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SUMÁRIO
CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA – AGOSTO DE 2020 ................................................................................ 2
1) DIREITO CONSTITUCIONAL .......................................................................................................... 2
A) RETROATIVIDADE DE ÍNDICES DE ATUALIZAÇÃO DE PREÇOS: INCONSTITUCIONALIDADE ........... 2
B) PRECATÓRIO: INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA ........................................................................ 3
C) SERVIDORES TEMPORÁRIOS: DIREITOS TRABALHISTAS ............................................................. 4
D) COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO ............................................................................... 4
E) POLÍTICAS DE SAÚDE PARA POVOS INDÍGENAS (COVID-19) ...................................................... 5
F) TETO CONSTITUCIONAL: SOMATÓRIO DE PROVENTOS + PENSÃO ............................................. 5
G) SISTEMA BRASILEIRO DE INTELIGÊNCIA: FORNECIMENTO DE DADOS À ABIN............................. 6
H) RELATÓRIOS DE INTELIGÊNCIA CONTRA GRUPOS “ANTIFASCISTAS” .......................................... 7
I) LEGISLAÇÃO ESTADUAL SOBRE PORTE DE ARMA E ATIVIDADE DE SEGURANÇA PÚBLICA ........... 7
2) DIREITO ADMINISTRATIVO .......................................................................................................... 8
A) SERVIDORES PÚBLICOS: NECESSIDADE DE CONCURSO PÚBLICO ................................................ 8
B) CANCELAMENTO DE CONCURSOS PÚBLICOS: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO ................. 8
C) FUNDAÇÕES PÚBLICAS DE DIREITO PRIVADO: CUSTAS PROCESSUAIS ........................................ 9
3) DIREITO PROCESSUAL PENAL ..................................................................................................... 10
A) CABIMENTO DE HC CONTRA CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO ............................................ 10
B) “HABEAS CORPUS” – DESENTRANHAMENTO DE TERMO DE COLABORAÇÃO DE CORRÉU ......... 10
C) LAVRATURA DE TCO: AUTORIDADE POLICIAL X JUDICIÁRIA .................................................... 11
D) COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR ...................................................................................... 11
E) ATUAÇÃO DA OAB QUANDO O RÉU É ADVOGADO ................................................................. 12
4) DIREITO PENAL ......................................................................................................................... 13
A) DIFAMAÇÃO DE PARLAMENTAR EM REDES SOCIAIS .............................................................. 13
B) INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL (SEMI-IMPUTABILIDADE) ............................................... 13
C) ESTUPRO DE VÍTIMA EMBRIAGADA – “VULNERABILIDADE” .................................................... 14
5) DIREITO PREVIDENCIÁRIO ......................................................................................................... 15
A) BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE X ATIVIDADE REMUNERADA .................................................. 15
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................... 16
GABARITO COMENTADO .................................................................................................................. 20

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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA – AGOSTO DE 2020


Prezado(a) aluno(a).

Apresento a coletânea de julgados do STF e STJ do mês de agosto de 2020, relativo às matérias
de Direito Constitucional, Direito Penal, Processo Penal e Direito Administrativo. Neste mês
acresci um julgado de Direito Previdenciário, que por seu teor pode ser cobrado nos concursos
de delegado federal.
O material está organizado por ramo do direito e por assuntos. As decisões são apresentadas
no seguinte formato: i) destaque, com trecho do acórdão; ii) caso concreto, com uma
explicação sucinta dos fatos; iii) premissas, onde identificamos aspectos legais e doutrinários
sobre o tema; e iv) decisão, com o resultado do provimento judicial e seus fundamentos. A
depender do tema essa ordem é invertida ou resumida em uma “breve análise”, sempre focando
nos assuntos que possam ser cobrados nos concursos de Delta.
Ao final são propostas 30 (trinta) questões inéditas ao estilo “CERTO X ERRADO”, todas
comentadas. Sugiro que você inicie logo pelas questões, pois elas irão suscitar a curiosidade e a
dúvida sobre os assuntos apresentados e discutidos ao longo do material.
Acompanhe também os nossos eventos pelo canal do ALFACON no youtube.

Bons estudos!

Prof. Anderson Lima


(@prof_andersonlima)

➢ Informativos analisados:
• STJ – 675, 676;
• STF – 984, 985, 986, 987;

1) DIREITO CONSTITUCIONAL

A) RETROATIVIDADE DE ÍNDICES DE ATUALIZAÇÃO DE PREÇOS:


INCONSTITUCIONALIDADE
STF, 984 – É inconstitucional o art. 26 da Lei 8.177/1991, que determina
que as operações de crédito rural, contratadas junto a instituições
financeiras, sejam atualizadas pela Taxa Referencial de Juros (TR) (ADI
3005/DF)

Caso concreto: Em sua redação original, o art. 26 da Lei 8.177/1991 previra o seguinte:
Art. 26. As operações de crédito rural contratadas junto às
instituições financeiras, com recursos oriundos de depósitos à vista e

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com cláusula de atualização pelo Índice de Preços ao Consumidor


(IPC), passam a ser atualizadas pela TR, observado o disposto no
art. 6° desta lei.
A interpretação literal do dispositivo dava a entender que mesmo contratos já firmados
(atos jurídicos perfeitos) teriam seus índices revistos, passando a ser atualizados pela TR.
Ingressou-se com ADI contra o dispositivo, argumentando, em síntese, que sua aplicação
retroativa ofenderia ato jurídico perfeito (CR/88, art. 5º, XXVI), portanto seria inconstitucional.
Premissas: 1) no curso da ação, do Banco Central (Bacen) afirmou não aplicar o
dispositivo retroativamente a contratos já firmados; 2) No mesmo sentido, a AGU manifestou-
se pela inconstitucionalidade da aplicação retroativa;
Diante das manifestações do BACEN e da AGU, a ADI perde seu objeto? O STF pode/deve
apreciar a matéria? Quanto ao mérito, o que decidiu a Corte?
Decisão do Plenário: em que pese as premissas narradas, por se tratar de ato normativo
geral e abstrato, remanesce a competência do STF para apreciar a matéria. No mérito, o STF
considerou o art. 26 inconstitucional, por ofensa ao art. 5°, XXXVI da CR/88, que protege o ato
jurídico perfeito de eventuais prejuízos decorrentes de inovações legislativas. Portanto, a lei
não pode ser aplicada aos contratos rurais que já haviam sido firmados. Vencido o Ministro
Barroso que entendeu como inadmissível a postura do Poder Judiciário como revisor de índices
de correção monetária (autocontenção judicial), tanto pela complexidade da matéria, quanto
pela investidura popular do Poder Legislativo.

B) PRECATÓRIO: INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA


STF, 984 - Não incidem juros de mora no período compreendido entre a data
da expedição do precatório e seu efetivo pagamento, desde que realizado no
prazo estipulado constitucionalmente. (RE 594892)

Breve análise do RE 594892: em seu texto originário do art. 100, §1º CR/88
determinava que os precatórios judiciais apresentados até 1º de julho deveriam ser pagos até
o final do exercício seguinte. Neste período, o STF editou a SV n.17 com o seguinte teor “Durante
o período previsto no parágrafo 1º do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre
os precatórios que nele sejam pagos.” Ocorre que a redação do art. 100 foi alterada pela EC n.
62/2009 e o conteúdo do § 1º consta, atualmente, no §5º, do art. 100 da CR/88.
Entenda o RE 1.169.289 julgado pelo Plenário Virtual que trata do mesmo tema:
Análise do RE 1.169.289: no referido RE firmou-se a seguinte tese: “o enunciado da
Súmula Vinculante 17 não foi afetado pela superveniência da Emenda Constitucional 62/2009,
de modo que não incidem juros de mora no período de que trata o § 5º do art. 100 da
Constituição. Havendo o inadimplemento pelo ente público devedor, a fluência dos juros inicia-
se após o 'período de graça'"
Portanto, não incidem juros de mora quando o precatório for pago no prazo estipulado
pela constituição (até o final do exercício seguinte). Caso não ocorra o pagamento nesse
período, os juros voltam a correr a contar do dia 1º de janeiro do próximo exercício.
Acompanhe o exemplo:
Foi pago? Não incide juros de
Deve ser pago até 31
Precatório apresentado mora;
DEZ/2019;
até 1º JUL/2018 Não foi pago? Volta a correr juros
(CR, art. 100, § 5°)
em 1º JAN/20

