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SUMÁRIO
CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA – AGOSTO DE 2020 ................................................................................ 2
1) DIREITO CONSTITUCIONAL .......................................................................................................... 2
A) RETROATIVIDADE DE ÍNDICES DE ATUALIZAÇÃO DE PREÇOS: INCONSTITUCIONALIDADE ........... 2
B) PRECATÓRIO: INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA ........................................................................ 3
C) SERVIDORES TEMPORÁRIOS: DIREITOS TRABALHISTAS ............................................................. 4
D) COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO ............................................................................... 4
E) POLÍTICAS DE SAÚDE PARA POVOS INDÍGENAS (COVID-19) ...................................................... 5
F) TETO CONSTITUCIONAL: SOMATÓRIO DE PROVENTOS + PENSÃO ............................................. 5
G) SISTEMA BRASILEIRO DE INTELIGÊNCIA: FORNECIMENTO DE DADOS À ABIN............................. 6
H) RELATÓRIOS DE INTELIGÊNCIA CONTRA GRUPOS “ANTIFASCISTAS” .......................................... 7
I) LEGISLAÇÃO ESTADUAL SOBRE PORTE DE ARMA E ATIVIDADE DE SEGURANÇA PÚBLICA ........... 7
2) DIREITO ADMINISTRATIVO .......................................................................................................... 8
A) SERVIDORES PÚBLICOS: NECESSIDADE DE CONCURSO PÚBLICO ................................................ 8
B) CANCELAMENTO DE CONCURSOS PÚBLICOS: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO ................. 8
C) FUNDAÇÕES PÚBLICAS DE DIREITO PRIVADO: CUSTAS PROCESSUAIS ........................................ 9
3) DIREITO PROCESSUAL PENAL ..................................................................................................... 10
A) CABIMENTO DE HC CONTRA CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO ............................................ 10
B) “HABEAS CORPUS” – DESENTRANHAMENTO DE TERMO DE COLABORAÇÃO DE CORRÉU ......... 10
C) LAVRATURA DE TCO: AUTORIDADE POLICIAL X JUDICIÁRIA .................................................... 11
D) COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR ...................................................................................... 11
E) ATUAÇÃO DA OAB QUANDO O RÉU É ADVOGADO ................................................................. 12
4) DIREITO PENAL ......................................................................................................................... 13
A) DIFAMAÇÃO DE PARLAMENTAR EM REDES SOCIAIS .............................................................. 13
B) INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL (SEMI-IMPUTABILIDADE) ............................................... 13
C) ESTUPRO DE VÍTIMA EMBRIAGADA – “VULNERABILIDADE” .................................................... 14
5) DIREITO PREVIDENCIÁRIO ......................................................................................................... 15
A) BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE X ATIVIDADE REMUNERADA .................................................. 15
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................... 16
GABARITO COMENTADO .................................................................................................................. 20
Apresento a coletânea de julgados do STF e STJ do mês de agosto de 2020, relativo às matérias
de Direito Constitucional, Direito Penal, Processo Penal e Direito Administrativo. Neste mês
acresci um julgado de Direito Previdenciário, que por seu teor pode ser cobrado nos concursos
de delegado federal.
O material está organizado por ramo do direito e por assuntos. As decisões são apresentadas
no seguinte formato: i) destaque, com trecho do acórdão; ii) caso concreto, com uma
explicação sucinta dos fatos; iii) premissas, onde identificamos aspectos legais e doutrinários
sobre o tema; e iv) decisão, com o resultado do provimento judicial e seus fundamentos. A
depender do tema essa ordem é invertida ou resumida em uma “breve análise”, sempre focando
nos assuntos que possam ser cobrados nos concursos de Delta.
Ao final são propostas 30 (trinta) questões inéditas ao estilo “CERTO X ERRADO”, todas
comentadas. Sugiro que você inicie logo pelas questões, pois elas irão suscitar a curiosidade e a
dúvida sobre os assuntos apresentados e discutidos ao longo do material.
Acompanhe também os nossos eventos pelo canal do ALFACON no youtube.
Bons estudos!
➢ Informativos analisados:
• STJ – 675, 676;
• STF – 984, 985, 986, 987;
1) DIREITO CONSTITUCIONAL
Caso concreto: Em sua redação original, o art. 26 da Lei 8.177/1991 previra o seguinte:
Art. 26. As operações de crédito rural contratadas junto às
instituições financeiras, com recursos oriundos de depósitos à vista e
Breve análise do RE 594892: em seu texto originário do art. 100, §1º CR/88
determinava que os precatórios judiciais apresentados até 1º de julho deveriam ser pagos até
o final do exercício seguinte. Neste período, o STF editou a SV n.17 com o seguinte teor “Durante
o período previsto no parágrafo 1º do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre
os precatórios que nele sejam pagos.” Ocorre que a redação do art. 100 foi alterada pela EC n.
62/2009 e o conteúdo do § 1º consta, atualmente, no §5º, do art. 100 da CR/88.
