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O Processo Dos Tavoras de Pedro de Azevedo
O Processo Dos Tavoras de Pedro de Azevedo
\CIO~AL
INÉDITOS
O PROCESSO
DOS TÁVORAS
.
Prefaciado e anotado por PEDRO DE AZEVEDO
t.t)SSERYA.PUR DA SECÇÁU DE )IANli5CRI1·os DA BIBLIOI"t:CA. t-ôA.CIOSA.L
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LISBOA
TlP. D.-\ BIHI.IOTECA :'1/ACIO:'IIAL
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PREFACJO •
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Terminado êsse trabalho, naturalmente Yoltaria o processo para
a secretaria do Estado, onde se encontraria ainda hoje, a não dar-se o
episódio da destruição, que o autor ( 1) dos Processos celebres do lv/ar-
que~ de Pombal, pt~blicados em 1882, assim conta: <~A este respeito
ouYimos o seguinte a pessoa que .YÍYia o meado seculo: O contra-
(I) Júlio Dantas, in-.hz.Ús das Bibl .. e .h·quiros, II. p. I3I: Antonio
Ferrão, Os .ll·quivos e Ribliotec.1s em Porfll.!f•11, 1920, p. 222.
permissão de el-r~i D. Luiz para mandar tirar o traslado autên-
ti~o a que nos referimos, e que. nos foi dado ler e examinar dc-
moradamente naqucllc ministcrio. graças a uma insigne fineza do
primoroso esaitor e illustrc academico sr. conselheiro Sih·cira da
.\lotta. director geral d'aquclla secretaria de estado. Poucas pes-
soas terão ,·isto ó primitivo processo ~ão o viu o sr. Simão Jose
da Luz Soriano, como se dcprchende de um trecho de paginas 366,
do tomo I da sua· Historia do reinado de el-rei D. Jose. Quando a
sua obra se publicou ainda não estava feito o traslado que nos foi
da~..ln con:mltar." ( 1)
O traslado ·autentico não supre o original desaparecido. O
.\larquês de Alorna. uma das vítimas do reinado Josefino, no re-
querimento aprcsl.!ntado ao prín~ipc Regente, assevera «que está o
pro~csso original cheio de letras di,·crsas, c nenc se vê que. assim
.\linistros de Estado. como ministros da Justiça; foram naquclle pro-
~esso, ora Presidentes. ora Juizes. ora Escri,·ães. c ora varias des-
tas coisi.ls ao mesmo tempo. n
:\o mesmo requerimento estü escritO" .. ouvindo a um destes ul-
timos o Scactario de Estado Presidente, que tambem a sua ,-ida
tinha estado cm perigo, poz no processo uma nota marginal desta
noticia. c a poucos passos apparcceu com um depoimento da sua
propria letra. tirado em sua casa a um denunciante, que sen·ia para
regular um novo intcrrogatorio. feit-o d'ahi por diante a tantos pre-
tendidos reos, que então se mandaram tratear. n (2l
-
( 1) Dr. Silva Can alho, Jledicos e cur.w.leiros, 1~1'7' p. 11Õ.
(2) Para futuras averiguações, pois é possivel que haja alguma cousa
aproreitá\ el, transcrevem-se \'árias páginas da pretendida .:ana. na parte
qm: Jiz respeito ao descobrimento da conjuração:
.. ~ly lntelligencers, bcfore tht: :.\liddle of October. wcre able to direct
our Pursl!it aJ.ter the objeas t.lf Justice. Th~) uni,·crsally agreed that, .t~erc
was an A1r ot \h·sten·, and, at the same T1mc. a concealed .Jov \·ery YISible
in thc Familics u.l -'las.:arenhas and Tavora; that they frequenily held ~Ice-
O pro~csso, "lllc se publica agora não ~ontem pt!~as alt!m de
~crta cpo(a. no entanto n sr. Lúóo de AzeYcdo diz que em 26 de
said, amongst other Things: Iam sure, ~l it could be p1·m•ed, that his Jl.:t-
jesly had been jh·ed at JJ'it-h Pistols, I should suspect a fhend of mine, one
Fe1Tei1·a. 71'110 borroJJ'ed a B1·ace of me, out /.he Day be.fu,·e lhe .lccident, in
()l·de1· tu IIT them, and ,-eturned them n•ith a fi·il·olous Exwse, IJVO DaJ·s
.:tfterlJ'.lrds; tlwugh I knom lh'=-r n•ou/d stand Proof :.\Iy ;\lan enquired pãr-
ticulary who this Ferreira was, and I found, by his Account, that hc was
the sa111e Person, that had, abotit the s·ame Time also borrowcd a Blunder-
buss, and putting these Circumstances togethcr. I could not help concluding
that this Anthom· Ah·arcz Ferreira, was one of the .\ssassins. Howe\·er, I
kept ali this to myself, and unly made use of the Precaution of secw·ing the
Persons of Rossolier and :.\liguei Seneira, in the most pri\'atc :.\Ianner, who
I kept dose at m~ Country H ouse, under a Guard of my Sen ants, for fear
they might through their Indiscretion, sa~ more than I wíshed at .present
the\· shoold ...
· "ln order thcrcfore to procure better and more unexceptionable E,-j_
Jence, I formed a Plan, which was this. As I knew :.\lascarenhas and Ta\·o-
,·as were pusse!>scd of many Friends in ;he Brazils and the East-lndies, I
made no doubt but thcy would, by the first opportunity, let these Friends
lmow what had bcen transa..:ted in Portugal. and as no \"esse) would sai I
for two :.\lunths to uur Settlements; upun the Gu\·ernmerl}J{" Account, I got
Pedro .\lcndui'a. Captain of the Brig. Seust1·a Seultor.1 1L Uuda, who was
to be dcpcnded upun, to petition the Secretaries uf State, for lca\'e to makc:
a \·oy.q~e to the Coasts of .Brazil, upon the Business of making some new
Oi:-.co\·crics. I imagined by this Opportunity, the (~onspirators would cndca-
\ uur tu send Leners. and it happened to turn out according to my Expe-
..:tations. :\lendota, as soem as thc I iberty was ~ranted, and his Destination
madc: publid\, had large Packcts sent him from );umbcrs of Hands. and
sct. sail the R~ginning of :'1\?Yember. I ga,·c him lnstructions, sealed up,
wluch hc was not to open. nll he carne to the Azures, when hc was there-
by directc:d to deli\·er ali his Lettcrs and Pa.:kets to Don Julian de ~lcllo,
que cm 'larço o fôra o holiciro do 'larquc::-. Luiz de Tánlra . .\ntónio
Jnsê ( 1) •
.-\ il:onogratia cstü menos mal rcprc:-.entada .. \ c~ccução d11s
rcu::-. foi objcLto de uma publicação conll'mpnrc.'tnca. que foi reprodu-
zida por Pontes .-\taidc c .-\t.c,·cdo na A Administração. eh.:., t8 ..p:
por Camilo. no Perfil do marqués de Pombal. 18~:!; _por Correia de
Barros nos .1/tos feitos do marquc.;s de Pombal; c ainda cm 17S9 no
mencionado A.ccmmt.
Os retratos dos "ar'-lucscs de Tánlra c de .\!urna tilram pu-
blicados nas ohras de Camiro c do .\\arques de Axila e de Bolam:.L
'uma Yida do .\\arques de PombaL ms. datado de 1 H10. dcsaito
a p. 15 do Catalogue. jú mencionado, cncontrantm-sc os retratos de
D. Leonor de Tá'"'1ra 1_a lápis, copiados por .\lr. Gerard do original.
que possüia o '\arques de .-\lorna scnior), Jos~ .\laria de Tánlra.
Luis Bernardo de T<hora. Jerónimo de .-\taide tCondc de .\touguial,
Francisco de Assis de T<h·ora c José 'lascarcnhàs tDth.JUC de .-\Ycirn·L
Para o estudo do atentado de 17:íR c tambcm indispensán:l a
thc King's Commissarv at thosc J:...lanJ, who after inspe.::ting them, and kcc
ping su.::h as he founJ it nc.::essary to keep. was to re-ddiHr him thc rcsl:
with whi.::h he was to procecd on his Yoyage to thc Bra7ils, carrying some
.\d\ices from the King of grcat lmportancc. This was ali trans<Kted as l
would haYe it, Don Julian, by his \lajesty's Fri~atc, thc .\n:hangel, in thrce
weeks Time, rcrurned me twcntv-tl\e I .etters, \\Trinen by :\\alagrida and :\lar-
tos two Jesuits; by :\las.::arenl-ias. by Elcanor de Ta\·ora, b\- Francis and
Lewis de Ta,ora and others, plainly a\·owing the late horrid .\.:tion, with
Threats of future Yengean.::e, in .::omplction of their accursed Design, and fil-
lcd with .\lenaces and Calumnics against the .\dministra.::tion ".
Pg. 8S de .I Fu/1, C/ em·, .md Autlwrise.{ . k.:mmt r!l de f..tlt• omspi-
, .•tly ;, Porluf(.:tl. London, •;S9.
1 1., f J .\lm·que;. ;/e Pumb.tl e .t st~<l epo«t, p. "!."!.i.
...
fI) Pg. 9· .
(2 l O autur dê~ te trabalho não conhecia <> proce:-.so e por isso em mlll~
lo'- lugares combate a sentença sem ter fundamento.
dissera que tudo o que nella se continha, esta,:a provado, e purifi-
cado de toda a duvida; e que Sua ~lagestade tinha na sua mão as
provas convincentes, que não admitiam excepção."
Estas palavras estão em flagrante contradição na parte essen ..
cial com o que ~c diz na tradução portuguesa de uma obra publi-
cada em 1 786: "E' notorio que alguns mcmhros daquelle tribunal
não quiLerãn proferir a sentença, senão depois de um maduro exame
do delicto: podemos citar para prm·a João .\I arques Bacalhao. » ( 1)
Apesar de todo o recato, é possínl descortinar nas primeiras
prcguntas feitas no processo ao Duque de Axciro o ti..mdamento que
El-Rei tinha para crer na culpabilidade do seu mordomo-mór (2),
pois o próprio Duque confirmou nelas que falara com a real amante
D. Teresa de Távora no dia seguinte ao do atentado, do qual êle
houvera notícia na manhã seguinte em sua casa transmitida pelo
bolieiro da ~Iarquesa. Este passo do Duque foi do conhecimento de
D. José, ou melhor oo futuro Conde de Oeiras, e só a .\Iarquesa esta-
ria em situação de lho revelar, como tudo o mais que se passava na
intimidade dos Tá,·ora~.
Estes c o Duque de .-\veiro aproveitariam a amizade da pa-
renta com El-'~ei para alcançar as vantagens que desejavam, a que
por certo Sebastião de Can·alho se opunha, não vendo nela lucros
para a sua pessoa. com o que fácilmente cresceriam recriminaçóes
dos parentes, a~ \.1uaes a .\larquesa confiava a El-Rei. De todos os
Tá,·oras a pessoa que mais inftüiria no ànimo de D. Teresa seria a
mãe, a .\Iarquesa D. Leonor, e por ela no proc.edimento real, pondo
.assim reias à administração que depois se chamaria pombalina.
111 Dom Luis de .-\taide. filho da Condessa • ..:omo seu primo o "al"ljUês
de .\!orna, fale..:ido em 1 ~ 12 em Küniw,berg, entrou ao sen·iço de França •
.:ontr·a a pütria e ..:ontra os ingleses ..\ r e\ olução anti-britani.:a de 1 ~:!o per-
doou aos trünsfugas, que a morte havia poupado, mas ll. LUis nllJKa per-
doou a .:asa de Bragança o martírio dos parentes. Cf. .José L.iberato Freire
de Can·alho, .\lemori.ts. ,s:;:;, p. 94: "~<i o posso deixar de men..:ionar ou-
tro homem notanl que alli en..:ontrei, e que dcs.:endente da mais alta fidal-
guia da nossa terra, era um tristíssimo exemplo da degradação a que podl"
.:hcgar a espe.:ic humana, de.:ahida do cxplendor Ja grandeza. c mergulhada
Conde não fôra (;ondenado e já os desembargadores estaYam pro\:c-
dendo â Yenda do recheio da casa. De,·ia ser grande a sofreguidão
das autoridades!
A· mesma sofreguidão se deYe que a sentença da revista não
tiYesse sido posta cm execução, apesar de serem postos em liber-
dade Os sobreYiYcntes da chamada conjuração.
Os bens immobiliários das trcs grandes \:asas ha,·iam sido
adscritos a outros pretendentes c êstes não rcstitüiriam de boa mente
o que julgaYam definitiYamente seu. O próprio procurador da Coroa,
que se opôs a execução da sentença de rcYisão, não' fica ilibado de
qualquer suspeita. A influência da administração pombalina conti-
nuou mesmo depois da queda do autor c ainda hoje a glorificação
do '-larquês e um credo político, em alguns pontos justificada.
não havia senão rancor e odio; e e:.se rancor e odio tão profundos e inve-
terados, quantos eram os annos desde que pôde conhecer as suas miserias .
.\ quem lhe fali asse na Casa de Bragan.;a, respondia com rugidos de leão:
parecia que lhe salta,·am os olhos pela cara fóra, estimulados pela rai,·a, e
só socega,·a depois que desafogava o coração ukerado com imprecações hPr-
ri,eis. Para elle só ::'\apoleão era o rei legitimo de Portugal. e tal era a af-
feição que lhe tinha, que haYendo, não sei por..JU~ artes, ganhddo uma grand~
porção de dinheiro, a ti>i entregar a :'\lassena, assim qu~ entrou em Purtu-
!!al. Este lha aceitou. e ag•·adeceo. declarando-lhe ao mesmo tempo. que ella
tormcmentc rcprcs'entado pelo 1:; c os ss e o ç confundem-se frcqüen-
tcs yczcs. Para os termos menos Úsados e grafias especiais, Yeja-se
o respcctiYo Yocabulário.
A ortografia c na sua maior parte a pontua~ão foram conser-
Yadas na presente obra.
O estilo da sentença (c tambem de todo o processo) é caracten-
zado do seguinte modo a pg. 16 do Tratado apologetico: '' ... dureza
de estilo c muitas yczcs de grammatica; ... concurso de palavras,
aspero c Yiolcnto; modos de explicar desusados e escuros; vozes,
'-lue ainda sabida a sua significação, não se sabe o que alli signifi-
cam; transiçócs cm que o discurso não só salta, mas se precipita;
embaraços c confusões de ideias impenetraveis; declamaçóes per-
petuas; conclusões inconcxas; e muitas vezes oppostas ás permis-
sas; inYCrisimilhanças e hypcrboles monstruosas, supposições inad-
missiYeis, contradicções palpaYeis, c sobretudo, o que se póde ter por
seu especial caracter a audacia de dar por verdades notorias, o que
são calumnias manifestas; por proYas conninYcntes as inepcias mais
futcis. e as iIlações mais ridículas por demonstraçóes gcometricas."
lhe seria restituida cm Paris. :-.c para là fus::-c. CCJnsta-me, que alli ..:um etfeito
a recebera. e depois lambem a IIi ..:asàra . .\las como casou~ Constou-me tam-
bem que alli Yasculcjara as ultimas fezes da sociedade para encontrar uma
mulher que fosse digna delle. e que a achara~ Reduzido na sua terra <i in-
fima sorte de um Pâ1·ia .ia I11dia, qui7 no seu mesmo aviltamento \·er se po-
dia tambem aditar. como elle dizia, algumas gota!' de sangue que lhe circulas-
sam no corpo. c fossem dessas que animavam a Familia Real Porn1gueza !»
'
PFDRO DE AzEYEilo.
•
Sl"PRE~l.\ C<):\DIISS5.o
DECRETO
'
Pela experiencia, e satisfação que tenho do zelo fidelidade, e prestimu
.:um que me tem ser\' ido o Doutor Pedro Gunsah es Cordeiro Pl.!reira do
meu conselho, Dczcmbargador do Paço. Deputado da :\leza da Cons.::icn-
.::=a. c Ch,mceller da Caza da Supplicação: Hey por bem nomea-lo Juiz da
In.::onfidencia com todas as honras, distinções, pro\·entos, jurisdição, c al-
çada, com que o dito Lugar fui exerc'tado pelos ~linistros que athé agora o
o.:cuparãu: Para que pro.::csse, e julgue todas as .::auzas pertencentes á
mesma In.::unlidcn.:ia cm conferencias particulares com os Adjuntos que Eu
.
lhe nomear: E ordeno a todos os ~linistros, Officiais de Justiça. Fazenda,
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CLTJ\IPRBIEI\TO
SUPREMA COMMISSÃO
DECRETO
SPPREl\lA CO;"\IISSÃO
DECRETO
DECI\ETO
Por quanto cn1 Decreto de no\ c Jl' Dc1.cmbro do anno proximo pas-
sado attcndcndo ao escandalo, que tl:m rl'zuhaJo ú tiJc:lidadc Portugueza
du horruroto insulto, que contra a minha 1\eal Pessoa se cumetteo na noite
de trez de ~c:tcmbro du anno proxin~u passado, e a tjUc nem o amor, e o
reconhecimento dos meus leais Yassallos, ü minha 1\eal Pessoa, c sen iço,
nem o louva\·c\ zelo da sua prupria honra se poJeriáo tranquilizar, sem a
ccrtc:za de se achar arrancada pelas ~uas ,·cnenuzas rai7es a exacranda con-
juração, que ahortt•u aquellc cnurmissimo cr.me·: Ordenei, que os Réus
delle fossem julgados, e sentenciados cm processos verbais, c summarissi-
mos de plano, e pela Yerdadc prü\·ada, conforme o Direito ~aturai, sem
<lltenção ás formalidades. ou nullidadcs rrm·cnicntes das disruzisucns que
as I .eis estabelecc:nío, para a ordem dos processos nos ca1.os ordin.:trios. E
1- purquc hé justo, c nc:cessario, que neste mesmo cspirito se curte tucio, o
' '
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que pode dar muti,·o a demoras incompatíveis, com a urgencia de hum tão
estranho, e üío instante ca;ro: Sou servido, que us Réus do mesmo delicto,
que tiverem, e forem tendo .:ulpas pnn·adas, para serem julgados, alleguem
todas as defczas, que tiverem no mesmo identi.:o processo, e por hum só, e
unico Pru.:urador, yue por ora determino, yue seja o Doutor Eu7ebio Ta-
,·ares de Seyueira, Dezembargadur da Caza da· Suppli.:aç:ío: Ao qual or-
deno, qul" sem es.:uza, ou repli.:a allegue a favor de tPdos, e cada hum dos
subreditus Héos tudo o que dl" feito, e de Dirl"itu a.:har, que pode conduzir
para os defender, de sorte, que nem padeça a innocen.:ia, nem ainda a
mesma culpa seja castigada, alem da proporção, que .:om ella de\·e sempre
ter a pena, para que a Justiça, e ·a .1\lizeri.:ordia se consen·e no justo equi-
líbrio, que sempre faz o impreterível objecto de todas as minhas Reaes
Dispw:isuens; e que não he da minha intensâu que seja excedido, nem ainda
com os pungentes estímulos de huma t<Ío nun.:a vista, e táu inaudita atroci-
dadl". Belem a quatro de Janeiru de mil setecentos e sincoenta e nove.= Com
a Rubri.:a de Sua Magestade.
DECRETO
COMPRIMENTO
CLHTID.\< >
DEPODI El\TO
para entrar pela porta da Quinta de baixo, que está junto á tra\ essa do
Guarda 1\lór da saude, e pertendendo abrir a dita porta, achara que lhe
não era possível em razão de yue, ha,·iãu intupidu o lugar por onde a chave
entra na dita fechadura, de tal sorte, que nella não põde nunca introduzir a
referida chave: Que porem fazendo alimpar a dita fechadura, e sahindo
Sua 1\lagestade com elle testemunha pela referida porta, tomara pela cal-
çada, que dclla \·ai por entre o muro da referida Quinta, e as cazas, e terra
do official maior da Secretaria de Estado Antonio JoLé Gaivão, hindu a sege
a passo thé a esquina, e arco, que ficão ao Norte das cazas da Quinta do
me\· o, ou Patio das Yacas: Que depois de h<n·er dobrado a dita esquina,
rq.;arou em que o bolieiro Custodio da Cost·a apressara inesperadamente
os passos dos t·eli:ridus machos: Que tendo avançado qum·enta, ou sincuenta
palmos pelo caminho asima, oU\· ira hui11 grande estrondo de tiros: Que Iugo
successi\·amente se sentira El R ey Nosso Senhor gr<t\·emente ferido: Que
elle testemunha percebera, yue os mesmos tiros o tinhão. oftendidu: E que
o subredito bolieiru, se principiou. a queixar, de yue se acha..-a tambem cum
a grave lezáo, que depois se manifestou, adiando-se o sobredito bulieiro
tudo cri,·ado de grossa munisão: Que successi\·arnente se achou o dito
Senhor com o horrorozissirno estrago, que elle testemunha prezenciou na
mesma fôrma que consta da certidão do Cirurgiüu 1\lór do Re:no Antonio
Suares Brandüu, a que se refere: E que emtim e~aminando depois por onde
hm ião penetrado os referidos tiros, Yio elle testemunha, que furam dispa-
rados contra o espaldar da carruagem, que transporta\·a o dito Senhor,
abrindo ncllc duus buracos muilü grandes, e disformes, e arruinando quazi
tudo o espaldar com a muita copia de munisüo, que nelle penetrou. E
acrescentou que ao tempo em que Sua 1\lageMade se sentio ferido consi-
derando com a insseparavel serenidade, e heroica constancia do seu Au-
gusto animo, que todos os passos que desse para o seu Real Palaciu o
poriãu mais distante do Cirurgiüo 1\lur, que de,·ia cura-lo, mandando voltar
pela calsada grande, que está por fora dos lluarteis du Regimento de ln-
fanteria, e das Reaes cavalharices, passou a caza do dito Cirurgi<ío 1\Iór,
onde depois de ha\'er recebido com rdigioLissima piedade a absolvição
sacramei1tal, permittio, que se descobrissem as feridas, c com ellas o hor-
rorozissimo estrago, que todos deploramos, para se lhe applicarem, como
applicarãu os proprius rernedios, o que tudu elle testemunha dice que sabia,
pur ter visto, e prezensiado tudo na referida forma: E assignou no mesmo
dia rnez, e anno asima declarado.= Sebastião Juzé de Can·alho e 1\lello
= Dum Luiz da Cunha= Thomé Joaquim da Casta Corte Real= Pedro
Gonsakes Cordeiro Pereira= 'Pedro Teixeira.
DEPOIMENTO
,\CORD.-\0
.\PREZE:'\T.\ÇÃO
REPREZENTAÇÃU
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reação, para que com o Conselhn dos vinte e quatro, hajãu de proceder
com o zelo, e fidelidade ao seniçu de \' ossa ~lagestadc, que faL o caracther
d'esta cant, se lhe propol' hoje a copia de um dcmentiss;mo Dc.::retu, com
a data de no\ c do pre7cnte mcz de Dc/emhro, cm que Vussa ~lagestadc,
fui sen·idu ordenar se ponha n.t sua Real Prel'cnça tudo o que p.tre.::er con-
veniente, para se des.::obrirem, e prenderem os Heos do sacrílego insulto,
que contra a prc.::iuzissima vida de \ ossa ~la.~e~tade intentou o diabolico
furor de quem não mere.::e o nome de racion.tl, mas só de féra, c que na
posteridade não só ha de ser desconhecido por Purtugue7, mas tido pelo
monstro mais detestan~l de que ha memoria na sociedade civil.
E ainda que o nos"u p:trecer se n:íu co,.tume separar dos votos, que
na ~leLa da vereação se subscrevem pelos ditos nossos Procuradores, como
a gravidade de huma olfcnsa, feita contra o l 'n,~idu do Senhor, e hum so-
berano de tantas virtudes, que faz as delicias de todos os que tem a fortuna
de vi\'erem debaixo da sua .\ugustissima Prutecçáo, pede que esta caza se
distinga nu zelo do seu Real sen iço. assim como sempre se distinguia no
amor, e lldclidade acs seus Reys, e Senhores naturaes, esperão os ,-inte e
quatro, que Yossa :\lagestade seja scr\'ido ha\·cr por bem, que a mesm,..t
ca7.t"ncsta humilissima representação, a~radeça com hum prnfundo respeito
a in.::umpara\ cl honra, com que \' ossa ~Ltgestadc fui sen ido tratar o seu
Juiz do Pu,·o, e receber os sin.::erus votos, que com lagrimas de sangue, lhe
mandou ulfere.::er a fidelidade desta capital. _
Tambcm agradecemos com o mesmo respe;tu as sabias prO\ idcn.::ias,
com que Yussa ~lagcstade, fui sen·idu proceder contra hum attentado, de
que nunca holl\ e exemplo neste Reino, pois bastand1) qualquer dellas para
fazer a admiração de toJo o ~l·.udo, hé .:erro que toda<> juntas excedem o
que se pude confiar de fursas humana<>, e prm·ãu com e\·idcncia, que a m:io
poderosa de Deus, que prezen-ou a prc.::iu1issima vidá de Vos_3i1 ~la~estade,
e nella a consen a.;:ão dos seus fieis \' assallos, o dirige de forma em todas
as suas Reais acções, llUe mais parecem illustradas, que dirigidas por dis-
• cursos para que não concorre a assisten.:ia Di,·ina .
Este \erdadeiro conhecimento nus dispensa de rcprezentarmos a Yussa
:\lagestade o que se nos pudia inspirar, pant o procedimento ulterior, sobre
que \'ossa ~lagestade foi sen·idu manJar um·ir os ditos nossos Procurado-
res, pois ainda que Deus rc\·cle algumas 'e1es ao<> pequenos, o que occulta
aos sabins, e grandes do :\lundu, não se pude representar couLa alguma a
Yossa ;\la,gestadc, que não seja sabiamente prc\·ista, e maduramente ponde-
rada pda sua Real, e .\Ira comprchensão, e pela notaria fidelidade dos seus
:\linistrus, mas para que \" ossa :\la~estade se deixe persuadir do zelo que
temos do seu Real Scn·iço lhe rogamos com muita instancia seja sen·ido
ordenar, que neste dctesta,·el attentado se admitão denuncias em segredo, e
que nellas não haja abertas, nem publicadas para que os delatores, possão
com liberdade, e sem perig~ fa1er as dedaraçoens du que souberem para
se casti~arem os culpados, e se C\ irarem as rezultas do seu delicto.
Tambem pedimos humildemente a Yossa :\lagestade seja sen·ido sus-
pender neste .:azo a sua Real. e innata clemencia. para mandar dar tortura
aus que furem legitimamente indkiados deste sacrilc~o insulto não só na
sua cahcça mas na alhêa, e que sendo cum·cncidos, e julgados Réus da sua
i:~audita atrocidade, se declarem Iugo por peregrinos, c estrangeiros. pois
nunca a caza dos 'inte e quatro, e o fiel Po,·o de Lisboa oU\· irá com inditf..:-
..
~
rença que se chame Portuguez, quem não for leal ao seu Rey, e Senhor
natural, e especialmente a Vossa )lagestade, a quem os seus fieis Vassallos
de,·em o que nenhuns outros da Europa, merecerão athé agora aos seüs So-
beranos: sem embargo do que \Tossa :'llagestade mandará o que for servido.
Cua dos ,-ime e quatro em dezeseis de Dezembro de mil setecentos sincoenta
e oito.= , O Juiz do Po,·o Balthazar João da Silva= Antonio Rodrigues de
Almada= André ~unes :'llartins = João )largues de :'lloraes =Silvestre Car-
reira= Thomé Lopes= _:'llanoel Ferreira= Jozé Gonçah·es Ribeiro= Juzé
Gomes da Costa= Luiz :'llartins =-=Lucas Dias=----= Luiz de Barros Pereira=
Thomaz da Fonceca Leal__:___ Luiz Antunes de )lendonça =Domingos Pires
=Antonio Francisco Rouzado =Faustino Francisco :'!loira= =Jozé de Fi-
gueiredo= João Rodrigues de Penim--= Thomaz.Atfonço Silva= Jozé dos
Santos. Duarte= .\ntonio Ju1i Pereira Coutinho= Pedro Dias de Azevedó
=Joaquim Lopes.
DECRETO
Cl~:'IIPRDIE~TO
.
Cumpra-se, e se ajunte aos autos. Relem ,·inte de De1embro de mil
s.:tccentos, sincocnta e oito.-= Cordeiro.
I~)
Ol-TRA CITAÇ:\0
TER~lü DE APREZE:\T.\ÇÃO
'
de Sua l\Iagcstade, expedido em Yinte de Dezembro do anno proximo pas-
sado, subre jl repre7entação, que o Juiz do Povo da Caza dos 'intc e qua-
tro, ha,·iáo feito ao dito Senhor em dezeseis do sobredito mr7 com a mesma
repreLentação original referida 'flo mesmo Decreto. Do que fiz este termo
que ao mesmo dia me7, e anno assim a declarado. E eu Jozé Antonio de
Oliveira :\Ia.::hado que o cscr~vy.
CO?\CLCSÃO
ACORDÃO
~E:\TE:\<~.\
ALYAR ..\.
I \ti aLio, c lugar dei h:, onde pn:lcnh:mciltc se f,t/ o de:-padto das ScLrcta-
rias de Estado: Prc1idindo ncllas, ou todos, ou a,tuellcs dos ScLrctarius de
Estado, que se adlarl·m dcsimpcdidos, aos quais LOmo Ca\ allcirus, c Pes-
soas das mesmas urdcns, Lonstituo .\linistros ddlas, para ttido o LJUe for
pcrtCllLcnh: aos mesmos deli.: tos: o>mpondn-se o dito Tribunal d.ts ( )rden<>
em '-jUe hãl-t de ser julgados os sobrcdllos Hcus, dt>S Dq,utados <tLtuais Pe-
dro Gun:-ah cs Cordeiro Pereira, que scn-ira de Hclator, .\Ltnod Ferreira
de Lima, Caetano .\lhcrto de Ossuna, c J01:é Simoens Barhu~:a de .\~:am
buja, que \ otarão Lumu adjuntos: Sendo-o lambem os l>otHurcs João .\lar-
~tucs l3aLalháo, lgna.:io Ferreira Souto, c .lo/é .\ntuniu de Oli\cira \laLhado
do meu Conselho, c De/embargo: .\os quais LOmo Ca\ allcirus das mesmas
Ordens, c Pessoas Jdlas, LUnLcdo t.unbcm para este La/o toda a Lomprida
jurisdição di.:' .\I inistros das sobrcditJ.s ordens; E csLn:\·cndo o ultimo dclll.:'s
nos autos LOill fé publiLa, e \o to, Lomu :\otario, e Lomu .I ui/ dclles: Sou
scnido outro sim, 'JUC neste Lazo faça o utli.:io de Promutur FisLal das
mesmas ( lrdi.:'Rs cm que hé professo, u Doutor Juão lgna.:io llantas Pereira,
Corregedor do ai me da Cone, c Caza: E LJUC tudo u sobrcdito s~ ubscn c,
c eXeLutc, não obstantes quaisquer leis, Dispu.t.isucns, lktiniçocns, ou Cos-
tumes LOntrarios. E este Sl! LUmprir<i cm tUdl•, e por tudo como nelle se
Lunthcm, sem d_ll\·ida, uu embargo algum. _
Pelo que: .\I ando aos Scactarios de Estado Juiz d.t lnLuntidcnLia, De-
putados do mesmo Tribunal da .\laa da LOnsLit:nLia, c Ordens, e mais .\li-
nis~rus do meu Conselho, e Dezcmbargo assima dedar.1dus, LJUe tudo LUm-
práo, ohscncm, c CXCLUtl.:'m na mesma forma em que por .\lim lhes hLa
ordenado. Dado neste meu Real Pala.:io de Udlcm aOS""LJUatro de Janeiro de
mil seteLcntos sinLoenta e nm·e. = R c\·. - Sebastião .lo/é de Can·alho c .\ldlo.