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C) SERVIDORES TEMPORÁRIOS: DIREITOS TRABALHISTAS


STF, 984 - Servidores temporários não fazem jus a décimo terceiro salário e
férias remuneradas acrescidas do terço constitucional, salvo (I) expressa
previsão legal e/ou contratual em sentido contrário, ou (II) comprovado
desvirtuamento da contratação temporária pela Administração Pública, em
razão de sucessivas e reiteradas renovações e/ou prorrogações. (RE
1.066.677)

Caso concreto: uma determinada pessoa foi contratada como temporária pelo Estado de
Minas Gerais. O contrato “temporário” estendeu-se por quase 06 anos - de DEZ/2003 a
MAR/2009. Após sua extinção, a ex-servidora ingressou judicialmente com pedido de
pagamento de décimo terceiro salário e terço de férias, os quais não eram previstos no contrato.
O estado de MG recorreu e o caso teve repercussão geral reconhecida pelo STF.
Premissas: i) a contratação de trabalhadores temporários pelo poder público possui
previsão legal no art. 37, IX da CR/88; ii) Essas contratações submetem-se ao regime jurídico-
administrativo, e não à Consolidação das Leis do Trabalho; iii) o direito ao décimo terceiro
salário e terço de férias nos contratos temporários dependem de expressa previsão legal ou
contratual; iv) o contrato sob análise não previa tais verbas, contudo foi desvirtuado pelo
contratante (Estado de MG);
Nesse caso, o servidor temporário faz jus ao décimo terceiro salário e terço de férias?
Decisão do Plenário Virtual: SIM! O tribunal, por maioria, reconheceu a repercussão
geral e negou provimento ao recurso do Estado de MG, determinando o pagamento dos direitos
trabalhistas. No caso, o contrato não previa tais direitos, contudo, houve um desvirtuamento da
contratação temporária, a qual foi prorrogada inúmeras vezes. Em razão disso, justifica-se o
pagamento das verbas em favor do trabalhador.

D) COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO


STF, 984 - O disposto no inciso I do art. 114 da Constituição Federal não
abrange causas ajuizadas para discussão de relação jurídico-estatutária
entre o Poder Público dos Entes da Federação e seus Servidores. (ADI
3395/3529)

Caso concreto: cinge-se a controvérsia sobre se a competência da Justiça do Trabalho


alcança o processo e julgamento das ações oriundas de relações de trabalho regidas pelo regime
estatutário.
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I) as
ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de
direito público externo e da administração pública direta e indireta
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
Breve análise: o plenário virtual do STF confirmou o entendimento já assentado em
medida cautelar no sentido de que a expressão “relação de trabalho” não abrange as relações
estatutárias, dado que a competência da Justiça do Trabalho não alcança ações entre os poderes
públicos e seus servidores. Confirmou-se, ainda, a constitucionalidade formal da EC n. 45/04.
Com isso, confirmou-se o seguinte quadro:

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Justiça do Trabalho
Processo e julgamento das Celetistas (privadas)
relações de trabalho... Estatutárias (públicas) Justiça Comum

E) POLÍTICAS DE SAÚDE PARA POVOS INDÍGENAS (COVID-19)


STF, 985 - O Plenário, por maioria, referendou cautelar deferida
parcialmente em ação de descumprimento de preceito fundamental (ADPF)
na qual se questiona um conjunto de atos comissivos e omissivos do Poder
Público, relacionados ao combate à pandemia por Covid-19, que implicariam
alto risco de contágio e de extermínio de diversos povos indígenas. (ADPF
709)

Breve análise: a ADPF 709 foi impetrada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil
(APIB) e 06 partidos políticos, contestando a tímida atuação do poder público na
implementação de políticas de saúde voltadas às comunidades indígenas, durante a pandemia
da COVID-19. O plenário referendou a cautelar já provida pelo Min. Barroso, na qual são
determinadas diretrizes para atuação do poder público.
Fundamentos da decisão: 1) os princípios da precaução e da prevenção, no que respeita à
proteção à vida e à saúde; 2) a necessidade de diálogo institucional entre o Judiciário e o Poder
Executivo em matéria de políticas públicas; 3) a imprescindibilidade de diálogo intercultural,
em toda questão que envolva os direitos de povos indígenas.
Em síntese, as cautelares deferidas foram as seguintes:
Para povos indígenas em isolamento ou Para povos indígenas em geral
com contato recente
1. Criação de barreiras sanitárias; 2. Criação 1. Inclusão, no Plano de Enfrentamento e
de Sala de Situação, para gestão de ações de Monitoramento da Covid-19; 2. Imediata
combate à pandemia, nos seguintes termos: extensão dos serviços do Subsistema
(i) composição pelas autoridades que a União Indígena de Saúde aos povos aldeados
entender pertinentes, bem como por situados em terras não homologadas. 3.
membro da PGR, da DPU e por Extensão dos serviços do Subsistema
representantes indígenas indicados pela Indígena de Saúde aos povos indígenas não
APIB; (ii) indicação de membros no prazo de aldeados, exclusivamente, por ora, quando
verificada barreira de acesso ao SUS geral. 4.
72 horas; (iii) convocação da primeira
reunião no prazo de 72 horas; (iv) designação Elaboração e monitoramento de um Plano de
e realização da primeira reunião no prazo de Enfrentamento da COVID-19 para os Povos
Indígenas pela União, no prazo de 30 dias;
até 72 horas da convocação;

F) TETO CONSTITUCIONAL: SOMATÓRIO DE PROVENTOS + PENSÃO


STF, 985 - Ocorrida a morte do instituidor da pensão em momento posterior
ao da Emenda Constitucional nº 19/1998, o teto constitucional previsto no
inciso XI do artigo 37 da Constituição Federal incide sobre o somatório de
remuneração ou provento e pensão percebida por servidor (RE 602584)

Caso concreto: Em 1999 um servidor do TJ-DF falece e institui-se a pensão por morte à
sua companheira, também servidora do órgão, que passa a acumular a pensão com sua

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remuneração. Em 2015 a servidora aposenta-se e segue acumulando pensão + aposentadoria.


Dado que o somatório dos valores excedia o teto constitucional o TJ-DF determina a glosa
(corte) dos valores excedentes. A servidora ingressou com Mandado de Segurança (MS) e
voltou a receber os valores totais. A União contesta os recebimentos acima do teto e leva o caso
ao STF, via Recurso Extraordinário (RE), o qual ganha repercussão geral (tema 359)
Premissas: i) teto constitucional diz respeito ao limite de valores que podem ser
recebidos pelos servidores públicos a título de remuneração; ii) o art. 37, XI CR/88 limita o teto
constitucional ao subsídio mensal em espécie dos Ministros do STF; iii) a EC n. 19/98 alterou o
art. 37, XI da CR/88 incluindo as pensões entre os valores sujeitos à limitação do teto
constitucional;
É possível extrapolar o teto constitucional acumulando pensão + aposentadoria?
Decisão do Plenário: NÃO! Considerando que a pensão da ex-servidora foi instituída
após a EC 19/98, a mesma incide sobre o somatório da remuneração. Ou seja, o teto não será
considerado de forma individual para a pensão e para a aposentadoria, e sim em razão do
somatório das duas. Tão logo, o plenário determinou que se mantivesse o corte (glosa) dos
valores que excedem o teto constitucional.