Entenda o RE 1.169.289 julgado pelo Plenário Virtual que trata do mesmo tema:
Análise do RE 1.169.289: no referido RE firmou-se a seguinte tese: “o enunciado da
Súmula Vinculante 17 não foi afetado pela superveniência da Emenda Constitucional 62/2009,
de modo que não incidem juros de mora no período de que trata o § 5º do art. 100 da
Constituição. Havendo o inadimplemento pelo ente público devedor, a fluência dos juros inicia-
se após o 'período de graça'"
Portanto, não incidem juros de mora quando o precatório for pago no prazo estipulado
pela constituição (até o final do exercício seguinte). Caso não ocorra o pagamento nesse
período, os juros voltam a correr a contar do dia 1º de janeiro do próximo exercício.
Acompanhe o exemplo:
Foi pago? Não incide juros de
Deve ser pago até 31
Precatório apresentado mora;
DEZ/2019;
até 1º JUL/2018 Não foi pago? Volta a correr juros
(CR, art. 100, § 5°)
em 1º JAN/20
Caso concreto: uma determinada pessoa foi contratada como temporária pelo Estado de
Minas Gerais. O contrato “temporário” estendeu-se por quase 06 anos - de DEZ/2003 a
MAR/2009. Após sua extinção, a ex-servidora ingressou judicialmente com pedido de
pagamento de décimo terceiro salário e terço de férias, os quais não eram previstos no contrato.
O estado de MG recorreu e o caso teve repercussão geral reconhecida pelo STF.
Premissas: i) a contratação de trabalhadores temporários pelo poder público possui
previsão legal no art. 37, IX da CR/88; ii) Essas contratações submetem-se ao regime jurídico-
administrativo, e não à Consolidação das Leis do Trabalho; iii) o direito ao décimo terceiro
salário e terço de férias nos contratos temporários dependem de expressa previsão legal ou
contratual; iv) o contrato sob análise não previa tais verbas, contudo foi desvirtuado pelo
contratante (Estado de MG);
Nesse caso, o servidor temporário faz jus ao décimo terceiro salário e terço de férias?
Decisão do Plenário Virtual: SIM! O tribunal, por maioria, reconheceu a repercussão
geral e negou provimento ao recurso do Estado de MG, determinando o pagamento dos direitos
trabalhistas. No caso, o contrato não previa tais direitos, contudo, houve um desvirtuamento da
contratação temporária, a qual foi prorrogada inúmeras vezes. Em razão disso, justifica-se o
pagamento das verbas em favor do trabalhador.
Justiça do Trabalho
Processo e julgamento das Celetistas (privadas)
relações de trabalho... Estatutárias (públicas) Justiça Comum
Breve análise: a ADPF 709 foi impetrada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil
(APIB) e 06 partidos políticos, contestando a tímida atuação do poder público na
implementação de políticas de saúde voltadas às comunidades indígenas, durante a pandemia
da COVID-19. O plenário referendou a cautelar já provida pelo Min. Barroso, na qual são
determinadas diretrizes para atuação do poder público.
Fundamentos da decisão: 1) os princípios da precaução e da prevenção, no que respeita à
proteção à vida e à saúde; 2) a necessidade de diálogo institucional entre o Judiciário e o Poder
Executivo em matéria de políticas públicas; 3) a imprescindibilidade de diálogo intercultural,
em toda questão que envolva os direitos de povos indígenas.
Em síntese, as cautelares deferidas foram as seguintes:
Para povos indígenas em isolamento ou Para povos indígenas em geral
com contato recente
1. Criação de barreiras sanitárias; 2. Criação 1. Inclusão, no Plano de Enfrentamento e
de Sala de Situação, para gestão de ações de Monitoramento da Covid-19; 2. Imediata
combate à pandemia, nos seguintes termos: extensão dos serviços do Subsistema
(i) composição pelas autoridades que a União Indígena de Saúde aos povos aldeados
entender pertinentes, bem como por situados em terras não homologadas. 3.
membro da PGR, da DPU e por Extensão dos serviços do Subsistema
representantes indígenas indicados pela Indígena de Saúde aos povos indígenas não
APIB; (ii) indicação de membros no prazo de aldeados, exclusivamente, por ora, quando
verificada barreira de acesso ao SUS geral. 4.
72 horas; (iii) convocação da primeira
reunião no prazo de 72 horas; (iv) designação Elaboração e monitoramento de um Plano de
e realização da primeira reunião no prazo de Enfrentamento da COVID-19 para os Povos
Indígenas pela União, no prazo de 30 dias;
até 72 horas da convocação;
Caso concreto: Em 1999 um servidor do TJ-DF falece e institui-se a pensão por morte à
sua companheira, também servidora do órgão, que passa a acumular a pensão com sua
sujeitos à reserva de jurisdição não podem ser compartilhados na forma do dispositivo em razão
daquela limitação, decorrente do respeito aos direitos fundamentais; e d) nas hipóteses
cabíveis de fornecimento de informações e dados à Abin, é imprescindível procedimento
formalmente instaurado e existência de sistemas eletrônicos de segurança e registro de acesso,
inclusive para efeito de responsabilização, em caso de eventuais omissões, desvios ou abusos.
