? Receio de ficar desiludida – ou receio de,
abrindo-o, ficar sem mistério para descobrir?
Anos mais tarde, na derradeira fase da sua produção, Martha Telles realiza uma série
de colagens cuja protagonista é uma Vénus adormecida reclinada num divã e habitada
por divagações eróticas e fetichistas. Para trás ficou portanto a jovem pintora refugiada
num labirinto, e a menina que não sabe o que fazer com um presente. Connosco fica uma
obra pessoal, de poderosa capacidade de evocação poética, e por isso mesmo de particular
significado na arte portuguesa destes últimos tempos.
Podemos supor que são memórias, o que um homem guarda numa mala de espe-
lho, em The Mirror Suitcase Man. Mas a inversão funcional da mala coloca no exterior
dela (na reflexão da imagem) os principais acontecimentos. Concentramos toda a aten-
ção nesse objecto onde se espelham a cidade, as pessoas, os transportes, as árvores e as
ruas. Chegadas e partidas de comboio ou de metro, portas que se fecham, escadas que
se sobem, cais de estações, carros que passam – a deambulação da personagem é pau-
sada, parada por vezes, mas variada, e funciona como registo dos movimentos anónimos
na cidade. Como se o tempo da passagem, da deslocação fosse a principal memória que
fica desses cruzamentos não intencionais, no tecido urbano. O slowmotion ocasional, um
flash branco ou um corte entre imagens, o som de uma máquina de escrever, a música
de órgão, algumas frases quase imperceptíveis em francês, o som de um vinil estragado,
o grão de uma imagem a preto e branco já antiga contribuem para um ambiente global-
mente nebuloso e perdido no tempo, praticamente onírico e sem coordenadas.
30
37 II. Estratégias de mediação e criação de sentido em museus de arte
A mala abre um buraco no real e cria no seu espaço restrito um abismo, um ecrã,
um microcosmo em que parcelas desse real passam de verídicas a fictícias, de exten-
sas a recortadas. Os planos oblíquos, os terrenos ascendentes, a escada em caracol, os
balouços, o vento nas árvores, a posição ortogonal da mala em relação aos fundos de rua
que nela se vêem, os pontos de vista múltiplos, em contra-picado, em profundidade, em
grande plano, em contraposição e inversão no espelho, acentuam essa maleabilidade e
irrealidade espácio-temporais. A passagem de linhas de luz artificial pelos lugares de
constituição da imagem é ainda outra forma de estabelecer intermitências perceptivas e
uma espécie de mergulho inebriado na sua ilusão.
Com o rio e a berma, que surgem no final, refere-se a ideia de fronteira territorial a que
a mala dá expressão, durante toda a sequência. A mão que a segura, a personagem for-
malmente vestida que a passeia têm a rigidez e a constância necessárias à inevitável con-
centração no objecto protagonista: uma mala que recusa a sua função interior trocando-a
por uma exterior. A reflexão da cidade torna-se reflexão acerca da memória perceptiva e
acerca da verosimilhança do próprio real. No espaço da mala de espelho, nada se guarda e
tudo se expõe; nesse sentido ela é uma antimatéria funcional, uma anti-imagem do real.
a ilustração, distinguindo-se, entre outras, as que realizou para A Menina do Mar (1958),
de Sofia de Melo Breyner, e, em 1964, a Galeria Alvarez no Porto realiza uma exposição
retrospectiva da pintora. Na década seguinte, dedica-se mais ao desenho, ilustrando um
conto de Madalena Gomes, e expõe os seus retratos no Estoril e no Porto.
O quadro Retrato de Matilde (1932) é um óleo sobre tela que retrata Matilde Velêz Caroço,
amiga da pintora, inscrevendo-se no conjunto de retratos que constitui uma parte signifi-
cativa da pintura de Sarah Affonso entre os anos 20 e 40, como os retratos de Senhora com
gato (1928), Fernanda de Castro e seu filho António (1929) ou os de meninas e dos seus filhos,
incluindo os seus auto-retratos (Fig. 9), o primeiro datado de 1923 e o último de 1977.
Participantes
A recolha de dados para a caracterização sociográfica dos participantes foi realizada atra-
vés do preenchimento de um questionário com trinta perguntas, distribuído no final da
oficina de formação (v. Apend. p. 291). O grupo foi constituído por vinte e quatro indi-
víduos, vinte dos quais do sexo feminino (Q. 2). A média de idades foi de aproximada-
mente 33 anos, sendo que onze dos inquiridos (45,8%) se situavam na faixa etária entre
os 30 e os 34 anos. Durante o período em que a oficina decorreu, a maioria dos partici-
pantes encontrava-se a desenvolver uma actividade profissional relacionada com o ensino
ou a formação: onze (45,8%) eram professores, quatro (16,7%) formadores, três (12,5%)
II. Estratégias de mediação e criação de sentido em museus de arte 33
40
Participantes
A 3 33 M Arquitectura Professor
A 5 26 F Design Professor
NA 9 32 F Letras Professor
NA 10 38 F Sociologia Professor
NA 15 39 F Letras Professor
NA 25 44 F Filosofia Formador
Nota. Grupo: A. – Artista; NA. – Não artista. Os grupos de artistas e não-artistas foram definidos com base na formação
académica. N – número de identificação dos participantes; Formação – Licenciatura; Profissão – profissão principal.
34
41 II. Estratégias de mediação e criação de sentido em museus de arte
Mais de metade dos participantes (54%) desenvolvem uma actividade artística (dese-
nho, pintura) como hobby. Entre aqueles que desenvolvem uma actividade artística como
hobby, apenas três (12,5%) o fazem porque frequentam actualmente um curso de artes
(dois, de fotografia, e um, de pintura). Fora da escola, dezassete (70,8%) dos participantes
já tinham frequentado o ensino artístico. Quanto às suas preferências sobre a arte (géne-
ros): arte clássica, arte moderna e contemporânea. Na globalidade situam-se na escala
entre a posição gosto e gosto muito, em todas os tipos de arte considerados. Não foram,
entre os dois grupos (artistas e não-artistas), encontradas diferenças no «grau de satisfa-
ção» com cada um dos tipos de arte em análise, apesar de em média os valores de satis-
fação com a arte clássica e moderna serem mais elevados no grupo dos artistas do que
entre os não-artistas (Apend. Q. 10). Foi pedido aos participantes para indicarem seis
artistas da sua preferência. As escolhas são muito dispersas entre os participantes, tendo
sido nomeados cento e seis artistas distintos. O artista mais referido foi Pablo Picasso,
escolhido por seis participantes. Helena Almeida e Paula Rego foram também referidas
por quatro participantes. Os artistas mais nomeados são artistas contemporâneos (54%),
seguidos dos artistas modernos (32,6%) e, por fim, artistas clássicos. As escolhas dos par-
ticipantes diferem entre o grupo de artistas e não-artistas sendo que o grupo de artistas
refere mais artistas contemporâneos do que os não-artistas, e menos artistas modernos
do que os não-artistas.
3. Foi administrado o Inventário de Personalidade NEO PI Revisto, com o objectivo de caracterizar a amostra em
relação à dimensão Abertura à Experiência avaliada por aquele instrumento. Nesta dimensão, incluem-se seis facetas
(Fantasia, Estética, Sentimentos, Acções, Ideias, Valores). Os resultados apontam para valores acima da média para
a população portuguesa (Lima & Simões, 2000) nesta dimensão, sem que se tenham verificado diferenças estatisti-
camente significativas entre o grupo de artistas e o grupo de não-artistas (U = 44, ns). Como afirmado pelos autores
do NEO, a dimensão Abertura à Experiência está fortemente ligada a alguns aspectos da inteligência tais como o
pensamento divergente, uma das componentes aceites e integrante do constructo criatividade. Esta dimensão traduz
assim uma procura proactiva, a apreciação da experiência por si só, a tolerância e a exploração daquilo que não é
familiar. Podemos concluir estar perante um grupo de indivíduos tendencialmente abertos à experiência, curiosos em
relação ao mundo interior e exterior e com vivências ricas. (ver apêndice metodológico p. 192)
II. Estratégias de mediação e criação de sentido em museus de arte 35
42
Visitação de museus
Sobre a frequência de visita a museus de arte, em diferentes fases da vida (criança, ado-
lescente e adulto) e circunstâncias (família, amigos, escola, sozinhos), em criança iam
mais a museus de arte com os professores, sendo este valor estatisticamente superior à
média de visitas efectuadas com outras pessoas (Apend. Q. 12). Apesar da diferença não
ser estatisticamente significativa, é de realçar que o grupo de artistas refere, em média,
que visitava mais museus de arte com a sua família do que com os professores, ao contrá-
rio dos não-artistas (Apend. Q. 11). Já na adolescência, o grupo de artistas refere ir mais
aos museus de arte com amigos do que os não-artistas, que se dividem entre a visita com
grupos de amigos e com os professores. Em média, e em relação ao total do grupo, não se
encontram diferenças significativas entre a frequência de visitas com os amigos ou com
os professores (Apend. Q. 13). Contudo, a média de frequência de visitas com os amigos é
estatisticamente superior aos restantes valores estudados, nomeadamente, os participan-
tes referem ter ido mais com amigos do que com a sua família; do que sozinhos ou do
que com outras pessoas. Podemos analisar a frequência de visitas a museus dos partici-
pantes, enquanto adultos, e concluir que nesta fase da vida, nota-se que, na globalidade,
os participantes referem ir mais a museus de arte sozinhos do que acompanhados, sendo
que este valor é superior a todos excepto à média de visitas com amigos (Apend. Q.14). Já
em família, é a forma como referem que menos vão a museus de arte, sendo este valor
estatisticamente inferior à frequência de visitas com professores, com outras pessoas,
com amigos e sozinhos.
O museu mais frequentado actualmente pelos participantes é o Centro de Arte
Moderna, com oito (33%) dos inquiridos a referir que este é o museu que mais frequen-
tam. A este, segue-se o Museu Berardo com seis (25%) respostas. Os motivos da escolha
referidos para os dois casos são a importância da programação das exposições e a loca-
lização, em particular a proximidade do museu à sua área de residência. Para o Centro
de Arte Moderna é enfatizada a importância do espaço envolvente (jardim) e serviços
associados (biblioteca, cafetaria), como factores que influenciam a preferência em visitar
este museu. Para o Museu Berardo é feita referência à gratuitidade no acesso ao museu
como factor decisivo. Para alguns participantes a escolha do museu mais frequentando
prende-se com motivos profissionais, uma vez que colaboram com o serviço educativo
dessas instituições. Quando questionados sobre a frequência do museu que mais visi-
tam, catorze (58,3%) dos respondentes referem que o visitam muito frequentemente e
oito (33,3%) frequentemente4.
Relativamente à frequência de museus de arte em Portugal, nos últimos dose meses,
verifica-se que todos os participantes visitaram pelo menos um museu de arte nos últimos
dose meses, em Portugal. Os museus mais visitados pelos participantes foram: o Centro
de Arte Moderna, com dezoito (75%) dos respondentes a afirmarem que no último ano o
visitaram; o Museu Berardo, com dezasseis (66,7%) dos participantes a referir que o visi-
taram pelo menos uma vez, nos últimos doze meses; e o Museu de Arte Antiga, visitado
4. Analisando as diferenças entre o grupo de artistas e não-artistas, não se notam diferenças de comportamento
estatisticamente significativas (V = 0,390, ns).
36
43 II. Estratégias de mediação e criação de sentido em museus de arte
por onze (45,8%) dos participantes, no último ano. Do grupo de participantes, catorze
visitaram um museu de arte fora de Portugal, sendo que entre os vários museus mencio-
nados o Museu do Prado, em Madrid, foi visitado por quatro (30.8%) dos participantes,
no último ano. Ainda sobre a frequência de museus, nos últimos doze meses, em geral,
vinte e três (95,8%) dos participantes referem que visitam museus de arte contemporâ-
nea ou exposições temporárias de artes plásticas ou monumentos históricos. Apenas dez
(41,7%) dos participantes referem que visitam museus de ciência e técnica ou de histó-
ria natural5. Podemos concluir que existe, entre os participantes, o hábito de visitação a
museus de arte, não diferenciado, de um modo geral, entre artistas e não-artistas.
Por último, focamos a atenção sobre o modo como os participantes pensam os museus,
um tópico de relevância no contexto do nosso estudo. Os museus de arte são considera-
dos, para os indivíduos inquiridos, espaços culturais, públicos e polivalentes: «um lugar
único, quase sagrado [...]» Aliada a esta primeira opinião, surge a função do museu como
espaço de educação. Conservar, documentar e divulgar a arte são, igualmente, para os
participantes, três funções charneira do museu. Por fim, o museu é definido com base
nos seus conteúdos e nas experiências que potencia: «Um espaço de conhecimento, pes-
quisa, enriquecimento cultural e prazer estético.» Sobre as expectativas como visitantes
de museus de arte, os participantes enfatizam três dimensões principais: a primeira,
centrada no sujeito, na alteração da forma de ver pensar e sentir as obras de arte bem
como o mundo através dessa experiência. Os elementos mais marcantes dessa experiên-
cia de visitante são surpresa, o fascínio e o prazer que advém do diálogo com os originais.
Na segunda dimensão é dado relevo ao discurso expositivo proposta, à sua qualidade e
conhecimentos veiculados. Por fim, como complemento das duas dimensões anteriores,
centradas no sujeito e nos conteúdos, surge a qualidade do espaço, o sítio, a arquitectura
como uma condição que antecede a visita a um museu de arte.
Sobre a importância dos museus para as comunidades onde se inserem, são referidas
duas dimensões complementares: a aprendizagem e empowerment. Sobre a aprendiza-
gem, formal e não formal, proporcionada pelos museus de arte, destacam-se os conheci-
mentos e valores transmitidos. Classificamos como empowerment as referências à impor-
tância da integração das comunidades na programação e prática dos museus, à função do
museu de preservar e desenvolver a memória colectiva de uma cultura ou comunidade
e, por fim, a sua capacidade em promover o desenvolvimento pessoal dos seus públicos.
Quando questionados sobre o papel que o museu de arte pode representar relati-
vamente aos diferentes tipos de público, os participantes centram a sua resposta no
5. Quando comparados, nos dois grupos de participantes, artistas e não-artistas, apenas se encontraram diferenças
estatisticamente significativas na frequência de museus de Belas Artes, sendo que os artistas referem visitar mais este
tipo de museus do que os não-artistas (V = 0,481, p = 0,021).
II. Estratégias de mediação e criação de sentido em museus de arte 37
44
trabalho de mediação que pode ser desenvolvido pelos museus. Os museus devem
potenciar experiências de aprendizagem ajustadas à especificidade dos diferentes
públicos: escolas, famílias, especialistas. A par do seu papel didáctico também é assi-
nalada a sua função de entretenimento.
Por último, a experiência mais significativa que tiveram numa visita a um museu de
arte, referem com frequência os momentos de fruição com obras de arte particulares.
Esses encontros foram marcantes pelo impacto que provocaram, relacionados com os
aspectos técnicos e/ou pela dimensão afectiva envolvida, em particular a expectativa asso-
ciada ao visionamento ao vivo de obras já conhecidas como nos exemplos: «Susto numa
peça de Bill Viola e surpresa numa peça de Dan Graham.», «Correr entre Picassos, no
Rainha Sofia, e só parar na Guernica.» Noutra perspectiva é feita referência às experi-
ências de aprendizagem. Dois participantes assinalaram o envolvimento neste projecto
de investigação como a experiência mais significativa que tiveram em museus de arte,
expresso assim: «Em termos de criação artística, encontrei em diversos museus obras de
artistas que acabaram por representar referências pessoais no meu trabalho.», «Até ao
momento, foi esta formação, porque representou uma nova forma de visitar o museu e
de contactar com as obras.»
Trata-se de um grupo de indivíduos tendencialmente abertos à experiência, curiosos
em relação ao mundo interior e exterior. Sobre o seu habitus cultural, concluímos que
são sujeitos culturalmente activos, despertos para as problemáticas relacionadas com a
comunicação com os públicos dos museus. Consideram os museus como entidades rele-
vantes para o desenvolvimento cultural dos indivíduos.
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arch journal, 21(1), pp. 1-36.
II. Estratégias de mediação e criação de sentido em museus de arte 39
Le Cadeau 47
The Mirror Suitcase Man 92
Retrato de Matilde 138
Análise comparativa do processo de criação de sentido 186
Le Cadeau
Le Cadeau
Análise multidimensional da criação de sentido
Figura 10. Le Cadeau, Martha Telles, óleo sobre tela,1980 (CAM, FCG).
elementos formais
palavras isoladas memória
mundo da arte
Atitude
luz-sombra Forma pesquisa
cor afastamento da obra pós-encontro
composição
técnica
visionamento da obra
escala Afectiva
Tensão Bem-estar
expectativa-inquietude-espera felicidade
segurança
tristeza
solidão calma-tranquilidade
clausura-desconforto
timidez silêncio-vazio
Notas
Espaços semânticos
branco, um vestido curto, pelos joelhos, de manga curta, pequenas meias brancas e sapa-
tos de menina vermelhos» que se encontra, sem expressão, sentada numa cadeira. Outro
elemento mencionado é a cadeira que acolhe a pequena personagem. Sinuosa, de traço
feminino, assento duro e pernas torneadas, particulariza-se pela ornamentação floral,
pintada com detalhe, que emoldura a figura: «O encosto é um aro de flores coloridas e o
centro é vazio, de onde pode ver o mar mas não se pode encostar.» Entre estes dois ele-
mentos, a figura e a cadeira, é notada a relação desproporcional. A cadeira é demasiado
grande, desmesurada, o que enfatiza a pequenez da menina que nela se senta. Também
o presente se opõe, pela sua dimensão, à cadeira. Pequeno, embrulhado em papel branco
e envolto por um laço vermelho, repousa no chão, distante de quem o poderia abrir.
Embora afastados no espaço, há entre a figura e o presente uma proximidade formal:
ambos apresentam a mesma escala e as mesmas cores.
A par da descrição dos elementos apresentados, incluem-se na categoria forma-conte-
údo os segmentos textuais relativos à caracterização do espaço. O interior, quase vazio, é
identificado como um quarto escuro, fechado e não habitado. A mancha do chão destaca-
-se pela textura e o declive, precipitando-se para o primeiro plano. Sobre o espaço exterior
– uma varanda ou uma janela sem porta – surgem dois modos de ver: por um lado, é
descrito como não tendo profundidade, um plano limitado e quase sem espessura; por
outro, é visto como uma abertura, um prolongamento do espaço que torna acessível um
mundo exterior. Consensual é a sua função como ponto de entrada de luz que invade e
torna visível o interior. Das sucessivas camadas horizontais que compõem este recorte de
luz, é assinalada a distorção da perspectiva, denunciada pelo padrão de losangos azuis e
brancos. É notada a paisagem, onde surge, discreta, a linha do horizonte que separa um
azul do céu e um azul do mar, e as grades alaranjadas que sublinham com linhas verticais
o limite entre o interior e o exterior. Os dois espaços definem-se por dicotomias: o interior
feminino, escuro e orgânico; e o exterior masculino, luminoso e geométrico.
As notas elaboradas pelo grupo dos artistas são mais completas na categoria forma-
-conteúdo do que as dos não-artistas, apesar de ambos referirem os mesmos conteúdos
relativos à organização do espaço e dos elementos representados. No grupo dos artistas
a articulação entre a descrição dos conteúdos e as palavras que denotam a escala, a cor,
a profundidade, a luz e a textura está mais presente. Embora seja na subcategoria espaço
interior que se encontram diferenças significativas entre os dois grupos, no grupo dos
artistas constata-se que há uma tendência para maior frequência da categoria forma-con-
teúdo (Apend. Q.19). Em segundo lugar, na produção de notas, surge como mais mencio-
nada a categoria forma, que apresenta um valor médio estatisticamente superior a todas
III. Diálogos com a arte 45
52
Figura 12. Linhas da composição inferidas pelo grupo dos artistas nas notas.
O contraste entre as cores escuras e claras é definido pelas cores dominantes: o branco,
o preto e o azul. Se o «uso demasiado da cor preta» e dos tons escuros domina quase toda
a pintura, os «apontamentos de cor (mais viva) a vermelho», actuam como pontos de
equilíbrio na distribuição cromática nesta pintura:
«Cor – grande ênfase para a mancha no chão como luz que banha e tenta trazer algo que
falta ou lembra que lá fora existe algo que liberta. O negro-beringela focaliza e oprime.
Centra-nos a atenção, mas é também ele fulcral como caracterizador do espaço. O vermelho
e o branco formam um conjunto (criança, oferta, flores).» (NA.15)
46
53 III. Diálogos com a arte
A presença da luz está associada à utilização da cor, criando uma atmosfera de escuri-
dão que envolve a figura. As sombras dos elementos representados são ténues, recortadas
discretamente pela luz que entra pela janela. Embora com menor frequência, também
se incluem na categoria forma referências à escala (desproporcionalidade) e à técnica
(efeito degradé, complexidade do desenho e utilização de diferentes linguagens na repre-
sentação). O grupo dos artistas descreveu com maior detalhe o conteúdo formal da obra.
Apesar do grupo dos não-artistas utilizar termos como espaço, luz, cor ou perspectiva, a
sua linguagem e o seu uso foi menos fluente do que no grupo dos artistas. Na categoria
explicação, embora não existam diferenças estatisticamente significativas entre artistas
e não-artistas (Apend. Q. 20), podemos afirmar que se encontram nuances qualitativas
no uso desta categoria por parte do grupo de artistas aquando da construção de sentido,
exemplificados assim:
Artista
«A distância entre o exterior e o interior parece esticada numa silenciosa iminência de rup-
tura, envolta numa fria combinação de cores – azuis, negros – tanto no espaço exterior
como no interior. Os artifícios, enfeites, as flores e o presente em tons laranja, amarelos,
verdes e brancos, são uma tímida combinação que envolve a menina de branco, pura ingé-
nua que espera o seu tempo e cujos sapatos vermelhos prometem liberdade.» (A. 16)
«A cadeira enigmática levanta dúvidas sobre a narrativa que estamos a ver: pode ser lida
como uma grande responsabilidade a assumir pela figura, que espera sem saber muito bem
que decisão tomar, o que esperam dela, se deve ou não abrir a prenda.» (A. 17)
Não-artista
«Reflexão: A pintura quer destacar a pequenez da criança e do presente em relação a tudo
o resto.» (NA. 10)
«Entronamento da contrição. Domínio do desejo, da vontade.» (NA. 25)
«Conclusão: retrato do aniversário de uma menina aristocrata.» (NA. 28)
«Sente-se uma atmosfera de pausa, de espera de alguma coisa que parece nunca vir a acon-
tecer. Será uma memória? Um desejo?» (A. 6)
«De repente está ali uma prenda, será que é para a menina? Talvez um reconhecimento do
esforço de ali estar parada.» (A. 5)
«Fico a pensar nos pensamentos que passam na cabeça dela... Será que ouve os outros a
brincar na rua?; será que está presa àquela cadeira de princesa que a impede de correr nua
e descalça à beira mar? Por que está de costas voltadas para um dia claro e azul?... ou será
que é cega?» (A. 9)
Artista
«Vazio. Sensação de vazio muito grande, não só espacial mas psicológico, pela falta de
elementos, pela postura rígida, posição hirta, comprometida, expectante, da figura.» (A.3)
«Espaço escuro e claustrofóbico revestido por tecido de tons funestos e textura aveludada.
48
55 III. Diálogos com a arte
Quando comparada com a categoria bem-estar, existem entre elas diferenças estatistica-
mente significativas (Apend. Q. 18). A obra Le Cadeau evoca mais sentimentos negativos
do que positivos. A categoria bem-estar revela a dualidade sentida por alguns, contra-
pondo à tensão sentimentos de fundo de comprazimento: «tudo no quadro me transmite
calma, silêncio»; «o clima lá fora transporta calmaria e luz cá para dentro, um local frio e
escuro»; «sentimentos: tranquilidade e serenidade». Tal como verificado para a categoria
tensão, foram os artistas que mais mencionaram a categoria bem-estar, distinguindo-se
dos não-artistas quanto à sua frequência e qualidade do conteúdo.
Perfis de observação
A partir������������������������������������������������������������������������������
dos resultados da análise de conteúdo, procedeu-se à análise de correspondên-
cias múltiplas (ACM)3 com o objectivo de mapear a proximidade das categorias entre
si e a sua associação aos sujeitos. A análise de clusters4 permitiu identificar três perfis:
grupos heterogéneos de sujeitos, artistas e não-artistas, próximos entre si pela presença
das categorias (Apend. Fig. 66). No perfil I há dois artistas e dois não-artistas. Integram
o perfil II e III cinco artistas e cinco não-artistas, em cada perfil (Fig. 15).
A associação das categorias aos perfis permitiu assinalar três clusters: principal, secun-
dário e misto (Fig. 16). As categorias presentes nos clusters principais caracterizam cada
um dos perfis individualmente. No cluster principal do perfil I, encontram-se no nível
muito relevante as categorias explicação e tensão, e também relevante a categoria atitude.
No perfil II destaca-se a presença da dimensão interpretativa pela proximidade das cate-
gorias associação, hipóteses e conhecimento, e a dimensão formal representada no nível
relevante pelas categorias forma e forma-conteúdo. Embora mais distante, assinala-se a
presença relevante da categoria bem-estar. Para o perfil III, a única categoria muito rele-
vante, incluída no seu cluster principal, é a categoria conhecimento, seguindo-se no nível
relevante a categoria explicação, tensão e hipóteses. Nos clusters secundários, incluem-se
as categorias comuns a dois perfis, sendo neste caso a categoria forma, muito relevante,
comum ao perfil I e III, e a categoria forma, pouco relevante, comum ao perfil II e III. No
cluster misto encontram-se as categorias equidistantes aos três perfis, usadas de forma
semelhante em todos os perfis. Destaca-se neste cluster a presença da categoria juízo,
muito relevante e relevante, e a categoria forma-conteúdo, muito relevante.
As categorias em que se notam diferenças estatísticas entre o valor esperado e o valor
3. Para melhor compreender o modo como foram utilizadas as categorias estas foram tricotomizadas. Classificámos
a sua presença em três níveis: pouco relevante, relevante e muito relvante (v. Apend. p. 295).
4. Ver apêndice metodológico p. 296.
III. Diálogos com a arte 51
58
1 1
5
5 1 26
26 Perfil I
Perfil I 5
26
25 Perfil I
25 17 12
25
12 10 7
17 17 12
10 7 10 7 16
8 3
16 16
Perfil II 27
8 8 9 3
3 19
27Perfil II
27
Perfil II 9 22
29 28
20
9 30 19
22 19 28 15
29 20
21 13
22 28 30
29 20 15Perfil III
30 21 13
13 15 6
21 Perfil III 11
Perfil III 6 11
6 11
Figura 15. Le Cadeau. Notas. Análise de correspondências múltiplas (α Cronbach total 0,688).
Proximidade dos sujeitos. Associação dos sujeitos por perfil.
Perfil I
AT
Perfil I Perfil II
E Perfil I
Perfil III
C AT
Perfil I Perfil II
E
T Perfil III
Dimensão Formal
C
A F - Forma
T
BE FC - Dimensão Formal
Forma-conteúdo
J F
H
A
J - Forma
DimensãoFCognitiva
Perfil II A BE FC - Forma-conteúdo
FC
F
A - Associação
J
FH FC H J
FC Dimensão Cognitiva
E - Explicação
Perfil II A
H FC C - Conhecimento
A - Associação
F FC H FC H - Hipóteses
E - Explicação
F
T
H - Conhecimento
DimensãoCAfectiva
E Perfil III H - Hipóteses
F C
T - Tensão
T
BE - Dimensão
Bem-estar Afectiva
A E Perfil III
C DimensãoTComportamental
- Tensão
BE - Bem-estar
AT - Atitude
A J - Juízo
Dimensão Comportamental
AT - Atitude
Pouco relevante Relevante Muito relevante
J - Juízo
Figura 16. Le Cadeau. Notas. Análise de correspondências múltiplas (α Cronbach total 0,688).
Proximidade das categorias. Associação das categorias aos perfis.
59
52 III. Diálogos com a arte
encontrado5, em termos de distribuição das respostas dos sujeitos pelos perfis nesta obra,
são as categorias forma, explicação, tensão, atitude e conhecimento, o que significa que as
mesmas diferenciam os perfis (Fig. 17 e Apend. Q. 23)6.
Figura 17. Le Cadeau. Notas. Distribuição de categorias tricotomizadas pelos perfis (com diferenças
significativas).
Nota. O nível pouco relevante corresponde para as categorias conhecimento e tensão à ausência de ocorrências.
O perfil I caracteriza-se pelo uso muito relevante das categorias que lhe estão mais
próximas: forma, explicação, tensão e atitude, incorporando assim as quatro dimensões
da criação de sentido identificadas na análise de conteúdo das notas – formal, cognitiva,
afectiva e comportamental, conforme constatado pelo cruzamento dos resultados da aná-
lise de correspondências múltiplas e a análise estatística (Cramer's V). Pode ser classi-
ficado como formal-explicativo. O perfil II caracteriza-se pelo uso relevante da categoria
forma, e, embora esteja próximo de quase todas as categorias que definem a dimensão
cognitiva, como por exemplo, a associação, as hipóteses e o conhecimento, neste perfil a
grande maioria dos sujeitos não utilizaram a categoria explicação, havendo apenas um
indivíduo a fazê-lo no nível médio. Este é também o perfil menos associado à categoria
tensão, e, embora não de forma estatisticamente significativa, é o perfil mais próximo
da categoria bem-estar. Pode ser designado por formal-associativo. Por fim, o perfil III
surge como mais homogéneo pela presença relevante da categoria explicação e tensão,
destacando-se igualmente pelo uso muito relevante do conhecimento, embora de forma
mais fragmentada entre os sujeitos que integram este perfil. Pode ser classificado de
formal-cognitivo.
As categorias menos diferenciadoras dos perfis, comuns aos três perfis em proxi-
midade e nível de relevância, são as categorias forma-conteúdo, hipóteses, associação,
bem-estar e juízo. A categoria forma-conteúdo é de todas a categoria mais frequente nas
notas, usada pela globalidade dos participantes. As categorias juízo e bem-estar, apesar de
serem diferenciadoras entre o grupo de artistas e não-artistas, não distinguem os perfis,
nos quais se incluem elementos dos dois grupos, o que não acontece, por exemplo, com
a categoria tensão.
Caso A
«Escuro, solidão.
Parece uma imagem preparada para uma foto. Talvez no dia de aniversário da criança.
7. Apresentamos nesta secção os resultados produzidos pelo participante NA. 11 (Caso A) em todas as ferramentas
– estetigramas, quadrante e texto-matriz.
54
61 III. Diálogos com a arte
Caso B
Estetigramas
Com base nas notas, os participantes fizeram corresponder os momentos individuais da
criação de sentido a categorias pré-definidas, agrupadas em dimensões (Parte II, Q. 1).
Nesta secção, apresenta-se a análise da criação de sentido através dos estetigramas para
todo o grupo e sua exemplificação para um caso singular.
Nos estetigramas produzidos para esta obra, foram identificadas três tipologias gráfi-
cas: linear, radial e rizomática. Num estetigrama linear, a sequência de momentos expe-
rienciais segue uma única direcção, embora com alguns cruzamentos. Num estetigrama
radial os momentos experienciais se posicionam a partir de um ponto central, por exem-
plo, a imagem da obra em análise, e num estetigrama rizomático, a organização escapa
a um padrão mapeável de forma linear, traduzindo um maior cruzamento dos vários
momentos experienciais (Fig. 18). Em alguns casos, verifica-se o cruzamento destas tipo-
logias, estetigramas que são simultaneamente lineares e radiais.
Nos estetigramas realizados sobre esta obra, a dimensão com maior incidência de
uso é a dimensão cognitiva, distinguindo-se estatisticamente de todas as outras (Apend.
Q. 24). A categoria percepção é a mais utilizada, apresentando um valor médio bastante
acima de todas as outras categorias, sem excepção, e o enfoque recai sobre a obra de arte
(OA) (Apend. Q. 26 e Q. 28). Nesta obra a categoria percepção incide na descrição dos ele-
mentos representados – figura, presente, cadeira, espaço interior e espaço exterior –, com
recurso frequente à adjectivação: «grande: espaço grande, pouco povoado, menina peque-
nina»; «o assento da cadeira é duro e as pernas são torneadas»; «presente imaculado e
alvo envolto numa chamativa fita vermelha». Menos frequente é a identificação do conte-
údo e características formais da obra expressa pela nomeação directa do que é percepcio-
nado: «criança, luz, presente»; «varanda sem porta»; «enfoque de luz»; «cores planas».
A par da descrição e identificação de alguns elementos, incluem-se nesta categoria
comparações entre dois ou mais elementos representados. Há referências às combina-
ções cromáticas e de luminosidade: «o assento da cadeira, o presente estão de acordo
com a luminosidade azulada do dia que irrompe pelo quarto»; «cores vermelho e branco
formam um conjunto». São assinaladas as relações de escala, em particular entre a
figura e a cadeira, e de contraste, nomeadamente entre espaço interior e espaço exte-
rior: «desproporção da cadeira face à figura central»; «o presente é a única coisa que
se encontra à mesma escala da menina»; «o contraste entre a cadeira ornamentada e a
63
56 III. Diálogos com a arte
De seguida, em relevância de uso, surge a categoria sentimento que tem valores esta-
tisticamente iguais aos das categorias memória, ver como, juízo e conhecimento (Apend.
Q. 26). Nesta obra os sentimentos distribuem-se entre o significado expressivo subjec-
tivo, manifesto por questões directas ou hipóteses: «Solidão da menina?»; «A posição das
mãos parece revelar ansiedade.»; «Empatia. Vergonha. Inibição. Pés e mãos. A posição
dos pés e das mãos da menina, sugerem que poderá estar inibida, desconfortável, talvez
até com vergonha.» e o significado expressivo geral transmitido pela obra: «Sensação de
vazio.»; «A certa altura constatei que não havia sons. A obra transmite calma e é silen-
ciosa.»; «Sente-se uma atmosfera de pausa, a espera de alguma coisa que parece nunca
vir a acontecer.» Menos frequentes são os sentimentos associados directamente aos ele-
mentos sensoriais, no entanto, destaca-se a influência da cor: «cores quentes e frias, um
pouco sombrio, austero»; «o domínio dos vários azuis exalta uma harmonia na cor...».
Nesta categoria o foco oscila entre o observador e a relação observador e obra de arte
(Apend. Q. 28).
A categoria memória foi definida a priori como associações não especificamente com-
parativas, a circunstâncias anteriores da vida do observador conectadas ou não com o
III. Diálogos com a arte 57
64
19 a 19 b
OA 16
Linguagem 3 17
Conhecimento Conhecimento Ver como
grosseira,
naif
O
2
METAL
Percepção
A técnica e as cores utilizadas
nas paredes parecem metal.
Aço corten.
O/OA
Distância grande entre
A categoria emoção foi usada menos vezes do que a categoria sentimento. Nesta obra
foram identificadas emoções primárias: calma, repulsa, tristeza, surpresa, estranha-
mento, incómodo. E emoções secundárias: solidão, espera, timidez, inibição, inquietude.
Em seguida, a categoria daydreams, relativa não exactamente a memórias mas antes a um
estado empático de devaneio imaginativo induzido pelo encontro com a obra de arte, uma
simbiose com a obra. Nesta categoria, na pintura Le Cadeau, incluem-se hipóteses expres-
sas por questões explícitas que procuram uma resposta para a cena representada: «[...]
estará a menina à espera do momento certo para abrir aquele presente? estará a menina à
espera da pessoa a quem ele se destina? haverá dentro do embrulho aquilo que a menina
espera? o que estará lá dentro?»
A categoria menos usada da dimensão cognitiva é a categoria explicação, distinguindo-
-se estatisticamente das categorias percepção, reflexão e memória (Apend. Q. 25 e Q. 26). A
explicação é usada com frequência em combinação com outras categorias, centrando-se
na descodificação da obra:
As categorias reserva e momentos adicionais, que em conjunto definem a dimensão incidências do OCOA apontam para uma análise centrada na relação obra/observador
espera, são laterais ao processo de criação de sentido. A reserva responde à necessidade (O/OA), na obra de arte (OA) e no próprio observador (O) (Apend. Q. 28).
de, momentaneamente, pôr de lado uma ideia ou sentimento, relativamente a qualquer Nesta obra, a intensidade associada às diferentes categorias não foi muito distinta,
um, ou a todos os eixos da experiência da criação de sentido – do observador, do con- variando entre 2,20 e 1,56, para as categorias gosto e emoção respectivamente (Apend.
texto ou da obra. Um momento de pausa que nesta obra se fez sentir quando parece Q. 227). A categoria menos mencionada nesta obra pelos indivíduos, a categoria gosto,
não haver nada de novo a acrescentar, ou pela dificuldade de sair de um determinado é aquela que apresenta uma maior intensidade. As categorias percepção e reflexão – as
padrão de observação: «passeio o meu olhar pela sala à espera de um novo fôlego»; mais utilizadas pelos participantes – estão associadas a uma baixa intensidade. No que
«necessidade de colocar de parte o que sentia e concentrar-me, em outros aspectos da respeita às diferenças entre os grupos, podem observar-se diferenças em várias catego-
obra»; «neste momento parei, quase como se voltasse ao início e comecei a analisar rias: os artistas atribuíram maior intensidade às categorias emoção, ver como, expectativa,
novamente por pontos». Os momentos adicionais integram associações que transportam atitude e gosto. Os não-artistas, nas categorias percepção e conhecimento, apresentaram
o sujeito para além da obra, embora partam dela. Os momentos adicionais surgem com maior intensidade.
frequência no final do estetigrama, correspondendo nesta obra a um complemento ide-
ativo do processo de criação de sentido: «quando somos obrigados a largar a infância à Caso A
força, deixa-se para trás a inocência, a felicidade, talvez, feita de luz, azul. A vida adulta,
mesmo envolta em floreados, faz-nos mergulhar nas trevas da realidade»; «ao fazer este Até ao momento, descrevemos o processo da criação dos estetigramas para o grupo e
estetigrama e relendo as notas, que tirei durante a observação, apercebi-me de que esta apresentamos, agora, a exemplificação centrada num caso singular (Fig. 18). Para o caso
obra faz lembrar aquelas pinturas de reis, que pousam para esse propósito, mostrando escolhido, o início do encontro com a obra Le Cadeau foi marcado pelo impacto dos
os seus objectos valiosos, o seu poder». tons escuros acompanhado da alusão ao sentimento de solidão. Na sequência destes
A categoria expectativa, incluída na dimensão imaginativa, pode ser relativa a uma dois primeiros momentos experienciais, identificados de forma directa pelas palavras
expectativa orientada para a obra: um acto comparativo entre o que se antecipa e o que se «escuro» e «solidão», a atenção do indivíduo centrou-se no posicionamento dos elemen-
encontrou antes; ou uma expectativa auto-orientada: uma antecipação da resposta à obra tos representados – cadeira, figura e presente –, surgindo duas hipóteses: «parecem ter
ou acontecimento por parte do observador. A exemplificação desta categoria: «espero que sido colocados para lhes ser tirada uma foto»; «talvez no dia de aniversário da criança».
a criança se mova ou que chegue alguém»; «a ideia de que parece estar de castigo, expec- Ambos identificados com a categoria ver como. Durante a construção do estetigrama, o
tante, contexto que marca contrastes evidentes como se marcasse uma posição». momento 3 foi complementado por um momento adicional e uma memória relativos ao
Por último, como categorias menos mencionadas surgem a atitude e o gosto, não dife- seguinte comentário:
rindo estatisticamente os seus valores médios (Apend. Q. 25 e Q. 26). A categoria atitude
corresponde a uma interacção positiva, negativa ou indiferente com a obra de arte. A cate- 31 e 32. Momento Adicional e Memória: «Lembro-me de tirar algumas fotos no meu dia
goria gosto corresponde à preferência geral por certo tipo de imagens, temas, estilos, etc. de aniversário, enquanto abria os presentes e soprava as velas. Esta ideia surgiu-me no
Pode ser também uma preferência aleatória, uma escolha arbitrária ou específica da obra. momento em que organizava as ideias neste estetigrama.» (NA. 11)
Atitude: «A relação com a obra tornou-se difícil. Influenciada pelo contexto (havia uma agi- Em seguida, surgem associadas duas categorias, emoção e juízo, usadas para descre-
tação na sala), decidi não continuar.» (A. 8) ver o constrangimento provocado pela obra. Numa sequência que articula momentos de
Gosto: «Gostei muito da sensação que tive na presença da pintura. Uma obra aparente- percepção e reflexão o indivíduo volta a focar os elementos representados na pintura e a
mente desinteressante, ganhou uma nova dimensão quando a vi realmente.» (NA. 15) relação entre eles: «A janela sem um horizonte à vista, a cadeira demasiado grande para a
menina, decorada com flores, como que para cobrir uma cena tão escura.» As descrições
Nos estetigramas encontram-se diferenças significativas entre artistas e não-artistas directas do que é visto introduzem momentos de daydream nos quais se apontam novas
nas categorias percepção e juízo (Apend. Q. 25). Os artistas utilizam a categoria percepção hipóteses: «Por que é que o presente está no chão, longe da criança?», «Poderá ser uma
com maior frequência do que os não-artistas. Na categoria juízo os não-artistas têm maior boneca e não uma criança?». As referências à técnica fazem-se sem grande destaque, inci-
número de ocorrências do que os artistas. Os dados obtidos, resultantes da contagem das dindo sobre o uso da cor roxa e as características da forma dos elementos representados.
68Estetigramas
III. Diálogos com a arte Estetigramas
12
Daydreams
OA
Porque é que o presente
está no chão, longe da
criança?
11
Reflexão
1
Percepção OA
Parece que intensificam
ainda mais a escuridão
OA da sala
9 13
Escuro
Reflexão Daydreams
10
27 Percepção
Juízo 8
2 Percepção OA OA
Sentimentos O/OA As sombras são ténues Poderá ser uma boneca
A cor azul, em vez de quebrar OA e não uma criança?
O/OA a escuridão da imagem, realça A janela sem um horizonte
28 ainda mais o sentimento de
Solidão à vista, a cadeira demasiado
30 Sentimentos solidão grande para a menina,
Memória decorada com flores O/OA
29 O/OA como que para colorir uma A utilização da cor roxa e do
Momento Repressão cena tão escura. escuro surgem com grande
Adicional destaque, levando-me a pensar
O na possível complexidade de
Ao fazer este estetigrama e relendo as execução para se conseguirem
3 4 aqueles tons.
notas que tirei durante a observação
apercebi-me de que esta obra faz lembrar Percepção Ver como
6 15 14
aquelas pinturas de reis, que pousavam
para esse propósito, mostrando os seus O/OA Emoção 7 26 Percepção Reflexão
objectos valiosos, o seu poder. À primeira vista, a posição Juízo Percepção
da cadeira, da menina e do OA
V
presente parecem ter sido Todos os outros elementos apresentam
A imagem parece
colocados para lhes ser OA formas mais simples, como o
constrangedora
tirada uma foto O azul do fundo e da cabeira e quadriculado da varanda, a forma da
do presente, acompanhados cadeira, a desproporcionalidade da
pela vivacidade do vermelho criança (no pescoço, por exemplo)
O
Lembro-me de tirar algumas fotos no
meu dia de aniversário, enquanto abria
os presentes e soprava as velas. Esta
memória surgiu-me no momento em 23
17 16
que organizava as ideias neste estetigrama. 18 Percepção
Sentimentos Juízo
Sentimentos
31
Momento 32 V
O
Adicional Memória A sensação de solidão, de 24
inibição de concretizar um Não consigo encontrar
um sentimento positivo Emoção
5 desejo inibe-me de ter
sentimentos positivos ao para esta imagem.
Ver como
observar a imagem. OA 25
O/OA A cor roxa para mim Sentimentos
Talvez no dia de torna-se depressiva
aniversário da criança
19
Memória 20
Explicação
O/OA
A maioria das crianças deseja saber
o que está num embrulho 21
22
Juízo Percepção
O/OA
O uso demasiado da cor preta
também não ajuda a encontrar
o tal sentimento positivo
A meio do encontro, a relação com a obra volta a aproximar-se da dimensão afectiva, por
um lado, pela impossibilidade de encontrar um sentimento positivo para esta imagem, e,
por outro, um sentimento de inibição:
27. Juízo: «A cor azul, em vez de quebrar a escuridão da imagem, realça ainda mais o senti-
mento de solidão». (NA. 11)
Num momento pós-encontro é feita uma associação entre a pintura de Martha Telles
e as pinturas dos reis «que pousavam para esse propósito, mostrando os seus objectos
valiosos, o seu poder».
No estetigrama do participante escolhido, salientam-se quatro momentos de grande
intensidade aos quais se associam quatro palavras relacionadas com as características
plásticas da obra – «escuro» e «azul» –, e de carácter afectivo e avaliativo – «solidão».
Em torno destes dois núcleos principais ocorrem momentos complementares, de menor
intensidade, que se afastam e aproximam dos dois focos anteriores.
Quadrante
Com base nos estetigramas, introduziu-se outra ferramenta, o quadrante R. L. Jones –
modelo do equilíbrio fenomenológico. A percepção foi a categoria mais usada nos este-
tigramas, quando comparada com todas as outras categorias. No quadrante R. L. Jones,
surge de forma clara no sector estéril-intrínseco (Fig. 20 e Apend. Q. 29). É também rele-
vante a sua presença nos sectores contíguos do quadrante como no denominado cogni-
tivo-estéril e intrínseco-primevo. Esta distribuição mantém-se na zona exterior e interior
do quadrante, afirmando o conteúdo associado a esta categoria, isto é, a identificação, a
descrição e a comparação dos elementos representados na pintura.
60
70 III. Diálogos com a arte
INTRÍNSECO
(formal)
Estéril Primevo
COGNITIVO AFECTIVO
(intelectual) (emocional)
Icónico Sentimental
EXTRÍNSECO Percepção
(instrumental)
INTRÍNSECO
(formal)
Estéril Primevo
COGNITIVO AFECTIVO
(intelectual) (emocional)
Icónico Sentimental
EXTRÍNSECO
(instrumental)
Dimensão Cognitiva
Dimensão Afectiva
Dimensão Imaginativa
Dimensão Comportamental
Dimensão Espera
Figura 21. Le Cadeau. Mapeamento das dimensões cognitiva, afectiva, imaginativa, comportamental
e espera no quadrante R. L. Jones.
III. Diálogos com a arte 61
71
Caso A
INTRÍNSECO
(formal)
15 26
PR PR
8
Estéril PR 1 Primevo
PR
9
RF 3
PR
4
10 VC
PR
27
JZ
22 21
24 JZ PR
14 EM 23
COGNITIVO RF PR AFECTIVO
25
(intelectual) SN (emocional)
13 6 7 28
29 JZ
DD 5 EM SN
MA
VC
30 2
20 MM
EXP SN
18
19 SN 31 32
MM 12 MA
DD MM
17
11 SN
16
RF JZ
Icónico Sentimental
EXTRÍNSECO
(instrumental)
21. Percepção e 22. Juízo: «O uso demasiado da cor preta também não ajuda a encontrar o
tal sentimento positivo.»
23. Percepção, 24. Emoção e 25. Sentimento: «A cor roxa para mim torna-se depressiva.»
Textos-matriz
Espaços semânticos
devaneio imaginativo
metáfora conceito
empatia
artista tema
Explicação forma-conteúdo
composição memória
técnica
Hipóteses Associação
mundo da arte
Forma-conteúdo
figura-espaço Interpretativa Conhecimento
geral
bem-estar expectativa
artista-obra
repulsa Projecção-afectos
empatia solidão avaliação
inquietude
dualidade Juízo composição
Atitude
visionamento
pesquisa conceito
afastamento
encontro-museu contexto
Processual Contextual
ferramentas
criação de sentido acontecimentos laterais
Artista
«A tela parecia funcionar como uma balança, ora pendendo para uma composição mais ale-
gre, leve e optimista, como para um lado mais negro, amargo e lúgubre, onde uma estranha
expectativa permanecia imortalizada no tempo, sem desenlace feliz à vista.» (A. 1)
«Nesta divisão desabitada, parecemos aguardar pela vinda de alguém, não só pela inclinação
do chão para o primeiro plano, como também pelo facto dos elementos figurativos – menina
e cadeira – estarem ligeiramente descentrados, perdendo algum protagonismo.» (A. 21)
«Na relação do binómio ausência/presença, efectivamente, a artista parece abraçar a pre-
ocupação por uma ordenação excessiva, geométrica, do seu universo, conservando, con-
tudo, uma espécie de estrutura interna que assegura uma libertação orgânica em termos
formais e emocionais. » (A. 19)
Não-artista
«Ao olhar para a obra, concluí que podemos estabelecer vários pólos divergentes como:
dentro versus fora, escuridão versus luz, tristeza versus esperança, estando a tristeza na
expressão da menina e a esperança no presente por abrir.» (NA. 26)
«Agora, o momento remete-me para uma certa delicadeza e ternura com aquela persona-
gem que ali está representada: o cuidado para com o posicionamento perfeito, quase em
pose fotográfica da menina; a vista bonita por detrás; o ar singelo da criança; as faces rosa-
das; o presente em primeiro plano, como algo muito merecido e esperado (pequeno, mas
perfeito); a harmonia com que as cores se conjugam.» (NA. 28)
III. Diálogos com a arte 65
75
«A ideia de espaço, como este era construído na representação, foi o que analisei em
seguida: a escuridão, os tons escuros, o efeito de clausura quebrado pela luz, que entra e se
projecta no chão, procurei as coordenadas do chão, abertura da pintura que rasga o espaço
interior e enclausurado e permite ver o mar e o céu, as cores calmas e claras que definem
uma atmosfera tranquila que contrasta com a restante representação. Fixei-me nos porme-
nores: a grade, os mosaicos representados com uma perspectiva naïf, a figura e todos os
seus constituintes, a roupa, os sapatos, o cabelo – corte e cor – e, novamente, a sensação, a
melancolia transmitida nesta personagem única e central à composição.» (A. 17)
«Com uma observação mais atenta, apercebi-me de uma atmosfera lenta e calma, trans-
mitida pelo efeito da luz esparsa a entrar pela janela, pelo mar calmo e pelo cerimonial que
parece ter sido cuidadosamente preparado – o espaldar da cadeira com flores, o presente
inchado, o vestido branco da menina – que parece constrangida, sem poder mexer-se na
alta cadeira.» (NA. 21)
«As comparações vão redundar nos contrastes entre a informação pormenorizada das
flores, com recurso a uma variedade de cores, e a geometria do espaço, apontado com
grande simplicidade e cujo acabamento é desigual (a zona de luz é bastante rica em mati-
zes, enquanto que a zona em sombra mostra um certo inacabamento). Estes contrapontos
vão construindo uma sensação de estranheza a que se junta a fisionomia da criança: uma
figura rígida, quase deformada dada a ausência de pescoço.» (A. 22)
«Na análise inicial da obra de Martha Telles encontrei uma pintura escura, sombria, em que
alguns dos elementos me interpelavam, provocando alguma inquietação, algum descon-
forto. Nomeadamente, a relação da figura com a cadeira, a ausência de móveis, a própria
cor “beringela”, fria, desconfortável.» (A. 3)
66
76 III. Diálogos com a arte
«Ao mesmo tempo, o sentimento de tristeza, solidão e de vazio, que a obra me transmitia,
fez com que eu sentisse repulsa pela mesma. O quadro seria demasiado escuro para o tema
que nele se tratava. E sei que esse sentimento contaminou toda a minha fruição.» (A. 8)
«A menina representada, não só por estar sozinha, mas também pela sua expressão facial,
a sua postura rígida na cadeira, a escuridão que a rodeia, o misterioso presente abandonado
e por abrir, remetem para a ideia de solidão.» (NA. 26)
A par dos sentimentos negativos, é apontada pelos sujeitos alguma expectativa, provo-
cada, por um lado, pelo processo de criação de sentido, e feita referência ao sentimento de
espera, de que algo aconteça ou mude: «Esperando que aquela "cena" terminasse, quer
pela movimentação da criança da posição hirta, sentada que estava numa cadeira dema-
siado grande para si – fora de escala – quer pela chegada de alguém, e que o presente
desprezado fosse recolhido, aberto...», por outro lado, encontram-se expectativas direccio-
nadas para a escolha da obra: «Estava à espera de uma obra conhecida, ou pelo menos, de
um autor mais familiar.» Embora menos frequentes, a pintura de Martha Telles provocou
nos participantes alguns sentimentos positivos, pela tranquilidade, ternura ou conforto
transmitidos pela luminosidade e espaço exterior, ou a delicadeza das flores representa-
das nas costas da cadeira.