G) SISTEMA BRASILEIRO DE INTELIGÊNCIA: FORNECIMENTO DE DADOS


À ABIN
STF, 986 - O Tribunal, por maioria, deferiu parcialmente a medida cautelar
requerida para dar interpretação conforme ao parágrafo único do art. 4º da
Lei nº 9.883/99. (ADI 6529).

Caso concreto: A Lei n. 9.883/99 instituiu o Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN) e


criou a ABIN, cuja redação do art. 4°, § único, assim prevê;
Art. 4o À ABIN, além do que lhe prescreve o artigo anterior, compete:
(...)Parágrafo único. Os órgãos componentes do Sistema Brasileiro de
Inteligência fornecerão à ABIN, nos termos e condições a serem
aprovados mediante ato presidencial, para fins de integração, dados
e conhecimentos específicos relacionados com a defesa das
instituições e dos interesses nacionais. (Grifo nosso)
O Poder Executivo Federal publicou o Decreto n. 10.445/2020, com entrada em vigor no
dia 17/08/20, o qual reestruturou a ABIN e deixou de restringir as hipóteses de requisição de
dados. Em razão disso, dois partidos políticos (Rede/PSB) ingressaram com ADI no STF,
alegando que a redação do art. 4º, § único (parte grifada) permitiria que a ABIN pudesse
requisitar informações sensíveis (ex. dados bancários, interceptações telefônicas, etc) dos
demais órgãos do SISBIN, o que desvirtuaria suas finalidades. Com a edição do Decreto
Presidencial n. 10.445/2020 alegou-se a urgência do julgamento da cautelar.
É possível o compartilhamento de dados entre órgãos de inteligência? Em que condições?
Decisão do Plenário: SIM, mas há limites! Em sede de liminar, o plenário decidiu por dar
interpretação conforme ao dispositivo, estabelecendo que: a) os órgãos componentes do SISBIN
somente podem fornecer dados e conhecimentos específicos à ABIN quando comprovado o
interesse público da medida, afastada qualquer possibilidade desses dados atenderem
interesses pessoais ou privados; b) toda e qualquer decisão que solicitar os dados deverá ser
devidamente motivada para eventual controle de legalidade pelo Poder Judiciário; c) mesmo
quando presente o interesse público, os dados referentes a comunicações telefônicas ou dados

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sujeitos à reserva de jurisdição não podem ser compartilhados na forma do dispositivo em razão
daquela limitação, decorrente do respeito aos direitos fundamentais; e d) nas hipóteses
cabíveis de fornecimento de informações e dados à Abin, é imprescindível procedimento
formalmente instaurado e existência de sistemas eletrônicos de segurança e registro de acesso,
inclusive para efeito de responsabilização, em caso de eventuais omissões, desvios ou abusos.

H) RELATÓRIOS DE INTELIGÊNCIA CONTRA GRUPOS “ANTIFASCISTAS”


STF, 987 - O Plenário, por maioria, deferiu medida cautelar em ADPF para
suspender todo e qualquer ato do Ministério da Justiça e Segurança Pública
(MJSP) de produção ou compartilhamento de informações sobre a vida
pessoal, as escolhas pessoais e políticas, as práticas cívicas de cidadãos,
servidores públicos federais, estaduais e municipais identificados como
integrantes de movimento político antifascista, professores universitários e
quaisquer outros que, atuando nos limites da legalidade, exerçam seus
direitos de livremente expressar-se, reunir-se e associar-se. (ADPF 722)

Caso concreto: o MJSP teria promovido uma investigação sigilosa da qual resultou um
“dossiê” com nomes e dados pessoais de um grupo de 579 servidores públicos federais, dentre
policiais e professores. O grupo autodenominado “antifascistas”, caracteriza-se por manter uma
postura crítica ao atual Presidente da República. O Partido Rede Sustentabilidade impetrou
ADPF questionando a investigação;
A Constituição admite este tipo de investigação?
Decisão do Plenário: NÃO! A Corte conheceu a ADPF 722 e considerou o “dossiê”
incompatível com o art. 5º, XXXV da CR/88, dado que subtrai do Poder Judiciário o conhecimento
de informações que impactam no seu poder-dever de apreciar casos submetidos a seu exame.
Apontou-se, ainda, que esse tipo de investigação afronta a liberdade de pensamento e de
expressão, logo é incompatível com o estado de direito. Em síntese, determinou-se a cessação
ou impedimento de toda e qualquer investigação externa aos suportes constitucionais ou legais
existentes.

I) LEGISLAÇÃO ESTADUAL SOBRE PORTE DE ARMA E ATIVIDADE DE


SEGURANÇA PÚBLICA
STF, 987 - O Tribunal, por maioria, conheceu da ação direta e julgou
procedente o pedido para declarar a inconstitucionalidade do artigo 1º da
Lei nº 2.176/1998; do inciso XVIII do artigo 2º da Lei nº 2.990/2002; e do
artigo 5º da Lei nº 3.190/2003, todas do Distrito Federal, bem como dos
trechos "armamento e tiro" do § 4º do artigo 4º e "é atividade de Segurança
Pública para todos os efeitos" do artigo 11 da Lei distrital nº 2.990/2002,
nos termos do voto do Relator, vencidos parcialmente os Ministros Edson
Fachin e Gilmar Mendes. (ADI 3996)

Breve análise: em sessão no Plenário Virtual, o STF apreciou 04 leis distritais que
tratavam sobre porte de arma para agentes de trânsito e atividade de segurança pública. Para
fins de concurso, é importante que você conheça o conteúdo e os fundamentos da decisão do
Supremo, os quais sintetizo a seguir: a) somente a União pode legislar sobre porte de armas de

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fogo e seus titulares, inclusive quando se tratar de servidores públicos estaduais; b) norma
estadual, portanto, não pode dispor sobre tal matéria (inconstitucionalidade formal); c) os
Estados-Membros não podem atribuir o exercício de “atividades de segurança pública” a órgãos
estranhos aos definidos no art. 144 da CR/88, dado tratar-se de rol taxativo; d) a atividade de
“segurança viária” (art. 144, § 10, CR/88), da qual os agentes de fiscalização de trânsito fazem
parte, não se confunde com a atividade de “segurança pública”; e) agentes de trânsito não
exercem atividade de segurança pública, tampouco se admite norma estadual/distrital que lhes
atribua porte de arma de fogo, pois ambas contrariam materialmente a Constituição Federal;

2) DIREITO ADMINISTRATIVO
A) SERVIDORES PÚBLICOS: NECESSIDADE DE CONCURSO PÚBLICO
STF, 985 – É inconstitucional o art. 3º da Lei 11.816/1995 (MG) que prevê a
integração de servidores públicos aos quadros do TCE/MG por ofensa à regra
constitucional da obrigatoriedade do concurso público. (ADI 1251)

Caso concreto: O art. 3° da Lei 11.816/95 (MG) previa que os servidores da extinta Minas
Caixa que estivessem à disposição do TCE/MG em 30/11/94 poderiam requerer sua integração
ao quadro efetivo do tribunal no prazo de 30 dias. Neste período alguns servidores requereram
sua integração, outros não. A PGR ingressou com ADI alegando ofensa ao art. 37, II da CF. Em
30/06/1995, em decisão liminar, a corte suspendeu a eficácia da norma até decisão definitiva.
Esta lei é constitucional? Caso negativo, quais os efeitos da decisão para quem aderiu
antes da liminar?
Decisão do plenário: A norma é inconstitucional pois afronta o princípio (regra) do
concurso público. Em regra, a decisão de inconstitucionalidade possui efeitos ex-tunc, ou seja,
retroagem à data de criação da norma. Contudo, neste caso os efeitos foram modulados,
retroagindo à data de concessão da liminar (30/06/1995). Com isso, foram placitadas
(ratificadas) as situações jurídicas daqueles que requereram antes da liminar. Em síntese:
Quem aderiu antes da liminar (30/06/1995 Mantem o vínculo com o TCE/MG
Quem não aderiu antes da liminar Não poderá firmar vínculo com o TCE/MG