Caso concreto: o MJSP teria promovido uma investigação sigilosa da qual resultou um
“dossiê” com nomes e dados pessoais de um grupo de 579 servidores públicos federais, dentre
policiais e professores. O grupo autodenominado “antifascistas”, caracteriza-se por manter uma
postura crítica ao atual Presidente da República. O Partido Rede Sustentabilidade impetrou
ADPF questionando a investigação;
A Constituição admite este tipo de investigação?
Decisão do Plenário: NÃO! A Corte conheceu a ADPF 722 e considerou o “dossiê”
incompatível com o art. 5º, XXXV da CR/88, dado que subtrai do Poder Judiciário o conhecimento
de informações que impactam no seu poder-dever de apreciar casos submetidos a seu exame.
Apontou-se, ainda, que esse tipo de investigação afronta a liberdade de pensamento e de
expressão, logo é incompatível com o estado de direito. Em síntese, determinou-se a cessação
ou impedimento de toda e qualquer investigação externa aos suportes constitucionais ou legais
existentes.
Breve análise: em sessão no Plenário Virtual, o STF apreciou 04 leis distritais que
tratavam sobre porte de arma para agentes de trânsito e atividade de segurança pública. Para
fins de concurso, é importante que você conheça o conteúdo e os fundamentos da decisão do
Supremo, os quais sintetizo a seguir: a) somente a União pode legislar sobre porte de armas de
fogo e seus titulares, inclusive quando se tratar de servidores públicos estaduais; b) norma
estadual, portanto, não pode dispor sobre tal matéria (inconstitucionalidade formal); c) os
Estados-Membros não podem atribuir o exercício de “atividades de segurança pública” a órgãos
estranhos aos definidos no art. 144 da CR/88, dado tratar-se de rol taxativo; d) a atividade de
“segurança viária” (art. 144, § 10, CR/88), da qual os agentes de fiscalização de trânsito fazem
parte, não se confunde com a atividade de “segurança pública”; e) agentes de trânsito não
exercem atividade de segurança pública, tampouco se admite norma estadual/distrital que lhes
atribua porte de arma de fogo, pois ambas contrariam materialmente a Constituição Federal;
2) DIREITO ADMINISTRATIVO
A) SERVIDORES PÚBLICOS: NECESSIDADE DE CONCURSO PÚBLICO
STF, 985 – É inconstitucional o art. 3º da Lei 11.816/1995 (MG) que prevê a
integração de servidores públicos aos quadros do TCE/MG por ofensa à regra
constitucional da obrigatoriedade do concurso público. (ADI 1251)
Caso concreto: O art. 3° da Lei 11.816/95 (MG) previa que os servidores da extinta Minas
Caixa que estivessem à disposição do TCE/MG em 30/11/94 poderiam requerer sua integração
ao quadro efetivo do tribunal no prazo de 30 dias. Neste período alguns servidores requereram
sua integração, outros não. A PGR ingressou com ADI alegando ofensa ao art. 37, II da CF. Em
30/06/1995, em decisão liminar, a corte suspendeu a eficácia da norma até decisão definitiva.
Esta lei é constitucional? Caso negativo, quais os efeitos da decisão para quem aderiu
antes da liminar?
Decisão do plenário: A norma é inconstitucional pois afronta o princípio (regra) do
concurso público. Em regra, a decisão de inconstitucionalidade possui efeitos ex-tunc, ou seja,
retroagem à data de criação da norma. Contudo, neste caso os efeitos foram modulados,
retroagindo à data de concessão da liminar (30/06/1995). Com isso, foram placitadas
(ratificadas) as situações jurídicas daqueles que requereram antes da liminar. Em síntese:
Quem aderiu antes da liminar (30/06/1995 Mantem o vínculo com o TCE/MG
Quem não aderiu antes da liminar Não poderá firmar vínculo com o TCE/MG
Caso concreto: o concurso público da PRF (Edital n. 01/2017) foi cancelado por indícios
de fraudes. As provas não chegaram a ocorrer, mas muitos candidatos gastaram com passagens
aéreas, acomodação, etc. Determinada pessoa que passou por esta situação ingressa em juízo,
cobrando da União indenização pelos prejuízos que sofreu. O caso ganhou repercussão geral.
Premissas: i) o Estado e as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços
públicos respondem pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causem a terceiros, quando
Caso concreto: uma empresa privada ingressa em juízo com uma ação de cobrança contra
uma Fundação de Saúde, cuja criação foi autorizada por lei municipal, a partir da doação de um
imóvel público. A fundação foi condenada na ação de cobrança, mas recorreu alegando que por
ter “natureza pública” seria isenta de custas processuais.
Premissas: i) existem no ordenamento jurídico brasileiro três tipos de fundações, sendo
crucial compreender a natureza de cada uma delas: a) fundações privadas: são instituídas por
particulares e submetem-se integralmente ao regime privado; ex. Fundação da Xuxa; b)
fundações públicas de direito público: são criadas por lei específica, possuem natureza jurídica
de “autarquia” e os mesmos privilégios da fazenda pública; ex. FUNAI; c) fundações públicas de
direito privado: são criadas mediante autorização de lei específica e exercem funções de
interesse público; Ex. a fundação do caso analisado.