A quarta categoria mais utilizada, no global, foi a categoria juízo. A avaliação geral
feita sobre a obra não é consensual. Por um lado, a pintura é avaliada como sendo
pouco interessante e muito figurativa, e, por outro, provoca uma reacção positiva, em
particular pelo virtuosismo técnico da autora. Também a apreciação da composição
se revela ambivalente: por um lado, é descrita como estéril e fria e, por outro, como
organizada, equilibrada e com uma simplicidade incisiva em que as cores surgem
harmoniosamente.
Em último lugar, no global, surge a categoria atitude que, embora seja usada, em média,
menos vezes, não se distingue estatisticamente das restantes categorias que integram a
dimensão interpretativa: conhecimento, hipóteses e associação-memória (Apend. Q. 32). Na
categoria conhecimento, incluem-se referências ao mundo da arte, à obra e ao artista em
análise. Embora não existam diferenças entre artistas e não-artistas nesta categoria, uma
vez que os dois grupos fazem referência a conhecimentos prévios e conhecimentos resul-
tantes de uma pesquisa pós-encontro sobre a obra e o contexto da artista, o modo como
os artistas referem o contexto da História da Arte é mais complexo. Essas referências não
têm apenas por base as proximidades formais relativas à obra plástica mas igualmente
conceptuais, como nos dois exemplos seguintes de dois sujeitos do grupo de artistas: «O
recorte remeteu-me para outras obras, os rasgos trabalhados por Lúcio Fontana e Helena
Almeida.»; «É certo também que estas comparações têm como pano de fundo algumas
pinturas de Bacon, que inevitavelmente, ajudaram a estabelecer os pólos mais significa-
tivos da tensão que se joga.»
III. Diálogos com a arte 67
77
«Sinto empatia com este quadro, e consigo associá-lo simbolicamente com a minha experi-
ência. Através do subconsciente da autora acedo ao meu. A dada altura durante a observa-
ção, comecei a projectar sentimentos de memórias da minha própria infância e do próprio
arquétipo de menina delicada e bem comportada.» (A. 7)
A categoria associação-memória inclui, para artistas e não-artistas, referências a memórias
de infância, directa ou indirectamente relacionadas com a experiência dos sujeitos e a asso-
ciações entre elementos formais e conhecimentos específicos:
«Surgem depois associações, as cores ligo-as à sua simbologia, o branco à pureza, o ver-
melho à paixão [...]» (A. 17)
«Neste segundo plano, o azulejo veicula uma remissão a Lisboa – padrão pouco coinci-
dente com o resto da imagem que nos é mostrada, com o contexto de escuridão.» (NA. 13)
«A primeira sensação que senti transportou-me para o universo infantil, não relacionado
com a minha infância, mas talvez com a dos contos de fadas (não dos felizes). A menina, o
presente, os seus sapatos vermelhos, as flores, a sala gigante.» (NA. 27)
«É preciso desacelerar e começar a focar, a criar um certo distanciamento que nos permita
ver a obra de forma mais calma e tranquila para começarmos a filtrar informação.» (A. 17)
revelam uma observação distanciada sobre o processo de criação de sentido. Estão inclu-
ídas nesta categoria referências ao modo de análise da obra, uma abordagem por vezes
fragmentada, centrada inicialmente na percepção e descrição dos elementos representa-
dos. O envolvimento com a obra é gradual, pautado pela intenção de apreender tudo, do
geral ao pormenor, conjugando a observação directa da obra com referências pessoais ou
conhecimentos prévios. É assinalada pelos sujeitos a importância do tempo na relação
com a obra, tempo para observar, identificar, colocar questões, fazer comparações ou pôr
de lado conclusões iniciais, por forma a progredir em diferentes direcções. A procura é
feita por significados que não apenas os visíveis, concretizando-se em múltiplas tenta-
tivas para criar narrativas e sentidos. A escrita, em particular a realização das notas, é
assinalada como um processo que permite reter observações e pensamentos que de outra
forma se dissipariam.
«As várias etapas desenvolvidas em torno desta pintura têm gerado uma relação cada vez
mais próxima com a obra. As primeiras notas testemunham um contacto superficial: a des-
crição do que se vê, a procura de ligação entre os elementos da composição, a busca de
uma narrativa, o levantar questões.» (A. 6)
«Uma análise dos referenciais que me dão as ferramentas de apropriação da obra, de disse-
cação dos seus conteúdos, as referências que cruzo instintivamente com os conhecimentos
que me chegam da pintura e da história da arte e que uso como filtros.» (A. 17)
«Não deixa de ser curioso que à medida que fui analisando a obra ela se ia sedimentando
no meu imaginário. Essa análise foi sendo constantemente interrompida por notas que,
estando claramente ligadas ao assunto, quebravam a ordem das ideias, numa espécie de
resistência a qualquer embevecimento.» (A. 22)
«Para além do que é visível e do que está representado, senti uma atracção pelo que não
estava representado e pelos significados que se podiam esconder por trás da representa-
ção, levando-me a reflectir sobre a identidade ou papel da menina representada e em apon-
tar elementos iconográficos que podiam, em si, encerrar significados e alusões simbóli-
cos.» (NA.12)
Não-artista
«A categorização dos momentos experienciais do observador não me pareceu simples.
Vários factores contribuíram para esta situação: o não domínio da definição das catego-
rias e a falta de interiorização e apropriação das mesmas; distinguir a categoria dominante
nos vários segmentos das notas; a subjectividade apresentada na definição das categorias,
ambiguidade de leituras para os diferentes observadores.» (NA. 9)
«Pela realização do estetigrama e do quadrante R. L. Jones e analisando estas últimas ano-
tações, apercebo-me de algumas variações nos principais aspectos que realcei com a obser-
vação da obra.» (NA. 11)
«Na terceira fase, quadrante R. L. Jones, pude compreender que o meu raciocínio se centrou
mais na parte cognitiva, mais do lado intrínseco (formal), havendo muito pouco de afectivo
ou sentimental. Isto é, durante a minha observação da obra de Martha Telles centrei-me
mais na análise da forma, na descrição do quadro e do que se estaria ali a passar.» (NA. 28)
«Gostei muito de trabalhar o sentido a partir das “Categorias Orientadoras da Criação de
Sentido”. Estas iluminaram e elucidaram o meu primeiro contacto com a obra da Martha
Telles. Aquilo que começou por nascer numa folha a duas dimensões, ganhou uma terceira
com o estetigrama. Metafísica, sim, foi filosofia. O primeiro contacto com a pintura, tosco
e barroco, no primeiro sentido do termo, ganhou assim clareza. A mente organizou-se um
pouco, embora me pareça que, para as categorias darem conta com eficácia do percurso de
pensamento do observador da obra de arte, seja necessário que este domine em profundi-
dade o significado das categorias.» (NA. 15)
O trabalho desenvolvido sobre a pintura de Martha Telles teve como principal ponto
de apoio o encontro, em sala de aula, com a reprodução da obra projectada no ecrã.
Na fase final da formação e depois de realizadas as notas, os estetigramas e o qua-
drante, os participantes observaram a obra no museu no qual tomaram notas, poste-
riormente incluídas nos textos-matriz. As referências a esse encontro incluem-se na
categoria encontro-museu. Para a maioria dos participantes, o contacto directo com a
obra teve um impacto positivo no seu processo de criação de sentido, «com o visiona-
mento da obra em presença, já não projectada como da primeira vez, muitas das ideias
expressadas adquiriram outro sentido ou tomaram mesmo um sentido inverso». Sobre
a dimensão real da obra, 46,5 cm por 38,2 cm, esta provocou reacções díspares: um
sentido de desilusão provocado pela imagem ampliada visualizada anteriormente; sur-
presa «a grande projecção enganou a verdadeira grandeza da tela. É pequena, delicada
e é curioso vê-la por inteiro, como um objecto tridimensional».
80
70 III. Diálogos com a arte
Marcantes foram também as notas escritas deixadas no verso do quadro pela artista
(Fig. 24 e Fig. 26). Martha Telles escreve:
«Esta pintura tem misturada no verniz definitivo alguns retoques essenciais, portanto
NUNCA o verniz deverá ser retirado, sob nenhum pretexto. Deixem-na envelhecer natural-
mente se faz favor. Martha Telles, 25 Abril 1983.»
«‘Le Cadeau’ par Martha Telles, huille sur toile, vernis definitif, July 1981, 1/3 damar + 2/3
tereb. rectif.»
«Também gostava que fosse conservada a moldura que escolhi, se possível.»
Este apontamento é visto como um reflexo da relação próxima e preocupada da artista com
a sua obra, «revelando, mais uma vez, um forte cunho pessoal e um extremo cuidado com
a conservação da obra.»
III. Diálogos com a arte 71
81
Por último, na dimensão contextual, onde apenas se encontram duas das categorias utili-
zadas pelos participantes nesta obra, pode observar-se que a utilização da categoria influência
do contexto é estatisticamente superior à categoria acontecimentos laterais (Apend. Q. 34). A
influência do contexto é, para esta obra, relativa ao visionamento em grupo na sala de aula.
«No momento que nos foi revelada a obra que iríamos observar, através de uma reprodução que
estava a ser projectada, julgo que surgiu um sentimento de inquietude, mas que rapidamente foi
aceite por todos. Senti a necessidade de me afastar da mesa e colocar-me numa posição em que
poderia ver melhor a imagem e, ao mesmo tempo, sentir que estava a observá-la sozinha. Pelo
menos inconscientemente, senti que reagi a esse sentimento de comunhão de que não queria
fazer parte. Isto é, queria sentir que estava a sós com a obra ou a reprodução da mesma.» (A. 8)
Perfis de observação
Com base nos dados importados da análise qualitativa, procedeu-se à análise de correspon-
dência múltiplas (ACM)8 com o intuito de mapear a proximidade das categorias entre si e
a sua associação aos sujeitos. A análise de clusters permitiu identificar três perfis – grupos
heterogéneos de sujeitos, artistas e não-artistas, próximos entre si pelo uso das categorias
(Apend. Fig. 68). O perfil I integra três artistas e um não-artistas. O perfil II integra um
artista e dois não-artista e o perfil III oito artistas e nove não-artistas (Fig. 26).
A associação das categorias aos perfis permitiu identificar três clusters: principal, secundário
e misto (Fig. 27). As categorias presentes nos clusters principais caracterizam cada um dos per-
fis individualmente. Assim, o perfil I utiliza, de forma muito relevante, as categorias criação de
sentido e processo-ferramentas, ambas da dimensão processual. Ao perfil II estão mais associadas
as categorias acontecimentos laterais, processo-ferramentas e influência do contexto. Nos clusters
principais dos perfis I e II não se encontra nenhuma categoria da dimensão interpretativa. Pelo
contrário, sobre o perfil III podemos afirmar que se destaca a presença da dimensão interpreta-
tiva com o uso muito relevante das categorias associação-memória, conhecimento, juízo e projec-
ção afectos; muito relevante e relevante da categoria forma-conteúdo; e ainda o uso relevante da
explicação. Encontram-se também no cluster principal deste perfil duas categorias da dimen-
são processual no nível relevante – criação de sentido e encontro-museu. Nos clusters secundários,
estão incluídas as categorias comuns a dois perfis: as categorias juízo, conhecimento, hipóteses e
12 26
21
28
7 17 1
Perfil II 1 26
5
27 Perfil I
9 Perfil III 5
26
5 25 Perfil I
17 12
25
6 15 11 25 1 10 7
17 37 12
29 10 16
8 3
30 13 1916
8 9 Perfil II 27
8 3
19
Perfil II 22 27
28
9 29 20
30 19
10 22 28 15
29 20
21 13
22 Perfil I 30
13 15Perfil III
21
16 Perfil III 6 11
6 11
20
Figura 26. Le Cadeau. Textos matriz. Análise de correspondências múltiplas (α Cronbach total 0,712).
Proximidade dos sujeitos. Associação dos sujeitos por perfil.
Perfil I I
Perfil
Perfil II II
Perfil
AL Perfil III
AL Perfil III
HE Dimensão Interpretativa
Perfil II HE Dimensão Interpretativa
FC - Forma-conteúdo
Perfil II HEFC - Forma-conteúdo
- Hipóteses
CN
EXP
PF
CN JZ
AMHE- Associação
- Hipóteses
EXP CN - Conhecimento
PF AM AM - Associação
FC Perfil III JZ
EXP - Explicação
CT
AM
EXP PA
CN - Conhecimento
FC AM Perfil IIICS PA
PA - Projecção-afectos
EXP - Explicação
CT PA EXP FC
FC AT - Atitude
AM M CS AT
JZ PA - Projecção-afectos
- Juízo
PA FC
FC
CN AT - Atitude
HEAT
JZ M Dimensão Processual
JZ - Juízo
CN PF - Processo-ferramentas
HE
JZ Dimensão
CS - CriaçãoProcessual
de sentido
PF
M -PF
Museu
- Processo-ferramentas
CS
CS - Criação de sentido
Dimensão Contextual
PF
M - Museu
Perfil I CS CT - Contexto
AL - Acontecimentos laterais
Dimensão Contextual
Perfil
Pouco I
relevante Relevante Muito relevante CT - Contexto
AL - Acontecimentos laterais
Cluster Principal Cluster Secundário Cluster Misto
Figura 27. Le Cadeau. Texto-matriz. Análise de correspondências múltiplas (α Cronbach total 0,712).
Proximidade das categorias. Associação das categorias aos perfis.
III. Diálogos com a arte 73
83
Figura 28. Le Cadeau. Textos-matriz. Distribuição da categorias tricotomizadas com diferenças significativas
entre os perfis.
Nota. O nível pouco relevante corresponde para as seis categorias à ausência de ocorrências.
atitude, relevantes, comuns ao perfil I e III; e as categorias explicação e hipóteses muito relevan-
tes, comuns ao perfil II e III. No cluster misto, surgem as categorias cuja distribuição é seme-
lhante, estando por isso equidistantes dos três perfis.
As categorias em que se nota que há diferenças entre o valor esperado e o valor encon-
trado9, em termos de distribuição das respostas dos sujeitos pelos perfis na pintura Le
Cadeau são as categorias explicação, criação de sentido, processo-ferramentas, influência do
contexto, acontecimentos laterais e juízo, o que significa que estas categorias são diferencia-
doras dos perfis (Fig. 28 e Apend. Q. 38)10.
Cada perfil aproxima-se mais de cada uma das dimensões da criação de sentido, embora
todos integrem as três, variando no nível de relevância atribuído a cada categoria, con-
forme constatado pelo cruzamento dos resultados da análise de correspondências múl-
tiplas e a análise estatística (Cramer’s V). O perfil I, composto por três artistas e um não-
-artista, é o mais processual, enfatizando nos seus textos-matriz as referências à criação
de sentido e ao processo e ferramentas envolvidos. É também, de todos, o perfil menos
explicativo, sendo que nenhum dos sujeitos que o integram utiliza a categoria explicação.
Pode ser designado processual. O perfil II, composto por dois não-artistas e um artista,
enfatiza na sua relação com a obra a dimensão contextual, tanto a influência do contexto
como dos acontecimentos laterais. Este é, dos três, o perfil menos judicativo, uma vez que
nenhum dos sujeitos utiliza a categoria juízo. Pode ser classificado de contextual. O perfil
III, em que estão enquadrados oito artistas e nove não-artistas, é o que está mais próximo
da dimensão interpretativa, sendo simultaneamente mais explicativo e judicativo do que
os outros dois. Pode ser classificado de interpretativo.
Caso A
«Escuro, foi a primeira percepção que tive desta obra, imediatamente seguida por um incrí-
vel sentimento de solidão ao ver uma criança naquele espaço vazio e com pouca iluminação.
Depois, ao olhar para a obra no seu todo, pareceu-me uma daquelas fotos que tantas vezes
tirei na época do Natal ou de aniversário, onde todos os objectos são colocados de forma
a aparecer na fotografia. Contudo, embora suscitasse a recordação de momentos da minha
infância, a imagem pareceu-me constrangedora.
No momento seguinte, voltei às percepções sobre as partes que compõem a imagem: a
janela, a cadeira demasiado grande para uma criança tão pequena, as flores que pareciam
colorir um ambiente escuro. Apercebi-me então da forma ténue como as sombras foram fei-
tas, de forma que me pareceu intensificar ainda mais a escuridão. Este momento de reflexão
levantou duas questões: por que é que o presente está no chão? Poderá a criança ser uma
boneca? Fico um pouco a reflectir sobre estas questões. Novamente, a cor roxa sobressai
no escuro e leva-me a pensar sobre a complexidade da execução dos sombreados da obra, e
na forma como aquelas tonalidades foram conseguidas. No meu ponto de vista, o quadricu-
lado da varanda, as formas da cadeira e até a desproporcionalidade da criança parecem-me
mais simples do que a própria utilização do preto e do roxo na tela. Talvez porque, quando
pinto, tenho dificuldade em conseguir certas cores, especialmente se forem demasiado
escuras, o que me pode ter levado a adquirir tanto interesse sobre estes aspectos da obra.
Após este momento de percepção, volto novamente ao campo dos sentimentos. Sinto dificul-
dade em encontrar um sentimento positivo para a imagem, que me transmite um sentimento
de solidão, inibição de concretizar um desejo. Recorro então a uma memória para explicar
estes sentimentos: todas as crianças tem curiosidade sobre presentes embrulhados. Outra jus-
tificação pode ser (mais uma vez) a utilização de cores escuras. Afinal por que é que esta obra
me despertou sentimentos tão pouco positivos, até depressivos? Até as cores mais claras e
vivas que foram utilizadas, como o azul que se vê ao fundo da janela, na cadeira e no presente,
ou o vermelho das flores e do laço do embrulho, parecem intensificar ainda mais o preto.
Novamente o sentimento de repressão.
Ocorre-me então, enquanto construo o estetigrama da obra, que esta me faz lembrar pinturas
de reis, onde são mostrados objectos valiosos. Também nesta obra tudo parece preparado
para essa pintura, com a decoração da cadeira, a presença do presente e a menina com rou-
pas que parecem imaculadas e sapatinhos bonitos, sentada de uma forma bem comportada.
Na criação de sentido para esta obra, foi de extrema importância a observação da mesma
ao vivo. A partir desta observação, vários aspectos percepcionados e sentidos inicialmente
foram alterados. Neste encontro ao vivo foram recolhidas as seguintes notas:
Pela realização do estetigrama e do quadrante R. L. Jones e analisando estas últimas ano-
tações, apercebo-me de algumas variações nos principais aspectos que realcei com a
observação da obra.
86
76 III. Diálogos com a arte
Considero a obra Le Cadeau mais viva, menos triste e sombria do que a percepcionei ini-
cialmente. Consigo neste momento dizer que gostei das suas cores, até das formas; Após
o primeiro contacto com a obra tinha ficado com uma sensação de tristeza e obscuridade,
pela solidão que a mesma me transmitia. Olhando agora, embora a criança ainda me per-
turbe, observei os detalhes e as cores e, na verdade, a obra parece iluminada, brilhante, viva.
Acrescento ainda algumas questões quanto ao seu processo de criação: Como será que foi
feita aquela tonalidade do chão, o sombreado? Por que é que a criança não tem os ombros
bem delineados?
Por fim, pela observação do quadrante R. L. Jones, parece-me que as minhas anota-
ções relativamente à obra se encontram ainda um pouco extremadas em cada categoria.
Destacam-se os quadrantes intrínseco e afectivo/sentimental, com algumas referências icó-
nicas. O quadrante cognitivo é, sem dúvida, o menos conseguido, devido à área de estudos
de onde provenho.»
Caso C
«Na Pintura Le Cadeau, de Marta Telles, a composição é de aspecto organizado, nada está
ao acaso ou a mais. A autora atinge uma simplicidade incisiva ao querer transmitir a infor-
mação essencial. Há um equilíbrio depurado de linhas paralelas que fazem ângulos rectos
entre a cadeira, a janela, o chão e a linha do horizonte. A imagem está dominada pela figura
sentada na cadeira ao centro, e pela janela do quarto. O efeito de contraluz cria uma oposi-
ção lumínica contrastante que traduz dramatismo. O azul do dia banha em listas ténues o
III. Diálogos com a arte 77
87
chão escuro. Esta luz azulada é reflectida no embrulho, tom que está em concordância com
a cor do assento da cadeira. O corrimão, os sapatos da menina e a fita do embrulho do pre-
sente são vermelhos. Estes elementos e cores poderão ter uma relação simbólica ou funcio-
nar apenas como gatilhos sensoriais que tornam a imagem um tanto ou quanto hipnótica.
À medida que observo a pintura, as percepções mais formais dão lugar a impressões mais
afectivas. O espaço interior de cores purpúreas evoca um ambiente protector mas, ao
mesmo tempo, sombrio. Como se me encontrasse dentro da barriga de um ser ou num
sítio recôndito da mente do autor. Por vezes parece-me que a janela é uma ilusão, como
se fosse um painel luminoso pendurado na parede como uma tela que se prolonga até ao
chão, retirando assim a ilusão de exterior e reforçando a ideia de espaço fechado.
A cadeira parece forçar a sua presença de espírito, como um trono imponente que sustém a
figura pequena. A coroa de flores parece ter a função de dignificar ou homenagear.
A criança atarracada, de estática timidez gestual, está com um vestido branco antigo um
pouco amarelecido. A sua expressão parece-me ambígua e ausente, ligada a um outro
tempo e espaço. A figura está como que presa à cadeira, mas o seu olhar e postura não
habitam o quadro. Um jogo contraditório entre opostos: luz-escuridão; prisão-evasão; ou
conforto versus tédio. Há um efeito desconcertante ou de perplexidade como se o tempo se
suspendesse num silêncio surreal. A criança está sozinha, concentrada neste espaço, reser-
vada a este sítio como uma borboleta de colecção confinada à sua caixa.
Para mim, este quadro é como um virar de uma nova página em branco, uma cortina de
luz que insidiosamente se reflecte nos recantos escondidos da mente. Sinto empatia com
este quadro, e consigo associá-lo simbolicamente com a minha experiência. Através do sub-
consciente da autora acedo ao meu. A dada altura, durante a observação, comecei a projec-
tar sentimentos de memórias da minha própria infância e do próprio arquétipo de menina
delicada e bem comportada.
Esta imagem intimista mantém-se imperscrutável. Talvez a autora esteja a dissecar-se, guar-
dando o resíduo de uma visão do seu percurso nesta tela. Retém na pintura parte da sua alma
que deixa como se fosse um casulo para seguir o seu processo evolutivo. O quadro parece
funcionar como exercício exorcista de um fantasma que dentro dos seus limites passou a
habitar. Talvez, ao desapegar-se de uma parte de si, a autora pôde prosseguir e deixar em cada
observador a semente de uma liberdade ou possibilidade: a verdadeira prenda. Através deste
um corte umbilical metafísico, a autora nasce de si própria e deixa pistas para o observador.»
Discussão
A análise de conteúdo das notas elaboradas pelos participantes permitiu identificar dez
categorias, organizadas em quatro dimensões: cognitiva, formal, afectiva e comportamental.
A dimensão com maior presença é a formal. A categoria forma-conteúdo, com referências
ao conteúdo formal da pintura e ao que nela está representado, é a mais mencionada pela
globalidade dos participantes, diferindo estatisticamente de todas as restantes categorias.
88
78 III. Diálogos com a arte
As notas elaboradas pelo grupo dos artistas são mais completas nesta categoria do que as
dos não-artistas, apesar de ambos referirem os mesmos conteúdos. A categoria menos
evocada é a atitude com menos referências em relação a todas as restantes categorias.
Centrando-nos nas diferenças entre artistas e não-artistas, estas apenas existem, de
forma significativa, em três categorias: tensão, bem-estar e juízo. A categoria tensão cor-
responde à atribuição de qualificação negativa à obra de arte. Os artistas, quando compa-
rados com os não-artistas, evocam com maior frequência esta categoria. A qualidade do
conteúdo do que é escrito coincide, quanto aos termos utilizados pelos dois grupos, por
exemplo: expectativa, solidão, tristeza, desconforto, vazio. A obra Le Cadeau evoca mais
sentimentos negativos do que positivos. A categoria bem-estar revela a dualidade sentida
por alguns, contrapondo à tensão sentimentos de fundo de comprazimento. Tal como
verificado para a categoria tensão, são os artistas que mais mencionam a categoria bem-
-estar distinguindo-se dos não-artistas quanto à sua frequência e qualidade do conteúdo.
A dimensão afectiva é mais convocada para a criação de sentido no grupo dos artistas. Na
categoria juízo o grupo dos não-artistas manifesta maior incidência na avaliação da obra
de arte, notando a qualidade da pintura com referência aos elementos formais e de con-
teúdo da pintura.
A análise de clusters permitiu identificar três perfis, equilibrados quanto à sua consti-
tuição (artistas e não-artistas), distintos pela presença das categorias. A categoria explica-
ção, com base na tricotomização – pouco relevante, relevante e muito relevante – é a que
melhor caracteriza os três perfis. O perfil I, o mais explicativo, revela-se tendencialmente
o mais equilibrado e complexo, quanto à presença das quatro dimensões. O perfil II,
embora o menos explicativo dos três perfis, revela-se interpretativo, com ênfase nas hipó-
teses, associações e forma. O perfil III, medianamente explicativo, é heterogéneo quanto à
presença das categorias, excepto as que integram a dimensão afectiva: tensão e bem-estar.
O objectivo dos mapas visuais, estetigramas e quadrante R. L. Jones, foi evidenciar e
visualizar tendências na criação de sentido. Idealmente estão implicadas múltiplas orien-
tações num único encontro com a obra: afectivas e intelectuais. Através do exercício de
atribuição de categorias aos momentos individuais, os sujeitos organizam padrões no seu
processo de criação de sentido. A singularidade de cada participante revela-se no modo
como organiza os seus mapas visuais.
Na construção dos estetigramas os participantes manipularam quinze categorias pré-
-definidas, enquadradas em cinco grandes dimensões: cognitiva, afectiva, imaginativa,
comportamental e espera. Nesta obra, a percepção e a reflexão são usadas com maior fre-
quência na criação de sentido e construção dos mapas associadas, no entanto, a uma
baixa intensidade. Um segundo grupo de categorias (sentimento, memória, ver como, juízo,
conhecimento), agregado pela frequência de utilização, distribui-se por quatro das dimen-
sões. O gosto é a categoria menos mencionada e a que apresenta uma maior intensidade.
Encontraram-se diferenças significativas entre os artistas e os não-artistas nas categorias
percepção e juízo: os primeiros utilizam a categoria percepção com maior frequência; os
III. Diálogos com a arte 79
89
segundos têm maior número de ocorrências na categoria juízo. Nos estetigramas produzi-
dos para esta obra, foram identificadas três tipologias gráficas: linear, radial e rizomática.
O posicionamento no quadrante R. L. Jones, das cinco dimensões, é coerente com o
modo como as categorias foram entendidas na construção dos estetigramas. A dimen-
são cognitiva, mapeada no quadrante, revela uma aproximação intelectualizada à obra. A
dimensão afectiva, quando comparada com a dimensão cognitiva, é menos dispersa no
quadrante. Estas duas ferramentas, auxiliares do processo de criação de sentido, possibi-
litaram aos participantes fixar visualmente, momento a momento, o processo que orienta
o seu pensamento sobre esta pintura.
A análise de conteúdo dos textos-matriz elaborados pelos participantes permitiu identi-
ficar doze categorias, organizadas em três grandes dimensões: interpretativa, processual
e contextual. A dimensão com maior presença é a interpretativa, entendida como uma
possibilidade em aberto para o entendimento e fruição da obra. Nos textos-matriz a cate-
goria explicação é aquela que é mais utilizada pela globalidade dos participantes, contudo,
a sua utilização não se diferencia estatisticamente da categoria forma-conteúdo, nem da
categoria projecção-afectos, o que leva a concluir que há uma aproximação mais integrada
na criação de sentido através do uso desta ferramenta.
Existe entre artistas e não-artistas uma diferença estatisticamente significativa na pre-
sença da categoria forma-conteúdo e processo-ferramentas. São os artistas que usam com
maior frequência a categoria forma-conteúdo, centrando-se na análise da relação da figura
com o espaço envolvente, a técnica e a composição. A categoria processo-ferramentas foi
mais utilizada pelos não-artistas, e inclui referências às diferentes etapas envolvidas na
análise da obra, complementando a criação de sentido.
A análise de clusters permitiu identificar três perfis, equilibrados quanto à sua cons-
tituição (artistas e não-artistas), discriminados pela presença das categorias. Cada per-
fil aproxima-se mais de cada uma das dimensões da criação de sentido, embora todos
integrem as três, variando no nível de relevância atribuído a cada categoria. O perfil I é o
mais processual, enfatizando nos seus textos-matriz as referências à criação de sentido
e ao processo e ferramentas envolvidos. O perfil II enfatiza, na sua relação com a obra,
a dimensão contextual, tanto a influência do contexto como dos acontecimentos laterais. O
perfil III revela uma integração mais coerente das categorias associadas ao processo de
interpretação da obra, revelando-se, simultaneamente, mais explicativo e judicativo do
que os outros dois.
Na realização dos textos-matriz, os participantes chegaram a uma síntese integrada
do seu pensamento sobre a obra. A análise dos dados obtidos através deste instrumento,
elaborado no final do processo de criação de sentido, revelou uma maior aproximação dos
sujeitos entre si, devido, provavelmente, ao efeito da aprendizagem desencadeada pela
conscientização do processo de criação de sentido que norteou o programa desenvolvido.
Quando comparados os perfis identificados nas notas e nos textos-matriz, encontra-
mos três comportamentos na criação de sentido dos participantes (Q. 3).
90
80 III. Diálogos com a arte
Notas
As categorias menos diferenciadoras dos perfis, comuns aos três perfis em proximidade e nível de
relevância, são as categorias forma-conteúdo, hipóteses, associação, bem-estar e juízo.
Textos Matriz
Cada perfil aproxima-se mais de cada uma das dimensões da criação de sentido, embora todos integrem
as três, variando no nível de relevância atribuído a cada categoria.
Nas notas, três participantes (A. 1, A. 5, NA. 26) integraram o perfil formal-explica-
tivo, o perfil tendencialmente mais equilibrado e complexo quanto à presença das quatro
dimensões da criação de sentido e mantiveram-se juntos no perfil interpretativo dos tex-
tos-matriz. Concluímos que estes participantes apresentaram um comportamento mais
integrado quando interpretaram esta obra.
Nas notas, três participantes (A. 16, A. 22, NA. 10) integraram o perfil formal-associa-
tivo, um perfil em que embora próximo das categorias associação e hipóteses, enquadradas
na dimensão cognitiva, a grande maioria dos sujeitos não utilizou a categoria explicação.
Estes três sujeitos mantiveram-se juntos no perfil processual nos textos-matriz, o menos
explicativo dos três, encontrando-se a atenção nas referências à criação de sentido e ao
processo e ferramentas envolvidas. Concluímos que para estes participantes a ênfase no
processo de criação de sentido estava centrada nas inferências que produziram a partir
das características formais e de conteúdo da obra, orientando-se no texto final por uma
dinâmica focada no processo.
Sete participantes (A. 8, A. 7, A. 17, NA. 30, NA. 9, NA. 25) do perfil formal-associativo e
sete sujeitos (A. 6, A. 3, A. 19, NA. 28, NA. 13, NA. 15) do perfil formal-cognitivo das notas,
integraram nos textos-matriz o mesmo perfil, o perfil interpretativo. Concluímos que há
um efeito de aprendizagem, resultado do uso das ferramentas de mediação de sentido.
Os mesmos indivíduos que nas notas integravam perfis com menor grau de complexi-
dade, passaram nos textos-matriz a um padrão de criação de sentido mais complexo e
mais articulado. O perfil interpretativo integrou o maior número de participantes.
As análises aqui apresentadas realizaram-se para as outras duas obras, The Mirror
Suitcase Man, de Rui Calçada Bastos, e Retrato de Matilde, de Sarah Affonso.
82 III. Diálogos com a arte
Figura 29. The Mirror Suitcase Man, Rui Calçada Bastos, DVD, 4’30’’, 2004 (CAM, FCG).
Notas
Espaços semânticos
cinema
cidade
Associação Conhecimento palavras isoladas
técnica-conceito mala-função
Juízo conceito
elementos visuais som
avaliação positiva
Forma-conteúdo
arte-artista
Atitude
técnica
Forma pesquisa
cor afastamento da obra pós-encontro
composição
visionamento da obra
Afectiva
Tensão Bem-estar curiosidade
expectativa
solidão pertença calma
inquietação
mistério
divertimento
«Faço uma breve descrição do vídeo The Mirror Suitcase Man por etapas:
1. Uma mala de espelhos pousada num prado de margaridas; plano zero
2. Homem pega na mala e segue saindo do plano pela direita;
3. Uns segundos de negro;
4. Comboio 677 chega à estação;
5. Comboio segue caminho e vêem-se, fugazmente, cartazes, publicidade, reflexos de pes-
soas. A máquina de escrever sonoriza esta cena;
96
86 III. Diálogos com a arte
6. Cais do metro;
7. Pessoas dentro do metropolitano, portas fecham;
8. Um plano médio de uma viajante no metro. A pessoa não está identificada;
9. Cais do metro;
10. Estação do comboio; transeuntes; uma bicicleta passa e sai do plano pela esquerda;
11. Clarão;
12. Homem sobe escadas em caracol;
13. Cidade, carros, ruas, igrejas ao fundo – que cidade será?
14. Jardim, um banco, um homem de preto;
15. Baloiço em andamento e um salto;
16. Ciprestes;
17. Uns segundos de negro;
18. Um casal sobe as escadas, um moinho, de novo ciprestes, uma mulher leva uma mala;
19. Jardim, um homem passa com as mãos nos bolsos;
20. Doca do rio;
21. O homem da mala entrega a mala a outro homem que segue caminho – passagem de
testemunho;
22. Negro.» (A. 6)
sentido geral da obra e na função da mala espelhada. Sobre o sentido geral da obra é enfa-
tizada a sua dimensão conceptual. É identificada uma dupla narrativa veiculada pela apa-
rente desconexão entre a imagem reflectida na mala e o cenário que a enquadra. O espec-
tador acede indirectamente, através dos reflexos, à narrativa representada o que o leva a
duvidar se o que vê é ficção ou realidade. Palavras como «viagem», «ciclo», «tempo» ou
«memória» revelam as aproximações feitas ao sentido da obra.
«Para mim, esta obra terá a ver com o voyeurismo: o ser-se testemunho de algo; ou o facto
de a mala conter tudo e todos os que nela se reflectem.» (A. 3)
«É-nos apresentado um percurso, parte da rotina da vida de alguém, ou de todos nós; a ida
e a volta de um dia de trabalho a partir do ponto de vista de uma mala, objecto comum a
tantos de nós no nosso dia-a-dia.» (A. 17)
«As imagens constroem uma narrativa aparentemente aleatória onde o protagonista,
munido de uma mala de espelhos semelhante às habitualmente utilizadas pelos mágicos,
vai criando novas perspectivas e desdobramentos do olhar, numa perplexidade desconec-
tada do quotidiano.» (NA. 25)
A presença da mala é justificada pela sua função: reflecte (espelho), mostra (ecrã),
guarda (caixa) e/ou recolhe (câmara de filmar). Nesta categoria surgiram também expli-
cações sobre o protagonista, o suitcase man, centradas na acção que este desempenha e na
sua identidade: «associação a alguém que viaja, que procura um lugar»; «o suitcase man
é um homem incógnito». Embora não existam diferenças significativas entre os dois
grupos na categoria explicação as explicações centraram-se, para os artistas, no primeiro
encontro com a obra enquanto que no grupo dos artistas se distribuiram uniformemente
entre os dois encontros.
Incluída também na dimensão cognitiva, a categoria associação corresponde nesta obra
a relações formais e de conteúdo entre os elementos visuais ou áudio e o contexto no qual
se desenrolou a acção: «rio – lembra o Sena, Paris»; «ouço falar francês, se calhar trata-se
de uma cidade francesa»; «chegada do comboio a uma estação, parecida com as estações
de metro mais antigas em Lisboa»; «Berlim – o vídeo pode situar-se na época em que
ainda existia o muro, pelo contexto e pela temática.» São também estabelecidas associa-
ções directas ao mundo do cinema: filmes de terror, cinema francês, policiais, narrativa
noir com base no som (música, voz) e na técnica (slow motion, preto e branco) da obra; e à
expressão de artistas: «este desdobramento perspéctico lembra-me o cubismo, mas numa
versão vídeo e quase cem anos depois da primeira obra cubista»; «[...] desta vez, por uma
mão diferente, homens de fato, reflexos de Magritte, reflexos de todos nós[...]»
Existem na categoria associação diferenças significativas entre artistas e não-artistas
apresentando os artistas um maior número de ocorrências. É nas subcategorias pala-
vras isoladas e som que se notam estas diferenças entre os grupos (Apend. Q. 43). As
palavras isoladas são registos directos, resultado de associações livres à obra: «retorno»;
«interior/exterior – aqui/ali – eu/outro»; «absorto»; «idade/tempo passado»;
98
88 III. Diálogos com a arte
Para o sentido geral da obra as hipóteses recaem sobre a intenção do artista em criar
uma narrativa dúbia, entre realidade e ficção, talvez relacionada com as suas próprias
vivências e memórias, e em que o espectador assume o papel de flâneur, potenciado
pelo ponto de observação distante onde é colocado. A dimensão onírica, enigmática e
o secretismo do vídeo também são questionados: «algo irreal, sonhado, imaginado»;
«revelação de segredos escondidos». Quanto às hipóteses sobre o desenrolar da acção
e os elementos visuais apresentados é dada particular atenção à troca da mala. Esse
momento é problematizado, visto como uma possível passagem de testemunho, entrega
ou apenas o encerramento da narrativa. Sobre a personagem principal do vídeo, o sui-
tcase man, recaem algumas projecções acerca da sua identidade (alienígena, jornalista,
agente secreto) e função (missão, veículo). Os marcadores verbais desta categoria são
«talvez», «parece» ou «será».
Enquadradas na dimensão comportamental, seguem-se as categorias juízo e atitude. A
categoria juízo define-se como um pensamento de avaliação crítico, analítico e judicativo
sobre o conteúdo formal e narrativo da obra de arte. Nas notas produzidas sobre o vídeo,
The Mirror Suitcase Man, esta categoria corresponde principalmente a aferições sobre o
conceito e a qualidade do som. A obra é classificada como ambígua, misteriosa e enig-
mática. De um modo geral, os sujeitos ajuizaram sobre o impacto negativo que a má
III. Diálogos com a arte 89
99
Artistas
«conceito interessante – execução técnica fraca» (A. 1)
«A mala é um testemunho de uma vivência, e passada a uma nova pessoa. O sentido esté-
tico de toda a obra vídeo é enriquecido com este processo de transferência de recordações.
Em cada loop do vídeo, a obra ganha renovados significados.» (A. 20)
Não-artistas
«Ideia interessante que prende o espectador na viagem que a mala espelhada mostra.» (NA. 9)
«Esta arte, dita contemporânea, é tão chocante, ambígua, quase sempre... fico incomodada,
não gosto! Não há belo!» (NA. 10)
«Esteticamente interessante. Não consigo apanhar o sentido.» (NA. 25)
«Fico inquieta por não conseguir compreender o que é dito no vídeo, como se isso fosse a
peça que falta para perceber o sentido desta obra.» (NA. 11)
«O som está distante, muito menos audível do que da primeira vez. Que pena, sinto que a
obra perde parte do seu sentido e impacto. Sinto-me menos envolvida.» (NA. 13)
«Volto a achar uma ideia genial ao nível do efeito visual e de universo criado.» (NA. 27)
A categoria atitude está, nesta obra, associada ao visionamento da obra. Na descrição do
seu comportamento os participantes fizeram referência às decisões tomadas na relação
com a obra: abordagem faseada, enfoque nos sons ou na narrativa, visualização do início
ao fim, necessidade de rever a obra mais do que uma vez. Embora menos frequente está
também integrada na atitude a subcategoria afastamento da obra, por se verem esgotadas
hipóteses de análise, por saturação ou por apelo de outras obras expostas no museu.
«Após ter-me sentado para observar melhor o vídeo, dá-se um momento de pausa de sus-
pensão de análise crítica. Fruição da obra através dos sentidos.» (A.7)
«[reserva – decido ver e ouvir primeiro, antes de tirar notas]» (A.8)
«Quantas mais vezes vejo o vídeo, mais vontade tenho de o rever. Já perdi a conta às vezes
que já o visionei.» (NA.13)
«Hoje, por saber que no encontro anterior tomei mais atenção à mala do que ao meio
envolvente, vou observar um pouco o que se passa além da mala.» (NA.11)
«Distraída, volto a olhar para a escultura do Rui Chafes.» (A.19)
«Já vi o que tinha para ver!» (NA. 13)
nos sujeitos inquietude e desarmonia: sentimentos provocados pelo som que acompanha
a obra. A sequência narrativa e as personagens que nela actuam contribuem igualmente
para o ambiente de mistério e suspense. Projecta-se nos sujeitos alguma expectativa, pro-
vocada pelo desfecho ambíguo da narrativa ou o seu papel como voyeur; e pela solidão,
transmitida pela expressão de algumas personagens, ou pela ausência de acção (banco
de jardim vazio). A categoria tensão corresponde a fragmentos textuais que elaboram de
forma completa sobre o impacto emotivo provocado pela obra e a palavras isoladas ou
associações directas que assinalam os sentimentos de tensão sugeridos pelo vídeo.
Esta obra provocou mais sentimentos negativos do que positivos nos sujeitos, exis-
tindo diferenças significativas entre as categorias tensão e bem-estar (Apend. Q. 41 e Q.
45). Os sentimentos positivos são pouco evidentes nas notas tomadas a partir do vídeo
que projecta em alguns sujeitos empatia, calma e curiosidade.
A par das categorias resultantes da análise de conteúdo e previamente descritas, foram
identificados nas notas observações paralelas onde se incluem notas adicionais – reacção
(surpresa, expectativa, desilusão) dos sujeitos quando souberam que esta seria uma das
obras para análise, dificuldade em se distanciarem do primeiro encontro com a obra.
Por outro lado, é feita referência à influência do contexto – condições de visionamento,
impacto das obras mais próximas; e a acontecimentos laterais – interacção de outros
visitantes com a obra, controlo do vigilante da sala de exposições. Nos textos-matriz, os
excertos incluídos nas observações paralelas assumem maior autonomia passando a defi-
nir categorias e dimensões próprias.
Perfis de observação
A partir������������������������������������������������������������������������������
dos resultados da análise de conteúdo, procedeu-se à análise de correspondên-
cias múltiplas (ACM)1 com o objectivo de mapear a proximidade das categorias entre si
e a sua associação aos sujeitos. A análise de clusters permitiu identificar três perfis – gru-
pos heterogéneos de sujeitos, artistas e não-artistas, próximos entre si pela presença das
categorias (Apend. Fig. 70). No perfil I há quatro artistas e dois não-artistas. Integram o
perfil II três artistas e quatro não-artistas e o perfil III é composto por cinco artistas e seis
não-artistas (Fig. 31).
A associação das categorias aos perfis permitiu assinalar três clusters: principal, secun-
dário e misto (Fig. 32). As categorias presentes nos clusters principais caracterizam cada
um dos perfis individualmente. No cluster principal do perfil I encontram-se no nível muito
relevante as categorias forma e associação, e relevante a categoria explicação. No perfil II
destaca-se a presença muito relevante da categoria tensão e atitude, e no nível relevante, as
categorias conhecimento e gosto. Para o perfil III evidencia-se, pela proximidade e relevância,
a categoria explicação. Simultaneamente, no nível relevante e muito relevante, integra o
cluster principal deste perfil a categoria hipóteses. Embora mais distante, associa-se ao perfil
III a categoria forma-conteúdo, muito relevante, e as categorias atitude e forma, relevantes.
Nos clusters secundários incluem-se as categorias comuns a dois perfis, sendo neste
caso a categoria conhecimento, muito relevante, comum ao perfil I e III, as categorias forma-
-conteúdo e associação, relevante, são comuns ao perfil II e III, e a categoria juízo, relevante,
comum ao perfil I e II. No cluster misto surgem categorias cuja distribuição é próxima, e,
por isso, são equidistantes dos três perfis. Destaca-se neste cluster a presença da categoria
juízo, muito relevante, e as categorias tensão e bem-estar, relevante.
As categorias em que se notam diferenças estatísticas entre o valor esperado e o valor
Artista Não-Artista
Artista Não Artista
Artista Não Artista
5 1
13
8 12 21 1
5
26
10 25 Perfil I
29 16 5
Perfil III 26
25 Perfil I
3 17 12
9 25
10 7
17 12
10 7 16
8 3
22 16
17 8 9 Perfil II 27
3
19
27 30 19 Perfil II 27
20 22 28
7 9 29 19 20
30
22 28 13 15
29 20
21
Perfil I Perfil30
II 28
26 13 15Perfil III
15 11 21
Perfil III 6 11
6
1 6 11
Figura 31. The Mirror Suitcase Man. Notas. Análise correspondências múltiplas (α Cronbach total 0,707).
Proximidade dos sujeitos. Associação dos sujeitos por perfil.
Perfil I
Perfil I
J Perfil II
J Perfil II
Perfil III
Perfil III
Perfil III
Perfil III
E
E Dimensão Formal
AT
AT Dimensão Formal
FT
FT F - Forma
F - Forma
FC - Forma-conteúdo
G
H FC - Forma-conteúdo
H A
G A E
E Dimensão Cognitiva
BE Dimensão Cognitiva
HBE
H FC F A - Associação
FC FC J
J FC F A - Associação
FC
FC
A C E - Explicação
C
C A C E - Explicação
H C - Conhecimento
AT HBE
BE
C - Conhecimento
T
AT J
T H - Hipóteses
E
J
Perfil II H - Hipóteses
E Perfil II
Dimensão Afectiva
Dimensão Afectiva
A
A
AT T - Tensão
G
G
AT T - Tensão
Perfil I BE - Bem-estar
F Perfil I T
BE - Bem-estar
F T
Dimensão Comportamental
Dimensão Comportamental
AT - Atitude
AT - Atitude
G - Gosto
G - Gosto
J - Juízo
J - Juízo
Pouco relevante Relevante Muito relevante
Pouco relevante Relevante Muito relevante
Figura 32. The Mirror Suitcase Man. Notas. Análise correspondências múltiplas (α Cronbach total 0,707).
Proximidade das categorias. Associação das categorias aos perfis.
III. Diálogos com a arte 93
103
Figura 33. The Mirror Suitcase Man. Notas. Distribuição de categorias tricotomizadas pelos perfis (com
diferenças significativas).
Nota. O nível pouco relevante corresponde para a categoria gosto à ausência de ocorrências.
encontrado2, em termos de distribuição das respostas dos sujeitos pelos perfis nesta obra,
são as categorias forma, associação, explicação, tensão, gosto, atitude e juízo, o que significa
que as mesmas diferenciam os perfis (Fig. 33 e Apend. Q. 46)3.
O perfil I caracteriza-se pelo uso muito relevante das categorias que lhe estão mais pró-
ximas: forma e associação, apresentando-se distanciado das dimensões comportamental e
afectiva, conforme constatado pelo cruzamento dos resultados da análise de correspon-
dências múltiplas e a análise estatística (Cramer's V). Pode ser designado formal-asso-
ciativo. O perfil II caracteriza-se pelo uso muito relevante das categorias tensão e atitude,
distinguindo-se dos outros dois perfis também pelo uso relevante das restantes catego-
rias que integram a dimensão comportamental: gosto e juízo. O perfil II é, de todos, o que
menos usa a categoria forma e explicação. Pode ser classificado de comportamental-afectivo.
Por fim, o perfil III define-se pelo uso muito relevante da categoria explicação e relevante
da categoria forma. É de todos o menos próximo da dimensão afectiva. Pode ser descrito
como formal-explicativo.
As categorias menos diferenciadoras dos perfis comuns aos três perfis em proximi-
dade e nível de relevância são as categorias hipóteses e bem-estar, ambas incluídas no clus-
ter misto da análise de correspondências múltiplas. A categoria bem-estar é com a catego-
ria gosto das menos presentes nas notas, com uma ocorrência significativamente inferior
a todas as outras categorias.
Caso D
mensagem intencional.
Reflexão interior (voz)? Formato de janela (dimensão plural do tempo e do espaço). Homem
imóvel. Espera?
Sujeito não aparece. Contemplação da realidade. Voyeur.
Contraste forma fundo. Mas que são a mesma coisa.
Lente – capta a atenção (aumenta!)
Imóvel observa outros que andam. Recolha de bancos de imagens.
Preenche uma ausência – desaparece e fica o vazio.
A imagem/mala faz parte da própria realidade – ela existe.
O som não é claro, apreendo-o como um murmúrio sem conteúdo. Remeto-o para o pensa-
mento interior de alguém que escreve (barulho da máquina de escrever).
Associação a alguém que viaja, que procura um lugar. Alguém que não pertence e está em
trabalho – recolhe, fixa lugares – a câmara de filmar como mala.
Recolha variada: arquitectura/paisagem/pessoas.
Síntese de um alienígena que recolhe informação. 5.ª dimensão. Ou de um realizador.
Metáfora para o cinema visto pelo cinema. Colagem animada.
Diferentes tempos – o da mala e o da realidade. Objecto fora... da realidade.
Partiu em missão.»
«O que está na mala move-se. É mais claro por vezes. Normalmente há distinção forma-
-fundo pelo movimento, pela nitidez, iluminação/brilho da mala.
Não olhamos diretamente para as coisas. Podemos ser flâneur através da mala. O espelho
que nos permite olhar noutra direção. Pode ser isso que se diz.
Espia, culpa, pecado. Pedófilo olha para a criança no baloiço. Detetive olha para a mulher.
Mulher ciumenta olha para um casal. Seguem-se as pessoas.
Que bonita a cena do rio… que bonita a cena em que a mala é pousada sobre a erva. Porquê?
Depois dele alguém leva a mala, parece que não é a mesma pessoa que a transportava sem-
pre. Uma entrega? Que continha a mala?… Provas, relatos escritos da busca, gravações?»
Caso E
Texto 7. The Mirror Suitcase Man. Notas. Exemplificação do Encontro I do participante S. 26.
A mala reflecte, espelha um parque infantil, árvores, o metro, um tram, parques, canais... a
cidade de Berlim, o que quer esta mala dizer-nos?»
Texto 8. The Mirror Suitcase Man. Notas. Exemplificação do Encontro II do participante S. 26.
«Tenho dificuldade em distanciar-me do Encontro I, com a mesma obra, talvez tivesse mais
e diferentes observações a acrescentar se este encontro fosse mais espaçado, por exemplo,
um ano depois.
Mistério, é o maior sentimento que esta obra me transmite. É o mistério dos policiais dos
anos 40 e 50, de uma época de espionagem.
Berlim – o vídeo pode situar-se na época em que ainda existia o muro, pelo contexto e
pela temática.
A instalação da Doris Salcedo continua a influenciar o meu humor ao entrar na sala de
exposições, ou seja, o caminho para a obra em análise torna-se também ele num encontro
com uma outra obra, neste caso, uma obra de que gosto particularmente e me deixa de
bom humor.
O som continua a ouvir-se mal.