Al\"ar;.i. porque Yossa .\lagcstãde he scrrido, LOmo Hcy, e Supremo
Sc.:nhur, c ProteLtor Jus seus Reinos, c Yassallos, e como Gm crnadnr c Per-
petuo :\dministrador dos .\lcstrados, e C:l\·allcirus das Ordens .\lilitarcs,
mandar remeter ao Tribunal Ja .\lc.:~:a da Cons.:icn.:ia, c l)rdcns, constituído
no seu Real PalaLio, as culpas dos Reos do enormiss"mo insulto, que LOn-
tra a sua Hcal Pessoa se Lometteo na nuutc de trc/ de Setembro do annu
prm.:imo passado: ~a forma assima dc.:darada Para Yossa .\laHcstade \ cr.
Filippe Jo7é da Gama o feL.
Registado na Seactaria de E!>t::tdo dos l\cgoLius do Reino.
Cl".\IPRI.\IE:\TO
,
:!li
1:\TI.\l.\C.\.0
SE:l\TE:\Ç.\
D.\ T.\
REZOLCÇÃO,
1>.\T.\ E CO:\CI.l"Z.\0
• E junta a referida Consulta, no mesmo dia mcz, c anno ass;ma e atraz
declarado tiz estes autos conduzos ao Dczembargadur do Paço Pedro Gun-
sah·es Cordeiro Pereira, Juiz da In.:ontidcn.:ia. E eu Jus~ :\ntunio de Oli-
veira :.\la.::hado, Dczembargador da ( :aza da Supplicação que o es.::rc\ y =
Conduzo.
absolutamente carecia, mas lambem pur lhe ha\·er o dito Senhor da mesma
sort~ impedido a celebração do marrimoniu, que acelerada, e cobiçozamente
havia ajustado entre seu filho o ~larquez de Gom·ea, e Dona Margarida de
Lorena, Irm::í immediata du Duque de Cadantl Dum :\"uno Caetano de
:\'lcllo, com o verosímel objecto de confundir pelo meio daquelle matrimo-
nio, como accessorio da sua propria caza a ·IIlustrissima Caza do Cadaval,
cujo actual AdmH-listrador menor, e sujeito ainda ao perigo das bexigas ~tão
funestas para a sua família~. alem de se achar no estado do celibato, pro-
curava elle Reu embarassar no mesmo tempo que passasse ao estado do
matrimonio, suscitando-lhe, e fnmentando-lhe pleitos, e execuçoens, que
p~IZessem as rendas do mesmo Duque menor em hum tal embarasso, que
nellas nãu hou,·essem os meios necessarios para se fazerem as despezas do
ca7amento, com que o mesmo Duque do Cada,·al de,·ia procurar a conti-
nuação da sua Illustrissima, e digniss:ma Caza. ( 1)
s .,-·
~·
'lostra-se mats que o mesmo Reo Dom Jozé 'lascarenhas, sendo dia-
bolicamente concitado por aquelles malignos espíritos de soberba,. e_ ambi-
ção ·de cobiça, c de Í!"a implacavel contra a Au.~ustissima, e benificentissima
pessoa de Sua !\lagestade, passou logo a abrir o caminho aos outros absur-
dos, em que depois se deslizou pelas diligencias de alliciar, e atrahir ·a si
todas as pessoa-;, que sabia que se acha,·ão, ou justamente separados do
Real agrado du mesmo Senhor, uu iniquamente discontentes dll fclicissimu
gu,·crno de Sua 'la•.{est~-:ie: Procurando aliena-las, ainda mais com os per-
n;ciozissimos nemplos da sua sacrílega detracção, c do seu adio ao Real
serviço: Fugindo infamemente deli e: Che,.{ando a proferir a blasfemia de
que para elle Reo era o mesmo mandarem-no hir au Paço do que curta-
rem-lhe as pernas. 1'2) E chegando o seu temerario dezacordo a ltzongear-se,
e ouvir com approvaçáo, e consentimento, que jú não tinha para onde su-
bir, se n~ío para u throno sendo Rey. tJ)
~- 3_
'lastra-se mais, que o subreditu Reo, proseguin.fu este infernal, e
c~acrando systema, de uJio e s2diç<íu infames; ao mesmo tempo em que
§. 5.
§. 6.
(•) Prova-se pelas testemunhas citadas na Nota n.o 4· pelas proprias confissões do
mesmo Reo na resposta sobre a primeira das segundas perguntas, ntificada, e repetida
na f•Utra resposta, sobre a _primeira das terceiras per~untas: E tudo confirmado pelos
outros diabohcos factos que abaixo se seguem.
(2) Ambos e:-tes fac10s da antecedente oppozi.;ão entre o Rco, e a Caza de Ta-
,·or<~, e das diiigencias que o mesmo Reo fez para uzurpar os Prazos e bens livres da
mesma caza sf10 a todos notoriQS.
35
sentando-se ndlas, cm que seria muito util, c}uc: o mesmo Senhor deixasse
de dn~r, c fal'endo-sc: sobre este abominav.e prin.:ipio na ca/a da mesma
:.\larque.la muitos dos ajustes, e confeJc:raçõcs para se commetter, e sus-
tentar o sa.:rilc:Ju ins~lito da noutc: de trc.l de setembro do annn proximo
passado: Ter..:eiro: Confederar-se a m~sm..t :\l:tr,pcza por aqudla confor-
midade de sentimentos dctesta,·eis .:um o Ou,JUC de .\\·eiru, a..:hando-se com
ellc: nos outros ajustes, c machinaçoens. qne se tit.c:r.ío em .:aLa do .mesmo
Duque. para se pri,·ar El Rc:y ~osso S~:nhor da sua pre.:iozissima, e glo-
• rioússima Vida. atim que assim cessasse o feli.l go\'l!rno du mesmo Senhor:
Quarto: Confederar-se tambcm a dit.I :\br,Jucza, álem do rd.erido Gabriel
:\lalagrida, seu continuo, e absoluto Dire.:tor. tambem com os Jczuitas .João
de :.\latos, e João .\lexandrc, e outros; (I) Quinto: Constituir-se a mesma
:\tarqueLa huma das trez prin..:ipais cabeças desta barbara, e hurrivc:l conju-
ração, para a propagar, procurando com a sua al:nhuriJade e artifi..:io pel-
los meios assima declarados, e outros, metter na mesma conjuraçüu toJas
as pes-,;oas, que lhe foi possi\"el iIludir: Sexto: Em fim assosíar-se a mesma
Ré imm~:diatamente ..:om os per.fidos, e sacrílegos executores do cxa..:rando
insulto da noute de trcz de Setembro do anno proximo passado, contri!
buindo com dezeseis moedas para parte do premiu que se deo aos infames,
e detesta,·eis monstros, que n 'aquella in faustissima noute dispararão os sa-
crile5os tiros, qu-! fizcrão os enormissimos estragos, que toJos deplora-
mos. l2) '
( 1) .\ssim se pron~ pelos depoimentos. e fa~!Os proprios de. pessoas tão conjuncta~,
.::orno são o :'llarquez l.utz Bernardo de Tavora tHho desta abomma,·el Rc no appenso h.
o conde dt: "\toup:uia, p:enro da mesma Ré no oulro appenso 7· o Duque ~e .\velro, cu-
nhado da mesma Ré, no oulro appenso t8; e nelle na resposla sobre a dectma nona das
primeiras pergun1as, na outra resposla sobre a decima das lerceiras perguntas, e no
arrenço n. 0 t.5. Antonia- .luzé I t:l!iío, escudeiro da S•"lbrcdila.
(:!) .hsim o .terõz de factn prnprio o mesmo OulJUe de :heiro na resposta sobre a
nona ,bs 1er.::eiras pcrgumas que: lhe furão fci1as, depois de haver declarado as conas
panes, cüm que c.tJa hum dos oulros sucios havid .:oncurrido para aquelle sor,lidis~imv
premio.
3fi
mente lhe escreYia para persuadir a todos os seus parentes, a que fossem
tomar exerci cios a Setubal com elle :\la\ agrida. ( 1)
§. 8.
(1) Assim o prováo as concludentes testemiJilhas que ficá o indicadas nas notas mar-
ginaes n.u 7· e 8. e o confirma ;nteiramente o qu~:: a este respeito depoem o .\larquez Luiz
Bernardo de Tavora no appenso n. 0 6. E o corrobora hum grand~:: numero de canas ori-
ginaes do mesmo ~lalagrida achadas no Gabinete da dita l\larque7a, que vfto juntas aos
autos. ·
(2) Assim o depozeráo de vista, e facto proprio no appcnso n." o :\larquez Luiz
Bernardo de Tavora no outro appenso n." o conde de ,\ tnuguia, e no outro appenso
n." o l>uque de Aveiro: a saber na rcsposra sobre a decima nona das primeiras pergun-
'
~a~. na outra resposta sobre a segunda das ditas terceiras perguntas, e na outra resposta
sobre a quinta das mesmas terceiras pergunias. ·
(3) .\ssim o provão concludentissimamente no appenso 3. o depoimento de Jozt!
l\lanoel Estribeira do Du..:jue de A,·eiro no appenso 6. Francisco da Costa Bolieiro do
mesmo Duque no appenso 8. Antonio Dias, Moço de acompanhar, e contid~::nre do mesmo
Duque no appenso t3. Braz Jn7é, Cabo de Esquadra do i\larquez de Ta,•ora filho, e
grande confidente deste e ,\o :\larquez seo Pai no appenso n." o mesmo :\larqueJ:
Lui7 Bernardo filho do Rco de qu~:: se trara tlf• oU'! ru <tppcnso n.• o C(J'lde de Arou-
guia genro d,, mesmo Reo no appenso 1 ;_ João Ucrnardo Moo;u de acompanhar do me~mo
:\1arquez.
..
'
c to, que todos acaba,·ãn de au:-..ili.tr: ( 1 1 E de sorte, lJUC tambcm se ..1chou
na. Junta ~os parentes, ou antes conciliabulo, que na manh<í pro\ ima se-
gum_re a? msultu de trez de Setembro se _tc\·e cm ca1a do mesmo l>uque de
.-\ H!lro, m.:repando nellc huns aos .\~sa~!>II10s, porque não ha\ ião c\ccutado
o golpe _.:_um tu?o o seu pernicio~issimo ~feito, ~ jactando-se outros, de que
o ha\·enao a.ss1m executado se 1·.1-Rey :\osso Senhor hoU\éS~c p;t~sado pc-
las emboscadas, onde clles se ach;l\ ãu de mão posta p.u·a o esperarem (~J •
{I) Pro\· a-se no appenso .!. pdos milagroz<1s dcpoiJ!l~ntos lle Sah·ador Jo7~ Durão,
e lle ~larianna Thereza nu appensu n. 0
o Duque de :\veuo nas re.;postas que deo sobn:
a primeira das quanas per~unlas que se lhe fizerão no appcnsu t5. João Bernardo :\l<1t;O
de acomranhar do mesmo Mo~rquez.
. (2 .\ssim o proYáo no a prenso 3. Jo~ê Manoel da Silva, Estribciro do Duque ~e
.-\vetro no appenso 4- Manoel da Custa, Portetro do mesmo L>uque no appenso n.• Lutz
Bernardo dt: T:n-ora filho de~te R. no appensu n.• u Duque de .\veiro na resposta ~ue
dC:o sobre a se1ima das terceiras perguntas no appenso 15. Jozé .\ntonin Bol~eiro do dato
:\larquez no mesmo appenso, João Bernardo, )1oço de acompanhar do dno ::\larq~ez.
jj) Assim o prova no appenso n.• 3. Jozé :\lanoel Estribe1ro do Duque de ._\n:aro;
no appenso -1-· :\lanoel.da Cosia, Porteiro do mesmo Duque: no appenso 7· Amomo Mar-
tins, :\loço da Estribeira, que acompanhava o me~mo Duque: nu appenso 9· :\lanoel .-\l-
vares Ferreira. Guarda roupa do mesmo Duque.
. (-1-) .-\ssim se prova dos mesmos depoimentos proxir11t! supra, o~de const~ da sua
conunua assistt:ncia naquellas cazas, onde somente se trat.tva -llestas ult1mas prau~·as, e o
confessa este mesmo Reo no app.:nso n.• . .
(5) .Assim o proví10 no appenso 3. o depoimento de Jozé ~lanoel, _Estnbe~ro ~o
I?uque de_ Aveiro no appenso n.• ~~~. o mesmo l}uque nas dedara..;oes que tez a pnm~1ra
tlas terceuas perguntas, e na resposta. que de o sobre a se~unda das mesmas tt:rc.:uas
perguntas, e sobre a 11. e 12. dellas. conhrm.mdn-se tudo .:xuberanlem.:me pelo~ que su.:-
ce.;siyamenre se seguirão.
(6).
•
38
sobre o mesP1o insulto, se achou com effeito nas embuscadas, que naquella
funestissima noute de trez de Setembro do anno proximq_ passado se arma-
rão contra a Augustissima, e preciozissima vida de Sua Magestade, para
que se escapasse de humas, não podesse dei:-..ar de perecer nas outras, que
se acha vão postadas, entre as duas Quintas: ( 1) E que em fim na manhã
proxima seguinte ao dito insulto da noute de trez de Setembro proximo pas-
sado se achou tambem na junta de parentes, ou antes conciliabulo, que se
teve em caza dos Duques de Aveiro, increpando nella alguns dos circuns-
tantes aos Assassinos que disp:1rarão os sacrílegos tiros, com o pretexto de
r:ão terem estes produzido todo o seu detestavel effeito, e lizongeando-se
outros, de que o mesmo abominavel delicto, se teria consumado, se a car-
ruajem de El Rey Nosso Senhor, houvesse passado pelo lugar, donde a
espera vão os que fazião esta barbara, e sacrílega jactancia: (2J
§. 10.
1\lostra-se mais que o Terceiro dos Sequazes, que os mesmos trez se-
diciozos, e detestaveis ·chefes meterão nesta infame conjuração, e precipita-
rão neste sacrílego e barbara delicto, foi o Conde de Atouguia Dom Jero-
nimo de Ataíde, genro dos sobreditos Marquezes Francisco de Assiz, e
[\:>na Leonor de Tavora, o qual se prova, que quazi todas as noutes, con-
curria com a condeça sua mulher nas sediciozas, e abominaves prat:cas, que
se tinhão em caza dos Marquezes seus sogros; (3) Prova-se que nas mes-
mas praticas, foi pervertido pela dita sua sogra e mulher athé ao ponto. de
seguirem tudo e por tudo os abominaveis dictames da dita Marqueza sua
sogra, e as detestaveis doutrinas dos Religiozos Jezuitas, inspiradas por
Gabriel MalagriJa, João de Manos, e João Alexandre, e de cobrar huma
grande aYersão á Real Pessoa, e ao feliz governo de El Rey Nosso Se-
nhor: (..t-) Prova-se que por isso concurreo a condeça mulher deste Reo
com oito moedas para o indignissimo premio dos Assassinos que dispara-
rão os sacrílegos tiros, e que entrara con1 os Jezuitas, Malagrida, João de
1\Iattos, João Alexandre nesta conjuração: Provando-se finalmente que este
Reo foi sacio nas esperas que se fizerão a Sua 1\Iagestade na mesma in-
•
faustissÍf!!tl noute de treL de Setembro do anno proximo passado: ( 1) E
que por 1sso a Condeça sua mulher se achou na fatua, e desorden.tda junta,
ou .\ssemblea de parentes, que na manhã prm.ima seguinte ao insulto se
teve na forma assima declarada nas cazas ·do Duque de \'e iro, si tas no
lugar de Relem. (2)
§. 11.
(t) Asstm se prova no appt:nso t3j pela propria confissão deste Reo, e se confirma
pelos factos subsequentes.
(:J.) No mesmo appenso J3.
(3) No mesmo appenso J3. pela propria confissão deste Reo.
(-J.) Assim o prova no appenso n. o= o mesmo Marquez Luiz Bernardo de Tav01 a:
no outro appenso n. 0 =o Conde de Atouguia: no outro appenso n." =o Duque dt:Aveiro
na resposta que deo sobre a quarta das 3.•• perguntas, denominando-o pelo cabo de Esquadra
de quem se costumava fiar o !\larquêz, que hé o que basta, constando da Pessoa, e tornando
a ratificar o mesmo nas declaraçoens, com que_ fez preambulo ás quartas perguntas.
(5) No appenso 1 •- Salvador José Durão, sendo combinado com o que depõz o
Duque de Aveiro nas declarações, que fez ames das quartas perguntas, vendo-se que este
Reo, foi o dos calções brancos, que o dito Salvador Joze não tinha conhecido.
-P
Sua ~lagcstaJc da Quinta do ~lcyo para a Quinta de sima, on~le cst;í o seu
Real Palaóo, c de atirar cm companhia Jclle Ju.fé ~lascarenhas com duas
armas de fogo curta~. contra a dita carruagu11: Que muJandu dcpQis
a-1udle parecer, assentarão ambos, cm que cllc .\muniu .\h ares, faltasse
ao dito José Policarpio, lJUe era seu cunhaJo, para que u associasse ao e'-a-
crando crime de que se trata: Que com dfeito assim sucedera; de sorte
que ambos ticar:üo praticando com ellc Jozé ~lascarenhas, sobre as dispozi-
socns, para se commcttcr o mesmo dctest.tvel dclictu: Que com ctfcito fi,rüo
ambos os ditos Heos repetidas \etes a pé, c a cavallo cm comp:mhia dcllc
Jozé ~lascarenhas para lhes dar a conhecer a dita carruagem: Que para o
etfeito lhes mandara o•mprar dois ca,·allos dt·sconhccidos, como ellcctiva-
mente ct•mprou o Hco .-\nll•nio Ah·arcs, hum dcllcs a Lttiz de Horta. mo-
rador ao pateo do Soccorro por (jaatro moedas. outro a hum sigano cha-
mado ~lanocl Soares, morador em ~lan ilia por quatro moedas, c meia:
Que tambem lhes mandara o dito Jozé Mas.:arcnhas comprar armas desco-
nhecidas. as quais o sobreditu Reo .\nton·o .\!,·ares. não comprara. senin-
do-sc com o dito seu cunhado de húma .:ravina sua, de outra emprestada. c
de duas pistolas, I.]Uc pedira a hum E~trangciro. debaixo do pretexto de as
experimentar, morador cm ca1.a do Conde de ( rnh:io, e ~Juc Iugo depois do
insulto lhas h:n·ia tornado a restituir: Que estas forãu as armas, que os di-
tos Antonio Ah·ares. e Jozé Policarpio, h:l\·ião disparado contra a carrua-
gem. que conduzia Sua ~lagestadc, na mesma fune~tissima noute de trez de
Setembro do anno proximo passado. cm que se comctteo o insulto: Quc o
premio, que por elle receberão estes duus ferocíssimos Rcos do dito man-
dante Jozé ~lascarenhas. forão I.]Uarcnta moedas dezescis por huma vc1.,
I.]Wltro por outra. e vinte pur outra: Que logo I.]Ue descarregarão as ditas
armas sobre o espaldar Ja carruagem. I.]Ue transportava o dito Senhor. vie-
rão elle An~onío Alvares. e o dito scu cunhado, correndo pelas terras athé se
metterem na .:alçada I.]UC ,·ai por for;~. da Quinta Jo ~Ieyo. da qual sahinJo
pela tra\·essa do Guarda ~lor Ja SauJc. se retirarão lu~,, para a Cidade Jc
Lisboa: E I.]Ue emrim \indo o Réo .\ntonio Alvares Ferreira Juis dias depois
a caza do sobredito Heo mandante por ha\·er sido por clle chamado. o in-
crepara muito, dizendo-lhe que os til·os n.fu h.ll'i.fo p1·es!.1do, proferindo ~com
o dedo na bôca. c muito dc1.afogado J as pala \Tas=- C.zlur.i.z que nem o 1Ji.1bo
o pode saber, se tu o não .iiceres~ e rccommcndanJo-Uie que 11.fo ren.iesse lo!(o
os car.zllos por se 1;ãu suspeit .zr: De sorte I.]Uc estes _horrorutissimos Reos An-
tonio .-\h-ares Ferreira, e seu cunhado Jol.é Policarpio Je Atc\'cdo, furão
indubita,·clmente os dois ferocíssimos monstros que disparar.io us tiros. Jc
I.]Ue a Real Pessoa Je Sua ~lagestade recebeu os"sacrilegos golpes. I.]Ue a
honra, a rideliJaJc, e o amor filial Jus Yassallos destes Reinos Jeplorãu
com infinitas lagrimas t 1).
§. '-l·
§. I:>.
§. t6.
--
.p•I
§ .• ,.
(J) O Duque de À\"Ciro na resposta sobre a quint<J .las tcr.::eiras perguntas: na ou-
tro resposta sobre a nona d<Js mesmas perguntas no appcno;o n. 0 =o Conde .te Atouguia
mt re:-.posta 9· e 10. .tas primc:iras perguntas.
(2) No appen:-.o n. 0 3 contis:;fto do Esuihc:iro Jozé !\lanuel_ n~ appenso n.~ 11.. con-
fissão Jo Guarda roupa ~lanoel AI'" ares: No appc:n:-.o n.0 12. conlissao de Antomo Ah·a~es
Ferreira: no appenso n. 0 =a confis~áo _de_ Braz Joz~: no appenso n. 0 =:=_o Duque de A,·e1ro
nas declarações ft:itas sobre a p~m1c1ra dds terceiras perguntas, e 1h1dem nas respostas
sobre a terceira. e quarta das refendas perg~ntas. · . _
(3) No appenso 13. Braz Jozé Rome1ro de fa.:to propno: no appenso q .. JoaqUim
dos Sai-11os Cquceiro.
(~)-
(5) Assim o pro\"áo no appenso .pnme1ro· - os dc:pOJmentos
· c?m que se rorma 1·1zou
o corpo do delicto: Na aprenso 2. as duas opu mas testem~mhas de \"1St a, que nelle se con-
tem: E tudo se acha liquido no appenso n. 0 IR reta propna confissão Jo mc:smn Reo Jnzc:
.\lascarenhas na resp()sta que deu sobre a prime1ra das quartas perguntas.
§. I)).
Mostra-se mais, que cm razão dos acelerados passos, com que o so-
bredito cocheiro, procurou sah·ar-se dos referidos tiros que viu contra si
ameassados, náu poderão os duus ferozissimos Executores Antonio Ah·ares,
e Jozé Policarpio, que se acha,·ão postados na espera, que pro\:Ímamente se
seguia, junto au boqueirão do muro novo, que alli se Jeyantou ultimamente,
discarregar com tanta facilidade como pertt'ndiáo os seus infames tiros, so-
bre o Espaldar da carruagem, que transporta\·a o dito Senhor, escolhendo
o Jogar para os dispararem: Pelo que seguindo a galope a dita carruagem
discarregarão como lhes foi possi,·el sobre o mesmo Espaldar della os dois
sacrílegos, e exacrandos tiros, que depois de ha,·erem feito na mesma car-
ruag,..m, e nos ,·estidus, que orna,·ãu o mesmo Senhor, todos os t'Stragos, e
ruínas, que se manifestão dos mesmos autos de corpo de delicio, passarão
a fazer na augustissima, e sacratissima Pessoa de _Sua :\lagestade as gra,-is-
simas, e perigozissimas feridas, e deslaceraçoens, !-1Ue desde o humbro, e
braço direito, athé o cotuvdo pela parte de fura, e de dentro do mesmo
braço fizerão álem das ditas feridas, e deslacerasoens, huma considerm·el
perda de substancia, com grandes cavidades, e ditferentes golpes dos quais
chegarão seis a otfender o peito, sahindo de todos hum grande numero de
grossa munissãu: 12) o que bem manifestou por huma parte a ferocidade
com que a dita grossa munissão, se preferili ás bülas, para assim se segu-
rar com mais certeza o funestissimo objecto daquelle barbaro, e sacrilt'go
(I)
(:!) ~o appenso 1. se pro\':1 plenamente, ass1m pelos autos do corpo de ddicto,
como pd.1 ..:.:rtiLiâo do cirurgif1o l\lur d•, Reino qut: dirigio a ..:ura d.: Sua :\la!;t:slade.
insulto: 1-: pela outra parte que este foi o segun~o dcci7iH> milagre, que a
Di' ina l linnipotcn..:ia obrou naquel!a infaustissima noutc em commum bene-
tkio destes Reinos. c todos os seus Domínios, pois que não cabe na ordem
dos sucessos, nem se pode reduúr de nenhuma sorte a t:\'entualidade dos
acazos, que no pequeno espaço de huma carruagem entrassem duas cargas
de grossa munissão, disparadas por similhantes armas, sem destruirem, to-
tal, e absolutamente as Pessoas., que fossem, na dita carruagem, ,-endo-se
por isso com eYiden..:ia ..:!ara, que sú a miio do Omnipotente podia ter for-
ças em tão funesto ac..:idente, para desvio.u· os mesmos sa..:rilegos tiros, de
sorte que hum só oll"endesse de raspão a parte exterior do dito hombro, e
braço, e que o outro passasse pur entre o mesmo braço e o l.1do direito du
~orpu, l!ll'e!ldendo as exterioridades, sem l}Ue tocasse parte alguma, que
lusse prmc1pal.
(t) .\ssim o provi10 de facto proprio no appenso 1. o Sargento :\1•1r Pedro Tei-
xeira. c o co..:hciro CustoJio da Costa, <jUC na<juclle funcstis•imo momento a..:ompanhariio
Sua :\la~o~cstaJc. E assim o ..:onlirmãu tambcRl .te fa.:w propriu as •Jutras testemunhas <jliC
vão inJi..:atlas na ~ota proxima seguinte. .
•
silencio de Sua !vlagestade no tempo do insulto, e a sua illuminada rezo-
lução, com que retrocedeo, depois daqudlc ferino attentado. os que consti-
tuirão este terceiro milagre da Di,·ina Omnipotcncia, porque assim evitou
Sua dita Magestade os outros perigos, de que não poderia _escapar. seguindo
o caminho por onde se costumava recolher ao seu Palacto, quando no- tal
caminho, havia de ser perc;zamente encontrado pelas differentes embosca-
das dos outros mah·ados socios do delicto, e Reos deste nefando, e horrível
insulto, que no mesmo caminho 'esta vão de mão posta, armados para espe-
rarem ao dito Senhor, no cazo que sucedeo d~ se haver salvado da crueldade
das primeiras duas das ditas emboscadas. (I)
§. 21.
(1) Fica assima pmvados nas Nota~ n."' 11. 17. 25. e n.• 31.
(2) No appenso n.• 18. ~e prO\·a pelas rcspnstas que o Duque de Aveiro dco snhre
a decima sexta das primc:iras perguntas, c: sohre a primeira ,tas <.JUartas.
(3) Assim o provrw no appensu 2. as duas· tc:stc:m unhas de 'ista. 'jUe ndle Jepoze-
rão, e as mais que ficáo indicadas nas Notas n.o• 12. 26. e n. 0 32.
-l7
§. 2:.?..
§. 23.
~lustra-se mais· pelo que pertence aos Rdigiozns Jezuitas, que \"Cndo
estes que a superioridade das IUJ:es, e o incomparavd discernimento do-
dito Senhor os privava de todas as esperansas de consen•arem nesta Corte
(1) Tambem fica verificado pelas provas assima indicadas nas :-.lotas n.o• t3. '9·
2J. e 27. .
(2) Ex professu Fr.mcis(·us Herr:11l.n111s in l"ract. (}11is tene.l111r prob.tre neg.lliv.tm
n. + ubi multa i';lra, 1~1uh?sque IJIJ. congerit: Escobar de: puritat. p. 1. q. 3. 1;i 3. n." ~7-
0
§. 2J.
§. 2ti.
(I).
4
:lO
§. 27·
§. 28.1
-- •
de Duque, por serviços ainda tão rele\ antes, ~omo o dos muitos, e grandes
H erôes, l}Ue illustní.o a H i:-.toria Portu~ue1a com os seus assignalados fei-
tos; sendo igualmente noturio, que ambos os sobreditos Reos, sem reparo,
nem pejo perscguirüu in~essantemente o Se~retario de Estado dos :\cg• cios
do Heyno por aquelle despacho, que não cabendo na graça regulada, pe-
di,í.o. C postUhl\"ÜO alti\·a, e incessantemente COmO huma divida de Justiça:
sendo igualmente certo que o mesmo Se.:retari J de Estado, fui constran-
gido para moderar aquellas ardentes instancias, e as sücessivas recrimina-
soens, que ddlas rezulta,·ão, a fa1er cumprehender aos mesmos Reos cinl,
e decoronmente, que a sua pertençüo não tinha exemplo, que a apadri-
nhasse: E sendo cmfim este necessario de1engano, o que constituía invo-
luntariamente a paixão, e o inreresse cum que a sobredita )larqueLa Dona
Leonor se foi reconciliar com o Duque de .\ veiro, e se declarou por hum
dos chefes da barbara conjuração por elle intentada, p<tra ganhar com o
fa,·or do mesmo Duque, depois das ruínas da :\lagcstade, e d<t :\lonarchia
aqudle titulo de Duque, com que t_ambem a incita\·a a ardentissima inveja
de igualar no mesmo titulo o dito seu cunhado. E sendo emfim igualmente
notorio, que toda aquella soberba ambiçüo, e orgulho praticados athé a fl\-
nestissima Epocha do exacranJo insulto de tret: de Setembro do anno pro-
ximo precedente, cahirão dennimados depois do mesmo insulto em huma
confu1ão, e desfale.:imento manifestos.