B) CANCELAMENTO DE CONCURSOS PÚBLICOS: RESPONSABILIDADE


CIVIL DO ESTADO
STF, 986 - O Estado responde subsidiariamente por danos materiais
causados a candidatos em concurso público organizado por pessoa jurídica
de direito privado (art. 37, § 6º, da CRFB/88), quando os exames são
cancelados por indícios de fraude. (RE 662.405)

Caso concreto: o concurso público da PRF (Edital n. 01/2017) foi cancelado por indícios
de fraudes. As provas não chegaram a ocorrer, mas muitos candidatos gastaram com passagens
aéreas, acomodação, etc. Determinada pessoa que passou por esta situação ingressa em juízo,
cobrando da União indenização pelos prejuízos que sofreu. O caso ganhou repercussão geral.
Premissas: i) o Estado e as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços
públicos respondem pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causem a terceiros, quando

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comprovado o nexo de causalidade entre a conduta e o dano sofrido pelo particular –


responsabilidade civil do Estado; ii) a pessoa jurídica prestadora do serviço responde de forma
primária e direta, dado possuir personalidade jurídica e patrimônio próprios;
E o Estado, pode ser responsabilizado? Como se dá essa responsabilização?
Decisão do Plenário Virtual: SIM! O Estado (União, no caso concreto) pode ser
responsabilizada pelos prejuízos causados aos candidatos. Inobstante, essa responsabilização
será sempre subsidiária, admitindo-se apenas nas hipóteses de insolvência da pessoa jurídica
de direito privado.

C) FUNDAÇÕES PÚBLICAS DE DIREITO PRIVADO: CUSTAS


PROCESSUAIS
STJ, 676 - As fundações públicas de direito privado não fazem jus à isenção
das custas processuais. (REsp 1.409.199-SC)

Caso concreto: uma empresa privada ingressa em juízo com uma ação de cobrança contra
uma Fundação de Saúde, cuja criação foi autorizada por lei municipal, a partir da doação de um
imóvel público. A fundação foi condenada na ação de cobrança, mas recorreu alegando que por
ter “natureza pública” seria isenta de custas processuais.
Premissas: i) existem no ordenamento jurídico brasileiro três tipos de fundações, sendo
crucial compreender a natureza de cada uma delas: a) fundações privadas: são instituídas por
particulares e submetem-se integralmente ao regime privado; ex. Fundação da Xuxa; b)
fundações públicas de direito público: são criadas por lei específica, possuem natureza jurídica
de “autarquia” e os mesmos privilégios da fazenda pública; ex. FUNAI; c) fundações públicas de
direito privado: são criadas mediante autorização de lei específica e exercem funções de
interesse público; Ex. a fundação do caso analisado.
Acompanhe a muito cobrada redação do art. 37, XIX da CR/88
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
último caso, definir as áreas de sua atuação;
Sistematizando, temos o seguinte:

Fundações De direito público Natureza de autarquia São criadas por lei


públicas De direito privado Natureza privada São autorizadas por lei
Portanto, o que define se uma fundação pública será de direito público ou privado é o ato
jurídico de sua criação. Importa observar que não é pelo simples fato de ser constituída por
patrimônio público que a natureza da fundação será necessariamente de direito público.
No caso concreto, tratando-se de uma fundação pública de direito privado, ela é isenta de
custas judiciais?
Decisão da 4º Turma/STJ: NÃO! Ao contrário das fundações autárquicas que possuem
as mesmas prerrogativas da fazenda pública, as fundações públicas de direito privado não
possuem tais privilégios. Em razão disso, a Turma decidiu que a fundação deveria arcar também
com as custas processuais, o que não ocorreria se fosse de natureza pública.

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3) DIREITO PROCESSUAL PENAL

A) CABIMENTO DE HC CONTRA CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO


STF, 984 – A Turma conheceu e indeferiu habeas corpus impetrado contra
decisão de tribunal de justiça que afastou vereadora do exercício das
funções e converteu prisão preventiva em medidas cautelares diversas da
prisão (HC 170735)

Caso concreto: uma vereadora, presidente da câmara municipal de Itacoara/RJ, foi


denunciada por Peculato, por ter, supostamente, contratado uma servidora pública para
realizar tarefas domésticas na residência de seu irmão. O MP pediu a prisão preventiva, a qual
foi indeferida pelo TJ/RJ, que determinou uma série de medidas diversas da prisão: a)
afastamento do cargo de vereadora e da função de presidente da câmara dos vereadores; b)
comparecimento bimestral em juízo; c) proibição de acesso e frequência à câmara municipal;
d) proibição de manter contato com testemunhas; e) proibição de ausentar-se do estado e do
país, com a entrega de passaporte; e f) obrigação de manter atualizado, no tribunal, o endereço.
A vereadora ingressou com HC alegando desproporcionalidade e inobservância dos princípios
da não culpabilidade e do devido processo legal.
Premissas: o HC é remédio constitucional que protege a liberdade de locomoção
decorrente de ilegalidade ou abuso de poder (CR/, art. 5°, LXVIII).
O caso admite HC? Se sim, qual a decisão do colegiado?
Decisão da 1° Turma/STF: SIM! A turma, por maioria, conheceu o HC, dado que eventual
descumprimento das medidas cautelares ensejaria no estabelecimento da custódia. Ou seja, em
que pese a vereadora não estivesse com sua liberdade diretamente em risco, poderia voltar a
ser presa se descumprisse alguma das medidas. No mérito, o pedido foi indeferido, não se
vislumbrando desproporcionalidade ou excesso.

B) “HABEAS CORPUS” – DESENTRANHAMENTO DE TERMO DE


COLABORAÇÃO DE CORRÉU
STF, 985 – No sistema acusatório não há possibilidade de assegurar ao
magistrado poderes instrutórios autônomos, especialmente quando o ato
instrutório é tomado para constranger e macular a posição jurídica do réu,
o que atrai a incidência do art. 157, CPP, que preleciona pela
inadmissibilidade da prova. (HC 163943)

Caso concreto: Em um dos processos penais que atua, a defesa do ex-presidente Lula
ingressou com HC alegando constrangimento ilegal e requerendo: 1º) sobrestamento da ação
penal até manifestação do Comitê dos Direitos Humanos da ONU; 2) concessão de prazo
sucessivo à oferta de alegações finais por parte dos corréus colaboradores e demais corréus;
3º) desentranhamento do termo de colaboração de Antônio Palocci, o qual teria sido juntado
“de ofício” pelo magistrado de 1º grau às vésperas do 1º turno das eleições presidenciais.
Decisão da 2° Turma/STF: a segunda turma, apreciando a matéria decidiu o seguinte
para cada um dos pedidos:

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1º Pedido: sem adentrar ao mérito de eventual caráter vinculante das decisões do órgão
internacional, a Turma indeferiu o pedido, uma vez que sequer a decisão do CDH da ONU fazia
menção expressa a isso.
2º Pedido: foi considerado prejudicado. Em julgamento anterior, a 2º turma já havia
assentado a tese de que nas ações penais em que exista colaboração premiada, os corréus
delatados possuem a prerrogativa de apresentar suas alegações finais após os corréus
delatores. Esse entendimento foi mantido, favorecendo a defesa.
3º Pedido: a ordem foi concedida. Argumentou-se que o termo de colaboração foi juntado
aos autos às vésperas do 1º turno das eleições presidenciais, 03 meses após sua homologação,
após encerrada a instrução processual e sem que houvesse pedido expresso do órgão de
acusação. Dessa forma, o juízo teria violado o sistema acusatório, sendo a prova considerada
ilícita (art. 157, CPP) e, em razão disso, devendo ser desentranhada dos autos.