Num filme, estamos à espera de ver uma narrativa fechada, nesta obra não existe nem nar-
rativa, nem encerramento, o que cria um sentimento de instabilidade, quase uma angústia,
porque não conseguimos resolver o mistério.»
Estetigramas
Momentos adicionais: «Curioso. Já chegaram até aqui vários visitantes e só agora é que parou
uma mulher para ver o filme. Mas não ficou muito tempo. Nem sequer teve tempo para per-
ceber qual é o início do filme, a fim de poder ser cativada pela obra de arte...» (NA. 15)
Momentos adicionais: «Há que destacar o primeiro impacto ao entrar na sala do CAM, e esse
é o da obra Plegaria Muda, de Doris Salcedo, que nos "rouba o ar" e impõe uma sensação
de silêncio e de respeito. Foi com o peso do contacto com esta obra que atravessei muda o
espaço em busca da obra de Rui Calçada Bastos, que vinha conhecer, "encontrar".» (A. 17)
III. Diálogos com a arte 99
109
A segunda categoria mais utilizada na construção dos estetigramas desta obra foi a
categoria reflexão, mas que não se distingue da categoria explicação, que em média apre-
senta estatisticamente o mesmo valor (Apend. Q. 50). A reflexão foi definida como uma
100
110 III. Diálogos com a arte
De seguida, em relevância de uso, surge a categoria memória, que tem valores esta-
tisticamente iguais aos das categorias ver como, juízo, momentos adicionais e sentimento
(Apend. Q. 50). A obra de Rui Calçada Bastos, em particular pelo seu conteúdo, evocou
nos sujeitos conhecimentos, bem como evocação de experiências pessoais: «Ao mesmo
tempo que passam as imagens, ouve-se um som que me faz recordar um filme antigo.»;
«A figura que sobe as escadas em caracol até ao topo, lembra-me desta vez os desfiles de
carnaval.»; «Vídeo faz lembrar os policiais dos anos 50.»; «Uma imagem lembrou-me
Dresden.» Também são feitas, em menor número, associações a outras obras ou artistas
do mundo da arte: «Recordo-me dos documentários dos irmãos Lumiére, que se ocupa-
ram em gravar a realidade tal como era: a chegada do comboio à gare, os trabalhadores a
sair da fábrica.»; «Charles Baudelaire, “O pintor da vida moderna”, é um flâneur.»
III. Diálogos com a arte 101
111
Conhecimento e Momentos Adicionais: «Este vídeo remete-me para o filme de Dziga Vertov,
O homem da câmara de filmar, por ter algo a ver com o tema – a captação da vida de uma
cidade e os efeitos produzidos por um dispositivo óptico. Mas ao contrário do filme de
Vertov, a câmara aqui nunca aparece e os efeitos ópticos são produzidos através de um
espelho.» (A. 6)
Conhecimento: «VÍDEO E FOTOGRAFIA; BERLIM. O autor trabalha sobretudo vídeo e foto-
grafia. Vive em Berlim.» (A. 5)
Conhecimento, Memória e Explicação: «A fotografia faz-me lembrar a obra de Jorge Molder,
onde o sujeito é sempre o próprio artista (julgo eu). Talvez se passe o mesmo aqui, e uma
das personagens que vemos na imagem seja o próprio Rui Calçada Bastos.» (NA. 28)
de ver uma narrativa fechada, nesta obra não existe nem narrativa, nem encerramento, o
que cria um sentimento de instabilidade, quase uma angústia, porque não conseguimos
resolver o mistério.» Esta é a terceira e última categoria onde se encontram diferenças
significativas entre os grupos, sendo mais usada pelo grupo de não-artistas do que pelos
artistas (Apend. Q.49).
Em último lugar, como categoria menos mencionada, surge a categoria gosto que, no
entanto, não difere estatisticamente das categorias daydreams, reserva, emoção e atitude
(Apend. Q. 49 e Q. 50). No vídeo, The Mirror Suitcase Man, incluem-se, na categoria
daydreams, hipóteses expressas por questões explícitas que procuram uma resposta para
a narrativa representada ou divagações do pensamento: «O homem que parece ser um
militar a subir uma escada em caracol, em contraluz – porquê?»; «O filme mostra cenas/
locais onde alguém passa ou esteve?»; «O alienígena misterioso ou turista ou viajante
capta as imagens do mundo.»; «Vontade que a mala percorra vários locais do mundo,
sítios diferentes, que não pare por ali.»
A categoria reserva responde à necessidade de, momentaneamente, pôr de lado uma
ideia ou sentimento relativamente a qualquer um, ou a todos os eixos da experiência da
criação de sentido – do observador, do contexto ou da obra. Um momento de pausa que
nesta obra se fez sentir quando o filme recomeça, pela dificuldade de apreender o vídeo
na totalidade ou quando existe interferência de acontecimentos laterais:
Reserva: «Após a primeira visualização do vídeo, foi necessário fazer uma pausa e esvaziar a
cabeça das ideias e pensamentos, depois desta pausa vi novamente o vídeo e registei todos
os momentos do mesmo com as minhas anotações pessoais.» (A. 17)
Reserva: «Ouço passos ritmados de pessoas a percorrer o museu.» (A. 19)
Reserva: «Não me terei concentrado demasiado na observação de cenas (pormenores) em
vez de sensações e ideias.» (NA. 29)
Reserva e Emoção: «Dificuldade de acompanhar a peça e escrever as ideias que vêm à mente.
Necessidade de rever para compreender, para ultrapassar a primeira leitura da visualização.
Tive de ver três vezes.» (NA. 13)
Por fim, a categoria atitude corresponde a uma interacção positiva, negativa ou indife-
rente com a obra de arte. Exemplos desta categoria para o vídeo, de Rui Calçada Bastos,
correspondem à decisão de afastamento da obra: «Vejo a projecção pela última vez, pois
já nada me surge.»; «Estou farta de pensar e abandono.»; «Não me apetecia ver esta obra
outra vez.»; «Desisto de me concentrar na audição.»
Nesta obra, a intensidade associada às diferentes categorias não foi muito diferen-
ciada, variando entre 2,23 e 1,75, para as categorias explicação e ver como, respectivamente
(Apend. Q. 51). A categoria menos mencionada nesta obra pelos participantes, a catego-
ria gosto, apresenta uma intensidade média. As categorias percepção e reflexão, as mais
utilizadas pelos participantes, estão igualmente associadas a uma intensidade média. A
categoria onde é apresentada maior intensidade, em relação às restantes categorias, é a
categoria explicação, sendo esta também a terceira categoria mais usada pelos sujeitos nos
Estetigramas III. Diálogos com a arte 113 114 III. Diálogos com a arte Estetigramas
estetigramas. Assinalamos também a relação entre o uso e intensidade da categoria atitude. do encontro com a obra. O imaginário da ficção científica entrecruza-se para o sujeito com as
Esta é a segunda categoria menos usada nos estetigramas e, por oposição, a segunda em que características formais (preto e branco, banda sonora) e conteúdo (suicase man, mala) do vídeo.
se verifica uma maior intensidade. No que respeita às diferenças entre os grupos, podem Outra hipótese encontra no olhar do autor a «visão de um realizador», o sentido para a obra que
observar-se diferenças em várias categorias: os não-artistas atribuíram maior intensidade às capta «diferentes tempos, o da mala e o da realidade, movem-se em velocidades diferentes».
categorias percepção, memória, conhecimento, reflexão, daydreams, expectativa, reserva e momen-
tos adicionais, com excepção para a categoria expectativas, em que o uso dos não-artistas é Quadrante
significativamente superior ao dos artistas e as categorias reflexão e momentos adicionais em
que se identifica uma tendência para um uso mais frequente dos não-artistas. Nas restantes A primeira análise do quadrante R. L. Jones centrou-se no posicionamento de cada cate-
categorias referidas, os grupos aproximam-se quanto ao uso, reforçando assim a importân- goria no quadrante a partir da soma dos valores absolutos de cada indivíduo (Apend. Q.
cia da intensidade atribuída a cada uma. Os artistas, na categoria sentimento, apresentam 53 e Q. 54). Nesta análise, apenas foi considerado o posicionamento de cada momento no
uma maior intensidade, embora a usem significativamente menos do que os não-artistas. quadrante e não a sua intensidade. Depois de analisadas individualmente, as categorias
agruparam-se em dimensões, permitindo mapear a criação de sentido dos sujeitos em
Caso D relação a esta obra. Apresentamos o posicionamento no quadrante das cinco dimensões:
cognitiva, afectiva, imaginativa, comportamental e espera (Fig. 36). A dimensão predomi-
Descrevemos até ao momento o processo da criação dos estetigramas para o grupo e apre- nante é a dimensão cognitiva, mais representada entre os sectores extrínseco-intrínseco.
sentamos agora a exemplificação centrada num caso (Fig. 34 e Fig. 35). A dimensão afectiva surge nos sectores extrínseco-afectivo, distribuindo-se entre a zona
Para o caso escolhido, o início do primeiro encontro com a obra, The Mirror Suitcase interior e exterior do quadrante. A dimensão comportamental, imaginativa e espera apre-
Man, foi marcado pela identificação e descrição da cena visionada, seguindo-se um sentam uma maior dispersão no seu posicionamento no quadrante, distribuindo-se de
momento judicativo em que atribui sentido à mala. Integrados na dimensão imaginativa forma semelhante entre a zona interior e exterior.
assinalamos a sequência de três momentos de ver como em que, partindo do conteúdo da
INTRÍNSECO
obra, som e enquadramento, o sujeito recria uma «narrativa ou consciência pessoal» que (formal)
reforça a «dimensão plural do tempo e do espaço».
Em seguida, o foco desloca-se para o protagonista da acção, «homem imóvel» que
Estéril Primevo
«contempla a realidade». A sequência que alterna categorias da dimensão cognitiva, per-
cepção, reflexão e explicação culmina num momento que associa memória e juízo, sendo
feita alusão ao flâneur descrito por Charles Baudelaire em O pintor da vida moderna. Em
parte, dissociando deste momento, o sujeito volta a centrar a atenção na mala, apontando
para a sua presença diferentes sentidos:
COGNITIVO AFECTIVO
(intelectual) (emocional)
19. Percepção e 20. Reflexão: «A mala lembra uma lente. Ela focaliza a realidade.»
21. Explicação: «Poderá ser objecto para nós observarmos algo que passaria despercebido
de outro modo».
21. Reflexão: «Observa os outros que andam...»
Icónico Sentimental
Numa abordagem mais imaginativa, voltam a ser apontadas hipóteses para a presença do
suitcase man, «[...] recolhe imagens para um banco de imagens», «preenche uma ausência». EXTRÍNSECO
(instrumental)
Este é o único momento em que é utilizada uma categoria da dimensão afectiva, sentimento, Dimensão Cognitiva
assinalando o vazio que fica após a partida da personagem que nos conduz ao longo da narra- Dimensão Afectiva
Dimensão Imaginativa
tiva. De seguida o som irrompe no processo de criação de sentido, um «barulho da máquina Dimensão Comportamental
Dimensão Espera
de escrever» que «reforça a noção de reflexão do sujeito». A utilização da categoria atitude
determina a posição do sujeito face à obra: «Pensamento interior de outro alguém exterior
Figura 36. The Mirror Suitcase Man. Mapeamento das dimensões cognitiva, afectiva, imaginativa,
à cena. Não sou eu... pelo idioma será o do autor.» Este momento parece conduzir à síntese
comportamental e espera, no quadrante R. L. Jones.
115Estetigramas
III. Diálogos com a arte Estetigramas
OA O/OA
O/C/OA Apresentam diferenças O/C/OA
O/C/OA Poderá ser objeto para nós
Charles de Baudelaire mas fazem parte do A mala lembra uma lente.
Contraste observarmos algo que passaria
"O pintor da vida moderna". mesmo conjunto Ela focaliza a realidade.
forma fundo. despercebido de outro modo.
O/OA É um flaneur.
18 19
O que faz? 17
Percepção Memória 21
Contempla a realidade... 16 Percepção
14 Juízo 20 Explicação O
Explicação Reflexão Observa os outros que andam...
15
OA 13 Memória
22
O homem não aparece Percepção Reflexão
O
O sujeito recolhe imagens para
23 um banco de imagens
O/OA 12
Espera algo? Reflexão Ver como
OA 24
Homem imóvel 11 Ver como
Percepção O
Preenche uma ausência.
25 Quando parte fica o vazio.
O/OA Sentimento
Dimensão 10
plural do tempo Ver como
e do espaço
26 OA
Percepção Barulho da máquina de escrever.
O/C/OA
9 27
Reforça a noção de reflexão
Ver como Reflexão do sujeito
28 O/C/OA
O/OA
8 Atitude Pensamento interior de outro alguém exterior à cena.
Formato da janela,
formato definido, Memória Não sou eu... pelo idioma será o do autor.
a janela permite-nos
ver mais coisas, espreitar 7
Percepção
29 O/OA
Reflexão Recolha variada
arquitectura, pessoas, paisagem.
O 6
Narrativa ou consciência pessoal Ver como O/OA
uma vez que não é perceptível 30 “Quinta dimensão”
5
Daydreams
Percepção
OA O/C/OA
Voz de homem em francês, baixo volume
31
A série de tv na sua versão original a preto e branco.
Memória
4 Local de visionamento separado e escuro
O Reflexão 32 relativamente à restante exposição...
Não transmite uma mensagem 3 Explicação
39
intencional. Permite-nos fazer Juízo O
1 Daydreams 35
uma leitura pessoal. 2 37 Síntese de um alienígena
Percepção 38 36 Percepção
Percepção O Percepção 34
33
O/OA Reflexão Memória
Partiu em missão Explicação
Através dela é-nos permitido O Ver como
O/OA
ver a realidade, auxiliadora, OA O/OA Diferentes tempos:
Colagem animada.
sem ela não a poderíamos ver OA Homem que pára Captação da realidade, o da mala e
Filme de animação O
com a mesma atenção. Crivo. A mala espelha disrupção da mesma o da realidade,
com sucessão de Visão de um realizador
imagens do movem-se
fotografias.
entorno a velocidades
diferentes.
OA O/OA
Olhar não directo mas Porque não se olha directamente?
através do reflexo. Há uma ênfase nesta quebra de
OA visão propositada
A mala espelha imagens do entorno
5
4 Percepção 6
O/C/OA Reflexão O/C/OA
Percepção A deambulação do flâneur.
Falta-me um contexto que
"obriga" a debruçar sobre 3 7
as características plásticas Conhecimento Ver como
O/C/OA
8
Pode ser isso que ouvimos:
Reflexão os seus comentários
O
As noções de 2
forma/fundo, de planos. Memória
9 O/OA
Sentimento Culpa. Pecado. Algo proibido...
OA
Movimento das imagens distinção 1
forma/fundo, nitidez, brilho
Percepção O
10 Encontro um elo comum para
Explicação agregar a sequência de planos.
Aquele que segue alguém.
19 11
OA Momento Daydreams
Ao analisar as notas lembro-me das séries Adicional O
de detectives de Alfred Hitchcock Criação de um enredo e de personagens por mim
- o pedófilo e a criança, a mulher e o casal,
12 o detective e a mulher.
18
Ver como
13 O
Daydreams Alguém que segue outrém.
Emoção
O/OA
Provas, relatos O/OA
da busca... Repulsa por algumas
17
14 imagens por oposição
Ver como a outras mais agradavéis.
16 15 Sentimento
O/OA Reflexão Reserva
Faz-se uma entrega...
O OA O/OA
No final não é o Porque existe a Certas imagens são agradáveis
mesmo sujeito que pausa no filme? nomeadamente a cena do rio
agarra a mala e a da mala sobre o prado.
Caso D
quadrante, entre os sectores extrínseco-estéril. Há neste encontro uma menor dispersão no
Apresentamos os quadrantes R. L. Jones, do mesmo sujeito, no encontro I e II com a quadrante, apresentando-se dois momentos importantes da dimensão afectiva:
obra, respectivamente (Fig. 37 e Fig. 38). No primeiro encontro os momentos experienciais
concentram-se na zona interior do quadrante, entre os sectores extrínseco-formal. Entre os 9. Sentimento: «Culpa, pecado. Algo proibido...»
sectores formal-extrínseco, em particular na zona exterior, assinalamos uma quase ausên- 12. Emoção: «Certas imagens são agradáveis, nomeadamente a cena do rio e da mala sobre
cia de momentos no quadrante, o que revela presença reduzida da dimensão afectiva no o prado.»
processo de criação de sentido, uma tendência já notada no estetigrama. A abordagem à
obra neste encontro é primordialmente cognitiva e extrínseca, destacando a coerência no As categorias associadas à dimensão imaginativa, ver como e daydreams posicionam-
posicionamento da categoria explicação sempre próxima do centro do quadrante. -se de forma mais coerente, quando comparadas com o encontro inicial. O momento
No segundo encontro, é visível a redução no número de momentos experienciais, que ocupa o centro do quadrante é uma reflexão: «5. Percepção: Olhar não directo mas
embora exista uma maior uniformidade na sua intensidade, de um modo geral média. através do reflexo. Por que não se olha directamente? Há uma ênfase nesta quebra da
A maior concentração de momentos é semelhante ao encontro I, na zona interior do visão propositada.»
INTRÍNSECO INTRÍNSECO
(formal) (formal)
Estéril 5 7
PR
Primevo Estéril Primevo
PR
13
3 RS
JZ 2
4
10 RF MM
VC 5
8 PR
6 MM
VC
9
VC 14
14
33 31 1 Reflexão
RF
VC 34 MM PR
2 12
EXP 21 17 EM
PR AFECTIVO
COGNITIVO 1 13 19 14 ão
EXP 32 AFECTIVO COGNITIVO 6 MA
PR PR PRão17 Mem 8 12 8
(intelectual) 11 18
36 Percepção 22
EXP (emocional) (intelectual) RFão VC RF SN (emocional)
PR Mem 35 29 RF 20
RF 4 15 11
38 PR RF 28 25 PR VC
RF 37 16 AT SN DD
23 16
PR Juízo 27 VC
30 RF 24 DD
15 DD VC 7
MM 38 39
RF DD 10 VC
EXP
26
PR 3
CN
12
Icónico RF Sentimental Icónico Sentimental
EXTRÍNSECO EXTRÍNSECO
(instrumental) (instrumental)
Figura 37. The Mirror Suitcase Man. Quadrante R. L. Jones A. 3, Encontro I. Figura 38. The Mirror Suitcase Man. Quadrante R. L. Jones A. 3, Encontro II.
Nota. PR – Percepção, RF – Reflexão, MM – Memória, EXP – Explicação, DD – Daydreams, VC – Ver como, Nota. PR – Percepção, CN – Conhecimento, RF – Reflexão, MM – Memória, EXP – Explicação, DD –
SN – Sentimento, AT – Atitude, JZ – Juízo. Daydreams, VC – Ver como, SN – Sentimento, EM – Emoção, MA – Momentos adicionais, RS – Reserva.
III. Diálogos com a arte 103
119
Textos-matriz
Espaços semânticos
Os textos-matriz foram realizados no final de cada um dos encontros com a obra, e após
concluídas as três etapas anteriores: notas, estetigramas e quadrante R. L. Jones. Da aná-
lise qualitativa dos textos, emergiram três dimensões: interpretativa, processual e contex-
tual (Fig. 39 e Apend. Fig. 71). A primeira, interpretativa, corresponde a uma maior com-
plexidade no conteúdo, evidenciado também, pelas categorias que a compõem – forma-
-conteúdo, explicação, hipóteses, associação, projecção-afectos, conhecimento, juízo e atitude. A
dimensão interpretativa é entendida como uma possibilidade em aberto para o entendi-
mento e fruição da obra. As dimensões processual e contextual incluem fragmentos textu-
ais, com referências instrumentais, quer relacionados com o contexto no qual a obra foi
visualizada, quer no processo de aprendizagem.
As três dimensões distinguem-se estatisticamente entre si. Os participantes utili-
zaram mais as categorias associadas à dimensão interpretativa do que as categorias
da dimensão processual e da dimensão contextual (Apend. Q. 55). Da mesma forma,
a dimensão processual foi mais utilizada pelos participantes do que a dimensão con-
textual. Quando comparados os grupos, apenas se encontram diferenças significa-
tivas na presença da dimensão processual, mais usada pelo grupo dos não-artistas
(Apend. Q. 61). Entre os dois encontros com a obra, existem diferenças significativas
na dimensão interpretativa, mais presente, para o grupo total, no primeiro encontro
do que no segundo (Apend. Q. 56). Esta tendência está presente em todas as catego-
rias que integram a dimensão interpretativa, sendo estatisticamente significativa nas
categorias conhecimento, explicação, atitude e juízo. Existem igualmente diferenças
significativas entre os dois encontros na dimensão processual, estando mais presente
no segundo encontro do que no primeiro. Esta diferença verifica-se em particular na
categoria encontros. Nesta categoria incluem-se fragmentos de texto que comparam os
dois encontros com a obra:
conceito
narrativa
técnica
metáfora mala devaneio imaginativo
encontros contexto
Processual Contextual
criação de sentido ferramentas acontecimentos laterais
Em segundo lugar, nos textos-matriz, surge como mais mencionada a categoria forma-
-conteúdo, não se diferenciando estatisticamente das categorias juízo, atitude, associação e
projecção-afectos (Apend. Q. 57 e Q. 60). Nesta obra, a categoria forma-conteúdo centra-se
na descrição da acção e elementos representados num plano, acção da mala, acção do
suitcaseman, planos de transição e troca da mala. Incluem-se igualmente nesta catego-
ria referências ao som da obra, em particular a sua identificação – idioma, máquina de
escrever, voz, ruído:
«Foquei-me nos planos, como se fosse possível a imagem sobreviver per si. Vejo uma mala
pousada num campo, confunde-se com a paisagem e reflecte-se nesta. Um homem que
passa da esquerda para a direita pega na mala. Um homem caminha (sem mala) ao lado
de uma mulher. Num ambiente urbano, a mala reflecte o funicular que transita.» (A. 16)
«Há uns estalidos acompanhados de sons mecânicos arrastados e repetitivos que acompa-
nham quase todo o vídeo e sons que me parecem vozes de pessoas.» (A. 7)
« Depois vê-se um homem a subir umas escadas em caracol, que não têm fim, aí não é uma
mala que reflecte, é o homem da mala sem rosto que observa. Está numa rua em que ao
fundo há uma igreja, muitos carros.» (NA. 10)
«Tomo agora atenção aos detalhes. Vejo um eléctrico com o número 677 e, novamente,
ouço a máquina de escrever assinalando tudo o que fica registado. Vários flashs, as pes-
soas.» (NA. 11)
III. Diálogos com a arte 107
123
Nos textos-matriz produzidos a partir do vídeo, The Mirror Suitcase Man, a categoria
juízo corresponde, principalmente, à avaliação do vídeo e a aferições sobre o seu con-
ceito. A obra é caracterizada como ambígua, intrigante, misteriosa, curiosa, e, nesse
sentido, é avaliada tanto negativa como positivamente. A avaliação negativa está muitas
vezes relacionada com as más condições do som ou com o próprio suporte vídeo que
dificulta a apreensão, na totalidade, da obra. Sobre o conceito, é feita referência à rela-
ção do mesmo com a técnica – relação da velocidade lenta e a criação de uma atmos-
fera poética, o preto e branco como ponto de associação à fotografia, e acentuando um
jogo de mistério. São também identificadas algumas dicotomias – mobilidade/estático,
público/privado, realidade/ficção. Nos textos-matriz, os sujeitos produzem também juí-
zos sobre: o som – arrepiante, sinistro, misterioso, repetitivo; o mundo da arte – o papel
do vídeo na arte contemporânea, o desafio que este suporte apresenta de um modo
geral para o público; e a técnica – intencionalidade na ausência de cor, distorção sonora,
anonimato das personagens.
«Existe uma ambiguidade misteriosa presente em todo este filme. Imagens que se afas-
tam da realidade mediante a construção de encenações. Parece que a intenção do artista
consiste na potenciação de enigmas que a câmara vai fixando numa sequência de 20 pla-
nos.» (A. 16)
«Acabei por concluir que os pontos de interesse mais relevantes neste vídeo centram-se
no jogo de pontos de vista e na abertura de espaço subjectivo, pondo em questão e colo-
cando em confronto vários conceitos como a mobilidade, o estático, o privado e o público.
Também eleva um artefacto quotidiano (mala) a objecto filosófico.» (A. 7)
«A obra é intrigante. Há uma intensidade qualquer a que se regressa.» (NA. 25)
«A complexidade, simultaneidade de imagens e multiplicidade de sentidos da obra tornam-
-na insólita. Contemporânea.» (NA. 15)
A categoria atitude está representada nos textos-matriz da obra, de Rui Calçada Bastos,
de forma quase exclusiva, por referências às condições de visionamento da obra. Na des-
crição do seu comportamento, os participantes assinalam as decisões tomadas na sua
relação com a obra: necessidade de uma abordagem faseada; enfoque nos sons, na narra-
tiva, em pormenores; visualização do início ao fim antes de avançar para o registo escrito
(notas); necessidade de rever a obra mais do que uma vez.
«A apropriação do conhecimento sobre uma obra em vídeo processa-se de uma forma dife-
rente da de uma pintura ou escultura. Tenho de vê-la várias vezes, não de ângulos e perspec-
tivas diferentes, mas da mesma forma, várias vezes, do início ao fim, sempre procurando
reter o máximo de informação possível.» (A. 17)
«No momento em que cheguei perto desta obra, deste vídeo, este encontrava-se a meio da
visualização. Por essa razão, optei por tomar atenção aos sons em primeiro lugar.» (NA. 11)
108
124 III. Diálogos com a arte
«Entre baloiços e bancos de jardim vazios, a estranha personagem parecia procurar algo,
repovoando novamente o espectador de uma sensação voyeurista.» (A. 1)
«O som sinistro, de que me apercebi no início, não se conjuga com o que sinto ao visuali-
zar as imagens do parque, do banco de jardim, de árvores e água, ambientes que me trans-
mitem calma e nos quais costumo relaxar. São ambientes conhecidos que me fazem sentir
confortável a observar esta obra.» (NA. 11)
«Num filme, estamos à espera de uma narrativa fechada. Nesta obra não existe nem nar-
rativa, nem encerramento, o que cria um sentimento de instabilidade, quase uma angústia,
porque não conseguimos resolver o mistério.» (NA. 26)
«Um sentimento melancólico atravessa a obra.» (A. 16)
A categoria gosto revela a empatia dos sujeitos com esta obra e com o trabalho do artista
em geral. Apreciação positiva do vídeo enquanto suporte artístico. Rejeição da arte con-
temporânea pela sua ambiguidade e cariz provocatório: «Esta arte, dita contemporânea,
pós-moderna, é tão chocante, ambígua... quase sempre fico incomodada, não gosto! Não
há belo! Não há esperança! [...]»; «Habitualmente, presto atenção, em contexto de expo-
sições, a obras em suporte de vídeo porque várias vezes me aconteceu gostar dos seus
126
110 III. Diálogos com a arte
Perfis de observação
Com base nos dados importados da análise qualitativa, realizámos uma análise de cor-
respondências múltiplas (ACM)4 com o intuito de mapear a proximidade das categorias
entre si e a sua associação aos sujeitos. A análise de clusters permitiu identificar três
perfis – grupos heterogéneos de sujeitos, artistas e não-artistas, próximos entre si pelo
uso das categorias (Apend. Fig. 72). O perfil I integra dois artistas e dois não-artistas; o
perfil II integra seis artistas e cinco não-artistas; e o perfil III quatro artistas e cinco não-
-artistas (Fig. 40).
Artista Não-Artista
Artista Não Artista
Artista Não Artista
26
12
1 9
21 1
15 1
5
26
Perfil I
5
26
20
5 Perfil III 17 25 Perfil I
17 12
10 25
10 7
17 12
10 7 16
8 3
16
8 9 Perfil II 27
3
30 6 19
Perfil II 22 27
28
13 9 29 19 20
30
22 28 13 15
3 11 8 29 20
21
30 28
22 13 15Perfil III
21
25 Perfil II Perfil I Perfil III 6 11
7 29
16 19 27 6 11
Figura 40. The Mirror Suitcase Man. Textos-matriz. Análise de correspondências múltiplas
(α Cronbach total 0,717). Proximidade dos sujeitos. Associação dos sujeitos por perfil.
Perfil I I
Perfil
Perfil II II
Perfil
CN Perfil III III
CN Perfil
Perfil III III
Perfil
GST
GST Dimensão
Dimensão Interpretativa
Interpretativa
AM
AM - Forma-conteúdo
FC FC - Forma-conteúdo
HE CT
HE CT - Hipóteses
HE HE - Hipóteses
AMAM - Associação
- Associação
JZ
JZ PA CNCN - Conhecimento
- Conhecimento
PA
EXPEXP - Explicação
- Explicação
AL PA -PAProjecção-afectos
- Projecção-afectos
AL FC CN
EXP
EXP E FC CN - Atitude
AT AT - Atitude
E
AT EXP JZ -JZJuízo
- Juízo
AT EXP
EXP
EXP
PA
JZ
JZ Dimensão
Dimensão Processual
Processual
FC PA
JZ FC
JZ PF -PFProcesso-ferramentas
- Processo-ferramentas
AM AT
AM AT
CS
CS CS- Criação de de
- Criação sentido
sentido
CS
E - EEncontros
- Encontros
PF
Perfil II II
Perfil
PF
Dimensão Contextual
Dimensão Contextual
Perfil I I
Perfil - Contexto
CT CT - Contexto
- Acontecimentos
AL AL laterais
- Acontecimentos laterais
Pouco relevante
Pouco relevante Relevante
Relevante Muito relevante
Muito relevante
Cluster Principal
Cluster Principal Cluster Secundário
Cluster Secundário Cluster Misto
Cluster Misto
Figura 41. The Mirror Suitcase Man. Texto-matriz. Análise de correspondências múltiplas
(α Cronbach total 0,717). Proximidade das categorias. Associação das categorias aos perfis.
128
112 III. Diálogos com a arte
A associação das categorias aos perfis permitiu identificar três clusters: principal,
secundário e misto (Fig. 41). As categorias presentes nos clusters principais caracterizam
cada um dos perfis individualmente. Assim, o perfil I utiliza de forma muito relevante
as categorias atitude, projecção-afectos e juízo, relativas à dimensão interpretativa e a cate-
goria processo-ferramentas, relevante, da dimensão processual. Ao perfil II estão mais asso-
ciadas as categorias explicação, juízo e criação de sentido, no nível relevante. Nos clusters
principais dos perfis I e II não se encontra nenhuma categoria da dimensão contextual.
Pelo contrário, sobre o perfil III, podemos afirmar que se destaca a presença da dimensão
interpretativa com o uso muito relevante da categoria associação-memória e relevante das
categorias conhecimento, gosto e hipóteses. Encontram-se também no cluster principal deste
perfil a categoria contexto, no nível relevante. Nos clusters secundários estão incluídas as
categorias comuns a dois perfis: as categorias juízo, projecção-afectos, forma-conteúdo, ati-
tude, acontecimentos laterais e encontros, relevante, comuns ao perfil II e III, e a categoria
conhecimento, muito relevante, comum ao perfil I e III. No cluster misto, surgem as catego-
rias cuja distribuição é semelhante estando por isso equidistantes dos três perfis.
As categorias em que se nota que há diferenças entre o valor esperado e o valor encon-
trado5, em termos de distribuição das respostas dos sujeitos pelos perfis nesta obra, são
as categorias hipóteses, associação-memória, conhecimento, projecção-afectos, atitude, juízo,
processo-ferramentas e contexto, o que significa que estas categorias são diferenciadoras
dos perfis (Fig. 42 e Apend. Q. 63)6.
80%
60%
40%
20%
0%
PI PII PIII PI PII PIII PI PII PIII PI PII PIII PI PII PIII PI PII PIII PI PII PIII PI PII PIII
Conhecimento Atitude Processo- Contexto
ferramentas
Figura 42. The Mirror Suitcase Man. Textos-matriz. Distribuição de categorias tricotomizadas pelos perfis
(com diferenças significativas).
Nota. O nível pouco relevante corresponde para todas as categorias à ausência de ocorrências, excepto
para a categoria juízo.
Caso D
que está focado no seu plano». O texto é na sua essência explicativo e encerra com uma
apreciação judicativa que classifica esta experiência como pouco agradável, influen-
ciada pelo «[...]facto de não ter visionado o filme desde o início [...]», o que não ajudou
à «[...]atribuição de um sentido com enredo e personagens, privilegiando um sentido
plástico mais forte».
«No primeiro visionamento da obra The Mirror Suitcase Man, entendi o filme como cen-
trado no recolher de imagens através de uma mala. Esta mala, algumas vezes, confundia-se
com o entorno, uma vez que o reflectia, e outras vezes dele se destacava, já que produzia
imagens contrastantes.
Iniciei o meu visionamento e anotações a meio do filme, e não me foi possível abstrair
daquilo que já tinha visto. De qualquer modo encontro na sequência de planos um destacar
de uma realidade que de outro modo, num plano normal, não "emoldurado" pela mala, não
seria alvo de atenção, não adquiriria tanta importância.
Este centrar na imagem, dá-lhe um carácter próprio, leva à interrogação do seu propósito,
das suas qualidades plásticas, daquilo que está focado no seu plano.
No primeiro visionamento, remeti a sequência a uma metáfora do cineasta ou mesmo uma
recolha das imagens pelas imagens, como se de um banco de dados se tratasse, e daí
remetê-las à importância para aquele que segura a mala ou encomenda a recolha.
Não me foi particularmente agradável, mas creio que o facto de não ter visionado o filme
desde o seu início, me facilitou a não atribuição de um sentido com enredo e personagens,
privilegiando um sentido plástico mais forte.»
«No segundo visionamento houve uma procura de um significado mais humanizado, sem-
pre entendendo o percurso, como algo estruturado, com um fio condutor, um pouco como
guião de cineasta (metáfora do cinema). Foram então destacados os indivíduos cuja ima-
gem se reflectia na mala espelhada, personagens perseguidas ou investigadas.
Os sentimentos negativos que as imagens podem ter despoletado, creio, poderão ter sido
canalizados para uma associação a situações paradigmáticas de conflito pessoal, que revela
um pouco da tensão que vinha sendo acumulada na sucessão de planos. Neste segundo
contacto com a obra em especial, penso que, por esta não me ter sido agradável, ou por
com ela não ter criado empatia, me remeti para além de uma leitura negativa, e para uma
continuidade com a leitura anterior, ao ter recriado com as personagens, cenas ou persona-
gens típicas de filmes – a mulher traída, o pedófilo, o detective – nestes recorrentes.
Ao mesmo tempo, creio que este dar sentido à obra, de apontar para alguma resolução,
tinha também relação com esse desconforto que ela me provocava. A minha leitura talvez
me pacificasse um pouco, desligando-a de mim e atribuindo-lhe uma metáfora do cinema,
com referências exteriores que não me eram particularmente significativas.
De qualquer modo a recolha selectiva, quer por motivos mais pessoais ou plásticos, encon-
tra-se na base das duas análises.»
Caso F
Texto 11. The Mirror Suitcase Man. Texto-matriz Encontro I NA. 12.
«Trata-se de uma obra que acho muito interessante pela linguagem e estética que utiliza.
Desconhecia totalmente a obra e o autor, mas foi uma boa surpresa e no futuro vou tentar
saber mais sobre a obra deste jovem artista. Habitualmente presto atenção, em contexto de
exposições, a obras em suporte de vídeo porque várias vezes me aconteceu gostar dos seus
conteúdos ou explorações criativas. De facto, acho que este meio pode ser bastante criativo,
para além de apresentar imagem em movimento, pode também fazê-lo com still images e
empregar diversas linguagens, constituindo objectos mais híbridos.
Na obra em análise, há uma estética muito vincada, o recurso ao preto e branco e o som,
que faz lembrar as máquinas de projecção para 8mm, pretende, julgo, invocar um tempo
passado ou uma memória. A obra revela uma sucessão de imagens que se ligam separadas
por rápidos halos de luz, o que, em conjunto com o tema das imagens e o modo como são
filmadas, contribui para que a obra se revele como uma sucessão de imagens oníricas, sere-
nas, como se de um sonho se tratasse. Existe uma narrativa que mesmo não sendo decla-
rada é fácil de acompanhar e passível de interpretar, talvez se trate de mostrar percursos
familiares, o dia-a-dia das pessoas, o quotidiano das cidades, ou talvez algo mais universal
e abrangente que relate a metáfora da vida. Há uma ideia de ciclo. O início do vídeo começa
como vai terminar, não pela mão da mesma pessoa, mas seguramente representando o
mesmo. Inicialmente estava muito atenta a ver a obra, a observar todos os detalhes, a ten-
tar reconhecer a ou as cidades, mas sem sucesso... e tentava perceber a lógica que podia
encadear as imagens. O som também é difuso, houve-se dactilografar, um homem que
fala francês... mas os sons são um pouco confusos e acho que ajudam a acentuar a ideia
de um não-tempo, de um-não lugar que pode assumir todos os lugares. Na minha opinião
trata-se de um exercício poético, uma ode à vida ou uma representação dela, em que se
alia natureza e progresso, as várias componentes que formam a vida e, ao mesmo tempo,
um exercício que capta gestos, comportamentos e acções – quotidianos elevando-os a uma
dimensão poética e emotiva.»
III. Diálogos com a arte 117
133
Texto 12. The Mirror Suitcase Man. Texto-matriz Encontro II NA. 12.
«Ao contrário da obra da Sarah Affonso, com esta, The Mirror Suitcase Man, de Rui
Calçada Bastos, acho que poderia repetir cada frase escrita no primeiro texto-matriz.
Concluo que o meu entendimento da obra não se alterou significativamente. É uma
obra que comunica comigo e de que gosto. Esteticamente conduz-me a um universo
onírico, mas também a lugares de memória, pelas técnicas empregues e uso do preto e
branco, do grão da imagem, da simulação de película… A sucessão de imagens encadea-
das umas nas outras revelam-nos uma história de viagem, de percurso, talvez o ciclo da
vida, uma vez que o vídeo inicia e finaliza no mesmo lugar. Há uma ideia de repetição e
um desfilar de momentos quotidianos, apelando-me ao seu carácter de universalidade,
porque independentemente dos locais filmados esta acção é comum à humanidade em
geral, independentemente de contextos culturais e geográficos, aludindo poeticamente
à metáfora da vida.»
Discussão
A análise de conteúdo das notas elaboradas pelos participantes permitiu identificar onze
categorias, organizadas em quatro dimensões: cognitiva, formal, afectiva e comportamental.
A dimensão com maior presença é a formal. A categoria forma-conteúdo, com referências
ao conteúdo formal do vídeo e ao que nele está representado, é a mais mencionada pela
globalidade dos participantes, diferindo estatisticamente de todas as restantes categorias.
Entre o primeiro e o segundo encontro existem diferenças estatisticamente significati-
vas na categoria forma-conteúdo e gosto, tendo-se registado mais ocorrências no primeiro
encontro. Podemos considerar que no primeiro encontro os sujeitos se centraram no
mapeamento da obra, em particular na narrativa apresentada, definindo no segundo
encontro uma posição mais judicativa.
A dimensão afectiva esteve menos presente nas notas do que as restantes dimensões,
tendo esta obra provocado mais sentimentos negativos do que positivos nos sujeitos, exis-
tindo diferenças significativas entre as categorias tensão e bem-estar. Os sentimentos posi-
tivos são pouco evidentes nas notas tomadas a partir do vídeo que projectou, em alguns
sujeitos, empatia, calma e curiosidade. Centrando-nos agora nas diferenças entre artistas
e não-artistas, estas apenas existem, de forma significativa, em duas categorias: associação
e forma, apresentando os artistas um maior número de ocorrências. Para a categoria asso-
ciação essa diferença encontra-se nas subcategorias palavras isoladas e som e na categoria
forma nas subcategorias técnica e composição.
A análise de correspondências múltiplas (ACM) permitiu identificar três perfis,
equilibrados quanto à sua constituição (artistas e não-artistas), distintos pela presença
das categorias. O cruzamento dos resultados da análise de correspondências múltiplas
134
118 III. Diálogos com a arte
Quadro 4. The Mirror Suitcase Man. Comparação dos perfis identificados na análise de correspondências
múltiplas das notas e textos-matriz.
Notas
As categorias menos diferenciadoras dos perfis, comuns aos três perfis em proximidade e nível de relevância, são
as categorias hipóteses e bem-estar, ambas incluídas no cluster misto da análise de correspondências múltiplas
Formal-Associativo Comportamental-Afectivo Formal-Explicativo
Caracteriza-se pelo uso muito Caracteriza-se pelo uso muito Define-se pelo uso muito
relevante das categorias que relevante das categorias tensão relevante da categoria explicação,
lhe estão mais próximas: forma e atitude distinguindo-se dos e relevante da categoria forma.
e associação, apresentando-se outros dois perfis também pelo É de todos o menos próximo
distanciado das dimensões uso relevante das restantes da dimensão afectiva.
comportamental e afectiva. categorias que integram a
dimensão comportamental:
gosto e juízo. É de todos
o que menos usa a categoria
forma e explicação.
A. 6, A. 7, A. 20, A. 1, NA. 15, A. 22, A. 17, A. 19, NA. 11, NA. 30, A. 8, A. 5, A. 21, A. 3, NA. 12, NA.
NA. 27 NA. 26, NA. 28 10, NA. 9, A. 16, NA. 29, NA. 13,
NA. 25
Textos-matriz
Podemos afirmar que a dimensão interpretativa é mais diferenciadora dos três perfis. Os três utilizam de
forma semelhante as categorias forma-conteúdo e explicação.
Comportamental-Afectivo Neutro Cognitivo-associativo
Caracteriza-se pelo uso muito É o perfil menos complexo, Caracteriza-se pelo uso relevante
relevante das categorias atitude, na medida em que usa e muito relevante das categorias
juízo e projecção-afectos. de forma menos relevante associação e conhecimento.
Aproxima-se mais das questões as categorias que integram Aproxima-se mais da dimensão
processuais, nomeadamente a dimensão interpretativa. contextual, pelas referências
o uso das ferramentas. à influência do contexto
A. 19, A. 22, NA. 27, NA. 28 A. 8, A. 16, A. 7, A. 3, A. 6, A. 20, A. 17, A. 5, A. 1, A. 21, NA. 26, NA.
NA. 29, NA. 13, NA. 25, NA. 11, 12, NA. 15, NA. 9, NA. 10
NA. 30
III. Diálogos com a arte 121
137
Retrato de Matilde
Retrato de Matilde
Análise multidimensional da criação de sentido
Figura 43. Retrato de Matilde, Sarah Affonso, óleo sobre tela, 1932 (CAM, FCG).
140
124 III. Diálogos com a arte
Notas
Espaços semânticos
memória
cor
artista-obra
palavras isoladas mundo da arte
figura
Associação Conhecimento devaneio imaginativo
Sarah-Matilde
Hipóteses contexto
sentido geral da obra Cognitiva figura
livro sentido geral da obra livro
Explicação avaliação negativa
empatia calma
incómodo
expectativa
Artistas
«A figura feminina é o elemento central da composição. Os seus braços descrevem uma
diagonal que divide a composição, na parte inferior da mesma encontra-se o livro.» (A. 5)
«A volumetria é sugerida pelo tratamento do claro-escuro, essencialmente nos panejamen-
tos e rosto da figura.» (A. 5)
«As cores não são planas mas sim modeladas com centenas de tonalidades diferentes em
pinceladas de rastos bem visíveis, com valores de claro-escuro que criam volumes, tanto na
figura como na sua roupa.» (A. 17)
«Pintura com predominância do vermelho-inglês, óxido de ferro e azul prússia.» (A. 20)
«Luz pontual e relativamente forte, criando contrastes que tornam os volumes – do rosto,
do livro – mais acentuados. » (A. 22)
Não-artistas
«Pintura a óleo, com textura. Traços bem delineados.» (NA. 11)
«Corpo da mulher que ocupa toda a tela como uma massa...» (NA. 27)
«Cores rosadas e quentes (nas faces da senhora, nos lábios, no fundo) contrastam com o
azul esverdeado da sua roupa.» (NA. 11)
«Azuis e vermelhos.» (NA. 28)
III. Diálogos com a arte 127
143
Na categoria associação incluem-se excertos nos quais os sujeitos relacionaram esta obra
com outros autores e movimentos artísticos, tendo como elementos de ligação a temática
e as características formais: «Almada Negreiros – técnica»; «Jean-Baptiste Camille Corot
e Eward Hopper – mulheres a ler»; «Lembra-me a pintora Tamara Lempicka»; «o traço
forte dos braços e das mãos faz lembrar algumas pinturas do neo-realismo, embora o
tema não aparente ser: é uma cena do quotidiano, mas do quotidiano burguês» A figura
retratada nesta pintura e em particular o penteado que apresenta, foi ponto de partida
para associações à época em que se enquadra, os anos 30. As cores utilizadas são igual-
mente ponto de partida para algumas associações: «as cores sugerem-me ternura e tran-
quilidade»; «o rosa, ligado à delicadeza e à feminilidade, ao sonho, e o azul à tranqui-
lidade e ao conforto tornam esta obra calma e fácil de demorar o olhar sobre ela». As
memórias pessoais associadas a esta obra, embora pouco frequentes, dizem respeito à
experiência dos sujeitos com a prática artística, em particular a pintura: «o cheiro a tinta
e a terebentina invade o ar. Gosto do cheiro. Faz-me lembrar o quanto adoro desenhar e
pintar e de como gostava de saber fazê-lo com mais conhecimento».
A categoria bem-estar, conhecimento e atitude definem um quarto núcleo de categorias,
não diferindo estatisticamente entre si quanto às ocorrências (Apend. Q. 66). Os princi-
pais sentimentos evocados pela pintura de Sarah Affonso são calma e serenidade, trans-
mitidos pela pose e feições da figura representada, e pela actividade que a envolve, a
leitura. A pintura evoca um sentimento de empatia com a acção representada e com a
própria artista.
Os conhecimentos predominantes nas notas sobre esta obra são relativos à própria
artista, Sarah Affonso, pintora casada com Almada Negreiros, e à figura representada,
Matilde Velez Caroço, amiga de Sarah Affonso. Sobre o mundo da arte os conhecimentos
surgem associados à época e estilo da obra: modernismo português, Almada Negreiros.
Contrariamente ao verificado no vídeo de Rui Calçada Bastos, nesta obra, os conheci-
mentos sobre a obra e a artista são mais mencionados do que os conhecimentos gerais
do mundo da arte, o que nos leva a afirmar que era mais familiar para os participantes.
A categoria atitude está representada nas notas sobre esta pintura por referências ao
visionamento da obra (enfoque da análise, necessidade de aproximação ou afastamento
da obra): «(volto ao quadro) desenho as formas redondas: a mulher e a mesa»; «sentei-
-me num banco a alguma distância da obra de propósito, observei-a de longe»; «procuro
pormenores que me tenham escapado no primeiro encontro, mas as conclusões a que
chego são as mesmas.» Na subcategoria pesquisa pós-encontro encontram-se indicadores
relativos à procura de informação sobre a artista e a obra.
As categorias menos mencionadas são as categorias gosto e tensão, que não diferem
entre si (Apend. Q. 66). A categoria gosto representa a preferência generalizada pela obra
ou pela forma como a mesma foi executada.
«É sem dúvida uma grande obra de arte! Gosto muito!» (NA. 10)
«Adoro a fluidez do tecido.» (NA. 11)
«Gosto do ar sereno da mulher, da sua tranquilidade e do seu ar inteligente e sábio.» (NA. 28)
«Gosto do tratamento pictórico: a modelação cromática foi trabalhada a fresco e também
com uma sobreposição de tinta em várias camadas de secagem.» (A. 20)
«Adoro esta tela. Representa, para mim, toda a beleza feminina.» (NA. 28)
Por fim, a categoria tensão, a menos presente nas notas sobre esta obra, inclui senti-
mentos de incómodo, tristeza e expectativa, evocados nos sujeitos: «O quadro não deixa
de me transmitir serenidade, contudo procuro adivinhar o que é que mulher sente.
Fico na dúvida. Será indiferença ou tristeza?»; «Não há mistério, apenas melancolia
criada pelas cores ténues e o olhar sério e fixo sobre o livro.»; «A Matilde não deixa de
estar aparentemente serena, mas hoje, para mim, ela está incomodada.» Existe, entre
as duas categorias que definem a dimensão afectiva, bem-estar e tensão, uma diferença
estatisticamente significativa quanto ao número de ocorrências. Contrariamente ao que
se verificou nas outras duas obras analisadas, Le Cadeau e The Mirror Suitcase Man, o
Retrato de Matilde evocou, nos participantes, mais sentimentos positivos do que negati-
vos (Apend. Q. 66 e Q.69).
As diferenças entre artistas e não-artistas estão mais presentes na dimensão formal
(Apend. Q. 67). Na dimensão cognitiva apenas se encontram diferenças, entre os grupos,
na subcategoria conhecimento, mundo da arte, com maior número de ocorrências para
o grupo de artistas (Apend. Q. 68). Das três obras analisadas esta é a única em que as
146
130 III. Diálogos com a arte
diferenças significativas na categoria juízo indicam o grupo de artistas como os mais fre-
quentes, uma tendência marcada pela subcategoria técnica (Apend. Q. 70).
A par das categorias resultantes da análise de conteúdo e previamente descritas, foram
identificados nas notas observações paralelas, em que se incluem notas adicionais – pausas
no processo de criação de sentido, referências à escolha das obras em análise, comentá-
rios sobre as opções de montagem no espaço envolvente. Abrangidos por esta categoria
estão também registos sobre a influência do contexto – impacto das obras mais próximas
e acontecimentos laterais –, interacção de outros visitantes com a obra, visitas guiadas.
Nos textos-matriz, os excertos incluídos nas observações paralelas assumem maior auto-
nomia, passando a definir categorias e dimensões próprias.
Perfis de observação
Artista Não-Artista
Artista Não Artista
Artista Não Artista
11
1 9
22
3 12 1
5
Perfil II 5 6 1 26
Perfil I
5
21 26
25 Perfil I
29
27 10 17 12
8 25
10 7
28 17 15 12
19 16
10 7
17 8 3
16Perfil III
8 9 Perfil II 3
27
7 13 19
Perfil20
II 27
9 3022 29 19
28
20
30
22 28 13 15
29 20
21
30
13 15Perfil III
16 21
Perfil III 6 11
Perfil I 6
26 11
25
Figura 45. Retrato de Matilde. Notas. Análise de correspondências das notas (α Cronbach total 0,713).
Proximidade dos sujeitos. Associação dos sujeitos por perfil.
C
A
J
Perfil I
PerfilA II C
BE
J E PerfilPerfil
II I
H BE Perfil II
F H
E Perfil
Perfil III II
FC
FCH F
F AT H
FC
Perfil III
FC F
AT
J Dimensão Formal
E
J F Dimensão
- Forma Formal
G E
A BE
- Forma
FC -FForma-conteúdo
G A BE
FC - Forma-conteúdo
C E Dimensão Cognitiva
A
C E
ADimensão Cognitiva
- Associação
A
T Perfil III A - Associação
E - Explicação
AT
T Perfil III E - Explicação
C - Conhecimento
FC
AT
FC F
H-C - Conhecimento
Hipóteses
H
H - Hipóteses
F H Dimensão Afectiva
TDimensão
- Tensão Afectiva
BE -TBem-estar
- Tensão
BE -Comportamental
Dimensão Bem-estar
- Atitude Comportamental
Dimensão
AT
Perfil I
G - AT - Atitude
Gosto
Perfil I
G - Gosto
J - Juízo
J - Juízo
Pouco relevante Relevante Muito relevante
Pouco relevante Relevante Muito relevante
Cluster Principal Cluster Secundário Cluster Misto
Cluster Principal Cluster Secundário Cluster Misto
Figura 46. Retrato de Matilde. Notas. Análise de correspondências das notas (α Cronbach total 0,713).
Proximidade das categorias. Associação das categorias aos perfis.
148
132 III. Diálogos com a arte
Figura 47. Retrato de Matilde. Notas. Distribuição de categorias tricotomizadas pelos perfis
(com diferenças significativas).