O que tudo vi~to, e o mais dos autos com a rezolt!çáo, que o dito
Senhor foi sen-ido tomar em consulta desta Junta, ampliando a Jurisdição,
e Alçada della, para que possa e\tender as penas merecidas por estes infa-
mes, e sacrílegos Reeos, cm forma que possão ter a possível proporsão
com as suas exacrandas, e escandalozissimas .:ulpas : Condemnão ao Reo
Jozé )las.:arenhas, que já se ad1<1 desnaturalizado, e\authorado das honras
e pri,·ilegios de Portuguez, de Yassallo, e criado; degradado da ordem de
São Tcago de que foi Commendador; e relaxado a esta Junta, e justiça
secular, que nella se administra; a que com baraço, e pregão, como hum
dos trez cabeças, ou chefes prin.:ip<tis desta infame conjuração, e do abo-
mina,·el insulto, que della se seguio, seja levado á Praça do Cais do lugar
de Belem, e que ndla em hum cadafako alto. que será le,·antado de sorte,
que o seu castigo seja \·isto de todo o Pmo, a quem tanto tem otfendido o
escandalo do seu horrorozissimo delicto, depois de ser rompido \ ivo, que-
brando-se-lhe as oito canas das pernas, e dos braços seja exposto em huma
roda para satisfação dos pret:entes, e futuros Yassallos deste Reino: E a
que depois de feita esta execuç<í.o seja queimado ,-j,·o o mesmo Reo com o
dito cadafalço, em que for justiçado athé que tudo pelo fogo seja reduzido
a cinza, e pô, que serão lansados no mar, para qu,e delle, e de sua memo-
ria não haja mais noticia: E posto que como Reo dos abomina,·eis crimes
de rebelião, sedição, Alta traição, e Parricídio, se acha já condemnado pelo
Tribunal das Ordens, em confiscação. e perdimento de todos os seus bens
para o Fisco, e Camara Real, como se tem praticado nos cazos, em que se
commetteo crime de Len :\lagestadc de primeira cabeça: comtudo attenden-
do-se a ser e"te cazo tão inopinado, tão insolito, e t~o estranhamente hor-
rorozo, e in~ogitado pelas l.eis, que nem ellas dcrão para elle prm·idencia,
nem nelle se pode achar castigo, que tenha proporção com a sua desme-
dida torpeza; pelo que cum este moti,·o se supplicou ao dito senhor em
consulta desta Junta, com cujo parecer, fui Sua ~lagestade sen·ido~ confor-
52
DATA
CERTIDÃO DA IKTII\'IAÇÃO
Justiça que manda fazer El Rey Nosso SenhÕr nesta 1\lulher, que
ha\'endo sido Pàrtugueza e ~largueza de Ta' ora, fui desnaturalizada, e
condeninada, por ~e ter feito Monstruo da sociedade civil com as suas atru-
cissimas culpas de conjuração, alta Traição, e Parricid:o. Jozé Antonio de
Oliveira Machado Dezembargador da Caza da Supplicação, e Secretario da
Suprema Junta da Inconfidencia que o escrevy. Palacio de Belem, e Caza
das Secretarias de Estado treze de Janeiro de mil setecentos sincoenta e
nove= Pedro Gonsalves Cordeiro Pereira.n
CERTIDÃO
Justiça que manda fazer El Rey Nosso Senhor neste Homem, que
havendo sido Purtuguez, e 1\larquez de'" Tavora, foi desnaturalizado, e con-
demnado por se ter feito ~lonstruo da sociedade ci,·il. com as suas atrocis-
simas culpas de conjuração, alta Traição, e Parricidio. Joté .\ntonio de
Oliveira ~lachado Dczembargador da caLa da Supplicação, e Secretario da
Suprema Junta da lnconfidencia, que o csere\,.. P.tlacio de Bdem, e CaLa
das Secretarias de Estado treze de Janeiro de mil setecentos sincocnta c
non~ = Pedro Gonsal' cs Cordeiro Pereira11.
CERTID.\0
Justiça que manda fazer El Rei ;\osso Senhor neste Homem, que ha-
vendo sido portuguez, e Conde de .\touguia, foi desnaturaliLado, e con-
demnado por se ter feito ~lonstruo da sociedade ci,·il, com ·as suas atrocis-
simas culpas de conjuração, alta traição, c Parricidio. José .\ntonio de Oli-
,·eira ~lachado .Dczembargador da caza da supplicação, e Secretario da
Suprema Junta da lnconfidencia, que o escren·. Palado de Belem, e can
das Secretarias de Estado treze de Janeiro de mil setecentos sincocnta e
nm·e. =Pedro Gonsalves Cordeiro Pereira.
CERTIDÃO
Justiça, que manda fazer El Rey ;\osso Senhor n~te Homem,_ qu~
havendo sido Portuauez, e Ajudante das Ordens ·do General seu Pat, fm
desnaturalizado, e c~ndemnado. por se ter feito ~lunstruo da sociedade ci-
vil, com as suas atrocissimas, culpas de conjuração, alta Traição, e Parri-
cidio. José Antonio de Oliveira ~lachado, Daembargador da caza da sup-
plicação, e Secretario da Suprema Junta da Inconfidencia, que <? escrev~:
Palacio de Belem e caza das Secretarias de Estado treze de Janetro de mtl
· '
sete centos, smcoenta c1ro 1~ ere1ran.
e nove.= Pedro G onsa I ves C ord. .
..
:JO
CERTIDÃO
Justiça que manda fazer El Rey Nosso Senhor neste Homem, que ha-
rendo sido Portuguez, foi desnaturalizado, e condemnado por se ter feito
1\lonstruo da Sociedade civil, com as suas atrocissimas culpas, de conjura-
çáo, alta Traiçáo, e Parricídio. José Antonio de Oliveira Machado, Dezem-
bargador da cazii da Supplicação, e Secretario da Suprema Junta da lncon-
fidencia, que o escre,·y. Palacio de Belem, e can das Secretarias de Estado
treze de Janeiro de mil sete centos, sincoenta e no\·e. =Pedro Gonsah·es
Cordeiro Pereiran.
CERTIDÃO
Justiça que manda fazer El Rey Nosso Senhor neste homem, que ha-
,·endo sido Portuguez, foi desnaturalizado, e condemnado, por se ter feito
:\lonstruo d,/ sociedade civil, com as suas atrocissimas culpas de conjuração,
alta Traição, e Parricidio. José Antonio de 01 iveira :\lachado, Dezembarga-
dor da caza da Supplkação, e Secretario da Suprema Junta da lnconfiden-
cia que o escrevy. Palacio de Belem, e caza das Secretarias de Estado,
treze de Janeiro de mil sete centos, sincoenta e nove.=- Pedro Gonsalves
Cordeiro Pereira>>.
CERTIDAO
Justiça qtre manda fa;.cr El Rcy :\osso Senhor ncstl: Homem, l]Ue ha-
vendo sido Purtuguez. fui desnaturalitadu, e cundcnmado por se ter feito
.\lonstruo da Su~iedade ~i\ ii, ~om as suas atrucissimas ~ulpas de ~unjura
.;:ão, alta Traição, e Parrkidiu. Jot.é Antonio de ( >Iiveira .\la~hado Det.em-
bargadur da ~aza da supr•li~a.;:ãu, c Se~rc:tariu da Suprema Junta da ln~un
tidencia, que o es~re\·y. Palaciu de Bclem, c ~aza d..ts Se~rctarias de Es-
tado treze de Janeiro de mil sete ~cntus, sin~oenta c nO\ c.== Pedro Gon-
salves Cordeiro Pereira>~.
CERTID-'.0
Justiça, que manda fazer E\ Rcy ;\osso Senhor neste Homem. que
ha\"endo sido Portuguez, Duque de .\ \·ciro. e .\1m-domo .\lór de Sua .\la-
gestadc, e commcndador das Ordens de São T cago, fui desnaturalit.ado, c:nau-
turado (sic), c degradado por se ter feito .\lonstruo da Sociedade ~ivil, ~om
as suas atro~issimas ~ulpas de ~abeça de ~onjuração. a!ta Traição, c Parri-
~idio. Jozt! Antonio de Oli\'Ci1 a .\la~hado, Dczcmbargadur da.~at.a da Sup-
plkaçáo, c Sc~retario da Suprema Junta da ln~ontidc:n~ia, que o cs~rcvy.
Pahtcill de Bdem, c ~an das Sc~rc:tarias de Estado, treze de Janeiro de mil
sete ~entos sin~ocnta c no\·e. =Pedro Gunsal\"cs Cordeiro Pereira.,.
CERTIDÃO
Justiça, que manda fa7cr El Rc\· :\osso Senhor neste Homem, que
hanndo sido Portuguet.. .\larquez de 'Ta\·ora. General, Dirc~tor Geral da
Cavallaria, e commendador da Ordem de Christo: Foi desnaturalizado enau-
turado (sic), e degradado por se ter feito ~lonstruo da Sociedade civil com as
suas atrocissimas culpas de cabeça de conjuração, alta Traição, e Parricidio.
Jozé Antonio de Oli,·eira ~lachado, Dezembargador da caza da Supplicação,
e Secretario da Suprema Junta da lnconfidencia, que o escrevy. Palacio d::-
Belem, e caza das Secretarias de Estado treze de Janeiro de mil setecentos
sincoenta e no,·e. =Pedro Gonsah·es Cordeiro Pereira».
CERTIDÃO
Justiça, que manda fazer El Rey l\osso Senhor neste Homem, que
havendo sido Portuguez, foi desnaturalindu por se ter feito )lonstruo d~
Sociedade ci,·il, com as suas enormissimas culpas de conjuração, alta Trai-
ção, Assassinado, e Parricidio. Jozé Antonio de Oli,·eira Machado, Dezem-
I
bargador da caza da Supplicação, e Secretario da Suprema Junta da lnc~m
fidencia, que o escreYy. Palacio de Belem, e caza das Secretarias de Estado,
treze de Janeiro de mil sete centos, sincoenta e no,·e. =Pedro Gonsah es
Cordeiro Pereiran.
CERTIDÃO
CERTIDÃO
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que segun dizem saldra impresa quanto antes, con la execucion quitara las
dudas, los miserables prezos han padecido terribles torturas: los Jesuítas
mue,·en a compassion por que ~stan prezas en sus co_~1bentos, y com guar-
dias de soldados quanto se enttende para ha1erlos aht y en todo el mundo
suspechozos en su lealdad. En este Reino no tienen sino a Di~Js por que los
inimigos hablan, los amigos callan por miedu. ~lvns. or ~uncio parece haz
las partes de la Corte d'e Roma, por que quiere e! capelo en esta promo-
ciun Papalina a exemplo de Oddi, e de la de Lisbona, por que quiere la
Protectoria de este Reino por muerte de Corsine, que se halla en edad
abançada yo que no soi puesta a Jesuítas tambien callo por no grangear
in;migos. Y. S. a me hon·rre com sus mandatos &. a nu\·e de Janeiro de mil
setecentos. sincoenta e noYen.
o
Do Padre João de ~lattos da companhia de JelUs, para Padre Pe-
dro Ignacio Altamirano em ;\ladrid. Lisboa nove de Janeiro de mil setecen-
• toS sincoenta e nove.
nRecebi a de Yossa Rnerencia de Yinte e nove de Dezembro, e estimo
logre Yossa Re,·erencia saude, nós ,-amo~ olferecenJ.o a Deos os ultrajes,
que temos na tribulação que ainda continua, a qual me parece hia indi,·i-
duada na carta de Dom Jozé Solis: e algum cuidado me cauza não poder
entender desta de Yossa Re,·erencia se lhe foi entregue pois me parece foi
escrita no mesmo dia dezoito em que foi feita a minha que \' ossa Reveren-
cia diz recebeo, e pur nessa hir tudo o que tinh~ sucedido, e juntamente os
papeis, ou Editais impressos: pur isso só dizia em geral o que passa,·a, e
pedia nos encomendassem a Deos, e agora agradeço a Vossa Re\·erencia, e
a todos os Reverendos Padres dessa Prm·incia a companhia que nos fazem
nesta consternação, e pedirem a Deos se lembre de nós, pois só delle pode-
mos esperar remedia, quando for sen-ido de nos om·ir.
:\ós ainda estamos com a soldadesca de guarda <is portas ainda que
não impedem a communicação dos que quizerem ,-ir, e só tomão a rol us
nomes de pessoas gra,·es, as quais nãu vem. :\a Igreja não impedem, nem
perguntão, e entra quem quer, já na carta de Dom Jozé Solis leria Yossa
Re,·erencia a busca que nos derão em todas as cazas desta Corte, exami-
nando officinas, cubículos, e tudo o que nestes esta,·a, mas não em papeis,
por que nada acharão do que busca,·ão, as guardas dos soldados só se po-
zerão nas cazas da companhia, e em nenhuma outra cummunidade, só nós os
Je1uitas hé que temos guarda de soldados, e nistu respondo ao que Vossa
Rnerencia me per·guntava nas ultimas clauzulas da sua, e desta pergunta
de alguma sorte infiro, lhe fui entregue a de Dum Jozé Sulis, e não ter
mandado em meu nome estas noticias com indi,·iduaçáo. foi receio, de que
nos bulissem com as cartas, mas athé agora o não tem feito.
Depois que se prenderão os Cundes de Obidos, e Ribeira, que forão
para a Torre de São Julião. não se tem feito prizão a Fidalgos, se não de
alguma gente ordinaria, como criados do Duque de Aseiro. A semana pas-
sada furão mandadas a Condeça de Atouguia para hum com·ento de Frei-
ras em Saca\·em, a Duque1a de .\,·eiro para as Trinas, e as filhas para as
Freiras de Santa Thereza: a -'larqueza de .-\!urna para o com·ento das
conegas de Santo .\gostinho.
' \'ierãu mais alguns corpus --le suldad•JS para esta Curte, nenhum
nosso tem sido prezo: ainda l)lle o Pun1 tem dito serem muitos us que
furão pret.os, o Padre \Ltla:~rida foi dtamado pelo Cardeal Reformador, e
o mandou fallar com o Sc.:retariu de cstadn, mas veio logo outra vez para
~anto .\-ntão. :\áo se tem feito athé agora exe..:uçáiJ alguma &.dn.
ainda que em hum Tr:bunal ache favor, em outro tem o vento pela proa,
e tarde se chegará a porto de salvamento: não sei quando nos ha de vir
huma noticia," que nos console nas grandes aftiçoens, que padecemos, vendo-
nos álem do mais privados do exercicio dos principai<> ministerios da com-
panhia: eu quazi vou de? esperando de ver estas couzas compostas em m-eus
dias: louvado seja o Senhor que tanta materia nos dá para merecer. Agra-
deço muito as novas, as de cá saberá Vossa Reverencia quazi ao mesmo
tempo em que aqui nos chegáo, chegando aqui me dão a noticia de se fe-
charem nesta manhã Editais honorificas para estes franciscanos, pelos quais
este Excellentissimo lhe tira a suspensáo que lhe tinha posto o Bispo de
confessar,. e pregar nos com·entos das Freiras, a nossa dorme. Hum com-
primento aos Padres &. 3 JI. =Antonio Jozé Gah·ão = 'Francisco da Costa.
El Rey não tinha premias, nem castigos para b obrigar a dizer huma men-
tira le' e, e que se era necessario affirmar de outra sorte, que elle pedia
áquelle Senhor [pegando no Christo que traz ao peito~ que se não era Yer-
dade o que diz"a, que logo diante de Sua Excdlencia despedisse hum raio,
que matasse a elle Padre, e o reduzisse a cinzas, não dice mais o St:creta- •
rio senão que não punha a culpa a elle, mas aos Padres Portuguezes, c
sem mais fructo yeio para o Collegio. Logo que se pozerão as auardas, e
sentinellas nas portas da cerca, e aberturas do muro, mandou o Cardeal ao
Padre Prm·incial, que pozesse preceito para não sahirem os Padres, e de-
pois de dez dias yeio ordem da corte aos cabos da guarda, para não dei~a
rem sahir os Padres, couza Já escuzada, e ainda antes não era necessario
mais que uma simplez ordem dos Prellados. No PoYo há como sempre
muita gente contra os Padres, e estão esperando que cada dia os mandem
sahir, e os prendão, e tem espalhado cada dia mil mentiras &11.
E por passar na Yerdade e ser copiada do original fiel, C\ Yerdadeira-
mente o juramos aos Santos EYangelhos. =Antonio José Gah·ão= =Francisco
da Costa= Sendo necessario o juro iu z•e1·bo sacerdotis. =O Beneficiado F ran-
cisco BraYo de Aguiar.
APPENÇO 2.
DIOPOníENTOS DIO S.\LVADOR JOZÉ DURÃO, E DE ~l:\RI.\:-1:-1.\ THl:.REZA POR JôttE REfERIDA
À.
I.
' \
3.
E instada que deve declarar pois su,<,peita a cauza porque foi preza,
tendo entendido, que se dicer a verdade uzará Sua Magestade com ella da
sua innata piedade, e se encobrir a mesma verdade será muito severamente
castigada.
Respondeo que tem dito a verdade em dizer que não sabe, nem sus-
peita ao cauza da sua prizão.
4·
E perguntada se na noute de trez de Setembro proximo passado tinh::t
ella Respondente dado hora a Salvador Jozé Durão para lhe hir fallar de-
pois da meia noute ao Jardim do Duque pela banda das terras. E que
tambem consta, que na referida noute não fora fallar ao dito seu amante,
como de antes lhe tinha promettido. E assim deve declarar com toda a
,·erdade para seu inteiro livramento, qual foi a razão, que teve para não
hir naquella noute ao dito lugar, que tinha apontado, e quais farão os impe-
dimentos que para isso teve.
Respondeo, que era verdade, que ella gostava do dito Salvador Jozé
Durão, e cum elle se carteava, e fallara algumas veze<>. E que tambem era
verdade, que na sobredita noute de trez de Setembro lhe tinha promettido
fallar na janella do Jardim do dito Duque da banda das terras, porem que
isto era para o fim de cazar com elle, mas que lhe não podera fallar nessa
noute, como tinha ajustado com o dito Durão, e gue a cauza fora: porque
hi11do el1.1 Responde11le para o dito Jardim nelle vira andar passeando ao
dito Duque, e que audm•a só embntlhado em hum capote, cauza por que
ella Respondente se retirara, por não ser sentida. E que como isto era ainda
antes da meya noute, passada ella tornara outra vez, e tornara a \er ao
dito 1Juque, sentado em hum Puyal, c que tambem esta\"a só, cauza porque
se tornara a retirar. E que isto mesmo, mandara .clla HcspunJente diter au
dito Sah·adur no dia seguinte cm huma carta, porLJue esta tinha sido a
,·crdade.
5.
E perguntada se sabe, ou ou,·io ditcr, LJUe na nuute, e horas, que ella
Respondente tem declarado, furão ,·istos quatro homens armados entrar no
dito Jardim, c sahir Jelle pela banda das terras. E tambcm dc,·e declarar
quem en1o os ditos homens, a que horas pouco mais, uu menos sahirãu, e
entrarão, e o mais que ellcs tizerão, ou dicerão. Declarando tambem o
modo com que hiüo ,·estidus, e armados.
Respondeu que não ,·io nem oll\·io couza alguma do que na pergunta
antecedente lhe hé feita.
ti.
I.
2.
E perguntada que dne dL-clm·ar quem erão os tra homens, que con-
fessa YÍra, fora o Duque, que muito bem os haYia conhecer, pela pouca dis-
tanc,ia, ou ao menos pela falia. E depois de \·arias instancias :
Respondeo que conhecera tanto .pela falia, quanto pela altura que hum
delles e1·a o 1\larque;_ de .T.:u•o1·a Pai. E que a razão que tem para assim o
diLer hé, porque como o dito ;\larquez hé Irmão da Duqueza costumava hir
sempre, c estar com esta, e sempre ella Respondente o ,-ia, e om·ia fallar.
3.
E perguntada que era o que o dito :\larquez dicera, pois que om·indo-
lhe a ,·óz, e conhecendo-o pela falia, ha,·ia om·ir o que dizia.
Respondeo que ella só ouvira o écco da ,·oz, mas que não percebera
o que dicera. ·
E por hora lhe não for(io feitas mais perguntas, que sendo-lhe lidas
dice estado na nrdade, que comigo assignou. E cu Jozé Antonio de Uli-
\ eira ~I achado que o escre,·y, c as~igney. Joú Antonio de Oliveirit ~la
L
APPE~<.:O 3.
llEI'On.IENTOS llE J0,\0 FERREIR \ E ()E JOZI~ ~1.\~0EL ll.\ SIL\"A H.\~ll"IRA 1
E:'TRIHEIRO DO l•t:QUE hE .\\"EIR0 1 E SEl" JR~IÁO, E Flf.HO REFERJI)OS
TO[)O:' PELO SOHREiliTO J<ÚO FERREIR.\
c.
•
hFI'OI\IE:\TO [)E J0.\0 FERREIR:\
DEF
•
PERGllNTAS FEITAS AO REO JOZÉ MANOEI.
da Cant ~la Suppli.:ação, Jui~: Commissario neste dito lugar por De.:reto de
Sua :\lagestade c nomeado para cs.:re\er nesta diligenc;a, para etl"eito de se
fazen:m perguntas ao Reo .Ju7é "anoel, prezo em segredo na cadea deste
dito lugar, á ordem do dito Senhor, as quais se lhe ri~.:erão pela maneir.t
seguinte:
).
3.
E perguntado, que ra7ão tem para intender, que a cata do Duque foi
a cauza da sua prizáo.
Respondeu que a razão que tem para assim o intender hé a prizão do
Duque, e o Edital. que se ari:-..ou nos lugares publicus.
--1-·
:I.
ii.
7·
llE~I'.\CIH >
E logo fui mandado. L]Ue o Rco fosse posto nu Potro, e atado. E exe-
cutado assim, ao primeiro trato foi dito pelo R cu, que .e li e queria dcdarar
a nrdadc, c que 'inha a ser: .
Que ellc Respondente oll\·ira que o Duque Ji.:era á Duqueta sua mu-
lher que 11.-\.ss:m cumú fui por huma parte, se fósse pela outra. que não
~.:aparian o L]Ue sabe relo OU\ ir cllc RL"spondcntc na sohredita forma,
passando lic hum 4uarto para outro nu dia da manhã pro:-..imo seguinte ao
insulto, a tempo L"l11 que o mesmo IJUlJUc Ji1ia as referida..; pala\Tas <i Du-
'-]uet.a sua mulher <i entrada da porta da .:aza grande.
E declarou mais, qt e em huma das esperas estavão os dois 1\larque-
7es de Ta,·ora Pay, e filho: Em outra Jozé .\laria, sem declarar qual delles,
sendo que u conego não costumava hir a caza do dito Duque, e que Jozé
:\laria, Ajudante das Ordt.ns era o que frequenta,·a mais a referida caza. O
que sabe por que na mesma manhã, pruxima seguinte ao insulto, estando
elle Respondente de t1·az de hum reposteiro da mesma caza grande, na
porta que della sahe, para sala vaga, om·io conversar os :\lesmas ::\larque-
zes de Tavura Pay, e Fill o com o Duque, e Duqueza, e isto depois das
dez horas da mesma manl ã, pouco mais, ou menos, sobre o delicto, que
na noute precedente, havião commettidu: Dizendo o dito l\larquez filho na
tal conversasão, ou cunventiculo estao; formais palavras ((Cá pelo homem
não escapava''· " -
Declarou mais: Que dois ou trez dias antes do sobredito insulto,
ha,·ia o !\larquez de Tavora filho, mandado para a cavalharice do dito
Duque de Aveiro alguns cavallus celladus, e enfreados, e cobertos com
tellizes. ...
Declarou mais, que sobre o que tem referido nestas declaraçoens
ha,·ia com·ersado na sua '~uinta de Camarate, depois que a ella se reco-
lhera com sua mulher Dona ::\largarida Thereza de Gom·ea, e com seu
filho Jozé :\laria da Sih·a B1ndeira, e com seu Irmão Dom :\1?-noel Jozé da
Sih·a Bandeira, Religiozo ~a Divina Providencia: Passando-~e a dita con-
versasão junto de huma porta.
E sendo-lhe lidas as sobreditas declaraçoens que tinha feito no tor-
mento, depois de ha,·erem passado trez horas, desde que foi ali,·iadu delle :
Dice que por ser \·erdade o contheudo nellas, as ratificava debaixo do
mesmo juramento na mesma forma que nellas se continha.
E sendo perguntado que Religiuzos da companhia de Jezus, cos-
tuma\·am h ir ·a caza do sobredito Duque, quanto tempo havia, que
tinhão entrada na referida caza, e a que horas costumavam vir a ella.
Respondeu, que o Religiozo, que mais frequenta,·a a "dita caza era
hum Religio7o alto, e magro, que lhe parecia ser o Procurador· Geral Jozé
Perdigão : Que álem d'este hião mais dois Religiozos da mesma compa-
nh:a, cujos nomes não sabe, sendo o principal delles baixo do corpo, re-
feito, e alvo dn cara: Que o dito Duque tinha dado ordem para se lhe dar
recado logo que chegasse o dito Religiozo Jozé Perdigão : E que este se
jactara disso mesmo com elle Respondente. E que o primeiro dos 'ditos Re-
iigiuzos custuma\·a hir de menhã, e os outros de tarde, hindo o dito Perdi-
gão só e em sege.
E por hóra se lhe não fiLerão mais perguntas, que sendo-lhe estas
lidas, dice esta\·ão na forma que lhe furão feitas, e elle -tinha respondido, u
que no\·amente apprO\ a,·a, e ratifica~·a. E se lhe deferia juramento não só
pelo que respeita\·a a Terceiros, mas tambem de segredo para o não de-
clarar a pessoa alguma. E recehido por elle u dito juramento, d;ce que
tinha dito a verdade, pelo que respeit:n-a a Terceiros, e que sempre guar- •
daria segredo do que tinha dito. E de tudo fi7 este auto de perguntas, e
termo de juramento, que como se não acha,·a capaz de assignar, roga,·a a
_mim Dezembargador. que por e1le ass=gnasse. o que fiz. a rOJO do sobredito, c
u escren-. =Sebastião Ju7é de Can·alho e 'lello ~ ~Pedro Gonsah·es Cor-
deiro Pereira= Jozé Antonio de Oli,·eira :\I achado= A rogo do Respon-
dente= Jozé Antonio de Oliveira .\lachado.
)).
I.
2.
..
-'·
E perguntado se achando-se na Quinta de Camarate em companhia
de sua cunhàda Dona ~largarida JllZefa Theren de Gom-ca. c seu sobrinho
.Tuzé \laria da Sih·a Bandeira, e de seu Irmão Jot.é ::\lanoel da ~ih·a Ban-
deira om io contar a elite algumas couzas do que tinha m1údo fali ar ao
Duque de Axerro, e aos seus parentes ücerca dos exacrandos, c sacrilegõs
tiros, que na noute de trcz de Setembro pruximo passado se dispararão
com diabolica, e nunca 'ista ouzadia contra a Real Pessoa ,fFI Hc,· :'\osso
~cnhor. ·
Rcspondeo que nada tinha ou\ ido a respeito do que lhe h é rergun-
tado, ou que se om ira, se não lembra\ a. ·
E por ora lhe n;ío fnráo feitas mais perguntas, que sendo-lhe lidas,
dice esta\ ãu na forma, que lhe furão feitas, c cllc tinha rcspnn,iidl•. o l)UC
-
6
82
approva, e ratifica ; de que fiz este auto de perguntas que comnosco a~si
gnou digo que só lhe lembra, que conversando com o dito seu Irmão em
huma vez lhe dicera este que tinha ouvido em caza do Duque de Aveiro,
que Sua ~lagestade, não escaparia dos tiros, que se dispararão contra a
sua Real Pessoa, se assim, como tomou por hum caminho, tomasse pelo
outro. E que tambem referira o dito seu Irmão, que tinha ouvido na mesma
caza du Duque, que os T avoras foráo os que derãu os tiros. E que na
nuute em que se reprezentou huma comedia em caza do Marquez de Ta-
vora filho havião sahido da mesma caza trez mascarados : ao que elle Res-
pondente replicou que nem debakk, se punha em Lisboa a culpa dos so-
breditos tiros aos Ta,·oras. E por não ter mais, que declarar.
E por ora lhe não forão feitas mais perguntas, que sendo-lhe lidas,
di c e estavão o a forma; que tinha respondido, que affirmaya, appnn·a va,
e ratificava: E logo se lhe deferiu o juramento dos Santos Evangelhos,
pelo que respeitava a Terceiro, e recebido o dito juramento, dice que tinha
dito a verdade, de que fiz e:;te auto, e este termo, que comnosco assignou.
E eu Jozé Antonio de Oliveira Machado, que o escrevy.=Sebastião Jozé
de Carvalho e Me !lo= Pedro Gonsalves Cordeiro Pereira =--o Jozé Antonio de
Oliveira 1\Iachado ==Dum ~·Ianoel Juzé da Silva Bandeira, Clerigo.
E.
APPENÇO 4·
--
R3
I.
2.
5.
E perguntado, que pessoas mais frequentemente ,-i7itavão ao Duque.
Respondeo, que as pessoas, que mais custumavãu hir a caza do dito
Duque erão u Marquez de Tavora filho, quazi todos os dias, o 1\larquez de
Tavora Pay muitas vezes, 1\'lanoel de Tavora tambem muitas vezes, e pou-
cas o Conde de Atouguia. e que ninguem mais.
6.
DESPACHO
'
mentn, assim o prometteo. E por tornar a di7cr, que nada sabia, mandarão.
que u dito Cirurgião ti1esse a ddigenda sobre a saudc du Reu, se tinha al-
gum impedimento para se lhe darem tratos, c por constar não ter impedi-
mento, e assim o dedarar debai~o do juramento de seu ufficio fi1 este ter-
mo, que comnosco assignou. E eu Juzé .-\ntonio de ( )Ji, eira :\lachado que
o escrcn·. = ()liveira ~lachado.
E Iugo fui mandado que o dito Reo fosse posto no Potro, e ndle ata-
do, u que assim se c\.ecutou pelos oficiais para isso determinados, e estando
assim atado, e dado o primc1ro grão do primeiro trato, e ainda incompleto
o dito _primeiro grão, dicc que queria dedarar a\ erdadc, e que esta ,-inha a ser.
(Jue era verdade, que pouco antes do saailego insulto de trez de Se-
tembro proximo passado costuma,·ão muitas \'ezes hir <r caza do dito Duque
Thimoteo da Oliwira, João de :\lattos, Jacinto da Custa, e Jozé Perdigão,
rodos quatro Rcligiozos da companhia de Jezus, e que thé ao tempo do re-
ferido insulto, continuarão estas ,-izitas. E que depois do mesmo insulto só
continuara a hir o dito Jozé Perdigão, e poucas vezes o dito João de :\lattos.
E que o dito Duque lhe dicera, que ,-indo os ditos Padres lhe desse parte~
que nunca os ditos Religiozus hi<íc juntos, mas cada hum per si, e que de
urdinario se dilatavãu hora c meia pouco mais ou menos.
E que tambem era ,-erdade, que no dia seguinte ao referido insulto se
ajuntarão em caza do dito Duque de manhã o :.\larquez de Ta,·ora Pay, e a
~larqueza .May, e mulher deste, o 'larquez de Ta,·ora filho, e a mulher
deste. a Condeça da .-\touguia. e que de tarde fura ~lanoel de Tm·ora.
E que tambem era ,-erdade que a dita DuqueLa lhe dicera a elle Res-
pondente, que se viesse a juramento dicesse:
Que quando os Irmãos della DuqueTa, que erão o :.\larquez de Ta-
,-ora Pay, e 'lanoel de Tm·ora hião a caza do Duque, que este s~ escondia
delles. e lhe não queria fallar. -
E que não dedarara logo todo o referido. porque lhe não lembra\ a.
E por ora lhe não fizerão mais perguntas, as quais sendo lhe lidas, e
suas repostas. dice que tudo esta,·a na verdade, o que approva, e ratifica
debaixo do juramento dos Santos Evangelhos. que já tinha recebido. E de
tudo tiz estes autos de perguntas. e termo de juramento, que comnosco as-
signou. E eu Jozé Antonio de Oliveira :.\lachado que o escrevy, e assigney.
