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Centro Comunitário de Darque

“Aprender para Cuidar”


O Envelhecimento
(sessão 1)

Trabalho realizado por: Maria Rodrigues (estagiária do curso de Educação Social Gerontológica da Escola
Superior de Educação de Viana do Castelo)

Com a colaboração de: Psicóloga do Centro Comunitário de Darque


Tópicos que serão abordados
nesta sessão:

 Alterações comuns no envelhecimento;

 Doenças mais comuns no envelhecimento;

 Síndromes Demenciais;

 Acidente Vascular Cerebral (AVC);

 O Luto.
Objetivo:
O objetivo desta das próximas sessões é
esclarecer e auxiliar os cuidadores
informais na gestão do bem-estar do
doente e do seu próprio bem-estar.
Qual o motivo de falarmos sobre este
assunto?

É porque trabalhamos com idosos,

ou porque estamos ligados por afetos a idosos,

e porque queremos ter o privilégio de envelhecer que,

Este assunto interessa-nos e tornou-se prioritário para as pessoas e


governo.
O Envelhecimento
Ao longo dos tempos tem-se assistido a quê?

- a uma evolução na sociedade,

- o envelhecimento da população e o aumento da longevidade dos


indivíduos .

Os idosos atingem já 20% da população em vários países (Paúl & Fonseca,2005) .


(Paúl & Fonseca, 2005)
Melhor ou pior, todos envelhecemos, de uma
forma específica e segundo um jogo de fatores
múltiplos e complexos (Santos, 2000, como citado em Lemos,
2012).
Envelhecimento
• O processo de envelhecimento pode ocorrer de forma normal ou patológica pelo que,

Envelhecer não significa estar doente, apenas significa que o idoso está mais
suscetível a situações patológicas (Fonseca, 2004, como citado em Lemos,2012).

(Fonseca, 2004, como citado em Lemos,2012).


Envelhecimento VS Velhice

O envelhecimento é um processo que

ocorre no indivíduo.

A velhice é um estado que caracteriza um


grupo com determinada idade (Fontaine, 2000, como citado

em Lemos, 2012).
EXISTE UMA IDADE DE ENTRADA NA VELHICE?
Não é fácil ou até mesmo possível assinalar uma idade
ou acontecimento, que sejam sinónimos absolutos de
entrada na velhice.

As mais recentes transformações sociais tem tornado


ainda mais difícil a tarefa de concretizar adequadamente
o que é envelhecer e quais são os factos e
acontecimentos que protagonizam o envelhecimento
(Oberg, Narvanen, Nasman & Olsson, 2004).

Segundo a OMS (1985) é - se considerado idoso


quando se atinge a idade cronológica de 65 anos.
O idoso é marcado por diversas transformações físicas,
sociais e psíquicas (Santos, 2000, como citado em Lemos, 2012).
Características que mais frequentemente se imputam aos idosos:
 Crise de identidade provocada por ele e pela sociedade;

 Diminuição da autoestima;

 Dificuldade de adaptação a novos papéis e lugares bem como a mudanças


profundas e rápidas;

 Falta de motivação para planear o futuro;

 Atitudes infantis e infantilizadas;

 Complexos diversos, por exemplo, a diminuição da libido e do exercício da


sexualidade;
 Tendência à depressão, à hipocondria ou somatização e mesmo tentativas de
suicídio;
 Surgimento de medos (medo da solidão de doenças e da morte);

 Diminuição das faculdades mentais, sobretudo da memória;

 Problemas a nível cognitivo, motivacional, afetivo e personólogico


Muitas das vezes encontram-se idosos de todo o tipo.

Aqueles que os filhos nem sempre os abandonam por


egoísmo,

Aqueles que são de mau ânimo, rancorosos contra o


mundo de hoje e contra os jovens, egoístas que não
agradecem a nada e só exigem.

É importante conhecer as histórias de muitos destes


idosos que não viveram uma existência equilibrada.
Quem lida com o idoso deveria estar apto a compreender
intervir e avaliar o comportamento deste, levando a atingir
melhor os objetivos a que se propõe;

Promovendo em todas as dimensões, não se limitando a


remediar as situações já existentes, antes prevenindo-as na
medida do possível, ao mesmo tempo que promove uma
maior qualidade de vida do idoso.
Evidentemente esta tarefa diz respeito a toda a gente, aos
idosos, aos prestadores de cuidados e à sociedade.
Alterações comuns no envelhecimento
Entre as alterações normais (biológicas) do envelhecimento podemos citar:

(Melo & Leite,2003)


Alterações comuns no envelhecimento

(Melo & Leite,2003)


Alterações comuns no envelhecimento

(Melo & Leite,2003)


(Melo & Leite,2003)
Precisamos de uma atenção especial para distinguir
entre alterações normais do envelhecimento e
doenças do idoso, para não atribuirmos erroneamente
ao envelhecimento natural doenças que são passíveis
de prevenção e tratamento, ou mesmo cura;

Por outro lado, alterações do envelhecimento normal


podem ser atribuídas a doenças, e exames e
tratamentos podem ser erroneamente realizados (Melo &
Leite,2003).
O QUE É A DEMÊNCIA?
É o resultado de doenças que afetam o cérebro de forma crónica e
progressiva com perturbação das funções mentais incluindo a
memória, pensamento, orientação, compreensão, cálculo, linguagem,
juízo crítico, humor e personalidade.