3. Na categoria forma, podemos observar que o perfil I é aquele que menos utiliza esta categoria com a totalidade
dos participantes no nível pouco relevante. No perfil II a maioria dos sujeitos utilizaram, de forma relevante, esta
categoria; três encontram-se no nível muito relevante. O perfil III é mais heterogéneo nesta categoria, distribuindo-
-se entre os três níveis de uso. Para a categoria forma-conteúdo, o perfil I mantém-se na totalidade no nível pouco
relevante. Os perfis II e III são ambos heterogéneos nesta categoria, embora oito sujeitos do perfil II se encontrem no
nível mediano. Podemos concluir que o perfil I é o menos formal dos três, o perfil II usa medianamente as categorias
da dimensão formal e o perfil III é heterogéneo quanto aos conteúdos formais registados nas notas sobre esta obra.
As categorias da dimensão cognitiva diferenciadoras dos perfis são, no vídeo The Mirror Suicase Man, as hipóteses
e associação. Na categoria hipóteses o perfil II é aquele que mais a utiliza com nove dos participantes, no nível rele-
vante, e cinco no ponto máximo da escala. O perfil III é o que menos utiliza esta categoria com seis dos sujeitos no
nível pouco relevante. O perfil II também utiliza de forma pouco relevante esta categoria, com dois dos sujeitos no
nível mais baixo da escala. Relativamente à categoria associação os participantes utilizaram-na, sobretudo, de forma
mediana, com cinco dos sujeitos no nível relevante. O perfil II é, dos três, o mais heterogéneo, embora nove dos par-
ticipantes terem usado pouco esta categoria, quatro usaram-na no nível muito relevante.
Enquadradas na dimensão comportamental, as categorias atitude e juízo distinguem os perfis. Na categoria atitude,
o perfil I é o que mais a utiliza com dois dos sujeitos no nível muito relevante e um no relevante. O perfil III, na sua
totalidade, usa de forma pouco relevante esta categoria. O perfil II é o mais heterogéneo, distribuindo-se os sujeitos
pelos três níveis. Por fim, na categoria juízo, o perfil III usa de forma relevante, com cinco dos sujeitos no nível médio.
Os sujeitos do perfil I não usaram esta categoria, e o perfil II é heterogéneo no seu comportamento judicativo sobre a
obra, distribuindo-se os sujeitos pelos três níveis, embora sete se encontrassem no nível muito relevante.
III. Diálogos com a arte 133
149
Caso G
«Calma
Tons pastel
Postura doce das mãos
A figura lê ou dorme (ver horas)
Livro pequeno/manuseável/à escala da mão
Rebordos por pintar
Assinatura pequena (rabisco traço forte e delicado)
(som de passos)
Recosto, figura molda-se ao recosto
Lábios vermelhos muitos desenhados
Semblante cuidado, postura séria, pose de senhora de classe alta
Livro – elitismo? Cultura?
Paleta reduzida a verdes, rosas, brancos, negros, castanhos vermelhos
150
134 III. Diálogos com a arte
No segundo encontro, o sujeito foi mais sucinto nas notas enumerando os pontos de
destaque da análise da obra. O enfoque esteve nas questões formais – técnica, cor, luz,
composição. Sobre a técnica são elaborados dois juízos, sobre as falhas de pigmento e
sobre o estado de conservação da pintura. A dimensão afectiva surge de forma pontual
quando é descrita a figura, «serena mas cansada».
Caso H
Texto 15. Retrato de Matilde. Notas. Exemplificação do Encontro I do participante NA. 28.
Texto 16. Retrato de Matilde. Notas. Exemplificação do Encontro II do participante NA. 28.
OA
As mãos perfeitas da
7
Mulher (sobretudo a que cai)
Percepção
5 6
M. Adicionais Sentim. 8
OA Ver como 10
O/OA O vestido e o livro são 9 Gosto
4 elementos do quadro OA
Percepção C A graciosidade das Há coisas ilustradas Percepção
mãos da Mulher bastante definidos (não
C Oiço a voz da guia a no livro, nas páginas
são manchas de cor)
Interrupção - a guia OA explicar uma obra para abertas O/OA
e os alunos prosseguem 24 3 Inspecciono o um grupo de alunos, A testa da Mulher
a visita para um dos quadros Percepção interior do livro provavelmente, do é grande
Reserva ensino secundário
ao lado deste. Dou por
terminado o encontro
com a obra O/OA
A cara da Mulher
11
1 2 Reflexão
Percepção Percepção
OA OA
OA OA Área do quadro A dimensão da Mulher
Os contornos e o A proporção da ocupado pela Mulher - espaço que ocupa na pintura
modo como o cabeça da Mulher
vestido da Mulher 23
caem estão de Reflexão
acordo com o facto
12
de a Mulher ser Ver como
'cheia'
OA
OA 13 A expressão da cara que
Os contornos do Percepção a Mulher faz - parece estar
vestido estão em 14 difícil ou artificialmente
harmonia com as 16 OA compenetrada na leitura)
Expectativa
22 ondas do cabelo Percepção As rugas no seu
Juízo e a posição dos
OA pescoço
20 18 braços que se OA As bochechas
Percepção ligam nas mãos
O/OA Sentimento 19
A cabeça da Mulher: 15 pintadas -
A Mulher tem um é grande Percepção desaparecem
Reflexão OA 17
rosto gracioso as dúvidas
Levemente Sentim.
OA OA que tinha desde
21 Olhando para a corcunda
OA Não se vêem o primeiro
Ver como pintura, vejo apenas A Mulher tem mais as orelhas encontro
OA a Mulher. Ela parece do que 40 anos (talvez
A Mulher parece estar estar aliada a e de tudo 45 a 50 anos)
sentada junto de uma
janela (por causa da luz
no seu rosto)
Nesta secção apresenta-se a análise da criação de sentido através dos estetigramas para
todo o grupo e sua exemplificação para um caso singular. A dimensão mais usada nos
estetigramas foi a cognitiva, distinguindo-se estatisticamente de todas as outras. A dimen-
são menos usada foi a afectiva, mas só se distingue estatisticamente da dimensão imagi-
nativa (Apend. Q. 72).
Entre o primeiro e o segundo encontro, existem diferenças estatisticamente significati-
vas nas categorias percepção, explicação e memória, todas mais usadas no primeiro encon-
tro (Apend. Q. 73). Embora apresente um significativamente maior número de ocorrên-
cias no primeiro encontro, a categoria percepção foi, no geral, a mais utilizada, apresen-
tando um valor médio muito acima de todas as outras categorias, sem excepção (Apend.
Q. 74 e Q. 75). O enfoque (OCOA) centrou-se nesta categoria na obra de arte e na relação
obra de arte/observador (O/OA) (Apend. Q. 77). Nesta pintura a categoria percepção incide
na descrição do conteúdo representado (figura, livro, contexto):
Percepção: «Observo os cabelos que estão meticulosamente penteados, têm uma ligeira
ondulação na franja, deixando a testa a descoberto. As faces desta mulher são rosadas e o
olhar dirige-se para baixo, para um livro que está sobre a mesa.» (A. 8)
Percepção: «Matilde lê, compenetrada, sentada numa cadeira cujas costas estão do lado
direito da figura, e sobre a qual delicadamente encosta a face sobre as mãos.» (A. 16)
Percepção: «Livro volumoso; roupagem volumosa mas fresca, leve; maçãs do rosto muito
acentuadas; sobrancelhas muito desenhadas; perfil do cabelo muito recortado.» (A. 22)
Percepção: «Destacam-se os lábios e bochechas muito vermelhos, o azul da blusa e o preto
do cabelo arranjado. Parece ter os olhos fechados, mas não. Está a olhar para um livro, que
lê, sobre um mesa de café.» (NA. 10)
Percepção: «As faces são rosadas e a pele é morena. Os lábios estão fechados e pintados de
encarnado.» (NA. 15)
Percepção: «Mulher esbelta, de sobrancelhas bem delineadas, maçãs do rosto ruborizadas.
A delicadeza das suas mãos e a sensualidade do seu vestido de seda azul de época.» (NA. 28)
Explicação: «Detenho-me no livro como se este pudesse ser a chave para o meu problema.
Questiono-me se ele tem significado para a mulher ali representada. Será um livro ou um
álbum de fotografias?» (A. 8)
Explicação: «Sarah parece querer brincar com a visão tradicional de entendimento do "femi-
nino". O lado doce, materno e feminil, de alguma forma retratando-se.» (A. 19)
Explicação: «Porquê retratar alguém numa posição de leitura? Para retratar uma leitora assí-
dua?» (NA. 13)
Explicação: «Olhando melhor parece mesmo que lê. Uma leitura ausente e pouco empe-
nhada como de quem não se entrega totalmente ao acto retratado.» (NA. 25)
Explicação: «Será uma mulher de família (dona de casa) ou trabalhadora revolucionária? Do
campo, da cidade?» (NA. 27)
A categoria memória foi definida, a priori, como associações não especificamente com-
parativas, a circunstâncias anteriores da vida do observador conectadas ou não com o
mundo da arte, ou associações especificamente comparativas em relação a outras obras
de arte. A obra de Sarah Affonso, em particular pelo seu conteúdo, evocou nos sujeitos
conhecimentos e experiências pessoais: «O corpo é roliço, a mulher é muito bonita e está
bem penteada, um penteado típico dos anos 20/30.»; «Pele com tons esverdeados e rosa-
dos (lembra as aulas de modelos do segundo ano).» Surgiram igualmente associações a
outras obras ou artistas do mundo da arte: «Lembra-me a pintora Tamara Lempicka.»;
«Embora de décadas diferentes, existe uma ligação formal entre este retrato e a obra de
Martha Telles visionada anteriormente.»; «Almada Negreiros; relembra-me um retrato de
Sarah Affonso na exposição do Almada em Aveiro, (2000).»
A segunda categoria mais utilizada na construção dos estetigramas foi a categoria refle-
xão. Sobre a pintura Retrato de Matilde inclui-se nesta categoria a análise, crítica e conexão
entre os elementos representados:
Juízo, Reflexão e Ver como: «Pintar-se-ia para estar em casa. Parto do princípio que está em
casa. Porque a vejo numa postura confortável.» (A. 3)
Percepção e Reflexão: «A tonalidade rosada das faces da mulher parece que sobressai, mesmo
com a presença de outros tons semelhantes, fazendo-as parecer quase reais.» (NA. 11)
Reflexão: «O azul do vestido funciona também em complementaridade com o fundo ala-
ranjado ou rosado da parede e com aquilo que parece ser a toalha de uma mesa.» (NA. 15)
Reflexão: «O fundo da cena é indefinido, logo não se percebe se é em casa ou fora, mas
III. Diálogos com a arte 139
158
parece ser no interior de casa, pois não só a mulher não está com jóias como também
parece estar descontraída.» (NA. 29)
Percepção e Reflexão: «A figura sobressai de um fundo de manchas de cor suave, que modu-
lam o seu volume e definem a cena doméstica. Cores quentes e vestido esverdeado com-
binam com o fundo. Técnica impressionista, aplicação espontânea da tinta a óleo.» (A. 19)
Conhecimento, Reflexão e Ver como: «Uma mulher letrada culta, algo não muito comum na
sociedade portuguesa da época. Assim como eram poucas as mulheres artistas, e muito
menos as que prosperavam com o seu trabalho e que ficaram na história.» (A. 6)
Reflexão e Juízo: «A obra de Sarah Affonso é muito naïf, delicada, suave, feminina e sensual,
contrasta com a mulher (elegantemente vestida) que lê a revista, confortavelmente sentada,
de pernas cruzadas, numa pose descontraída. Os tons escuros desta peça realçam a beleza
da obra de Sarah.» (NA. 28)
Reflexão: «A pintura é matéria viva, porque verificamos alguns dos momentos de indecisão
e construção da pintura por parte da artista. O observador pode senti-los e completar ou
participar, de alguma forma, na construção final da obra.» (A. 20)
Conhecimento: «Famosa por ter sido a primeira mulher a entrar na Brasileira, no Chiado, foi
aluna de Columbano, na Escola de Belas-Artes de Lisboa, seguiu estudos em Paris, e casou
com Almada Negreiros.» (A. 16)
Percepção e Conhecimento: «Rigor na execução dos naturalistas. Sarah foi a última discípula
de Columbano nas Belas-Artes de Lisboa.» (A. 19)
Conhecimento: «Trata-se de um retrato de uma amiga da pintora. Ela chamava-se Matilde
Velez Caroço.» (NA. 25)
cromaticamente bem modelada.»; «As pinceladas são evidentes e dão energia à composi-
ção. As cores estão equilibradas, predominam os rosas, os ocres e os azuis.»; «Esta ima-
gem pode funcionar bem num contexto feminista.»; «[...] há uma envolvência na pintura,
um pouco enigmática mas calorosa [...]»; «É um quadro vistoso que se destaca na expo-
sição. Mesmo a uma certa distância, conseguimos ter uma boa percepção do mesmo.»;
«É uma pose num elogio à beleza.»; «O livro é pequeno e com muitas páginas, não se
percebe que tipo de livro será, o que indica que o enfoque é na personagem do retrato.»;
«Possui, claramente, a sensibilidade, feminilidade e delicadeza que só uma mulher nos
poderia transmitir.»
Na categoria sentimento não se espera encontrar um termo para definir o que se sente,
apenas a ideia de que é aí que a atenção está focada: elementos sensoriais, mérito da
técnica artística, significado expressivo geral, significado expressivo subjectivo. Nesta
obra os sentimentos evocados são, na maioria, positivos (serenidade, calma, tranquili-
dade, empatia). A pose traduz conforto e descontracção, o rosto é meigo e a cor confere
envolvência, conforto e ternura à pintura. Foi, no entanto, identificada alguma «ten-
são emocional» provocada pela pose desconfortável em que se encontra representada
Matilde, a tristeza e introspecção do seu olhar que transmitem a alguns sujeitos distan-
ciamento e incómodo.
Um quarto núcleo de categorias, próximas pela frequência de uso, é definido pelas
categorias explicação, ver como, momentos adicionais, memória e daydreams (Apend. Q. 75).
Incluída na dimensão imaginativa a categoria ver como inclui hipóteses, recriações e com-
parações centradas na figura, no livro, no contexto ou no conceito-temática: «[...] estará a
ler?[...] estará a dormir[...] a sonhar[...]»; «[...] será que as mãos estão apoiadas nas costas
de uma cadeira? ou o que é aquilo?»; «Talvez esteja a ler um romance.»; «A incógnita
do espaço, amplo ou pequeno? Repleto de gente e de barulho, ou vazio e silencioso?»;
«Poderia imaginar os olhos castanhos, castanhos-escuro ou pretos. O seu olhar seria
frontal e simples.»
Os momentos adicionais integram associações que transportam o sujeito para além
da obra embora partam dela. Tendência para envolver outros sentidos. Também podem
ser reflexões que ocorrem após o encontro com a obra de arte e depois de realizadas
as notas. Os momentos adicionais surgem com frequência no final do estetigrama, cor-
respondendo nesta obra a pensamentos paralelos que integram referências a aconteci-
mentos laterais, à influência do contexto (outras obras expostas e outros visitantes), e a
momentos pós-encontro.
Momentos adicionais: «Decido ler o texto que acompanha a exposição. Este fala da vida e da
agitação em torno dos cafés, de como estes habitaram o imaginário dos artistas, escritores
e intelectuais, sendo visível nas suas representações.» (A. 8)
Momentos adicionais: «Visualização do documentário “Conversas com Sarah Affonso”, exi-
bido na RTP, em 1999.» (A. 19)
Estetigramas III. Diálogos com a arte 160 161 III. Diálogos com a arte Estetigramas
Momentos adicionais: «Tenho dificuldade em acrescentar algo ao discurso que produzi no indiferente com a obra de arte. As atitudes são pontos de vista positivos ou negativos
Encontro I. O facto de ver a obra várias vezes não faz com que goste mais da mesma, talvez sobre pessoas, lugares, coisas ou acontecimentos, todos considerados como objecto da
faça com que tente percebê-la melhor.» (NA. 26) atitude. Exemplos desta categoria para a pintura de Sarah Affonso são: «[...] não quero
escrever mais nada[...]»; «[...]nada mais me chama a atenção neste quadro de Sarah
Em seguida, a categoria daydreams, relativa não exactamente a memórias, mas antes Affonso[...]»; «Como se o espaço/lugar me pertencessem, aproprio-me de um banco,
um estado empático de devaneio imaginativo induzido pelo encontro com a obra de arte, conheço a estrutura e sento-me confortavelmente.» Por fim, encontra-se a categoria
uma simbiose com a obra. Na pintura Retrato de Matilde incluem-se, nesta categoria, hipó- emoção, considerada como uma subcategoria do(s) sentimento(s) a que se pode atri-
teses que procuram uma resposta para a narrativa representada, ou divagações do pen- buir um termo preciso, ou uma combinação de termos. Nesta obra foram identificadas
samento: «A posição da cadeira, não está direita[...] parece que não encontra uma posi- emoções positivas (calma, serenidade, curiosidade, reconforto) provocadas pela figura
ção confortável, poderá ter duplo significado. A inconformidade desta face à sociedade.»; retratada, Matilde.
«Um cigarro na mão da senhora também se enquadra com esta imagem.»; «Chego a con- Nesta obra, as categorias atitude e sentimento surgem em primeiro lugar no que diz
siderar que a mulher respira, precisamente no momento que antecede ao virar da página respeito à intensidade incutida na notas por parte dos participantes. Estas apresentam
daquele livro.»; «Hoje, quando olhei para o livro representado na pintura, pareceu-me ver médias de 2,27 e 2,16 respectivamente, e não diferem estatisticamente entre si (Apend.
uma pauta musical.» Q.76). Nesta obra não se notam muitas diferenças entre os grupos na intensidade asso-
Em último lugar, como categoria menos mencionada surge a categoria emoção, ciada às categorias, ao contrário do que aconteceu no vídeo The Mirror Suitcase Man.
que, no entanto, não difere estatisticamente das categorias reserva, gosto, expectativas Podem, no entanto, notar-se que nas categorias daydreams e explicação os artistas reve-
e atitude (Apend. Q. 75). A categoria reserva responde à necessidade de, momentanea- laram maior intensidade do que os não-artistas. Já na categoria reserva, foram os não-
mente, pôr de lado uma ideia ou sentimento relativamente a qualquer um, ou a todos -artistas que apresentaram maior intensidade.
os eixos da experiência da criação de sentido – do observador, do contexto ou da obra.
Um momento de pausa que nesta obra se fez sentir pela necessidade de interrom- Caso G
per o processo de observação da obra em análise, pelo desvio da atenção para outras
obras: «Faço uma pausa, percorro a sala antes de retomar a observação da pintura.»; Descrevemos até ao momento o processo da criação dos estetigramas para o grupo, e
«Necessidade de, momentaneamente, desligar das impressões anteriores e voltar a apresentamos agora a exemplificação centrada num caso singular (Fig. 51 e Fig. 52).
olhar para a pintura, procurando outros aspectos[...]»; «Reparo que a obra do lado Para o caso escolhido, o início do primeiro encontro com o Retrato de Matilde foi
também retrata um senhora que lê. Aliás, as quatro telas expostas nesta parede têm marcado por uma emoção, «calma», o único momento ao qual atribuiu a intensidade
presente livros. Dois senhores e duas senhoras. Todas as primeiras décadas de 1900, maior. As cinco dimensões estão presentes neste estetigrama. A percepção, a catego-
de diferentes pintores. Porquê?» ria usada com maior frequência é sempre representada com a menor intensidade.
A categoria gosto corresponde à preferência ou rejeição geral por certo tipo de ima- Corresponde, de um modo geral, à descrição do conteúdo e das características for-
gens, temas ou estilos. Pode ser também uma preferência ou rejeição aleatória, uma mais da obra. Os momentos judicativos são relativos à avaliação da técnica, «postura
escolha arbitrária ou específica da obra. Nesta obra o gosto é exemplificado pelos doce das mãos», «linha e mancha em harmonia», «em certas zonas a pincelada é
seguintes comentários: «Adoro a fluidez do vestido.»; «Gosto das cores. Das formas.»; tosca». A dimensão imaginativa está representada pela categoria ver como, são lan-
«Pintura cativante, de extrema delicadeza.»; «[...] é belo, tão real! é absorvente [...]»; çadas hipóteses sobre o livro, «[...] inicia um novo capítulo», «[...]está à beira de um
«Posição, rosto, postura das mãos. Empatia com o que vejo. Gosto de desenhar tema abismo», e a figura, «[...]lê ou dorme[...]», «[...]pose de senhora de classe alta», «olhar
e objectos semelhantes.» Existem na categoria gosto diferenças significativas entre os desinteressado?»
grupos, apresentando os não-artistas um maior número de ocorrências do que os artis- Integram o estetigrama três momentos de reserva, pausas no processo de criação
tas (Apend. Q. 74). Encontra-se igualmente na categoria expectativas uma diferença de sentido, em que a atenção do sujeito é desviada para acontecimentos laterais,
significativa entre os dois grupos, usada com maior frequência pelos não-artistas do «som de passos», «pausa: lembrei da livraria da Gulbenkian». O encontro com a
que pelos artistas. obra termina com uma atitude, a decisão de que nada mais há a escrever sobre este
Em seguida, a categoria atitude corresponde a uma interacção positiva, negativa ou encontro com a obra.
Estetigramas
162 III. Diálogos com a arte Estetigramas
20
Reserva 17
Explicação
O 15
(pausa: lembrei-me OA Juízo
da livraria Gulbenkian) 19 A figura apoia-se no quê?
Percepção
18 Num livro? O/OA
Ver como Linha e mancha em harmonia
OA
O livro apoiado numa superfície OA 14
de forma irregular O livro inicia um novo capítulo Juízo
(dá para ver pela mancha
de cor/gráfica) O/OA
21
Percepção Cuidado em certos
pormenores e noutros
OA 9
22 nem tanto
muita textura; só o cabelo Percepção 8
Percepção Reserva
e lábios são homogéneos
OA
OA 16 Recosto, figura molda-se ao recosto C
o lado direito da figura Percepção (som de passos)
(sem contar com o braço)
OA 7
não está definido
Uma curta sensação de atrofia muscular Juízo
para enquadrar na composição/tela a
figura parece deformada para caber no OA
espaço da tela. Composição forçada Assinatura pequena
(rabisco traço forte e delicado)
23
Ver como
OA
livro está à beira do abismo
13
Percepção
24 12
25 Explicação
Ver como OA
Explicação
Paleta reduzida a verdes, 11
rosas, brancos, negros, 10 Ver como OA
OA OA
castanhos vermelhos Livro - elitismo? Cultura?
Não se vê a orelha - olhar desinteressado? Percepção
efeito estranho - falha? Hum?? OA
Erro de leitura? OA Semblante cuidado,
Lábios vermelhos muito postura séria, pose de
desenhados senhora de classe alta
2
Percepção
27 5
Reserva Percepção
26 1 OA
Emoção Tons pastel
C Percepção OA
(som de passos) Livro pequeno/
OA 6
manuseável/
A figura encosta-se levemente Percepção
à escala da mão
não assumidamente O/OA 3
Calma Juízo OA
Rebordos por pintar
OA
30
Postura doce das mãos
Atitude
28
Juízo
O
C não quero escrever mais nada
Em certas zonas a pincelada
é tosca
4
Ver como
O/OA
A figura lê ou dorme (ver horas)
29
Percepção
OA
há sombras mas não há
muitos contrastes
OA
sombra própria -
projetada no livro?
11
Explicação
OA
2 planos: destaque
da figura e do livro
13
Percepção
15
Percepção OA
não há fonte de luz visível
16 OA 12
Percepção tratamento do fundo Conhec.
OA de modo enevoado
cinza à esquerda OA
e rosa à direita pincelada longa e delicada
10
Memória
OA
Pele com tons esverdeados
e rosados (lembra as aulas de
modelos do segundo ano)
17 9
Juízo Percepção
OA
OA
Bordas inferiores desgastadas
figura serena mas cansada
(maçãs do rosto carregadas)
18 8
Conhec. Percepção
OA OA
mangas de balão, Sarah Affonso 1932
asa de morcego?
6
Percepção
7 OA
Diferentes brilhos
1 Reflexão
(pele, cabelo, etc.)
19
Percepção Conhecimento
OA
OA Falhas de pigmento -
Predominância de tons OA má conservação ou
azuis e esverdeados Análise de pormenor: maus materiais?
(veronês) pintura em craquelé
2
Percepção
3
OA 5
Percepção
Tinta de óleo com Percepção
pincelada espessa OA
Existem zonas onde OA
já não há tinta Trama grossa da tela
4
Conhec.
OA
Justaposição de cores
(fundo escuro primeiro?)
Quadrante
INTRÍNSECO
(formal)
Depois de analisadas individualmente, as categorias agruparam-se em dimensões o que
permitiu mapear a criação de sentido dos sujeitos em relação a esta obra (Apend. Q. 78 e
Q. 79). A Figura 53 apresenta o posicionamento no quadrante das cinco dimensões: cogni-
tiva, afectiva, imaginativa, comportamental e espera. A dimensão predominante é a dimensão Estéril Primevo
cognitiva, mais representada entre os sectores icónico-intrínseco, com maior incidência na 19
PR 13
zona exterior. A dimensão afectiva surge concentrada no sector afectivo-sentimental, e pon- PR ão
16
22
PR 21 PR 10
tualmente no resto do quadrante excepto nos sectores estéril-primitivo. A dimensão compor- PR
5
PR
PR 26 2 29
tamental, imaginativa e espera apresentam uma maior dispersão no seu posicionamento no ão
PR 6
PercepçãoPR 25
7 15 EXP
quadrante, distribuindo-se de forma semelhante entre a zona interior e exterior. Percepção
9 Juízo
PR 14 ão
Juízo
28 17
Juízo JZ EXP
18 1
INTRÍNSECO COGNITIVO 3 23 EM AFECTIVO
11 VC JZ VC 30
(formal)
(intelectual) VC AT (emocional)
24
4 VC
12 VC
EXP
Estéril Primevo
COGNITIVO AFECTIVO 8
(intelectual) (emocional) Icónico 27 RS Sentimental
RS
20
RS
EXTRÍNSECO
(instrumental)
Icónico Sentimental
Figura 53. Retrato de Matilde. Mapeamento das Dimensões Cognitiva, Afectiva, Imaginativa, do quadrante, sobre o eixo extrínseco, reforçando o seu entendimento como momentos late-
Comportamental e Espera no Quadrante R. L. Jones. rais ao processo de criação de sentido. Os dois momentos posicionados na zona afectiva do
quadrante são a emoção e a atitude.
Caso G No segundo encontro é visível a ênfase na dimensão cognitiva, concentrada na zona
interior do quadrante, no sector cognitivo-estéril. O único momento ao qual é atribuída
No primeiro encontro os momentos experienciais concentraram-se na zona interior do maior intensidade, é uma memória, posicionada na zona afectiva do quadrante e que cor-
quadrante, entre os sectores cognitivo-formal. Todos os momentos relativos à categoria per- responde ao seguinte comentário: «Pele com tons esverdeados e rosados (lembra as aulas
cepção encontram-se sobrepostos ao eixo estéril. A categoria reserva surge no limite exterior de modelo do segundo ano).»
III. Diálogos com a arte 141
166
INTRÍNSECO
(formal)
Estéril Primevo
14
EXP 17
15
11 13 JZ
PR ãoEXP 16 PR
20 Percepção
8 66 9
PR PR
PR 3
Percepção 10
COGNITIVO 7 19 5 2 Percepção MM AFECTIVO
18 12 1 (emocional)
(intelectual) CN CN CN
4 CN
Icónico Sentimental
EXTRÍNSECO
(instrumental)
Textos-matriz
Espaços semânticos
Os textos-matriz foram realizados no final de cada um dos encontros com a obra e após
concluídas as três etapas anteriores: notas, estetigramas e quadrante RLJ. Da análise qua-
litativa dos textos emergiram três dimensões: interpretativa, processual e contextual (Fig.56
e Apend. Fig. 75). A primeira, interpretativa, corresponde a uma maior complexidade no
conteúdo, evidenciado também pelas categorias que a compõem: forma-conteúdo, explica-
ção, hipóteses, associação, projecção-afectos, conhecimento, juízo e atitude. A dimensão inter-
pretativa é entendida como uma possibilidade em aberto para o entendimento e fruição
142
167 III. Diálogos com a arte
obras
contexto
Processual Contextual
criação de sentido encontros
acontecimentos laterais
ferramentas
Em segundo lugar, nos textos-matriz, surge como mais mencionada a categoria forma-
-conteúdo que, nesta obra, inclui referências à figura e contexto representados e à técnica.
Da figura são descritas as suas características físicas, o vestuário e maquilhagem, a pos-
tura e a actividade em que se encontra envolvida, a leitura. Sobre a técnica, destacam-se as
referências ao desenho – volumetria, linha, mancha –, às cores e aos materiais utilizados.
«Comecei a ganhar mais consciência da postura da mulher, da sua relação estreita com as
outras formas envolventes, reconhecíveis: o vestido, o espaldar da cadeira, o livro, o tampo
da mesa.» (A. 21)
«A iluminação, relativamente forte, ajuda a encenação, pois afirma a vivacidade do corpo
da mulher. A pele luzidia destaca-se da indumentária e do fundo, sugeridos por uma grande
variedade de matizes que produzem uma certa transparência.» (A. 22)
«Foi a primeira vez que a descrevi, em que realcei, sobretudo, aspectos de âmbito formal:
observei atentamente as linhas que modelam as formas, as cores, o equilíbrio térmico, a luz
e as sombras, a pincelada, a delicada assinatura.» (A. 6)
«Começo por percepcionar as cores de que mais tinha gostado, as cores rosadas e quentes
das faces e lábios da senhora, que contrastam com o azul esverdeado da roupa.» (NA. 11)
«De volta ao quadro, reparo nas mãos, na graciosidade destas. Reparo no vestido e no livro
bastante definidos (não são manchas de cor), sendo que as páginas abertas deste são ilus-
tradas. De seguida, reparo na testa da mulher e nas suas mãos perfeitas, especialmente na
que cai.» (NA. 27)
III. Diálogos com a arte 145
170
«A linha de contorno é bem definida. O volume do corpo é tratado com pinceladas decisi-
vas, intencionais, que procuram uma harmonia composicional lírica.» (A. 16)
«É de facto uma bela pintura – bem construída, quente, afectuosa, intimista.» (A. 6)
«Matilde lia um livro, e era só isso, Matilde lia um livro, uma típica cena do quotidiano, era
esta a temática. A tarefa de análise da obra tornou-se menos densa, considerei a obra gra-
tuita, não havia ali densidade psicológica, não havia nenhum pensamento para descortinar,
aquela figura estava ali numa posição forjada, simplesmente pousava.» (A. 5)
«Além do realismo presente, há também no retrato uma linguagem mais difusa que vive
mais das impressões ou das relações, que imagino que haja entre as duas mulheres. É um
exercício para mostrar algo de belo, existe beleza na obra, de equilíbrios, de serenidade, nas
cores utilizadas, uma harmonia que deve espelhar algo para além do que é visível, e é, por
isso, que acho que se conhecem, porque há um envolvimento emocional que transborda a
obra.» (NA. 12)
«Este pequeno episódio, do quotidiano da mulher representada, mostra, claramente, o
enaltecimento do feminismo da mesma. O tema aqui representado é também abordado
em várias das suas obras: alguém a ler ou em poses eruditas.» (NA. 28)
«A própria posição da figura inclinada, sem tensão, parecia estar próxima do observador, de
mim, e, como tal, revelar uma certa intimidade, como se estivéssemos numa cena e lugar
reservado, recolhido.» (A. 3)
«De tanto observar e sentir-me envolvida nesse sentimento de serenidade, chego a acre-
ditar que aquela figura, pintada por Sarah Affonso, aquela que está ali na minha frente e
que ainda não deu pela minha [nossa] presença, respira. E a sua blusa esvoaçante palpita
à minha frente. Chego mesmo a acreditar que se sente no ar uma leve brisa que ondula a
blusa fresca que a figura traz vestida.» (A. 8)
«Pensar o objecto através da sua componente física e colocar-me na perspectiva da pintora
146
171 III. Diálogos com a arte
«Sem ter investigado nada acerca da obra, encontrei sinais de um tempo passado recente.
Talvez pelo tipo de roupa, ainda não muito definido, mas sobretudo pelo cabelo, e pelo tra-
tamento do rosto. Não o ligo aos estereótipos da vida actual.» (A. 3)
«Lembrei-me das mulheres de Tamara de Lempicka e dos ambientes da época.» (A. 20)
«As características físicas de Matilde, personagem da obra, o corte de cabelo, a roupa, são
claros indícios da época em que foi realizada a pintura: anos 30.» (NA. 26)
«O traço dos braços e de mãos lembra algumas pinturas do neo-realismo, embora o tema
não aparente ser: é uma cena do quotidiano, mas do quotidiano burguês.» (NA. 26)
III. Diálogos com a arte 147
172
«Um dos aspectos que caracterizam o seu trabalho é a qualidade do traço, o cromatismo,
o desenho implícito na composição narrativa – como se se tratasse de um sonho acordado!
Por outro lado, elementos tradicionais da cultura popular – como os bordados, os brinque-
dos e as lendas – também foram utilizados pela artista. (A. 19)
«Descobri que a figura feminina representada se chamava Matilde e que era amiga da
autora, de repente aquela personagem tinha um nome, também sabia que aquela pose era
deliberada e escolhida pela autora.» (A. 5)
«Não era muito comum, sendo até arrojado, as mulheres pertencerem e ocuparem estes
locais públicos, na época. Pelo que li, Sarah foi dessas primeiras mulheres a utilizar o café
como espaço de tertúlia... e talvez também a sua amiga Matilde.» (NA. 10)
«A aparente simples tela tornava-se cada vez mais uma fonte de incertezas. Mas algo se
mantinha constante: um efeito apaziguador e calmante. Tal como uma boa leitura consegue
ser absorvente, esta tela também o é.» (A. 1)
«Voltei a concentrar-me nas cores, que mais uma vez me sugeriram tranquilidade, até
mesmo ternura.» (A. 5)
«[...] A mulher ocupa realmente o centro da obra. Gostei das mãos colocadas na cabeceira
da cadeira. Mãos delicadas e habituadas a gestos calmos. Pensei eu... Porque toda a pintura
transparece essa calma.» (A. 15)
Perfis de observação
Com base nos dados importados da análise qualitativa, realizámos uma análise de cor-
respondências múltiplas (ACM)4, com o intuito de mapear a proximidade das categorias,
entre si, e a sua associação aos sujeitos. A análise de clusters permitiu identificar três per-
fis – grupos heterogéneos de sujeitos, artistas e não-artistas, próximos entre si pelo uso
das categorias (Apend. Fig. 76). O perfil I era composto por seis artistas e três não-artistas.
O perfil II integrava três artistas e dois não-artistas, e o perfil III três artistas e sete não-
-artistas (Fig. 57).
Artista Não-Artista
Artista Não Artista
Artista Não Artista
1
28
5
1 26
Perfil II Perfil I
8 17 5
5 26
25 Perfil I
17 12
25
10 7
17 12
16 10 7 16
27 8
1 19 3
16
8 9 Perfil II 27
3
10 19
Perfil II 11 29
22 27
28
9
22 13 30 19 20
12 622 15
29 20 28 13
30 20
21
25 15Perfil III
29 21 13
Perfil III 6 11
9 30
Perfil I 6 11
15 Perfil III
3
21 7
26
Figura 57. Retrato de Matilde. Textos-matriz. Análise de correspondências das notas (α Cronbach total 0,750).
Proximidade dos sujeitos. Associação dos sujeitos por perfil.
Perfil I I
Perfil
CT Perfil II II
Perfil
CT Perfil II II
Perfil
PF
PF Perfil III III
Perfil
CN
CN
Dimensão
Dimensão Interpretativa
Interpretativa
AT
AT FCFC- Forma-conteúdo
- Forma-conteúdo
PA
PA
HE
HE HEHE- Hipóteses
- Hipóteses
JZ
JZ AMAM - Associação
- Associação
CNCN - Conhecimento
- Conhecimento
AL
AL GST
GST EXP EXP - Explicação
EXP - Explicação
EXP
- Projecção-afectos
PA PA - Projecção-afectos
FC
FC - Atitude
AT AT - Atitude
O
O
FC
FC EXP
EXP
- Juízo
JZ JZ - Juízo
AT
AT
CS Dimensão
Dimensão Processual
Processual
CS
FC
Perfil I I
Perfil FC AM - Processo-ferramentas
PF PF
AM
AM AM - Processo-ferramentas
EXP
AL
AL
CSCS- Criação dede
- Criação sentido
sentido
EXP CS
CT
CS O -OObras
- Obras
CT PF JZ
HE
PF JZ E -EEncontros
- Encontros
HE
Perfil III III
Perfil Dimensão Contextual
CN
Dimensão Contextual
E CN
E
- Contexto
CTCT - Contexto
- Acontecimentos
AL AL laterais
- Acontecimentos laterais
PA
PA
Pouco relevante
Pouco relevante Relevante
Relevante Muito
Muitorelevante
relevante
Cluster Principal
Cluster Principal Cluster Secundário
Cluster Secundário
Figura 58. Retrato de Matilde. Texto-matriz. Análise de correspondências das notas (α Cronbach total 0,750).
Proximidade das categorias. Associação das categorias aos perfis.
150
175 III. Diálogos com a arte
A associação das categorias aos perfis permitiu identificar três clusters: principal, secun-
dário e misto (Fig. 58). As categorias presentes nos clusters principais caracterizam cada
um dos perfis individualmente. Assim, o perfil I utilizou, de forma muito relevante, as
categorias associação-memória e hipóteses, ambas da dimensão interpretativa, e a categoria
criação de sentido incluída na dimensão processual. Ao perfil II estiveram mais associadas
as categorias conhecimento, atitude, juízo e contexto, muito relevante. No cluster principal
do perfil III apenas se encontraram categorias da dimensão interpretativa, destacando-se
a presença muito relevante das categorias forma-conteúdo e explicação. Nos clusters secun-
dários estiveram incluídas categorias comuns a dois perfis, as categorias projecção-afectos,
processo-ferramentas, muito relevante. e gosto e atitude, relevante, comuns ao perfil I e III;
a categoria acontecimentos laterais, muito relevante, e conhecimento, relevante, comuns ao
perfil I e III; e a categoria explicação, pouco relevante, comum ao perfil II e III. As categorias
onde se nota que há diferenças entre o valor esperado e o valor encontrado5, em termos de
distribuição das respostas dos sujeitos pelos perfis nesta obra, foram as categorias hipóte-
ses, conhecimento, explicação, associação-memórias, projecção-afectos, atitude, juízo, contexto,
processo-ferramentas e obras, o que significa que estas categorias foram diferenciadoras dos
perfis (Fig. 59 e Apend. Q. 88)6.
80%
60%
40%
20%
0%
PI PII PIII PI PII PIII PI PII PIII PI PII PIII PI PII PIII PI PII PIII PI PII PIII PI PII PIII PI PII PIII PI PII PIII
Conhecimento Atitude Processo- Obras Contexto
empatia afectos ferramentas
Figura 59. Retrato de Matilde. Textos-matriz. Distribuição de categorias tricotomizadas pelos perfis
(com diferenças significativas).
A dimensão interpretativa foi a mais diferenciadora dos três perfis, conforme consta-
tado pelo cruzamento dos resultados da análise de correspondências múltiplas e a análise
estatística (Cramer’s V). Embora os três usassem de forma semelhante a categoria forma-
-conteúdo o perfil I foi mais hipotético-explicativo, o perfil II cognitivo-comportamental e o
perfil III o menos complexo, na medida em que usaram de forma mediana as categorias
que integravam esta dimensão. Centrando-nos nas outras dimensões verificamos que o
perfil I foi o único a aproximar-se de questões processuais, nomeadamente o uso das fer-
ramentas e a comparação entre as duas obras analisadas, e contextuais, pelas referências
à influência do contexto. Este foi, assim, o perfil mais completo, integrando de forma
relevante as três dimensões.
Caso G
O diálogo com a obra iniciou-se pela descrição da forma: «[...]o delicado traço feminino,
no recorte da figura, a sinuosidade geral das linhas e na preferência por cores pálidas,
mas quentes.» Seguem-se questões que procuram desvendar a identidade da figura, a
sua relação com a leitura e o seu estado de espírito: «Sentia-se cansada e entediada?
Ou curiosa e expectante?» Um erro na tabela do museu, que identifica a pintura como
Retrato, levou o sujeito a reflectir sobre o porquê do anonimato da figura procurando no
livro aberto uma resposta. Gradualmente a obra provocou no sujeito algumas incertezas,
no entanto, «algo se mantinha constante: um efeito apaziguador e calmante».
O processo de criação de sentido foi pontualmente interrompido por acontecimentos late-
rais, sons que se ouviam no espaço do museu. No entanto, no «regresso» à obra «a constata-
ção de uma composição harmoniosa, tensa mas equilibrada, pareceu vingar». O encontro ter-
minou com a decisão de «deixar para o próximo encontro novos pormenores por descobrir».
«Retrato, de Sarah Affonso. O contraste entre ambas as obras não podia ser maior: suportes
distintos, setenta e dois anos de diferença, e contextos diferentes. Se por um lado o vídeo
me deixou mal disposta e enervada, a tela que vislumbrava agora à minha frente tinha um
estranho efeito relaxante.
Os tons pastel e a manifesta candura das formas da figura convidavam hospitaleiramente
a um olhar demorado. Ressaltou o delicado traço feminino, no recorte da figura, na sinu-
osidade geral das linhas e na preferência por cores pálidas, mas quentes. Assim, vagaro-
samente, perscrutei o quadro e indaguei o seu sentido. Perdida nos aspectos formais, nos
tons da paleta cromática, na modulação pictórica, na postura da figura, acabei por interro-
gar a natureza da mesma. Quem seria a senhora? Estaria a ler ou prestes a dormitar? Estaria
interessada na leitura? Sentia-se cansada e entediada? Ou curiosa e expectante?
Gostava de saber mais sobre a obra e compreender por que é que, sendo um Retrato,
não tem direito a nome próprio. É apenas um retrato genérico, sem um cunho pessoal
vincado nas formas e na composição? Ou um retrato codificado, de alguém que não
se descortina facilmente? E o livro aberto, indiciando um novo capítulo, encerraria em
si uma carga simbólica por descobrir? Por que é que foi representado à beira de mesa,
quase em desequilíbrio?
A aparente simples tela tornava-se cada vez mais uma fonte de incertezas. Mas algo se manti-
nha constante: um efeito apaziguador e calmante. Tal como uma boa leitura consegue ser absor-
vente, esta tela também o é. Pontualmente, ressoavam sons que interrompiam os meus deva-
neios visuais pela obra. Estas pequenas pausas levavam o meu olhar para outros caminhos, mas
no final a constatação de uma composição harmoniosa, tensa mas equilibrada, pareceu vingar.
Satisfeita, e sentindo o cansaço do dia, decidi concluir o meu trabalho e deixar para o pró-
ximo encontro novos pormenores por descobrir.»
III. Diálogos com a arte 153
178
Caso I
«Pode-se dizer que senti logo uma grande afinidade com o Retrato de Matilde, desde o pri-
meiro momento em que o vi no CAM. Já antes tinha estado lá, mas nunca me tinha detido
tanto tempo a observar esta pintura.
Gostei logo da figura feminina. O azul do seu vestido transmitiu-me calma e serenidade.
Notei que também existia um grande equilíbrio na composição da pintura. A mulher ocupa
realmente o centro da obra. Gostei das mãos colocadas na cabeceira da cadeira. Mãos delica-
das e habituadas a gestos calmos. Pensei eu... Porque toda a pintura transparece essa calma.
Ao organizar conceptualmente o meu contacto com a obra através do estetigrama, e recor-
rendo às categorias orientadoras da criação de sentido, parti sempre da percepção para
a imaginação ou para a reflexão. Raramente avaliei criticamente a obra ou revelei possuir
conhecimentos acerca da mesma. No entanto, nesta última etapa, saliento sobretudo o
lado afectivo com a obra.
Comparando o contacto desta obra com aquele que tive com a obra The Mirror Suitcase
Man no CAM, pode-se dizer que este foi muito simples. Gosto da representação da figura
feminina tranquilamente a ler e de todo o equilíbrio que me transmite esta pintura, mas se
calhar gostava de transpor esta simples sensação de agrado para algo mais inquietante,
porque gosto do impulso de provocação que certas obras de arte me causam. O impulso
para a reflexão. É por esta razão que aprecio cada vez mais a arte contemporânea. Ela per-
mite-me ver para lá daquilo que costumo ver no dia-a-dia.
No quadrante R. L. Jones, noto que a minha percepção da obra se concentra, mais uma
vez, nos aspectos intrínsecos da obra. A minha observação é maioritariamente feita de
III. Diálogos com a arte 155
180
percepções. Normalmente, parece-me que sou mais emotiva e sentimental com as obras
de arte. Talvez nunca me tenha detido o suficiente no caminho interior que me levava até
lá... Por outro lado, penso que por saber que a minha relação com a obra deixou de ser
íntima, me relaciono com ela de um modo um pouco distinto. Quem sabe? Quero ver
tudo. Vejo o suficiente?
Quando voltar a estar com a pintura, talvez encontre nela alguma coisa. Alguma afinidade.
Gosto das cores, do que representa, e da maneira como a figura feminina está ali carac-
terizada, mas, seguramente, em 1932, em Portugal, esta pintura tinha muito mais para
nos dizer do que agora. A pintura é bela, e a mulher, tão portuguesa nas suas feições, é
igualmente bela. Como seria representada uma mulher nos dias de hoje a ler? Sentada em
frente a um computador?»
No segundo encontro com a obra o sujeito começou por avaliar a obra, o equilíbrio da
composição e a intencionalidade da pose da figura. Seguiu-se um pensamento hipotético
sobre a relação entre a artista e Matilde, representada. Também o livro suscitou um deva-
neio imaginativo, páginas em branco onde se idealizam pautas musicais ou conteúdos lite-
rários. O rosto da figura revelou-se familiar, «parece estar nas nuvens, num sítio que só
alcançamos através do pensamento, do intelecto». Sobre o contexto em que foi retratada
a figura surgiram algumas hipóteses. Talvez no café a Brasileira por ser um espaço de
referência na época e frequentado por Sarah Affonso. Numa atitude deliberada de «afasta-
mento» da obra o sujeito prestou atenção às obras que acompanhavam o Retrato de Matilde.
Surgiu, uma vez mais, a comparação entre as duas obras e, embora esta seja classi-
ficada como uma pintura «bela» o sujeito reconheceu que «o contacto com The Mirror
Suitcase Man foi mais significativo para mim, pois abriu-me portas do pensamento e
sobretudo obrigou-me a procurar outros modos de ver, de olhar, de perceber[...]». O texto-
-matriz encerra com uma reflexão sobre a experiência de aprendizagem potenciada pela
participação no projecto de investigação: «[...]no final deste processo, creio ter percorrido
um caminho que pode conduzir-nos até uma experiência desse percurso que se faz atra-
vés da arte e com a arte.»
O caso G e o caso I, surgiram em perfis diferentes, o perfil hipotético-explicativo e o
perfil neutro, respectivamente.
Não me canso de o referir. O seu ar inteligente e sábio contribuem igualmente para reforçar
o carisma desta figura feminina.
Hoje, quando olhei para o livro representado na pintura, pareceu-me ver uma pauta musical, mas
é provável que o conteúdo do livro seja literário. Pelo menos agrada-me pensar que assim seja.
O seu rosto e a sua expressão fazem-me pensar noutros rostos conhecidos, mas não sabe-
rei dizer de quem… provavelmente de mulheres fortes e inteligentes… talvez de pessoas que
eu conheça ou tenha conhecido outrora.
Parece estar nas nuvens, num sítio que só alcançamos através do pensamento, do intelecto.
Que silêncio, que paz! Ela ainda conheceu a cadência de outro tempo e fruiu de um silên-
cio que já não existe no meu tempo, a não ser que eu vá para longe de qualquer presença
humana. Quase já não temos tempo para parar… ler.
Estará sentada a ler no café “A Brasileira”? Não, talvez esteja em casa, à tarde e à sombra,
pois lá fora o calor é mediterrânico.
Sarah Afonso foi a primeira mulher a frequentar o café “A Brasileira”. Foi a esposa de Almada
Negreiros. Se calhar também conheceu Fernando Pessoa.
Trata-se do retrato de uma amiga da pintora. Ela chamava-se Matilde Velez Caroço.
Depois destes pensamentos fragmentados em torno da pintura, retirei o meu olhar da
mesma e olhei melhor em meu redor. Achei que o quadro da Sarah Afonso estava inserido
numa sequência engraçada, estando entre o quadro do Mário Eloy, que representa uma
figura masculina, e é o de maiores dimensões, seguindo-se-lhe outro de Armando Basto, O
meu violino não tem cordas só serve para isto, que representa também um homem; a seguir
encontra-se Retrato de Matilde, mais pequeno que os dois anteriores, e, finalmente, um
retrato ainda mais pequeno de Eduardo Viana.
Será que eu me teria detido deste modo no retrato de Matilde se não estivesse inserido num
projecto de investigação? Talvez não. Penso que se trata de uma pintura que é bela, mas que
não me traz nada de novo. Certamente, enquanto visitante de um museu, observadora e
potencial fruidora de obras de arte, eu terei ganho alguma coisa com uma observação mais
detalhada da obra, ainda assim, o contacto com o O homem da mala espelhada foi mais
significativo para mim, pois abriu-me portas do pensamento e, sobretudo, obrigou-me a
procurar outros modos de ver, de olhar, de perceber, a fim de alcançar mensagens que me
pareceram muito contemporâneas.
Curiosamente, quando regressei, pela terceira vez, a fim de rever o Retrato de Matilde, a
exposição temporária de Dóris Salcedo, que tinha começado a ser apresentada no CAM
quando iniciei a minha observação da obra de Sarah Affonso, tinha terminado e estavam a
desmontá-la. Cada mesa de madeira tinha sido embalada, e, agora, as mesas-campas eram
todas brancas, e no centro da sala de exposições encontravam-se grandes caixas brancas.
Vinha rever a obra de Sarah Affonso pela última vez de forma “comprometida”, claro.
Mas quando voltar a ver estas obras… outras… não sei se poderei voltar a fazê-lo "descom-
prometidamente"… Esta questão é difícil. Por um lado, a relação de espontaneidade e liber-
dade entre observador e a arte são necessários, tanto para a fruição como para a compreen-
III. Diálogos com a arte 157
182
são da mesma, por outro, se não houver intermediários entre a obra de arte e o observador,
muito dificilmente poderá resultar alguma experiência significativa entre eles; nem sempre
é assim, mas pode acontecer com alguma frequência.
A relação que se estabelece entre nós e as obras de arte é tão complexa. Gostaria de a perceber.
No final deste processo, creio ter percorrido um caminho que pode conduzir-nos até a uma
experiência desse percurso que se faz através da arte e com a arte.
Resta-me agora percorrer tantos outros caminhos possíveis… até fazer sentido.»
Discussão
A análise de conteúdo das notas elaboradas pelos participantes permitiu identificar onze
categorias, organizadas em quatro dimensões: cognitiva, formal, afectiva e comportamental.
A dimensão com maior presença foi a formal. A categoria forma-conteúdo, que incide sobre
a figura representada, e a categoria forma, onde se incluem referências à técnica, compo-
sição e cor, foram as mais mencionadas pela globalidade dos participantes, diferindo esta-
tisticamente de todas as restantes categorias. Podemos considerar que no primeiro encon-
tro os sujeitos se centraram na descrição da obra, em particular da cena apresentada.