C) LAVRATURA DE TCO: AUTORIDADE POLICIAL X JUDICIÁRIA


STF, 986 – A autoridade policial pode lavrar Termo Circunstanciado de
Ocorrência (TCO) e requisitar exames e perícias em caso de flagrante de uso
ou posse de entorpecentes para consumo próprio, desde que ausente a
autoridade judicial. (ADI 3807)

Premissas: i) Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) é o instrumento jurídico usado


para dar início à apuração dos flagrantes de infrações de menor potencial ofensivo (Lei
9.099/95); ii) o dispositivo contestado afirmava que a autoridade policial somente poderia
lavrar o TCO dos crimes do art. 28 da Lei 11.343/06 quando não presente a autoridade
judiciária. Acompanhe a redação:
Lei 11.343/06 – Art. 48. § 3º Se ausente a autoridade judicial, as
providências previstas no § 2º deste artigo serão tomadas de
imediato pela autoridade policial, no local em que se encontrar,
vedada a detenção do agente.
Caso Concreto: A Associação Nacional de Delegados (ADEPOL) ingressou com uma ADI
contestando a redação do art. 48, § 3º da Lei 11.343/06 (Lei de Drogas), alegando que o
dispositivo conferia ao juiz poderes inquisitórios e violava os princípios do contraditório e
ampla defesa.
E aí, a redação do art. 48, § 3° da Lei 11.343/06 é inconstitucional?
Decisão do Plenário Virtual: NÃO! Por maioria, a Corte decidiu que o dispositivo é
constitucional, cabendo à autoridade judiciária a primazia da lavratura do TCO nos crimes do
art. 28 da Lei 11.343/06. Assim, eventuais pessoas flagradas no cometimento deste delito
devem ser encaminhadas diretamente ao juízo competente. Na falta deste, a autoridade policial
poderá dar andamento ao feito. Em qualquer das hipóteses não se admite a prisão do autor.

D) COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR


STJ, 675 - Na definição da competência da Justiça Militar, considera-se o
critério subjetivo do militar em atividade, em serviço ou não, aliado ao
critério objetivo, do bem ou serviço militar juridicamente tutelado. (HC
550.998-MG)

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Caso concreto: A PM/MG foi chamada a atender uma situação de violência doméstica
contra mulher. Chegando ao local, identificou-se que o suposto agressor também era policial
militar. No curso dos acontecimentos, o PM efetuou disparos em direção aos colegas e à viatura
da guarnição. O policial foi processado e condenado na Justiça Militar por tentativa de homicídio
(art. 205, CPM). No recurso que chega ao STJ, alega-se incompetência absoluta da Justiça Militar
e, por consequência, a nulidade do processo.
Premissas: i) a competência da Justiça Militar é de julgar os crimes militares, conforme
definido pelo art. 124 da CR/88; ii) o conceito de “crime militar” é definido pelo art. 9° do CPPM;
CR/88 - Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar os
crimes militares definidos em lei.
CPPM - Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
(...) II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação
penal, quando praticados: a) por militar em situação de atividade ou
assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado;
Nesse caso, a competência é mesmo da Justiça Militar?
Decisão da 5º Turma/STJ: SIM! O HC foi indeferido, considerando-se competente a
Justiça Militar. Para a Turma, a configuração do crime militar não exige estar “em serviço”, ou
seja, efetivamente trabalhando. Ademais, afirmou-se que a expressão “em atividade” deve ser
entendida como contraponto à expressão “em inatividade”, e não como sinônimo da expressão
“em serviço”.
Contudo, a Turma reconheceu que a jurisprudência do STF e do próprio STJ já oscilou
sobre a mesma matéria, havendo decisões em sentido contrário. Neste julgado, por
unanimidade firmou-se a tese de que o critério de definição de competência da justiça militar
não pode ser puramente subjetivo (condição de militar), tampouco puramente objetivo (bem
jurídico protegido) – até porque muitos bens jurídicos são protegidos também pelo Código
Penal – a exemplo do próprio homicídio. Nessa senda, o melhor critério seria o misto: critério
subjetivo do militar em atividade + critério objetivo do bem ou serviço militar juridicamente
tutelado.

E) ATUAÇÃO DA OAB QUANDO O RÉU É ADVOGADO


STJ, 675 - A Ordem dos Advogados do Brasil – OAB – não tem legitimidade
para atuar como assistente de defesa de advogado réu em ação penal. (RMS
63.393-MG)

Caso concreto: determinado advogado inscrito na OAB/MG estava sendo processado


penalmente por Estelionato (art. 171, CP). A certa altura a OAB/MG pleiteia ingressar na ação
na condição de “assistente de defesa”, conforme art. 48, § único da Lei n. 8.906/94 (estatuto da
OAB); A justiça de MG nega o pedido e o caso chega ao STJ;
Premissas: i) o art. 49, § único da Lei n. 8.906/94 afirma “As autoridades mencionadas
no caput deste artigo têm, ainda, legitimidade para intervir, inclusive como assistentes, nos
inquéritos e processos em que sejam indiciados, acusados ou ofendidos os inscritos na OAB.”; ii)
o CPP não prevê a figura do “assistente de defesa”;
Neste caso, o advogado tem direito à assistência de defesa da OAB?
Decisão da 5° Turma/STJ: NÃO! A qualidade de advogado ostentada por qualquer das
partes, por si só, não legitima a Ordem dos Advogados do Brasil à assistência. O Estatuto da OAB

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deve ser interpretado em congruência com os dispositivos do CPP, o qual não prevê a figura da
assistência de defesa, mas tão somente da acusação.

4) DIREITO PENAL

A) DIFAMAÇÃO DE PARLAMENTAR EM REDES SOCIAIS


STF, 987 - A Primeira Turma julgou procedente pedido formulado em ação
penal para condenar deputado federal pela prática do crime de difamação
agravada. (AP-1021/DF)

Caso concreto: Em MAI/2015 foi editado um vídeo com trechos de discursos do então
deputado Jean Willys, os quais davam a entender que ele teria praticado racismo contra negros
durante uma audiência na Câmara dos Deputados. O vídeo foi publicado no perfil de rede social
do deputado Eder Mauro. Willys ingressou com ação penal privada por difamação contra o
deputado. A queixa-crime foi recebida pelo STF em 2017 (Info 876). Durante todo processo a
defesa alegou a imunidade parlamentar do deputado com causa extintiva da tipicidade.
A imunidade parlamentar permite esse tipo de conduta?
Decisão da 1º Turma: NÃO! A turma, por unanimidade, condenou o deputado Eder
Mauro pelo crime de difamação. A alegada imunidade material (art. 53, CR/88) não foi
reconhecida, dado que o parlamentar não praticou o ato em atividade de ofício. A imunidade
material serve à proteção do mandato, não do parlamentar. Quanto à materialidade ficou
evidenciada a edição do vídeo, com intenção de criar uma fala preconceituosa. Quanto à autoria,
demonstrou-se que o réu era o titular da página, que tinha consentimento prévio e
conhecimento do conteúdo fraudulento. Definiu-se a pena de 1 ano de detenção, convertida em
pagamento de 30 salários mínimos.

B) INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL (SEMI-IMPUTABILIDADE)


STJ, 675 - O reconhecimento da inimputabilidade ou semi-imputabilidade do
réu depende da prévia instauração de incidente de insanidade mental e do
respectivo exame médico-legal nele previsto. (REsp 1.802.845-RS)

Caso concreto: Um homem foi processado e condenado por Estupro da ex-companheira.


A partir dos depoimentos colhidos, o tribunal reconheceu a causa de redução de pena prevista
no art. 26, § único do CP (perturbação da saúde mental). O MP recorreu alegando a
impossibilidade desse reconhecimento, uma vez que estando atrelada a condição biológica
dependeria de laudo médico ou psicológico – o que não foi feito;
Premissas: i) no sistema da persuasão racional, adotado pelo CPP (art. 155), o juiz forma
sua convicção a partir da livre apreciação da prova; ii) em relação à imputabilidade o Código
Penal adota o critério biopsicológico (biológico + psicológico); iii) o exame médico-legal de
insanidade mental (art. 149/154, CPP) é o procedimento legalmente previsto para aferir a
saúde mental do acusado;
É possível reconhecer a semi-imputabilidade sem exame médico-legal?
Decisão da 6° Turma/STJ: NÃO! Embora o juiz não fique de nenhuma forma vinculado a
qualquer laudo pericial (art. 182, CPP), o mesmo não possui conhecimentos técnicos suficientes

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para aferir a sanidade mental do acusado/suspeito. Em razão disso, a Turma concluiu que ainda
que o juiz não adote a conclusão do perito, o exame médico-legal é indispensável para formar
sua convicção para fins de aplicação do art. 26 do CP.