Acompanhe a muito cobrada redação do art. 37, XIX da CR/88
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
último caso, definir as áreas de sua atuação;
Sistematizando, temos o seguinte:
Caso concreto: Em um dos processos penais que atua, a defesa do ex-presidente Lula
ingressou com HC alegando constrangimento ilegal e requerendo: 1º) sobrestamento da ação
penal até manifestação do Comitê dos Direitos Humanos da ONU; 2) concessão de prazo
sucessivo à oferta de alegações finais por parte dos corréus colaboradores e demais corréus;
3º) desentranhamento do termo de colaboração de Antônio Palocci, o qual teria sido juntado
“de ofício” pelo magistrado de 1º grau às vésperas do 1º turno das eleições presidenciais.
Decisão da 2° Turma/STF: a segunda turma, apreciando a matéria decidiu o seguinte
para cada um dos pedidos:
1º Pedido: sem adentrar ao mérito de eventual caráter vinculante das decisões do órgão
internacional, a Turma indeferiu o pedido, uma vez que sequer a decisão do CDH da ONU fazia
menção expressa a isso.
2º Pedido: foi considerado prejudicado. Em julgamento anterior, a 2º turma já havia
assentado a tese de que nas ações penais em que exista colaboração premiada, os corréus
delatados possuem a prerrogativa de apresentar suas alegações finais após os corréus
delatores. Esse entendimento foi mantido, favorecendo a defesa.
3º Pedido: a ordem foi concedida. Argumentou-se que o termo de colaboração foi juntado
aos autos às vésperas do 1º turno das eleições presidenciais, 03 meses após sua homologação,
após encerrada a instrução processual e sem que houvesse pedido expresso do órgão de
acusação. Dessa forma, o juízo teria violado o sistema acusatório, sendo a prova considerada
ilícita (art. 157, CPP) e, em razão disso, devendo ser desentranhada dos autos.
Caso concreto: A PM/MG foi chamada a atender uma situação de violência doméstica
contra mulher. Chegando ao local, identificou-se que o suposto agressor também era policial
militar. No curso dos acontecimentos, o PM efetuou disparos em direção aos colegas e à viatura
da guarnição. O policial foi processado e condenado na Justiça Militar por tentativa de homicídio
(art. 205, CPM). No recurso que chega ao STJ, alega-se incompetência absoluta da Justiça Militar
e, por consequência, a nulidade do processo.
Premissas: i) a competência da Justiça Militar é de julgar os crimes militares, conforme
definido pelo art. 124 da CR/88; ii) o conceito de “crime militar” é definido pelo art. 9° do CPPM;
CR/88 - Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar os
crimes militares definidos em lei.
CPPM - Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
(...) II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação
penal, quando praticados: a) por militar em situação de atividade ou
assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado;
Nesse caso, a competência é mesmo da Justiça Militar?
Decisão da 5º Turma/STJ: SIM! O HC foi indeferido, considerando-se competente a
Justiça Militar. Para a Turma, a configuração do crime militar não exige estar “em serviço”, ou
seja, efetivamente trabalhando. Ademais, afirmou-se que a expressão “em atividade” deve ser
entendida como contraponto à expressão “em inatividade”, e não como sinônimo da expressão
“em serviço”.
Contudo, a Turma reconheceu que a jurisprudência do STF e do próprio STJ já oscilou
sobre a mesma matéria, havendo decisões em sentido contrário. Neste julgado, por
unanimidade firmou-se a tese de que o critério de definição de competência da justiça militar
não pode ser puramente subjetivo (condição de militar), tampouco puramente objetivo (bem
jurídico protegido) – até porque muitos bens jurídicos são protegidos também pelo Código
Penal – a exemplo do próprio homicídio. Nessa senda, o melhor critério seria o misto: critério
subjetivo do militar em atividade + critério objetivo do bem ou serviço militar juridicamente
tutelado.
deve ser interpretado em congruência com os dispositivos do CPP, o qual não prevê a figura da
assistência de defesa, mas tão somente da acusação.
4) DIREITO PENAL
Caso concreto: Em MAI/2015 foi editado um vídeo com trechos de discursos do então
deputado Jean Willys, os quais davam a entender que ele teria praticado racismo contra negros
durante uma audiência na Câmara dos Deputados. O vídeo foi publicado no perfil de rede social
do deputado Eder Mauro. Willys ingressou com ação penal privada por difamação contra o
deputado. A queixa-crime foi recebida pelo STF em 2017 (Info 876). Durante todo processo a
defesa alegou a imunidade parlamentar do deputado com causa extintiva da tipicidade.
A imunidade parlamentar permite esse tipo de conduta?