A dimensão afectiva esteve menos presente nas notas do que as restantes dimensões,
tendo esta obra provocado mais sentimentos positivos do que negativos nos sujeitos, exis-
tindo diferenças significativas entre as categorias bem-estar e tensão. Os principais senti-
mentos evocados pela pintura de Sarah Affonso foram: calma e serenidade. Centrando-
nos agora nas diferenças entre artistas e não-artistas, estas apenas existiram, de forma
significativa, em três categorias: forma-conteúdo, forma e juízo, apresentando os artistas
um maior número de ocorrências. Para além de mais frequentes no uso da categoria
forma, com referências à técnica, composição e cor, os artistas empregaram um termino-
logia mais técnica e articulada entre si.
A análise de correspondências múltiplas (ACM) permitiu identificar três perfis, equi-
librados quanto à sua constituição (artistas e não-artistas), distintos pela presença das
categorias. O cruzamento dos resultados da análise de correspondências múltiplas e a
análise estatística (Cramer's V) permitiu classificar o perfil I de comportamental, o perfil
II de formal-cognitivo e o perfil III de associativo-judicativo. As categorias menos diferen-
ciadoras dos perfis, comuns aos três perfis em proximidade e nível de relevância, foram
as categorias conhecimento e explicação, ambas incluídas no cluster misto da análise de
correspondências múltiplas. A dimensão afectiva, representada pelas categorias tensão e
bem-estar também não foi diferenciadora dos perfis.
O objectivo dos mapas visuais, estetigramas e quadrante R. L. Jones, foi evidenciar e
visualizar tendências na criação de sentido. Idealmente estão implicadas múltiplas orien-
tações num único encontro com a obra: afectivas e intelectuais. Através do exercício de
atribuição de categorias aos momentos individuais, os sujeitos organizaram padrões no
seu processo de criação de sentido. A singularidade de cada participante revelou-se no
modo como organizou os seus mapas visuais.
183
158 III. Diálogos com a arte
Notas
As categorias menos diferenciadoras dos perfis, comuns aos três perfis em proximidade e nível de
relevância, foram as categorias conhecimento e explicação, ambas incluídas no cluster misto da análise
de correspondências múltiplas. A dimensão afectiva, representada pelas categorias tensão e bem-estar,
também não foi diferenciadora dos perfis.
Textos-matriz
Podemos afirmar que a dimensão interpretativa foi a mais diferenciadora dos três perfis.
Os três utilizaram de forma semelhante as categorias forma-conteúdo e explicação.
Podemos afirmar que a dimensão interpretativa foi a mais diferenciadora dos três perfis.
Embora os três utilizassem de forma semelhante a categoria forma-conteúdo, o perfil I é
hipotético-explicativo, o perfil II é cognitivo-comportamental e o perfil III o menos complexo, na
medida em que usa de forma pouco relevante as categorias que integram esta dimensão.
Tal como aconteceu com a pintura Le Cadeau e no vídeo The Mirror Suitcase Man, na
realização dos textos-matriz os participantes chegaram a uma síntese integrada do seu
pensamento sobre a obra. A análise dos dados obtidos através deste instrumento, ela-
borado no final do processo de criação de sentido, revelou uma maior aproximação dos
sujeitos entre si, devido provavelmente ao efeito da aprendizagem desencadeada pela
conscientização do processo de criação de sentido que norteou o programa desenvolvido.
Quando comparados os perfis identificados nas notas e nos textos-matriz, encontra-
mos três grandes grupos de sujeitos que se comportaram de forma semelhante no uso
das duas ferramentas (Q. 5).
Um dos grupos integrou quatro sujeitos (A. 8, A. 5, NA. 27 e NA. 28) e as notas inci-
dem na dimensão formal, destacando-se nos textos-matriz pelo uso muito relevante das
categorias conhecimento e atitude. Concluímos que estes sujeitos mudaram de um com-
portamento mais descritivo para um comportamento mais cognitivo na análise da obra.
Um segundo grupo ( NA. 10, NA. 12, A. 3, A. 21, A. 19, A. 22, A. 1) que nas notas inte-
gra o perfil do grupo anterior, o perfil formal-cognitivo, integra nos textos-matriz o perfil
hipotético-explicativo, o mais complexo, integrando de forma relevante as três dimensões.
Concluímos que estes sujeitos mudaram de um comportamento mais descritivo para um
comportamento mais integrado na análise da obra.
Um último grupo (A. 7, A. 20, NA. 29, NA. 15, NA. 13, NA. 30) definiu nas notas o
perfil associativo-judicativo, que embora heterogéneo no uso da dimensão formal, se carac-
teriza pelo uso relevante das categorias associação e juízo. Nos textos-matriz, este grupo de
sujeitos integrou o perfil neutro, o perfil menos complexo, usando de forma mediana as
categorias da dimensão interpretativa. Constatamos que estes sujeitos foram mais sucin-
tos nos textos-matriz do que nas notas.
III. Diálogos com a arte 161
Definição Exemplos
Referências sobre o uso e combinação dos elementos formais integrantes da obra de arte. A atenção é focada na
Formal descrição e na análise da forma, do conteúdo bem como na articulação entre os dois.
Comportamental Respeita à avaliação crítica da obra e definição do posicionamento subjectivo face ao processo de criação de sentido
Perfis de observação
Com base nos dados importados da análise qualitativa realizámos uma análise de corres-
pondências múltiplas (ACM) com o intuito de mapear a proximidade das categorias entre
si e a sua associação aos sujeitos. A análise de clusters permitiu identificar três perfis,
definidos como grupos heterogéneos de sujeitos, artistas e não-artistas, próximos entre si
pelo uso das categorias (Q. 7).
Ao comparar os perfis encontrados na ACM das notas das duas obras, verificamos que
os perfis encontrados são distintos. Nas notas sobre The Mirror Suitcase Man definem-
-se três perfis, formal-associativo, comportamental-afectivo e formal-explicativo. Nesta obra
as categorias menos diferenciadoras dos perfis, comuns aos três perfis em proximidade
e nível de relevância, são as categorias hipóteses e bem-estar. Nas notas sobre o Retrato
de Matilde os perfis encontrados definiram-se como comportamental, formal-cognitivo e
associativo-judicativo. Neste obra as categorias menos diferenciadoras dos perfis, comuns
aos três perfis em proximidade e nível de relevância, são as categorias conhecimento e
explicação. A dimensão afectiva, representada pelas categorias tensão e bem-estar também
III. Diálogos com a arte 165
190
As categorias menos diferenciadoras dos perfis, comuns aos três perfis em proximidade e nível de relevância, foram
as categorias hipóteses e bem-estar, ambas incluídas no cluster misto da análise de correspondências múltiplas
Formal-Associativo Comportamental-Afectivo Formal-Explicativo
Caracteriza-se pelo uso muito Caracteriza-se pelo uso muito Define-se pelo uso muito relevante
relevante das categorias que relevante das categorias tensão da categoria explicação, e relevante
lhe estão mais próximas: forma e atitude, distinguindo-se dos da categoria forma. Foi de todos
e associação, apresentando-se outros dois perfis também pelo o menos próximo da dimensão
distanciado das dimensões uso relevante das restantes afectiva.
comportamental e afectiva. categorias que integram a dimensão
comportamental: gosto e juízo.
Foi de todos o que menos usou a
categoria forma e explicação.
A. 6, A. 7, A. 20, A. 1, NA. 15, NA. 27 A. 22, A. 17, A. 19, NA. 11, NA. 30, A. 8, A. 5, A. 21, A. 3, NA. 12, NA.
NA. 26, NA. 28 10, NA. 9, A. 16, NA. 29, NA. 13,
NA. 25
Retrato de Matilde
Notas
Perfil I Perfil II Perfil III
As categorias menos diferenciadoras dos perfis, comuns aos três perfis em proximidade e nível de relevância, são as
categorias conhecimento e explicação ambas incluídas no cluster misto da análise de correspondências múltiplas.
A dimensão afectiva, representada pelas categorias tensão e bem-estar também não é diferenciadora dos perfis.
Comportamental Formal-Cognitivo Associativo-Judicativo
Caracteriza-se pelo uso muito É heterogéneo no modo como Apresenta um comportamento
relevante da categoria atitude. utiliza a maioria das categorias, heterogéneo no uso da dimensão
De um modo geral, este perfil é distribuindo-se os participantes formal, distribuindo-se os sujeitos
pouco relevante no uso das demais pelos três níveis de relevância. pelos três níveis de relevância.
categorias. Embora integre na sua análise Embora de forma mediana, este
categorias das quatro dimensões, perfil caracteriza-se pelo uso das
as categorias onde apresentam um categorias associação e juízo.
comportamento mais constante
são a forma e forma-conteúdo,
utilizadas medianamente na criação
de sentido.
A. 16, NA. 25, NA. 26 A. 8, A. 5, NA. 10, NA. 12, A. 3, A. A. 7, A. 17, A. 20, NA. 29, NA. 15,
21, NA. 9, A. 19, A. 22, A. 1, A. 6, NA. 13, NA. 30
NA. 27, NA. 28, NA. 11
166
191 III. Diálogos com a arte
Estetigramas
Quadrante
INTRÍNSECO
(formal)
Estéril Primevo
COGNITIVO AFECTIVO
(intelectual) (emocional)
Icónico Sentimental
EXTRÍNSECO
(instrumental) The Mirror Suitcase Man
Retrato de Matilde
Figura 60. The Mirror Suitcase Man e Retrato de Matilde. Quadrante R. L. Jones. Categoria juízo.
INTRÍNSECO
(formal)
Estéril Primevo
COGNITIVO AFECTIVO
(intelectual) (emocional)
Icónico Sentimental
EXTRÍNSECO
(instrumental) The Mirror Suitcase Man
Retrato de Matilde
Figura 61. The Mirror Suitcase Man e Retrato de Matilde. Quadrante R. L. Jones. Categoria atitude.
168
193 III. Diálogos com a arte
duas obras, a categoria mais utilizada. É possível visualizar que a categoria juízo se posi-
ciona para a pintura de Sarah Affonso na zona interior do quadrante, revelando que é uti-
lizada de forma mais integrada. Sobre o Retrato de Matilde são elaboradas avaliações nega-
tivas e positivas, que classificam os elementos representados (mulher, contexto, livro),
a técnica (pincelada, cor) e o conceito/temática. Para o vídeo esta categoria apresenta
um posicionamento mais fragmentado distribuindo-se principalmente pela zona exterior
do quadrante, ou seja, foi mais periférica no processo de criação de sentido. Nesta obra
são elaboradas avaliações negativas e positivas, que classificam os elementos visionados
(mala, suitcase man, contexto), a técnica (som, imagem) e o conceito.
A categoria atitude corresponde a uma interacção positiva, negativa ou indiferente
com a obra de arte. As atitudes são pontos de vista sobre pessoas, lugares, coisas ou
acontecimentos, todos considerados como «objecto da atitude». Na pintura de Sarah
Affonso a categoria atitude posiciona-se primordialmente entre os sectores estéril-sen-
timental. Para o vídeo esta categoria distribui-se pelos sectores primitivo-cognitivo. Nas
duas obras a atitude corresponde à decisão dos indivíduos de concluírem a análise da
obra. No caso de The Mirror Suitcase Man, essa decisão foi influenciada pelas condicio-
nantes do espaço expositivo e pela qualidade do som e imagem projectados, que apelam
ao abandono da obra, o que pode sustentar a escolha pelo posicionamento desta catego-
ria nos sectores extrínsecos.
Textos-matriz
Espaços semânticos
Definição Exemplos
Possibilidades em aberto denotadas nas narrativas criadas pelos sujeitos para a compreensão e a fruição
Interpretativa
da obra de arte.
Inclui, referências a memórias, directa ou A primeira sensação que senti transportou-me para o universo
indirectamente relacionadas com a experiência dos infantil, não relacionado com a minha infância mas talvez com
Associação
sujeitos e a associações entre elementos formais e a dos contos de fadas (não dos felizes). A menina, o presente, os
conhecimentos específicos. seus sapatos vermelhos, as flores, a sala gigante.
Referência a emoções ou sentimentos evocados Entre baloiços e bancos de jardim vazios, a estranha
Projecção-
pelos elementos formais e ou do conteúdo da personagem parecia procurar algo, repovoando novamente o
afectos
obra de arte espectador de uma sensação voyeurista.
Quadro 9. The Mirror Suitcase Man e Retrato de Matilde. Texto-matriz. Análise de correspondências
múltiplas. Perfis.
Textos-matriz
Podemos afirmar que a dimensão interpretativa é mais diferenciadora dos três perfis. Os três utilizaram de
forma semelhante as categorias forma-conteúdo e explicação.
Textos-matriz
A dimensão interpretativa é a mais diferenciadora dos três perfis. Embora os três usem de forma semelhante
a categoria forma-conteúdo
Ao focar a dimensão processual encontramos diferenças entre as duas obras nas catego-
rias encontros e obras. As referências à comparação entre os dois encontros com as obras
surgem com maior frequência nos textos-matriz do vídeo. A comparação entre as duas
obras surge exclusivamente nos textos-matriz sobre o Retrato de Matilde. Não existem
diferenças entre as duas obras nas categorias da dimensão contextual.
Perfis de observação
Com base nos dados importados da análise qualitativa realizámos uma análise de corres-
pondências múltiplas (ACM), com o intuito de mapear a proximidade das categorias entre si
e a sua associação aos sujeitos. A análise de clusters permitiu identificar três perfis – grupos
heterogéneos de sujeitos, artistas e não-artistas, próximos entre si pelo uso das categorias.
Ao comparar os perfis encontrados na ACM textos-matriz das duas obras, verificamos
que existe um perfil comum, o perfil neutro (Q. 9). Este é, dos três, o perfil menos com-
plexo, na medida em que usa de forma menos relevante as categorias que integram a
dimensão interpretativa. Os sujeitos que integraram estes perfis nas duas obras foram,
na sua maioria, os mesmos (A. 7, A. 6, A. 20, NA. 30, NA. 25, NA. 13, NA. 11, NA. 29).
Nos textos-matriz sobre The Mirror Suitcase Man foram encontrados outros dois per-
fis, comportamental-afectivo e cognitivo-associativo. Nesta obra a dimensão interpretativa é
a mais diferenciadora dos três perfis embora os três utilizassem de forma semelhante
as categorias forma-conteúdo e explicação. Nos textos-matriz sobre o Retrato de Matilde os
outros dois perfis encontrados definiram-se como hipotético-explicativo e cognitivo-compor-
tamental. A dimensão interpretativa é a mais diferenciadora dos três perfis embora os três
utilizassem de forma semelhante as categorias forma-conteúdo e forma.
Ao comparar o comportamento dos sujeitos na realização dos textos-matriz, encontra-
mos, para além dos sujeitos que integram o perfil neutro nas duas obras, um grupo de sujei-
tos (A. 1, A. 21, NA. 26, NA. 12, NA. 10) que se mantém junto nas duas obras, embora revele
abordagens diferentes para cada uma. Os textos-matriz sobre o vídeo enquadram-se no per-
fil cognitivo-associativo; os da pintura enquadram-se no perfil hipotético-explicativo. Podemos
concluir que estes participantes ajustaram a sua análise às características, formais e concep-
tuais, da obra. Os participantes foram mais homogéneos nos textos-matriz do que nas notas.
Os participantes perceberam as obras de forma diferente, na grande maioria dos itens sob os
quais as mesmas foram avaliadas (Fig. 52, Apend. p. 299). Aquela que menos conheciam era
a obra Le Cadeau, seguida da obra The Mirror Suitcase Man, e a que melhor referiram conhe-
cer foi a obra Retrato de Matilde, aquela que os participantes referiram também compreender
melhor. Ainda em termos de compreensão, os participantes referiram compreender as obras
Le Cadeau e The Mirror Suitcase Man, de igual forma. Apesar destas diferenças, os participan-
tes consideraram as três obras de igual interesse, profundidade, força, controlo e perfeição.
197
172 III. Diálogos com a arte
Desinteressante Interessante
Mau Bom
Passivo Activo
Lento Rápido
Superficial Profundo
Fraco Forte
Desagradável Agradável
Banal Original
Desconhecido Conhecido
Incompreensível Compreensível
Doentio Saudável
Estático Dinâmico
Simples Complexo
Aborrecido Divertido
Falso Sincero
Instável Estável
Obscuro Claro
Monótono Variado
Inartístico Artístico
Rude Delicado
Emocional Racional
Óbvio Subtil
Feio Belo
Tenso Distendido
Incoerente Coerente
Inexpressivo Expressivo
Acidental Controlado
Animado Calmo
Naif Sofisticado
Triste Feliz
Informal Formal
Pouca afinidade Muita afinidade
Imperfeito Perfeito
Conceito pobre Conceito rico
-3 -2 -1 0 1 2 3
Figura 62. Diferenciador semântico. Le Cadeau, The Mirror Suitcase Man e Retrato de Matilde. Grupo.
III. Diálogos com a arte 173
198
Conclui-se que Le Cadeau foi a obra pela qual os participantes sentiram menor afini-
dade e foi a mais aborrecida, com uma média negativa neste item. Quando posicionam
as obras na escala mau-bom, de forma estatisticamente significativa, consideraram a obra
Le Cadeau como a pior das três obras, apesar de todas elas terem valores médios positivos,
logo mais próximos da classificação de bom. Neste item, as obras The Mirror Suitcase Man
e Retrato de Matilde são estatisticamente classificadas de igual modo.
A obra Le Cadeau assemelha-se à obra The Mirror Suitcase Man, quando os participantes
avaliaram a agradabilidade das obras, considerando estas obras menos agradáveis do que
o Retrato de Matilde. Classificaram tanto a pintura de Martha Telles, como o vídeo, como
menos saudáveis do que o Retrato de Matilde, mas com igual valor médio entre as duas
primeiras obras. Entenderam também que ambas as obras eram mais instáveis do que a
pintura de Sarah Affonso e mais escuras do que a última obra. Há ainda mais característi-
cas em que os participantes consideraram estas duas obras semelhantes. Nomeadamente,
consideraram-nas mais subtis, mais feias, tristes e tensas do que o Retrato de Matilde.
Apesar destas semelhanças entre a pintura, Le Cadeau, e o vídeo, The Mirror Suitcase
Man, há também características da obra Le Cadeau que a aproximam à pintura de Sarah
Affonso, distinguindo-se do vídeo. A obra The Mirror Suitcase Man é mais activa do que
as duas pinturas, que são consideradas mais passivas e mais estáticas versus a avaliação
do vídeo como mais dinâmica. Consideraram também que as duas pinturas eram mais
delicadas do que o vídeo, mas com um conceito mais pobre.
Quanto à avaliação da complexidade, a obra The Mirror Suitcase Man é a mais com-
plexa, seguida da obra Le Cadeau e depois da obra Retrato de Matilde. A obra The Mirror
Suitcase Man é a mais animada, seguida da pintura Le Cadeau e por fim o Retrato de
Matilde que é considerada a obra mais calma. A pintura de Martha Telles é considerada
a mais naïf, seguida da obra Retrato de Matilde e depois da obra The Mirror Suitcase Man
considerada como a mais sofisticada.
A obra The Mirror Suitcase Man foi vista pelos participantes como a mais activa, dinâ-
mica e animada de todas as obras. Foi também considerada a mais complexa, com um
conceito mais rico e a mais sofisticada. O vídeo foi ainda considerado a mais rude das
três obras. O Retrato de Matilde foi considerada a obra mais agradável das três e foi aquela
que os participantes melhor compreenderam. A mais bela, saudável, feliz, estável, clara e
calma de todas as obras e foi a mais simples das três obras em avaliação.
Os participantes avaliaram o trabalho com as três obras ao longo da oficina, com base em
três parâmetros: dificuldade, satisfação e tempo (v. Apend. p. 298). O tempo foi avaliado
de duas formas: percepção e quantificação do tempo despendido. A avaliação realizou-se
para cada um dos encontros, com cada uma das obras, e incidiu sobre as quatro etapas
propostas – notas, estetigramas, quadrante R. L. Jones e texto-matriz. Depois de analisa-
dos os dados resultantes da avaliação concluiu-se que não existem diferenças estatistica-
mente significativas entre artistas e não-artistas, em nenhum dos parâmetros avaliados
199
174 III. Diálogos com a arte
nas três obras. Os resultados apresentados têm, por isso, como referência o grupo total
estando o enfoque comparativo nas diferenças entre as ferramentas e as obras trabalha-
das. Uma vez que o trabalho desenvolvido com The Mirror Suitcase Man e o Retrato de
Matilde teve dois encontros, em que todo o processo, incluindo a avaliação, foram repli-
cados, apresentamos num primeiro momento os resultados de cada um dos encontros,
para as duas obras, procurando compreender a evolução ocorrida entre ambos.
Encontro I e o Encontro II
Na avaliação do grau de dificuldade sentido nas diferentes etapas dos dois encontros com
ambas as obras apenas existem diferenças significativas entre o encontro I e o encontro II,
com o Retrato de Matilde (Apend. Q. 93). No segundo encontro com a pintura, a dificuldade
sentida na produção de notas foi significativamente superior. Embora a diferença não seja
estatisticamente significativa, também a dificuldade sentida na produção das notas sobre
The Mirror Suitcase Man aumentou entre os dois encontros. Podemos interpretar o acrés-
cimo no grau de dificuldade sentido aquando da produção de notas no segundo encontro
com as obras, como um reflexo da diminuição de coisas a dizer, sendo as notas um exer-
cício de registo directo realizado em simultâneo com o contacto com a obra no espaço do
museu. Por outro lado, embora seja uma alteração muito ligeira e não significativa estatisti-
camente, enquanto para o vídeo The Mirror Suitcase Man a dificuldade sentida na produção
do quadrante e do texto-matriz diminuiu entre os encontros, na pintura de Sarah Affonso
o grau de dificuldade percepcionado nestas duas etapas aumentou entre os dois encontros.
Relativamente à avaliação do grau de satisfação, também se encontram diferenças sig-
nificativas apenas entre os dois encontros com o Retrato de Matilde, em particular, na
produção das notas e do estetigrama. Os participantes ficaram menos satisfeitos com a
realização destas duas etapas no segundo encontro comparativamente ao primeiro. Em
geral, embora não seja estatisticamente significativo, nota-se que a satisfação diminui em
todas as etapas de um encontro para o outro, com as duas obras.
Centrando-nos na avaliação do tempo, verificamos que a percepção do tempo despendido
foi significativamente diferente na realização de todas as etapas entre os dois encontros com
o vídeo. Os participantes consideram ter gasto menos tempo na produção de notas, esteti-
gramas, quadrante e texto-matriz no segundo encontro, comparativamente com o primeiro.
Embora não exista uma mudança estatisticamente significativa, também a percepção do
tempo despendido com as etapas de criação de sentido foi, para a pintura, decrescente entre
os dois encontros. A avaliação da quantificação do tempo despendido na realização das dife-
rentes etapas foi, para as duas obras, significativamente diferente entre os dois encontros na
produção dos estetigramas, quadrante e texto-matriz. Os participantes despenderam menos
tempo com as diferentes etapas no segundo encontro, comparativamente com o primeiro.
No segundo encontro, o tempo despendido com cada uma das etapas foi entre trinta a
quarenta e cinco minutos, excepto com a produção do estetigrama do vídeo cuja produção
demorou entre quarenta e cinco e sessenta minutos. Podemos interpretar o facto de não
haver diferenças na quantificação do tempo despendido na produção de notas entre os
III. Diálogos com a arte 175
200
dois encontros com as duas obras, com base nas características do próprio processo, de
todos o mais rápido.
Embora tenham sido encontradas algumas diferenças entre os dois encontros com as
obras The Mirror Suitcase Man e Retrato de Matilde, em particular no tempo despendido
com ambos, estes dois momentos foram fundidos com o intuito de comparar a avaliação
feita pelos participantes sobre as três obras.
Por fim, quanto ao tempo despendido propriamente dito, quantificado, volta a acon-
tecer uma diminuição do tempo gasto na produção dos estetigramas, quadrante e texto-
-matriz ao longo das três obras. Quanto à elaboração do estetigrama, nota-se que foi
no vídeo The Mirror Suitcase Man, que os participantes mais tempo ocuparam, sendo o
tempo gasto significativamente inferior ao da Le Cadeau e ao da Retrato de Matilde. Por
outro lado, a produção do quadrante R. L. Jones revelou-se significativamente menos
demorada na obra de aquecimento, Le Cadeau, em relação às restantes obras, The Mirror
Suitcase Man e Retrato de Matilde. Por fim, na produção do texto-matriz, apesar do tempo
ter diminuído ao longo das três obras, notam-se apenas diferenças significativas entre a
obra Le Cadeau e a obra Retrato de Matilde.
Analisando obra a obra, verificamos que o tempo efectivo que ocuparam com cada uma
das actividades realizadas a partir da Le Cadeau, revela que a actividade com que ocuparam
menos tempo foi a produção de notas, sendo que as diferenças encontradas são estatisti-
camente significativas em relação à produção de estetigramas e ao texto-matriz. Os parti-
cipantes demoraram cerca de trinta minutos na produção das notas. Verificamos que não
existem diferenças entre o tempo despendido nas restantes etapas – estetigramas, qua-
drante R. L. Jones e texto-matriz –, sendo que cada um destes momentos demorou entre
quarenta e cinco e sessenta minutos. Por outro lado, a produção dos estetigramas sobre
The Mirror Suitcase Man foi a actividade que demorou mais tempo a ser concretizada, em
relação à produção de notas, ao texto-matriz e também do quadrante R. L. Jones, centrados
naquela obra. Esta etapa demorou entre quarenta e cinco e sessenta minutos. A produ-
ção de notas sobre o vídeo The Mirror Suitcase Man foi também considerada como sendo
mais rápida do que a produção do texto-matriz. Com a produção das notas, os participan-
tes demoraram entre trinta a quarenta e cinco minutos. Ao focar a avaliação feita sobre a
quantificação do tempo despendido nas diferentes etapas com a pintura de Sarah Affonso,
apercebemo-nos de que a produção de notas foi a actividade que demorou menos tempo a
ser concretizada, em relação à produção de estetigramas, produção do texto-matriz e tam-
bém do quadrante R. L. Jones. Os participantes despenderam com a produção das notas
cerca de trinta minutos. A produção de estetigramas foi também considerada como sendo
significativamente mais demorada do que a produção do quadrante. O tempo gasto com
esta etapa, para esta obra, foi cerca de quarenta e cinco minutos.
Discussão
Na comparação entre os dois encontros, verificámos que, comum às duas obras, foi a
avaliação das notas no parâmetro da dificuldade e da quantificação do tempo despendido.
Embora apenas para Retrato de Matilde, o grau de dificuldade seja significativamente
maior no segundo encontro, em relação ao primeiro. Essa mesma tendência encontra-
-se na obra The Mirror Suitcase Man. Esta progressão na relação com as notas prende-se,
hipoteticamente, com as características do próprio instrumento, um registo directo rea-
lizado aquando do encontro com a obra, no espaço do museu. O acréscimo sentido na
203
178 III. Diálogos com a arte
dificuldade entre os dois encontros pode, por isso, ser reflexo da dificuldade em incluir
novas informações face ao inicialmente registado no primeiro encontro. Na avaliação da
quantificação do tempo despendido, a produção de notas foi a única etapa em que não se
registaram diferenças estatisticamente significativas entre os dois encontros. Nas demais
etapas – estetigrama, quadrante e texto-matriz –, o tempo despendido, no segundo encon-
tro, foi significativamente inferior ao do primeiro. O decréscimo no tempo despendido
com a realização destas três etapas pode ser interpretado como um resultado positivo da
aprendizagem – compreensão e utilização das ferramentas auxiliares do processo de cria-
ção de sentido. Mesmo tendo sido encontradas algumas diferenças entre os dois encon-
tros com as obras The Mirror Suitcase Man e Retrato de Matilde, em particular no tempo
despendido com ambos, estes dois momentos foram fundidos com o intuito de comparar
a avaliação feita pelos participantes sobre as três obras.
Comparando as três obras entre si, nos diferentes parâmetros avaliados, verificamos
que a obra The Mirror Suitcase Man e Retrato de Matilde são avaliadas de forma mais seme-
lhante entre si do que quando comparadas com a obra Le Cadeau, embora apenas em
alguns casos se encontrem diferenças estatisticamente significativas. Centrando-nos na
avaliação do grau de dificuldade sentido é possível afirmar que a realização do quadrante
foi, para as três obras, significativamente mais difícil do que a produção das notas. Para
a Le Cadeau e The Mirror Suitcase Man, a realização do texto-matriz foi igualmente consi-
derada mais difícil do que a produção de notas, tendência que, embora não seja estatisti-
camente significativa, se verifica em Retrato de Matilde. Quando avaliado o grau de satis-
fação, destaca-se, uma vez mais, a realização do quadrante, etapa que menor satisfação
proporcionou quando comparada com a produção de notas e construção do estetigrama,
nas três obras. De um modo geral, o grupo ficou satisfeito com as diferentes etapas envol-
vidas na relação com as três obras, uma vez que a sua avaliação se encontra acima do
ponto médio da escala. Sobre a avaliação do tempo, avaliado por dois indicadores – per-
cepção e quantificação –, encontram-se em ambos diferenças significativas ao longo das
obras, nomeadamente no que diz respeito aos estetigramas, quadrante e texto-matriz,
tendo o tempo despendido nestas etapas diminuído ao longo das três obras, Le Cadeau,
The Mirror Suitcase Man e Retrato de Matilde. De uma forma geral, na percepção do tempo
despendido, as diferenças encontram-se mais entre as três obras do que entre as diferen-
tes etapas de criação de sentido realizadas para cada uma delas. Porém, centrando-nos
na avaliação da quantificação do tempo despendido, as notas ocuparam, nas três obras,
significativamente menos tempo do que as restantes etapas, excepto quando comparadas
com o quadrante em The Mirror Suitcase Man, tendo os participantes despendido entre
trinta a quarenta e cinco minutos na sua realização.
Apesar da dificuldade e tempo envolvidos, os participantes revelaram-se satisfeitos
com o trabalho desenvolvido, indiciando um sentido positivo na aprendizagem, em parti-
cular pela redução do tempo despendido com processo ao longo das três obras.
III. Diálogos com a arte 179
Encerramento
Ossip Mandelstam
205 Encerramento
Encerramento
Três aspectos são importantes para o encerramento deste estudo: os dois primeiros res-
pondem às duas perguntas de investigação e o último propõe três conceitos transversais
que resultaram da experiência observada nas oficinas e acompanham o «modelo de for-
mação» proposto.
O envolvimento na oficina de formação de vinte e quatro participantes, durante cinco
meses, permitiu iniciá-los à problemática da investigação na área das mediações educacio-
nais em museus de arte e acompanhar a actividade de interpretação de obras de arte em
contexto de museu. O grupo de formação, desde início, mostrou-se motivado para a temá-
tica do projecto e os seus elementos abertos à experiência e ao mundo das artes e desper-
tos para as problemáticas relacionadas com a formação dos públicos dos museus de arte.
As estratégias introduzidas na oficina de formação implicaram o uso faseado de fer-
ramentas concebidas para a criação de sentido descritas na segunda parte do livro. As
notas serviram como registo escrito directo e livre com as obras de arte. Através dos este-
tigramas organizaram-se mapas de conceitos cruzando as notas e categorias pré-defini-
das orientadoras da criação de sentido. O quadrante, denominado modelo do equilíbrio
fenomenológico, permitiu aos indivíduos mapear os momentos experiencias incluídos
no estetigrama num plano extremado por quatro pólos: cognitivo, afectivo, extrínseco e
intrínseco. O texto-matriz, registo escrito final, surgiu como síntese acessível ao sujeito e
ao leitor no processo interpretativo resultante do contacto com a obra de arte.
A pintura Le Cadeau serviu como exercício introdutório às ferramentas para a media-
ção de sentido. Apenas os resultados desta obra foram partilhados em grupo. O trabalho
com The Mirror Suitcase Man e Retrato de Matilde foi desenvolvido individualmente em
encontros com as obras no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian
e mediado pela equipa do projecto. Cada obra foi visitada pelo menos duas vezes. O
segundo encontro surgiu como reforço das primeiras interpretações e permitiu o esclare-
cimento de questões surgidas entre os encontros com as obras. Os resultados apresenta-
dos evidenciam um efeito da aprendizagem na utilização das ferramentas para a criação
de sentido com impacto no trabalho de interpretação das duas obras de arte The Mirror
Suitcase Man, Retrato de Matilde e Le Cadeau.
Espaços semânticos
Focando atenção nos produtos textuais, notas e textos-matriz para as três obras, constata-
-se a presença das mesmas dimensões e categorias de atribuição de sentido. A análise
de conteúdo das notas permitiu identificar doze categorias agrupadas em quatro dimen-
sões: formal, cognitiva, comportamental e afectiva. Nos textos-matriz emergiu uma grande
dimensão, denominada interpretativa, onde se incluíram oito categorias: forma-conteúdo,
explicação, hipóteses, associação, conhecimento, juízo, atitude e projecção-afectos; e duas
dimensões instrumentais, a processual e a contextual.
Encerramento 206
Perfis de observação
Foreword 212
Le Cadeau 231
Multidimensional analysis of meaning making 231
Notes 231
Semantic spaces 231
Observation profiles 237
Case A 240
Aesthetigrams 241
Case A 245
R. L. Jones quadrant 246
Case A 247
Final texts 248
Semantic spaces 248
Observation profiles 254
Case A 257
Discussion 258
Conclusion 258
Encounters with art 187
212
Foreword
This chapter is the product of the research project «Mediation and Meaning Making
Strategies in Art Museums». This project took place between February 2009 and July
2013, was financed by the Portuguese Foundation for Science and Technology (Ministry
of Education and Science) and hosted by the Center for Research and Studies in Fine
Arts (Faculty of Fine Arts, University of Lisbon). Its approval was preceded by preparatory
meetings with two Canadian professors: Boyd White (McGill University) and Anne-Marie
Émond (University of Montreal). These meetings confirmed the existence of common
interests and led to the organization of joint actions within the field of the phenomenol-
ogy of meaning making in the arts.
During 2007 and 2008, as project coordinator, I was visiting scholar at the Groupe de
recherche sur les musées et l’éducation des adultes (University of Montreal), which brought
me into contact with Canadian projects in museum education. During one of my visits, I
noticed a reproduction of the painting Le Cadeau by Martha Telles (1930-2001) on a wall
in Professor Boyd White’s office. The original painting is part of the collection of the
Calouste Gulbenkian Modern Art Center in Lisbon. Martha Telles was born in Funchal,
in the Portuguese island of Madeira. While in Paris, she had close contact with Vieira da
Silva and José Escada and in 1968 she moved to Montreal. That same reproduction has
frequently served as a stimulus and starting point for art discussions in Boyd White’s
classes in Aesthetics at McGill University. Le Cadeau (1980) was a revelation and the
Leitmotiv of our research project.
In this chapter we present the research model developed in the project. Strategies for
the mediation of meaning were tested and oral and written records resulting from the
adults’ encounters with the artworks in a museum were analyzed. This chapter takes into
account the proposals of a group of authors relevant to us for two reasons: first, for their
heuristic value and inherent opening to other ways of thinking; second, for the possibility
to project those contributions onto the conception and organization of strategies for the
training of mediators in different contexts.
In order to attain the objectives of the project, a workshop was organized with activities
involving the observation of artworks in a classroom and at the Calouste Gulbenkian
Modern Art Center. The aesthetic experiences of the group of participants were mediated
by the project team over a period of five months. The interpretations of data resulting
from our pedagogical intervention aim at further developing the theory of meaning
making and at understanding the phenomenology of the reception of artworks.
There is a wide range of literature that sustains the scientific and educational interest
in the phenomenology of aesthetic interactions in the visual arts. In Europe and in the
United States, this interest was strengthened by theoretical contributions coming from
188
213 Encounters with art
research in the psychology of art education (Parsons, 1987; Feldman, 1987; Gardner,
1990; Funch, 1997). In the 1980s, authors such as Dwaine Greer (1987), Stephen Dobbs
(1998), Ralph Smith (1995) and Elliot Eisner (1990) laid down the bases for an approach
to art education centered on the «reading» and interpretation of artworks. These theoreti-
cal contributions led to a renewed understanding of the importance of the arts in edu-
cation and opened the way to innovation in art education practices and in the design of
training programs for educators.
Changes in the world of art, including attention to visual culture phenomena led some
to claim that the artwork-centered model introduced subjects such as philosophy of art,
aesthetics and history of art in schools and in their art programs. This should be bal-
anced by alternative guidelines coming from the so-called art education as visual culture
centered on the debate of socially relevant narratives. However, in both situations the
aesthetic dimension, centered on the reception of artworks or on their making, remains
an organizing nucleus of the different ways of learning in art education. Contrary to
research on aesthetic development, the current trend at national school level, as well as
in the rest of Europe and in the USA is, in fact, to reduce the time allocated to the arts
in school curricula. In Portugal this situation is especially worrying. The arts and what
they represent in terms of creativity and its capacity to introduce new perspectives on our
day-to-day worlds, can neither be presented as an elixir for difficult moments nor become
the expression of a mere game of emotions. Underlying all this are the same problems,
the same anguishes arising from existence, human beings’ same urge for uniqueness
in their search for harmony between thinking and feeling, moving across different land-
scapes (Fróis, 2012).
Personal encounters with artworks go hand in hand with an intimate process of
individuals’ cognitive and emotional development. This process is distinct from the
one undergone in other areas of knowledge, where logical reasoning is the main route
to the acquisition of knowledge. The clarification of this relationship for art education
requires that those involved in it organize a specific epistemology for art education,
based on principles issuing from essential research. The difficulties inherent in the
assertion of art education as an area of knowledge demand the search for multidiscipli-
nary theoretical solutions.
Schools face strategic problems hindering the implementation of art education. The
first of these problems concerns a type of liberation from the aesthetic impulse, while
the second focuses on the development of techniques through which we express that
impulse, materialized in projects that require constant updating in relation to contem-
porary artistic creation. When theoretically considering and treating these two problems,
training programs for pedagogical mediators should not be disregarded. This study
focuses on the artwork-reception experience and on its resulting implications through
the action of mediators.
Encounters with art 189
214
Reception of art
Vygotsky, one of the structuring axes of aesthetic experience focused on the similarity
between artistic creation and perception: the reader should show solidarity towards the
poet because when we perceive an artwork we recreate it anew every time we come into
contact with it.
One of the consequences of this idea about the reception of art is based on the conviction
that perception is a complex activity and that the act of seeing and hearing, or the use
of speech, are only external manifestations of the perceptual act. This idea moves away
from the structural, impersonal analysis of artworks, drawing closer to the psychological
analysis of the relationship between art as a «technique of social exchange» and the real
person. The mental work involved in the creative process and in the perception of art will
always remain open and unresolved; specifically because there is room for an extreme
complexity that involves the activity of listener and reader, creating and constructing an
aesthetic object on the basis of external impressions in which all subsequent answers
refer exclusively to this object, because a painting is more than just a piece of canvas with
colors on it. When the viewer interprets the canvas and colors as representing a person,
object or event, this complex work of turning the colored canvas into a painting is a
product of the viewer’s mind (Fróis, 2011).
As defended by Lev Vygotsky, tools – whether practical or symbolic – are initially used to
depict nature and to communicate with others: they «affect» their users. Language, used at
first as a communication tool, ends up shaping the minds of those who adapt to its use. It is
a tool integrating and ordering human mental life, used at the service of other higher men-
tal functions. It is a powerful system of tools to be initially used in speech and «increasingly,
as interiority is consolidated, in perception, memory, thinking, imagination and even in the
exercise of will» (Bruner, 1987:7). From this point of view, to ascend, through language, to a
higher conceptual level increases one’s degree of awareness, including one’s awareness of
one’s culture. Awareness emerges from the interaction of higher mental processes with the
tools of language. However, the translation of thoughts into language is an extremely com-
plex process requiring the use of meanings, as stressed by Lev Vygotsky (1962: 124) «There
is always a thought in the background, a subtext concealed in our language, and the direct
translation of thoughts into words is an impossibility.»
There are several current interpretations of the relationship of individuals with visual
artworks that interest our research. The relationship between visual metaphors and
meaning making has been theoretically developed by Michael Parsons (1987, 2010) and
Arthur Efland (2002). Terry Barrett (2003, 2010), for example, has focused his attention
on strategies for interpreting artworks. Boyd White (1998) and Anne-Marie Émond
(2010) have proposed methodologies for meaning making in the visual arts. Bjarne
Funch (2007, 2013) and Tone Roald (2007) have been exploring the phenomenological
dimension of the aesthetic experience, based on empirical studies within the scope of
Encounters with art 191
216
aesthetic education in art museums. Mark Johnson (2007) has studied metaphorical
thinking and embodied experience. David Shusterman (2010) has developed the theory
advanced by John Dewey (1934) in Art as Experience1.
We highlight the idea advanced by Michael Parsons (2010) on the cognitive value of the
creation and reception of art. The first generation of cognitive scientists, from the 1960s
and 1970s, includes the authors who most influenced aesthetic thought and education
in the twentieth century: Rudolf Arnheim (1989), Nelson Goodman (1976) and Howard
Gardner (1990). According to these authors, thought emerges as a «mechanism» and
process of the manipulation of representations, i.e. mental symbols of reality. Those
representations are not only verbal but can also be visual. However, as António Damásio
warns us, we must be cautious when using the concept of representation, «because it
is easily reminiscent of the metaphor of the brain-as-computer, which is completely
inappropriate since, even though our brain performs tasks similar to computing, its
intrinsic functioning has little to do with the commonly held idea of what a computer is»
(Damásio, 1999: 366). George Lakoff and Mark Johnson belong to the second generation
of cognitivists. These authors link thought to the body and see embodied thought as a
process that is more analogical than digital.
We shall now focus our attention on the first generation of cognitivists. The cognitive
approach to aesthetic experience and art education was influential in academic circles,
namely due to Nelson Goodman’s important text, Languages of Art: An Approach to a
Theory of Symbols (1976). This text had a crucial impact on not only aesthetic theory but
also on the design of specific programs in aesthetic education and art education.
The first representative of the first generation of cognitivists is Rudolf Arnheim.
Influenced by the school of psychology where he studied, he proposed a fundamental
concept that would make it possible to skirt around the false distinction between visual
and verbal thinking. Visual thinking and the resolution of problems it entails are also
gradually organized according to the expressive mode that determines them: words and
images are equal partners in what we designate as thinking. This assertion comes as
a new step in art education, regarded as the least noble part of the school curriculum.
Arnheim allowed developmental psychologists, for example, to start seeing children’s art
as more than a simple, disorganized muddle of lines and splashes on paper. As David
Parisier (2003) has mentioned, Rudolf Arnheim did not feel inhibited by «social activism»
or «epistemic relativism» or even by different types of «postmodern obscurantism» when
he developed the concept of «visual thinking». He did not refrain from making aesthetic
judgments and, unlike many of those who deal with art, he believed that the viewer
should, in their relationship with the artworks, draw qualitative distinctions between
1. In fact, the philosopher John Dewey «…saw that if you were going to articulate an adequate theory of art and
aesthetics, it had to be founded on a view of how embodied humans discover and make meaning. Obstacles to
a theory of embodied meaning are as numerous and as deeply rooted in our day as they were in Dewey’s. Chief
among those obstacles is a view of mind and language that treats meaning almost exclusively as conceptual and
propositional » (Johnson, 2013:21).
192
217 Encounters with art
them, reflect about their intrinsic qualities of excellence and compare them. This was
an unusual attitude in a world where critics, among others, often avoided making moral
and aesthetic judgments, seeking refuge in contextual, biographical or other types of
descriptions of the arts.
Aesthetic education
Nelson Goodman, a philosopher in the field of logic and epistemology, established new
bases for aesthetics, linking his concept of the languages of art to the idea of aesthetic
literacy, based on two main theses: artworks are symbols integrated within wider
systems, within artistic modes; and the value of artworks lies, in fact, in their cognitive
potential. Aesthetics, as Goodman presents it, has indeed, in the words of Carmo d’Orey,
consequences for art education – «if, just as claimed by the Romantic, idealist view, artistic
ability was a question of revelation, inspiration or genius, a sort of mysterious energy that
transcends individuals and is not possible to control, education would not be able to «do
much» in this respect » (d’Orey, 1996: 241). The relationship of the individual with art is
thus a cognitive construction of worlds, at the center of which we find the artwork. The
foundations of this view also derive from epistemology. In this perspective, the arts would
prove to be important for the education of individuals if the art object was «used» as a
«decodable symbol». This attitude opened research in art to semiotic theories, cognitive
neurosciences and art education. It had a decisive influence in the studies developed by
Howard Gardner (1990) and David Perkins (1994) at Harvard University.
The openness to aesthetic education proposed, as formulated here, is not only
achieved through its moral and political effects, but also through its cognitive and
emotional implications, a relevant aspect for the change in mentality concerning the
status of the arts in education. The first effects prove to be secondary in relation to the
symbolic process, mainly resulting from the encounter with artworks. To understand
the artwork does not mean to unveil the artist’s intention or to make artist’s and
viewer’s emotions coincide. It is first and foremost the process of decoding a symbol
within a wider system, a broader set of symbols with syntactic and semantic properties
that can be revealed by the viewer. From here on, aesthetic qualities are not exclusive to
the artist's intention or the interpreter’s feelings but belong to the artwork itself, to the
artifact, thus enabling its interpretation.
Nelson Goodman’s approach is optimistic regarding the understanding of art, moving
away from the idea that the main purpose of art is to trigger emotions and project them
into the sphere of learning and knowledge. From here on, we can predict the most
important implications of a rupture with epistemology for aesthetic education and the
opening to a new perspective for the integration of art alongside the other subjects of
the school curriculum. In short, this first generation of cognitivists understood that the
essence of thinking could be understood as the organization of mental representations
and symbols somehow equivalent to the reality external to the individual. The metaphor
Encounters with art 193
218
for this type of thinking was that of the mind organized as a system «manipulating
symbols», where representations were not necessarily verbal but could be reached by any
other means, including visual images as the ones we have mentioned here.
The second generation of cognitivists linked thought more directly to the body,
assigning importance to the origin of the mind grounded in embodied experience.
Thoughts are more analogical than digital – an approach that better corresponds to what
we think of the arts today. The best representatives of this approach are Mark Johnson and
George Lakoff. Metaphor is the problematizing element for these authors, by means of
which we develop and assign meaning to embodied experience. The principles of human
experience and understanding should be termed metaphorical perception, i.e. the ability
to establish links within and by means of fields of experience, based on similarities in
perceived patterns. When we notice that two things display a common shape, we can use
one of them to develop a different conception, which works as a vehicle for what Suzanne
Langer (1953) referred to as symbolization.
Any environment within which we construct and develop complex configurations
can help us to formulate a conception of something that displays a similar pattern:
«The simple appearance of the World that surrounds us, as refered by Suzanne Langer,
fascinates us and this is the first form of human knowledge in which objects are seen
as symbols of feeling, an animism in which objects see each other rather than being
inferred as the dwellings of friendly or hostile or destructive spirits» (Broudy, 1980: 223).
Regardless of their culture and environment, men are impelled, at different times in life,
to objectify their ideas and feelings by means of artifacts that are real and at the same time
transform the ideas we have of what is external to us.
Challenging the tradition that goes back to Plato, who evicted the poets of the Republic
from their dreams, Mark Johnson and George Lakoff sustain the thesis that, far from
being marginal phenomena, metaphors are of vital importance for the very functioning
of the human mind. Without their permanent activity, thinking, in itself, would become
impossible. The implications of this thesis, which they support, go even further since
they concern not only language but also cognitive activity itself, which does not develop
separately neither from language nor from the way of dealing with the world. The
essential metaphors we use are connected to our perceptions of the world, starting with
the primordial relationship with our own body. Mind and body are not as independent
as claimed by the ancient metaphysical tradition celebrated by the Cartesianism of the
Western world. As in a house of cards, the cognitive philosophy defended by these
two authors seeks to knock down, with a single blow, the main beliefs – dating back
to the Greeks – on rationality: that reason would be independent of the body, only
accessible through consciousness and an exclusively human characteristic; and that
mental activity could not be separated from the anatomy and physiology of the brain,
which is mainly unconscious.
We are aware that the propositional path to meaning making, as clearly underlined by
Mark Johnson (2013:21) «…will not be able to explain most of the meaning that operates
194
219 Encounters with art
in our experience of an artwork in virtually any medium, including even poetry and prose
fiction.» If you only follow that path, «Your conception of aesthetics will be significantly
impoverished, for two reasons: 1. If you assume that meaning is essentially linguistic
and tied to concepts and propositions, then anything in art that is not expressible
propositionally is ignored and dismissed as meaningless and cognitively insignificant. 2.
This dismissal of art is reinforced by the mistaken idea that art is only about the evocation
of feelings and emotions, which are regarded as merely subjective, non-cognitive, and
private» (ibid., id.). The adequate critical response to a conception of meaning and art
via the propositional path is the conception of meaning making that emerges from the
qualities and patterns of bodily interaction with the multiple aspects of the contexts
in which we move2. Meaning making can reach into the depths of our ongoing bodily
engagement with physical, interpersonal, social and cultural environments. This idea
of meaning making goes beyond the operations occurring in the process of language.3
As stated by Johnson, «If we want to understand how humans make and experience
meaning, we should therefore pay special attention to the processes by which our arts
enact basic ways for us to be able to inhabit our world.» (ibid., 22). This is a topic on which
Mark Johnson has been deepening his knowledge with the new contributions from
neurosciences and experimental aesthetics and which we will address in later studies4.
We will now analyze the context in which dialogues with the visual arts take place in a
privileged setting: the art museum. In the twentieth century, the art museum became a
socially visible institution, a place turned into a typical pilgrimage attraction, awakening
growing curiosity in the minds of the public and requiring the participation of a broad group
of protagonists, material resources and information technology sharing similar aims. It is
important here to note some of the aspects shaping the existence of art museums. Along
with Gaea Leinhardt (2002), we consider that museums are, first and foremost, complex
social and cultural institutions. They are cultural institutions because they are organized
as meaning making places where examples of mankind’s artistic, scientific and social
2. The conceptual/propositional approach to meaning making sees meaning «…solely as a property of language.
Concepts and propositions, along with the words we use to symbolize them, are what have meaning. Therefore, if
the arts have any meaning, it can only be via structures analogous to words, phrases, and sentences in a language»
(ibid., 21).
3. This idea is taken up from John Dewey, for whom «…art employs the very same meaning-making materials and
processes as are found in our ordinary day-to-day experiences of the meaning of objects, events, and persons» (see
Johnson, 2013: 23).
4. According to this pragmatic view, «…the meaning of any event, object, or symbol is relational – that is, its meaning
is what it points to by way of past, present, or future (possible) experience. The meaning of any thing is what it
affords by way of experience. (…) Meaning emerges from the structures, qualities, and felt directions of our embodied
experience. Meaning is first tied directly to sensory-motor processes, which have both structure and emotional
valence. What we call abstract concepts are typically metaphorical extensions of these sensory-motor meanings»
(Johnson, 2013:22).
Encounters with art 195
220
productions are collected and preserved. And they are social institutions because the
collector, the curator, the educator and the designer engage in tacit or explicit dialogues
with the visitors. In fact, at the same time as the museum presents «objects» (artworks),
it also represents the cultural, social and aesthetic principles of a certain society and
provides individuals with opportunities and challenges that other types of museums do
not. To make art public and to move it, with the interpretation apparatus that sustains
and nourishes it, from a relatively private sphere (the artist’s studio and academia) to the
public domain, is one way the arts can circulate and interact as part of a broader cultural
system, assuming that the pedagogy underlying exhibitions is transparent to visitors.
The contemporary art museum, by using multiple forms and models of communication,
can become a means for the development of visitors’ aesthetic and artistic experience,
as Nelson Goodman (1984) and Umberto Eco (2005) have stressed. Nelson Goodman
considered that this experiential dimension should be assumed as an action to prevent
and cure a certain type of «blindness» to the arts, for which it was necessary to «make
works work». He compared museums with libraries. These two institutions are faced with
the resolution of distinct problems: while most readers can read, many museum visitors
experience real difficulties in «reading artworks», besides often finding themselves in
an environment where artworks are viewed under supervision, at times with absurd
restraints. If the museum cannot help the visitor to overcome these difficulties, all other
missions set out for it become «meaningless» (Goodman, 1984) 5.