= Pedro Gunsalves Cordeiro Pereira= Jozé Antonio de Oli,·eira ~lachado
= ~lanoel da Costa Calheiros.
.APPE:\ÇO 5.
OE .\\'EIRO
DESPACHO
E logo foi mandado, que o dito Reo fosse posto no Potro, c nelle
atado, o que assim se executou pelos officiais, para isso determinados. E
dando-se-lhe trez gnios do primeiro trato, dice que queria confessar, e de-
clarar a ,-erdade, com effeito dice, e declarou :
Que era verdade: Que na noute de trez·de Setembro proximo passa~u,
pelas nu\·e, ou dez horas sahirão da Cavalhariça do dito Duque dois cavallos,
a que cha.mavão o Guardamor, e o Sen·a, cdlados, e enfreados:
Que dois dias antes da dita noute do referido insulto, vierão de caza
do Marquez de Tavura filho duis cavallos cellados, e enfreadus para a cava-
lhariça du dito Duque de Aveiro. e que os trouxe hum mosso que acom-
panha o dito l\larquez, e que tambem he Bolieiro, chamado Antonio Jozé.
E que na dita noutc os cellara, e Ie,·ara não sabe para onde hum mosso
que trata,-a dos cavallos, que era du l\larquez de Guu,·ea, e se chama
Domingos .Marques.
Que era verdade, que na noute du referido insulto de trez de Setembro
proximo passado, lhe dicera a ellc Respondente o mosso de acompanhar
Antonio Dias, que o Duque mandava apparelhar as ditas Facas Palhm•.1m,
c Coim[,.,1, que com etfeito mandara apparelhar, e o ditu Antonio as lnara
para as terras, junto á Barraca de Antonio Jozé de Manos, e isto pelas dez
horas da dita noute pouco mais, ou menus, como tem declarado. E que não
está bem lembrado, se o dito Antonio Dias, levara tambem com as ditas
duas Facas os dois cavallos, que vierãn de cala du dito Marquez de Ta-
vora filho, ou se levara só as ditas duas Facas, mas está lembrado, que na
mes'ma nuute, occazião, e horas sahirão os ditos quatro cavallos todos para
a mesma parte : Porem elle Respondente não sabe quem forão os quatro
que montarão, por que ficou na cavalhariça. Como tambem não sabe a que
horas vierão_, por que se fora deitar, o que poderão dizer os mussos da dita
cavalhariça. E qu~ neste particular nada mais sabia. .
E Iugo sendo mandado aliúar, e dezatar lhe furão lidas, primeira, e
segunda vez _as s·uas repostas, dice que esta vão na forma, que elle tinha
declarado, o· que novamente approvava, e ratificava debaixo do juramento
dos Santos Evangelhos, que recebido tinha, pelo que respeita,-a a Terceiros,
por ser tudo o referido verdade, de que fiz este auto de perguntas, e termo
de juramento, que por não poder assignar me rogou por elle assignasse
comnosco, o que fiL a seu rogo. Eu Juzé Antonio de Oliveira .Machado, que ·
o escrc\·y, e assigney. = Jozé Antonio de Oliveira :\I achado= A rogo do
Respondente= Jozé Antonio de Oliveira Machado.
APPEt-.;ÇO 6_
E por ora lhe não furão feitas mais perguntas, que sendo-lhe estas
liJas, dice que cstavão na fi)rma que lhe tinh<io sido feitas, e elle tinha res-
pondido, o l}UC tudo apprU\·a, ratiti.:a. E logo lhe foi deferido o juramento
dos Santos E,·angclhos, para que debaixo dellcs declarasse se o que tinha
dito, c respeita,·a a terceiros cm quem tem fallado hé ,·erdadc. E recebido
o dito juramento debaixo dclle dicc, que tudo o que tinha dito, e respeitava
a terceiros era Yerdadc, e de tud.u fiz este auto de perguntas, e termo de
juramento, que comnosco assignou. E eu Jozé Antonio de Oli,·eira ~lachado,
que o escrevi, c assignci. =Pedro Gonsalws Cordeiro Pereira =-o Jozé An-
tonio de Oli,·cira ~la.:hado..:...... Do Respondente Fran.:is.:o da Costa huma ..:ruz.
APPEi\ÇO 7·
.·
DESP:\CH(l
E logo foi mandado, que u dito Reu fosse posto no Potro, e ndle
atado, u que assim se exe(Utuu pdus ofliciais para isso dctt:rminados. E
estando assim atado perfeitamente dice o mesmo Rco, qut: queria (Onfessar
toda a ,·crdadc, que vinha a ser: · _
Que era 'erdade. que na noute de trez de Sett:mbro lhe dera a elle
Respondente o dito Duque ordem pelas da horas, ~ meia pouco mais ou
menus, para que mandasse apparelhar as duas Fa(as, chamadas P.1/lz,zl',Ull,
e Coimbr.z, e tambem os dl•is cavallos. que dois dias antes, tinha mandado
o .\larquez filho. preparados para a cavalharke do Duque; como elle Res-
pondente viu; E que (om etfeito dera a -~i ta ordt:m au sotta (avalhariça,
. que mandou preparar todos quatro, os qua1s ellc Respondentt: le,·ara pelas
rcdeas. dois cm (ada mão para as tt:rras. e junto da Barraca de Antonio
Jozé de :\lattos, como o dito Duque lhe tinha ordenado.
E que ahi montarão cm hum o .\larque1 de To.n·ura Pa,·, t:m outro o
.\larquez de Tavora filho, em outro o Conde. dt: Atougui<i.. e em outro
o cunegu Jo1é .\laria de Ta,·ora. E não está lembrado, por não rt:parar,
que armas levaváo, e partirão pelas terras asima.
E que depois de partirem os quatro se achara tambem alli o subreditu
Antonio Alvares em hum ca\ alinho, e então o Duque a pé. e embussado
cm hum capote. fura (0111 o dito _\ntonin Alvares pela estrada, e muro da
Quinta de Sua .\lagestade asima, thé au rim da."> (<ll.as da mesma.
E que passados dois dias da sobredita noute lhe did~ra a dlc Res-
pondente ht!ma mossa da Duqueza chamada .\larianna Thereza. que se
acha pre7a, que estando ella para fallar a hum mosso (Om quem queria
.:azar <i porta, ou jandla do Jardim. c que lhe não pudera fallar, porque
viera o Duque. c mais outros, que crãu dous. uu trcz, c que nessa o(Ca7ião,
di(era u Du~1ue atirando (um bum.1 arma ao (hão, uu dan ..io (om clla nas
pedras estas pala\Tas: "Valha..te o Diabo, que agora me havias faltar [ou
errar fogo 1quando me eras perciza.,. E que esta era toda a n~rdade do
que sabia.
E sendo logo dezatado o Reo, ratificou tudo quanto tinha dito em
nossa prczença.
I
E por ora l·he não fiLeráo mais perguntas, as quais sendo-lhe lidas
primeira c segunda vez, dice que estavão na verdade, como lhe tinhão sido
feitas, as quais novamente approvava, e ratificava debaixo do juramento
dos Santos Evangelhos, que já tinha recebido, pelo que tocava a terceiros,
que de tudo fiz este auto, que comnosco assignou. E eu Jozé Antonio de
Oli\eira 1\lachado que o escrevy, e assigney. =Pt'dro Gonsalves Cordeiro
Pereira= Jozé Antonio de Oli,·eira )lachado =Antonio Dias.
E logo declarou mais. Que tambem era verdade, que o dito Duque
costuma,·a muitas vezes hir a São Roque a procurar o Padre João de
1\'lattos, e a Santo Antão procurar o Padre Procurador Geral Jozé Perdigão,
o Padre Thimotco de Oli,·eira, e o Padre Jacinto da Costa. E que tambem
foi o dito Duque a hum Hospicio d9s mesmos Padres a Arroiol-i a buscar
hum Padre que tinha vindo de Coi'mbra. E em outra occa1ião, fora ao
Noviciado da Coto,·ia outra ,-ez. E que tambem era frequente em_ Falhavam,
a procurar a Dom Paulo da Annunciação.
E que a Duquen mulher do dito Duque lhe dicera a elle Respondente
em Azeitão, depois que hum ~linistro lá foi a fazer-lhe humas perguntas,
que se elle Respondente fosse perguntado, que dicesse, que o Duque nunca
se apeara á porta do Jardim, mas sim do Pateo publicamente. E que depois,
que a mesma Duqueza viera para Belem, tambem lhe dicera a elle Respon-
dente, que .sendo perguntado, dicesse, que na noute do referido insulto,
tinha o dito Duque vindo do Paço pelas dez horas e mcya, e que apeando-se
á porta do Pateo, subira para simà, e que nessa noute não sahira mais
fora. E que este mesmo recado desse elle Respondente a outro mosso de
acompanhar João ~liguei, ao Pagadm-, ou ferrador que acompanhava ao
Duque, e ao sotta Francisco da Costa. E que supposto elle Respondente,
lhe dera o dito recado como a Duqueza lho mandara, tambem lhe dice que
dicessem elles o que lhe parecesse. Por quanto a ,·erdade era que o Duque
muitas 'ezes se apea,-a á porta do Jardim. E qüe na noute do insulto
sahira o dito Duque como tem declarado.
E que ultimamente os ditos Religiozos da companhia, que tem decla-
rado, c quem o dito Duque hia procurar, tambem os mesmos, vinhão a
caza do Duque a procura-lo a clle.
E que <i mesma, c maior amizade trata\·a o dito Duque cum seu
cunhado João de Tavora thé ao tempo em que este fui para Cha,·es, por
que assistindo este na Barraca das terras atraz du Jardim apenas se levan-
tava da cama, logo ·hia ter á cama do Duque, e com este esta,·a athé noute,
que torna,·a para a barraca. E em huma occazião lhe ou,·io elle Respon-
deme dizer estas pala \Tas: "Duque daqui para Rey.,. Com o que o Duque
se alegrara, e rir:a com este dito, mostrando que gostara dellc.
E que o mesmo Duque trata,·a amizade com Dom ~lanoel de Souza
Calhariz, antes deste ser exterminado. E que na occazião em que o foi se
avistarão ambos em Coina. c ahi esti\·erãu fallando bastante tempo, que o
Duque hia para .\zeitão, e Dum )lanuel para_ Calhariz.
E que qu~m fora a Coina na noute antecedente au dia em que o l>lii..JUC
fi1i prezo, fui Diogo Jozé Escudeiro du Duque, e Joã,> :\I igucl, como h a de
di;rer u dito Diugu Jozé, c não dle Respondente, como equJYucadamcntc:
se diz.
E mais nãu dc:daruu, e com nosco assignou de baixo du mesmo jura-
mento dos Santos EYangclhus, que tinha r~ccbido; E cu .fo;ré Antonio de
Oli\ eira Mach<_Jdo, _lJlle o cscreYy, c assignc:y. =Cordeiro=- OliYcira :\\a-
chado= Antomo Dws.
APPENÇO ~-
I.
E perguntado como se chama\ a, de quem era ti. lho, da onde era na-
tural, que occupação, e idade tinha.
Respondeu, que se chama,·a Antonio :\lartins, o P.1g.. zdor de alcunha,
filho de Sih·estre de Jezus, natural da villa de Portel, que acompanha\ a ao
Duque de .-\. veiro, como ferrador, que era morador cm h uma Barraca do
dito Duque, de fronte das cazas deste, junto üs cocheiras, e que tinha qua-
renta e sinco annos pouco mais, ou menus.
".!.
•
g6
I
por causa de huma conjuração, que tinhão feito contra El Rey Nosso Se-
nhor, de que rezultara atirarem huns tiros ao dito Senhor na noute de trez
de Setembro proximo passado.
3.
E perguntado a que partes mais frequentemente costuma\·a hir o dito
Duque, antes, e depois da noutc que diz de trez de ~etembro proximo pas-
sado.
Respondeu, que as partes mais frequentes a que costuma\·a hir o dito
Duque de dia, e de noLite, erão a caza do ~larquez de Tavora filho, e que
alJUi se dilatava mais tempo, esti,·esse, uu não o dito Marquez em caza. E
a caza do Marquez de Tavora Pay, e muitas ,·ezes a caza do Conde de
Atouguia, e algumas ,·ezes a caza do Conde de Obidos, e que isto antes, e
depois da dita noute do insulto. E ·que da mesma sorte, costuma vão vir de
dia, e de noute a caza delle Duque os sobreditos ~larquezes, e :\larquezas
de Ta\ ora, Conde, e Condeça da Atouguia, e o Conde de Obidos. E que
no tempo em que Jozé ~laria o Conego morava em huma barraca das ter-
ras de Akolena, que ficão por de traz do Jardim do dito Duque, costumava
este estar lllta7i sempre com o dito conego Jozé !\laria. E que depois que
este se mudou para Alcantara só ,·ira, que fora o dito Duque duas, ou tre7
\·ezes. E que quando se mudou para a Coto\'ia fora a sua caza outras tantas
vez_es. E que nada mais vira, ainda que poucas vezes deixava de acompa-
nhar ao dito, quando hia na carruagem.
4·
E perguntado, que deve declarar que tempos antes de suceder o in-
sulto, contra o costume que o Duque tinha de jog~r, se costumava h ir con-
,·ersar para caza do dito Juzé :\laria, ou do sobrinho tambem chamado Jozé
~laria.
Respondeu, que já tem declarado, que o dito Duque tivera grande com-
municação com o dito conigo Jozé i\laria no tempo que este,·e (sic) mora,·a nas
ditas terras. E que depois só o ,·ira hir as vezes, que tem declarado. E que
em quanto a outro JO?é ~laria só ,·ira como tem dito, que o dito Duque
costumava hir antes, e depois do insulto a caza do :\larquez de Tavora Pay,
aonde mora,·a o dito filho Jozé ~laria, e não sabe, se então tratava, ou con-
versava com elle.
5.
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F por ora lhe não furão feitas mais perguntas, que sendo-lhe estas
hdas, dice esta\·;ío na ,·erdade, lJUC appro\·a,·a, e ratific..n·a. E se lhe deferiu
juramento dos Santos E,·angelhos, pelo que toca,·a a Terceiro, ·que recebido
dice tinha dcdarado a yc:rdadc, de que tiz este auto, que conmosco assi-
gnou. E eu .Jozé Antonio de ( >liveira .\tachado, que o escrevy. -=Pedro
Gonsah·es Cordeiro Pereira Juzé Antonio de Oliveira :\lachado=.\ntonio
.\lartins P<1~<1dm-.
E sendo-lhe dito que 'istas as suas repostas, e culpa que lhe rczulta,·a,
est;l\·a condcmnado a darem-se-lhe tratos. O -1ue ouvido pelo Reo di c e.:
Que n deixassem considerar hum pouco sobre o que se lhe tinha pergun-
tado. E logo dice : ·
Que ~era ,·erdaJc, c agora lhe lembrava, que o dito Duque costuma ..·a
hir muitas ,·ezes, antes, e depois do referido insulto a Sáo Roque a fallar
com o Padre João de :\lattos a Santo _\ntãõ, com Jo7é Perdigão, com Thi-
moteo de OJi,·eira, e com Jacintl' da Costa, e com este trata\·a, e fallava
mais ,·ezes do que ainda com os outros. E que tambem fora algumas ,·ezes
a _\ rroyos a procurar um Doutor, que tinha ,·indo de Coimbra, e que tam-
bem era Reli~iozo da Companhia. E que algumas voes, fora tambem ao
:'\oviciado· da Cotovia, porem que menos ,·e7es. E que muitas falia\ a com
JoLé :\loreira, antes, e depois, 1..1ue foi expulso do Paço, e que esta era a
verdade, que tinha que declarar, o que sendo lida dJCe que apprm·ava, e
ratifica\ a, de baixo do juramento dos Santos E,·angelhos, que já tinha re-
cebido que comnosco assignou. E cu sobredito o escre,·y. e assigney. .
E mais declarou : Que a cauza de não declarar logo o ~ue tem dito,
fora por que o Duque lhe dizia, que em tempo nenhum dicesse que elle hia
buscar aos ditos ReligioZI\S.
E que agora a' Duqueza lhe mandara diter por Antonio Dias, mosso
de acompanhar, que se elle Respondente viesse a juramento dicesse que o
Duque tinha ,·indu do Paço as dez hora!->, e meva da noute do referido in-
sulto. e não sahira mais fora na l.'lita noute. Sobredito o cscre,·y, e assigney.
- Cordeiro= OJi,·eira .\bchado =--Antonio :\lartins J><1g<1<ior.
APPE~ÇO g.
I'ERGl"YL\S FEl L\S \ J0.\0 'IIGUEL -'!OSSO f\E .\CO,IP,\:'1-IHR. E CO"FipE:"TE.
E SOCIO llO IIUQUE LIE .\\.FIRO
3.
4·
E perguntado que deve declarar, por que consta, que o dito Duque,
contra o costume que tinha de jogar, costumaYa hir mais Yezes a caza do
dito Jozé :\laria. ·
Respondeo, que o dito Duque nunca deixara o jogo, e que poucas
Yezes hia a caza do dito Jozé )laria.
5.
E perguntado, que caya\los forão os que na dita noute de tre7 de Se-
.-
tembro prox.imo passado sahirão da ~avalhariça do Duque, cdlados, c ar-
mados, quem os levou, e para onde furão.
Hespondeo, que nada sabia.
1.3.
7·
•
E instado, que veja bem o que diz, por que consta, que elle Respon-
dente sahira outra ,·ez fora com o mesmo 'DuL1ue, que deve declarar, aonde
fora, aonue estin:ra, e para quê.
Respondeu, com huma absoluta negativa.
DESPACHO
-
\'isto o Decreto de Sua )lagcstade por que hé servido mandar se
pllssão dar tratos a estes Reos, e Yista a qualidade da culpa, e forma ~om
que tem respondido o Reo João :.\liguei üs perguntas, que lhe furão feitas,
e estar em termos, supposta a atrocidade, e gra,·idade do ddicto, de ser
mettido a tormento, mandando-se-lhe dar tratos em cabeça alhea, e pelo
que toca a Terceiros, mandiio que ao dito Reo se lhe dem dois tratos es-
pertos, se tanto poder tolerar a jui1o do cirurgião, a fim de que declare a
verdade, pelo que toca a terceiros. Bdem de Janeiro quatro de setecentos
sin~oenta e nove.= 'Cordeiro= Oli,·eira :.\lachado.
E logo foi mandado, que o dito Reo fosse posto no Potro, e nelle
atado, o que assim se ext:~utou, pelos officiais para isso determinados, e
dando-se-lhe dois tratos espertos, e tornando-lhe ? faLer perguntas, perti-
nazmente insistiu o Reo em di1er, que nada sabia. E por dizer o cirurgião,
que por ora não podia levar mais tratos, o mandarão aliviar delles, t: qut:
fosse rt:culhido para se curar, de que fiz este auto, que o RL"() me rogou
100
APPENÇO 10.
N.
anno: ~.":omo intende, que fui aprt!hendido pela referida cauza, depois de
ha\·er ft!itu as tais declaraçoens.
Hespundco, cuarctandu inteiramente a prezumpsáo que contra cllc
havia a ~.":au/as, c factos negati\·.ts da mesma prczumpsão, de tal sorte! \"t!-
rosimeis, c tüo signiticantes, que conferindo-se sobre ellcs com toda a pon-
dcraçüo, c prudcncia possi\·cis, se assentou cm que este Hcligiozo se achava
pro\·a\dmcnte innoct!nte, no que pertence au sacrílego insulto, de que se
trata, peh• que a respeito do mesmo Rcligiozo, tem thé <1<·, prczentc cons-
tado. lJe que liz este auto na pret.ença dos .\linistros asima declarados,
assistindo tambem com ellcs o Illustrissimu, e E:-..cellcntissimo Senhor
Thome Joaquim da Costa Corte Real Secretario de Estado dos :\egocios
l"ltramarinos, que o dito Rcligiozo assinou. E cu Jozé Antonio de Oli,·eira
:\lad1ado, que o cscre,·y. =-c Sebastião Juzé de Can·alho e :\lei lo-= Thomé
Joaquim da Costa Corte Real . Pedro Gonsahcs Cordeiro Pereira =.fut.é
Antonio de O li\ C! ira :\lachado =Dum Paulo da Annunciaçãu.
Protesto diante de Deos, que não hé o meu animo, que estas not1c1as
sejáo dadas de sorte, que eu tique o'fendcndq as l.cis Divinas, e humanas,
nem o meu estado Ecdesiastico, c honra da minha pessoa, por que nestes
pcrcizos termos as sujeito juntamente com toda a minha consciencia nas
m5os da pessoa tão sabia, como catholica, a quem entrego este papel, con-
fiando das letras, e virtudes da mesma pessoa, se digne ponderar bem este
ponto, porque eu nada mais deJ"ejo, nem pertendo, que satisfazer ao que sou
obrigado, como honrado \" assallo, c que daria se percizo fosse mil vidas s~
as tivesse, pela conservação do seu Rey, e athc por n:conhecimento das mui-
tas honras, e favores que lhe sou devedor ( 1). · ·
Ainda que seja notoria a amizade, que tive sempre com o Duque de
.\'e iro, talvez não- seja sabida a. decadencia, que esta teve depois da morte
de seu Tio o Reverendíssimo Padre Frey Gaspar, pelo que respeita a sua
'arte, pois não admittia conselhos; que não fossem, para fazer tudo quanto
f he 'inha ao pensamento, e recebia com desprezo todos os dictames que cu
lhe dava, para melhor obsen·áncia das Leis Divinas, e humanas, de que pu-
deria eu allegar muitos e:o..emplos, e b.tst.u-â di;er que 110 tempo de Coimbr.1.
em que er-ão me11os os meus .umos, lhe tirei huma má occa~iáo ara hum
convento, sem lho dar a saber, e finalmente só para fazer -couza
bem feita, hé que me oll\·ia, e esta hé a mesma realidade (2 l.
Affirmo com a maior certeza que hé possível, que nunca tinha om·idu
cow:a, que pudesse lembrar-me, que ha,·ia succeder a horroroza fatalidade
do dia trez de Setembro deste anno, tempo em que me acha,·a de cama ha-
Yia dias, com huma molestia, e estando oa inteligencia, que a molestia de
Sua ~lagesta"'de tiçha sido alguma Yertigem, passad_os alguns dias., Yeio o
· Duque_ de cáminho para o convento da Luz, segundo elle dice, e vizitandu-me
lhe falei de cama, e perguntando-lhe eu como estav:t Sua :\lagestade, me
respondeu, que se hia curando, e Yendo elle, que eu discorria na molestia
do dito Senhor, como 'ertigem, me perguntou se eu falla\·a pullitic9, e res-
pondi, que não, pois era discurso que fazia á ,-ista das noticias, que currião .
.\o que elle acrescentou, chegando-se mais para o pé da cama, que a mo-
lestia de Sua Magestade era hum tiro, que lhe tinhão dado, com o que eu •
fiquei tão subresaltadu, que me assentei na cama, como pasmado, e fora de
mim, e dice: ((Jezus i"\ome de Jezus,, e como tonto lhe perguntei: «e quem fez
taln, ou ((por que se diz lho derãon, responden, que erão t'~ntas as partes, donde
se podia esperar, que não se saberá, donde lhe ,-eio, porem com meias pa-
lanas, dice elle: ((eu sempre intendo que será por cauza de mulheres)), ao
que eu respondi : uquem o fez, intendo que se sujeitou a tudo, o que lhe
pudesse suceder,, e instando eu que talve7 seria mentira o tal tiro, res-
pondeu que era .\·erdade, pois lho dicera o Senhor Infante Dom Pedro em
segredo, e na forma seguinte:
Que perguntando o Duque ao dito Senhor Infante, como estava Sua
~lagestade, lhe respondera, que dera huma queda_, e que reparando, que o
'
mas pala\ r as, que se passarão em substancia, que são as mesmas com
muito pouca differença. .
T ambem me persuado por tudo o que já fica referido, que os trez
monstruos da maldade exacranda, não serão outros, fora dos que o Povo
tem apontado, e se achão prezos, ou o menos, que não seráp desconhecidos
delles mesmos, e protesto que tudo hé discurso, c não certeza, que tenho,
por que nada mais substancial sei, que não tenha referido, o" que se neces-
sario hé o juro aos Santos Evangelhos, et i11 l'l!l"bo sacerdotis, e por honra
de fiel Yassallo de Sua l\lagestade, fiz este papel aos quinze de Dezembro
de mil setecentos sincoenta e oito.= 'Dom Paulo da Annunciação.
Prompto para tudo quanto possa saber ou seja necessario, que eu obre,
e com a maior ,·ontade, ·amor, e obrigação, e espero que Vossa Excellencia
que assim se persuada, e pelo dito Ministro o Dezembargador Pedro Gon-
salves Cordeiro, constará a Vossa Excellencia de tudo o que pode caber em
demnnstracão desta verdade.
Fico' á obediencia de Vossa Excellencia com a maior rezignação, gosto
e respeito, que de,·o á pessoa de Vossa Excellencia que Deos guarde mui-
tos annos. Paço de Palhavã em dezesets de Dezembro de mil setecentos sin-
coe~ua e oito. =De Vossa Excel!encia. =,O mais re,·erente Cape lião, e obri-
gadissimo =Dom Paulo da Annunciação. · •
APPEI\ÇO I I.
G.
.-
flcch;rante o fura chamar. c lhe ,-i era falar por duas, ou trcz n~zcs. E que
passado trez, ou quatro dias do sohrcdito fatal cazu lhe diccra u dito seu
Irmão. (.2uc esta,·a muito sentido do que lhe sucedia, por que o Duque o t;-
nha mandado chamar, .para lhe dizer, que chamasse tambcm ao dito seu
cunhado Jo1é Policarpio, que hé cazadu, e mora aos O li' ais, c que n<ío tem
oflicio, m;~is que o sohrcdito, que não scn·c, c o mais do tempo assiste, ou
cm can do Duque, ou cm cat:a do dito Irmão d'clle Declarante, c que cum
dl"cito ,-indo ambos, fallarão no Jardim duas, ou trez noutes com u dito
Duque (como elle Declarante úo] e que o dito DuqUt: lhe dicera: Que am-
bos hanão ir esperar huma segc, que ha,·ia sahir do Patco da Quinta de
Sua 'lagestade, que tem as portas para o T crrciru deste Cais grande, e am-
l,os lhe h;:,·ião atirar á me.sma sege com duas espingardas, e que com cll"eito
u mesmo Duque lhe tinha dado huma. E que tambem com etreito, forão
ambas. e que ambos atirarão <i dita scgc, na occazião cm que esta passara,
e que já a tinhão esperado. por duas, ou trez veles, que não tinha passado.
E que como u dito Duque lhe não tinha dito, quem erão os que ha,·ião hir
na dita sege, c nu dia seguinte, ouvira dizer, que o dito Senhor esta,·a doente,
e que lhe tinhão atirado hum. ou dois tiros, que.elle esta,·a muito sentido, s~
seria EIRe,· a quem tinha atirado. porque o não sabia. E lhe pedira a ellc Decla-
rante, que nada dicesse, porque ainda não tinha certe1a deste cazo. Porem que
como elle Declarante vê agora os termos, em que este cazo está, quiz dezenca-
regar a sua consciencia, fazendo esta declaração, que o dito seu Irmão lhe fizera.
E declara mais, que o dito seu Irmão lhe declarara, que o dito Duque
lhe dicera, que a quem elle Duque lhe manda,·a atirar era pessoa que tam-
bem o quiz matar a elle Duque. E que o dito seu Irmão intendera sem em-
bargo desta razão do Duque, que seria ao Excellentissimu Secretario de
Estado Sebastião Jozé de C1rvalho e 'lello, bem que, ainda duvidava, qu_c
o dito Duq1.1c mandasse fazer tal, a hum homem tão grande, como o dito
Exccllcntissimo Secretario de Estado. Porem que o dito Duque, não sabia,
que cllc Declarante, sabia deste cazo, que lhe contara o dito seu Irmão, e
que nada mais 'tinha que declarar. E logo eu dito Dezembargador, deferi o
juramento dos Santos Evangelhos ao dito Declarante ~Lmocl Ah·arcs, c lhe
encarreguei debaixo dellc se tinha feito a dita declaração, bem, c na ,·cr-
dade. sem dolo, malícia, simulação, ou engano, para culpar, ou disculpar
pessoa alguma. ou disfigurar o cazo, como na ,-crdade tinha sucedido. E
recebido o dito juramen~to pelo dito ,l.moel, fo: dito, que tinha declarado
_ toda a verdade, como o dito seu Irmão lhe tinha dito. E de tudo fiz este termo,
_que assigney, com o dito ~lanucl Ah·ares Ferreira, que agora dicc ter mais
este sobrenome. E cu Jozé Antonio de Olinira ~lachadn, que o cscre,·y, c
assigney. = Jozé Antonio de Oliveira Machado= ~lanoel .\!vares Ferreira.
I •
2.
.-
10~1
o-
3.
5.
não lembrão as horas, era já tarde, lhe dicera o Duque a elle Respondente,
que no dia seguinte fosse chamar u Irmão delle Respondente para saber da
resposta du que lhe tinha encomendado. Hindo com elfeito elle Respondente,
o dito seu Irmão lhe dicera, e contara, o que na dita noute tinha passado,
e dado os tiros. E supposto que elle Respondente não está bem certo se
nesta occazião, ou logo depois o dito seu Irmão lhe contara este cazo, está
com tudo muito certo, que o dito Irmão lhe dicera, que na dita noute esti,·era
com o Duque, por sinal que o tinha procurado a elle Respondente na sua
Barraca que tem no dito Jardim; porem que lhe não dicera se fora antes,
uu depois dos ditos tiros. Porem de qualquer sorte que fosse, intendeu elle
Respondente depois, que seu Irmão lhe contou o cazo, que o Duque tinha
hido com os dous que era o Irmão delle Respondente, e seu cunhado a
dispor aquelle cazo, e que o manda-lo chamar era para saber o que lhe
tinha sucedido, e se tinhão chegado a s~h·o a sua caza, e que a resposta
que seu Irmão lhe deo fora: Que naquelle dia, ou no outro lhe viria fallar,
que com elfeito veio no dia seguinte.
E tambem lhe dicera o dito Irmão, que o Duque lhe tinha dado vinte
moedas, e ao cunhado quatro, com a promessa de o fazer Resposteiro da
caza Real.
6.
vinte c se h: do mcz de sctcmb.-o fsic) do dito anno, ahi estando prezcnte o lllus-
trissimQ, c Excc:llentissimo Senhor Sebastião J11zé de Carvalho, c Mello,
Secretario d.e Es_tado do~ !'icw>cios do R~ino, ~ o Dc.:zembarradur l~edro
Gonsalvcs Cordeiro Pere1ra, Ju1z da lncunhdcnc•a cum1go Jozt: Amonto de
Oli,·cira :\\achado, Dczcmbargador da Caza da Supplicação, para etfeito de
fazer segundas· perguntas ao Heo ~lanocl .\h·ares, prezo cm segredo na
cadca deste lugar de Bclcm por minha ordem, as quais lhe furão feitas pela
maneira seguinte:
E perguntado sendo-lhe lidas as perguntas precedentes, se estado na
forma que lhe furão feitas, e cllc tinha respundidc~, e se tinha que declarar.