Estas perturbações afetam o funcionamento diário da pessoa e


interferem com a vida social, a família e o trabalho.

O seu curso é progressivo e lento e varia de doente e com as


diferentes causas de demência (enfartes cerebrais múltiplos,
traumatismos cranianos, infeções do sistema nervoso central) (Leitão, Morais
& Guimarães,2006).
IDADE DE OCORRÊNCIA

Podem ocorrer em qualquer idade, por exemplo após


uma encefalite ou um traumatismo craniano (Leitão,
Morais & Guimarães,2006).
Os doentes apercebem-se que estão a
desenvolver a demência?

No início da doença, as pessoas com maior capacidade


intelectual podem aperceber-se da doença e ficar muito
ansiosas e deprimidas.

No entanto, esta capacidade é rapidamente perdida com


o avançar da doença, levando à negação dos problemas
e recusa de ajuda (Nunes & Pais, 2006).
Que problemas poderão surgir nas fases mais
avançadas da doença?

• Agitação sobretudo noturna;

• Obstipação (“prisão de ventre”);

• Incontinência (perda involuntária de urina e fezes);

• Dificuldades em engolir;

• Dificuldades com a higiene;

• Alterações do ritmo sono/vigília (Nunes & Pais, 2006).


(Leitão, Morais & Guimarães,2006)
PRINCIPAIS ALTERAÇÕES
COGNITIVAS
• Desorientação

• Comunicação

• Memória (Leitão, Morais & Guimarães,2006).


Desorientação

O que fazer?

• Privilegiar rotinas

• Adaptar o ambiente ao doente (Leitão, Morais &


Guimarães,2006).
Comunicação
• Procurar falar num local sem ruídos;
• Usar frases curtas e simples;
• Falar lentamente e com clareza, num tom de voz
agradável e baixo;
• Repetir várias vezes a mensagem;
• Não criticar, evitar demasiadas chamadas de atenção e
correções;
• Colocar-se à sua frente incentivando-a falar (Leitão, Morais &
Guimarães,2006).

 
 
Memória

Frequentemente esquece-se do que disse ou fez


minutos antes. A memória “das coisas antigas”
tende a perder-se mais tardiamente.

O que fazer?
• Recorrer a sinais e mensagens escritas;
• Ajudar a elaborar um plano de rotinas diário;
• Adaptar o ambiente e evitar as mudanças
(Leitão, Morais & Guimarães,2006).
PRINCIPAIS ALTERAÇÕES DO
COMPORTAMENTO -
Agressividade
O que fazer?
• Manter a calma e transmitir tranquilidade;
• Distrair o doente (desviar-lhe a atenção para
outras coisas);
• Evitar confrontar;
• Evitar ralhar e aplicar castigos (não tem
consciência de que foi agressivo e esquece-se
dos comportamentos que tem);
• Consultar o médico se for violento (Leitão, Morais & Guimarães,2006).
Agitação e nervosismo

• Manter a calma e falar baixo;


• Dar-lhe tarefas;
• Dar algo que o mantenha com as mãos
ocupadas;
• Evitar demasiado barulho ou pessoas (Leitão,
Morais & Guimarães,2006).
Apatia

• Não obrigar a pessoa a fazer o que não


quer;
• Incentivar a fazer coisas de que é capaz;
• Reforçar sempre que fizer algo bem feito;
• Deixar descansar;
• Estimular o seu interesse mantendo-o
ativo(Leitão, Morais & Guimarães,2006).
Ansiedade e medo

• Dar segurança e estabelecer contacto


físico;

• Procurar minimizar as suas preocupações


(Leitão, Morais & Guimarães,2006).
Comportamento embaraçoso ou
estranho

• Tentar distrair o doente com algo que ele


gosta;
• Só deter o comportamento se for de facto
necessário;
• Falar do seu embaraço com as outras
pessoas;
• Evitar perceber a causa do comportamento
(Leitão, Morais & Guimarães,2006).
Esconder e perder coisas

• Acalmar o doente e ajudar a procurar o objeto


desaparecido;
• Desvalorizar as acusações;
• Procurar saber onde o doente costuma
esconder as coisas;
• Providenciar cópias de alguns objectos
(chaves, documentos);
• Diminuir os esconderijos possíveis e verificar
as embalagens antes de as deitar fora (Leitão, Morais &
Guimarães,2006).
Dificuldade em comer

Por perda de interesse pela comida ou por


dificuldades em engolir

• Privilegiar as rotinas;
• Cortar os alimentos;
• Deixar comer com as mãos (Leitão, Morais & Guimarães,2006).
Tipos de AVC
Existem 2 tipos principais de processos fisiopatológicos inerentes ao AVC (Ferro, 2006):
Défices associados à lesão neurológica provocadas pelo AVC

Sequelas/Défice pós AVC

(Ferro, 2006)
Acidente Vascular Cerebral

Recuperação e Reabilitação

1. Acompanhamento médico (Neurologia/Medicina Interna/Medicina


Geral e Familiar);

2. Fisioterapia;

3. Terapia Ocupacional;

4. Terapia da Fala;
5. Psicologia (Ferro, 2006).

!!Continuidade da reabilitação em casa!! !! Apoio aos cuidadores!!