At a time when we are experiencing postmodernity, the possibility of artworks existing
as such lies in the fact that they are displayed to look at and presented for interpretation,
that their purpose is to be intelligible. A difficulty arises here: to equip the art object with a
repertoire for interpretation in order to make it accessible to a wider public, and create and
deepen its pedagogical dimension. This is achieved when the museum creates particular
spaces and times to be interpreted by visitors. However, most museums are reluctant to
criticize their own discourse on the exhibition of artworks. These spaces for interpretation
only emerge when the museum begins to criticize its own explanatory discourses, i.e. when
it changes the way they are presented, diluting its conceptions of interpretative authority
and giving rise to autonomy between its purposes and its activities with the public.
The success of the art museum thus depends on the quality of the experiences it provides
its visitors with, i.e. on the way it deals with its own curriculum in the etymological sense
of the concept. These experiences depend on extrinsic and intrinsic factors. The physical
quality of the exhibition spaces influencing the curator’s work is included in the first
type of factors, while the socio-psychological, cultural and educational characteristics
of visitors are included in the second. Artworks ask for an explanation, a reality that
becomes an added difficulty since, by responding to their purpose of awakening people’s
interest in their explanation (sometimes long and tedious), they require cross-disciplinary
5. Gilles Lipovestky (2010) wrote that museums, as cultural institutions – just like schools in our society – have an
important mission: to organize and provide tools that will allow individuals to go further, to excel, to be «more»,
cultivating their passions and their creative imagination in any sphere of action and creation in which they act.
196
221 Encounters with art
knowledge from the mediator. Today we witness the emergence of a wide range of
additional services for the different types of publics, which include guided visits (of
various kinds), hands-on activities, talks, activities for schools, or museum publications.
These additional services also include informal learning activities, activities for families,
workshops, training courses, partnerships with other organizations, school programs
and online educational programs, which aim at the museum’s success and justify its
existence. Sometimes these activities are not merely recreational or informative but
search for new ways of approaching visitors.
Art museums, in this perspective, might well be a privileged place for the aesthetic
experience. To make this idea clearer, Mihaly Csikszentmihalyi (1990, 1999) emphasized
a specific theoretical approach that brings together four dimensions of the aesthetic
experience6. The first dimension concerns knowledge, the experience linked to the
visitor’s knowledge; the second dimension is connected with the emotional experience,
curiosity, fantasy and satisfaction; the third has to do with the perceptual impact of
the «beauty» of objects, their shapes and refinement, on the viewer, those stylistic and
technical comparisons that originate a focus of attention; finally, the fourth dimension,
the communicative one, concerns the way the relationship with art contributes to the
understanding of the viewers themselves, to introspection, to the relationship, through
art, with cultures of different times and places. The aesthetic experience can then be
understood as a structured fusion of the four dimensions mentioned. All of them demand
a complex psychological and physical involvement with the artworks. As Csikszentmihalyi
refers, impediments to a «balanced development» and encounter with the arts are primarily
linked to the pedagogical treatment of the contents of the collection (Fróis, 2008).
For the moment, it is important to highlight that, ever since its beginning, education
in museums was envisaged as a humanized aid to the pedagogy of exhibitions. This is
partly owed to the fact that it was shaped within the context of an ideology of absence
that, in the words of Jacques Derrida (1967), calls for the logic of the supplementary. In
many situations, this ideology of absence made schooling emerge as a stable resource in
museum practices and in the sphere of words. In fact, that absence was never satisfactorily
overcome and «solved». As Cheryl Meszaros (2004) wrote, it was sublimated in the
discourses and narratives of authority.
Educational discourse, as presented today, follows the dominant tradition: it
favors the verbal as a purified form to convey meaning. Words are symbols of mental
experience and thinking – therefore, their importance is huge. The educational
mission of the art museum became, in part, its operational structure, an extension
of school education discourse. Together they colonized the space of interpretation in
different places – sometimes they treated visitors like children and other times they
6. Some of the most characteristic examples of the cognitive approach to the visual arts and aesthetic experience were
developed by Gerald Cupchik (2013), Tone Roald (2007, 2009), Helen Winner (1982), Noel Carrol, (2002) and Dahlia
Zaidel (2005). Recently, in The artful mind meets art history (2013), Nicolas Bullot and Rolf Reber presented a «state
of the art» of the psychology of art appreciation.
Encounters with art 197
222
«dried up» the arts from their inherent interpretative power in the public sphere. This
realization opens up new challenges for museum education services. It is important to
think about these challenges, which should emerge from within the museum because
artworks, regardless of their greatness or artistic glory, have no meaning when isolated,
unless they are met by an attentive gaze, a thinking mind and a feeling «heart»: the
viewer’s experience and imagination become artistically meaningful when they are able
to deal with the artwork in a way that is relevant to its most significant artistic features
(Hooper-Greenhill, 2000; Fróis, 2008).
Meaning making is a topic of recognized value and an important part of education (Brun-
er, 1990; Greene, 1996). With the theoretical view proposed in this project, we aim at
questioning the ways of understanding and structuring meaning making processes, in
order to create guidelines for the pedagogical practice of teachers and mediators in muse-
ums. Theoretical and empirical research on meaning making in the visual arts has been
developed in recent years with the work of all the researchers associated with the project
(Émond, 2010; White, 1998; Fróis & White, 2013; Fróis & Silva, 2013, 2014). The activities
of interpretation and criticism, as pointed out, are topics of interest to art education, with
implications for the development of education practices, the study of art at school, and
the education services of museums and art centers.
The research project «Mediation and Meaning Making Strategies in Art Museums»
highlights the importance of the theoretical and practical work of art education in the
visual arts and the design of tools for the training of pedagogical mediators. Attention is
paid to analyzing specific moments in individual aesthetic experiences and to seeing how
meanings arising from encounters with artworks coalesce. In our context, the relation-
ship of individuals with the artworks is materialized through the use of words (verbal
labels), which will work as connectors for assigning meaning to artworks. These words
might function as a symbol integrated in a system of aesthetic values, playing an impor-
tant role in the cognitive and emotional development of individuals.
Meaning making is here understood as a multidimensional process. Its inclusion in
museum practice cuts across the texts of several authors, who wish to define its contours and
mould them to educational and communication practices in museums. Meaning making
is a dynamic learning process intimately linked to the motivation of individuals and to their
perception and awareness of their experience with the arts. The elements that clarify this
concept are: the visitors and their participative involvement; the intellectual and emotional
engagement with the artworks; the scrutiny of the learning process; the motivation of
individuals and their relationship with the learning conditions; the development of aesthetic
perception, of the systematic involvement with artworks and of awareness of the meaning
of what is experienced; and finally, the environment’s conditions and characteristics, such
198
223 Encounters with art
as the architecture or the comfort of the place where the experience is undergone (Fróis,
2013). The approach to art education with a focus on aesthetics, as the one we propose here,
is but one among many others in the field of art education in museums.
Within our context, we will develop the proposal advanced by Boyd White (1998). According
to this perspective, art appreciation and meaning making will not be ends in themselves.
We will not side with the elitist attitude favoring exclusive access to a body of knowledge or
exclusive experiences, which the concept of art appreciation sometimes implies; the activities
involved in the interpretation of artworks are, in this case, central to art education. In order
to foster interactions and guide encounters with artworks, Boyd White sets forth a strategy
that aims at mapping the path covered in the experience of viewing an artwork, involving the
viewers’ construction and use of visual maps and texts – phenomenological descriptions of
the moments of interaction with the artworks. This process allows participants to map the
individual moments in their encounters with an artwork.
This research aims at understanding how groups of adults, with and without a background
in the visual arts, make meaning through the use of tools especially conceived for the dialogue
with artworks. We seek to follow the way in which participants organize their experience
with artworks in museums. To that end, we identify the «discreet moments» of meaning
making resulting from the aesthetic reception of artworks and, to study them, we outline
the type of knowledge generated through the use of tools proposed for the «mediation
of meaning». The strategies developed during the workshop allowed us to carry out a
phenomenological analysis of the steps involved in the reception of artworks, based on the
records of participants. The educational potential of the aesthetically-oriented interpretation
activities suggested can provide elements for the design of a training model in this field.
For the time being, we aim at finding answers to two questions:
1) How can interpretations of artworks, mediated by the use of specific tools, guide the
creation of semantic spaces for artworks?
2) To what extent, in the context of our research, is appreciation of an artwork determined
by the academic background of the participants being studied?
Workshop
As part of our project, a five-month workshop was organized1. The first two months were
dedicated to introducing the topic of meaning making and trying out the tools with two
groups of participants. During the following months, each participant worked individually,
1. Participants were invited by email to take part in the workshop. The universe of recipients addressed was the list of
postgraduate students enrolled at the Institute of Education and the Faculty of Fine Arts (both belonging to the Uni-
versity of Lisbon). From those students who showed an interest in participating (approximately 130 candidates), we
drew a list of participants including individuals with a background in the arts and individuals from other areas of study.
This list was drawn on the basis of candidates’ CVs, with special attention given to academic background and teaching
experience. These two criteria guided the inclusion, on our final list, of thirty names chosen at random. Participation
in the workshop implied signing a statement of commitment.
Encounters with art 199
224
only consulting the project team but not other participants. The aims of the workshop
were: a) To introduce participants to research in the field of educational mediations in art
museums; b) To present the theoretical model being developed within our research project;
c) To accompany participants’ interpretation of artworks in museums; d) To analyze the data
produced by the participants in collaboration with the project team. Overall, participants
spent an average of 40 hours on this activity: 24 hours on the training workshop (organized
separately for each group of 12 participants); more or less 3 hours in encounters with
artworks in a museum; and 12 to 15 hours on autonomous-mentoring work.
The meaning making steps and tools were gradually introduced, defined and exemplified
by using materials produced during the project’s preparatory workshop2. Each one of
the tools, which we will describe next, were experienced by the participants in relation
the painting Le Cadeau, by Martha Telles. The painting was first projected on a slide
in the «classroom» and the original canvas was later seen at the Calouste Gulbenkian
Modern Art Center. After trying out each tool, the participants shared and discussed their
impressions and results. The meaning making steps developed within this project can be
seen as a four-step continuum during which participants used the following tools: note
writing; aesthetigram; quadrant; and text writing (Fig. 1).
Note writing
Notes are a stream of consciousness, a written record of the first contact with the artwork; they
are the first impressions, thoughts, free associations and descriptions about the artwork. They
might also describe the context in which the artwork was seen, as well as the viewer’s feelings.
These records emerged from the natural flow of the individuals’ meaning making process.
2. This training was developed by Boyd White and included four participants. It was carried out at the Faculty of Fine
Arts (University of Lisbon) in June 2010. As a follow-up to the training, the article Words for artworks was published, in
2013, by João Fróis and Boyd White in the International Journal of Art and Design Education.
200
225 Encounters with art
Aesthetigram
This term results from the combination of two words – aesthetics and diagram – and was
coined by Boyd White (1998). It is a concept map constructed by the viewer, which helps
him/her to graphically visualize the main moments of his/her meaning making process
(Fig. 2). The aesthetigram aims to grasp the complexity inherent in the relationship
established with the artworks. It should be clear so that the mediator can understand it.
Its construction is based on the notes and on the use of a priori defined categories (Tab.
1). It also uses the viewers’ memories of their encounter with the artwork. The list of
categories aiding in the analysis and interpretation of artworks was drawn by Boyd White,
who based himself on the responses of participants, his own studies and other sources
(Housen, 1983; Feldman, 1987; Feinstein, 1989; Parsons, 1987).
The use of this experiential tool acts as a strategy for the clarification of language. As
individuals learn to identify and structure their experiential moments with artworks,
they become aware of those moments. In an educational context, the purpose of
building these maps is to allow individuals to record what would otherwise be fleeting
and often wordless moments that characterize most encounters with artworks. On the
basis of such records, the teacher (mediator) is then in a position to suggest alternative
perspectives and approaches to the artwork; or individuals may use the aesthetigram as
a self-teaching device.
While building the aesthetigrams, individuals also took notes on whether, in each
moment, their attention focused on the Viewer (V), Context (C), or Object/Artwork
(OA). This VCOA scheme is a helpful indicator for understanding the meaning making
process. It aims at helping individuals reflect about the origin of the focus of their
attention in each experiential moment of their encounter with an artwork. One, two or
three VCOA elements may be involved in one single experiential moment. The VCOA
can be signaled in the construction of the aesthetigram. The size of the circles identifying
each of the experiential moments is important since it indicates the intensity of that
signaled moment for the individual: the smaller circles means less importance, while
the larger circles mean greater importance. The links between the circles indicate the
unilateral or bilateral influence of the moments recorded by the participants, while their
numbering indicates their sequence3.
3. Inspiration 9 was the program used to build the aesthetigrams. This is a user-friendly tool conceived to design visual
maps. Training on the use of this program was delivered in the classroom.
Encounters with art 201
226
Not specifically comparative associations to the free associations, Red shoes: Wizard/World of Oz
Memory previous circumstances of the viewer’s life, connected specific Wreath of flowers: wedding, religious portable platform,
or not to the world of art. Specifically comparative associations, funeral
associations with other artworks. comparisons The railings remind me of a prison
Specific knowledge, connected or not to the world of Naïve painting
information,
Knowledge art, which clearly guides the response to the artwork. Dali: colors and reference to the framing of the door
influence,
Awareness that lack of contextual knowledge prevents and of a portrayed women (…)
knowledge
attempts to interact with the work. Figurative painting
criticism, Smallness of the girl is echoed by the smallness of the
Spontaneous critical activity about the affective
thoughts, analysis, window and of the present.
Reflection character of the work. Meaning of the work in relation
relationship Outside everything is geometric, unlike the inside
to the social context of both the artist and the viewer.
between elements (organic).
Has the present over there been forgotten by the child?
It looks as if the girl is trying to hide something with this
Explanation The work is understood as a puzzle, a set of symbols decoding, very closed posture and because she is so still.
to be decoded or a problem to be solved. message, research Deformation of the normal scale of objects (chair) to
exaggerate the frailty, smallness of the human figure
(girl): scale is adapted to content.
It is not necessary to have an exact word to define
what is felt, just the idea that attention is focused projection, There is a pause in the atmosphere, a waiting for
Affective Dimension
Feelings
therein: sensory elements; merit of the artistic subjective something that seems to never happen.
technique; overall expressive meaning; subjective influence, feelings Feeling of emptiness
expressive meaning.
Can be considered a subcategory of feelings, to primary emotions,
Shyness. Inhibition.
Emotions which a precise term can be attributed – happy, sad, secondary
The fallen present on the floor is distressing.
ashamed, furious, etc.; or a combination of terms – emotions
Calm
attraction/repulsion, fury/admiration, etc.
empathy, Is it really a toy?
They are not quite memories, but rather an emphatic
Daydreams imaginative More textured andsloped floor, maybe waiting for
state of imaginative daydreaming induced by the
daydreaming, someone’s footsteps, perhaps the guests or whoever
encounter with the artwork, a “symbiosis with the work”.
Imaginative Dimension
(…) I like the sea a lot, its blue and that of the painting.
General preference for certain types of images, individual It does not satisfy me, neither conceptually nor
Taste
themes, styles, etc. Can also be a random preference, projection, choice, plastically. (…)
an arbitrary or specific choice of the work. preference I really liked the feeling I had in the presence of the
painting. (…).
Can be a provisional assessment: a questioning or
confirmation of the initial response, a change of assessment, We are not standing before a real atmosphere.
Judgment opinion; a provisional final assessment; or a definitive criticism, opinion, This painting is enigmatic and disturbing..
final assessment. To deliberately abstain from making interpretation (…) Forced, anti-natural composition.
any type of assessment.
(…) I wander with my gaze through the room looking
Need to momentarily put aside an idea or feeling
for new breath.
Dimension Wait
Bracketing regarding any one or all of the axes of the experience of pause, waiting
Moment when I think I have nothing else to say…
meaning making – viewer, context, or of object/artwork.
I stopped a little, suddenly I can’t see anything new.
Associations that take the viewer beyond the work, (…) I wander my gaze through the room looking for
Additional pause, ideational
though the work is their starting point. Tendency to new breath.
Moments complement;
involve other senses. Can also be reflections that Moment when I think I have nothing else to say…
parallel thoughts
occur after the encounter with the artwork. I stopped a little, suddenly I can’t see anything new.
227
202
12
Daydreams
O
Why is the present on
the floor, far from
11 the child??
Reflection
Encounters with art
1
Perception O
They seem to heighten
9 the darkness of the
O 13
room even moreala
Darkness Reflection
10 Daydreams
27
8 Perception
Judgment
2 Perception O O
Feelings V/O The shadows are dim Is she maybe a doll and
The color blue, instead of O not a child?
V/O 28 The window with no visible
breaking the darkness of the
30 Loneliness Feelings image, highlights even more horizon, the chair too big
Memory the feeling of loneliness for the girl, decorated with V/O
29 V/O
flowers as if to give color The use of the color purple and of
V/O
Most children want to know 21
what is inside a package. 22
Perception
Judgment
V/O
The excessive use of the color
black does not help me find that
positive feeling either
Encounters with art 203
228
authors who proposed theories on the reception of artworks, considering that each theory
alone did not explain the complexity of responses to artworks. In order to portray the
complexity of the aesthetic experience, Jones suggested the use of a diagram, a circular
structure defined by four quadrants (Fig. 3).
The cardinal points of the quadrant, defined by the vertical and horizontal axes, thus
suggest opposite theoretical orientations. For example, intrinsic refers to a formalist
attitude towards the artworks (Fry, 1920; Bell, 1914). At the other extreme is the extrinsic
orientation, where the artwork is only considered for its instrumental or utilitarian
value. The cognitive pole represents a purely intellectual attitude towards the artwork. Its
opposite, the affective, thus represents an emotional response. Between these vertical and
horizontal poles are their diagonal filiations. The sentimental extreme is a combination
of emotions and instrumentalism, such as, the mere rejoicing in pain or pleasure. Its
opposite, the primeval, emerges as a combination of intellectual and formal concerns,
such as those that might arise in a painter or musician who wishes to understand the
artist’s technique. The other diagonal concerns the other two quadrants. Jones considered
that the primeval is a type of «non-aesthetic» response similar to the sentimental one,
but focused on the emotional rather than on the extrinsic. One of the archetypes of Carl
Gustav Jung (1875-1961) would be an example of what we just mentioned. Finally, its
opposite, the iconic, combines an intellectual and an instrumentalist orientation: an
interpretation of the artwork purely in terms of the systems of symbols would be an
example of this focus.
INTRINSIC
(formal)
Sterile Primeval
COGNITIVE AFFECTIVE
(intellectual) (emotional)
Iconic Sentimental
EXTRINSIC
(instrumental)
Text writing
Text writing is the fourth and last tool. It is a final written record combining the previous
steps – notes, aesthetigram, R.L. Jones quadrant and post-encounter reflections.
Participants write a text summing up their experience with the artwork.
Artworks
In this study, three artworks were used: two paintings and a video. The choice of these
artworks was guided by the following requirements: 1) To potentially elicit empathy in
the viewers; 2) To differ in terms of their media; 3) To be exhibited in the permanent
collection of the museum collaborating with the project.
The artwork Le Cadeau (1982) (46.5 cm ∑ 38.2 cm), an oil-on-canvas painting by Martha
Telles (1930-2001), was used as a warm-up with the group of participants. The examples
of tools described here and proposed for the mediation of meaning were introduced with
this artwork – first, by projecting the image on a slide in the classroom; and, later on,
by seeing it at the museum. The other two artworks are the video by Rui Calçada Bastos
(1972), The Mirror Suitcase Man (2004) (DVD, 4’30”) and the painting by Sarah Affonso
(1899-1982), Portrait of Matilde (1932) (80 cm ∑ 55,5 cm). All the artworks belong to the
collection of the Caloute Gulbenkian Modern Art Center.
Participants
Sociography and academic background
Participants
Note. Group: A. – Artist; NA. – Non-artist. The groups of artists and non-artists were formed on the basis of academic
background. N – identification number of each participant; Education level – Bachelor; Occupation – main occupation.
206
231 Encounters with art
34. During the workshop, most participants had an occupation related to teaching and
training: eleven were teachers (45.8%), four were trainers (16.7%), three were museum
education monitors (12.5%), and three were cultural managers (12.5%). Twenty-three
participants were graduates (95.8%) and one was completing graduation; seven were
postgraduates in arts and social sciences (29.2%); nine had a master’s degree (37.5%) –
four in arts, four in education sciences and one in sociology. During the project, eleven
subjects (45.8%) said they were doing a master’s degree – four in the teaching of visual
arts, three in museology, and five in philosophy (aesthetics). During secondary education,
about 50% of the participants attended art classes.
Our group consisted of individuals naturally open to experience and curious about the
inner and outer world4. Regarding their cultural habits, we concluded they were culturally
active people, interested in the problems related with museums communication with
their different types of visitors. They considered museums to be relevant institutions for
the cultural development of individuals.
Le Cadeau
Multidimensional analysis of meaning making
In this section we will present the results of the meaning making processes and the
organization of semantic spaces for Martha Telles’s painting Le Cadeau (Fig. 4). The
materials created by the participants were produced with the above-mentioned meaning
making tools. We are reliant upon records of the layered and linked moments of the
participants’ individual experiences.
Notes
Semantic spaces
As a result of the content analysis of the notes, categories, subcategories and indicators
emerged and were later grouped into dimensions (App. Fig. 13). The formal dimension,
concerning individuals’ references to the use and combination of the formal elements
of the artwork, includes the categories form and form-content. The cognitive dimension
includes the categories explanation, association, knowledge and hypotheses. Within this
dimension, individuals produce reflections that will lead them to assign personal
meaning to the artwork. The affective dimension includes the categories tension and
4. The Reviewed NEO PI Personality Inventory was chosen to characterize the sample in relation to the dimension
Openness to Experience assessed by that tool. This dimension includes six facets (Fantasy, Aesthetics, Feelings,
Actions, Ideas, Values). The results in this dimension indicate values above average for the Portuguese population
(Lima & Simões, 2000). No statistically significant differences were verified between the group of artists and the
group of non-artists (U = 44, ns). As stated by the NEO authors, the dimension Openness to Experience is strongly
related to some aspects of intelligence, such as divergent thinking, one of the accepted components part of the
creativity construct. This dimension thus reflects a proactive search, the appreciation of experience itself, tolerance
and exploration of what is not familiar. (App. Tab. 4 and Tab. 5).
Encounters with art 207
232
Figure 4. Martha Telles (1930-2001), Le Cadeau (1982), oil on canvas, 46,5 ∑ 38,2 cm,
Col.Centro de Arte Moderna, F.C. Gulbenkian.
208
233 Encounters with art
well-being and refers to emotions or feelings evoked by the formal elements and/or the
content of the artwork. The behavioral dimension includes the categories judgment and
attitude and concerns the critical assessment of the artwork, as well as the subjective
attitude in relation to the meaning making process.
The four dimensions differ statistically from each other. Participants used the formal
dimension more than the cognitive, affective or behavioral dimensions. In the same way,
the cognitive dimension was more often used than the affective or behavioral dimensions
(App. Tab. 6).
In the notes taken for this artwork, the category form-content was the most mentioned
by all the participants, differing statistically from the remaining categories (App. Tab. 7
and Tab. 8). Within this category, references are made to the formal content of the art-
work and to what is represented therein, with particular reference to the figure, chair,
present, interior space, exterior space, and their reciprocal relationship. Examples of ref-
erences to the content of the artwork include the identification and direct description of
its elements:
«What immediately calls my attention is the size of the girl and the fact that she is (slightly)
out of proportion – fat arms and legs, shoulders not well defined and not separated from
the neck. At once, my attention is diverted to the perspective of the chair in relation to the
window and the floor [...] Finally, the present lost somewhere in the painting, on the floor in
that part of the house --- [...] The floor that looks worn out.» (NA. 29)5.
The figure portrayed at the center of the composition is the element most mentioned.
Emphasis is given to the body’s lack of proportion: its plump look and stocky posture con-
veyed by her arms and legs tightly closed. A girl-doll «dressed in white, wearing a short
dress down to her knees, with short sleeves, short white socks and red girlish shoes» who
is sitting, without expression, on a chair. Another element mentioned is the chair that
holds the small character. Curved, with feminine lines, a hard seat and curved legs, the
chair is striking because of the flower wreath, painted in detail and framing the figure:
«The back of the chair is a ring of colorful flowers and its center is empty, from where
she can look at the sea but not lean back». The lack of proportion between these two ele-
ments, figure and chair, is noticed. The chair is too big and its size stresses the smallness
of the little girl sat on it. The present also contrasts with the chair in terms of size. Small,
wrapped in white paper and tied with a red ribbon, it rests on the floor, far from who
could open it. Although they are distant in space, there is a formal proximity between
figure and present: both have the same scale and the same colors.
Besides the description of the elements portrayed, the category form-content includes
text segments characterizing the space. The interior space, nearly empty, is identified
with a dark room, closed and non-inhabited. The floor stands out because of its tex-
ture and slope, projecting itself onto the foreground. Concerning the exterior space – a
5. NA – Non-artist; A – Artist.
Encounters with art 209
234
doorless balcony or window – two ways of seeing emerge: on the one hand, it is described
as having no depth, as being a limited, almost flat surface; on the other hand, it is seen as
an opening, as an extension of space that enables access to an outer world. Its role as an
entrance for light, which invades the interior and makes it visible, is consensual. From
the successive horizontal layers that make up this cutout of light, the distortion of per-
spective is signaled and revealed by the blue and white diamond pattern. The landscape
is perceived – the horizon emerging discreetly and separating a sky blue from a sea blue
– just as the orangey railings that highlight the vertical lines and the limit between inte-
rior and exterior. The two spaces are defined by dichotomies: the feminine, dark, organic
interior; and the masculine, bright, geometrical exterior.
«The doorway to the balcony, rigid and with masculine lines, seems to oppose the sinuous
delicateness of the chair (more feminine lines).» (A.1)
«There is interior disorder, colors, distortions… and exterior, rectilinear order.» (NA.12)
The notes produced by the group of artists were more complete in the category form-con-
tent than those produced by the non-artists, though both groups mentioned the same con-
tents regarding the organization of space and the elements portrayed. In the group of art-
ists, the association between content description and words that denote scale, color, depth,
light and texture was more present. Although the most significant differences between
the two groups were found in the subcategory interior space, it was noticed that artists
employed the category form-content more often than non-artists (App. Tab. 8). Form was the
second category most often mentioned in the notes, presenting an average value statisti-
cally higher than all other categories, with the exception of the categories that come after it,
namely explanation and hypotheses, from which it does not differ statistically (App. Tab. 6).
In the category form there are direct references to the formal content of the artwork:
participants signaled the way composition, colors, light, shade and scale were organized
in the painting.
The contrast between dark and light colors was defined by the predominant colors:
white, black and blue. While the «excessive use of black» and dark hues is predominant
in almost the entire painting, «the (brighter) notes of red» balance the chromatic distri-
bution in the painting:
«Color – great emphasis on the floor space bathing in light that tries to bring in something
missing or that reminds us of something liberating outside. The aubergine-black focalizes
and oppresses. It focuses our attention but is also crucial for the characterization of space.
The red and the white make up a set (child, present, flowers).» (NA.15)
The presence of light is associated with the use of color, creating an atmosphere of
darkness embracing the figure. The shadows of the elements portrayed are dim, dis-
creetly outlined by the light coming in through the window. Although less frequently,
210
235 Encounters with art
Artist
“The distance between the exterior and the interior seems to be stretched into a silent immi-
nence of rupture, wrapped in a cold combination of blue and black hues, both in the exterior
and interior spaces. The decorations, flowers and present in orange, yellow, green and white
hues, a timid combination that embraces the pure, naive girl in white who waits for her time
and whose red shoes promise freedom.” (A. 16)
“The enigmatic chair raises doubts about the narrative we might be witnessing, it can be
read as a great responsibility to be assumed by the figure, who waits while not knowing very
well what decision to take, what is expected from her, whether she should open the present
or not.” (A. 17)
Non-Artist
“Reflection: The painting wants to stress the smallness of the child and the present in rela-
tion to all the rest.” (NA. 10)
“Enthronement of contrition. Controlling one’s desire and will.” (NA. 25)
“Conclusion: portrait of the birthday of an aristocratic girl.” (NA. 28)
In the category explanation, all participants made direct observations about the rela-
tionship between the formal elements and the content portrayed, assigning them provi-
sional and/or final meanings. The explanations that ensued from the dialogue with this
painting focused on the overall meaning of the artwork and on the figure portrayed. The
moment portrayed is described as being solemn (ceremony, ritual, party). The flower
wreath on the chair, the figure’s clothes and posture contributed to this interpretation.
However, the girl’s posture and her distance from the present – an enigmatic, mysterious
object – also convey a sense of punishment with isolation. In another version, the paint-
ing was interpreted as a metaphor of the relationship between past, present and future,
as an open narrative: «silence, the present meditating on the past»; «spread quietness
(decoding of an enigma)». Regarding the girl, interpretations of her behavior were put
forward: «she looks obedient; however, as she is smiling, she does not look convinced,
she is expectant»; «as if there was something she did not want to do». More speculative
interpretations were coded as hypotheses. In general, participants raised questions about
the presence of the elements portrayed in the painting: the unopened present, a symbol
Encounters with art 211
236
of the future; the chair that sustains or restrains; the garland of flowers, joyful or mourn-
ful; the expectant figure, abandoned or happy; but questions were also raised concern-
ing the relationship between these elements, the surrounding space and the situation
portrayed: birthday party or first communion. The verbal markers in this category are
«maybe» or «it looks like».
Included in the cognitive dimension, though less mentioned, are the categories asso-
ciation and knowledge. The first contains text fragments that associate the elements por-
trayed to symbolic attributes: «childhood and innocence – flowers, dress, present»; «red
– blood, passion, strength – girls’ shoes»; «the chair looks like the body of an animal». It
also includes direct associations with the work of other artists: «cutout > Lucio Fontana >
Helena Almeida»; «Magritte/Window/Dali». In the category knowledge, the world of art
was directly cited by recalling names of artists such as Francis Bacon, Salvador Dali, Paula
Rego or Bottero, as well as art movements like surrealism or naive painting. None of the
participants mentioned they knew the artist or the painting under analysis.
Focusing on the differences between artists and non-artists, these are only significant
in three categories: tension, well-being and judgment (App. Tab. 10 and Tab. 11). The cat-
egory tension corresponds to assigning a negative quality to the artwork. Although the
focus of affective attention is directed towards the interior of the image, the image trig-
gers in the viewer an overall feeling of restlessness and tension. Artists, when compared
to non-artists, made wider use of this category. However, the quality of the semantic
content of their notes normally coincides. Examples of words used include: expectation,
loneliness, sadness, discomfort, or emptiness.
Artist
«Emptiness. A great feeling of emptiness, not only spatial but also psychological, due to the
lack of elements and the figure’s stiff, troubled, expectant posture.» (A. 3)
«The painting makes us think of loneliness… the loneliness of the shy figure, which appears
sat on the huge chair, too big for her, and looks at the floor, shyly, probably sad, probably with
a feeling of abandonment that burdens her chest.» (A. 17)
Non-artist
«I cannot find any positive feeling in this image. Maybe because of the feeling of loneliness,
of the inhibition to make a wish come true, since most children want to know what is inside
a package. The excessive use of black also does not help in finding that positive feeling.
Neither does the purple, which becomes depressing for me.» (NA. 11)
«Railings – they draw the limit, feeling of being trapped; no communication with the exte-
rior.» (NA. 13)
There are statistically significant differences between the categories tension and well-
being (App. Tab. 7). The painting Le Cadeau evokes more negative than positive feel-
ings. The category well-being reveals the duality felt by some participants who alternated
237
212 Encounters with art
between feelings of tension and overall feelings of pleasure: «everything in the painting
conveys to me calm, silence»; «the weather outside brings calm and light to the inside, a
cold and dark place»; «feelings: peacefulness and serenity». Just as verified for the cate-
gory tension, artists mentioned the category well-being the most, differing from non-artists
in terms of frequency and quality of content.
The category judgment is the third and last category in which differences were found
between the participants. The group of non-artists, when compared to the group of art-
ists, focused more on assessment of the artwork, perceiving the quality of the painting
on the basis of its formal elements and content. The following excerpts exemplify this:
«staged action – forced, anti-natural composition»; «does not satisfy me neither concep-
tually nor plastically»; «interesting»; «somber beauty»; «inadequacy of the space».
The category attitude was the least mentioned and is defined as the behavior or actions
of participants in relation to the artwork – viewing, distancing, post-encounter research.
It only emerged three times in the content analysis of the notes produced on this artwork
and, therefore, was not very relevant in the meaning making process.
When taking notes, participants took different approaches, organizing them according
to topics, isolated words or sentences.
Observation profiles
Based on the data imported from the content analysis, we proceeded to make a multiple
correspondence analysis with the aim of mapping the proximity between categories and
their association to the individuals. The cluster analysis allowed us to identify three profiles
within heterogeneous groups of participants, artists and non-artists, brought together by the
semantic spaces they organized for the artwork (App. Fig. 14). Figure 5 presents the proxim-
ity between the participants and their clustering according to profile: profile I is made up
of two artists and two non-artists; profile II and III include five artists and five non-artists.
For a better understanding of the use of categories by each group, the categories were
trichotomized. Specifically, we classified their presence according to three levels – less
relevant, relevant and very relevant. The criterion used for trichotomizing each category
was to find the values on the extremes of the scale – less relevant and very relevant.
Those values allowed us to better identify the differences between individuals. When the
absence of a category was equal to, or higher than, 25% of the total of presences, the value
zero was associated with its less relevant usage and in those cases they were not repre-
sented in the figures generated by the multiple correspondence analysis.6 On the other
hand, when usage of a category had reduced frequency, that category was only dichoto-
mized and its presence was defined as less relevant or relevant. The dichotomization of a
category was based on its frequency of use and on the distribution of participants accord-
ing to frequency of use. A category was dichotomized when more than 50% of the group
presented the same frequency of use and the maximum value of use per individual was
not greater than five.
6. Only in the trichotomization of the category explanation of the multiple correspondence analysis was the value
of the absence of the category defined at 16.7%, considering that the second level corresponds to 50% of the cases.
Encounters with art 213
238
Artist
Non-artist
1
26 5
Profile I
25
17 12
10 7
16
8 3
Profile II 27
9
19
22 28
29 20
30
15
21 13
Profile III
6 11
Profile I
Profile I
Profile II
Profile II
Profile I Profile III
AT
EProfile I
Profile III
AT
E
K Formal Dimension
K
T Formal Dimension
F - Form
T
F - Form
A FC - Form-content
A
WB FC - Form-content
WB F
Cognitive Dimension
J
H Cognitive Dimension
J J F A - Association
Profile II H A J A - Association
Profile II A FC E - Explanation
FC H FC E - Explanation
F FC K - Knowledge
FC H
F FC K - Knowledge
H H - Hypotheses
H H - Hypotheses
F Affective Dimension
F
T Affective Dimension
T - Tension
T
Profile III
E
WB - TWell-being
- Tension
E Profile
K III
K
WB - Well-being
Behavioral Dimension
A Behavioral Dimension
AT - Atittude
A
AT - Atittude
J - Judgment
J - Judgment
Association of the categories to profiles allowed to identify three clusters: main, sec-
ondary and mixed (Fig. 6). The categories present in the main clusters characterize each
of the profiles individually. In the main cluster of profile I, categories explanation and ten-
sion are found at very relevant level, and category attitude at relevant level. In profile II, the
presence of the interpretative dimension stands out because of the proximity between the
categories association, hypotheses and knowledge, and the formal dimension is represented
at relevant level by the categories form and form-content. Though more distant, the pres-
ence of the category well-being is relevant. For profile III, the only very relevant category
included in its main cluster is knowledge, followed by the categories explanation, tension
and hypotheses at relevant level. The secondary clusters include those categories common
to two profiles – in this the case, form, very relevant, common to profiles I and III, and
form, less relevant, common to profiles II and III. Categories whose distribution is similar
appear in the mixed cluster and, therefore, are equidistant from the three profiles. Within
this cluster, the presence of the categories judgment, very relevant and relevant, and form-
content, very relevant, stand out.
The categories with differences between the expected value and the observed value
in terms of distribution of the participants’ responses regarding this artwork, are form,
explanation, tension, attitude and knowledge, which means these categories differentiate
profiles (Fig. 7 and App. Tab. 12).
Crossing the results of the multiple correspondence analysis with the statistical analysis
(Cramer's V) reveals that profile I is characterized by the very relevant use of the categories
Figure 7. Le Cadeau. Notes. Distribution of the trichotomized categories (with significant differences)
according to profiles.
Encounters with art 215
240
closer to it: form, explanation, tension and attitude, thus incorporating the four meaning
making dimensions identified in the content analysis of the notes – formal, cognitive, affec-
tive and behavioral. It can be classified as formal-explanatory. Profile II is characterized by
the relevant use of the category form. Although it is close to almost all the categories that
define the cognitive dimension – such as association, hypotheses and knowledge – in this pro-
file the large majority of participants did not use the category explanation, with only one
individual doing it at relevant level. This is also the profile less associated to the category
tension and, although not in a statistically significant way, it is the profile closest to the
category well-being. It can be designated as formal-associative. Finally, profile III is more
homogeneous due to the relevant presence of the categories explanation and tension. It also
stands out because of the very relevant use of knowledge, though in a more fragmented way
among the participants included in this profile. It can be classified as formal-cognitive.
The categories differentiating profiles the least, common to the three profiles in terms
of proximity and level of relevance, are form-content, hypotheses, association, well-being and
judgment. The category form-content is the most frequent category of all in the notes and
is used by all the participants. The categories judgment and well-being, though differen-
tiating between the group of artists and non-artists, are spread when profiles including
elements from the two groups are defined. This does not happen, for example, with the
category tension.
Case A
When using this tool, the individual started the notes with two words: «darkness» and
«loneliness», which recorded the first impression in relation to the artwork and referred
to its formal and affective impact (Text 1). Alternation between denotative aspects (form
and content) and connotative aspects (affections and interpretations) was constant
throughout the text. Notes mainly include affirmative sentences and some questions.
Frequent use of the words «it looks like» and «maybe» revealed an inquisitive attitude
towards the artwork.
«Darkness, loneliness. It looks like an image prepared for a photo. Maybe on the child’s
birthday. The image seems to be constraining. The window with no visible horizon, the
chair too big for the girl, decorated with flowers as if to give color to such a dark scene. The
shadows are dim. They seem to heighten the darkness of the room even more. Why is the
present on the floor, far from the child? Is she maybe a doll and not a child? The complexity
of the drawing seems to be much more in the purple and dark areas, in their intensity and
in the fact that they stand out. All the other elements present simpler forms like the square
pattern of the balcony, the shape of the chair, the child’s lack of proportion (in the neck, for
example). I cannot find any positive feeling for this image. Maybe because of the feeling of
loneliness, of the inhibition to make a wish come true, since most children want to know
216
241 Encounters with art
what is inside a package. The excessive use of black also does not help in finding that posi-
tive feeling. Neither does the purple, which becomes depressing for me. The blue of the
background, chair and present, along with the bright red, rather than breaking the darkness
of the image, highlight even more the feeling of loneliness and repression.»
Aesthetigrams
Based on their notes, participants made their individual meaning making moments cor-
respond to the predefined categories, grouped in turn into dimensions. In this section,
we will present the analysis of meaning making through the use of aesthetigrams for the
whole group and one example of their use in a particular case.
In the aesthetigrams produced for this painting, three graphic types were identi-
fied: linear, radial and rhizomatic. In a linear aesthetigram, the sequence of experien-
tial moments follows a single direction, although some overlapping occurs. In a radial
aesthetigram, experiential moments are placed in relation to a central point, in this case
the image of the painting under analysis. Finally, a rhizomatic aesthetigram does not fol-
low a linear pattern, reflecting instead a greater overlapping of the several experiential
moments (Fig. 2). In some cases these types overlap, for example aesthetigrams that are
both linear and radial.
In the aesthetigrams made on this artwork, the most used dimension was the cogni-
tive one (App. Tab. 13). The category perception was the most used, presenting an average
value well above all the other categories, and the focus of attention is the artwork (App.
14, Tab. 15 and Tab. 17). In this artwork, the category perception addresses the description
of the elements portrayed – figure, present, chair, interior space and exterior space – with
frequent use of adjectives: «large: large space, sparsely populated, small girl»; «the chair
seat is hard and its legs are curved»; «immaculate white present, still wrapped in a bright
red ribbon». Identifying the artwork’s content and formal aspects by explicitly naming
what is perceived was less frequent: «child, light, present»; «doorless balcony»; «inci-
dence of light»; «plane colors».
Besides describing and identifying some elements, this category includes compari-
sons between two or more of the elements portrayed. There are references to the com-
binations of light and color: «the chair seat and the present match the bluish daylight
that pours into the room»; «the red and the white make up a set». Scale relationships,
particularly between the figure and the chair, are signaled, just as contrast relationships,
namely between the interior and exterior space: «lack of proportion of the chair in rela-
tion to the central figure»; «the present is the only thing at the same scale of the girl»;
«contrast between the decorated chair and the simplicity of the empty room»; «outline
figure-background»; «closed space versus entering of light». The category perception also
includes text fragments that point to a gaze without a specific focus, stressing general
features of the artwork: «spatial emptiness»; «fluid forms, stretching»; «cold colors in
general»; «simplicity/elegance»; «different scales».
Encounters with art 217
242
Reflection is the second category most used in the aesthetigrams, with a value that
is statistically higher than all the remaining categories, with the exception of perception
(App. Tab. 14 and Tab. 15). The focus here is on the artwork and the viewer (App. Tab. 17).
For the painting Le Cadeau, this category includes the analysis, criticism and association
between the elements portrayed.
Reflection: “The smallness of the girl is echoed by the smallness of the window and present.”
(A. 3)
Reflection: “Different questions to which I couldn’t find an answer started popping up in my
mind: why hasn’t the present been unwrapped yet? Why isn’t the child playing with what was
offered to her?” (A. 8)
Reflection: “The flowers form a strange arrangement that might have lured the child into
climbing the chair and staying there…” (NA. 15)
Reflection and Explanation: “Richness of content (symbolized by the present and chair) ver-
sus formal economy (uniformity of stroke and color)” (A. 22)
The category feelings comes next in terms of relevance of usage. Its values are statisti-
cally equal to those of the categories memory, seeing as, judgment and knowledge (App. Tab.
15). In this artwork, feelings are distributed between the subjective expressive meaning,
expressed by direct questions or hypotheses: «Loneliness of the girl?»; «The position
of her hands seems to reveal anxiety.»; «Empathy. Shame. Inhibition. Hands and feet.
The position of the girl’s hands and feet suggests she might feel inhibited, uncomfort-
able, maybe even shy.» and the general expressive meaning conveyed by the artwork:
«Feeling of emptiness.»; «At some point I realized there were no sounds. The artwork
conveys calm and is silent.»; «There is a pause in the atmosphere, a waiting for some-
thing that seems to never happen.» Less frequent are feelings directly associated to sen-
sory elements. However, the influence of color is highlighted: «warm and cold colors, a
little somber, severe»; «the predominance of the different blues enhances harmony in
color...». In this category the focus alternates between the viewer and the relationship
between viewer and artwork (App. Tab. 17).
Martha Telles’s painting, particularly because of its content, evoked personal memories
in the participants: «Childhood. Mental image of the haircut, family photos.»; «It made
me think of childhood because of some of the objects in the painting.». Furthermore,
it made participants associate their general knowledge to the elements portrayed: «The
flowers remind me of gerberas.»; «Red shoes: Wizard/World of Oz.»; «The chair seat and
feet remind me of an animal’s back and feet.» To a lesser degree, associations to other
artworks or artists were also made:
In this painting, the category seeing as includes hypotheses: «The present seems to
veil a mystery or veiled possibility»; comparisons: «[...] Chair like a throne. Seat.»; and
recreations: «Little princess, prepared (posing) for the portrait of one more birthday.»
Next comes the category judgment, defined as a provisional assessment: a questioning
or confirmation of the initial answer; a final assessment – provisional or final; or delib-
erately abstaining from making any judgment. This artwork was the object of negative
and positive assessments classifying the elements and theme portrayed: “This painting
is enigmatic and disturbing.”; “Sad theme because of the way it evokes the deprivation
of freedom and the strong psychological burden on the portrayed child.”; “Interesting.”;
“Maybe the present represents the future.”
Framed within the cognitive dimension, the category knowledge includes specific
knowledge related, or not, to the world of art, and guiding the response to the artwork.
Awareness that lack of contextual knowledge prevents attempts to interact with the art-
work is also included in this category. This painting evokes knowledge of the world of art,
including references to artists and art movements. References to technique and general
knowledge are included in specific knowledge not related to the world of art.
Primary emotions were identified in this artwork: calm, repulsion, sadness, surprise,
strangeness, discomfort. And secondary emotions: loneliness, waiting, shyness, inhibi-
tion, restlessness. Next comes the category daydreams concerning not exactly memories
but rather an empathic state of imaginative daydreaming induced by the encounter with
the artwork – a symbiosis with the artwork. This category, for the painting Le Cadeau,
includes hypotheses expressed through explicit questions in search of an answer for the
scene portrayed: «[...] is the girl waiting for the right moment to open that present? is
the girl waiting for the person it will be given to? is there in the package what the girl is
expecting? what will be inside?»
The category less used in the cognitive dimension is explanation, differing statistically
from the categories perception, reflection and memory (App. Tab. 14 and Tab. 15). The cate-
gory explanation is often used in combination with other categories and focuses on decod-
ing the artwork:
Attitude and Explanation: «The viewer (me) balances the composition, making up for the
emptiness and expectation» (A. 3)
Explanation: «It looks like the girl is trying to hide something with this very closed posture
and because she is so still.» (A. 8)
Explanation: «The distance between the exterior and the interior seems to be stretched into
Encounters with art 219
244
a silent imminence of rupture.» (A. 8) Reflection and Explanation: «Deformation of the nor-
mal scale of objects (chair) to exaggerate the frailty, smallness of the human figure (girl):
scale is adapted to content.» (NA. 26)
Perception, Seeing As and Explanation: «The flowers on the chair as a contact with elements
from the exterior.» (NA. 29)
The categories bracketing and additional moments, which together define the wait
dimension, are secondary to the meaning making process. Bracketing responds to the
need of momentarily putting aside an idea or feeling, a moment of pause felt in this
painting when it seems there is nothing new to add, or there is difficulty in abandoning
a certain observation pattern: «I wander with my gaze through the room looking for new
breath»; «need to put aside what I was feeling and to concentrate on other aspects of
the painting»; «at this moment I stopped, almost as if going back to the beginning, and
started to analyze it again, step by step». The additional moments include associations that
carry the individual beyond the artwork, even though the artwork is their starting point.
Additional moments appear frequently at the end of the aesthetigram, corresponding in
this artwork to an ideational complement to the meaning making process: «when we are
forced to let go of childhood, innocence, happiness – maybe made of light and blue – are
left behind. Adult life, even if wrapped up in flowers, makes us dive into the darkness of
reality»; «when making this aesthetigram and rereading the notes I took during obser-
vation, I realized this artwork reminds me of those portraits of kings, who pose for that
purpose, showing their valuable objects, their power».
The category expectations, included in the imaginative dimension, may concern an
expectation directed at the artwork: a comparative act between what is anticipated and
what has already been found; or a self-directed expectation: the viewer anticipates a
response to the artwork or event. An example of this category is: «I hope the child moves
or somebody arrives»; «the idea that she looks like she is being punished, expectant, a
context that marks clear contrasts as if she were making a statement».
Finally, the least mentioned categories are attitude and taste, with average values not
differing statistically (App. Tab. 14 and Tab. 15). The category attitude corresponds to a
positive, negative or indifferent interaction with the artwork. Attitudes are positive or
negative points of view about people, places, things or events, all considered as the object
of the attitude. The category taste corresponds to the general preference for certain types
of images, themes, styles, etc. It can also be a random preference, an arbitrary or specific
choice of the artwork.
Attitude: «The relationship with the painting became difficult. Influenced by the context
(there was a lot of hubbub in the room), I decided not to carry on.» (A. 8)
Taste: «I really enjoyed the feeling I had in the presence of the artwork. An apparently unin-
teresting painting gained a new dimension when I really saw it.» (NA. 15)
220
245 Encounters with art
There are significant differences between artists and non-artists in the categories per-
ception and judgment (App. Tab. 14). Artists used the category perception more often than
non-artists. The category judgment is more employed by artists than non-artists. The data
obtained, resulting from counting the VCO incidences, point to an analysis centered on
the relationship artwork/viewer (O/V), on the artwork (O), or on the viewer (V).
In this artwork, the intensity associated to the different categories did not vary a lot,
ranging between 2.20 and 1.56 for the categories taste and emotions, respectively (App.
Tab. 16). In this artwork, the category least mentioned by the participants – taste – has a
higher intensity. The categories perception and reflection – those most used by the partici-
pants – are associated to a low intensity. Regarding the differences between the groups,
these occur in several categories: artists assigned greater intensity to the categories emo-
tion, seeing as, expectations, attitude and taste, whereas non-artists showed higher intensity
in the categories perception and knowledge.
Case A
Up until here, we have described the process of creating aesthetigrams for the group. We
will now present an example centered on a specific case (Fig. 2). In the case chosen, the
beginning of the encounter with the artwork Le Cadeau was marked by the impact of the
dark hues and allusion to the feeling of loneliness. Following these two first experiential
moments, directly identified by the words «darkness» and «loneliness», the individual’s
attention focused on the position of the elements portrayed – chair, figure and present –
and two hypotheses arose: «it looks like they were arranged for a photo»; «maybe on the
child’s birthday». Both are included within the category seeing as. During construction of
the aesthetigram, moment 3 was complemented by an additional moment and a memory,
as seen in the comment bellow:
31 and 32. Additional Moment and Memory: «I remember taking photos on my birthday, while
opening presents and blowing candles. This came to my mind when I was organizing ideas
in this aesthetigram.» (NA. 11)
Two categories then emerge in association – emotions and judgment – to describe the
constraint caused by the artwork. In a sequence that links moments of perception and
reflection, the individual focuses again on the elements portrayed in the painting and
on their relationship: «The window with no visible horizon, the chair too big for the
girl, decorated with flowers as if to give color to such a dark scene.» The direct descrip-
tions of what is seen introduce daydream moments during which new hypotheses arise:
«Why is the present on the floor, far from the child?», «Is she maybe a doll and not a
child?». References to technique are not very important, focusing on the use of purple
and on the formal aspects of the elements portrayed. Halfway through the encounter, the
Encounters with art 221
246
relationship with the artwork moves closer to the affective dimension once again – on the
one hand, because of the impossibility of finding a positive feeling for this image and, on
the other hand, because of a feeling of inhibition:
18. Feeling: «The feeling of loneliness, of inhibition to make a wish come true, keeps me from
having positive feelings when I look at the image.» (NA. 11)
Partly dissociated from this moment, the individual comes back to the theme of the
painting, defining it on the basis of the figure’s behavior. The individual then returns to
the impossibility of finding a positive feeling, in a more rational sense, for this artwork
and mentions the use of black as partly contributing to this. By combining three cate-
gories – perception, emotions and feelings – the focus goes back to the purple, which also
becomes depressing. In an attempt to find elements balancing the composition, the gaze
slides to «the blue of the background, chair and present, along with the bright red».
However, the feeling of repression remains:
27. Judgment: «The color blue, rather than breaking the darkness of the image, highlights
even more the feeling of loneliness.» (NA. 11)
R. L. Jones quadrant
Based on the aesthetigrams, we introduced another tool, the R.L. Jones quadrant, which its
author termed “model of phenomenological balance”. After they were analyzed individu-
ally, the categories were grouped into dimensions, which allowed us to map the individu-
als’ meaning making regarding this artwork (App. Tab. 18 e Tab. 19). Figure 8 presents the
quadrant position of the five dimensions: cognitive, affective, imaginative, behavioral and wait.