Decisão da 1º Turma: NÃO! A turma, por unanimidade, condenou o deputado Eder
Mauro pelo crime de difamação. A alegada imunidade material (art. 53, CR/88) não foi
reconhecida, dado que o parlamentar não praticou o ato em atividade de ofício. A imunidade
material serve à proteção do mandato, não do parlamentar. Quanto à materialidade ficou
evidenciada a edição do vídeo, com intenção de criar uma fala preconceituosa. Quanto à autoria,
demonstrou-se que o réu era o titular da página, que tinha consentimento prévio e
conhecimento do conteúdo fraudulento. Definiu-se a pena de 1 ano de detenção, convertida em
pagamento de 30 salários mínimos.
para aferir a sanidade mental do acusado/suspeito. Em razão disso, a Turma concluiu que ainda
que o juiz não adote a conclusão do perito, o exame médico-legal é indispensável para formar
sua convicção para fins de aplicação do art. 26 do CP.
Caso concreto: determinado indivíduo praticou conjunção carnal com vítima maior de
idade que estava desacordada em razão de embriaguez (vulnerabilidade temporária). Ocorre
que após recobrar a consciência, a vítima só representou contra o agressor dois anos após
conhecer a autoria. Ainda assim, o agressor foi processado e condenado por estupro. Tudo isso
aconteceu sob a égide da Lei 12.015/09. O réu ingressou com RESP no STJ alegando que por
terem passado 06 meses sem a representação teria ocorrido a decadência e extinção da
punibilidade.
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título,
procede-se mediante ação penal pública condicionada à
representação.
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal
pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou
pessoa vulnerável.” (NR)
Premissas: i) Entre 2009 e 2018, sob a égide da Lei 12.015/09, o delito de estupro era,
em regra, condicionado à representação da vítima, sendo incondicionado nas hipóteses de
vítima menor de 18 anos e “pessoa vulnerável”; ii) a doutrina distingue a vulnerabilidade em
permanente (ex. doença mental) ou temporária (ex. embriaguez);
Cinge-se a controvérsia em saber se nos casos de vulnerabilidade temporária o delito
permanece sendo de ação penal pública incondicionada ou volta a depender de representação
quando a vítima retoma sua consciência.
Nesse caso, o STJ concordou com o argumento do réu?
Decisão 6º Turma/STJ: SIM! A turma reconheceu a divergência sobre o tema, e decidiu
que nestas hipóteses o delito volta a depender de representação da vítima. Com isso concluiu
pela decadência e consequente extinção da punibilidade. Fundamentou a decisão na
necessidade de interpretar o direito penal de forma restritiva, em respeito aos princípios da
mínima intervenção, ofensividade, contraditório e presunção de inocência.
Ainda sobre o tema, saiba que:
1. A 5º Turma/STJ possui jurisprudência oposta à apresentada, entendendo que nestes
casos o delito permanece sendo de ação penal pública incondicionada;
2. Desde de 2018, com a redação da Lei n. 13.718/18, todas as modalidades de Estupro
passaram a ser crimes de ação penal pública incondicionada;
3. No entanto, a Lei 12.015/09, por ser mais benéfica aos réus, segue regulando os fatos
que ocorreram durante sua vigência (efeito da ultratividade da lei penal);
5) DIREITO PREVIDENCIÁRIO
A) BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE X ATIVIDADE REMUNERADA
STJ, 675 - No período entre o indeferimento administrativo e a efetiva
implantação de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez, mediante
decisão judicial, o segurado do Regime Geral de Previdência Social – RGPS
– tem direito ao recebimento conjunto das rendas do trabalho exercido,
ainda que incompatível com sua incapacidade laboral, e do respectivo
benefício previdenciário pago retroativamente. (REsp 1.788.700-SP)
Caso concreto: “João” ingressa com pedido de auxílio-doença no INSS e tem o benefício
negado administrativamente. Em razão disso, ingressa com ação judicial e, enquanto o caso não
é julgado, segue trabalhando para prover seu sustento. A ação é julgada procedente e determina
o pagamento do benefício desde o requerimento administrativo. O INSS, por sua vez, nega o
pagamento no período em que o cidadão trabalhou, dado o caráter substitutivo do benefício. O
caso chega ao STJ via Recurso Especial.
Premissas: i) alguns benefícios previdenciários, como é o caso do auxílio-doença e da
aposentadoria por invalidez, possuem o caráter substitutivo de renda; ii) tais benefícios, por
sua própria natureza, não podem ser recebidos de forma concomitante com a renda decorrente
de atividade laboral; ii) desse modo, alguém que esteja recebendo o auxílio-doença e volte a
trabalhar terá o benefício imediatamente suspenso;
No caso, “João” faz jus ao recebimento conjunto das rendas de trabalho + auxílio-doença?
Decisão da 1° Seção STJ: SIM. O não recebimento do benefício se deu por culpa do
próprio INSS, que o negou de forma indevida. Com isso, ainda que materialmente incapacitado,
o beneficiário teve que seguir trabalhando para prover suas necessidades básicas – “sobre-
esforço”. O trabalho enquanto aguardava o provimento judicial configura-se atividade de boa-
fé do segurado, logo é justo o pagamento da contraprestação pelo seu exercício.
EXERCÍCIOS
1. Segundo o STF, não se afigura possível a análise quanto ao mérito de alterações
legislativas nos sistemas de índices de atualização de preços pelo Poder Judiciário, dado
tratar-se de hipótese de autocontenção judicial.
