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MEDICINA DO SONO: Métodos diagnósticos e sono normal

• Sono:
- É um estado fisiológico ativo
- Seu propósito ainda não foi totalmente elucidado, mas sabe-se que é importante para a consolidação da
memória e para o funcionamento básico do organismo
PLASTICIDADE NEURONAL
- Ocorre periodicamente obedecendo o ritmo circadiano
- Durante o sono há um aumento muito importante da atividade glinfática (limpeza do cérebro) – sendo
que essa função está praticamente nula durante a vigília (só tem 10% dessa atividade durante a vigília) –
uma das coisas eliminadas são os beta-amiloides que são encontrados em doenças como Alzheimer, pois
essa substância está relacionada à morte de neurônios;
- A atividade glinfática ocorre através dos canais de aquaporina que se abrem durante o sono e, com isso,
permitem a entrada de liquido cefalo raquidiano que vai passando por vasos e, assim, leva a sujeira com
ele.
- A ativação do sistema glinfático faz com que o cérebro faça sua limpeza, eliminando as neurotoxinas
produzidas durante o período de vigília. Devido ao aumento da permeabilidade, as substâncias tóxicas,
durante a noite, são liberadas do espaço perivascular das artérias e seguem em direção ao espaço
perivascular venoso, sendo levadas do cérebro, proporcionando a limpeza.
- Um mal funcionamento do sistema glinfático pode levar a diminuição da remoção de beta-amiloide e
consequente acúmulo da toxina, associada ao desenvolvimento da doença de Alzheimer.
* A idade está associada a disfunção glinfática devido a desregulação do transporte de água nos astrócitos.
- Durante o sono, há uma diminuição de 15-25% do consumo de energia cerebral – logo, não se pode dizer
que o sono serve para conservar energia!

• Duração do sono:
- Recém-nascidos: +-18h em curtos períodos -> 50% é sono REM (maturação cerebral) e 50% não REM
- 3 meses: tende a concentrar o sono à noite
- 6 meses: +-14h
- 2 anos: +- 12:30 horas, com cochilo diurno
- 6 anos: +- 11 horas, sem cochilo diurno
- 10 anos: +- 10 horas
- 15-19 anos: entre 7:30 a 8:30 horas
- Adultos: em geral 6-8 horas
* A partir dos 5 anos, a quantidade REM corresponde a cerca de 20%, aumenta o sono de ondas profundas
(ondas delta).
* Sono NÃO-REM é predominante – a partir dos 15 anos, 80% do sono é NÃO-REM!

• A avaliação do sono se dá por:

1. Anamnese:
Início da queixa, fator desencadeante, fatores de piora e melhora, tratamentos realizados, horário de
deitar, atividades antes de adormecer, tempo para adormecer, despertar noturno, ronco, sono agitado,
horário que acorda, horário que levanta, como se sente ao despertar, ambiente que dorme, cansaço,
irritabilidade e sonolência diurna, qualidade da memória, dores no corpo, atividade física, trabalho,
refeições, uso de psicoativos (cafeína), medicamentos, demais doenças, ansiedade, depressão,
relacionamento social e familiar, antecedentes familiares, uso de álcool, tabagismo.
2. Diário do sono – avaliação de insônia:
Paciente tem que responder logo que acorda! Vai descrever como foi a qualidade padrão do sono – o
paciente deve fazer o monitoramento do seu sono anotando o horário que vai deitar, o horário em que
apagou a luz, quanto tempo levou para dormir, que horas acordou e que horas levantou.
3. Escala de Sonolência de Epworth:
Qual a probabilidade de você adormecer nas seguintes situações: escolha o número mais apropriado para
cada situação:
0) Nunca cochilaria
1) Pequena chance de cochilar
2) Chance média de cochilar
3) Grande chance de cochilar
4. Actigrafia:
Medidor de tônus muscular, durante o sono, portanto, as ondas serão menores. É interessante para ver
ciclo circadiano.
4. Polissonografia (PSG):
Registro de múltiplas variáveis fisiológicas durante o sono. É uma ferramenta essencial para avaliação,
diagnóstico e estudo do sono. Pode também ser chamada de: poligrafia do sono, poligrafia de noite
inteira, EEG de sono. Exame padrão ouro para avaliação do sono.