C) ESTUPRO DE VÍTIMA EMBRIAGADA – “VULNERABILIDADE”


STJ, 675 - No crime sexual cometido durante vulnerabilidade temporária da
vítima, sob a égide do art. 225 do Código Penal com a redação dada pela Lei
n. 12.015/2009, a ação penal pública é condicionada à representação. (REsp
1.814.770-SP)

Caso concreto: determinado indivíduo praticou conjunção carnal com vítima maior de
idade que estava desacordada em razão de embriaguez (vulnerabilidade temporária). Ocorre
que após recobrar a consciência, a vítima só representou contra o agressor dois anos após
conhecer a autoria. Ainda assim, o agressor foi processado e condenado por estupro. Tudo isso
aconteceu sob a égide da Lei 12.015/09. O réu ingressou com RESP no STJ alegando que por
terem passado 06 meses sem a representação teria ocorrido a decadência e extinção da
punibilidade.
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título,
procede-se mediante ação penal pública condicionada à
representação.
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal
pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou
pessoa vulnerável.” (NR)
Premissas: i) Entre 2009 e 2018, sob a égide da Lei 12.015/09, o delito de estupro era,
em regra, condicionado à representação da vítima, sendo incondicionado nas hipóteses de
vítima menor de 18 anos e “pessoa vulnerável”; ii) a doutrina distingue a vulnerabilidade em
permanente (ex. doença mental) ou temporária (ex. embriaguez);
Cinge-se a controvérsia em saber se nos casos de vulnerabilidade temporária o delito
permanece sendo de ação penal pública incondicionada ou volta a depender de representação
quando a vítima retoma sua consciência.
Nesse caso, o STJ concordou com o argumento do réu?
Decisão 6º Turma/STJ: SIM! A turma reconheceu a divergência sobre o tema, e decidiu
que nestas hipóteses o delito volta a depender de representação da vítima. Com isso concluiu
pela decadência e consequente extinção da punibilidade. Fundamentou a decisão na
necessidade de interpretar o direito penal de forma restritiva, em respeito aos princípios da
mínima intervenção, ofensividade, contraditório e presunção de inocência.
Ainda sobre o tema, saiba que:
1. A 5º Turma/STJ possui jurisprudência oposta à apresentada, entendendo que nestes
casos o delito permanece sendo de ação penal pública incondicionada;
2. Desde de 2018, com a redação da Lei n. 13.718/18, todas as modalidades de Estupro
passaram a ser crimes de ação penal pública incondicionada;
3. No entanto, a Lei 12.015/09, por ser mais benéfica aos réus, segue regulando os fatos
que ocorreram durante sua vigência (efeito da ultratividade da lei penal);

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5) DIREITO PREVIDENCIÁRIO
A) BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE X ATIVIDADE REMUNERADA
STJ, 675 - No período entre o indeferimento administrativo e a efetiva
implantação de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez, mediante
decisão judicial, o segurado do Regime Geral de Previdência Social – RGPS
– tem direito ao recebimento conjunto das rendas do trabalho exercido,
ainda que incompatível com sua incapacidade laboral, e do respectivo
benefício previdenciário pago retroativamente. (REsp 1.788.700-SP)

Caso concreto: “João” ingressa com pedido de auxílio-doença no INSS e tem o benefício
negado administrativamente. Em razão disso, ingressa com ação judicial e, enquanto o caso não
é julgado, segue trabalhando para prover seu sustento. A ação é julgada procedente e determina
o pagamento do benefício desde o requerimento administrativo. O INSS, por sua vez, nega o
pagamento no período em que o cidadão trabalhou, dado o caráter substitutivo do benefício. O
caso chega ao STJ via Recurso Especial.
Premissas: i) alguns benefícios previdenciários, como é o caso do auxílio-doença e da
aposentadoria por invalidez, possuem o caráter substitutivo de renda; ii) tais benefícios, por
sua própria natureza, não podem ser recebidos de forma concomitante com a renda decorrente
de atividade laboral; ii) desse modo, alguém que esteja recebendo o auxílio-doença e volte a
trabalhar terá o benefício imediatamente suspenso;
No caso, “João” faz jus ao recebimento conjunto das rendas de trabalho + auxílio-doença?
Decisão da 1° Seção STJ: SIM. O não recebimento do benefício se deu por culpa do
próprio INSS, que o negou de forma indevida. Com isso, ainda que materialmente incapacitado,
o beneficiário teve que seguir trabalhando para prover suas necessidades básicas – “sobre-
esforço”. O trabalho enquanto aguardava o provimento judicial configura-se atividade de boa-
fé do segurado, logo é justo o pagamento da contraprestação pelo seu exercício.

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EXERCÍCIOS
1. Segundo o STF, não se afigura possível a análise quanto ao mérito de alterações
legislativas nos sistemas de índices de atualização de preços pelo Poder Judiciário, dado
tratar-se de hipótese de autocontenção judicial.
CERTO ( ) ERRADO ( )

2. Os precatórios não pagos no período constitucionalmente previsto estão sujeitos a


incidência de juros de mora.
CERTO ( ) ERRADO ( )

3. Segundo o STF, não se admite habeas corpus contra medidas cautelares diversas da
prisão, ainda que seu descumprimento possa resultar na prisão preventiva do paciente.
CERTO ( ) ERRADO ( )

4. Admite-se a conversão de prisão preventiva em medida cautelar diversa da prisão,


podendo, a depender do caso concreto, o descumprimento ser convertido em nova
decisão de recolhimento cautelar.
CERTO ( ) ERRADO ( )

5. É pacífica a jurisprudência no sentido de que compete à Justiça do Trabalho processar e


julgar as ações decorrentes de relações trabalhistas, sejam elas de natureza celetista ou
estatutária.
CERTO ( ) ERRADO ( )

6. A regra da obrigatoriedade do concurso público, prevista no art. 37, II da CR/88, aplica-


se inclusive aos cargos em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.
CERTO ( ) ERRADO ( )

7. A definição do teto constitucional, previsto no art. 37, XI da Constituição Federal, abrange


tanto a remuneração de servidores da ativa quanto as aposentadoria e pensões, as quais
devem ser consideradas cumulativamente.
CERTO ( ) ERRADO ( )

8. Os contratos de trabalho de servidores públicos temporários, regidos pelo art. 37 da


Constituição Federal, submetem-se ao regime celetista.
CERTO ( ) ERRADO ( )

9. Segundo o STF, nas ações penais em que haja colaboração premiada, a ordem das
alegações finais deve ser a seguinte: primeira manifesta-se a acusação; segundo
manifestam-se os corréus delatores; por último manifestam-se os réus delatados.
CERTO ( ) ERRADO ( )

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10. Segundo o STF, os poderes instrutórios do juiz, previstos no art. 156 do CPP, admitem
uma atuação proativa, inclusive juntando termos de colaboração premiada sem que haja
pedido das partes.
CERTO ( ) ERRADO ( )

11. De acordo com a legislação vigente e a jurisprudência do STF, a ABIN possui legitimidade
para requisitar de todos os órgãos que compõe o sistema brasileiro de inteligência
(SISBIN) informações constantes em suas bases de dados, independente de eventual
existência de cláusula de reserva de jurisdição.
CERTO ( ) ERRADO ( )

12. Segundo a legislação vigente, nos crimes de porte de drogas para consumo pessoal (art.
28, Lei 11.343/06), a pessoa flagrada deve ser encaminhada diretamente ao juízo
competente, cabendo à autoridade judiciária lavrar o respectivo termo circunstanciado
de ocorrência.
CERTO ( ) ERRADO ( )