CERTO ( ) ERRADO ( )
3. Segundo o STF, não se admite habeas corpus contra medidas cautelares diversas da
prisão, ainda que seu descumprimento possa resultar na prisão preventiva do paciente.
CERTO ( ) ERRADO ( )
9. Segundo o STF, nas ações penais em que haja colaboração premiada, a ordem das
alegações finais deve ser a seguinte: primeira manifesta-se a acusação; segundo
manifestam-se os corréus delatores; por último manifestam-se os réus delatados.
CERTO ( ) ERRADO ( )
10. Segundo o STF, os poderes instrutórios do juiz, previstos no art. 156 do CPP, admitem
uma atuação proativa, inclusive juntando termos de colaboração premiada sem que haja
pedido das partes.
CERTO ( ) ERRADO ( )
11. De acordo com a legislação vigente e a jurisprudência do STF, a ABIN possui legitimidade
para requisitar de todos os órgãos que compõe o sistema brasileiro de inteligência
(SISBIN) informações constantes em suas bases de dados, independente de eventual
existência de cláusula de reserva de jurisdição.
CERTO ( ) ERRADO ( )
12. Segundo a legislação vigente, nos crimes de porte de drogas para consumo pessoal (art.
28, Lei 11.343/06), a pessoa flagrada deve ser encaminhada diretamente ao juízo
competente, cabendo à autoridade judiciária lavrar o respectivo termo circunstanciado
de ocorrência.
CERTO ( ) ERRADO ( )
13. Em recente decisão, o STF assentou a legitimidade exclusiva da autoridade judiciária para
lavratura de termos circunstanciados de ocorrência acerca da prática delitiva de porte
de drogas para consumo pessoal.
CERTO ( ) ERRADO ( )
16. A atividade de segurança pública é exercida pelo rol taxativo de órgãos previsto no art.
144 da Constituição Federal, dentre os quais se incluem os agentes de trânsito – os quais
exercem atividade de segurança viária.
CERTO ( ) ERRADO ( )
20. A simples condição de ser advogado inscrito na OAB não garante ao réu o direto à
assistência de defesa da OAB, dado que tal figura sequer é prevista na legislação
processual penal.
CERTO ( ) ERRADO ( )
21. Por se tratar de matéria eminentemente técnica, não cabe ao juiz decidir em sentido
contrário às conclusões do exame médico-legal que atesta a insanidade mental do
acusado.
CERTO ( ) ERRADO ( )
22. As fundações públicas de direito público possuem natureza jurídica de autarquia, razão
pela qual são criadas por lei específica.
CERTO ( ) ERRADO ( )
24. Dado tratar-se de atividade alheia ao controle jurisdicional, admite-se que os órgãos de
inteligência promovam investigações sigilosas e elaborem documentos do tipo “dossiê”
com informações de cunho pessoal e profissional de pessoas suspeitas.
CERTO ( ) ERRADO ( )
25. Situação hipotética: devido aos graves problemas na área de segurança pública e visando
preservar a incolumidade dos agentes de trânsito, o governador do Estado do Rio de
Janeiro cria lei que autoriza o porte de arma por estes agentes quando em serviço. Neste
caso, segundo a jurisprudência do STF, a norma é considerada inconstitucional.
CERTO ( ) ERRADO ( )
27. Situação hipotética: João, Cássio, Pedro e Paulo foram denunciados por uma série de
crimes, dentre os quais o de Organização Criminosa. No curso do processo, João decide
colaborar e delata os ex-companheiro. Marcada a audiência de instrução e julgamento,
Cássio requer ao juiz que possa apresentar suas alegações finais após as alegações de
João (delator), dado que o conteúdo pode prejudicar sua defesa.
Conforme a jurisprudência do STF, assiste razão ao pedido da defesa de Cássio.
CERTO ( ) ERRADO ( )
28. Nos flagrantes decorrentes da Lei de Drogas (Lei 11.343/06) a primazia pela lavratura
do Auto de Prisão em Flagrante ou Termo Circunstanciado é do magistrado, podendo ser
realizado pela autoridade policial apenas na impossibilidade do primeiro.
CERTO ( ) ERRADO ( )
29. Compete à Justiça Militar processar em julgar os crimes militares definidos em lei.
CERTO ( ) ERRADO ( )
GABARITO COMENTADO
1. ERRADO. Em que pese esta posição ter sido defendida pelo Ministro Luís Roberto
Barroso na ADI 3005/DF, venceu a tese de que o tribunal pode analisar o mérito de
atualizações de índices de preços quanto tratar-se de ato jurídico geral e abstrato.
2. CERTO. Como visto o prazo constitucionalmente previsto é até o final do exercício
seguinte à apresentação do precatório, o qual deve ocorrer até o dia 1º JUL do ano
corrente.
3. ERRADO. Conforme narrado no HC 170735, a 1° Turma/STF admitiu o remédio
constitucional para análise da legalidade de medidas cautelares diversas da prisão,
justamente sob o argumento de que seu eventual descumprimento poderia ensejar a
prisão preventiva da paciente.