Respondco, que cstavão na forma, que lhe fiJrão feitas, c cllc tinha
ít:spondido, e que nada tinha L)Ue acrescentar.
E perguntado que deve declarar os passos que o dito Duque deo,
desde que despiu a Burjaca encarnada, a peruca rodonda, c capote pardo
para sahir pelo Jardim, thé que se recolheo.
Respondeu, que nada sabia.
E perguntado se depois que ·o dito Duque sahio do Jardim, foi a pé,
ou a cavallo.
Respondeo, que só vio, que sahiu, c entrou a pé. ·
E perguntado se o dito Duque sahiu só ou acompanhado, esperando-o
alguem, fora do Jardim, quantas, e quais erão as pessoas, que o espera,·ão.
Respondeu que a ninguem \"ira.
E perguntado u mesmo pelo que pertence ü retirada quando se rcco-
lheo, e se falluu ou fora, ou dentro do dito Jardim com algumas pessoas
na dita retirada, quantas eráo as pessoas e que vestidos tinhãu.
Respondeo, que a ningucm vira, como já tem declarado.
E perguntado, se sabe, ou ouviu, que Sua i\lagcstade fosse esperado
na noute do delicto, não só nu logar onde elle fui cumettido, mas tambem
em outros differentcs lugares, para que se escapasse de hum, não escapasse
.do outro.
E perguntado se na manhã pruxima seguinte ao dito dclictu vicrãu
alguns Fidalgos a caza do Duque de A ,-eiru, quem furão esses Fidalgos, e
a que hora vierão.
Respondeo, que nada sabe.
E perguntado se a caza do mesmo Duque costuma,·ãu ,·ir alguns Reli-
giOzos da companhia, antes do referido delictu, e quais crão.
Respondeu, que não ,-ira, nem sabe couza alguma, do que lhe hé
perguntado. ...
DESPACHO
E logo foi mandado, que o dito Reo fosse posto no Potro, e atado, e
executado assim, se lhe mandou declarasse a verdade pelo que respeita\·a
a Terceiros. E por nada declarar, e dizer o cirurgião, que não podia }e,·ar
mais tratos, se mandou ali,·iar, e recolher para se curar. E de tudo se fez
este auto que todos assinamos. E por dizer o Reo, que não estava, nem
podia assignar, rogou a mim Jozé .\ntonio de Olinira 'lachado, que por
elle assignasse, o que fiz, e o es\:re,·y. = Sebastiáo Jozé de Carvalho e
.:\lello = -Pedro Gonsalves Cordeiro Pereira= Jozé Antonio de Oli,·eira
.:\I achado= A rogo do Reo = Jozé Antonio de Oli,·eira ~tachado.
APPE~ÇO 12.
I.
2.
3.
E perguntado, o que sabe ellc Respondente, ou o que tem oll\·ido
dizer nesta matcria, ou a cauza por que se prenderão as dita~ pessoas.
Respondeu, pondo-se de joelhos com as mãos postas, que ellc qucr:a
dc1cnc_arrcgar a sua conscicncia, c sah-ar a sua alma, dizendo toda a \cr-
dade, e que esta era.
Que antes da fatal noute em que sucedeu este .:azo, trez mezes pouco
mais, ou menos, mandara o Duque de .\\·ciro chamar a elle Respondente
por hum seu Irmão, chamado .Manoel .Alvares, c que importava muito lhe
fallasse logo. E como clle Respondente tinha sen·ido ao dito Duque onze, .
ou doze annos, como tem dito na occupação de seu guarda roupa, lhe veio
logo fallar. E o dito Duque o levou para huma Barraquinha nas ten·as
defronte do Jardim das suas cazas, e ahi lhe dice: Que ellc Respondente o
tinha sen-ido tantos annos, e tinha conhecido, que clle Respondente era de
segredo, e fidelidade, e assim que fiava delle Respondente hum grande
segredo, e que só dclle o fia, a, que se. o re,·elasse curria c\·idcnte perigo a
vida delle Duque, e a delle Respondente, e que vinha a ser. Que a ellc
Duque o anda,·ão esperando para o matarem, e que já lhe tinháo atirado
hum tiro, e o tinhão errado, c que assim para se liHar deste perigo, queria
que elle Respondente o acompanhasse para matar a quem o queria matar
a clle Duque, e assim que ambos ha,·ião hir cm huma sege com duas
Espingardas curtas, esperar huma sege, que havia descer pela calsada da
Ajuda, e que ha,·ião esperar em sima no largo asima das ca1as do Excel-
lentissimo Secretario de Estado o Senhor Sebastião Jozé de Can-alha e
:\lcllo, e que ahi havião desperar (sic) ambos a hum tempo á dita sege em que
vinhão duas pessoas. E logo lhe tornou a dizer: Que o h irem cm sege podia
ser perigozo, que o melhor era hirem ambos de ca,·allo, e assim que elle
Respondente comprasse dois Ca\·allus, hum para clle Duque, eoutro para
clle Respondente, para o que o mandou esperar cm quanto chega,·a a caza,
e ,-oltandu logo lhe dêo dczcseis moedas de ouro para comprar us ditos
dois ca,·allos. E com effeito elle Respondente, comprara os dois .::avallos,
8
Iq_
hum por quatro moedas a hum homem chamado Lui? da Horta, yue mura
au Pateo do Socorro, e outro a hum sigano chamado i\lanoel Soares, que
mura em :\larvilla por outras quatro moedas. E agora lhe lembra que o
primeiro, custou quatro moedas, e meia. E que vindo elle Respon-
dente com os dois ca,·allos na mesma semana em que o Duque lhe fal-
lara. Este montara em hum, e elle Respondente em outro, e lhe dicera
que lhe queria hir mostrar a sege. E com elfeitu ambos forão esperar
no sitio que tem declarado, aonde estiverão thé as dez horas, e meia,
e que como não passara a sege, que espcravão, se furão ambos embora.
E que dessa ,·ez não levarão armas algumas. E que passados trez, ou
quatro dias, tornarão a pé ao mesmo sitio para o mesmo effeito de o
Duque lhe mostrar a sege a ellc Respondente, que tambem fnrão sem
armas, e que esperando thé ás mesmas horas não pa~sara a d;ta sege, e
-:la mesma surte se recolherão. E que depois lhe dicera o dito Duque a
elle Respondente, que daguella forma não fazião bem, porque elle Du-
que era muito conhecido, que o melhor era dizer elle Respondente a seu
cunhado Jozé Policarpio de AzeYedo, que lhe fosse fallar a elle Duque, que
cumu tambem · era de segredo, e com reJolução ambos pudião fazer bem
aqudla diligencia. E com elfeito elle Respondente dera o recado ao dito
seu cunhado, da parte du dito Duque, e lhe dicera o para que era. E o dito
seu cunhado ,·iera fallar com o Duque e este lhe dicera o mesmo, que lhe
tinha dito a elle Respondente. E se ajustarão a hirem todos .trez para lhes
mostrar, e verem, c conhecerem a dita segc. :'\las que chegando asima das
terras, e defronte do Pateu du dito Excellentissimo Senhor Secretario de
Estado, ahi mandou o Duque a dle Respondente, que ficasse com os cavai-
los, e elle foi mais o dito Juzé Pulicarpio ao mesmo s"tio, e ahi então
diceráo que tinha passado a dita segl:', que o dito seu çunhado ficou
conhecendo.
E que depois fora dle Respondente, e mais o dito seu cunhado muitas
vezes, que serião doze, ou quinze vezes fa7er que hiãu esperar a dita sege,
e que suppostu algumas \ezes a yirão passar, não quizerão atirar, e hião
sempre dar parte ao dito Duque, que nãu tinha passado.
Athé que ultimamente l:'lll hum Domingo segundo lembrança delle
Respondente lhe dicera o dito Duque, que nessa noute certamente h~nia
pas~ar ~ dita sege, q~e fuss~m dles .sem t~t!~a, l?l!r que elle Duque tambem
hana h1r. E cum efte1to forao, e u Duque nao tn1. E elle Respondente, e o
dito seu cunhado esti,·erãu esperando as·ma da Quinta do :'\leyu da banda
das terras, junto au muro que estava por acabar, e ahi passara a dita sege
a tempo, que já tinhão dado onze horas da nuutc:, e disparando ambos ao
mesmo tempo as espingardas nas costas da sege, se retirarão a currer pelas
terras abaixo direitos á tra,·essa do Guarda mur, l:' metl:'ndu-se na rua direita
deste lugar seguirão para Lisboa. Por sinal gue quando derão us ditos
tiros, tinha passado Bento ;\ntunio, e ainda o 'ierão encontrar, quazi no
meyo do muro da Quinta.
E que passados dois dias, 'i era elle Respondentt! fali ar au dito Duque,
e este sem elle Respondente lhe diLer couza alguma, lhe dicera: Que
aquillo não prestara para nada, porque tinhãu atirado ao meio, e não tinháo
chegado ás portinh .. las da sege cum as pistolas, como c:lle Duque lhes tinha
dito. E elle Respondente se disculpara, diLcndo-lhc: quando tirarão cum as
espingardas fora a tempo, que passara gente, cauza porque ·mío furão com
--
I t:l
as pistolas ü sc~e. .\u que lhe respondera ucstá feito, está feito,. E lJUe
nada mais passara,
...J.·
li.
7·
E perguntado se elle Respondente depois soubera a quem tinhão ati-
rado, e se o dicera ao Duque, e este o que lhe dicera.
Respondeo, que da primeira vt;z, que elle Respondente fallara ao
Duque, ainda não sabia, cuja era a sege, nem em quem tinhão dado os
tiros, porem que depois ouvira dizer, que se tinhão dado os tiros em Pedro
Teixeira, criado particular de Sua 1\'lagestade, e que o dito senhor estava
molestado de huma queda, por cauza de huma vertija, que lhe dera. Porem
que logo deJ?ois fora constante, que os ditos tiros, farão dados no dito Se-
nhor, e em Pedro Teixeira. E que ,-indo elle Respondente dizer isto ao
Duque, este sem susto algum lhe pozera a mão na bóca, dizendo-lhe: <<Ca-
lurda que nem o Diabo o pode saber, se tu o não diceresn. E tambem lhe
dicera: Que não vende<>se logo os cavallos, por se não suspeitar.
8.
Y·
E perguntado se elle Respondente sabe,· ou ouvia dizer, quem sou-
besse deste particular, ou se elle Respondente o comunicou a mais alguma
pessoa.
Respondeo, que elle l)ão sabe, nem ouvia dizer, quem mais soubesse
deste particular. E que nem elle Respondente o communicou mais, que tão
somente a seu Irmão Manoel Alvares. ·
10.
.-
117
II.
E por ora lhe não furão feitas mais perguntas, que sendo-lhe estas, e
suas respostas lidas, dice estavão na verdade, como tinha respondidü, o
que apprO\·a, e ratifica. E logo lhe deferi o juramento dos Santos E\·ange-
lhos, pelo que tocava a Ter~eiro, debaixo do qual lhe en~arreguei se bem,
e na ,-erdade a tinha dito, pelo que toca\"a a Ter~eiros, e recebido dice que
tudo o que tinha declarado, e respeitava a Terce•ros era verdade, que de
tudo fiz este auto de perguntas, respostas, e termo de juramento, que
comigo assignou o dito Respondente. E eu Jozé Antonio de OliH~ira :\la-
chado que o escren· e assigney. = Jo7é Antonio. de Oli,·eira :\I achado=
Antonio Al\"ares Ferreira.
pre7o em segredo á minha ordem, as quais lhe fiz pela maneira seguinte:
I.
2-
.
E perguntado, que tem dito que o Duque o mandara chamar a pri-
meira vez por seu Irmão, e que elle Respondente lhe ,·iera fallar, que de\"e
declarar, em que dia, ou noute lhe falou, e aonde, e quem mais estava ahi
prezente.
Respondeu, que já tem dito, que trez mezes, pouco mais, ou menos,
antes de suceder este cazo, o mandara o Duque chamar na forma que tem
declarado, e que no mesmo dia que lhe não lembra qual foi lhe ,·iera fallar,
e intrando pela porta do Jardim, e isto de tarde, dicera a seu Irmão, que
dicesse ao Duque, que elle esHl\"a alli, e seu Irmão lhe trouxera em res-
posta que o Duque dizia, fosse elle Respondente esperar a huma Barra-
guinha, que tem nas terras defronte do Jardim para onde fui. E logo o
Duque fura tambem para a mesma Barraquinha embrulhado em hum ca-
pote, com huma bengala na mão, c J:lbrindo a porta com a chan~ que le-
vava. ahi lhe dera o recado, que já tem declarado, e isto seriãu quatro
horas da tarde.
.,
-'·
E perguntado, que tem dito, que ellc Respondente, fora com o Duque
ambos a cavallo, para lhe mostrar a sege em huma nuutc, que deve decla-
rar, que noute fora, e se alguem mais o vira, ou acompanhara.
Respondeo que passados qu'!tro dias, viera elie Respondente com os
dois cavallus, como tem dito, c isto logo á noute, c se pozera a esperar
nas terras, como o buque lhe tinha determinado, e ahi 'iera o mesmo
Duque, e montando ambos, farão, e estÍYerão thé as dez horas da noutc,
que não passara a sege, como tem dito, c que ninguem os vira, nem acom-
panhara. · I
4·
E perguntado, que tem dito, que segunda vez furão a _pé para espe_rar
a sege, que deve declarar, em que noute fora, e quem ma1s fora, ou vtra.
Respondeo, que passados oito dias, viera elle Respondente mais seu
cunhado Jozé Policarpio, como tem dito, e indo ambos com o Duque a pé
cm nuute que lhe não pode lembrar, ficara clle Respundente com os dois
ca,·allos em que ambos tinhão vindo da banda d<ts terras, c o Duque e o
dito seu cunhado, farão mais para sima esperar a dit<t scge, c quando
vierão, lhe dicera o dito seu cunhado, que já tinha visto, e conhecido a ·
sege, e isto seriiio dc1 horas. e meia. E que entiio se foriio embora, e o
Duque para sua caza.
::>.
E perguntado, que tem dito, que u Duque lhe dicera, que elle Res·
pondente desse recado a seu cunhado para lhe vir fallar. Quando lhe dera
este recado, quando viera o dito seu cunhado, e aonde fallara ao Du'-]ue.
Respundeo, que elle Respondente logo dera o recado a seu cunhado
nos Olivais, aonde hé morador, e que passados alguns dias que lhe não
lembra quantos farão, vierão ambos por mar, e chegando a noute fonío ao
Jardim, e cllc respondente dera recado a seu Irmão para que o desse ao
Duque, que elle esta' a alli, e porque o Duque estava fora esperarão por ell<!
thé as dez horas, e meia que veio, e logo lhes \·eio fallar ao Jardim em que ·
esta\ ão ~sperando, e passara o mais que tem dito, e essa noute ficarão na
Barraca do Irmão delle Respondente, e no dia seguinte furão para Lisboa.
G.
E perguntado, que tem dito, que muitas vezes furão esperar a scge, e
que suppusto algumas nzes a virão, sempre vinhão dizer ao Duqu·e, que
.-
I I~)
não tinha passado; que de,·c ·dcdarar cm qut= parte, ou lu~ar da,·ão esta
parte, e se alguma ,·ez os ,-ira. ou prc1cnsiara alguma pessoa.
Respondeu, que clle Hc~pondc:~te, c o dito seu cunhado ,·inh<ío logo
à nuutc, c hiJo cear a ca1a do Pas?clciro, lJUe mora debaixo dos arcos, e
..iepois, que daúio dez horas, se o Duque estava cm caza, hiüu .f<ller a es-
pera, e se não csta,·a, hião-sc embora, c no dia seguint~.: ,·inha clle Respon-
dente, ou u dito seu cunhado a dar ·parte ao Duque, que não tinha passado,
c isto de noutc nu Jardim, que manda,·a recado pelo Irmão ddle Rcspon-
,lcnte.
I.
8.
E perguntado, llUe tem dito, que depois que soubera, que os tiros,
furão dados em ~ua ~Iagestade, o ,·iera elle Respondente dizer ao Duque,
que este lhe di cera : "Cal urda &. 3 n 7 quando, c aonde passou isto, c se
algucm u ou,·io.
Respundeo, que passados dois ou trez dias desta ultima 'êz, que es-
ti\·era com o Duque, como tem dito, ''iera huma noute que serião üOLe
horas, e no mesmo Jardim passara o que tem dito. E que passados alguns
dias lhe dicera o dito Duque estas pala \Tas: ''Tomara que déssemos hum a
fumassa em Sebastião Jozé- que me tem d feito muito mal á minha caza, .
.\o que elle Respondente lhe não respondera, nem o Duque lhe tornara a·
fallar mais em tal.
~-
porque lhe tinha dito, que tambem havia hir, porem que elle Respondente
o não vira.
E por ora lhe não forão feitas mais perguntas, que sendo-lhe estas
lidas, dice esta\ão na verdade, que as approva\a, e ratifica\'a. E deferin-
do-lhe juramento dos Santos Evangelhos, para que debaixo delles .declarasse
se era verdade, o que tinha dito, pelo que respeitava a Terceiro, debaixo
delles dice, ser ,;erdade, tudo o que tinha dito, pelo que dizia respeito a
Terceiro, e de tudo fiz este auto, e termo, que comigo assignou. E eu Jozé
Antonio de Oliveira Machado, que o escrevi, e assigney. =Jozé Antonio de
Oliveira Machado= Antonio Alvares Ferreira.
I.
2.
3.
E sendo perguntado em que lugar, e em que traje se acha,·a o mesmo
Duque naquclla hora da nuute cm que deo a elle Respondente a sobredita
ordem.
Rcspondeo que o mesmo Duque lhe 1-iavia dado a referida ordem nas
terras que ticão ao Norte do seu Jardim, e nu meio de-lias hum pouco asima
da Barraca, onde assistio o Conde Rc7cndc: E que o mesmo Duque- se
acha' a a pé com hum a Borjaca n:stida, e por sim a deli a hum capote, com
que se cmbussa,·a, forrado de Peluça.
4·
E sendo mais instado, que clle Respondente ha,·ia dito, que o mesmo
Duque, fora de companhia com elle Respondente, hindu ambos a ca,·allo,
pela primeira vêz em que lhe foi dar a noticia da sege, de que se trata.
Que outra ,-ez fora com elle Respondente a pé para o mesmo fim de lhe
dar a conhecer a referida sege. Que tambcm sahira com clle Respondente,
e seu cunhado Juzé Policarpio a cavallo, quando deixou a ellc Respondente
pegando nos ca,·allos na occazião em que foi mostrar etfecti,·amentc ao
dito Jozé Policarpio, como mostrou a referida sege. E concurrendo sobre
tudo isto haver o Duque dito a ellc Respondente, e ao dito seu cunhado
que se havia achar com elles, quando dessem os tiros: Dc,·e o mesmo Res-
pondente declarar a razão que o Duque lhe dêo naquella noutt: ao tempo
cm que lhe falluu junto á dita Barraca do Conde Rezendc, para se não
achar com elles na occazi<ío, em que derão os tiros, como antes era do seu
costume, e wmo depois lhes tinha promettido: Porque de todo o referido
se segue, que ou o mesmo Duque se achou no acto em que se despararão os
tiros, ou dcixt~u outra pessoa no seu lugar, uu se escuzou com o muti,·o de
hir esperar cm outra das emboscadas, que se tizeráo na referida noute.
Respondeo, que tendo-lhe dito o mesmo Duque au tempo ·cm que lhe
fallou asima da Barraca do Conde Rczende, que naquella nuutc não tinhão
disculpa, se não dessem os tiros, porque a sege, de que se trata havia
passar indubita\ cimente. E que a elle Duque por algumas razoens, lhe não
fazia conta hir com elle Respondente, e seu cunhado na mesma companhia:
\"irão logo pouco tempo depois vir hum vulto de homem, que pela pequena
estatura do corpo, _lhe parecera o referido Duque, posto que vinha com
differente capote, que parecia pardo, ha,·endo antes trazido outro, furado
de Peluça; E que tambem vinha ou sem cabellcira, ou com clla tirada, ou
tH
-
mettida debaixo do chapeo; de sorte, que mal se percebia. E acrescenta
elle Respondente, que tambem intendeo ser o referido vulto o subredito
Duque, por que intrepidamente veyo reconhece-lu, e a seu cunhado, quando
estaúiu junto ao muro nm·o da parte das terras, para passarem para a es-
trada, e lugar du delicto, sahindo u dito vulto debaixo do arco, que esta\·a
misticu ús cazas da Quinta ~o 1\Icyo, c au Norte dellas, ,-indo ao Boquei-
rão du referido muro, affir:mar-se para ,·criticar se alli se achaváu u mesmo
Respondente, c di tu seu cunhado, e voltando [depois que se segurou em
que alli esta,·ão] pelo caminho asima, junto ao muro para a banda da es-
trada~ que vai das cazas da Quinta do 1\leyu para o Real Palacio da actual
habitação de Sua 1\lagestade : Concluindo que entre o exame que o dito
-vulto- fui fazer para se segurar da existencia delle Respondente, e seu
cunhado nu referido lugar, junto do muro nm o, e a passajem da subredita
sege, e discarga dos tiros, que contra ella se dispararão, não medeuu mais
du que o espaço de de7 minutos quanto mais.
5.
E perguntado por que niío dispararão os tiros Iugo, que a segc de
Llue se trata chegou a passar a esquina das cazas da Quinta do .Mcyo, c o
. arco, que está junto dellas, e tilrãu disparar mais asima os referidos tiros.
Respundeo, que a razão disto fura por que sentindo vir rodando maís
de ,-agar a sobredita sege athé ao tempo cm que chegou á sobredita esquina,
e arco: dellc para sima curreo com tanta ,-iolcncia, que foi percizo currerem
de galope para a alcançarem: E que ainda assim não poden\o disparar os
tiros a queima roupa, ou immcdiatamcnte sobre o espaldar, como se lhe
tinha ordenado, cum a circunstancia de dispararem depois as pistolas nos
dois lados da sobredita sege, mas lhes foi precizo atirarem á mesma sege
da distancia de trinta palmos, pouco mais, ou menos pela wlocidade, com
que hia currendo : E que por isso não tiverão lambem lugar para descar- _
regarem as pistolas, como· u referido Duque lhes tinha ordenado: E que
arguindo-os este depois de não haYerem disparado as ditas pistolas, se escu-
zarão desta recriminação, com o muti,·o de ha,·erem sentido gente, e de
lhes ser por isso necessariu, cuidarem logo em fugir, como com cll"eitu ti-
zcráo na forma que tem dito.
6.
E sendo ainda· ins.tadu, que por quanto pela pnl\·a da Justiça consta,
que Sua 1\'lagestade não só fura esperado, na referida nuute, junto ao muro
no\·o, que estú fronteiro á extremidade setemptrional das cazas da Quinta
do Meyo, e lugar onde se dispararão os tírus, mas que lambem se achavão
de mão posta outras similll<intes embuscadas de homens armados cm outros
ditfcrentes lugares, athé a entrada de Palacio do ditu Senhor, para que no
cazo em que Sua ~lagestade escapasse do primeiro insulto delle Res-
pondente, e seu sociu, fiJsse cahir nas outras emboscadas: E L]Ue nestes
termos de\·e declarar, Ll que lhe constou, soube, ou,·iu, ou prezumiu assim
a respeito dPs lugares em que· se tizerãu as ditas embuscadas, como das
pessoas, que ndlas inten·ierãu, ou nellas se acharão.
Re ... pondeo, liUe nada lhe part1~1par.1 u rdi:rido Duque aos ditos re~
peitos, que porem ti\·era por \ erusimcl, '-lue h:l\ ia gente da fa~ção do me ... mu
Duque nus lugares asima indi~adus, por quanto elle Duque prohibira puzi-
ti\ amentc a L'lle Respondente, c a ..,çu ~unhad'' e soóo no Jeli~tu, que fu-
_gissem para <t parte do :\orte, c '-lu Pala~io da a~tual habitação de Sua
.\lagcstade, ordL·nando-lhes, que se retirassem ~untrarianll:ntc, pela ~alçada
:thai xu, ~omo ~um ctfeito retirarão, sahindo pela tra\ c ... sa do Guarda mo r
da ~audl!, que estú junto a Ponte de madeira, que sern: para as obras, c
en~ontrandu Bento Antonio- na mesma ~alsada, Iugo a baixo das ~azas da
Quinta do .\l'-·yo, c quazi ao pé da porta du Quinta de Sua .\lagestadc, que
c ... rá junto ü mesma tra\·essa do Guard;.l mur, outro homem, que hia cur-
rcndo a ~a,·allu a meio galope em huma Fa~a, ou sendeiro pequeno, sendo
tambcm pequeno u homem. que hia ndlc montado, c de ~aputc es~uru, ~omo
aquelle ~om '-IUe ultimamente ha,·ia ,-isto o sobreditu l'u~-.1ue, ao tempo cm
que naquella noute de trc/ de Setembro proximo passado ~umo asima di~e lhe
appare~eo junto ao muro nonl dez minutos, antes de se_ dispararem os tiros,
~omo tem dito a~ima. ·
E por Ctlra lhe não h7crão mais perguntas, que sendo-lhe estas lidas,
di~e esta,·ão feitas na fi•rma, e maneira, que lhe tinhãu sido feiras, c clle
tinha respondido. . .
E logo lhe fi..•i deferido o juramento dos Santos . E ,-angelhus pelo
que respeita\" a a T er~ciros, c re~ebido o dito juramento, di~e que tudo,
quanto tinha dito, e rcspeita\·a a Ter~eirns era n'rdade, c que tudo apprU\ a,
c ratiti~a, que de tudo fiz este auto de perguntas, e termo de ju ramentu,
que ~om nos~o assignuu. E eu Jo7é .\muniu de OliYeira .\lad1<tdu que
o esaeYi. =Sebastião .fozt de Can·alho e .\lello =Pedro Gonsah-es Cor-
deiro Pereira -=- Juzt! .\ntonio de Olin:ira .\lad1ado =Antonio .\1\-arcs
Ferreira.
APPE~ÇO r3.
PFRGl":'õT.\S FEIT.\S \O REO llR.\Z .IOZF C.\1~0 ltE 1-:SilU.\IlR.\ 1>0 ~1.\RI~l"EZ
l\1
Reo Braz Jozé, prezo na çadeia deste sitio á ordem do dito Senhor, as quais
lhe forão feitas pela maneira seguinte. E eu Jolé Antonio de Oli,·eira .!\'la-
chado, que o escrevy.
I.
2.
4·
Sendo mars perguntado se sabia que dois dias ant~s do ddicto, que
sacrilegamente se comctteo contra a Real Pessoa de Sua 1\lagestade se ap-
parelharão na cavalhariça do dito Marquez Luis Bernardo alguns cavallos,
se estes se mandarão_ para outra cavalhariça, c qual foi estd cavalhariça,
para onde se mandarão os tais ca\·allos.
Respondeo com a mesma absoluta negativa.
5.
Sendo mars perguntado, se na sobredita nome de trez de Setembro,
proximo passado, em que se dispararão os sacrilegos tiros contra a Real
Pessoa de Sua .\lagestade, sahirão alguns cavallos da cavalhariça do Mar-
quez Francisco de ·Assiz de Tavora: Quais forão as pessoas, que montarão
nos ditos ca\·allos, e os lugares aonde furão as pessoas, que montarão nos
ditos cavallos na referida noute.
Respondeu com outra absoluta negativa.
G.
Sendo instado que \·eja o que diz porque consta da prova da Justiça,
que elle Respondente sabe muito bem quem fui nos ditos cavallos, onde
elles forão, e que assim deve declarar a verdade.
Respondeu com outra absoluta ncgati\·a.
7·
Sendo mais perguntado se sabe que na referida noute de tre7 de Se-
tembro pro:\imo passado se post<issem algumas emboscadas de homens ar-
mados de pistolas, e chn·inas no caminho das terras, que estão sitas entre
a Quinta do :\leyo, e a Quinta de sima, I..JUe foi do Conde de Obidos, pàra
esperarem a El Rey Nosso Senhor, e dispararem barbara, e sacrilegamenre
as sobreditas armas, contra a carruajem de Sua :\lagestade, quando se re-
colhesse. Quantas furão as ditas emboscadas: Quantas, e 1..1uais furão as
pessoas, que nellas se acharão.
Respondeq com outra absoluta negati,·a.
8.
._,
Sendo mais perguntado, que por quanto se prm·a, que na mesma
noute de trez de Setembro proximo passado depois de se ha\·erem disparado
os tiros contra a mesma Suprema 1\lagestade de El Rey Nosso Senhor, e
depois de ha\·erem fugido aquelles, que os derão, se \·ierão ajuntar ás outras
pessoas, que tinhão estado nas outras emboscadas na terra que fica por de
traz do Jardim do Duque de Axeiro, junto á Pranxada, que se fez para ser-
vintia das obras do mesmo Duque: Quantas, e quais forão as ditas pessoas,
que se juntarão naquelle lugar, humas depois das outras: E o que no mesmo
lugar dice cada huma das ditas pessoas, ácerca dos sacrilegos tiros, que
antes se tinhão disparado, ácerca de hum que errou fogo, e ácerca dos
outros tiros, que não chegarão a poder disparar-se.
Respondeu com outra absoluta negativa.
'
DESPACHO
APPE~ÇO 14-
I'ENGl':-;T.\~ 1"1-:IT.\S \ JO.\Ql"l\1 llOS S.\:-;TO~ COCHEIRO 110 lll"l~l"l.- IIF .\\"FiliO.
1>0:0.\1'\GOS \1 \RI]l"F~. \10~::,0 I>\ C.\ \".\LH.\RIC:E IUJ :0.11-;S:o.IO lll"l~l'E ..\1.\:-;IIEI
I.
2.
3.
E perguntado porque fora prezo o dito Duque. E que hé o que elle
Respondente tem que declarar.
Respondeo, que· depois da prizão do Duque, dos Marquezes de Ta-
vora. Pai, e filho, Cunde de Atouguia, o conego Jozé ~'laria, e Manoel de
Tavora, om ira elle Respondente dizer publicamente, que o tinhão sido por
cauza de serem os que tinhão dado os tiros em El Rey Nosso Senhor, sendo
o dito Duque o cabeça deste insulto. E que sobre isto nada tinha que de-
clarar.
4·
E perguntado que pessoas erão a quem o dito Duque mais frequente-
mente vizitava.
Respondeo, que as partes, e cazas, a que mais frequentemente o Du-
que costuma,·a hir, erão a caza do 1\larquez de Ta,·ota filho, do 1\larquez
de Tavora Pay, do Conde da Atouguia, e Conde da Ribeira, e Conde de
Obidos, e que nestas partes hé que se costumava dilatar mais.
;).
-
E perguntado a que mais partes costumava hir.
Respondeo, que a mais partes nenhumas, salvo a caza da Duqueza do
Cadaval. ,
6. •
E perguntado que veja o que diz, porque o Duque a mais partes cos-
tumava hir com frequencia,
Respondeo, que lhe não lembrava.
7·
E perguntado, que Je\c declarar, se o ditu Duque costumava vizitar
os Religiozos da Companhia de Jezus.