LUTO

Reação motivada por um estimulo de natureza externa, (…)


cujo conteúdo aparece diretamente relacionado com um
acontecimento determinante e com as circunstâncias que
o envolvem (Kielholz, 1974).

A perda de um «objeto» amado (familiar, amigo, animal ou


objeto de estimação, reputação, etc.) determina
habitualmente no indivíduo um sentimento de tristeza e de
abatimento que deve ser considerado normal.
LUTO

Quando, porém, essa vivência se prolonga e intensifica,


tal facto é suscetível de originar uma reação anormal de
pesar.

Uma tal reação pode aparecer imediatamente a seguir ao


traumatismo ou surgir só depois de um período de
latência mais ou menos prolongado, durante o qual o
individuo manifesta uma sensação de torpor e de certa

incapacidade.
LUTO

5 fases distintas:
• Uma fase de vigilância face ao acontecimento

• ou à sua previsão,

• uma fase de precipitação,

• uma fase de alteração comportamental

• e uma fase de resolução ou libertação.


LUTO

• Do ponto de vista sintomatológico, as manifestações mais


frequentes desta reação são do tipo depressivo : tristeza,
insónia, fadiga, medos, sentimentos de culpa e ideias de
suicídio.

• Os sentimentos de culpa incidem, regra geral, em auto-


recriminações pelo facto do indivíduo não ter feito isto ou
aquilo, por não ter atendido um pedido da pessoa falecida
ou por não ter tomado qualquer iniciativa que impedisse o
desenlace.
LUTO

Para além da tristeza ou da ansiedade, a reacção de


luto pode dar origem a alterações comportamentais
(inibição ou apatia, inquietação e ansiedade, retirada do
convívio social, hostilidade e agressividade), em que o
individuo procura afastar-se do meio que o traumatiza,
tentando esquecer ou, então, pelo contrário, procurando
cultivar o luto a sós.
LUTO
Não raro esse afastamento coincide com uma certa
hostilidade ou agressividade contra os médicos ou as
instituições que trataram o falecido ou, mesmo, contra
os demais familiares, Como justificação dessa
hostilidade, o individuo tem uma grande preocupação
com a memória e imagem do falecido, enaltecendo as
suas qualidades e minimizando os seus defeitos.
LUTO

Estas reações vivencias anormais (sobretudo do tipo


depressivo) são, em regra, mais frequentes na mulher
do que no homem (Figueiredo et al., 1980).
Há muito mais a dizer, aprender, partilhar
mas muito mais a fazer!

Obrigada a todos.
No próximo momento, poderão colocar as

vossas questões, ou partilhar connosco as

vossas experiências!
Próximas sessões:

23 de Abril – “ Ser cuidador”;

30 de Abril – “ Prestação de cuidados


básicos de saúde à pessoa dependente”;

7 de Maio – “Cuidando do Cuidador”;

28 de Maio – “Direitos do Idoso:


orientações aos familiares/cuidadores”.
Referências Bibliográficas:
Ferro, J. (2006). Acidentes vasculares cerebrais. In J. Ferro & J.Pimentel. Neurologia; princípios,
diagnóstico e tratamento. Lisboa: Lidel

Leitão, R. O., Morais, M. & Guimarães, P. (2006). Manual do Cuidador da pessoa com demência (2ª
ed.). Lisboa: Ponticor - Realizações Gráficas, Lda.

Lemos, A. J. (2012). Avaliação das dificuldades dos cuidadores informais de idosos dependentes.
Trabalho de Projeto apresentado à Escola Superior de Saúde – Instituto Politécnico de Bragança
– Bragança, Portugal.

Melo, L. V., & Leite, G. M. (2003). Manual para cuidadores informais de idosos – guia prático.
Campinas: Agenda da Oficina Gráfica.

Paúl, C., & Fonseca, M. A. (2005). Envelhecer em Portugal: Psicologia, saúde e prestação de
cuidados. Lisboa: Editora Climepsi Editores.

Torres, G., Reis, L., Reis, L., Fernandes, M., & Alves, G. (2009). Avaliação da capacidade de
realização das atividades quotidianas em idosos residentes em domicílio. Revista Baiana de
Saúde Publica, vol. 33, (1), p.466-475.

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