4. CERTO. As medidas cautelares têm como uma de suas características a temporalidade,
ou seja, a depender de eventual mudança na situação fática, pode também o juiz mudar
sua decisão.
5. ERRADO. Em que pese a redação do art. 114, I da CR/88, a jurisprudência do STF é firme
no sentido de que a competência da Justiça do Trabalho não alcança as relações
trabalhistas decorrentes de vínculo jurídico-estatutário. Nestes casos, a competência
será da justiça comum – estadual ou federal – a depender do órgão ao qual estão
vinculados os servidores.
6. ERRADO. Os cargos em comissão não estão sujeitos às regras gerais do concurso público.
7. CERTO. A redação atual do art. 37, XI é a mais ampla possível, incluindo tanto os
proventos decorrentes de remuneração quanto de pensões, confira: “a remuneração e o
subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta,
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza,
não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal
Federal (...).
8. ERRADO. Essas contratações submetem-se ao regime jurídico-administrativo, e não à
Consolidação das Leis do Trabalho. No entanto, os direitos trabalhistas (décimo terceiro
e terço de férias) dependem de expressa disposição no contrato.
9. CERTO. É exatamente esta a posição do STF para as ações penais em que exista delação
premiada (espécie de colaboração). Embora os delatores não passem ao polo acusatório,
entende-se que suas manifestações possuem conteúdo capaz de criar prejuízos aos
demais réus (delatados). Por esta razão, as alegações devem seguir a seguinte ordem:
acusação, réus delatores e apenas ao final os réus delatados;
10. ERRADO. Antes mesmo do Pacote Anticrime (Lei n. 13964/19) já era amplamente
majoritário o entendimento de que o sistema adotado pelo Brasil era o Acusatório, razão
pela qual os poderes instrutórios do juiz são subsidiários e complementares. Com a
entrada em vigor da Lei 13.964/19 isto passou a ser norma expressa no CPP “Art. 3º-A. O
processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de
investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação”. A postura ativa
do magistrado, praticando atos em nome das partes (acusação ou defesa) configura
violação a tal sistema, possibilitando a anulação de eventual ato com caráter acusatório.
Foi exatamente esse o caso julgado pelo STF no HC 163943, quando o magistrado juntou
aos autos acordo de colaboração premiada sem que sequer houvesse pedido do órgão de
acusação.
11. ERRADO. Conforme discutido na ADI 6529 esse compartilhamento de informações só é
admitido quando há interesse público e seguindo a rígidos controles quanto ao acesso e
emprego dos dados. Ademais, mesmo quando há interesse público, o compartilhamento
de informações que possuam cláusula de reserva de jurisdição não é admitido da forma
prevista em lei (por mera requisição).
12. CERTO. Por mais excêntrico que lhe pareça (principalmente para quem já é policial), é
exatamente isso que diz a redação do art. 48, §3º da Lei 11.343/06, bem como é a
interpretação aceita pelo STF. Portanto, assim que flagrado um delito do art. 28, o
encaminhamento imediato é para o juízo, não para a delegacia.
13. ERRADO. Cuidado! Em nenhum momento do STF afirmou ser essa uma competência
exclusiva do poder judiciário, mas tão somente prioritária – dado ser a que melhor
resguarda os interesses da pessoa flagrada portando drogas. Portanto, pode a autoridade
lavrar o TCO, na prática é isso que ocorre na imensa maioria das vezes.
14. ERRADO. Em que pese a responsabilidade seja prioritariamente da entidade
organizadora do certame (banca), não se exclui a possibilidade de responsabilização do
Estado – a qual deve ser dar de forma subsidiária. Agora você já sabe: em caso de
prejuízos decorrentes de cancelamento de concurso público ingressa em juízo contra a
empresa organizadora e, subsidiariamente, contra o Ente Público contratante.
Apenas a título de curiosidade. Esse que vos escreve foi um dos muitos que viajou, gastou
com hotel, passagens, etc e não realizou essa prova de 2007 da PRF. Lembro como se fosse
hoje o desânimo que me bateu naquele dia. Mas concurseiro que se preze não tem tempo pra
desânimo. Retomei os estudos com força e fiz a prova desse mesmo concurso em 2018.
Resumo da ópera: no dia 19/JUL/19 tomava posse como Policial Rodoviário Federal (as
datas de posse vc nunca esquece!). Portanto, tenha ânimo. A jornada não será fácil, quem
te disser isso está mentindo, mas no final vai valer a pena!
15. CERTO. Conforme visto, a imunidade material parlamentar não é absoluta, devendo
servir à preservação do mandato. Não se alberga sobre a imunidade material ofensas
irrogadas em redes sociais que não guardem relação com o mandato.
16. ERRADO. Está correto dizer que o rol do art. 144 da CR/88 é taxativo e também é correto
dizer que os agentes de trânsito exercem atividade de segurança viária. No entanto, está
errado afirmar que os agentes de trânsito compõem o rol de órgãos que realizam a
atividade de segurança pública. As atividades de segurança pública e segurança viária
não se confundem, de maneira que a primeira é exercida exclusivamente pelo rol taxativo
de órgãos previstos no art. 144 da CR/88.