- - -
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Respond\:o '-}li\: sú huma ,·ez fura a São Roque, cm dia do Santo
Xavier, c nun(a mais fora lá, n\!111 a outro algum ~utn-cnt•J dos ditos Rc-
ligitt/os.
X.
E insta,lo, que ,·cja bem o que di1, pontue ~onsta o ~ontrario.
Hcspondco, qu\: tem dito a \·crJadc.
lO.
•
E perguntado aonde esti\ era o Duque na tarde, e nuute do referido insulto.
Respondeu, que nesse tempo, não sahira fura.
E perguntado qu<: c<n allos sah=riíu da ca\·alhariça do Duque nessa
noutc do mesmo insulto.
Respondeu, que não sabia.
E perguntado que dc,·c dedarar, que ca\·allos furão huns, que dois
dias antes do insulto forão para a ~a\·alhariça do Duque, preparados, quantos
enio, c quem os mandou.
Respondeu. que nada sabia.
DESP.\CHO
\·isto o Decreto de Sua ~lagcstade, por que hé scn ido mandar dar
tratos a estes R cus, e 'is ta a ~ulpa, que rezulta ~onrra o Rco Joaquim dos
Santos, e forma com que respondeu ás perguntas, que lhe furão feitas. c
gra\ idade do dclicto, mandão que ao Rco se dcm dois tratos espertos, se
tanto puder tolerar .a juizo do Cirurgi;íu, a fim de de'-tlarar a verdade, pelo
que toca a Terceiro. Belem de Janeiro sete de setecentos sincocnta c no\·e.
=Oliveira ~tachado.
E perguntado, como se chama, de quem era fi lho, dé! onde era natu-
ral, e morador, que occupação tinha, e idade.
Respondeo que se chamava Domingos :\largues, filho de :\lanoej Fran-
cisco, natural do lugar de Bidoens, Commarca da Guarda, morador em caza
do Duque de .-\seiro, c mosso da sua ca,·alhariça, e que tinha vinte e seis
annos de idade.
E perguntado se sabe, ou suspeita a cauza da sua p!·izão.
Respondeu, que não sabe, nem suspeita a cauza da sua prizão.
E perguntado se sabe por que o dito Duque de ,~ ,·eiro fora prezo.
Respondeo, que sabe, que eu o fora prender, mas que não sabe o porquê.
E perguntado se ou\·ira di7er que na noute de trez de setembro proximo
passado se dessem infameiT!ente ~uns sacrílegos tiros em El Rey ::\osso Senhor.
Respondeo que ounra. d1zer ao Po,·o, o que a pergunta contem, po-
rem que não ouYio dizer quem os tinha dado. '
E perguntado que ca,·allos sahiJOáo da c a\ alhariçn do Duque na refe-
rida noute, quantos, e quais erão, e quem os le,·ou, e para onde.
Respondeo que não Yira sahir nenhuns cavallos da dita ca,·alhariça.
E perguntado que ca\·allos forão h uns, que 'ierão para a dita ca,·alhariça,
dois dias antes da referida noute, quantos erão, quem os mandou, e por quem. -
Respondeo, que nadà sabe. do que a pergunta contem.
E perguntado, que Yeja bem o que diz~ por que consta o contrario.
Respondco, que não sabe mais, do que o que tem dito.
DESPACHO
E logo mandarão que o Rcu fosse posto nu Potro, e nelle atado, o que
assim se e\ccutuu pelos utticiais para isso Jctcrminadus, e dando-se-lhe meio
tratt•. dice que queria declarar a ,·crdade, que ,·inha a ser.
\.)uc era verdade l)UC dois dias antes da nuute, cm que se dcrãu os
sacrile~os tiros cm EI Rcy ~osso Senhor mandara o 'larquct: de Tavora Luit:
Bernardo dois ca,·allos apparelhados para a ca\·alhari~e do Duque, c que os
lc,·ava hum mosso do mesmo 'larquc7, chamado .\ntonio Jozé, l)UC h é Bu-
lieiro do dito :.\larltlii!Z.
E que na noutc do mah-ado insulto, lhe mandara a elle Respondente
o sutta Ca,·alhariça do dito Duque, chamado \\;moei do :"\ascimcnto, que
preparasse seis ca,·allus: a saber hum chamado J>,tfh.11'.llll, outro Gu.n·.i,t-
.\/tw, outro Si!IT.t, outro Coimbr.t. c os duus do dito :.\laryutz, que hum era
rossim, c ourro castanho. E ,Iuc· preparados ~s lc,·ara o dito .\ntunio .Juzé
HL•i=ciro do ;'\larqucz, c .\ntuniu Dias mosso de a~ompanhar do dito Duque,
c que isto serião de1. hora-; pouco mais. E que depois seria meia noute quatldu
\"Íerão, e os mesmos dois, que os lc,·arão, que furão para a banda das terras.
os mesmos dois os truuxerão, que seria meia noute, pouco mais, ou menos.
E que na nuute antecedente ao dia em que o dito Duque fora prezo,
pela meia nuutc, ti>ra João :.\liguei á ca,·a\harice, c tirara dois can1llos, que
montando cm hum, c outro que n<Ío sabe quem era. fi.>rãu para fura, c ,·ierão
de madrugada, c não sabe se furão a Coina. •
. E por ora lhe não furão feitas mais perguntas, yue sendo-lhe lidas,
dice esta\'ão• na \·erdade, ~umo tinha respondido. E sendo a\i,·iadu as rati-
ficou, e appron1u cm nossa prczensa. E se lhe deferia juramento dos Santos
E,·angclhus pelo '1ue toca,·a a Terceiros, c recebido, dice, e tornou a di7er.
que era verdade o que tinha dito, e respeita\·a a Terceiros, de que fiz este
auto, que comnosco assignou. E eu Jozé Antonio de 0\i,·eira :.\lachado, que
es.:re,·i, e assigne\·. = ·Pedro Gunsal \·es Cordeiro Pereira= Jozé Antonio de
Oli,·eira 'lach'ãdõ =Do Respondente Domin.~os .'\larques huma Cruz.
\I TO DE P.ERGl'~'L\S FEIT.\S .\ ~1.\ 'I;OFL 1>.\ FO~CECA 1301.1EIRO LI.\ IJU!..!l:EZ.\ IJE .\\'FIRO
APPE:r\ÇO 15.
PERGUJ'(T.\S FEIT.\S .\OS CRI.\IlOS 110 M.\R1.,1UEZ llF T.\\'OR~ 1'.\Y. JOZE FERN.\:\LJES,
SOTT.\ CA'ir.\LH.\RICE. JOZE .\1\TO:'IJIO BOLIEIRO. .10.\0 BERN.\RIJO, :\lOSSO
llE ACOMP.\:'IIH.\R, I'EilRO ll.\ SILVA. MOSSO llE C.\V.\LLOS ..\1\T0:\10 JOZE LEIT.-\0,
ESCUilEIRO IJA M.\RQUEZ.\ M.\ Y
\UTO I•E PERGUl'T.\S FEIT.\S .\ JOZE FERNA:\LJES SOlT.\ C.\ V.\LH.\RIÇ.\ 110 !11.\RQUEZ
LJE T.\ VOR.\ P.\ Y FRAKCISCO llE ASS IZ
DESP.\CHO
t.
2.
3.
4·
E perguntado se ~dito ..\larque7, costuma\·a tambem hir a São Roque,
e au Cullegio de Santo Antão. ·
Resp~ndeo, que nunca vira, que fosse aos ditos com·entus.
5.
E perguntado a que tempo costumava hir üs ditas partes, principal-
mente a Arruyos, e caza do dito Antonio da Costa Freire, e que tempo se
dilata\·a.
Respundeo, que fóra do jugo, e Bailes aonde se dilata,·a mais era em
caza do Duque, que houve uccazioens, que sahira pela manhã, e dizião, que
estaYáu jogando. E yue üs mais parll."s hia de dia, e humas n~zes se dilatan1
huma, ou duas horas, e outras \·ezes mais, e menos.
ti.
DESP.\CHO
E logo fi.Ji mandado pôr o dito Reo no P•nro, e a dle atado, o que
assim se exe.:utou, pelos ufficiais para isso determinados, e dando-se-lhe
hum esperto, dicc queria declarar a 'erdade, que era.
Que na tarde pre.:edente á nuute, em que ;;e derão os referidos tiros,
sahira o dito ~larquet. seu amo na segc. e \'Íera para caza do Duque de
A,·c iro, e ahi esti,·cl'a thé a meia noute pou.:o mais, ou menos, e elle
Respondente esti\·cra espcr.mdo com a sege ã porta principal do Pateu,
athé que chegara, e se mettera na dita scge. c fora áquellas horas
para caza. · .
E que nu dia seguinte, tornara n mesmo )larquez para caza do dito
Duque, para onde tambcm \"iera a ~larqueza sua mulher, a cundeça de
Atouguia, e lhe pare.:c que tambem o Conde seu marido, e o Marquez Luis
Bernardo, e ourr~s pessoas Fidalgas, que não está bem lembrado, e ahi
estiverão toda a manhi.i..
E que depois dos ditos tiros cstü lembrado que o ditu 1\larquez fo'hl
·hum a \'eZ a caza de António da Costa Freire, e não está lembrado se tam-
bem a ÀtTo\·os, como costuma,·a.
E sen"do logo aliYiado Yeio á nossa prezença, que sendo-lhe lidas as
suas respostas, dice que esta\·áo na \'erdade, que as apprü\·ava, e ratific<n·a
debaixo do juramento dos Santos EYangelhus, que já se lhe tinha deferido,
e nü\·amente se lhe deferio, que recebido, tornou a confirmar u mesmo,
pelo que toca,-a a terceiros, de que tudo fiz este auto, ~ termo de juramen-
to, que comnosco assinou. E eu Juzé Antonio de OliYeira ~lachado, que o
escre\':, e assigne,-. :...=Pedro Gonsah·es Cordeiro Pereira= Juzé Antonio
de OliYeira ~lacha.do=-Do Respondente Jozé Antonio huma cruz .
.\l"TO li E PFRGI;:'\T.\S FEl L\S .\ JOÃO llER:'\ \RI lO. :\IOSSO !I E .\CO:I-1~ \1\H.\R
.\0 :\1.\RQUEZ P:\Y
o ..:ontrario, do qut· diz, c que de,·c dcdarar, aonde o dito ~larquez fóra, e
eo;tin·ra na t;trdc, c na noute dos rt•IC:ridos tiros, e manhã seguinte.
Respondl·o, que não esta.nt certo.
DESPACHO
.\U ro l>E I'ERGt:::ST.\S FEIT.\S A .\:ST0:\10 JOZÊ LEIT.\0. ESCL"l>EIRO 11.\ :0.1.\RQUEZ.\
li E T .\ \"OR -\ 1>0:\A LEO:-iOR
E que só o que tem que declarar hl! : Que na dita nuute dos referidos
tiros, sahira o ditu ~larlJUC/. na sua segc, c não recolhera se não depois das
onze horas, mas não sabe a lJUe horas recolhera. porque ás .on.lc se fura
elle Respondente deitar.
E por ora lhe não fizerão mais perguntas, que sendo-lhe lidas, e suas •
respostas, dice estaúi:o na forma, que lhe forão feitas, e elle respondido, o
yuc aftirmo debaixo do juramento dos Santos E,·angelhos, que lhe foi defe-
rido, pelo que tocaYa a Terceiros, que apprm·a,·a, e ratifica,·a, de que tiL
este auto, c termo de juramento, que com nosco assignou, e o escrevy. =
Pedro Gonsah-es Cordeiro Pereira= dozé Antonio de Oli,·cira :\lachado=
-\ntonio Jozé l.eitão Caldeira..
APPEl\ÇO 16.
I.
\ I,
2.
.,
.).
-l·
='·
E sendo instado outra H!Z que a sobredita escuza o não rdc,·a, por
quanto se prova por parte da Justiça, que -us ditos cavallos, com ctleito
vierão dous dias antes do referido insulto para a cavalhariça do Duque de
_.\ veiro, apparclhados, cobertos com os seus Telizes, e que na mesma nuute
sahirão da dita ca,·alhariça para auxiliarem o dito insulto as pessoas que
nelles montarão.
Respondeo, que nada soubera ao referido intento: E que só hum
criado do Duque de A\·eiro, chamado Filippe Ferreira que mora á Espe-
rança tinha ordem, e tem dclle Respondente para se lhe dar na companhia
hum ca,·allo, cm cada ,·ez, que o pedisse, e que o tal ca,·allo poderia ser
que fosse para a ca,·alhariça do dito Duque de A n~iro.
6.
I •
E sendo outra vel' in~ta •.:lo, que estes subterfugios se com·enccm; por
.quanto tudo que hé in,·ero!'>imcl se reputa por fa!so: F que não pode
ha,·er maiur in,·erúsimilidade, nem couza mais repugnante ao juizo humano~
por que não se lembrar elle Respondente onde este\·e em huma noutc tão
LP
infausta. tão estrundoza, e tüo nota,·el, pelo geral escandalu, como foi a
referida noute de trez de Setembro pruximo precedente; E que assim de,·e
declarar a verdade, que pertendeo encobrir debaixo du subterfugio daquelle
alfectado esquecimento. •
Respondeu com o mesmo, que ha\Ü ditu.
~I-
lO.
•
E sendo ainda Ínstadu, que repare no que dit., por que consta da
prm·a da Justiça, que elle Respondente foi informado de todos os referidos
factos: E que dew declarar a wrdade do que passou aos ditos respeitos,
para descargo da sua consciencia, e satisfação das suas obrigações, como
christão, e como \'assalto.
Respondeu com a mesma absoluta negati,·a.
11.
.-
q3
DESP.\CHO
I>IIIGE:SCI.\ IIOS TR.\TOS 1>.\llOS .\0 REO I t'l7 IIFR~.\RilO IIE T.\\.OR.\
(.
2.
Que por este principio dezeja a dita ~largueza Duna Leonor de Tavora
a morte de EI Rey ~osso Senhor; considerando, que ddla rezultaria grande
beneficio aos ,·assallos. E que era castigo para todos o estar Sua Magestade
go,·crnando, pela aspereza d.o seu governo.
3.
+
Que o :\larquez Francisco de Assiz de Tavora seu Pai, era dos mes-
11l•>s sentimentos, persuadido pela dita 1\'larqueza Dona Leonor Ma\· delle
Respondente, porque o dito seu Pay só fai',., o que a referida :\largueza sua
mulher lhe aconselha.
'·
Que o Conde de Atouguia, e o conego Jozé ~laria de Tavora, seguião
os mesmos dictames inspirados, ou antes pen·ertidus pelas mesmas doutri-
nas, c ma:\.imas do dito Gabriel :\lalagrida.
li .
•
Que-o :\larquez d' -\.lorna ha,·ia tambem feito exercícios espirituai::. em
Setubal com o mesmo Gabriel :\lalagrida.
7·
Que a dita ~larquen :\lay delle Respondente, sendo guiada pelo que
lhe ha\"ia feito crer o dito Gabriel ~làlagrida, persuadira ã todos os sobre-
ditos, que EI Rey :\osso Senhor, ordena\ a o que queria o Secretario de
Estado Sebastião Jozé de Can·alho e ~lello, de sorte que todos os referidos
parentes o chegarão a crer assim, e chegou elle Respondente a dizer, que
o go\ erno esta\ a de sorte, que se elle fosse prezo, só seria pelo que niio
ha'-ia feito.
R.
Que emt1m na .:aza da :\larqucza de Tavora :\lay dellc.! Respondente,
ha\ ia huma .:ontinua murmuração .:ontr·a o governo do dito S~:nlwr, e
huma .:ontinua prati.:;t de traiçii.o c ma.:hinação, .:011tra a ({cal Pessoa de
Sua :\lag..:stade, assentando-se, cm que seria muito util que o mesmo Sc.!nhor
d~.:ixasse de YiYer.
9·
Que por isso os ajustes, e .:onfederaçóens, que se ordenar;Ío a .:ommet-
tcr o saailego insulto na noute de trez de Setembro, proximo passado, forã o
feitos, .e .:on.:ordados em .:aza da dita :\larqueza sua :\by.
lO.
Que o Duque de ..\\·e iro, se a.: h ou nas mesmas esperas .:om alguns
..:riados seus, que armou para o dito et'feito.
J3.
APPEI\ÇO I 7·
PERGL:"TAS FEITAS -\0 REO DOM .IER0:\1:\10 DE \T.\IDE
--
tambem serve de Regedor, comigo Jozé .\ntonio de Oliveira :Machado,
Oet:embargador da Cata da Supplicaç<ío, e nomeado para escrever nesta
,iiligencia, para elfeito de fazer perguntas ao Reo Conde de .\touguia,
prezo cm segredo nesta mesma Qu~nta, por ordem do dito Senhor, as
quais lhe furão feitas pela maneira seguinte.
J.
•
E perguntado como se chamava, de quem era tilho, da onde era
natural, que occupação, e idade tinha.
Respondeu, l]Ue se chama,·a Dom Jeronimo de Ataide, filho do Conde
de .\touguia Dom Luiz Peringrino de Ataide, natural da cidade de Lisboa,
e baptizado na freguezia dos l\lartires, e capitão de ca,·allos do Regimento
do Cais, e que tinha trinta e sete annos de idade.
2.
3.
E sendo perguntado se concurreo para o sacrílego insulto, que na •
noute de trez de Setembro proximo passado se commetteo com diabolico,
e nunca visto atrevimento, contra a Suprema l\lagestade de El Rey Nosso
Senhor, auxiliando, e ajudando com a sua pessoa o referido sacrílego insulto,
na nome em que foi commettido, e concurrendo nella com as pessoas, que
o commetterão.
Respundeo com huma absoluta negati\·a.
4·
E sendo instado, que visse, que a sua negativa era convencida de
menos verdadeira; por quanto consta da pro\·a da Justiça, que elle Res-
pondente concurreo na mesma noute de trez de setembro proximo passado
com os que commetterão o referido insulto, achando-se de mão posta com
outra pessoa, em huma das esperas, ou emboscadas, que com arteficio dia-
bolico se postarão em dilferentes lugares para que o dito Senhor na passajem
que tit:esse da Quinta do :\leyo, para a da Sua Real habitação, se escapasse
de huma das ditas emboscadas, fosse cahir nas outras.
Respon.deo, com outra absoluta negativa.
='·
Sendo perguntado, onde passou aquella infausta noute de tre7 de
sl:lembro pru\.irno pass.1do, em l]Ue se commetteo o referido insulto, desde as
de/ horas da mesma noute athé as quatro da madrugada proximl! seguinte.
Respondeo, que na referida n•mte, e nas horas della asima declaradas,
passara recolhido• na sua propria caza. E que antes disso haYia passado
athé as dez horas da mesma nome em caza dos ~larquezes de Tavora seus
sogros, onde costuma,·a passar todas as noutes athé as dez, e onze horas,
quando mais tarde, em que se r~colhia para a sua propria caza.
6.
Sendo mais perguntado, que por quanto confessa, que passava todas
as nomes em caza dos ~larquezes seus sogros, e nas conversasóes, que
nella se faz ião: E consta da prm·a da Justiça, que nas mesmas com·ersasóes
se trata\·a ordinariamente de calumniar o felicíssimo, e glorio7issimo goYerno
d'El Rey ~osso Senhor, de se considerar ou persuadir com diabolicas
suggestóes, que~ mesmo goyerno era ,-iolento, e perniciozo; de se <tssentar
pela 2\lacha,·elica, e detestavel Theologia de Gabriel ~lalagrida, e outros
Religiozos Jezuitas da sua profissão, que era licito, e meriturio conspirar
contra a preciozissima, e gloriozissima 'ida do mesmo Senhor, porque
depois do pertenJido goYerno tiranu de Sua ~Iagestade, \"iria outro go' erno,
do qual a todos os que concurrião nas taes com·ersasoens, se seguirião
grandes utilidades : E que assim de,·e declarar por indispensa,·el discargo
da sua consciencia, e satisfação das suas obrigaçoens, comu christão, e como
vassallo, para tambem cumprir com a restituisão, que deYe ao dito Senhor,
e a Patria; quantas, e quais forão as tais peJisoas, que concurrerão nas
referidas com•ersasocns; e n que nellas dicerão, com·ierãu, e ajustarão, sobre
as falsas suppozisoens, de ser ,-iolento, e prejudicial o gm erno de Sua :\Ia-
gestade; sobre as esperansas, que fundaYão no outro goYerno futuro; e
sobre a machinação da morte;_ que infame, e barbaramente, se pertendeo
executar, pelo horrorozissimo insulto de trez de Setembro proximo precedente.
Respondeo, que nas conYersasóes, que se tinhão em caza dos 2\Iar-
quezes seus sogros, concurriáo ordinariamente os mesmos :\Iarquezes seus
sogros; elle Respondente; a Condeça sua mulher; :\lanoel de Tayora seu
tio algumas noutes; o :\larquez d"Alorna, e sua mulher, quando esta,·ão na
terra : E que tambem algumas noutes concurria :\lonsenhor Azevedo ; e que
tambem hia algumas wzes o l\larquez do Louriçal.
Quanto ao mais contheudo n(:sta pergunta, respQndeo que nada om·ira,
e que nada sabia.
i·
·E sendo outra vez com muita charidade admoestado para que declarasse
a verdade pelo que pertencia aós ditos Terceiros; por quanto se proYa,·a,
que delles, e das suas perniciozissimas, e iniquissimas com·ersasoens, e
machinaçoens tinha elle Respondente, pleno conhecimento.
Respondeo prezist!ndo na mesma absoluta negativa.
8.
Sendo mais perguntado, se sabia quantas esperas, ou emboscadas de
homens armados se postarão na referida noute de trez de Setembrv pr·oxime
•
--
precedente nas terras, que jazem tlesde a extremidade da Quinta chamada
du .\lcyo, athé <i entrada da outra <Juinta, que foi do Conde de ( >bidus,
por onde Sua .\lagestade custumant recolher-se: Declarando quantas, e
tJUais furão as pessoas, que se acharão nas referidas emboscadas nal.judla
infaustissima nuutc. ·
Hcspondco com outra absoluta negati\ a.
I O.
II.
Sendo suere tudo o referido instado, que por quanto consta da mesma
prm-a da Justiça, que na manhã de quatro de Setembro pruximo passado,
que fui a manhã pru~ima seguinte á noute do referido insulto, se juntarão
algumas pessoas parentes, e conjunctos em certa caza de pessoa grande
para cóm·ersarem sobre o que antes ha,·ião djspostu, e obrado na nnute
proxima precedente; e sobre o que depois de ha,·er errado o seu golpe o
mesmo sacrílego insulto, haviãu de fat.er cm damno da preciozissima ,-ida
d'El Rey ~osso Senhor; em geral prejuízo de todos us seus Reinos, e
Y assa \los : e em mal intendida utilidade particular das tais pessoas, que
concurrerão naquella diabolica Junta: Deve nestes tcrnws declarar o que
soube, e sabe a respeito das pessoas, que concurrcráo na referida Junta,
e das materias que nella se tratarão.
Respondeo com outra absoluta negativa.
DESP.\CHO
e forma com que o Reo Dom Jeronimo dt: Ataide respondeo ás pt:rguntas,
que lhe forão feitas, e estar em termos supposta a gra,·idade do delicto de
ser mettido a tormento, dando-se-lhe tratos pelo que toca,·a a Terceiros,
mandão se dem dois tratos espertos, se tanto poder tolerar a juizo do
Cirurgião, a fim de declarar a verdade, pelo que respeita a Terceiros. Belem
de Dezt:mbro trinta de setecent-os sincoenta e oito. =Com duas rubricas.
=Cordeiro= Oli,·eira 1\lachado.
2.
I :> I
3.
4·
='·
E que emfim era tambem verdade, que nas mesmas esperas, e em-
boscadas se tinha achado Braz .lozé, cabo de Esquadra da companhia do
Marquez, cunhado ddle Respondente.
TER~lü DE RA TIFIC-\ÇÃO
E pelo dito Respondente foi dito, que tudo esta\ a na \·erdade, como
eU e tinha confessado, o que novamente.! apprm a, e ratifica, debaixo do jura-
mento, que tinha recebido, pelo que tocava a Terceiros, e que nada mais
tinha que acreicentar, diminuir, ou declarar, de que tudo fiz este termo,
.
1:12
E dicc mais, que tinha que declarar, que entre as pessoas, que fre-
quenta\ ão a can dos .\larquezes seus sogros. e nella falla,·ão com a\·ersão
ao go,·erno de Sua ~lagestade, se comprel~endia o Conde de Obidos, pela
amizade que tinha na sobredita caza. Porem que não sabe elle Responden-
te, que o dito Conde concorresse immediatamentc para o dito insulto na
noute de trcz de Setembro prm::imo passado; De que fiz este termu de de-
claração, que comnosco assignou, e eu Jozé Antonio de Oli,·eira .\lachado
que o escrevi.= Sebastião Jozé de Can·alho e "lei lo= Pedro Gonsah es
Cordeiro Pereira= Jozé Antonio de Oli\·eira .\I achado= Dom Jeronimo de
Ataide.
APPE!\ÇO 1 8.
·' ..
•1 I
E instado, que nssc que falta,·a <i ,·erdadc, porque sendo esta, que
ellc na mesma manhã proxima seguinte ao insulto, mandara pedir <i .\lar-
queza de Ta,·ora Dona Thereza,. que lhe fallasse por hum criado de pe
Antonio Dias, em hum lugar Trecciro, que não fussc. nem a caza da ~lar
llUC7a, nem a dellc Duque: E falando-lhe com ctfeitu cm caza de Caetano
Escarlate : lhe significara dlc Duque de .-\ ,·eiro, ~1ue estm·a muito assustado
do que um· ia, c que lhe dicesse o que haYia a respeito do referido insulto l• ).
E que como a dita ~larqueza Yerosimelmcntc o informara dcllc: E ellc
Dul.Jue, pelo susto com que tinha buscado a dita :\larqucnt, mostraYa bem
a precedente noticia liUe tinha do sobredit<;' insulto: se seguia que faltm a
à· wrdade em di1er qve a primeira noticia, que delle tiwra fora a que se
lhe participara pelo .\larquez de Anjeja na sobredita forma.
Respondeu, que clle não mandara o· dito· recado de manhã como se
intendia, mas sim de tarde, depois de haYcr fallado ao :\larquc1 de .\njeja,
e que a primeira scicncia, que ti,·era do r_eferido insulto, tura porque logo
1 1) Puz esta interlinha, e risquey estas trez regras e meia no mesmo acto d.1s rer-
guntas na rrezença dos Ministros assistentes a ellas. = Olin:ira =Com duas rubri.:as.
pela manhã proxima seguinte a elle, pelas sete, ou oito horas da manhã, o
fora avizar o Padre ;\lanoel Ignaciu assistente em sua caza, que no Paço
havia noYidade, porque tinhão sido chamados a elle Cirurgioens. E que
chamando logo outro criado de pé dos que acompanha,·ão a elle Duque
por nome João Miguel : E perguntando-lhe com que ràzáo havia dito ao re-
ferido Padre :\lanoel Ignacio, que muito bem sabia o que havia no Paço,
porem que o não havia dizer a ninguem, ainda que o matassem: Respon-
dera o dito João 1\liguel, que tinha ouvido a hum ·criado da 1\larqueza de
Tayora Dona Thereza, que era seu Bolieiro, chamado 1\'lanoel Jozé, que
naquella noute havião d~do hun·s tiros em El Rey Nosso Senhor, dos quais,
ou com os quais havião ferido ligeiramente a Sua l\lagestade em hum
braço: E que finalmente sendo elle Duque conduzido por esta nosçáo pre-
Yia, deli a se seguira o recado, que na tarde do mesmo dia, ha' ia mandado
ü dita ;\larqueza de Ta,·ora; o susto com que hm·ia chegado á sua prezen-
ça; e a pergunta com que inquirira della se sabia alguma couza dos referi-
dos tiros, receando, que estes fossem machinados por alguma idea, e des-
pique do 1\larquez de Ta,·ora, sogro, e Irmão della sobredita Marqueza.
,.
-a
E sendo instado outra 'ez, que visse, que esta solução ainda conclui a
mais evidentemente a falta de verdade com que respondera ás perguntas
proximas precedentes, que nada sabia, athé ao tempo, em que fora infor-
mado pelo 1\larquez de Anjeja no Palacio d'El Rey Nosso Senhor; por
quanto agora dizia contraditoriamente, que o soubera pela manhã pelas sete,
ou oito horas da manhã em sua caza pelo Padre 1\'Ianoel lgnacio, e pelo
criado João l\'Iigud.
Respondeo, que não tinha outra consiliaçáo dessa contrariedade, que
não fosse a de que quando dice, que a primeira noticia, que tivera fora a
que se lhe partic;para pelo 1\larquez de Anjeja, fallara da primeira noticia
certa: E que não fallara entáo nesta noticia, que lhe haYião dado os ditos
Manoel Ignacio, e João Miguel, por que ainda a não tinha por certa, e
decizi,·a.
s.a
E sendo outra ,-ez instado, que Yisse que esta cunsiliação deixm·a a
sua negativa no mesmo, ou em peior estado: porque sempre se provava
que as primeiras noticias furão as dos_ sobreditos l\lanoel Ignacio, e João
Miguel, referindo-se ao Bolieiro ;\lanoel Jozé, e sendo no conceito dellc
Duque tais, e tãa- poderozas, que o puzerão em todo o s~Isto com que bus-
cara a l\larqueza de Tavora, como tinha asima confessado. Donde rezultava
huma demonstração, de que nem a noticia do 1\1arquez de Anjeja, que re-
feriu a queda, foi a primeira, como elle Respondente havia affirmado; nem
elle Respondente podia ter crido similhante noticia, dq·ois das outras de
;\lanoel Ignacio, e Juão Miguel, que tinhão precedido: nem elle Respon-
dente, fizera das tais noticias de :\lanoel lgnacio, e João Miguel o pouco •
cazo, que agora pertende persuadir, pois lhe haYião cauzado o referido
susto, e lhe havião dado o urgente motivo de buscar a sobredita Marqueza,
com aqudla atllição para saber ~c . havia_ sido _u ~larquez ~c Tavora seu
lrm<ío, e suoru o que dera os rclendos trros; la.:ros os qua1s de nenhuma
sorte se poJem adoptar <i perfunctoria noticia da queda referida pelo ~lar
qucz de .\njeja.
Respondeu que ha,·ia satisfeito com o que ha,·ia dito, porque assim
passara na verdade: porque não era inconsili.nt'l, liUe elle Responde.nc
procurasse a dita ~larqucza para o tirar do susto, nem o tendo elle conce-
bido pelas primeiras noticias.
10. 3
,, a
f_l.
E sendo outra ,·ez admoestadl•, que ,·isse o que ditia. porque us re-
feridos factos se achãu contra elle pro,·adus: E que por discargo da sua
consciencia, sah aç;;íu da sua alma. e justa restituição du~ damnus, que ha-
via cauzadu com trato sucessi,·u, pelo tempo futuro, era obrigado a declarar
us cumpliccs de huma conjuração tão pernicioza; de tal sorte, que sem os
declarar, nem podia esperar absolvição de confessor prudente nem poderia
esperar com juilo christ;.io que Deos :\osso ~enhor lhe perdoü tão enormes
peccados, sem fazer cessar com a declaração dos mesmos cump\iccs, todos
os gra,·es dam•~os. c todo u prejuízo. de pessoas· :nnucentes, que os mesmos
cun1plices cauzarião. não sendo descobertos.