The cognitive dimension is the predominant one and is more represented between the cogni-
tive-intrinsic sectors and in their adjacent areas: iconic-cognitive and intrinsic-primeval. The
affective dimension appears in the sentimental-primeval sectors, particularly in the inner
area of the quadrant. The behavioral, imaginative and wait dimensions are more scattered
throughout the quadrant, presenting a similar distribution in the inner and outer areas.
247
222 Encounters with art
INTRINSIC
(formal)
Sterile Primeval
COGNITIVE AFFECTIVE
(intellectual) (emotional)
Iconic Sentimental
Cognitive Dimension
EXTRINSIC Affective Dimension
(instrumental) Imaginative Dimension
Behavioral Dimension
Waiting Dimension
Figure 8. Le Cadeau. Mapping the cognitive, affective, imaginative, behavioral and wait dimensions onto
the R.L. Jones quadrant.
Case A
The quadrant of case A (Fig. 9) shows a higher concentration of moments in the area between
the extrinsic and the primeval sectors. This concentration is mainly due to the categories feel-
ings and emotions, belonging to the affective dimension, and to the category judgment. We
identified the presence of two perceptions in the affective-primeval sector. Although they
focus on color, they are both associated to an affective connection with the artwork:
21. Perception and 22. Judgment: «The excessive use of black also does not help in finding
that positive feeling.»
23. Perception, 24. Emotions and 25. Feeling: «The purple becomes depressing for me.»
It is possible to consider that, because it was associated to emotions and feelings, the
perception of the moment 23 was placed closer to the center of the quadrant, unlike
what happens with the perception of moment 21. It is possible to identify two other clus-
ters. One, mainly formed by the category perception, is crossed by the intrinsic axis and
is in the outer area of the quadrant. The other, which combines the categories memory,
Encounters with art 223
248
INTRINSIC
(formal)
15 26
PR PR
8
Sterile PR 1 Primeval
PR
9
RF 3
PR
4
10 SA
PR
27
JD
22 21
24 JD PR
14 EM 23
COGNITIVE RF PR AFFECTIVE
25
(intellectual) FL
(emotional)
13 29 6 7 28
DD 5 AM EM JD FL
SA
30 2
20
MM FL
EXP 18
19 31 32
12 FL
MM AD MM
DD
17
11 FL 16
RF JD
Iconic Sentimental
EXTRINSIC
(instrumental)
Final texts
Semantic spaces
Twenty-four texts produced after completion of the notes, aesthetigrams and R. L. Jones
quadrant, and following a second encounter with the artwork at the museum, were ana-
lyzed. From the qualitative analysis of the texts, twelve categories emerged (App. Fig.
15). These were represented by subcategories and grouped into three dimensions: inter-
pretative, procedural and contextual. The interpretative dimension is more complex, as
shown by the categories that form it – form-content, explanation, hypotheses-empathy, asso-
ciation-memory, projection-affections, knowledge, judgment and attitude. The interpretative
249
224 Encounters with art
Artist
«The canvas seemed to work like a pair of scales, either pending to a happier, light and opti-
mistic composition, or to a darker, bitter and gloomy side, where a strange type of expecta-
tion remained crystallized in time, with no happy ending in sight.» (A. 1)
«In the binomial relationship absence/presence, the artist seems in fact to embrace the
concern for an excessive, geometrical ordering of her universe, keeping, however, a sort of
inner structure that assures an organic liberation in formal and emotional terms. » (A. 19)
Non-artist
«When looking at the painting, I came to the conclusion we can establish different divergent
poles such as: inside versus outside, darkness versus light, sadness versus hope – sadness
in the girl’s expression and hope in the unwrapped present.» (NA. 26)
Encounters with art 225
250
The category form-content often appears combined with the category explanation, with
many excerpts referring to both categories. References to form-content focus on the relation-
ship of the figure with the surrounding space, technique and composition. In general, the
interdependence between the formal aspects – light, color, scale –, the elements and space
portrayed – figure, chair, present, interior, exterior – and meaning making is signaled.
“On closer observation, I realized the atmosphere was slow and calm, conveyed by the effect
of sparse light coming in through the window, the calm sea and the ceremony that seems to
have been carefully prepared – decoration of the chair with flowers, bulging present, white
dress of the girl who seems constrained, unable to move on the high chair.” (A. 21)
“Comparisons will end up in contrasts between the detailed information of the flowers,
using a variety of colors, and the geometry of the space, shown with great simplicity and
unevenly completed (the area with light is quite rich in different hues, whereas the area in
the shade seems not fully completed). These counterpoints gradually create a feeling of
strangeness enhanced by the child’s features: a rigid figure that is almost deformed given
the absence of a neck.” (A. 22)
Artists and non-artists differ significantly in their use of the category form-content (App.
Tab. 24). Artists used this category more often than non-artists. Overall, the categories
explanation and form-content present a statistically higher use than all the other catego-
ries, with the exception of projection-affections. The category projection-affections includes
references to the affective impact of the artwork on the participants. Feelings are gener-
ally negative – restlessness, discomfort, loneliness, sadness, repulsion – and triggered by
the relationship between elements portrayed and formal aspects:
«At the same time, the feelings of sadness, loneliness and emptiness conveyed to me by the
painting made me feel repulsed by it. The painting was too dark for its theme. And I know
that feeling contaminated all I felt towards it.» (A. 8)
«The girl portrayed, not only because she is alone but also because of her facial expression,
her stiff posture on the chair, the darkness that surrounds her, the mysterious present, aban-
doned and unwrapped, all suggest loneliness.» (NA. 26)
Besides negative feelings, participants mentioned some expectation caused, on the one hand,
by the meaning making process itself and by the feeling of waiting for something to happen
or change: «Hoping that "scene" would come to an end, either with the child moving from her
stiff posture, sat on a chair too big for her – out of scale – or with the arrival of someone, who
would collect and open the abandoned present...». On the other hand, expectations were also
directed at the choice of the artwork: «I was expecting a well-known artwork or at least a more
familiar artist.» Although they were less frequent, Martha Telles’s painting also triggered some
positive feelings in the participants because of the serenity, tenderness or comfort conveyed by
the light and the exterior space, or the delicateness of the flowers on the back of the chair.
226
251 Encounters with art
The fourth category most used overall was judgment. The general assessment of the
artwork was not consensual. On the one hand, the painting was assessed as not very
interesting and too figurative; on the other hand, it raised positive reactions, particularly
because of the technical virtuosity of the artist. Appreciation of the composition was also
ambivalent: it was described as sterile and cold by some, while others thought it was
organized, balanced and incisively simple, with colors coming up harmoniously.
Finally, when considering the group as a whole, comes the category attitude that,
although less used in average, is not statistically different from the remaining categories
included in the interpretative dimension: knowledge, hypotheses-empathy and association-
memory. The category knowledge includes references to the world of art, to the artwork
and to the artist under analysis. There are no differences between artists and non-artists
in this category, since both groups make reference to previous knowledge and to knowl-
edge acquired during post-encounter research on the artwork and the artist’s context.
However, the way artists refer to the context in terms of History of Art is more complex.
Those references stem not only from formal but also from conceptual similarities with
the artwork, as shown in the following examples by two individuals in the group of art-
ists: «The cutout reminded me of other artworks, the slits by Lucio Fontana and Helena
Almeida.»; «Of course these comparisons have Bacon’s paintings as their backdrop,
which inevitably helped me to identify the most significant poles of the tension at stake.»
The category hypotheses-empathy mainly includes text fragments revealing imaginative
daydreaming by the participants. The whole scenario leads to a moment of tension, trig-
gering expectation on what is about to happen: «Will the viewer be rewarded if the girl is
rescued from her isolation and deprivation?», «[...] and what if the present was not there?»
The chair adjusts to the meaning imagined for it, «an imposing throne that holds the small
figure» or «a sweet animal that delicately shelters the girl on its lap». Besides formulating
hypotheses for Martha Telles’s options in terms of form and content, this category includes
projections where individuals describe a feeling of empathy towards painting and artist:
«I feel empathy towards this painting and can associate it symbolically to my personal expe-
rience. Through the artist’s subconscious, I access my own. At some point during observa-
tion, I began to project feelings associated to memories of my own childhood and the arche-
type of the delicate, well-behaved girl.» (A. 7)
«Associations come next. I associate colors to their symbols: white to purity, red to passion
[...]» (A. 17)
«The floor tiles in the background are reminiscent of Lisbon – their pattern has little to do
Encounters with art 227
252
with the rest of the image shown to us, with the context of darkness.» (NA. 13)
«My first feeling carried me to the world of children, not related to my own childhood, but
maybe to childhood portrayed in fairy tales (not the happy ones). The girl, the present, her
red shoes, the flowers, the giant room.» (NA. 27)
In the final texts, the category attitude is centered on the viewing of the artwork.
Participants feel the need to change their position in relation to the painting, so as to be
able to grasp it from different perspectives and apprehend it as a whole:
«We need to slow down and start focusing, to find a distance that will enable us to look at
the painting in a calmer, quieter way to then start filtering information.» (A. 17)
In an opposite sense, this category includes references to moving back from the art-
work in view of the discomfort felt towards it: «The canvas continued to be an unwanted
object I did not want near me.»
Regarding the procedural dimension, the category encounter-museum is the least men-
tioned by the participants and does not differ significantly from the category process-tools
(App. Tab. 22). However, the category meaning making, the most employed in this dimen-
sion, is used in a statistically significant way when compared to the category encounter-
museum. The category meaning making concerns commentaries revealing a distant obser-
vation of the meaning making process. This category includes references to the way the
artwork was analyzed. This analysis is sometimes fragmented and initially centered on
the perception and description of the elements portrayed. Involvement with the artwork
is gradual, guided by the will to grasp everything, from the general to the particular, com-
bining direct observation of the artwork with personal references or previous knowledge.
Subjects signaled the importance of time in the relationship with the artwork, the time to
observe, to identify, to raise questions, to draw comparisons or to put aside initial conclu-
sions, so as to progress in different directions. The search for meaning is not only carried
out in relation to the visible elements, it is materialized in multiple attempts to create
narratives and meanings. Writing, particularly note writing, is signaled as a process that
allows to retain observations and thoughts that would otherwise vanish.
«The several stages developed around this painting have generated an increasingly close
relationship with the artwork. The first notes witnessed a superficial contact: describing
what is seen, looking for links between the elements in the composition, searching for a nar-
rative, raising questions.» (A. 6)
«Besides what is visible and what is portrayed, I felt an attraction for what was not portrayed
and for the meanings possibly hiding behind the representation, which led me to reflect
about the identity or role of the girl portrayed and note down iconographic elements that
could conceal symbolic meanings and allusions.» (NA. 12)
228
253 Encounters with art
The category process-tools includes references to the different steps involved in analysis
of the artwork: notes, aesthetigram and quadrant, plus observations on the experience,
involvement and learning. It still includes post-encounter moments, such as searching
for information on the artwork under analysis, which are seen as a complementary pro-
cess to meaning making.
Assessment of the experience is positive when there are references to the acquisition
of new knowledge, greater self-awareness and an individual way of making meaning.
Difficulties regarding the aesthetigrams had to do with the non-total understanding of
the concept underlying the categories. Difficulties regarding the quadrant had to do with
the complexity of the model and the subjectivity involved in organizing the experiential
moments according to the quadrant. Artists and non-artists behaved differently in the
category process-tools, more used by non-artists than artists (App. Tab. 22 and Tab. 25).
Non-artist
«The categorization of the viewer’s experiential moments was not easy for me. Several factors
contributed to this: unfamiliarity with the definition of the categories, not having grasped and
interiorized them; identifying the dominant category in the different note segments; subjecti-
vity in the definition of categories, ambiguous readings by different viewers.» (NA. 9)
«I really enjoyed working on meaning after reading the “Categories Guiding Meaning
Making”. They shed light on my first contact with Martha Telles’s painting. What began to
take shape on a two-dimensional sheet of paper gained a third dimension with the aesthe-
tigram. Metaphysics, yes, it was philosophy. The first contact with the painting, clumsy and
baroque, in the primitive sense, became clear.
My ideas became more organized, although I think that for categories to effectively track the
train of thought of the artwork’s viewer, they first need to be deeply interiorized.» (NA. 15)
The starting point for the work developed on Martha Telles’s painting was the encounter
with a reproduction of the painting projected in classroom. At the final stage of the training, and
after completing the notes, aesthetigrams and quadrant, participants viewed the work at the
museum, where they took notes later included in their final texts. References to that encounter
are included in the category encounter-museum. Most participants felt that direct contact with
the artwork had a positive impact on their meaning making process: «by being in the direct
presence of the artwork, rather than seeing it projected like at first, many of the ideas expressed
gained new, or even opposite, meanings». The real size of the painting, 46.5 cm by 38.2 cm,
brought about different reactions: a feeling of disappointment caused by the enlarged image
viewed before; or surprise – «the enlarged projection had betrayed the true greatness of the can-
vas. It is small and delicate, and it is curious to see it as a whole, as a three-dimensional object».
Finally, in the contextual dimension, where participants only used two of the categories
for this artwork, the use of the category influence of context is statistically higher than the
category side events (App. Tab. 23 and Tab. 26). The influence of context for this artwork
concerns its group viewing in classroom.
Encounters with art 229
254
«The moment we were shown the painting, through the projection of a reproduction, I sen-
sed a feeling of unrest in the group, which was quickly overcome by all. I felt I had to leave
the table and find a place from where I could have a better look and, at the same time, feel
I was looking at it by myself. At least unconsciously, I felt I reacted against that feeling of
communion I did not want to be part of. I wanted to feel I was alone with the painting or its
reproduction.» (A. 8)
Associated to the influence of the group in the encounter with the artwork, this cat-
egory also includes references to the restrictions involved in interacting with an artwork
through a projection, especially when compared to the encounter in the presence of the
artwork, at the museum. As already mentioned, physical proximity influences meaning
making. Out of the thirteen categories identified in the content analysis of the final texts,
the category side events is the least present. Out of the three dimensions, the contextual
one is the least used by participants.
Observation profiles
Based on the data imported from the content analysis, we proceeded to make a multiple
correspondence analysis with the aim of mapping the proximity between categories and
their association to the individuals. The cluster analysis allowed us to identify three pro-
files within heterogeneous groups of individuals, artists and non-artists, brought together
by the semantic spaces they organized for the artwork (App. Fig. 16). Figure 10 presents
the proximity between the participants and their clustering according to profile: profile I
is made up of three artists and one non-artist; profile II includes one artist and two non-
artists; and profile III has eight artists and nine non-artists. For a better understanding of
the use of categories by each group, the categories were trichotomized7.
In Figure 11 we present the proximity between the categories identified in the content
analysis of the final texts produced by the sample. The grouping of categories accord-
ing to profiles allowed us to identify three clusters: main, secondary and mixed. The
categories present in the main clusters characterize each one of the profiles individually.
Therefore, profile I uses the categories meaning making and process-tools, both belonging
to the procedural dimension, in a very relevant way. Profile II is more strongly associated
with the categories side events, process-tools and influence of context. No category belong-
ing to the interpretative dimension is found in the main clusters of profiles I and II. On
the contrary, the presence of the interpretative dimension is stronger in profile III where
the use of the categories association-memory, knowledge, judgment and affections is very
relevant; the use of the category form-content is very relevant and relevant; and the use of
explanation is relevant. Two categories belonging to the procedural dimension at the rel-
evant level – meaning making and encounter-museum – are also found in the main cluster
of this profile. The secondary clusters include those categories that are common to two
Artist
Non-artist
12 26
21
28
7 17
Profile II
27 Profile III
9
5
6 15 11 25 1
29 3
30 13 19
8
10
22 Profile I
16
20
Figure 10. Le Cadeau. Final texts. Multiple correspondence analysis (α Cronbach total 0.712).
Proximity between participants. Grouping of participants according to profiles.
Profile I
Profile I
Profile II
Profile II
AL Profile III
AL Profile III
Interpretative Dimension
HE
HE Interpretative Dimension
Profile II FC - Form-content
Profile II FC - Form-content
HE - Hypotheses-Empathy
EXP
K
K HE - Hypotheses-Empathy
PT EXP AM - Association-Memory
PT J
J
AM - Association-Memory
AM K - Knowledge
AM Profile III K - Knowledge
CT
FC
FC EXP
Profile III AP EXP - Explanation
CT EXP AP EXP - Explanation
AP - Affections
AM MM AP - Affections
AP AM FC MM
FC AP FC AT - Attitude
FC
AT
AT - Attitude
ME AT J - Judgment
ME J - Judgment
K
K HE
HE Procedural Dimension
J
J Procedural Dimension
PT - Process-tools
PT - Process-tools
MM - Meaning making
MM - Meaning making
ME - Museum-encounter
PT
PT
ME - Museum-encounter
MM
MM
Contextual Dimension
Profile I Contextual Dimension
Profile I
CT - Context
CT - Context
SE - Side events
SE - Side events
Figure 11. Le Cadeau. Final texts. Multiple correspondence analysis (α Cronbach total 0.712).
Proximity between categories. Association of categories to profiles.
Encounters with art 231
256
Figure 12. Le Cadeau. Notes. Distribution of the trichotomized categories (with significant
differences) according to profiles.
232
257 Encounters with art
Case A
The individual starts with connotative references, mentioning affections, memories and
assessment of the artwork (Text 2). After a first reaction in the presence of the artwork,
there is reference to its formal aspects and content, as well as an explanatory approach
raising some hypotheses about the painting: «This moment of reflection raised two ques-
tions: why is the present on the floor? Could the child be a doll? I reflect about these ques-
tions for a while.»
The absence of positive feelings associated to this painting persists, and the words
«loneliness» and «repression» are symptomatic of the tension felt by the subject, who
searches for a reason in personal life experiences and in the colors used by the artist.
The end of the final text includes instrumental references, particularly associated with
the procedural dimension. It was important for the individual to be in the presence of the
artwork. This was a moment that diluted some of the initial impressions and raised new
questions: «How was that floor shade achieved? Why are the child’s shoulders not well
defined?».
A meta-analysis is made about the tools used, particularly the R.L. Jones quadrant.
The individual reflects about the distribution of the categories on the quadrant, some-
times extreme, and the influence of a non-artist background on organizing the categories
included in the cognitive dimension. Throughout the text, the «individual’s voice» can be
heard. As if an external observer, the meaning making process is described: «The next
moment I went back to perceptions [...] After this moment of perception, I return to the
sphere of feelings [...] It occurs to me then, while constructing the aesthetigram [...]»
aroused my interest in these aspects of the painting. After this moment of perception, I
return to the sphere of feelings. I find it difficult to find a single positive feeling for the image,
which conveys to me a feeling of loneliness, an inhibition to make a wish come true. I then
recall a memory in order to explain these feelings: all children are curious about wrapped
up presents. Another reason may be (once again) the use of dark colors. After all, why has
this artwork raised in me not very positive, even depressing feelings? Even the lighter and
brighter colors used, such as the blue seen through the window, on the chair and on the
present, or the red of the flowers and of the present’s bow, seem to heighten the black.
Again comes the feeling of repression. I then realize, while building the aesthetigram, that
the painting reminds me of portraits of kings, where valuable objects are shown. Likewise,
everything in this painting seems to have been prepared: the chair’s decoration, the present,
the girl in immaculate looking clothes and pretty little shoes, sat in a well behaved manner.
Being in the presence of this painting was extremely important for meaning making. After this
contact, several aspects initially perceived and felt were changed. During this encounter, the
following notes were taken: After building the aesthetigram, the R. L. Jones quadrant and ana-
lyzing these last notes, I realize some changes in the main aspects I highlighted when viewing
the painting. I find the artwork #0 more lively, less sad and somber than initially perceived. I
can now say I liked its colors and even its shapes; After the first contact with the painting, I had
a feeling of sadness and darkness because of the loneliness it conveyed. By looking at it now,
though the child still disturbs me, I was able to notice the details and the colors and, in fact,
the painting became lit up, bright, alive. I still add some questions about its creation process:
How were that floor hue and shading made? Why has the child not well defined shoulders?
Finally, after observing the R. L. Jones quadrant, my notes on the artwork still seem to be a
bit extreme in each category. The intrinsic and affective/sentimental quadrants stand out,
with some iconic references. The cognitive quadrant is clearly the least achieved due to my
academic background.»
Discussion
The content analysis of the notes made by the participants identified ten categories, organ-
ized into four dimensions: cognitive, formal, affective and behavioral. The formal dimension
has the largest presence. The category form-content, with references to the formal content
of the painting and to what is represented therein, is the most mentioned by all the par-
ticipants, differing statistically from the remaining categories. In this category, the notes
taken by the group of artists are more complete than those by non-artists, although both
groups refer to the same contents. The category used the least is attitude, with less refer-
ences than all the other categories.
Focusing now on the differences between artists and non-artists, they only exist in
a significant way in three categories: tension, well-being and judgment. The category ten-
sion corresponds to assigning a negative qualification to the artwork. Artists, when com-
pared to non-artists, evoked this category more frequently. The quality of the written
259
234 Encounters with art
content coincides, as both groups use the same terms, for example: expectation, loneli-
ness, sadness, discomfort, emptiness. The painting evokes more negative than positive
feelings. The category well-being reveals the duality felt by some participants, who alter-
nated between feelings of tension and overall feelings of pleasure. As verified for the cat-
egory tension, artists mention the category well-being the most, differing from non-artists
in terms of frequency and quality of content. The affective dimension is more used for
meaning making in the group of artists. In the category judgment, the group of non-artists
shows more occurrences concerning assessment of the artwork, noticing the quality of
the painting and referring to its content and formal elements.
Multiple correspondence analysis (MCA) allowed to identify three profiles, balanced in
terms of their elements (artists and non-artists) and distinguished by the presence of catego-
ries. The category explanation, based on trichotomization – less relevant, relevant and very
relevant – is the one that better characterizes the three profiles. Profile I, the most explana-
tory, tends to be the most balanced and complex regarding the presence of the four dimen-
sions. Profile II, although the least explanatory, is interpretative, focusing on hypotheses, asso-
ciations and form. Profile III, moderately explanatory, is heterogeneous in terms of the pres-
ence of categories, except for those included in the affective dimension: tension and well-being.
The purpose of visual maps – aesthetigrams and R.L. Jones quadrant – was to highlight
and visualize tendencies in meaning making. Ideally, multiple orientations – affective and
intellectual – are involved in a single encounter with the artwork. By assigning categories
to individual moments, participants organize patterns in their meaning making process.
The uniqueness of each participant is revealed in the way visual maps are organized.
When building the aesthetigrams, participants used fifteen predefined categories,
grouped into five big dimensions: cognitive, affective, imaginative, behavioral and wait. In
this painting, perception and reflection are used more frequently in meaning making and
map construction. However, they are associated to low intensity. A second group of catego-
ries (feelings, memory, seeing as, judgment, knowledge), brought together by similar frequency
of usage, is spread throughout four of the dimensions. Taste is the category least men-
tioned and with higher intensity. Significant differences between artists and non-artists
were found in the categories perception and judgment: the former used perception more
often; the latter had a higher number of occurrences in judgment. In the aesthetigrams pro-
duced for this painting, three graphic types were identified: linear, radial and rhizomatic.
The position of the five dimensions on the quadrant is consistent with the way catego-
ries were used and understood when building aesthetigrams. The cognitive dimension
mapped onto the quadrant therefore reveals an intellectualized approach to the artwork.
We can conclude that these two tools, auxiliary to the meaning making process, allow par-
ticipants to visually fix their thoughts about this artwork on a moment-by-moment basis.
The content analysis of the final texts allowed to identify twelve categories, organized
into three big dimensions: interpretative, procedural and contextual. The dimension with a
larger presence is the interpretative one, understood as an open possibility to understand
and appreciate the artwork. In the final texts, the category explanation is the most used by
Encounters with art 235
260
participants overall. However, its usage does not differ statistically neither from the cate-
gory form-content, nor from the category projection-affections. This leads us to conclude that,
when using this tool, the approach to meaning making is more structured.
There is a statistically significant difference between artists and non-artists in the pres-
ence of the categories form-content and process-tools. Artists use the category form-content
more frequently, focusing on analysis of the relationship of the figure with the surround-
ing space, technique and composition. The category process-tools was more used by non-
artists and includes references to the different steps involved in analysis of the artwork,
thus complementing meaning making.
Multiple correspondence analysis (MCA) allowed to identify three profiles, balanced
in terms of their elements (artists and non-artists) and distinguished by the presence of
categories. Each profile is closer to one of the meaning making dimensions, although all
of them include the three dimensions, varying in terms of the level of relevance assigned
to each category. Profile I is the most procedural, emphasizing in its final texts references
to the meaning making process and tools. Profile II stresses the contextual dimension in
the relationship with the artwork, both influence of context and side events. Profile III reveals
a more coherent integration of the categories associated to the process of interpreting the
artwork, proving to be both more explanatory and judgmental than the other two.
In their final texts, participants arrived at a structured synthesis of their thoughts about
the artwork. Analysis of the data obtained through this tool, carried out at the end of the
meaning making process, revealed greater proximity between participants, probably due
to the learning triggered by awareness of the meaning making process, which guided the
program developed.
When comparing the profiles identified in the notes and in the final texts, we identified
three types of behavior in participants’ meaning making (Tab. 3).
In the notes, three participants (A. 1, A. 5, NA. 26) were included in the formal-explan-
atory profile, the profile tending to be most balanced and complex in terms of the pres-
ence of the four meaning making dimensions. They remained together in the interpreta-
tive profile of the final texts. We concluded these participants revealed a more structured
behavior when interpreting this artwork.
In the notes, three participants (A. 16, A. 22, NA. 10) were included in the formal-asso-
ciative profile. In this profile – though close to the categories association and hypotheses,
framed within the cognitive dimension – the large majority of participants did not use the
category explanation. These three individuals remained together in the procedural profile
of the final texts, the least explanatory of the three. Their attention focused on references
to the meaning making process and tools. We concluded that the meaning making pro-
cess for these participants was centered on the inferences they produced from the content
and formal aspects of the artwork, focusing on process when writing their final texts.
Seven participants (A. 8, A. 7, A. 17, NA. 30, NA. 9, NA. 25) in the formal-associative
profile and seven individuals (A. 6, A. 3, A. 19, NA. 28, NA. 13, NA. 15) in the formal-
cognitive profile of the notes were included in the same profile of the final texts: the
236
261 Encounters with art
Table 3. Le Cadeau. Comparison between profiles identified in the multiple correspondence analysis of
notes and final texts.
Notes
The categories differentiating profiles the least, common to the three profiles in terms of proximity and level
of relevance, are: form-content, hypotheses, association, well-being and judgment.
Final Texts
Each profile is closer to one of the meaning making dimensions, although all of them include the three
dimensions, varying in terms of the level of relevance assigned to each category.
interpretative one. We concluded that learning occurred as a result of the use of meaning
making tools. The same individuals who were included in less complex profiles in the
notes moved to a more complex and structured meaning making pattern in their final
texts. The interpretative profile included the highest number of participants.
The analyses presented here were applied to two other artworks: The Mirror Suitcase
Man by Rui Calçada Bastos, and Portrait of Matilde by Sarah Affonso.
Encounters with art 237
Conclusion
Ossip Mandelstam
263
238 Encounters with art
Conclusion
Three aspects are important to bring this study to a conclusion: the first two answer
the two research questions and the third proposes three cross-cutting concepts result-
ing from the experience observed during the workshops and included in the «training
model» proposed.
The training workshop, involving twenty-four participants and carried out during five
months, allowed to introduce the group to research in the field of educational media-
tions in art museums and to monitor the activity of interpreting artworks in museums.
Participants were motivated by the theme of the project from the very start, were open
to experience and the world of art, and were curious about the problems related to the
education of art museum visitors.
The strategies introduced during the training workshop implied the step-by-step use
of the meaning making tools described in the second part of the chapter. The notes were
a direct and free written record of the encounters with the artworks. The aesthetigrams
allowed to organize concept maps crossing the notes and predefined categories guiding
meaning making. The quadrant, termed model of phenomenological balance, allowed indi-
viduals to map their experiential moments included in the aesthetigram onto a plan limited
by four cardinal poles: cognitive, affective, extrinsic and intrinsic. Text writing, a final writ-
ten record, was a summary of the interpretative process resulting from contact with the
artwork, which aimed at being easily read both by the individual and by the mediator.
The painting Le Cadeau was the starting point for an introductory exercise on the
use of meaning making tools. Only the results concerning this painting were shared
with the group. The work with The Mirror Suitcase Man and Portrait of Matilde was
carried out individually in encounters with these artworks at the Calouste Gulbenkian
Modern Art Center and was mediated by the project team. Each artwork was visited at
least twice. The second encounter strengthened the first interpretations and allowed
to clarify questions that emerged in between the encounters with the artworks. The
results presented show that learning took place as a result of the use of meaning mak-
ing tools, with an impact on the interpretation of the three artworks: The Mirror Suitcase
Man, Portrait of Matilde and Le Cadeau.
Semantic spaces
Focusing on the textual products – notes and final texts – for the three artworks, we wit-
nessed the presence of the same meaning making dimensions and categories. Content
analysis of the notes allowed to identify twelve categories grouped into four dimensions:
formal, cognitive, behavioral and affective. From the final texts emerged a main, big dimen-
sion, the interpretative one, including eight categories: form-content, explanation, hypoth-
eses, association, knowledge, judgment, attitude and projection-affections; and two secondary
dimensions: the procedural and the contextual one.
Encounters with art 239
264
Although content analysis of the notes and final texts reveals a similar conceptual
structure for the three artworks, the frequency of use and quality of content of each cat-
egory reveal peculiarities that reflect the specificity, theme and technique of the artworks.
In the notes, emphasis on the formal dimension is common to the three artworks: the
first approach to the artworks focuses on identifying their formal aspects and describ-
ing their narrative content. This exercise opens the way for cognitive and judgmental
inferences that, although less frequent, express participants’ unique ways of seeing. For
example, the technical aspects of the video, particularly time, are identified by the use of
subcategories like sound or description of action and the more frequent use of the category
form-content, when compared to the painting by Sarah Affonso.
In the category form, the painting led individuals to focus on composition, color or
scale. Its use was more frequent than in the video. In general, during the first «reading»
of the artwork, the behavioral dimension, including the categories judgment, taste and atti-
tude, was not very present: participants avoided taking final standpoints on the artworks
during the process of interpretation. The affective dimension, less present in the notes for
the three artworks, was the one that best outlined the differences in terms of empathy
with the artworks: the painting by Sarah Affonso was the one where positive feelings
predominated over negative ones.
The final texts reflect a structured approach to the artwork, incorporating the four
dimensions identified into a big interpretative dimension. This confluence can be under-
stood as the result of learning enhanced by the use of the tools – notes, aesthetigrams
and quadrant. The category explanation is among the categories most used in the final
texts for the three artworks. This indicates a change from the analytical and fragmented
approach recorded in the notes to an intellectualized and concise approach in the final
texts, where individuals are more sure about the semantic spaces created and, at the same
time, differ in terms of their approach.
The procedural dimension is, for all artworks, the second most present in the final
texts, although it is a lot less frequent than the interpretative dimension. In the final texts,
individuals carry out a meta-analysis of the meaning making process, revealing a self-
awareness of the learning process. The contextual dimension is the least present in the
three artworks: even though attention is given to the impact of the environment on the
meaning making process, its influence on interpretation is marginal.
We can associate each artwork to a feeling that globally «translates» the participants’ attitude:
loneliness in Le Cadeau, mystery in The Mirror Suitcase Man and calm in Portrait of Matilde.
In between the two textual tools, visual maps were drawn with the aim of visualiz-
ing trends in meaning making. When building the aesthetigrams, participants used fif-
teen predefined categories, grouped into five dimensions: cognitive, affective, imaginative,
behavioral and wait. By assigning categories to individual moments, participants organ-
ized patterns in their meaning making process. As observed, the aesthetigrams allowed
to «fix» and visualize «thoughts» about the artworks on a moment-by-moment basis. The
uniqueness of each participant’s meaning making emerges from the way they organize
240
265 Encounters with art
their visual maps. Three types of aesthetigrams were identified for all the artworks: lin-
ear, rhizomatic and radial. In the video there is a general tendency to build linear aes-
thetigrams, whereas between the first and the second encounter with the video and the
first and second encounter with the painting by Sarah Affonso aesthetigrams tend to
become «simpler». This is noticed by a reduction in the number of experiential moments
included in them.
In the aesthetigrams for the three artworks emphasis is placed on the cognitive dimen-
sion, with the category perception being the most used, followed by reflection. The pres-
ence of the other dimensions is similar. In the video, the imaginative dimension is the
second most used. In the aesthetigrams, the tendency for the analytical approach previ-
ously identified in the notes remains.
When building the quadrant, participants placed the experiential moments in their
aesthetigrams on the plan. The way the five dimensions were placed on the quadrant
matches the way the categories were understood when making the aesthetigrams. The
cognitive dimension mapped onto the quadrant reveals an intellectualized approach to the
artwork. The affective dimension, when compared to the cognitive dimension, is less dif-
fuse in terms of its position on the quadrant. The behavioral, imaginative and wait dimen-
sions are more scattered throughout the quadrant, presenting a similar distribution in
its inner and outer areas. The cognitive dimension for the artwork by Rui Calçada Bastos,
when compared to the two paintings, has a stronger presence in the extrinsic sector of
the quadrant, probably due to the technical and plastic features of the artwork and the
way it is presented.
Observation profiles
The individuals who took part in this study belong to a specific culture and are «shaped»
by similar educational and cultural backgrounds. Their cultural knowledge was reflected
in their texts and interpretation of the artworks was influenced by their experience of the
world of art, on the one hand, and the experience that resulted from the encounters with
the artworks during the workshop, on the other.
As we saw, there is a subtle influence of individuals’ academic training on the way they
make meaning: those with a background in the arts use terms and concepts more pre-
cisely when describing the formal elements of the artwork, frequently employing the jar-
gon of the world of art in their meaning making process. When compared, the two groups
present significant differences in some of the categories used for meaning making.
Non-artists were more concise in their notes than artists, who were more «profuse».
Artists’ attention to detail in the first record of contact with the artwork was maintained
in the creation of aesthetigrams. When building their aesthetigrams, artists recorded
more experiential moments. In the final text, non-artists were more centered on instru-
mental aspects of the meaning making process, assigning more importance to the way
Encounters with art 241
266
they used the tools. On the contrary, participants with a background in the arts built
their final texts in a poetic manner, detached from the process of using tools and focused
on an aesthetic discourse also «contaminated» by their readings in the fields of art criti-
cism and aesthetics of art.
Multiple correspondence analysis and the analysis of clusters, based on the content
analysis of the notes and final texts, allowed us to identify the observation profiles
described in the third part of this chapter. These profiles characterize individuals’
«behavior» when approaching artworks and include participants, both artists and non-
artists, that are close to each other in terms of their use of categories. When comparing
the profiles identified in the notes, we notice that the categories most used, form-
content and form, do not allow us to differentiate between individuals’ interpretative
behavior. The specificity of a profile is defined by the less frequent categories, reveal-
ing participants’ subjectivity, their attitude towards the artwork. Although the three
artworks share common profiles – formal-associative, formal-explanatory, formal-cogni-
tive – the participants included in them are not always the same: participants adjusted
meaning making to the specific formal and conceptual features of the artwork, guided
by the empathy they arose.
In the final texts there is, in fact, greater proximity between participants. Two equally
«prolix» profiles in the use of categories are identified and distinguished by the frequency
and relevance of their use. Thus, there is a more complex profile for each of the three art-
works – the interpretative, the cognitive-associative and the hypothetical-explanatory, respec-
tively – reflecting a deeper meaning signaled in the text produced for each artwork. The
neutral profile is defined by the less relevant use of the categories. There is still a third
approach in the final texts, more centered on aspects that are marginal to the meaning
making process – procedural, contextual, behavioral-affective, cognitive-behavioral.
Self-awareness, learning and authorship, concepts resulting from the experience observed
during the workshops, will be critical to the «training model» guiding future actions.
The first is an epistemological standpoint concerning the action of making individuals
aware of situations in which they find themselves. Within our scope, with an educational
aim in mind and by means of the strategies proposed for holding individuals’ attention,
it is centered on sensory and cognitive elements that guide the understanding of and
empathy with artworks.
Learning, the second concept, concerns individuals’ active participation in appreciat-
ing artworks. The work, developed with participants with and without a background in
the visual arts, points to the idea that the activity of interpreting artworks has advantages
for the aesthetic and cognitive development of individuals. This intentional involvement
with artworks implied a deepening of the abilities to appreciate artworks.
242
267 Encounters with art
Appendix
Personality Inventory
Table 4. Personality Inventory (NEO PI-R). Dimensions.
Dimensions M SD M SD M SD U p
Facets M SD M SD M SD U p
Le Cadeau
Notes
Group
Group
Form-
Hypotheses Association Knowledge Explanation Tension Well-being Attitude Judgement
content
-4.14 -1.40 -2.71 -3.85 -1.07 -2.24 -3.87 -3.93 -3.00
Form
0.000 0.161 0.007 0.000 0.285 0.025 0.000 0.000 0.003
-4.29 -4.29 -4.29 -4.26 -4.20 -4.29 -4.29 -4.20
Form-content
0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000
-0.94 -2.63 -0.54 -0.25 -3.54 -3.72 -1.79
Hypotheses
0.349 0.008 0.590 0.806 0.000 0.000 0.073
-1.89 -1.60 -0.06 -2.86 -3.35 -0.98
Association
0.058 0.110 0.954 0.004 0.001 0.328
-3.32 -1.92 -0.81 -2.66 -1.37
Knowledge
0.001 0.055 0.416 0.008 0.171
-1.19 -3.95 -4.14 -2.97
Explanation
0.235 0.000 0.000 0.003
-3.33 -3,56 -1,34
Tension
0.001 0.000 0,179
-2.00 -2.19
Well-being
0.046 0.028
-3.48
Attitude
0.001
Table 8. Le Cadeau. Notes. Formal dimension. Categories and subcategories. Descriptive measures.
Artists, non-artists and group.
Interior space 4.17 2.89 2.33 1.07 3.25 2.33 40.50 0.064
Relationship between elements 3.58 3.06 2.00 1.13 2.79 2.40 50.50 0.204
Exterior space 2.67 2.10 1.83 1.03 2.25 1.67 62.00 0.552
248
273 Encounters with art
Table 9. Le Cadeau. Notes. Cognitive dimension. Categories and subcategories. Descriptive measures.
Artists, non-artists and group.
Artwork’s overall meaning 0.42 0.67 0.58 0.67 0.50 0.66 61.00 0.468
Moment portrayed 0.33 0.65 0.50 0.90 0.42 0.78 66.00 0.664
Formal elements 1.25 2.18 0.83 1.47 1.04 1.83 71.50 0.973
Isolated words 0.50 1.45 0.25 0.62 0.38 1.10 71.50 0.965
World of art 0.42 0.67 0.08 0.29 0.25 0.53 53.50 0.131
World of art 0.92 1.08 0.50 0.67 0.71 0.91 58.50 0.390
Artwork’s overall meaning 0.83 1.03 1.00 1.04 0.92 1.02 65.00 0.667
Interior-exterior space 0.25 0.62 0.08 0.29 0.17 0.48 65.50 0.514
Encounters with art 249
274
Table 10. Le Cadeau. Notes. Affective dimension. Categories and subcategories. Descriptive measures.
Artists, non-artists and group.
Being trapped-discomfort 0.33 0.65 0.33 0.65 0.33 0.64 72.00 1.000
Table 11. Le Cadeau. Notes. Behavioral dimension. Categories and subcategories. Descriptive measures.
Artists, non-artists and group.
Distancing from the artwork 0.08 0.29 0.00 0.00 0.04 0.20 66.00 0.317
Post-encounter research 0.00 0.00 0.08 0.29 0.04 0.20 66.00 0.317
Viewing the artwork 0.08 0.29 0.00 0.00 0.04 0.20 66.00 0.317
Overall negative assessment 0.08 0.29 0.25 0.45 0.17 0.38 60.00 0.284
Overall negative assessment 0.08 0.29 0.17 0.58 0.13 0.45 71.50 0.952
250
275 Encounters with art
0 5 10 15 20 25
21
28
27
13 Profile III
20
19
15
11
22
30 Profile II
29
17
25
10
16
5 Profile I
26
12
Encounters with art 251
276
Table 12. Le Cadeau. Notes. Multiple correspondence analysis. Distribution of the trichotomized
categories according to profiles.
Profiles
F++ 3 0 4 7
FC 1 1 3 5
FC++ 2 2 2 6
HIP 2 3 4 9
HIP++ 1 4 0 5
ASS 0 2 4 6
ASS++ 1 4 0 5
CN 1 6 6 13
CN++ 1 0 4 5
EXP 0 9 0 9
EXP++ 4 0 1 5
BE 2 6 8 16
Well-being .250 .472
BE+ 2 4 2 8
TEN 0 6 0 6
TEN++ 3 2 2 7
AT 2 9 10 21
AT++ 0 0 0 0
JZ 0 5 3 8
JZ++ 2 2 4 8
277
252 Encounters with art
Aesthetigrams
Affective dimension 3.83 3.49 2.33 2.50 3.08 3.06 50.00 0.19
Imaginative dimension 2.58 1.44 1.92 2.31 2.25 1.92 51.50 0.23
Wait dimension 1.75 1.60 1.83 1.47 1.79 1.50 68.00 0.81
Addicional moments 0.33 0.65 0.92 1.00 0.63 0.88 46.50 0.10
Behavioral dimension 1.33 1.30 2.75 2.01 2.04 1.81 40.50 0.06
Addicional -1.026
moments .305
Encounters with art
253
278
279
254 Encounters with art
Table 16. Le Cadeau. Aesthetigrams. Intensity of categories. Descriptive measures. Artists, non-artists
and group.
Addicional moments 2.75 0.696 1.91 0.944 2.13 0.92 11.00 0.12
VCO
Categories C V O V/O O/C V/C V/C/O
Perception 2 13 114 37 1 1 0
Reflection 2 30 19 40 1 2 3
Feelings 4 15 5 26 0 1 2
Memory 0 14 8 18 0 1 0
Seing as 0 12 7 18 0 1 2
Judgment 0 17 7 12 0 2 0
Knowledge 0 9 13 11 1 0 1
Emotion 4 8 2 11 0 1 0
Daydreams 0 6 6 10 0 0 0
Explanation 0 5 4 11 0 0 1
Bracketing 1 14 0 0 0 0 2
Addicional moments 3 5 1 2 0 0 4
Expectation 0 5 2 4 0 1 0
Attitude 0 2 1 2 0 2 0
Taste 0 3 0 1 1 0 0
Quadrant
Table 18. Le Cadeau.R. L. Jones quadrant. Cognitive dimension and waiting dimension.
Groups
PQ CD CN EXP MM PR RF WD AM BR
C 2 0 1 1 0 0 0 0 0
C1E 11 1 0 0 10 0 0 0 0
C1I 8 0 0 0 7 1 0 0 0
C2E 2 0 0 0 1 1 0 0 0
C2I 9 0 0 3 2 4 1 1 0
C3E 1 0 0 1 0 0 0 0 0
C3I 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C4E 1 0 0 0 0 1 0 0 0
C4I 1 0 0 0 0 1 0 0 0
C5E 4 1 1 2 0 0 2 0 2
C5I 3 0 0 0 1 2 0 0 0
C6E 4 1 1 0 0 2 2 1 1
C6I 11 2 1 1 3 4 1 1 0
C7E 8 2 0 1 2 3 0 0 0
C7I 10 4 0 0 2 4 1 1 0
C8E 10 1 0 0 7 2 0 0 0
C8I 6 2 0 0 3 1 1 0 1
S1E 20 0 0 2 15 3 0 0 0
S1I 12 0 0 3 6 3 0 0 0
S2E 11 0 1 1 4 5 2 0 2
S2I 9 0 0 4 2 3 1 0 1
S3E 10 0 0 2 3 5 2 1 1
S3I 9 0 2 4 1 2 3 1 2
S4E 5 0 0 1 0 4 7 5 2
S4I 6 0 2 0 0 4 0 0 0
S5E 4 1 3 0 0 0 2 1 1
S5I 7 0 0 4 1 2 1 1 0
S6E 13 1 3 2 1 6 0 0 0
S6I 17 3 1 3 3 7 1 1 0
S7E 40 9 0 2 20 9 2 0 2
S7I 27 5 2 1 8 11 0 0 0
S8E 54 0 1 0 50 3 3 1 2
S8I 25 2 2 2 15 4 0 0 0
Table 19. Le Cadeau. R. L. Jones quadrant. Behavioral dimension, affective dimension and
imaginative dimension.
Group
PQ BD AT TS JD AD EM FL ID DD EX SA
C 1 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0
C1E 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C1I 1 1 0 0 0 0 0 1 0 1 0
C2E 1 0 1 0 1 1 0 0 0 0 0
C2I 1 0 0 1 0 0 0 1 0 1 0
C3E 2 0 0 2 5 0 5 1 1 0 0
C3I 3 1 0 2 9 3 6 0 0 0 0
C4E 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
C4I 1 0 0 1 3 1 2 0 0 0 0
C5E 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C5I 2 2 0 0 1 0 1 4 1 0 3
C6E 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C6I 1 0 0 1 0 0 0 3 0 0 3
C7E 2 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0
C7I 2 1 0 1 0 0 0 2 0 1 1
C8E 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C8I 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
S1E 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1
S1I 2 0 0 2 2 0 2 4 0 1 3
S2E 6 1 1 4 7 3 4 4 3 0 1
S2I 5 1 0 4 10 4 6 4 3 0 1
S3E 6 0 2 4 16 9 7 8 5 0 3
S3I 1 0 0 1 16 5 11 3 1 0 2
S4E 2 0 0 2 5 1 4 7 5 2 0
S4I 0 0 0 0 2 0 2 6 0 3 3
S5E 1 0 0 1 1 0 1 5 1 2 2
S5I 1 0 0 1 0 0 0 4 0 0 4
S6E 1 0 0 1 0 0 0 5 0 1 4
S6I 1 0 0 1 0 0 0 5 1 0 4
S7E 4 0 0 4 0 0 0 2 0 0 2
S7I 1 0 0 1 0 0 0 1 0 0 1
S8E 1 0 0 1 0 0 0 1 0 0 1
S8I 0 0 0 0 1 0 1 1 0 0 1
Total 50 7 5 38 79 27 52 74 22 12 40
Final texts
Figure 15. Le Cadeau. Root of the content analysis of the final texts.
Group
-3.915 -4.287
Interpretative dimension
0.000 0.000
-3.681
Procedural dimension
0.000
Contextual dimension
Table 21. Le Cadeau. Final texts. Interpretative dimension. Differences between categories. Group.
Group
-.570 -3.234
Association-
memory 0.569 0.001
-3.156
Hypothesis-
empathy 0.002
Form-content
Encounters with art 259
284
Table 22. Le Cadeau. Final texts. Procedural dimension. Differences between categories. Group.
Group
-.529 -2.067
Meaning making
0.597 0.039
-1.277
Process-tools
0.202
Museum encounter
Table 23. Le Cadeau.Final texts. Contextual dimension. Differences between categories. Group.
Group
-2.530
Influence of context
0.011
Side events
260
285 Encounters with art
Table 24. Le Cadeau. Final texts. Interpretative dimension. Categories and subcategories.
Descriptive measures. Artists, non-artists and group.
Table 25. Le Cadeau. Final texts. Procedural dimension. Categories and subcategories.
Descriptive measures. Artists, non-artists and group.
Meaning making 1.75 1.60 1.17 1.64 1.46 1.61 53.000 0.252
Museum encounter 0.67 0.65 0.67 0.65 0.67 0.64 72.000 1.000
Influence of context 0.33 0.89 0.50 0.67 0.42 0.78 56.000 0.247
Side events 0.08 0.29 0.08 0.29 0.08 0.28 72.000 1.000
262
287 Encounters with art
0 5 10 15 20 25
29
13
15
11
30
19
25
7
Profile III
17
26
28
12
Profile II
21
27
10
16
Profile I
22
20
Encounters with art 263
288
Table 27. Le Cadeau. Final texts. Multiple correspondence analysis. Distribution of the trichotomized
categories according to profiles.
Profiles
Apêndices
Apêndice metodológico
Apêndice metodológico
Questionário de caracterização sociocultural
No quarto e último bloco incluem-se perguntas que caracterizam o grupo quanto ao género,
idade, condição perante o trabalho e formação académica: Bloco IV. 23) Sexo; 24) Idade; 25)
Condição perante o trabalho; 26) Profissão principal actual; 27) Habilitações académicas.
As cinco perguntas abertas foram analisadas no MAXQDA e identificados as dimen-
sões e indicadores que orientam e definem núcleos de resposta. Não foram encontradas
diferenças qualitativas entre os grupos de artistas e não-artistas; os resultados da análise
de conteúdo são apresentados para o grupo total.
Para as restantes perguntas o tratamento estatístico passou essencialmente pela des-
crição dos resultados, através da apresentação das frequências absolutas e relativas das
respostas. Em perguntas concretas realizaram-se testes estatísticos não paramétricos por
forma a perceber a existência de diferenças em termos de comportamento dos dois gru-
pos de participantes (artistas e não-artistas).
Inventário de personalidade
1. P. T. Costa e R. R. MacCrae Manual, NEO-PI-R, CEGOC, 2000. Versão Portuguesa: Margarida Pedroso de Lima e
António Simões, Lisboa: CEGOC.
268
293 Apêndices
Forma
«Escuro, solidão. Tensão
Parece uma imagem preparada para uma foto. Talvez no dia de aniversário da criança. Hipóteses
As sombras são ténues. Parece que intensificam ainda mais a escuridão da sala. Forma
Não consigo encontrar um sentimento positivo para esta imagem. Talvez pela
Juízo
sensação de solidão, de inibição de concretizar um desejo, já que a maioria
das crianças deseja saber o que está num embrulho. O uso demasiado da cor preta Forma
também não ajuda a encontrar o tal sentimento positivo. E a cor roxa, que para mim
Explicação
se torna depressiva. Tensão
Figura 63. Le Cadeau. Exemplificação da categorização das notas do participante NA. 11.
270
295 Apêndices
A codificação foi realizada com o software MAXQDA101 e possibilitou gerar uma raiz2
com os valores de frequência de cada indicador, subcategoria, categoria e dimensão
(Apend. Fig. 65, Fig. 67, Fig. 69, Fig.71, Fig. 73 e Fig. 75). Cada nível da codificação
resulta da soma do nível ou níveis que lhe são inferiores (por exemplo, a categoria resulta
da soma das subcategorias que podem resultar da soma dos indicadores). Os resultados
desta codificação foram exportados para Excel para permitir o tratamento gráfico e estatís-
tico das respectivas frequências e, posteriormente, exportados para o SPSS para proceder
à análise de correspondências múltiplas (ACM).
A análise estatística resultante da quantificação dos dados provenientes da análise de
conteúdo baseou-se essencialmente na análise descritiva da utilização dos vários níveis
de análise. Assim, foram calculadas as médias e desvios-padrão de cada uma das sub-
-categorias, categorias e dimensões mencionadas pelos participantes. Tendo em conta a
dimensão da amostra, foram posteriormente realizados testes não paramétricos, para a
comparação entre os grupos de participantes (artistas e não-artistas) tendo sido utilizado
o teste de U, de Mann-Whitney, para perceber se existiam diferenças significativamente
estatísticas entre os dois grupos no que diz respeito à referência de cada uma das catego-
rias e dimensões. Na obra The Mirror Suitcase Man e Retrato de Matilde, pela realização de
dois encontros onde houve análise das obras, utilizou-se este mesmo teste estatístico para
perceber se existia, ou não, diferenças de utilização das várias categorias e dimensões nos
dois encontros.
Para a comparação da utilização das diferentes categorias e dimensões, foi utilizado o
teste não-paramétrico, de Wilcoxon, por forma a conhecer quais as diferenças estatísticas
existentes entre as várias categorias. Para finalizar, o teste de U, de Mann-Whitney, foi
utilizado para comparação da utilização das categorias entre a obra The Mirror Suitcase
Man e Retrato de Matilde.