17. CERTO. A regra é que o auxílio-doença é substitutivo da remuneração, contudo, no caso
analisado, o beneficiário deixou de receber por culpa do próprio INSS. Em razão disso
teve que voltar a trabalhar (atividade de sobre-esforço) até que recebesse o provimento
judicial. Cuidado! Isso não significa que alguém que já esteja recebendo o auxílio-doença
possa voltar a trabalhar. Nesse caso o benefício será imediatamente cortado! Embora
pouco relevante para a Polícia Civil, essa decisão pode ser cobrada nos concursos de
Delegado da Polícia Federal.
18. ERRADO. Primeiro que a Constituição não possui essa disposição expressa. Segundo que,
da forma que a assertiva afirma, todo delito praticado por militar seria julgado pela
justiça militar, o que não possui previsão constitucional ou legal.
19. ERRADO. Mais uma vez a assertiva peca pela generalidade. Embora o tema seja
controverso, nenhum dos tribunais superiores (STF/STJ) possui jurisprudência nesse
sentido. À Justiça militar compete julgar “militares em atividade”, não necessariamente
“em serviço”, nas condutas que causem prejuízo a bem ou ao serviço militar
juridicamente tutelado.
20. CERTO. O CPP não prevê “assistência de defesa” mas tão somente “assistência de
acusação”. Embora o Estatuto da OAB faça menção a tal figura jurídica, a previsão deve
ser interpretada à luz da legislação processual penal.
21. ERRADO. Embora se reconheça o alto grau de tecnicidade da matéria, o juiz não fica de
nenhuma forma vinculado ao resultado do exame de insanidade mental, tampouco de
qualquer outra perícia;
22. CERTO. Fundação pública de direito público é sinônimo de autarquia. Em razão disso, é
correto dizer que elas são criadas e não autorizadas por lei. Já as fundações públicas de
direito privado são autorizadas por lei específica e não têm natureza autárquica.
23. CERTO. É comum e válido que os órgãos que compõe o SISBIN compartilhem dados e
informações constantes em seus bancos. Isso é, inclusive, um dos princípios de
funcionamento do sistema de inteligência. A ABIN, enquanto órgão central do sistema,
possui a prerrogativa de requisitar esse compartilhamento. O que o STF decidiu na ADI
6529 foi que esse compartilhamento deve ser feito de maneira formal, sempre
fundamentada e com vistas a atender o interesse público. Com isso, veda-se qualquer tipo
de uso indevido dessas informações, seja para atingir direitos fundamentais ou beneficiar
pessoas que ocupem funções chave na República. Em síntese: o serviço de inteligência
não é “arapongagem”, deve estar voltado ao interesse da sociedade, não de seus
operadores ou dos governantes.
24. ERRADO. O serviço de inteligência não se confunde com a atividade de investigação
policial, são atividades distintas e com objetivos distintos. Isso não significa que a mesma
não se submeta ao controle judicial, tampouco que possa ser usada para a criação de
“dossiês” com viés político-ideológico.
25. CERTO. Há um vício de iniciativa na criação desta lei, dado que somente cabe à União
regular assuntos como o porte e posse de armamento. Ademais, agentes de trânsito não
compõem o rol de órgãos que exercem a segurança pública. Por tudo, não cabe ao
governador estadual legislar sobre essa matéria.
26. ERRADO. A regra é de fato esta, contudo o STF admite algumas exceções. Entre os
julgados trabalhos neste material, vimos que na ADI 1251 o STF modulou os efeitos da
sua decisão, com vistas a não atingir situações jurídica já placitadas. Observe que isto não
é uma regra geral, nem sempre esse “direito de opção” irá prevalecer. As decisões da
Corte costumam variar muito de caso a caso. O importante é que você tenha em mente
que existem exceções à regra geral de efeitos ex-tunc para as decisões declaratórias de
inconstitucionalidade.
27. CERTO. Segundo o STF, o corréu delatado tem sim o direito de apresentar suas alegações
finais após o corréu delator. Em que pese o réu delator não se torne parte da acusação,
entende a Corte que suas alegações podem de fato prejudicar os demais. Em razão disso,
em homenagem ao princípio da ampla defesa e do contraditório, o STF concorda com o
argumento apresentado na questão.
28. ERRADO. Não viaja, concurseiro! Essa decisão é apenas para o crime do art. 28 (porte de
drogas para consumo pessoal). Nos demais casos quem lavra o flagrante é sempre o
delegado de polícia. Ademais, isso sequer é competência de juiz. A decisão do STF aplica-
se apenas para termos circunstanciados.
29. CERTO. É exatamente o que diz o art. 124 da CR/88. A divergência existe na definição do
que seja “crime militar”, mas não há dúvida de que quem os julga é a Justiça Castrense.
30. ERRADO. Há muito o STF vem considerando que a imunidade não “blinda” o parlamentar
para dizer o que bem entende, tampouco para ofender pessoas. A imunidade serve como
proteção ao mandato, à liberdade de discurso do parlamentar. Na AP-1021/DF vimos um
exemplo de parlamentar condenado por difamação em razão do uso indevido de suas
redes sociais.