Respondeu com outra absoluta, e total negativa.
E sendo perguntado, q~1c por ser certo, que hum tão atroc-issi~1o de-
licto, se não podia humanamente commetter sem alguns fins tão enormes,
e exacrandos, como a torpeza do mesmo delicto : E achando-se delle con-
vencido o Reo de,·e precizamente declarar, quais furão aquelles diabolicos
fins; quais os seus inventores; e quais os machinadores dos abomina\ eis
meios, para se passar a tão infames fins·; ou das conjuraçoens. e confede-
raçoens, que se tor':Ilarão com aquelles detestéH"eis objectos.
Respondeu. que por discargo da sua conscicncia. dedara,·a. que ha-
verá trez mezes pouco mais. ou menos, llt.wd.u-,t ~.·h,un.u· pm· hum p:uurd.t
r·ou}ht. que actualmente sen·c a elle Resp•mdente por nome :\lanoel .\h·ares
a hum Irmão deste, chamado .lntunio .-lb·,u·es. morador em .\\fama. ou
nos Olintis. E que 'indu o dito .\ntonio .\h· ares fali ar a elle Respondente,
lhe propozera ser elle, o que ..:ommettc'>se o sacrílego insulto, debaixo da
e:xpressãu, de que h<n ia atirar a huma s~gc. que lun·ia passar pela calsada,
I 58
que vai da Quinta du ~leio p.ara o Paço de :'\ossa Senhora da .\juda: que
o dito .lntonio .lb•<1res se encarregou da referida diligencia, dizendo com
tudo, que elle a não podia e'\:ecutar por si somente : Que por isso fallou o
dito .lntonio .llmres a hum seu cunhado chamado ./ol_é Policurpio de
.l\eJ•edo, para associar nos referidos tiros, que elle Respondente mandara
dar na sobredita segc : Que unindo-se ambos, receberão ddle Respondente
dezeseis moedas por h uma ,·ez, quatro ·por outra 'ez, e Yinte moedas por
outra: Que pm· este premio somente executarão o referido mandato, discar-
regando os tiros, de que recebeo a otfença El Rey :'\osso Senhor:· Que de-
pois dt! lwrerem dudo os referidos til·os, fugirão logo nos ca\·allos que
ha,·ião comprado para este etfeito, sem que elle Respondente os tornasse a
ver naquella noute: Que mandando elle Respondente chamar dois dias de-
pois daquelle infaustissimo sucesso o mesmo aggressor Antonio Alvares~ e
,-indo elle com efteito de noute a can delle Respondente o ,·ira então pela
primeira vez depois de ha,·er sido commettido o referido insulto: Que então
lhe contara os effeitos, que havião tido os sacrilegus tiros, recomendou-lhe
o segredo daqudle horrendo cazo: Que os motiros, que tez•e elle Respon-
dente para se precipitar em hum tão inaudito, e tremendo absurdo, farão a
ira, e a paixão. que dezordenadamente concebera, contra a Real, e sacra-
tissima Pessoa de EI Rey :'\osso Senhor, por lhe haYer impedido com as
_suas Reais Ordens o vencimento da cauza das commendas, que tinhão an-
dado na Caza de .\xeiro, e a celebração do matrimonio, que tinha ajustado
com licença de Sua ~lagestade, entre o ~larquez de Gom·ea, filho delle
Respondente, e Duna ~largarida de Lorena, filha dos Duques do Cada,·al.
I~ a,.
E sendo perguntado sobre a confissão dos referidos factos, quais erão
os meios, que se tinháo proposto, para passar aos fins de obter as referi-
das commendas; e de etfectuar aquelle matrimonio ; sucedendo, ou depois
de suceder o infaustissimo, e tristissimo cazo, de se seguirem dos referidos
tiros todos os malignos elleitos a que foráo ordenados por elle Respon-
dente; quando era certo, que não podia occultar-se ao seu claro conheci-
mento, que depois de huma tão estranha, e insolita atrocidade, não podia
dei\.ar a Corte de ficar redll7ída a huma confw:ão, que traria após de si
muitas alteraçóes, a que elle Respondente não poderia rezistir, sem ter
feito confederação com pessoas capazes de poderem sustenta-lo no meio de
tão disformes perturbaçóes; principalment~, quando consta, cjue dle _Res-
pondente tinha a\·ançado nas terras de que são Dunatarias as referidas
commendas, ditferentes promessas, e esperanças, de que não importava,
que perdesse a cauza, julgando-se contra elle, porque sempre as commendas
ha,·ião ser suas.
Respondeu, que a mesma illuzão do Demonio, que precipitou a elle
Respondente em hum tão detestaYCl Parricidio o enganou tambem para
persuadir-se a que tirando du meio o gO\·erno d'El Rey :'\osso Senhor se
seguiria necessariamente a elle o governo do Serenissimo Senhor Infante -
Dom Pedro. E que tendo elle Respondente huma longa experiencia do
muito que a sua Pessoa era ~rata ao mesmo Serenissimu Senhor Infante
Dom PeJru; esperava conseguir facilmente de Sua .\lteza, tuJo o que
Sua -'lag~staJc lhe havia imp~Jido aos ditos respeitos das cummcnJas, e
Ju matrimonio Ja caza Ju Cada,·al.
.......
'"' a
E scnJo instado lJUC r~parc ml'ihur nu que tem Jito, porque sendo
.::crtu pela m~sma e,·iJcncia Ju f<Ktu, que nem o Sereníssimo Senhor Infante
Dum P~Jro, lhe continuaria o seu Real agrado, depois d'clle Respondente
. s~ achar indiciado, c suspeito cm tãu atroL dclicto, como naturalmente o
seria no juiLu de todos os -'linistros, e pessoas, que sabiii.o das suas per-
tenções asima referidas. n~m o m~smo Senhor Infaútc, tendo parte con-
sid~raYel no go,·~rno do Reino, se poderia confiar delle Respondem~,
ou de outra alguma pessoa, para lhe fazer, ou procurar tão e\.traordina-
rias mcrces acabando de ver seu Augustissimo RcY, ~ Irmão assassinado
por tão barbaro modo, em qu~nto tlão descobrisse, e separasse dos \·as-
sallus ti.~is os Reos de hum tão cnormissimu, e perniciuzissimn ddicto:
Vinha a ser nulla a sahida pr~textada na sobredita forma por elle f{es-
pundentc, com a esperança que persuadiu han~r fundado no favor do
m~smo Sercnissimn Senhor Infant~ Dom Pedro, fan)r que não podia ter
lugar em similhantes termos, para ser esperado por elle Respondente: E
vinha a ficar sempre em todo o seü ,·igor a mesma instancia, e a mesma
prczumpsáo de Dit·eito, que afunda para se intender, qu~ outro mayur, e
mais certo interesse fora o que elle Respondente espcr<n·a achar depois de
nos privar da \ugustissima Pessoa, e do gloriozissimo gU\·crnu d'El Rey
~osso Senhor. E este interesse para ter alguma proporção com tão grande
dclicto, não podia raciona,·elmente ser omro·intcresse, que não fosse o de ter
ellc Respondente segura, ao seu parecer huma confederação de pessoas
Ecdeziasticas, e Seculares, p<lra se sustentar a si, e as ditas pertcnçõcs,
cm tão tristes, tão inhabcis, e tão cscandalozas circunstancias. Donde torna
a rezultar a perci1a necessidad~, em que o constitue aquella prezumpsáo d~
Direito, que per si hc.! plenissima. e liquidissima prm·a de descobrir quais
furão . as referidas pessoas; quais os conselhos, que dcllas recebeo clle
Rcspond~ntc; e quais as confederaçuens que fez com as ditas pessoas.
Respondeu, que agora conhece que se poderia t~r enganado .:um a
~sperança que funda,·a no futuro fa, o r do Ser~nissimu Senhor Infame
Dom Pedro~ mas que não ti\·era, nem procurara outra segurança para se
defender a si, e sustentar os rt:f~ridos •scu.s interesses, depois que infclil-
mente sucedess~ a tremenda fatalidade, que fa o seu hnrrorozissimo objecto.
I~). ·•
E sendo outra 'ez admoestado, que esta solução nãu satisfa~:ia a ins-
tancia que se lhe tinha posto : por quanto por huma rarte ~ra certo que os
Religiozos Je1uitas, ha,·i<ío pmgnusticado. c feito crer a gt·ande parte do
Po,·u de L;sbua. c espalhando nus Rl.'inus Estrangeiros, tJlle a preciozissima
,·ida d"EI Rcy ;\osso Senhor, não pudia Sl'f de gran~ic duração, chcgandn
a limitar o pr<li:U da mesma .\ ugustissima, c importantíssima 'ida ao me~:
de Sctcmbr._, deste prclente armo; me/ cm cujo tcr.:ciro dia se procurará<J
itJO
E por ora se lhe não fizcrão mais perguntas. que sendo-lhe lidas,
dicc que csta\·iio na forma, que lhe tinhiiu sido feitas, e ellc tinha res-
pondido", o que apprü\·a, c ratifica. E logo pelo dito De1embargador
JuiL da Inconfidcncia, lhe foi dado o juramento dos Santos Evang~lhos,
para debaixo dcllcs declarasse, se bem, e n<~. \·erdadc a tinha dito, p~lo que
rcspcita,·a a Terceiros; e recebido o dito juramento, dice que tudo o que
tinha dito,_ que rcspcita\·a a Tcrccin?s, era tudo ,·crdadc, de que_ tudo fiz
este auto de perguntas, c termo de JUramento. que comnosco assmou, cm
prczença do Illustrissimo, e Exccllcntissimo Senhor Sebastião Jozé de Car-
,·alho e :\lcllo, Secretario de Estado dos ~egocios do Reino, c eu Jozé
Antonio de OJi,·eíra :\lachado, yuc o escrevi, e assignei. =Sebastião Jozé
de Can·alho e :\lello = Pedro Gonsah-cs Cordeiro Pereira= Jozé Antonio
de Oli\·cira :\lachado =Dom Jozé :\lascarenhas.
'E por se acha!' in.:ommodado :,.e lhe não fizerão mais perguntas, que
sendo-lhe estas lidas, dice estavão na .forma, 4ue lhe tinhão sido feitas, e
elle tinha respondido, que appru\·ava, e ratifica\·a. E Iugo pelo dito Dezem-
bargador Juiz da lncunfidencia lhe fui deferido juramento dos Santos E\·an-
gelhus para que debaixo delle declarasse se tinha dito a verdade pelo que
respeitava a Terceiros, c recebido o dito juramento, dice que tinha dito a
'crdade pelo que respeita\·a a Terceiros, que de tudo fiz este auto de per-
guntas, e termo de juramento. que assignou com os Excellentissimos Senho-
res Secretarias de Estado, Sebastião Jozé de Canalha e :\lello, e Thomé
Joaquim da Costa Corte Real, e Juiz da lnconfidencia, e comigo Jozé Antonio
de Oliveira :\lachado, que o escrevi.= Sebastião JnLé de Carvalho e 1\lello
= Thomé Joaquim da Costa Corte Real= Pedro Gunsalves Cordeiro Pe-
reira=Jozé Anton;o de OJi,eira 1\lachado=Dom .Jo7é :\lascarenhas.
E senJo instado p<lra que declarasse o etfeito que fez no espírito dos
sobreditos João de Ta,·ora e :\larqu~L Francisco de --\ssiz de Tavora, e
Luiz Bernardo de T an>ra h uma rropo!'ta tão temeraria, e de tão enorme
audacia, como a que clle Rcsrondenre lhes ha,·ia feito, na forma asima
declarada.
HespunJeo. que l~>go a.:hara .loiio ..I~ ·Ll\ ura prompto para ser dos
E~ccutures do *t.:rilegu insulto de lJUC se trata: Porem qu~, passados
alguns tempos reclamara aquelle sacrilegu offerecimento exortando pelo
c~ntrario a elle Respondente para que dezistisse de tão detestavel inknto,
pdu perigo a que se e:-..punha de perder-se a si, e a sua caza: E que neste
propuzito partira para a Província de TraL us .MontLs, e que não tornou
a haver cum elle pratica, ou escrípto, ácerca do referido insulto pelo que
pertence a elle Respnndente.
Que pelo que pertence aos dois Jfa,·que;es Fl·,wcisco de Assi\ de
TaJ'tJI"<l, e Luis Ren;,11·do de TaJ'ol·a, fallando com elles separadamente
subre a mesm<l proposta a receberão, e approvarão ambos, e entrarão com
elle Respondente na confederação, que com elle fizerãu, para se commetter o
sobredito insulto. Acrecentando, que lhe offerecerão cavallos, e o mais, que
necessario fosse, para se etlectuar o mesmo insulto, dandu por motivo para
a sua cooperação nu me!'mo insulto as grandes queixas, que elle l\Iarquez
Francisco de Assi1 de Tavora tinha du governo de Sua .i\lagestade por
falta de lhe não ha\·er dadu despachos competentes aos seus serviços.
E sendo a;nda instado para que declarasse quais forão os' auxílios, e
obras. com que os ditos dois Marquezes concurrerão para se effectuar o
mesmo insulto, na referida noute de trez de Setembro. ....
Respondeo: que o ;\largue? mosso, havia mandado dois cavallos para·
a cavalharice d"el\e Respondente, e que estes "servirão na noute do insulto
asima referido.
" a
='·
E sendo outra vez instado para que declare u auxilio, cum que o '
l\larquez Francisco de Assiz de Tavora cuncurreo na mesma noute para o
sobredito insulto.
Respondeu, que havia dado a elle Respondente duze moedas de
quatro 111il e uutocentos para repartir pclus quatro executores do referido
insulto: a saber, seis moedas para os ditus Cabo de Esquadra, e soldado,
que furão manJados pelus ditos l\Iarque~:es: E outras seis para os que tlle
Respondente havia empregadtJ nu mesmo insulto, cum~ tem decl'aradu.
E sendo outra n:z instado que nja que as sobreditas repostas, não
satisfazem a pro\'a da Justiça, antes se achüo notavelmente diminutas; por
que consta, que na referida funestissima noute. andarão ma:s pessoas no
referido insulto ao tempo em que se commcttco, as quais depois fallarão com
ellc Respondente : E que dc,·c declarar quantas, e quais torão as tais pes-
soas, c os lu~ares cm que fallarão a elle Respondente, assim antes, como
depois dos rclcridos tiros, e as horas pouco mais, ou menos em que fallarão
com elle Respondente as ditas pessoas naquclla noute pela ultima vez.
Respondeu, que se não lembrava dos referidos factos, c que, requeria
careação com as testemunhas, que deites dcpozessem.
~ a
I.
lO. a
I 2. a
I 3. a
1-J-. a
E por ora lhe não foráo feítas mais perguntas, que séndo-lhe estas li-
das, e suas respostas, dice que estaváo na forma, que lhe tinháo sido feitas
e elle tinha respondido, o que approva, e ratifica. E logo lhe fui deferido o
juramento dos Santos E\'angelhos, para que debaixo delles declarasse se
era verdade o que tinha deposto, pelo que toca,·a a Terceiros, em quem ti-
nha fallado: E recebido o dito juramento, dice que tudo quanto tinha dito
pelo que respeitava a Terceiros era tudo ,·erdade, de que fiz este termo,
que com nosco assinou, e com o Illustrissimo, e Excellentissimo Senhor ..
Thomé Joaquim da Costa Curte Real, Secretario de Estado dos ~egocius
da l\larinha; e eu Jozé Antonio de OJi,·eira ~lachado, que o escrevy. =Se-
bastião Jozé de Carvalho, ~ l\lello = Thomé Joaquim da Costa Corte Real
=Pedro Gonsalves Cordeiro Pereira= J01é Antonio de Oli,·eira ~I achado
•Dom Juzé de Mascarenhas.
QUART\S PERGUNTAS. E R.\TIFIC.\CÁO l>AS PRIMEIRAS
. I
...
I.
2.
3.
4·
5.
,
ditos n:spcitos, por discargo da sua consciencia, c das obrigaçoens que deve
a Deus como christão c a El Rc\· :\osso Senhor, como \ assallo.
Hcspondco, nc~ando absoiutamcnte a o;cicncia de todos os referidos
factos.
G.
E sendo mais perguntado se sabe que para se commencr o sobrcdito
sacrilego, e mah·ado insulto se tiiessem por Terceiras pessoas algumas
conferencias; quem furão as pessoas, que ndlas se acharão; o que tratarão
ao dito respeito; e os certos lugares, onde as mesmas pessoas conferirão,
ou costumaúio conferir mais ordinariamente.
Respondeu com a mesma absoluta negati\·a.
7·
E sendo mais perguntado se depois de ha\·er sido cummettido a ·re-
ferido insulto fallou elle Respondente na mesma noute a algumas pessoas, ü
cerca du referido insulto, e do sucesso deli e; a que horas da noute ; e em
que lugar se te\·e a dita pratica.
Respondeo com outra absoluta negati\·a, pelo que pertence ao seu
pessoal.
8.
DESPACHO
forma com que o Rcu Jozé .\laria de Ta,·ora respondeu ás per~untas, que
lhe furão feitas, e estar cm termos, suppusta a gra,·idade du deli.::tu de ser
mettido a tormento, mandando-se-lhe dar tratos, pelo que toca a Ter-
ceirus. .\landiio que ao subrcditu Rco se dem dois tratos espertos, se tanto
poder tolerar a juizo do Cirurgião. a fim de declarar a ,-erdade pelo que
respeita a Terceiros. Delem de Dezembro Ylllle e noYe de m;l setecentos
sinc1Jenta e ui tu.= Com duas rubricas= Cordeiro - OliYeira .\Ltchado.
IIIUGF'\CI.\ !lOS TIUTOS D.\llOS .\0 IH-:0 .IOZI~ :\1.\llL\ li E T.\ YOR.\
E logo fui mandado, que u Reu fosse posto no Potro, e atado, que
assim se executou pelos guardas para isso determinados; e eu lhe tornei a
di7er que declarasse a verdade, do que elle Reu sabia sobre os cumplices
do delicto de que se trata. E pelu Reo dizer que nada sabia ao ditu respeito
porque haYi·a contra elle Reo pro\"a bastante; e por estar pertinazmente
negatiVL), e pur dizer u Cirurgião não podia tolerar, mais tormento, de-
pois de haYer sofrido trato, e meio, o mandarão tirar delle, e cesasse, e se
recolheçe para se curar. e de tudo riz este termo, que todos assignamos.=
Com duas rubricas-= Cordeiro=-= Oli,·eira :\lachado.
APPENÇO 20.
2.
3.
-1-·
Sendo perguntado se con..:urreo com cooperação, aJu~te, ou confede-
ração, auxilio ,·erbal. ou pessoal para o sacrílego insulto, que na noute
infaustissima do Domingo tre7 de Setembro, proximo passado, se commetteo
com D=aboli.:n arteticio. e nun.:a visto. nem cogitado atrevimento, contra a
Suprema .\lagestade d"El Rey Nosso Senhor. '
Respondeo com absoluta negativa.
6.
7·
Sendo perguntado, se na infaustissima noute de trez de Setembro
proximo passado ·se achou na sociedade das pessoas, que fizeráo as mah·adas
esperas, ou embuscadas, que se postarão desde a Quinta do 1\leyo athé á
Quinta, que foi do Conde de Obidos, e lugar della, por onde Sua ~'lages
tade costumaYa entrar, quando se recolhia, e isto a fim de que o dito Se-
nhor na passajem que fi7esse da primeira das ditas duas. quintas para a
segunda dellas, se- escapasse de huma das ditas emboscadas, fosse cahir
nas outras, para nellas perecer a sua Augustissima preciozissima, e _suspl-
radissima \"ida.
Respondeo com outra absoluta negatiYa.
8.
to.
II.
J"l
DESPACHO
!>~ lhe dem dois tratos espert-os, se tanto poder tolerar a Juizo do Cirurgião,
a fim de que d~darc a ,-erdade. pelo que respt:ita a Terceiros, e cada <hum
ddles. Belem de Dc7embro trinta de setecentos sincoenta e oito.= Com
huma rubrica.= Cordeiro= Oli,·eira ~tachado.
I•ILll;F~t"IA LIO~ TRt\TOS IJ.\DOS AO REO D0:\1 FRANCI~CO DE .\~SI/ fJE T.\VOR.\
K. 21.
(11 Pur haver ~i,lu f.:itu este termo antes ,lc se examinar <J Reo se: emendou em
tempo com estas interlinhas .:m frent.:. = Cum duas rubricas.-~ Oliveira .Ma.:hado.
l>e1embargador Ja Caza da ~uppli.:a.;:ão, c nomeado pelo dito ~enhor para
escren!r nest;l diligenôa. para dfcito de fazer perguntas a Juzé Lui1: da
Costa, prezo na Cadea deste dito lugar,_ á ordem do dito Senhor, as 4uais
lhe fur;un feitas pela maneira seguinte:
E por ura lhe não furão feitas mais perguntas, as quais sendo-lhe
lidas, e suas repostas. di.:e que esta,·ão na ,-erdadc, '-luc as approYa\·a, e
ratifica,-a debaixo do juramento dus Santo!:> E\angdhos, que lhe foi dado,
relo que respeita,·a a Terceiros, de que ti.z este auto, que com nosco
assignou, e eu JU7é Antonio de OJi,·eira ~la.:hado, que o es.:re,·i. =Pedro
Gonsalns Cordeiro Pereira - Jozé Antonio .de OJi,·cira :\la.:hado = José
I .uiz da Costa Y ellw.
DECLARAÇÃO DAS Cl'LP.-\S, QCE POR ORDL\1 DA SC-
PRE:\l.\ Jlrl\T A DE I:\CO~FIDE~CI.-\ ESTABELECIDA PE-
LOS REAIS DECRETOS DE SC.\ !\L\GEST ADE I\ O REAL
P.-\LACIO DE 1\0SSA SE~HOR.-\ D.-\ AJUDA SE :\L-\XDA
FAZER AOS REOS PREZOS .\BAIXO :\O~IE.-\DOS. PARA
SOBRE ELLAS DARE~l AS DESCARGAS, QCE l.i\TE~DE
REM. QCE PODE~l APROYEITAR-LHES PARA A SCA
DEFEZA
.-
noute da<..juclle infaustiss=mo dia, conrra a Hcaf. c sagrada Pessoa de Sua
"agestadc; ~h.::hando-se dle R~.:o ~.:m huma da~ emboscadas, 4ue insidio/a, c
infamemente se armarão na mesma noute para que i• dito Senhor se csca-
p<bse de humas, fosse cahir nas o_utras no caminho que mcdêa entre as duas
Quinras. chamadas de Baixo, c de Cima:
Que depois de s~.: haver commctido aqucllc horrendo, c nefando dclicto,
c de: se retirar cite R c~• com os ..nais so..:ios, rdas ditlcrcntes Ycrédas. que
lhes parecer;ío mais propt·Üls; se achou clle Rco wm alguns dos sobreditos
cm hum conciliabulo, que na mesma noutc se fez no caminho. que pas:-.a
pela c~tremidad~.: scptemtrional ..in Jardim do Duque de A,·ciru; concurrcndo
n'aquclla clandc:-.tina pratica, c nas exccrandas blasfcmias. que ndla yomi-
tarãu os E~ccutorcs da dita infernal conjuração, _c do insulto. que Ycyo cm
consequcncia delta :
F LJUC em 11m. na manh;í. proxima seguinte ao dito insulto. se achou
na .\ssemblca. que se: lc:\ c: • cm caza do Du<..jue de .\ \·eiro seu cunhado, ou
antes conciliabulo; no qual huns incrcparáo c~:-. dois ferozes .\ssassinos. que
haYi;\o disparado os tiros, subré o espaldar da carruajcm. que transporta\ a
a El Rey :\osso Senhor, com o rrctcxto de: não hm·cr aquc.:lle brutal golpe.
j,rodu7ido todo o ~cu perniciozissimo ..·!leito; outros se jactarão de que o
h a\ c:riáo as:-.im conseguido. se EI Rcy l\osso Sc:nhor, huuYc:-.sc passado pc-
Ias emboscadas. onde c:lles esta\"ÜO de má o rosta; c outros. cm tim far-
tÜ\ ão a su<~ feroz brutalidade com a rctlc:xão de que: u- dito Senhor não
ha\"eria escapado se hoU\"Csse rrosc:guido o SCU .:aminho rara se recolher.
assim como J"ctroccdco p;u·a buscar t~ soccoJTos espirituais, c: temptll'ais,
que con:-.idc.:'l'oU mais proximu~. Bclem a dc.:z de Janc:iro de: mil setecentos.
sinco<:nta c nove.= Jozé .\ntonio de Oli\·eira 1\lachadu.
•
I ~~t)
Provará que com ,-erdade não ha,·erá pessoa alguma que se anime a
jurar, que o Reo fizesse cunciliabulo algum, ou com·enticulo de mormura-
ção, ou de traição, contnr as dispo7isoens do mesmo Senhor, e muito menos
com os seus parentes, tanto por~'"sanguinidade, como por affinidade, com os
quais hé noturio o pouco trato, e aliança que tinha~ tanto assim que passa
a emulação noturia, que entre estas famílias hada, á ,-ista da qual hé im·e-
rosimel. e de Direito se não pode prezumir. que com elles podia o Reo fazer
similhante com·enção, e _ajuste.
para a sua, taln!Z puu~o menos a hora em l)Ue elle se di7 ~ommettido,
hindu ~om a sua ~ompostura direiramente rara sua ~a/a, em que a~hou a
hum Fulano Piscina, organista da ~apella Real, á \"Ísta do que hé total-
mente impossi' d ha,·er ~ommettido aquelle arrojo para o qual se devera
preparar, e dispor. o que não podia fazer sahindu ao mesmo tempo com-
posto de ca7a do dito senhor Secretario,..de Estado, na qual a~hou a sua
mulher, e ao dito Piscina.
__,
\'\~ ~-
1
Jl
a_!!gnwante ddlc, não den! reputar-se ~onfesso, e só deve ser ~asrigado, mas
brandamente,. ~umo diz Tira~1uellus dt! pa!11. temp. (si~) caus. 3o. n. 0 17.
Farina~eus ;, pr.t.\.". cl"im. 4· 81. n." 1~11.
f. l.imit.t III;, C01~/ilellle .it•!idum. sed 11eg.wte qualit.tlem aggr·al'a1l-
tem. Is e11;11l pu11ittw mitius: _
P.:rsuadu-mc que esta qualidade ne~ada se· não há de conven~er ao
Heo, .z/iuudt! porque o que.! lhe persuadirão fui <-JUC atirasse hum tiro a
huma sc~e. cm que se di~e h:l\·ia de hir hum homem, tJUe queria fazer o
mesmo ao persuasor, c o Rco sem saber o que fazia, ou a quem fazia a
offensa sim delinquiu, mas removida esta ;,t~~ra\ antissima 4ualidade, fka o
negoóo nos puros termos de hum assassino ordinario, cm que, não pode
caber a pena ultima.
Tem este procésso trezentas, e oitenta e sete meias tolhas, que todas
fi~ão numeradas. e rubricadas com a rubrica ~lcndanha de que uzo, e por
que achei com elle hum parei avulso, em grande parte riscado; o qual no
seu principio diz. assim: 1<Summario das provas que se ad1üo nas per-
guntas feitas aos Reos contra cada bum ddlesu, eu o ajunto adiante,
sem embargu do seu contexto mostrar a insignificancia do mesmo. Lisboa
nove de janeiro de mil setecentos oitenta e quatro. -=·Henrique Jozé de
~lendanha Bena,·ides Cirne.
ran)ra nas rrati~as, que fazia em sua caza: Que se a~hou nas esperas da
noute treL de Setembro, c no ~onciliabulo da manhã proxima seguinte. :\o
depoimento do Conde de Atouguia Letra 1.. consta, que se achou nas espe-
ras da noute trez de Setembro prm..imo passado. :\a resposta da setima
das ter~eiras perguntas depôz o Duque de r\ ,-eiro, que este Reo se adwu
na .\ssemblca que se teve em caza delle Duque na manhii proxima seguinte
ao insulto, dizendo sobre o ponto de não ha,·erem os tiros produ.ddo o seu
maligno etlcito 1•C<\ pelo homem não ha,·ia escapar.~> l\a resposta da oi-
ta\·a das ditas perguntas dcpoz que o m_esml) Reo entrava na ~onfederação
~ontra o gu,·crno de Sua :\lagestade, dando-se por disclmtentc, por não ter
sido accres~entado. ;..jo prcambulo das quartas perguntas depoz, 4ue ha,·ia
dado dois pat·cs de pistolas a este Reo, e ao Conde de .\ touguia para a
espera, que tizeráo associados, e que depois do insulto fugiráç para a parte
do ~one. Dedarou mais, que este Reo se achou na pratica, que houve na
mesma noute por de traz do Jardim delle Duque: E que foi o que ali i per-
guntou uQuc hé feito do Joiío.)) .
JOZÉ :\1.\Rl.\ DE T.\VOR.\ CONEGO
quadra d?- sua companhia. de quem costumava fiar-st, o qual consta, que
foi o chamado Braz Jozé. :Na resposta da setima das referidas perguntas
depoz que este Reo se achou na Assemblea, que se teve cm caza dos Du-
ques de A ,·eiro, na manhã proxima seguinte ao insulto, e ao que a IIi ha,·ia
dito. ~a resposta da undecima, e duodecima das mesmas perguntas depoz
outra vez qut este Reo estava na confederação com :\lanoel de Ta,·ora, c
com as condeças da Ribeira.
.-
insulto; da fugida. e pratica, que depois ..:l.dle ti\ erão : Tudo se acha corro-
buradn, e confirmado contra ambos estes Reos, pela confissão do dito
Antonio _\h·ares Ferreira Letra H. :"-Ja confissáo que o Duque fc7
sobre a decima sexta ..ias primeiras perguntas, se achão proYad,os o man-
dato, que deo a este~ Reos, o dinheiro com que os premiuu, o insulto que
elles commeteráo. a fugida que fizeráo, depois delle, e a pratica que depois
hom·e entre os mesmo~ Assassinos e o Duque. ·
MARQUEZ D"ALORNA
Na resposta que o Duque de- Aveiro fez sobre a decima quarta da!->
terceiras perguntas depóz, que con~munica\·a com este Reo sobre o-ponto
de faze"r odiozo o Governo de Sua l\lagestade, em razao de saber, que este
Reo blasfemava sem regra, nem medida: Que tinha estreita amizade com
Dom- l\lanod de Souza, achando-se este na conjuraçüo de que se trata, e
que já havia feito outro plano para a mudança do Go,·erno do Reino.
llRAZ JOZE
junto ao Jardim delle Duqu~ na noute do insulto. depois. que el>te se tinha
commet;du.
t:O:o-IIF III' OIUI1tl~
RELIGIOZOS DA C0\1PANHIA
.-
".&03
I0,\0 IW T \ \"OR \
'
E nãu ~c l:untinha mais em us dito~ authu~. liUc fiz trasladar bem. c:
fi"elmcntc na \c:rdade. sem levar couza. que duYida fasa, e que nas .seguin-
tes dedaraçuins se nãu sah·e, a saber, que a folhas ,·intc duas nu seu re-
verso. c na regra dcdma tcrl:cira se csa..:\·cu e denominou a Bahhasar João
'-la ~-a .Juiz do Pm·o. dc\·cndo dcnominar-ce como tal Antonio Rodriguc~
d'.-\lmada, procedendo isto daquc:llc assignar como hum da caza dos ,·inte c
'-luatro tam junto a este, que dcü l:auza a sim.ilhantc equivocação.
fambcm a folhas trinta c seis, c na regra dccima nona se escreveu
por extenso upclas no\·c horas da noutcn cntendcndo-l:c "o caral:tcr ambiguu
que se al:ha no original. por no,·c. podendo ser sctte, l:omo outros poderão
entender.