• Tipos de estudo do sono:


- PSG de noite inteira: paciente chega por volta das 19h e é monitorado durante a noite inteira;
- Regulação do CPAP (pressão positiva contínua de ar): aparelho utilizado para pessoas com apneia. É feita
uma noite para diagnóstico e outra para manutenção do aparelho;
- Split night: quando se tem quase certeza que o paciente tem apneia grave;
- Estudos diurnos: não é recomentado, pois o sono REM é raro em cochilos diurnos. O estudo não pode ser
diagnóstico.
- Teste de múltiplas latências do sono (TMLS): realizado para avaliação de sonolência excessiva diurna
com suspeita de Narcolepsia. São 5 cochilos diurnos com intervalos de 2h entre eles. Avalia-se o tempo
para adormecer e a presença de sono REM.

• Polissonografia:
Colocação de eletrodos cerebrais (lado direito: par; lado esquerdo: ímpar) – coloca-se um ímpar e um par
para aumentar a amplitude da onda!
Os eletrodos são posicionados em: Centrais
Occiptais
Frontais

Serão analisados:
Canais de EEG (eletroencefalograma): C3-A2; C4-A1; F3-A2; F4-A1; O1-A2; O2-A1
EOG (eletrooculograma): Coloca-se os eletrodos na área ocular para saber se a pessoas está ou não
mexendo os olhos (sono REM)
EMG (eletromiograma): mentoniano e submentoninano (eletrodos no queixo: relaxamento das
musculaturas) e tibiais (para ver movimentação de pernas).
Respiratória: usado um termistor (o ar entra normal e sai aquecido pela temperatura corporal)/ transdutor
de pressão nasal, cintas torácica e abdominal, sensor de ronco.
Oxímetro: FC e saturação durante toda a noite Posição corporal
ECG
➔ Interpretação da polissonografia:
- Análise deve ser feita em espaços de 30 segundos
- As regras foram feitas para interpretação visual
- Análise automática não substitui a interpretação cuidadosa manual

Sono normal:
• Sono NREM: sono 1 (N1), sono 2 (N2), sono 3 (N3).
N1:
3-8% do sono;
Movimento lento dos olhos;
Redução do tônus muscular
EEG: baixa voltagem e frequência mista (ondas do vertex – ondas grandes)
N2:
45-55% do sono;
Ausência de movimentos oculares
Tônus muscular reduzido;
EEG: frequência mista e baixa amplitude (presença de fusos e complexos K)
N3/profundo:
15-20% do sono;
Ausência de movimentos oculares;
Tônus muscular reduzido;
Ondas lentas (delta): amplitude diminui com a idade!

• Sono REM/ paradoxal:


20-25% do sono;
Movimentos oculares rápidos;
Atonia muscular alterando frequência cardíaca e respiratória;
EEG: dessincronização, frequência mista e baixa voltagem (onda em dente de Serra);
* Nesse momento do sono é quando ocorre a ereção peniana, sendo possível identificar se é patológico ou
fisiológico.

• Vigília:
EEG (ritmo alfa - 8-13Hz);
Movimentos rápidos dos olhos;
Tônus muscular acentuado.

• Despertadores:
Microdespertar: < 15 segundos
Despertar: > 30 segundos

➔ Laudo e interpretação da polissonografia:


Horário de início e término;
Tempo total no leito;
Eficiência do sono;
Tempo total acordado e dormindo;
Medidas de continuidade: trocas de estágios, movimentos corpóreos, despertares longos;
Latências (quantos minutos demorou para acontecer – momento que apaguei a luz e tentei pegar no
sono): latência de N1, latência de N2, latência REM (após dormir até o primeiro sono);
Estágio vigília;
% N1;
% N2;
% N3;
% de sono REM.
** ocorrem 6-8 sonos REMS durante uma noite – no final da noite o sono REM é mais frequente, já no
começo da noite o sono profundo predomina!
• Hipnograma:
Faz uma análise do estagiamento do sono (arquitetura do sono).
Exemplo de hipnograma normal:

Linhas acima: acordado;


Latência de sono normal: em casa: 15min; no laboratório de sono: até 30 min;
Depois que dorme até o primeiro sono REM = latência REM: em média 90 min;
Tempo total de sono: compreende a todo o gráfico inclusive os momentos em que o paciente está
acordado = tempo acordado depois de adormecer;
• Análise respiratória no sono:
Índice de apneias;
Índice de distúrbio respiratório (apneias e hipopneias);
Tempo total em apneia;
Saturação máxima, média e mínima do oxigênio no sangue arterial (oxihemoglobina)
** é considerada apneia no mínimo 10 segundos!!

• Análise de movimentos de pernas:


É considerado um distúrbio quando ele é periódico!

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