3. Apenas na tricotomização da categoria explicação dos ACM, dos textos-matriz de Le Cadeau, o valor de ausência
da categoria foi definido nos 16,7%, considerando que o segundo nível corresponde a 50% dos casos.
297
272 Apêndices
INTRÍNSECO
(formal)
3
Estéril Primevo
5 7
6
4
COGNITIVO AFECTIVO
1
(intelectual) (emocional)
Icónico Sentimental
EXTRÍNSECO
(instrumental)
participantes. As quatro escalas foram preenchidas em dois tempos distintos: após a fina-
lização do primeiro encontro e após a finalização do segundo encontro com as três obras
de arte. O impresso da escala de avaliação do uso das ferramentas foi distribuído infor-
maticamente aos participantes na altura da conclusão de cada um dos encontros com as
obras e, logo, devolvido à equipa do projecto.
A análise estatística do questionário de avaliação das diferentes obras passou pelo cál-
culo das médias e desvios-padrão dos vários itens de avaliação de cada obra, para o grupo
dos artistas, não-artistas e grupo total. A comparação entre as respostas dadas pelo grupo
de artistas e não-artistas foi realizada através da aplicação do teste não paramétrico U,
de Mann-Whitney. Para comparação entre os dois encontros, The Mirror Suitcase Man e
Retrato de Matilde, foi aplicado o teste de Wilcoxon. Para comparação da avaliação feita
das três foi realizado um teste de Chi Quadrado. O teste de Wilcoxon foi ainda utilizado
para perceber as diferenças na avaliação da satisfação, dificuldade e tempo (percepção
e quantificação) entre as diferentes tarefas de análise de cada obra utilizada no projeto.
Diferenciador semântico
4. Osgood, Charles, Suci, George, Tannenbaum, Percy (1957). The measurement of meaning. Urbana, University of
Illinois Press.
5. Hekkert, Paul (1995), Artful judgements, Delft University of Technology, Delft: O’Hare, D. P.A., Gordon, I.E. (1977),
«Dimensions of the perception of art», Scandinavian Journal of Art, n.º 18(1), pp. 66-70.
Apêndices 275
Apêndice de resultados
Apêndice de resultados
Questionário de caracterização
Grau de Satisfação M DP M DP M DP U p
Arte clássica 3,58 0,51 3,33 0,49 3,46 0,51 54,00 0,229
Arte moderna 3,58 0,51 3,42 0,51 3,50 0,51 60,00 0,424
Arte contemporânea 3,42 0,51 3,42 1,00 3,42 0,78 61,00 0,475
M DP M DP M DP U p
Criança (até 11 anos)
Com os professores 2,50 0,67 2,75 1,14 2,63 0,92 62,00 0,525
Com outras pessoas 1,82 0,75 1,73 0,90 1,77 0,81 55,00 0,698
Com os professores 2,75 0,75 2,92 0,90 2,83 0,82 62,00 0,515
Com amigos 3,25 1,29 2,92 0,79 3,08 1,06 56,00 0,311
Com outras pessoas 1,67 0,65 2,33 1,15 2,00 0,98 48,00 0,145
Com os professores 2,75 0,97 2,67 1,23 2,71 1,08 69,00 0,856
Com amigos 3,75 0,75 3,92 1,00 3,83 0,87 66,50 0,733
Com outras pessoas 2,58 1,24 3,18 1,40 2,87 1,32 49,00 0,280
Apêndices 277
302
Quadro 12. P7. Em criança (até aos 11anos) visitava museus de arte.
Criança
-,323 -1,930
Em família
,747 ,054
-3,140
Com os professores
,002
Quadro 13. P8. Em adolescente (a partir dos 12 anos, até aos 18 anos) visitava museus de arte.
Adolescente
-2,433 -3,330
Com amigos
,015 ,001
-1,499
Sozinho
,134
Adulto
-1,089 -2,623
Com amigos
,276 ,009
-2,690
Sozinho
,007
278
303 Apêndices
Inventário de personalidade
Quadro 15. Inventário de personalidade. Domínios.
Domínios M DP M DP M DP U p
Facetas M DP M DP M DP U p
Le Cadeau
Notas
Grupo
Dimensão
Dimensão Cognitiva Dimensão Afectiva
Comportamental
-4,062 -4,289 -4,291
Dimensão Formal
,000 ,000 ,000
-4,062 -4,289
Dimensão Cognitiva
,000 ,000
-1,799
Dimensão Afectiva
,072
Grupo
Forma-
Hipóteses Associação Conhecimento Explicação Tensão Bem-estar Atitude Juízo
conteúdo
-4,14 -1,40 -2,71 -3,85 -1,07 -2,24 -3,87 -3,93 -3,00
Forma
0,000 0,161 0,007 0,000 0,285 0,025 0,000 0,000 0,003
Forma- -4,29 -4,29 -4,29 -4,26 -4,20 -4,29 -4,29 -4,20
conteúdo 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
-0,94 -2,63 -0,54 -0,25 -3,54 -3,72 -1,79
Hipóteses
0,349 0,008 0,590 0,806 0,000 0,000 0,073
-1,89 -1,60 -0,06 -2,86 -3,35 -0,98
Associação
0,058 0,110 0,954 0,004 0,001 0,328
-3,32 -1,92 -0,81 -2,66 -1,37
Conhecimento
0,001 0,055 0,416 0,008 0,171
-1,19 -3,95 -4,14 -2,97
Explicação
0,235 0,000 0,000 0,003
-3,33 -3,56 -1,34
Tensão
0,001 0,000 0,179
-2,00 -2,19
Bem-estar
0,046 0,028
-3,48
Atitude
0,001
Quadro 19. Le Cadeau. Notas. Dimensão Formal. Categorias e subcategorias. Medidas descritivas.
Artistas, não artistas e grupo.
Espaço interior 4,17 2,89 2,33 1,07 3,25 2,33 40,50 0,064
Relação entre elementos 3,58 3,06 2,00 1,13 2,79 2,40 50,50 0,204
Espaço exterior 2,67 2,10 1,83 1,03 2,25 1,67 62,00 0,552
282
307 Apêndices
Quadro 20. Le Cadeau. Notas. Dimensão Cognitiva. Categorias e subcategorias. Medidas descritivas.
Artistas, não artistas e grupo.
Sentido geral da obra 0,42 0,67 0,58 0,67 0,50 0,66 61,00 0,468
Momento representado 0,33 0,65 0,50 0,90 0,42 0,78 66,00 0,664
Elementos formais 1,25 2,18 0,83 1,47 1,04 1,83 71,50 0,973
Palavras isoladas 0,50 1,45 0,25 0,62 0,38 1,10 71,50 0,965
Mundo da arte 0,42 0,67 0,08 0,29 0,25 0,53 53,50 0,131
Mundo da Arte 0,92 1,08 0,50 0,67 0,71 0,91 58,50 0,390
Sentido geral da obra 0,83 1,03 1,00 1,04 0,92 1,02 65,00 0,667
Espaço interior-exterior 0,25 0,62 0,08 0,29 0,17 0,48 65,50 0,514
Apêndices 283
308
Afastamento da obra 0,08 0,29 0,00 0,00 0,04 0,20 66,00 0,317
Pesquisa pós-encontro 0,00 0,00 0,08 0,29 0,04 0,20 66,00 0,317
Visionamento da obra 0,08 0,29 0,00 0,00 0,04 0,20 66,00 0,317
Avaliação geral negativa 0,08 0,29 0,25 0,45 0,17 0,38 60,00 0,284
Avaliação geral positiva 0,08 0,29 0,17 0,58 0,13 0,45 71,50 0,952
309
284 Apêndices
0 5 10 15 20 25
21
28
27
13 Perfil III
20
19
15
11
22
30 Perfil II
29
17
25
10
16
5 Perfil I
26
12
Apêndices 285
310
Quadro 23. Le Cadeau. Notas. ACM. Distribuição das categorias tricotomizadas por perfis.
Perfis
F++ 3 0 4 7
FC 1 1 3 5
FC++ 2 2 2 6
HIP 2 3 4 9
HIP++ 1 4 0 5
ASS 0 2 4 6
ASS++ 1 4 0 5
CN 1 6 6 13
CN++ 1 0 4 5
EXP 0 9 0 9
EXP++ 4 0 1 5
BE 2 6 8 16
Bem-estar ,250 ,472
BE+ 2 4 2 8
TEN 0 6 0 6
TEN++ 3 2 2 7
AT 2 9 10 21
AT++ 0 0 0 0
JZ 0 5 3 8
JZ++ 2 2 4 8
286
311 Apêndices
Estetigramas
Dimensão afectiva 3,83 3,49 2,33 2,50 3,08 3,06 50,00 0,19
Dimensão imaginativa 2,58 1,44 1,92 2,31 2,25 1,92 51,50 0,23
Ver como 1,67 1,56 1,67 1,23 1,67 1,37 66,50 0,74
Dimensão espera 1,75 1,60 1,83 1,47 1,79 1,50 68,00 0,81
Momentos adicionais 0,33 0,65 0,92 1,00 0,63 0,88 46,50 0,10
Dimensão Comportamental 1,33 1,30 2,75 2,01 2,04 1,81 40,50 0,06
Momentos -1,026
Adicionais ,305
Apêndices
312
287
288
313 Apêndices
Ver como 2,20 0,823 1,74 0,933 1,97 0,84 131,50 0,08
Momentos adicionais 2,75 0,696 1,91 0,944 2,13 0,92 11,00 0,12
OCOA
Categorias C O OA O/OA OA/C O/C O/C/OA
Percepção 2 13 114 37 1 1 0
Reflexão 2 30 19 40 1 2 3
Sentimento 4 15 5 26 0 1 2
Memória 0 14 8 18 0 1 0
Ver Como 0 12 7 18 0 1 2
Juízo 0 17 7 12 0 2 0
Conhecimento 0 9 13 11 1 0 1
Emoção 4 8 2 11 0 1 0
Daydreams 0 6 6 10 0 0 0
Explicação 0 5 4 11 0 0 1
Reserva 1 14 0 0 0 0 2
Momentos adicionais 3 5 1 2 0 0 4
Expectativa 0 5 2 4 0 1 0
Atitude 0 2 1 2 0 2 0
Gosto 0 3 0 1 1 0 0
Quadrante
Grupos
PQ DC CN EXP MEM PER REF DE MA RS
C 2 0 1 1 0 0 0 0 0
C1E 11 1 0 0 10 0 0 0 0
C1I 8 0 0 0 7 1 0 0 0
C2E 2 0 0 0 1 1 0 0 0
C2I 9 0 0 3 2 4 1 1 0
C3E 1 0 0 1 0 0 0 0 0
C3I 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C4E 1 0 0 0 0 1 0 0 0
C4I 1 0 0 0 0 1 0 0 0
C5E 4 1 1 2 0 0 2 0 2
C5I 3 0 0 0 1 2 0 0 0
C6E 4 1 1 0 0 2 2 1 1
C6I 11 2 1 1 3 4 1 1 0
C7E 8 2 0 1 2 3 0 0 0
C7I 10 4 0 0 2 4 1 1 0
C8E 10 1 0 0 7 2 0 0 0
C8I 6 2 0 0 3 1 1 0 1
S1E 20 0 0 2 15 3 0 0 0
S1I 12 0 0 3 6 3 0 0 0
S2E 11 0 1 1 4 5 2 0 2
S2I 9 0 0 4 2 3 1 0 1
S3E 10 0 0 2 3 5 2 1 1
S3I 9 0 2 4 1 2 3 1 2
S4E 5 0 0 1 0 4 7 5 2
S4I 6 0 2 0 0 4 0 0 0
S5E 4 1 3 0 0 0 2 1 1
S5I 7 0 0 4 1 2 1 1 0
S6E 13 1 3 2 1 6 0 0 0
S6I 17 3 1 3 3 7 1 1 0
S7E 40 9 0 2 20 9 2 0 2
S7I 27 5 2 1 8 11 0 0 0
S8E 54 0 1 0 50 3 3 1 2
S8I 25 2 2 2 15 4 0 0 0
Grupo
PQ DCO AT GT JZ DA EM SN DI DD EX VC
C 1 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0
C1E 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C1I 1 1 0 0 0 0 0 1 0 1 0
C2E 1 0 1 0 1 1 0 0 0 0 0
C2I 1 0 0 1 0 0 0 1 0 1 0
C3E 2 0 0 2 5 0 5 1 1 0 0
C3I 3 1 0 2 9 3 6 0 0 0 0
C4E 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
C4I 1 0 0 1 3 1 2 0 0 0 0
C5E 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C5I 2 2 0 0 1 0 1 4 1 0 3
C6E 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C6I 1 0 0 1 0 0 0 3 0 0 3
C7E 2 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0
C7I 2 1 0 1 0 0 0 2 0 1 1
C8E 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C8I 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
S1E 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1
S1I 2 0 0 2 2 0 2 4 0 1 3
S2E 6 1 1 4 7 3 4 4 3 0 1
S2I 5 1 0 4 10 4 6 4 3 0 1
S3E 6 0 2 4 16 9 7 8 5 0 3
S3I 1 0 0 1 16 5 11 3 1 0 2
S4E 2 0 0 2 5 1 4 7 5 2 0
S4I 0 0 0 0 2 0 2 6 0 3 3
S5E 1 0 0 1 1 0 1 5 1 2 2
S5I 1 0 0 1 0 0 0 4 0 0 4
S6E 1 0 0 1 0 0 0 5 0 1 4
S6I 1 0 0 1 0 0 0 5 1 0 4
S7E 4 0 0 4 0 0 0 2 0 0 2
S7I 1 0 0 1 0 0 0 1 0 0 1
S8E 1 0 0 1 0 0 0 1 0 0 1
S8I 0 0 0 0 1 0 1 1 0 0 1
Total 50 7 5 38 79 27 52 74 22 12 40
Texto-matriz
Grupo
-3,915 -4,287
Dimensão Interpretativa
0,000 0,000
-3,681
Dimensão Processual
0,000
Dimensão Contextual
Quadro 32. Le Cadeau. Texto-matriz. Dimensão Interpretativa. Diferença entre categorias. Grupo.
Grupo
-,570 -3,234
Associação-
memória 0,569 0,001
-3,156
Hipóteses
0,002
Forma-
conteúdo
Apêndices 293
318
Quadro 33. Le Cadeau. Texto-matriz. Dimensão Processual. Diferença entre categorias. Grupo.
Grupo
-,529 -2,067
Criação de sentido
0,597 0,039
-1,277
Processo-ferramentas
0,202
Encontro-museu
Quadro 34. Le Cadeau. Texto-matriz. Dimensão Contextual. Diferença entre categorias. Grupo.
Grupo
-2,530
Influência do contexto
0,011
Acontecimentos laterais
294
319 Apêndices
Meaning making 1,75 1,60 1,17 1,64 1,46 1,61 53,000 0,252
Encontro CAM 0,67 0,65 0,67 0,65 0,67 0,64 72,000 1,000
Influência do contexto 0,33 0,89 0,50 0,67 0,42 0,78 56,000 0,247
Acontecimentos laterais 0,08 0,29 0,08 0,29 0,08 0,28 72,000 1,000
296
321 Apêndices
Quadro 38. Le Cadeau. Textos matriz. ACM. Distribuição das categorias tricotomizadas por perfis.
Perfis
0 5 10 15 20 25
29
13
15
11
30
19
25
7
Perfil III
17
26
28
12
Perfil II
21
27
10
16
Perfil I
22
20
298
323 Apêndices
Figura 69. The Mirror Suitcase Man. Raiz da análise de conteúdo das notas.
Quadro 39. The Mirror Suitcase Man. Notas. Diferenças entre as dimensões. Grupo.
Grupo
Dimensão
Dimensão Cognitiva Dimensão Afectiva
Comportamental
-3,655 -4,198 -4,230
Dimensão Formal
,000 ,000 ,000
-3,655 -4,198
Dimensão Cognitiva
,000 ,000
-3,376
Dimensão Afectiva
,001
Quadro 40. The Mirror Suitcase Man. Notas. Categorias. Medidas descritivas. Encontro I e Encontro II.
Categorias M DP M DP M DP U p
Grupo
Forma-
Hipóteses Associações Conhecimento Explicação Tensão Bem-estar Gosto Atitude Juízo
Apêndices
conteúdo
-4,17 -1,35 -0,12 -3,11 -1,36 -2,44 -3,45 -3,66 -1,97 -1,47
Forma
0,000 0,177 0,903 0,002 0,174 0,015 0,001 0,000 0,049 0,142
Forma- -4,20 -4,26 -4,26 -4,02 -4,20 -4,20 -4,20 -4,26 -4,22
conteúdo 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
-0,91 -2,83 -2,66 -1,71 -3,42 -3,84 -1,12 -0,25
Hipóteses
0,364 0,005 0,008 0,087 0,001 0,000 0,262 0,806
-3,67 -1,24 -2,74 -3,68 -3,92 -1,83 -0,78
Associações
0,000 0,217 0,006 0,000 0,000 0,068 0,433
-4,09 -1,10 -1,34 -2,07 -1,72 -2,60
Conhecimento
0,000 0,270 0,180 0,039 0,086 0,009
-3,14 -4,02 -4,03 -2,98 -2,41
Explicação
0,002 0,000 0,000 0,003 0,016
-2,05 -2,75 -0,38 -1,97
Tensão
0,040 0,006 0,706 0,049
-1,28 -3,02 -3,77
Bem-estar
0,201 0,003 0,000
-3,49 -4,05
Gosto
Quadro 41. The Mirror Suitcase Man. Notas. Diferenças entre categorias. Grupo.
0,000 0,000
-1,30
Atitude
0,194
Apêndices 301
326
Quadro 42. The Mirror Suitcase Man. Notas. Dimensão Formal. Categorias e subcategorias.
Medidas descritivas. Artistas, não artistas e grupo.
Quadro 43. The Mirror Suitcase Man. Notas. Dimensão Cognitiva. Categorias e subcategorias.
Medidas descritivas. Artistas, não artistas e grupo.
Quadro 44. The Mirror Suitcase Man. Notas. Dimensão Afectiva. Categorias e subcategorias.
Medidas descritivas. Artistas, não artistas e grupo.
Artistas Não artistas Grupo
(n=12) (n=12) (n=24)
M DP M DP M DP U p
Dimensão afectiva 1,92 2,68 2,17 2,04 2,04 2,33 62,000 0,550
Quadro 45. The Mirror Suitcase Man. Notas. Dimensão Comportamental. Categorias e subcategorias.
Medidas descritivas. Artistas, não artistas e grupo.
Artistas Não artistas Grupo
(n=12) (n=12) (n=24)
M DP M DP M DP U p
Dimensão comportamental 3,58 2,50 5,67 3,23 4,63 3,02 43,500 0,093
Visionamento da obra 0,33 0,48 0,71 0,91 0,52 0,74 232,00 0,184
Afastamento da obra 0,25 0,53 0,17 0,38 0,21 0,46 274,00 0,670
Pesquisa pós-encontro 0,08 0,41 0,29 0,75 0,19 0,61 252,50 0,167
Avaliação geral positiva 0,13 0,34 0,29 0,46 0,21 0,41 240,00 0,160
Avaliação geral negativa 0,04 0,20 0,08 0,41 0,06 0,32 287,50 0,976
Figura 70. The Mirror Suitcase Man. Notas. Análise de clusters. Perfis. Dendograma.
0 5 10 15 20 25
13
12
29 Perfil III
9
10
16
25
21
22
30
17
11 Perfil II
26
19
28
20
27
Perfil I
7
15
1
304
329 Apêndices
Quadro 46. The Mirror Suitcase Man. Notas. ACM. Distribuição das categorias tricotomizadas por perfis.
Perfis
F++ 5 0 0 5
FC 3 1 3 7
FC++ 2 1 4 7
HIP 2 4 2 8
HIP++ 1 1 3 5
ASS 3 1 3 7
ASS++ 3 0 1 4
CN 0 2 3 5
CN++ 6 3 7 16
EXP 0 4 3 7
EXP++ 1 0 5 6
TEN 2 1 9 12
TEN++ 1 3 0 4
BE 4 4 8 16
Bem-estar ,140 ,792
BE+ 2 3 3 8
GT 4 3 11 18
Gosto ,568 ,021
GT+ 2 4 0 6
AT 6 2 4 12
AT++ 0 3 0 3
JZ 0 0 5 5
JZ++ 1 2 3 6
Apêndices 305
330
Estetigramas
Quadro 47. The Mirror Suitcase Man. Estetigramas. Comparação entre as dimensões. Grupo.
Dimensão Dimensão
Dimensão Afectiva Dimensão Espera
Imaginativa Comportamental
-4,286 -4,286 -4,287 -4,286
Dimensão
Cognitiva ,000 ,000 ,000 ,000
-2,177 -3,077
Dimensão
Imaginativa ,029 ,002
-,700
Dimensão
Comportamental ,484
Quadro 48. The Mirror Suitcase Man. Estetigramas. Categorias. Medidas descritivas.
Encontro I e Encontro II.
Ver como 2,13 1,51 1,21 1,64 3,33 2,58 -2,63 0,01
Momentos Adicionais 0,79 1,14 1,42 1,32 2,21 2,11 -2,07 0,04
Quadro 49. The Mirror Suitcase Man. Estetigramas. Categorias. Medidas descritivas.
Artistas, não artistas e grupo.
Dimensão Afectiva 2,75 2,80 5,92 1,93 3,13 2,47 4,33 2,85
Dimensão Comportamental 4,42 3,34 6,58 5,07 5,50 4,34 56,00 0,35
Dimensão Imaginativa 8,67 5,07 9,50 6,69 9,08 5,82 67,00 0,77
Ver como 3,67 2,53 3,00 2,70 3,33 2,58 61,00 0,52
Dimensão Espera 3,67 2,64 5,00 5,15 4,33 4,06 64,50 0,66
Momentos Adicionais 1,83 1,53 2,58 2,57 2,21 2,11 63,00 0,60
-3,609 -,714 -2,828 -1,324 -2,470 -1,281 -2,173 -3,063 -1,019 -1,439 -,696 -3,484
Conhecimento
,000 ,475 ,005 ,186 ,014 ,200 ,030 ,002 ,308 ,150 ,487 ,000
-3,624 -4,025 -3,955 -2,424 -3,814 -4,114 -4,210 -2,748 -3,764 -3,074 -,785
Reflexão
,000 ,000 ,000 ,015 ,000 ,000 ,000 ,006 ,000 ,002 ,432
-2,946 -2,232 -2,211 -1,737 -2,749 -3,299 -,310 -2,613 -,343 -2,947
Sentimento
,003 ,026 ,027 ,082 ,006 ,001 ,757 ,009 ,731 ,003
-1,442 -3,669 -1,674 -,155 -,655 -2,675 -1,180 -3,163 -3,925
Emoção
,149 ,000 ,094 ,877 ,512 ,007 ,238 ,002 ,000
-3,508 -,022 -1,330 -1,883 -2,299 -,798 -2,176 -4,055
Daydreams
,000 ,982 ,183 ,060 ,021 ,425 ,030 ,000
-2,962 -3,372 -3,651 -1,414 -3,424 -1,778 -1,714
Ver como
,003 ,001 ,000 ,157 ,001 ,075 ,087
-1,247 -2,218 -1,906 -,219 -2,134 -3,311
Expectativas
,212 ,027 ,057 ,827 ,033 ,001
-,741 -3,064 -,757 -2,886 -4,078
Atitude
,458 ,002 ,449 ,004 ,000
Quadro 50. The Mirror Suitcase Man. Estetigramas. Comparação entre categorias.
Momentos -3,132
Apêndices
Adicionais ,002
332
307
308
333 Apêndices
Quadro 51. The Mirror Suitcase Man. Estetigramas. Intensidade das categorias. Medidas descritivas.
Artistas, não artistas e grupo.
OCOA
Atitude 1 5 0 7 0 0 2
Conhecimento 1 8 8 20 1 1 3
Daydreams 0 8 2 14 1 1 1
Emoção 0 2 2 5 1 4 2
Expectativa 0 8 7 15 0 0 0
Explicação 1 9 34 62 1 2 6
Gosto 0 4 1 6 0 0 1
Juízo 0 13 7 33 0 2 1
Memória 0 26 8 35 3 4 7
Momento adicional 5 16 2 7 8 12 3
Percepção 4 16 202 150 9 4 7
Reflexão 2 22 29 79 2 3 5
Reserva 1 8 2 5 1 2 3
Sentimento 0 14 4 24 0 4 2
Ver Como 0 16 10 49 0 3 2
Total Geral 15 175 318 511 27 42 45
Quadrante
Quadro 53. The Mirror Suitcase Man. Quadrante R. L. Jones. Dimensão cognitiva e dimensão espera.
Grupos
PQ DC CN EXP MEM PER REF DE MA RS
C 2 1 0 0 0 1 0 0 0
C1E 13 1 1 0 10 1 1 0 1
C1I 18 1 3 1 12 1 0 0 0
C2E 3 0 0 1 0 2 1 0 1
C2I 6 0 1 1 3 1 4 3 1
C3E 3 0 0 2 1 0 2 2 0
C3I 5 0 1 2 1 1 2 0 2
C4E 1 0 0 0 0 1 1 1 0
C4I 7 0 0 2 1 4 0 0 0
C5E 7 0 1 1 4 1 1 1 0
C5I 11 0 5 2 1 3 3 2 1
C6E 9 1 3 0 4 1 2 2 0
C6I 13 0 3 5 1 4 0 0 0
C7E 14 5 2 0 5 2 0 0 0
C7I 28 9 8 3 4 4 1 1 0
C8E 22 2 0 1 14 5 3 0 3
C8I 16 0 2 1 9 4 0 0 0
S1E 24 0 5 1 15 3 2 1 1
S1I 16 1 2 1 9 3 2 1 1
S2E 22 2 1 9 6 4 5 5 0
S2I 10 0 3 4 1 2 3 1 2
S3E 11 0 2 6 1 2 5 4 1
S3I 15 0 3 4 5 3 1 1 0
S4E 14 1 3 3 3 4 4 3 1
S4I 18 0 2 3 2 11 1 1 0
S5E 44 1 12 3 21 7 11 9 2
S5I 27 1 11 0 8 7 2 0 2
S6E 60 2 8 7 35 8 4 2 2
S6I 34 2 8 4 11 9 1 0 1
S7E 103 5 6 6 61 25 8 8 0
S7I 42 3 10 4 18 7 1 1 0
S8E 113 3 2 4 99 5 2 2 0
S8I 42 1 6 2 27 6 2 2 0
Total 773 42 114 83 392 142 75 53 22
Grupo
PQ DCO AT GT JZ DA EM SN DI DD EX VC
C 0 0 0 0 0 0 0 3 1 0 2
C1E 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0
C1I 3 0 0 3 0 0 0 4 0 1 3
C2E 0 0 0 0 0 0 0 2 2 0 0
C2I 1 0 1 0 0 0 0 2 0 1 1
C3E 5 2 1 2 2 2 0 1 0 0 1
C3I 4 2 2 0 8 3 5 6 1 2 3
C4E 2 1 1 0 5 0 5 4 2 1 1
C4I 2 0 0 2 6 1 5 4 2 1 1
C5E 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 2
C5I 0 0 0 0 0 0 0 3 1 0 2
C6E 2 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0
C6I 0 0 0 0 1 1 0 5 0 0 5
C7E 1 0 0 1 0 0 0 1 0 0 1
C7I 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 2
C8E 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 2
C8I 0 0 0 0 0 0 0 3 0 1 2
S1E 2 1 0 1 1 0 1 2 0 1 1
S1I 0 0 0 0 0 0 0 2 1 1 0
S2E 7 2 1 4 2 2 0 5 0 2 3
S2I 4 1 2 1 4 1 3 6 2 3 1
S3E 7 0 1 6 14 2 12 6 1 3 2
S3I 6 1 2 3 8 3 5 5 1 1 3
S4E 11 3 1 7 7 0 7 5 1 3 1
S4I 2 1 0 1 3 1 2 3 1 0 2
S5E 7 0 0 7 1 0 1 10 3 0 7
S5I 1 0 0 1 0 0 0 12 3 1 8
S6E 7 2 0 5 0 0 0 9 3 3 3
S6I 3 0 0 3 0 0 0 6 0 1 5
S7E 2 0 0 2 2 0 2 7 1 3 3
S7I 2 0 0 2 0 0 0 4 0 0 4
S8E 1 0 0 1 0 0 0 6 0 0 6
S8I 2 0 0 2 0 0 0 3 0 0 3
Total 84 16 12 56 64 16 48 136 27 29 80
Texto-matriz
Figura 71. The Mirror Suitcase Man. Raiz da análise de conteúdo dos textos-matriz.
Quadro 55. The Mirror Suitcase Man. Textos Matriz. Diferenças entre dimensões. Grupo.
Grupo
-1,957
Dimensão Processual
,050
Dimensão Contextual
Quadro 56. The Mirror Suitcase Man. Textos Matriz. Medidas descritivas. Encontro I e Encontro II.
Grupo
Encontro I Encontro II Encontro I e II
Dimensões M DP M DP M DP U p
Interpretativa 12,96 5,75 7,38 5,02 10,17 6,04 128,50 0,001
Criação de sentido 0,33 0,64 0,33 0,48 0,33 0,56 272,00 0,677
Influência do contexto 0,25 0,44 0,38 0,58 0,31 0,51 261,00 0,481
Acontecimentos laterais 0,08 0,28 0,21 0,83 0,15 0,62 287,00 0,966
Apêndices 313
338
Quadro 57. The Mirror Suitcase Man. Texto-matriz. Dimensão Interpretativa. Diferença entre categorias. Grupo.
Grupo
Quadro 58. The Mirror Suitcase Man. Texto-matriz. Dimensão Processual. Diferença entre categorias. Grupo.
Grupo
Processo-ferramentas Criação de sentido Encontros
-,329 -,499
Processo-ferramentas
,742 ,617
-,202
Criação de sentido
,840
Encontros
Quadro 59. The Mirror Suitcase Man. Texto-matriz. Dimensão Contextual. Diferença entre categorias. Grupo.
Grupo
Influência do contexto Acontecimentos laterais
-2,078
Influência do contexto
,038
Acontecimentos laterais
339
314 Apêndices
Quadro 60. The Mirror Suitcase Man. Textos Matriz. Dimensão Interpretativa. Categorias e subcategorias.
Medidas descritivas. Artistas, não artistas e grupo.
Dimensão Interpretativa
Quadro 61. The Mirror Suitcase Man. Textos Matriz. Dimensão Processual. Categorias e subcategorias.
Medidas descritivas. Artistas, não artistas e grupo.
Dimensão Processual
Artistas Não artistas Grupo
(n=12) (n=12) (n=24)
Dimensão/Categorias M DP M DP M DP U p
Processual 0,50 0,88 1,63 1,81 1,06 1,52 166,00 0,006
Criação de sentido 0,17 0,38 0,50 0,66 0,33 0,56 212,00 0,048
Quadro 62. The Mirror Suitcase Man. Textos Matriz. Dimensão Contextual. Categorias e subcategorias.
Medidas descritivas. Artistas, não artistas e grupo.
Dimensão Contextual
Influência do contexto 0,38 0,49 0,25 0,53 0,31 0,51 244,50 0,257
Acontecimentos laterais 0,21 0,83 0,08 0,28 0,15 0,62 287,00 0,966
316
341 Apêndices
Figura 72. The Mirror Suitcase Man. Textos-matriz. Análise de clusters. Perfis. Dendograma.
0 5 10 15 20 25
13
12
29 Perfil III
9
10
16
25
21
22
30
17
11 Perfil II
26
19
28
20
27
Perfil I
7
15
1
Apêndices 317
342
Quadro 63. The Mirror Suitcase Man. Textos matriz. ACM. Distribuição das categorias tricotomizadas
por perfis.
Perfis
Perfil I Perfil II Perfil III Grupo
Categorias Cramer’s V p
(n=4) (n=3) (n=17) (n=24)
FC 1 3 1 5
Forma-conteúdo FC+ 2 6 6 14 ,139 ,921
FC++ 1 2 2 5
HP 4 10 4 18
Hipóteses ,552 ,026
HP+ 0 1 5 6
ASC 0 7 0 7
Associação-memória ASC+ 3 4 3 10 ,597 ,002
ASC++ 1 0 6 7
CN 2 10 0 12
Conhecimento CN+ 0 1 6 7 ,642 ,001
CN++ 2 0 3 5
PA 0 8 3 11
Projecção-afectos PA+ 0 2 4 6 ,559 ,005
PA++ 4 1 2 7
EXP 2 3 3 8
Explicação EXP + 0 6 2 8 ,324 ,284
EXP ++ 2 2 4 8
GT 4 10 7 21
Gosto ,247 ,480
GT+ 0 1 2 3
AT 0 3 3 6
Atitude AT+ 0 6 4 10 ,452 ,044
AT++ 4 2 2 8
JZ 0 7 2 9
Juízo JZ+ 1 3 4 8 ,434 ,060
JZ++ 3 1 3 7
Processo- PF 0 9 8 17
,701 ,003
ferramentas PF+ 4 2 1 7
CS 1 5 7 13
Criação de sentido ,394 ,155
CS+ 3 6 2 11
EC 3 5 4 12
Encontros ,224 ,548
EC+ 1 6 5 12
CT 3 10 1 14
Contexto ,750 ,001
CT+ 1 1 8 10
Acontecimentos AL 4 10 8 22
,139 ,793
laterais AL+ 0 1 1 2
343
318 Apêndices
Retrato de Matilde
Notas
Grupo
Dimensão
Dimensão Cognitiva Dimensão Afectiva
Comportamental
-2,803 -4,110 -3,915
Dimensão Formal
,005 ,000 ,000
-4,207 -3,612
Dimensão Cognitiva
,000 ,000
-2,942
Dimensão Afectiva
,003
Quadro 65. Retrato de Matilde. Notas. Categorias. Medidas descritivas. Encontro I e Encontro II.
Encontro I Encontro II Encontro I e II
Categorias M DP M DP M DP U p
Grupo
Forma- Bem-
Hipóteses Associações Conhecimento Explicação Tensão Gosto Atitude Juízo
conteúdo estar
-0,79 -3,01 -3,97 -4,05 -3,09 -4,18 -4,00 -4,18 -3,84 -3,40
Forma
0,428 0,003 0,000 0,000 0,002 0,000 0,000 0,000 0,000 0,001
-1,03 -3,00
Gosto
0,305 0,003
-1,82
Atitude
0,069
Quadro 67. Retrato de Matilde. Notas. Dimensão Formal. Categorias e subcategorias. Medidas descritivas.
Artistas, não artistas e grupo.
Visionamento da obra 0,21 0,59 0,42 0,93 0,31 0,78 254,00 0,303
Afastamento da obra 0,08 0,28 0,04 0,20 0,06 0,24 276,00 0,555
Pesquisa pós-encontro 0,13 0,34 0,21 0,72 0,17 0,56 279,00 0,726
Avaliação geral positiva 0,17 0,38 0,29 0,69 0,23 0,56 274,00 0,670
0 5 10 15 20 25
13
30
15
17
Perfil III
20
29
22
12
9
Perfil II
11
19
10
21
27
28
16
Perfil I
26
25
349
324 Apêndices
Quadro 71. Retrato de Matilde. Notas. ACM. Distribuição das categorias tricotomizadas por perfis.
Perfis
Perfil I Perfil II Perfil III Grupo
Categorias Cramer’s V p
(n=6) (n=7) (n=11) (n=24)
F 3 1 3 7
F++ 0 3 3 6
FC 3 3 2 8
FC++ 0 3 3 6
HIP 2 0 6 8
HIP++ 0 5 0 5
ASS 2 9 2 13
ASS++ 0 4 0 4
CN 1 6 4 11
CN++ 0 4 1 5
EXP 1 7 2 10
EXP++ 0 3 1 4
TEN 1 10 6 17
TEN++ 0 0 0 0
BE 2 3 4 9
BE++ 0 6 0 6
GT 1 8 6 15
GT++ 0 0 0 0
AT 0 5 7 12
AT++ 2 3 0 5
JZ 3 4 1 8
JZ++ 0 7 1 8
Apêndices 325
350
Estetigramas
Dimensão Dimensão
Dimensão Afectiva Dimensão Espera
Imaginativa Comportamental
-4,287 -4,289 -4,288 -4,287
Dimensão Cognitiva
,000 ,000 ,000 ,000
-,277 -1,558
Dimensão
Imaginativa ,782 ,119
-1,254
Dimensão
Comportamental ,210
Quadro 73. Retrato de Matilde. Estetigramas. Categorias. Medidas descritivas. Encontro I e Encontro II.
Ver como 1,25 1,42 0,92 1,38 2,17 2,28 -0,56 0,58
Momentos Adicionais 0,88 1,15 1,17 1,24 2,04 2,05 -1,10 0,27
Quadro 74. Retrato de Matilde. Estetigramas. Dimensões e categorias. Medidas descritivas. Artistas, não
artistas e grupo.
Categorias M DP M DP M DP U p
Dimensão cognitiva 28,67 9,24 22,25 9,16 25,46 9,57 46,00 0,13
Dimensão afectiva 3,33 2,96 2,92 1,98 3,13 2,47 71,50 0,98
Dimensão imaginativa 3,42 1,51 5,67 4,05 4,54 3,20 49,50 0,19
Ver como 1,75 1,66 2,58 2,78 2,17 2,28 60,50 0,50
Dimensão comportamental 3,00 2,49 6,50 4,81 4,75 4,15 35,00 0,03
Dimensão espera 3,08 2,87 3,58 3,82 3,33 3,32 69,00 0,86
Momentos Adicionais 1,83 1,99 2,25 2,18 2,04 2,05 64,00 0,64
Atitude
,387 ,001 ,080 ,003 ,002
-3,312 -,729 -2,459 -2,151
Gosto
,001 ,466 ,014 ,032
-2,384 -1,119 -,935
Juízo
,017 ,263 ,350
-1,800 -2,317
Reserva
,072 ,021
Momentos -,470
Adicionais ,638
Apêndices
352
327
328
353 Apêndices
Quadro 76. Retrato de Matilde. Estetigramas. Intensidade das categorias. Medidas descritivas.
Artistas, não artistas e grupo.
OCOA
Categorias C O OA O/OA OA/C O/C O/C/OA
Atitude 1 4 2 6 0 2 0
Conhecimento 0 10 19 44 0 8 0
Daydreams 0 8 2 25 0 3 0
Emoção 0 4 0 6 0 3 1
Expectativa 0 8 7 5 0 1 0
Explicação 0 3 15 32 1 3 5
Gosto 1 6 3 12 1 2 0
Juízo 0 14 17 39 0 3 3
Memória 2 10 4 15 3 2 1
Momento adicional 4 15 1 12 3 16 2
Percepção 1 15 176 106 3 8 8
Reflexão 0 21 25 57 1 3 3
Reserva 11 9 2 1 1 9 1
Sentimento 0 14 8 30 0 5 1
Ver Como 0 13 13 24 0 1 1
Total Geral 20 154 294 414 13 69 26
Quadrante
Quadro 78. Retrato de Matilde. Quadrante R. L. Jones. Dimensão cognitiva e dimensão espera.
Grupos
PQ DC CN EXP MEM PER REF DE MA RS
C 2 1 1 0 0 0 0 0 0
C1E 14 1 0 0 12 1 2 0 2
C1I 20 0 1 0 19 0 0 0 0
C2E 7 1 0 1 5 0 1 1 0
C2I 10 0 0 2 7 1 2 1 1
C3E 5 0 0 0 2 3 2 2 0
C3I 10 0 2 0 3 5 3 2 1
C4E 4 0 1 1 0 2 1 1 0
C4I 3 0 0 1 1 1 0 0 0
C5E 4 1 0 3 0 0 4 1 3
C5I 4 0 0 1 0 3 2 2 0
C6E 5 2 2 0 0 1 0 0 0
C6I 4 1 0 0 1 2 0 0 0
C7E 17 10 0 0 2 5 1 1 0
C7I 30 13 6 3 4 4 0 0 0
C8E 17 2 2 0 11 2 1 1 0
C8I 9 0 1 0 8 0 1 1 0
S1E 17 2 0 0 14 1 5 3 2
S1I 18 0 1 2 12 3 2 2 0
S2E 12 1 2 3 5 1 6 5 1
S2I 11 0 2 2 5 2 5 2 3
S3E 7 0 0 2 0 5 5 2 3
S3I 2 0 0 0 1 1 4 4 0
S4E 8 1 1 1 1 4 2 0 2
S4I 10 0 1 0 4 5 2 1 1
S5E 17 1 4 1 5 6 7 4 3
S5I 14 1 4 0 3 6 1 1 0
S6E 32 11 5 3 8 5 2 2 0
S6I 34 9 8 4 6 7 6 6 0
S7E 80 11 1 3 53 12 6 0 6
S7I 54 9 9 1 26 9 3 0 3
S8E 79 3 0 2 68 6 5 2 3
S8I 41 0 4 1 29 7 4 4 0
Total 601 81 58 37 315 110 85 51 34
Quadro 79. Retrato de Matilde. Quadrante R. L. Jones. Dimensão comportamental, dimensão afectiva e
dimensão imaginativa.
Grupo
PQ DCO AT GT JZ DA EM SN DI DD EX VC
C 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
C1E 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C1I 1 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0
C2E 0 0 0 0 0 0 0 2 1 0 1
C2I 1 0 1 0 2 0 2 1 0 0 1
C3E 4 1 2 1 5 1 4 2 0 1 1
C3I 6 1 2 3 5 4 1 4 1 0 3
C4E 1 0 0 1 5 0 5 1 1 0 0
C4I 2 0 2 0 2 1 1 1 0 0 1
C5E 0 0 0 0 0 0 0 2 1 1 0
C5I 3 0 1 2 0 0 0 7 4 2 1
C6E 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0
C6I 2 0 0 2 0 0 0 2 2 0 0
C7E 2 1 0 1 0 0 0 1 1 0 0
C7I 5 0 1 4 1 1 0 1 0 0 1
C8E 1 1 0 0 0 0 0 2 0 0 2
C8I 5 2 0 3 1 0 1 0 0 0 0
S1E 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
S1I 5 1 1 3 0 0 0 5 0 1 4
S2E 12 4 0 8 1 0 1 8 3 2 3
S2I 7 0 5 2 8 2 6 2 1 0 1
S3E 11 2 4 5 24 4 20 5 2 3 0
S3I 9 1 4 4 13 0 13 2 0 1 1
S4E 2 0 1 1 0 0 0 9 2 2 5
S4I 4 0 0 4 2 0 2 8 3 0 5
S5E 2 0 0 2 1 0 1 9 3 1 5
S5I 6 0 0 6 1 1 0 6 4 0 2
S6E 0 0 0 0 0 0 0 6 2 1 3
S6I 5 0 0 5 0 0 0 8 5 0 3
S7E 8 0 1 7 1 0 1 6 1 1 4
S7I 1 0 0 1 0 0 0 4 0 2 2
S8E 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 3
S8I 10 1 0 9 0 0 0 2 0 2 0
Total 116 15 25 76 72 14 58 111 38 21 52
Texto-matriz
Quadro 80. Retrato de Matilde. Textos Matriz. Diferenças entre dimensões. Grupo.
Grupo
-2,024
Dimensão Processual
,043
Dimensão Contextual
Quadro 81. Retrato de Matilde. Textos Matriz. Medidas descritivas. Encontro I e Encontro II.
Grupo
Dimensões M DP M DP M DP U p
Meaning making 0,42 1,10 0,50 0,93 0,46 1,01 255,50 0,389
Comparação entre obras 0,17 0,48 0,17 0,48 0,17 0,48 288,00 1,000
Comparação ENCI-ENCII 0,04 0,20 0,21 0,51 0,13 0,39 251,50 0,155
Acontecimentos laterais 0,13 0,34 0,63 0,97 0,38 0,76 210,00 0,034
Influência do contexto 0,33 0,70 0,33 0,70 0,33 0,69 288,00 1,000
Apêndices 333
358
Quadro 82. Retrato de Matilde. Texto-matriz. Dimensão Interpretativa. Diferença entre categorias. Grupo.
Grupo
Quadro 83. Retrato de Matilde. Texto-matriz. Dimensão Processual. Diferença entre categorias. Grupo.
Grupo
Processo-
Criação de sentido Encontros Obras
ferramentas
Processo- -,192 -2,170 -1,900
ferramentas ,847 ,030 ,057
-2,215 -1,542
Criação de sentido
,027 ,123
-,465
Encontros
,642
Obras
Quadro 84. Retrato de Matilde. Texto-matriz. Dimensão Contextual. Diferença entre categorias. Grupo.
Grupo
-,324
Influência do contexto
,746
Acontecimentos laterais
359
334 Apêndices
Quadro 85. Retrato de Matilde. Textos Matriz. Dimensão Interpretativa. Categorias e subcategorias.
Medidas descritivas. Artistas, não artistas e grupo.
Dimensão Interpretativa
Devaneio Imaginativo 0,75 1,11 0,63 0,82 0,69 0,97 283,00 0,908
Mundo da Arte 0,21 0,51 0,13 0,34 0,17 0,43 274,50 0,649
Mundo da Arte 0,08 0,28 0,04 0,20 0,06 0,24 276,00 0,555
Visionamento da obra 0,63 0,77 0,38 0,71 0,50 0,74 233,50 0,190
Pesquisa pós-encontro 0,21 0,41 0,29 0,55 0,25 0,48 273,50 0,682
Afastamento da obra 0,13 0,34 0,00 0,00 0,06 0,24 252,00 0,077
Quadro 86. Retrato de Matilde. Textos Matriz. Dimensão Processual. Categorias e subcategorias.
Medidas descritivas. Artistas, não artistas e grupo.
Dimensão Processual
Dimensão/Categorias M DP M DP M DP U p
Criação de sentido 0,29 0,62 0,63 1,28 0,46 1,01 253,00 0,354
Quadro 87. Retrato de Matilde. Textos Matriz. Dimensão Contextual. Categorias e subcategorias.
Medidas descritivas. Artistas, não artistas e grupo.
Dimensão Contextual
Dimensão/Categorias M DP M DP M DP U p
Acontecimentos laterais 0,42 0,88 0,33 0,64 0,38 0,76 286,00 0,957
Influência do contexto 0,13 0,34 0,54 0,88 0,33 0,69 213,00 0,040
336
361 Apêndices
0 5 10 15 20 25
30
25
7
Perfil III
15
13
20
29
11
17
Perfil II
27
28
10
22
19
16
Perfil I
12
26
21
Apêndices 337
362
Quadro 88. Retrato de Matilde. Textos matriz. ACM. Distribuição das categorias tricotomizadas por perfis.
Perfis
Categorias M DP M DP U p
Estetigramas
Quadro 90. The Mirror Suitcase Man e Retrato de Matilde. Estetigramas. Categorias.
Categorias M DP M DP Z p
Texto-matriz
Quadro 91. The Mirror Suitcase Man e Retrato de Matilde. Textos Matriz. Dimensões e Categorias.
Categorias M DP M DP U p
Diferenciador semântico
Quadro 92. Diferenciador semântico. Comparação entre as obras. Grupo Total.
χ p p p p
Nota. Obra 0 – Le Cadeau, Obra 1 – The Mirror Suitcase Man, Obra 2 – Retrato de Matilde.
Apêndices 341
366
Avaliação M DP M DP U p M DP M DP U p
Dificuldade
Notas 2,79 1,44 3,29 1,37 -1,736 ,083 2,83 1,37 3,50 1,53 -2,719 ,007
Estetigramas 3,25 1,07 3,42 1,21 -,708 ,479 3,38 ,97 3,50 1,25 -,663 ,507
Quadrante RLJ 3,83 1,05 3,75 1,26 -,460 ,646 3,83 1,05 3,83 1,34 -,166 ,868
Texto-matriz 3,83 1,31 3,67 1,13 -,480 ,631 3,63 1,13 3,83 1,20 -1,199 ,230
Satisfação
Notas 5,33 1,49 4,71 1,33 -1,832 ,067 5,58 1,02 4,75 1,33 -2,459 ,014
Estetigramas 5,13 1,08 5,00 1,14 -,504 ,614 5,42 ,97 4,79 1,18 -2,950 ,003
Quadrante RLJ 4,67 1,05 4,50 1,02 -,758 ,449 4,88 ,90 4,46 1,22 -1,425 ,154
Texto-matriz 4,83 1,46 4,67 1,01 -,610 ,542 5,17 1,17 4,87 1,29 -1,371 ,170
Tempo despendido
Notas 4,50 1,38 3,88 1,19 -2,266 ,023 3,88 1,60 3,67 1,27 -,534 ,593
Estetigramas 4,88 1,08 4,25 ,99 -2,333 ,020 4,67 1,24 4,17 1,13 -1,801 ,072
Quadrante RLJ 4,54 1,02 3,92 ,88 -2,519 ,012 4,08 1,06 3,71 1,04 -1,490 ,136
Texto-matriz 4,71 1,23 4,13 ,80 -2,204 ,027 4,33 1,27 3,88 ,74 -1,606 ,108
Quantificação do
tempo despendido
Notas 2,50 1,02 2,33 1,09 -,849 ,396 2,17 ,87 2,08 ,93 -,471 ,637
Estetigramas 3,79 1,14 3,13 1,08 -2,514 ,012 3,50 1,10 2,83 1,01 -2,876 ,004
Quadrante RLJ 2,96 1,00 2,46 ,88 -2,521 ,012 2,92 1,10 2,33 ,82 -2,725 ,006
Texto-matriz 3,50 1,25 2,63 1,10 -3,123 ,002 3,33 1,24 2,67 ,87 -2,859 ,004
Nota. Escala. Dificuldade: 1= muito fácil, 7=muito difícil; Satisfação: 1=muito insatisfeito, 7=muito satisfeito; Tempo
despendido: 1=pouco tempo, 7=muito tempo; Quantificação do tempo despendido: 1=15 minutos, 2=30 minutos,
3=45 minutos, 4=60 minutos, 5=+60 minutos.
342
367 Apêndices
Quadro 94. Le Cadeau, The Mirror Suitcase Man e Retrato de Matilde. Avaliação.
Grupo
The Mirror Suitcase
Le Cadeau Retrato de Matilde
Man
Avaliação M DP M DP M DP χ p
Dificuldade
Quadrante RLJ 4,13 1,54 3,79 1,03 3,83 1,01 0,70 0,70
Satisfação
Quadrante RLJ 4,54 1,06 4,58 0,92 4,67 0,80 1,12 0,57
Tempo despendido
Quadrante RLJ 4,79 1,14 4,23 0,81 3,90 0,85 25,28 0,00
Quantificação do
tempo despendido
Notas 2,13 0,85 2,42 0,94 2,13 0,78 2,58 0,27
Quadrante RLJ 3,33 1,01 2,71 0,85 2,63 0,86 16,43 0,00
Nota. Escala. Dificuldade: 1= muito fácil, 7=muito difícil; Satisfação: 1=muito insatisfeito, 7=muito satisfeito; Tempo
despendido: 1=pouco tempo, 7=muito tempo; Quantificação do tempo despendido: 1=15 minutos, 2=30 minutos,
3=45 minutos, 4=60 minutos, 5=+60 minutos.
Apêndices 343
368
Quadro 95. Le Cadeau, The Mirror Suitcase Man e Retrato de Matilde. Avaliação.
Grupo
Z p Z p Z p
Dificuldade
Satisfação
Tempo despendido
Quadro 96. Le Cadeau, The Mirror Suitcase Man e Retrato de Matilde. Avaliação.
Grupo
Z p Z p Z p
Dificuldade
Satisfação
Tempo despendido
Quantificação do tempo
despendido
Notas -1,368 0,171 -,152 0,879 -2,217 0,027
Carolina Silva
Boyd White
João Pedro Fróis
sam aprofundar teoricamente a área da fenomenologia da percepção das obras de
arte, conceber novos modos de acção pedagógica na formação de adultos na área
das artes visuais, em contexto universitário, e permitir novos diálogos com áreas
disciplinares confluentes como a neuroestética, semiótica e psicolinguística.