13. Em recente decisão, o STF assentou a legitimidade exclusiva da autoridade judiciária para
lavratura de termos circunstanciados de ocorrência acerca da prática delitiva de porte
de drogas para consumo pessoal.
CERTO ( ) ERRADO ( )

14. Os prejuízos sofridos por candidatos em razão de cancelamento de provas em concursos


públicos devem correr por conta exclusiva da entidade de direito privado organizadora,
excluindo-se, assim, o órgão estatal contratante.
CERTO ( ) ERRADO ( )

15. A liberdade de opinião e manifestação dos parlamentares impõe contornos à imunidade


material, a qual deve ser aplicada nos limites estritamente necessários à preservação do
mandato.
CERTO ( ) ERRADO ( )

16. A atividade de segurança pública é exercida pelo rol taxativo de órgãos previsto no art.
144 da Constituição Federal, dentre os quais se incluem os agentes de trânsito – os quais
exercem atividade de segurança viária.
CERTO ( ) ERRADO ( )

17. Embora em regra o benefício previdenciário do auxílio-doença seja incompatível com o


recebimento de recursos decorrentes de atividade laboral, o STJ admite o pagamento
conjunto nas hipóteses em que o trabalhador teve o benefício negado e precisou
trabalhar até que decisão judicial determinasse o provimento.
CERTO ( ) ERRADO ( )

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18. A competência da justiça militar é, por expressa disposição constitucional, delimitada


apenas pelo critério subjetivo, bastando o delito ser praticado por “militar” para atrair
sua competência.
CERTO ( ) ERRADO ( )

19. Segundo a jurisprudência do STJ, a competência da justiça militar é restrita ao processo


e julgamento de militares em serviço, excluindo-se quaisquer fatos alheios a esta
situação.
CERTO ( ) ERRADO ( )

20. A simples condição de ser advogado inscrito na OAB não garante ao réu o direto à
assistência de defesa da OAB, dado que tal figura sequer é prevista na legislação
processual penal.
CERTO ( ) ERRADO ( )

21. Por se tratar de matéria eminentemente técnica, não cabe ao juiz decidir em sentido
contrário às conclusões do exame médico-legal que atesta a insanidade mental do
acusado.
CERTO ( ) ERRADO ( )

22. As fundações públicas de direito público possuem natureza jurídica de autarquia, razão
pela qual são criadas por lei específica.
CERTO ( ) ERRADO ( )

23. Segundo a jurisprudência do STF, admite-se o compartilhamento de dados e informações


entre os órgãos que compõe o Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), desde que tal
solicitação seja feita de maneira formal e comprovado o interesse público mediante
fundamentação específica.
CERTO ( ) ERRADO ( )

24. Dado tratar-se de atividade alheia ao controle jurisdicional, admite-se que os órgãos de
inteligência promovam investigações sigilosas e elaborem documentos do tipo “dossiê”
com informações de cunho pessoal e profissional de pessoas suspeitas.
CERTO ( ) ERRADO ( )

25. Situação hipotética: devido aos graves problemas na área de segurança pública e visando
preservar a incolumidade dos agentes de trânsito, o governador do Estado do Rio de
Janeiro cria lei que autoriza o porte de arma por estes agentes quando em serviço. Neste
caso, segundo a jurisprudência do STF, a norma é considerada inconstitucional.
CERTO ( ) ERRADO ( )

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26. As decisões em sede de ADI, declaratórias de inconstitucionalidade de leis, possuem


efeitos ex-tunc, ou seja, retroagem à data da criação da norma, não se admitindo
quaisquer exceções.
CERTO ( ) ERRADO ( )

27. Situação hipotética: João, Cássio, Pedro e Paulo foram denunciados por uma série de
crimes, dentre os quais o de Organização Criminosa. No curso do processo, João decide
colaborar e delata os ex-companheiro. Marcada a audiência de instrução e julgamento,
Cássio requer ao juiz que possa apresentar suas alegações finais após as alegações de
João (delator), dado que o conteúdo pode prejudicar sua defesa.
Conforme a jurisprudência do STF, assiste razão ao pedido da defesa de Cássio.
CERTO ( ) ERRADO ( )

28. Nos flagrantes decorrentes da Lei de Drogas (Lei 11.343/06) a primazia pela lavratura
do Auto de Prisão em Flagrante ou Termo Circunstanciado é do magistrado, podendo ser
realizado pela autoridade policial apenas na impossibilidade do primeiro.
CERTO ( ) ERRADO ( )

29. Compete à Justiça Militar processar em julgar os crimes militares definidos em lei.
CERTO ( ) ERRADO ( )

30. A imunidade material é um obstáculo a toda e qualquer possibilidade de


responsabilização penal, cível ou administrativa em razão das palavras, votos e gestos
dos parlamentares federais.
CERTO ( ) ERRADO ( )

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GABARITO COMENTADO
1. ERRADO. Em que pese esta posição ter sido defendida pelo Ministro Luís Roberto
Barroso na ADI 3005/DF, venceu a tese de que o tribunal pode analisar o mérito de
atualizações de índices de preços quanto tratar-se de ato jurídico geral e abstrato.
2. CERTO. Como visto o prazo constitucionalmente previsto é até o final do exercício
seguinte à apresentação do precatório, o qual deve ocorrer até o dia 1º JUL do ano
corrente.
3. ERRADO. Conforme narrado no HC 170735, a 1° Turma/STF admitiu o remédio
constitucional para análise da legalidade de medidas cautelares diversas da prisão,
justamente sob o argumento de que seu eventual descumprimento poderia ensejar a
prisão preventiva da paciente.
4. CERTO. As medidas cautelares têm como uma de suas características a temporalidade,
ou seja, a depender de eventual mudança na situação fática, pode também o juiz mudar
sua decisão.
5. ERRADO. Em que pese a redação do art. 114, I da CR/88, a jurisprudência do STF é firme
no sentido de que a competência da Justiça do Trabalho não alcança as relações
trabalhistas decorrentes de vínculo jurídico-estatutário. Nestes casos, a competência
será da justiça comum – estadual ou federal – a depender do órgão ao qual estão
vinculados os servidores.
6. ERRADO. Os cargos em comissão não estão sujeitos às regras gerais do concurso público.
7. CERTO. A redação atual do art. 37, XI é a mais ampla possível, incluindo tanto os
proventos decorrentes de remuneração quanto de pensões, confira: “a remuneração e o
subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta,
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza,
não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal
Federal (...).
8. ERRADO. Essas contratações submetem-se ao regime jurídico-administrativo, e não à
Consolidação das Leis do Trabalho. No entanto, os direitos trabalhistas (décimo terceiro
e terço de férias) dependem de expressa disposição no contrato.
9. CERTO. É exatamente esta a posição do STF para as ações penais em que exista delação
premiada (espécie de colaboração). Embora os delatores não passem ao polo acusatório,
entende-se que suas manifestações possuem conteúdo capaz de criar prejuízos aos
demais réus (delatados). Por esta razão, as alegações devem seguir a seguinte ordem:
acusação, réus delatores e apenas ao final os réus delatados;
10. ERRADO. Antes mesmo do Pacote Anticrime (Lei n. 13964/19) já era amplamente
majoritário o entendimento de que o sistema adotado pelo Brasil era o Acusatório, razão
pela qual os poderes instrutórios do juiz são subsidiários e complementares. Com a
entrada em vigor da Lei 13.964/19 isto passou a ser norma expressa no CPP “Art. 3º-A. O
processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de
investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação”. A postura ativa
do magistrado, praticando atos em nome das partes (acusação ou defesa) configura
violação a tal sistema, possibilitando a anulação de eventual ato com caráter acusatório.
Foi exatamente esse o caso julgado pelo STF no HC 163943, quando o magistrado juntou

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aos autos acordo de colaboração premiada sem que sequer houvesse pedido do órgão de
acusação.
11. ERRADO. Conforme discutido na ADI 6529 esse compartilhamento de informações só é
admitido quando há interesse público e seguindo a rígidos controles quanto ao acesso e
emprego dos dados. Ademais, mesmo quando há interesse público, o compartilhamento
de informações que possuam cláusula de reserva de jurisdição não é admitido da forma
prevista em lei (por mera requisição).
12. CERTO. Por mais excêntrico que lhe pareça (principalmente para quem já é policial), é
exatamente isso que diz a redação do art. 48, §3º da Lei 11.343/06, bem como é a
interpretação aceita pelo STF. Portanto, assim que flagrado um delito do art. 28, o
encaminhamento imediato é para o juízo, não para a delegacia.
13. ERRADO. Cuidado! Em nenhum momento do STF afirmou ser essa uma competência
exclusiva do poder judiciário, mas tão somente prioritária – dado ser a que melhor
resguarda os interesses da pessoa flagrada portando drogas. Portanto, pode a autoridade
lavrar o TCO, na prática é isso que ocorre na imensa maioria das vezes.
14. ERRADO. Em que pese a responsabilidade seja prioritariamente da entidade
organizadora do certame (banca), não se exclui a possibilidade de responsabilização do
Estado – a qual deve ser dar de forma subsidiária. Agora você já sabe: em caso de
prejuízos decorrentes de cancelamento de concurso público ingressa em juízo contra a
empresa organizadora e, subsidiariamente, contra o Ente Público contratante.
Apenas a título de curiosidade. Esse que vos escreve foi um dos muitos que viajou, gastou
com hotel, passagens, etc e não realizou essa prova de 2007 da PRF. Lembro como se fosse
hoje o desânimo que me bateu naquele dia. Mas concurseiro que se preze não tem tempo pra
desânimo. Retomei os estudos com força e fiz a prova desse mesmo concurso em 2018.
Resumo da ópera: no dia 19/JUL/19 tomava posse como Policial Rodoviário Federal (as
datas de posse vc nunca esquece!). Portanto, tenha ânimo. A jornada não será fácil, quem
te disser isso está mentindo, mas no final vai valer a pena!
15. CERTO. Conforme visto, a imunidade material parlamentar não é absoluta, devendo
servir à preservação do mandato. Não se alberga sobre a imunidade material ofensas
irrogadas em redes sociais que não guardem relação com o mandato.
16. ERRADO. Está correto dizer que o rol do art. 144 da CR/88 é taxativo e também é correto
dizer que os agentes de trânsito exercem atividade de segurança viária. No entanto, está
errado afirmar que os agentes de trânsito compõem o rol de órgãos que realizam a
atividade de segurança pública. As atividades de segurança pública e segurança viária
não se confundem, de maneira que a primeira é exercida exclusivamente pelo rol taxativo
de órgãos previstos no art. 144 da CR/88.
17. CERTO. A regra é que o auxílio-doença é substitutivo da remuneração, contudo, no caso
analisado, o beneficiário deixou de receber por culpa do próprio INSS. Em razão disso
teve que voltar a trabalhar (atividade de sobre-esforço) até que recebesse o provimento
judicial. Cuidado! Isso não significa que alguém que já esteja recebendo o auxílio-doença
possa voltar a trabalhar. Nesse caso o benefício será imediatamente cortado! Embora
pouco relevante para a Polícia Civil, essa decisão pode ser cobrada nos concursos de
Delegado da Polícia Federal.
18. ERRADO. Primeiro que a Constituição não possui essa disposição expressa. Segundo que,
da forma que a assertiva afirma, todo delito praticado por militar seria julgado pela
justiça militar, o que não possui previsão constitucional ou legal.

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19. ERRADO. Mais uma vez a assertiva peca pela generalidade. Embora o tema seja
controverso, nenhum dos tribunais superiores (STF/STJ) possui jurisprudência nesse
sentido. À Justiça militar compete julgar “militares em atividade”, não necessariamente
“em serviço”, nas condutas que causem prejuízo a bem ou ao serviço militar
juridicamente tutelado.
20. CERTO. O CPP não prevê “assistência de defesa” mas tão somente “assistência de
acusação”. Embora o Estatuto da OAB faça menção a tal figura jurídica, a previsão deve
ser interpretada à luz da legislação processual penal.
21. ERRADO. Embora se reconheça o alto grau de tecnicidade da matéria, o juiz não fica de
nenhuma forma vinculado ao resultado do exame de insanidade mental, tampouco de
qualquer outra perícia;
22. CERTO. Fundação pública de direito público é sinônimo de autarquia. Em razão disso, é
correto dizer que elas são criadas e não autorizadas por lei. Já as fundações públicas de
direito privado são autorizadas por lei específica e não têm natureza autárquica.
23. CERTO. É comum e válido que os órgãos que compõe o SISBIN compartilhem dados e
informações constantes em seus bancos. Isso é, inclusive, um dos princípios de
funcionamento do sistema de inteligência. A ABIN, enquanto órgão central do sistema,
possui a prerrogativa de requisitar esse compartilhamento. O que o STF decidiu na ADI
6529 foi que esse compartilhamento deve ser feito de maneira formal, sempre
fundamentada e com vistas a atender o interesse público. Com isso, veda-se qualquer tipo
de uso indevido dessas informações, seja para atingir direitos fundamentais ou beneficiar
pessoas que ocupem funções chave na República. Em síntese: o serviço de inteligência
não é “arapongagem”, deve estar voltado ao interesse da sociedade, não de seus
operadores ou dos governantes.
24. ERRADO. O serviço de inteligência não se confunde com a atividade de investigação
policial, são atividades distintas e com objetivos distintos. Isso não significa que a mesma
não se submeta ao controle judicial, tampouco que possa ser usada para a criação de
“dossiês” com viés político-ideológico.
25. CERTO. Há um vício de iniciativa na criação desta lei, dado que somente cabe à União
regular assuntos como o porte e posse de armamento. Ademais, agentes de trânsito não
compõem o rol de órgãos que exercem a segurança pública. Por tudo, não cabe ao
governador estadual legislar sobre essa matéria.
26. ERRADO. A regra é de fato esta, contudo o STF admite algumas exceções. Entre os
julgados trabalhos neste material, vimos que na ADI 1251 o STF modulou os efeitos da
sua decisão, com vistas a não atingir situações jurídica já placitadas. Observe que isto não
é uma regra geral, nem sempre esse “direito de opção” irá prevalecer. As decisões da
Corte costumam variar muito de caso a caso. O importante é que você tenha em mente
que existem exceções à regra geral de efeitos ex-tunc para as decisões declaratórias de
inconstitucionalidade.
27. CERTO. Segundo o STF, o corréu delatado tem sim o direito de apresentar suas alegações
finais após o corréu delator. Em que pese o réu delator não se torne parte da acusação,
entende a Corte que suas alegações podem de fato prejudicar os demais. Em razão disso,
em homenagem ao princípio da ampla defesa e do contraditório, o STF concorda com o
argumento apresentado na questão.
28. ERRADO. Não viaja, concurseiro! Essa decisão é apenas para o crime do art. 28 (porte de
drogas para consumo pessoal). Nos demais casos quem lavra o flagrante é sempre o

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delegado de polícia. Ademais, isso sequer é competência de juiz. A decisão do STF aplica-
se apenas para termos circunstanciados.
29. CERTO. É exatamente o que diz o art. 124 da CR/88. A divergência existe na definição do
que seja “crime militar”, mas não há dúvida de que quem os julga é a Justiça Castrense.
30. ERRADO. Há muito o STF vem considerando que a imunidade não “blinda” o parlamentar
para dizer o que bem entende, tampouco para ofender pessoas. A imunidade serve como
proteção ao mandato, à liberdade de discurso do parlamentar. Na AP-1021/DF vimos um
exemplo de parlamentar condenado por difamação em razão do uso indevido de suas
redes sociais.

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