Da me~ma turma se csl:rewu a folhas trinta e no\·c nas regras oitm·a
c nona ul:Om oito rubril:as>, dc\·cndo dcdarar-ce, que as primeiras trez
rubril:as são dos ~eaetarios de Estado. e as sinl:o dos .\linistros da .\leza.
Igualmente parcl:e se dc,·c dedarar que nos amhos originais se não
esl:re\"cU a assentada. que dc\·ia rrcceder as perguntaS feitaS a Jozé .\lari~l
da Silva Bandeira. que nu renrso da lauda l:ento e dez deste traslado se
prinl:ipião a esae\·cr sem a mesma assentada, por se ad1ar no original em
hranl:o.
Similhantemt:'ntc se não al:hão finalizadas, a cm l)Ue foi perguntado
Joaquim dos ~amos a folhas cento e sette.Jta e nove; a da o; perguntas que
se fizerão a Domingos .\Ian1ues, que vão escritas neste traslado a folhas
l:cnto e oinema e duas: e as assentadas, que nelle se escrc\·erão a folhas
cento e oittenta e sinl:o. cento e oittcnta e seis. cento e oittenta e oito , .. 0 , cento
e noventa e huma. cento e noventa e quatro. e cento e nO\·enta c sinco· \". 0 das
perguntas feitas a .\lanoel da Fonsel:a. Jozé Fernandes, .To7é Antonio. João
Bernardo. Pedro da Sih-a, e Antonio Jo7é Leitão, que todas se al:hão nos
authos originais prinl:ipiadas l:Om o que neste traslado se copiou, e sem nos
mesmos se finalizarem: aos quais authos em tudo c por tudo me reporto.
em fé e certeza do que \·ai este traslado, que l:ontem dll7entas e oittcnta c
duas meyas folhas numeradas e rubril:adas com a rubril:a .\lendanha por
mim o Dczembargador Henrique Jozé de .\lcndanha · Bcne,·ides Cirnc l:omo
Escrh·áo por Sua .\lagestade que Deus Guarde nomeado para escrenr na
rnista pdla mesma Senhora fal:ultada subsaito, l:Onl:ertado e assignado
l:Om o Dezembargador .\larcelino Xavier da Fonsel:a Pinto al:tual Jui7 Rela-
tor dos embargos de obrepção que pendem sobre a mencionada rc,·ista sendo
prezente ao concerto referido o Dezembargador Prol:urador da Coroa João
Pereira Ramos de Azcredo Coutinho que tambem assignou. Lisboa ::q. de
.\larço dc: 1 ;X..t- -' Conl:crtado por n1im com o proprio.-=- HcnrÍl]Ue Jozé de
.\lendanha Bene,·ides Cirne ~ E wmigo c .\larl:elino Xa,·icr da Fonsel:a
Pinto= Fui prezente =Com uma rubrica.
I~l)ICE CRO~OLÓGICO
Em 7 «Por ser com·enicnt" Jar pro' iJ.:ti.:ia ao go' em o ,!..,,~<.s reinos c ,.eu~ Jomi-
nios emquanto Jurar a molestia com que prt:sentemente me acho, para que
a suspensiio dos ncgocios (ainda st:mlo bre,·t:"t os não accumul.c. de sorte que
d.:pois. se faça mais dil~.:ultos~ a c\.pedição dcllcs .. hei por bc::m encarregar o
-.obr.:dtto g<)verno á ratnha. mmha sobre todas multo amada c prezada mu-
lhcr.j'ara ~ue. cnhJUanto cu não .:on\"alescer. o exercite ~om toda a suprema
juris i.;f10 e real e alto poder '-JU<= me competem: confiando SeJ!:uram.:nre d.ts
suas reaes \"irtudes c .:x.:ellcntes '-lualidades qut: administrani justiça aos
meus fieis ,·assallos~ e obrará .:m tudo o mais .:om o aceno que desejo. E
para lJUc conste desta minha' real resolução. ordeno que Sebastião Jose! de
Can·alho e :\lello. do meu conselho c secretario de t:stado dos negocios df1
reino. depois que este decreto fór eor mim ruhrica~o. ende a ~odos os tri-
bunat:S as coptas delle, ás ')Uaes. tndo pelo sobr.:dno secretano de e"tado
s~bscritas. s_e dará !amo credito como ao proprio <>ri~ina!· con_10_ já se tem
a este rcspe~to praucado. e nào _?bstante q~aes'-luer lets. dtspostçues ou or-
dens contránas.- Belem etc. -l.om a rubnca de Sua :\la~estade.- Sebas-
tião José de Carvalho e :\lello». Frei r~:: de Oliveira. Elementos etc. vol. X\'1 ...•
Em q nEI-rei. nosso senbor, por causa de: uma queda que dt:u dentro do seu palacio.
- se sangrou no dia 4 destt: mC:s. e por beneficio do dito remedi o qu.: logo lhe
foi aplicado. tem- Sua Magestade conseguido todas aquellas melhoras que
todos os seus fieis 'assallos lhe desejamos c ha\"emos mister». G.tjel.:t Jt•
Lisboa.
DF ZE~IBRO DE lí='))
J \;\"EIRO OE r7J~1
I.J.
210
" Consulta da Junta da Inconfidencia para amphar as penas dos reus ... o.•.. 3n
, , Resolução de El Rei dando faculdade á Junta da Inconfidencia para ampliar
as penas dos reus. o•.••.. o.......... • . . . . • • . . • . ••.. o... • ....• o.... . 3u
,
,
" Alegação de defesa feita pelo Dr. Eusebio Tavares de Sequeira . o........ .
" Termo de entrega das alegações dos reus, feitas pelo seu procurador o•. oo ·~~·
'9
Em 11 Apresentação da defesa ás 6 horas da tarde. • . . . . • ....... o.......... oo 2j
, » Conclusão dos autos ás 9 (ou 7 ?) horas de. noite ••.•..••....•...• o..•..• "27
., Sentença da Mesa da Consciencia e Ordens a respeito dos reus que lhe di-
ziam respeito. Tambem impresso volante...... . .••.•.. o.•.••.. o... o.. oo.
Em 12 Sentença dos reus do atentado. Tambem impresso ~·o/ante ........ o...... o
" " as 7 horas da manhã. Certidão de intimação das sentenças aos reus perten-
centes ás Ordens Militares •.•..••••. o..•.........••...•...••.•.. o. • •. o.
En 12 Das 7 horas da manhã âs 9· Intimação da sentença aos restantes reus •.. o.
, 1'l ApresPntação dt: 10 pregões relativos a outros tantos reus .....•.• o.. o.. o.
" " Certidão do Desembargador José Antonio de Oliveira Machado em comu
assisti~ á execução de todos os condenados, a qual se realizuu no Largo
do Cats Grande deBelem .•••.••••.••......•••.•............••••........
Em 17 «Alvará confirmando a Sentença, proferida a 12 do mesmo mez, contra os
RR. do Sacrílego Insulto da noite de 3 de Setembro do ano antecedente».
Jo5o Pedro Ribeiro. lndice cronológico. I, t8oG, p . .J2.
Em 18 Mensagem de agradecimento do juiz do povo " dos mc::stt:res a El-Rt:i pur
(I) :\s copias publicadas na Deducáo Cronolo;:ica c nos Elelll!!lliM rar,, ,, lristori.J ,to mu11icipio .te
l.isboa, X\'10 pai(. 389, marcam a data de i3 de janeiro.
;UI
ha\·cr tirado do numero dos s.!us naturaes <•S monstros que macularam a
\"irludc dos leais \a,alos. hav.:nd l-se guarJadv to las as foron:tlidad.:s do Di-
reito. Frdr.: de Oliveira, F.lemellltJ.;, XVI. . . . • • . . . • • • . . . . • . • . . . • . • . . . • • 39•
l\1.\RÇO DE 17~4
.•
,
II
I~DICE ALFABETICO
.-
t:enc:•r11 ~:\\igucll, luveiro. Na sc:ntc:n.,;11, p. Costa Freire •.Dc:sembargador .\ntonio ~la),
.p ..\rnoniu .\h·11rc:s f, rreira sen·e-se de 1J4, t3ti, 167, 171.:-.losr'$istosdeD.Jo~e,
uma clavina emprestada. o que confirma guardados na Torre du 1 ombo acham-se
n •.J.ccomll. p. Hti rderindo este nome. varias cartas que lhe ditem respr:ito como
como st:ado o do proprietario da arma. funcionaria da fazenda rc:al e fidal~o-ca
A espin!(arda era do Duque. pp. 107-115 valc:iro. Tinh11 impurta•lh:s propríedaJc:s
diz o assassino e o irmão. O Duque e sc:u no tc:rmo de Samarem. :'llorreu nas rri-
estribeira •iizem que eram pistolas~ pp. sões da Junqudra, como diz Alorna, p.
79 e 16~1- É cri,·el pois que a noticia do j6.
Account seja falsa. Costa Ribeiro (Dr. Jose: da), 61. Natural de
Chafariz de Dentro, 106. 11J. R una, lilho de n.ntonio Ja Custa, natural
Chaves. 04. de Carmões e de Maria Antonia; neto
Cheias, b7. paterno de Francisco Pires e de Vicencia
Coimbra, tio, 90. + ~~~~ 100, 103. 17':.. da Costa; neto materno de Domingos
Coina, ~lO. ~·4· g5, 1J1. Fernandes e de :\laria Ribeiro. (Leitura
Con~regaçáu da Missão (Cas11 da), 67. E" de Bachareis, maço 20, J. n. 1H).
hoje Rilhafoles. A ordem era de S. Vi- Costa Vdho (José Luis da), natural de Sfto
cente de Paulo ou Lazaristas. Soriano, Pedro de Alfama, morador nos Olivaes,
Hist. do reill(r.fu. I. 338. . de 25 anos. 181.
Corsini (Cardeal), pr.oteclOr de Portugal,66. Costa Velho (Luis da), 181.
Costa (P.• Antonio .la). ,ta Companhia, 67. Cotovia, 9-h gti, 97, 97, 176. •
Costa (Custodio da), bolieiro da sege que • Cruzeiro de Nossa Senhora d11 Ajuda, 172.
conduzia E! Rei na noute do atemado. Aqui residiam os marquc:ses de Távora,
12. 44· +". 183. . pá1s.
Costa (Francisco da 1. nntural de Rraga. Cruzes da S.::. 101.
sota-cocheiro du Duque de ..\ve1ro. de 40 Cunha tDum Luis da) ou Dom Luis da
anos. 32, 33, 78, 881 94· Cunha Manuel. Er11 c:desiástico e natural
Costa (Fran.:isco dai. do sabinete Je aber- da freguesia de Santa Catarina de Lis-
tura das correspondenc1as, 61. boa, filh~ de D. PeJru Alvares da C~nha
Costa (lnaciu), Je Bfll~a. pai de Francisco e de D. fnês ~laria de :\ldo. neto paterno
da Costa. sota-cocheiro do Duque de de D. .\ntonio .\!vares da Cunha e de
Aveiro. 8g. D. ~laria Manuel. (.-\rq. Nac. Ordem de
Costa (P.• Ja.:into da). da Companhia, 85. Cristo, L maço 2, n. 0 2). Habilitado em
94· q7, 101, 162, tli3. :\lorreu nos carceres 17S2. Foi baptizado em 1 de agosto de
da )uno.jueira. conforme di1 .-\!orna c:m 17oJ c: chegou a acadc:mico da Ac11dr:
•.J.s prisúes. p. S1 da 1.• ed. mia Real da História e conselheiro real
Costa (Jost: Luiz Ja), 115. tD . .-\m. Caetano de Sousa. Híst. Genea-
Costa (Manuel da). pai de :\lanuel,la Costa lógic,t. tom. XI, p. 838). :\lorreu em junho
Calheiros. porteiro do Duque de Aveiro. de 1775 e sucedeu-lhe Aires de Sá (Smith.
83. p. 277). Fui nomeado ministro cm -. de:
Costa Calhciros (:\liinuel\, porteiro du .Du- m11io de 175(, (Smith, p. 5-.) c Luz So-
que de _\,·eiro, n;;uural do Porto, de 53 riano, Hist. Jo reinado etc. H, 22-J..
anos, 82. Foi desterrado para a India Damas. Pereira (João Inácio), corn:gedor
com n restante criadagem do Duque, dr. do crime da cone, 8, 9· Era neto paterno
Duhr. Pomb.tl. p- 87. - de um alfaiáte e sobri11ho de João Dan-
Costa Corte-Real (Tumc Joaquim da). Eta tas Pc:reira. natural de Viana. Habilita-
filho do dt:semb11rgador Joiío Alvares da ção em 1727 f.ara a Ordem de Cristo.
Costa. Em 2 lle outubro de 17-='6 foi no (.-\rq. :-.laciona , maço go de J., n.o 77).
meado secrc:tario do estado da marinha. Dias (Antonio), natural de Ponte de: Lima,
Faleceu preso no castdo de Leiria. E·<te- de 42 anos, _moço de acompanhar o Du ,
ves Perena, Purtiii{.:JI. ,•ol. II, p. tl5g. Foi que de Axc1ro, 32, 33, 78, 86, 87, 88, go,
dc:sterrado em 17•.lo (Gomes. p. g:). La- 91· ll7· 131.
tino C.relho Hist. ger.11. I (187-tl. r· 12+ Dias (Lucas), procurador de mester: 18.
diz que foi reei uso em Lei r-ia a 2J de 'ou- Dias (Pedro), de Oeiras, 128.
tubro de 1772. Cfr. Luz Soriano. Hist. do Dias de: .-\ze,·edo (Pedro), procurador dn
rei11a.fo de D. José. I. (1H671. p. 285 e 4ti6. mestc:r, 1R.
Filipe Jose: da Gama publicou cm 1741, Domingos [Rodrigues?] maço da cavala-
em Lisboa. Edoga i11 thllali Sll•ll'issimi riça do Duquede A'eiro, go.
p11eri Joa1111is Petri. fi/ii clarissimorum Duarte lP.e Francisco), da Companhia, 6o.
DD. Thuma; Jaochi11o Costa Corte-Real. - Douto e engenhoso, suportou com saúde
&: D. Te,·esiae Híerom·mae Ros.te Jf,do a p':_isão d_a_ .Junqueira. Cfr. :\lorna • ..J.s
e Al~·im. · pr•soes. p. J::-.
21b
Durão (Salvador Jost!), morador na rua de de Go:1. Era natural da frt!guesia dos
S. Jerónimo, em Bdem, de 19 anos, 70 a ...\njos. filho de Antonio Ferreira de Lima.
74- A sentença de re,·i~ão, p. 58. diz dele natural da freguesia do Sah·adur de Joan-
«que era naquclle tempo hum pobre cria- ne, termo de Barcelos e de Francisca
do de servir». Segundo v. Olfers, p. ~2, Jor.o da Conceiç.:io, natLral de S. Julião
nota: recebeu 6ooo cruzados pela denun- de Lisboa. Casou com D. Ana Joaquina
cia. de Jt!sus, natural de Lisboa. Habilitou-se
Elvas, 6g. para famihar do Santo Oficio em 1725 e
Emauz (Jose Pedro), desembargador, 17S. habilnou sua mulher em Jj33. 1Arq. Na-
Encarnação (Fr. Gaspar da): Jz, 32, 33, 5o, cional, Habil. do S. O .. maço go, n. 0 1699
zo2, to3, 175. 1.>. Ga~par de Moscoso e do :\/anue/.
S1lva (17 de maio de zti85 a 25 de no- Ferreira Souto (Inácio), 8: 9· Natural de
vembro de 1752) era filho do quano S. Paulo de Lisboa. Filho do capitão
Conde de Santa Cruz. Em ··4 de abril de Francisco Nunes da Cruz. natural da
17 ·3, sendu franciscano, foi nomeado re- .\zureira. e de D. Franciséa :\laria de
formador dos conegos de Santo Agosti- :\latos, nátural de Barcarena. Habilitou-se
nho. Faleceu no palacio de Palhav.:i, junto em 17-P· (Arq. Nac. Habil. Jo S. Oficio.
dos seus-pupilos, os meninos de Palhavii. maço 5 de lnãcios, n ~ 791. Era cavaleiro
(Gabi11ete Historico, li, p. 194). Ja Ordem de Cristo e foi intendente ge-
Escarlatt! (Caetano). z!i3. Era sargento-mór ral da pohcia do reino. Intentou publicar
de auxiliares, e escudt:iro da Marquesa um Ji,-ro sõbre as prerogati\'as da corôa.
de Tavora, D. Teresa, e morador a Santo ao que se opôs a Inquisição, de que resul-
Amaro, de 3o anos. Pelas habilitações tou o desterro dos meninos de Palhavii
para a Orllem de Cristo, findas em 1758, para o Bussaco.
consta ser filho de Luis Escarlate, natu- Figueirt!dO (Jose dd, procurador de mes-
ral de Lisboa, e neto paterno de Nicolau ter, 18.
Vicente Escarlate, natural de Florença. Fonseca (Bernardo da). morador nas mer-
Casado Cllm Francisca Dinis. ~Arq. Nac., Ct!arias de Belem, 71. As mercearias de
_maço 2, letra C., n. 0 ti). • Belt!m foram extintas em 1834. Cfr. E. Pt!-
Escobm· a Corro (Joaunes), Tratactus bi- reira, Porlllf{<ll. II, p. 2.'!3.
parlitus de purit.:zte et nobilit,Jte probmzda Fonseca (Manuel da). filho de ~liguei da
sec1111dum statutat; .S. Officii inquisitionis. Fonseca, natural de Vila Seca. de 32
Lugdini, 1733. -'7· anos. bolieiro da Duquesa de · \veiro.
Esperança (Lisboa), qz. J31.
Europa, 49· Fonseca (:\'liguei da), de Vila Seca, \'ist:u,
Evo r a, t1o, 6g. 124- 131.
Farinaceus (Prosperj, Praxis et theorica Fonseca Leal (Tomás da), procurador dü
criminalis, Lugdwzi, 1634-So. Bib. Nac. mester, 18.
S. C. n. 0 8qg-go4, azul. IQO, 101, llj2. França, 5g.
Fernandes (Francisco), de Castelo Branco. Fra•1cisco (Manuel), de Bidões, J3o.
13~. Francisco Xavier (São). 68. 129.
Fernandes (Jose), trabalhador. residia na Galiza, q8.
rua da Mãe de Agua. 176. Galviio {Antonio J(•Sé), oficial maior da se-
Fernandt!s (Josi:): tilho de Francisco Fer- cretaria de estado, !2, 6z. Morador em
nandes, natural de Castelo Branco, so- Belem, junto a Alcolena. natural de Via-
ta-cavalariço do Marques de Tavora. • na do Minho. filho de Basilio Gaivão de
132. .\ raujo, natural Je Porto de ;\loz e de
Fernandes de Andradt! (Dr. Miguel). i':ão se :\lariana Simoa da Costa Pintn, natural
enc01:tra noticia das suas obras nos catá- de Vzana. Assistiu algum temp" em Lon-
logos. mas segundo l\la1eus Homem Lei- dres no gabinete du en,·iado :\larco An-
tão, de jure lusit.mo, CLimbra: zõ~7, era tonio de Azevedo Coutinho. (Habil. da Or-
professor de direito e reitor do colégio dem de Christo\. Jl'taco li, n. 6). Testemu-
de São Paulo. nhou éomra o 1\larques de Pombal.
Ferreira (Filipe), criado do Duque de .-hei- Galviío (P.e Martinho), d,a Companhia, 6).
ro, morallor á Esperança, 141. Gaspar (D.), arcebispo de Braga, z613. Er11
Ferreira (João), natural dos Arcos de Val- irmão legitimado do rei D. José.
de-Vez, caseiro de Jose Manuel da Siha Gomes da Costa dosl:), procurador do
Baodeira, e morador em Camarate. j5. mester, 18.
Ferreira (Manuel), procurador de mes- Goncah·es Cor,\eiro Pereira IPedro), juiz
ter, 18. da· lnconfidencia. ~aturai de 1\lessejana:
Ferreira de Lima (1\lanuel), 8, g. Em 1721 filho de João Rodrigues Cordeiro, natu-
foi nomeado desembargador da rela.;ão ral ,Je .\h·alade e de 'laria 'Iarques Pe-
--
rt:!>, nalural de Valverde do: Caminho. João (D.) da Bemposta, 17ó. Era filho le-
docondado do: :.'lliebla. {.-\rq. Nacional. gilimado do Infame D. Francisco.
Lt•itw·,, dt• B.lt·hm·eis. maço 3 do P. n. o). João Terceiro (lJ.), da ~l.tdre de lJcus, •7-'·
l-labiliwu-se t:m •7LJ· Faleceu em 25 ~te .l<•áo \. (EI-Rei D.). 5o.
,lczembro do: 17l18 (Fr. Claudio da Ccm- Jo!<c lAntonio), moço que acompanha\'a ,,
o.:eição, G.1b. Jlistoricn. ~\"I, p. 26~1. :\larquês dt: Tavora e bolieiro, 88, go.
llon.;ah·cs Riheir<J (José). procurador do .José (Diogo), es.::udeiro ,to Duque de :h·ei-
mo:s1er, 18. ro e do i\larquez de Gouveia, 8g, 45.
Gou,·eia (LJ. :\largarida J_oscfa Teresa de), José (:\lanuel), bolieiro Ja ~larqÜesa do:
mulher do reo Jose :\lanucl da Sih·a Han- Tavora, L>. Teresa, 15-J.
Jo:ira. 8o, 81. .los.! (Matias). guarda-roupa de José ~laria
fioun~iá (Marques dei, 32, 88, 8~1o l"lO, •58. de r avora, J3Q. .
Preso na Junqudra onde foi imponunado Junqueira, 11, .j5. Nesta rua moravam o~
pa!·a se~uir a ,-ida monacal. Cfr. Alorna 1 \larqueses de ..\ngeja.os Je Tanlra. filhos,
p. 91. ~asceu em lto,embro de 1740 e ns Condo:s de ..\louguia e os da Ribeira
morreu com 63 anos nit rua da La12a. Grande, bem como o cirurgião Soare~
llcpois Ja saída do fone d.t Junqut:Jra BranJiio.
viveu de pensões qut: os marquêses ,te Lafóes (Duque do:), 171. :.'llasct:u em 6 de
Alorna e Fromeira lhe davam, ati: que o março de 1719 e morreu em 18o6. Era
Princir..e Regeme lhe arbitrou JOO::'/Iooo filho segundo do infame D. :\li!Zuel. irmão
por mes de pensf10. Os bens da casa dt: legitimado de D. Jof10 V.
Aveiro tinha passado para a dos mar- Largo acima das casas de Sebastião Jnsc
quêses do l.anadio. Soriano Hist. do Jc Carvalho e Melo, ••3.
rei11.1do, cto.:., I, p. 3~17; Camilo. PerJil. Leiro (Luiz .\monío de), escri,·ã•J, 42, wR
I'· 45. Leitão (Antonio José), natural da fregue-
Grácia, amante Jo huque dt- .\,·eiro. 92. sia lle São Julião de Lisboa, escudeiro
115. da :\larqueza Je T avora, de 27 anos, 35.
Gregorio xm. 22, 27. L.:itão Caldeira (.Jos..! .\ntunio). Je Lisboa.
Guarda mor ,ta saudt: tTra,·o:ssa do). 12. 138.
4•· •q, 11G, 12J, 1ti9.·casas do Guarda Lisboa. Freguesias ,te· São Schasuão da
mor. 71. L">t:,·e ser ii lra,·essa do Pátio das Pedreira, 1:q. qu; de Si"• o Juhão, 1:~8:
Vacas. \lanires, 14l•, 172; São José, 175; Samn~.
Guido (D.), 16j. Fra condt: da Ribeira Gran- 177; Sãu Po:Jro Je Alfama, 181.
de. Soriano. Hi<t. do rei11.1.:lo. etc., I, p. Lopes 1P.• Estevam), da Companhia, rjl:i.
.Jl9- Lores (Joaquim), procurador do mes1er.
Gusmão tP.• Jost: de), di! Companhia, ii2. 18.
ti.J. E' autor de uma relaçfw das festas Lopes {Tomé), procurador Jo mester. 1!-l.
da canonisa.;:ão de Luiz Gonzaga e S. Es- Lorena (D. :\largarida de). 32, a58.
tanislau, publicada em •73o. :.'llasceu em Loureiro (:\lanoel del. •75.
~~ de novembro de 11)9) em .\lmodó~ar e Louriçal (Marquês do), .:h. qR.
morreu em 1) de novembro de 1781, ha- l.ousi"1, 101.
vendo estado dois anos preso com o ge- Luis \lnàciu), da Vidiguc;ira. tilho ,Jc; .\la-
ral Ricci no o.:astdo de; Samo .-\n~elo; nuel do Nascimento, sota cavalari.;o do
Sommervogcl, Bib. de /.1 Comp. de Jesu., Duque de Aveiro, 86.
III, ( 189:!), p. 1~)78. Luz (Com·ento da), w:i.
Henriques \P.• João), pro, incial da Com- \laJrid, •i5, ti6.
panhia, 4~1, ti2, 63, 6~). Mi"1e de .\gua (Rua da), 176.
Hercul,mus f Frallcisc•t~): 47· Malagrida (P.• Gabriel). 3~, 35, Jó, :~x. o:t..:·
Hespanha (Rainha Jc), &;. 161. Pela morte .\lanç-o tPedroi, familiar Jo Santo Oficio.
desta senhora estava do: luto seu irmão w1. Pedro .\lanço ou i\tanços Rangel
o rei n . .José quando se deu o atenta- era filho dt: outro familiar, caval~iro do:
do. . Cristo t: gcmil-homem da casa do pa-
Hona (Luis Jal. alquilador, mora,lor n .. triarca. Em '717 hahiliwu sua mulho:•·
pátio do Socorro, 41, 1q. D . .\laria Francasca So:nhorinha. filha do:
lnacio (P.• :\lanoel). assistente cm casa do \ntonio do: Sousa Ja Silva de .\ho:, com
· Duque de Aveiro. 15-J. a qual casara sem a previa habilitação
lndia. 3-J . .JO. 5o, 12-f. do Santo Oficio. Apesar de ser notoria c
Jardim do Duque de .\veiru, Jõ, J9, 40, ~tJ. demcmstrada a origem judaica desta fd-
7•· j2, 83, 9+ milia os genealogistas Diogo Rangel
Jesus (Silvestre de), residente em Portd. Je .\lao.:t:do, :\lontarroio :\lascarenhas t:
pai de~ Antonio ~tanins, O Pa~.1dnr. D. Antonio Caetano de Sousa juraram a
terrador do Ouquo: de .\\·eiro. y5. 1impcsa do: s.tngut: dela .. \. habilitação e
Jc 1747 e encontra-se: no Arq. Nac. ~- U. baptizado cm Loures e de Maria Fran-
maço 25 de Pedro n. 0 481. cisca, neto paterno de Domingos Fran-
:\lanuel (EI-Rei D.l, 5g, 6-1-. cisco c materno de :\na Dias. Habilitou-
\lanuel (Infante D.l. 176. Era irm~HJ dc: se em '745. Casou primeira vez com .-\na
D. João V. Joaquina dos Anjos em 1764 e segunda
.\!aranhão, 33. 61. fi7. vez com D. Ana :\<largarida da Silva, filha
\iarsaride. 34. dt .-\ntonio de Pontc;;S e Silva~ neta pa-
\lanalva (Marquês de), 171. Pombal no terna de Bento Franco da Silva e ma-
c:xilio contou uma insubordinaçáo grave terna de Reinaldo Fdisberto. natural de
deste contra El Rei. Cfr. D. José Manoel Nantes, em 1781. (Arq. Nac. Háb.do Santr>.
de Noronha, Cartas do JU,n·ques de Pom- Oficio, maço 34, Domingos, n. 6D.
bal. 1916, p. 56. \louticellus de Robio (Joannes .\1.1ria), Re-
\lari.ana Vitoria de Hourb01; (H.ainha D.), pertorillm (aureJIIII) de testibus in materii5
JO+ Passa,•a por ser oposta a Pombal ciJ·~Iibus. Veneza, 15]5. H;~. 190.
(Soriano, Hist. da guérra civil, I, 261). Morc:Ira (P.e_ José), 97· J\ihrrc::u nos carccres
mas tah•cz sem fundamento. Mais certo da Junqueira protestando que estava ino-
parece o de ser contraria aos Tavoras" celll..:. Cfr. Alorna, .-ls prisões da Juuquei-
)eSUitaS (id. p, 312). r.I, 1. 0 ed., p. 4Z·
\!arques (Domingos), natural dt Bidões e Moura (Faustino Francisco J. procurador d~:
filho de Manoel Francisco, de 26 anos, mestc:r. 18.
moço dos cavalos do Marques de Gou- Napoles. tiS.
,·eia. 88. :'liascimento (Manuel duJ. natural da \'idi-
.\larqÚes (P.• João), da Companhia, ()~1 • gueira.sota-cavalariço do Duque de Avei-
\!arques Racalhao (João), 8, g. Era natu- ro. 78. 8tj, J3 1 • 169.
ral de Tancos, filho de Francisco Lou- ='it."grdos (Braga), 108, II3.
renço e de ltabel \larqucs, neto materno :'liogueira (Domingos)~ porteiro ou uticial
de João \larques Bacalhau. Habilitou-se de diligencias (huissier). 54 a 58.
cm 1707. Em 17-:!6 habilitou sua mulher :'liuncio. ti6. Era 1\lgr. Accioli.
D. Rosa Maria Curvo. (Arq. :'liacional. :'~~unes (P:· Vcrissimo}, da Companhia, Õq.
maço 40 de Jo:io, n. 8371· :'~~unes Monteiro (André). procurador d(,
\'larques de Montes (JoãrJ·I, procurador do mester. 18.
mester, 18. Obidos (Conde de), Õl', tj,l, qÕ, 125. 12~, d:i.
\lartins O I'.Ig.Idor (.\ntonioJ. natural d,, I3t5. 142- 146. '48, !52 .• G4, ltig, 170· .,8.
Portel, de 4j anos, 33, 78, go, g5. .\lorreu nos carccres da Junqueira, comll
\lanins rl.uis). procurador do mester. 1:l. diz AI orna. As pri;óes, p. tio. Cfr. LatinlJ
\lartins (\·lanucll, capit;"•o. morador no La- Coelho. Hist. politica. I ( 1874l p. 9S.
v"raJio, 7S. Uddi (CardialJ. 66.
\'!anila.••+
\'latos (Antonio Jus.: de), secretario do Du-
Oeiras, 128. ·
Olivais, 106, 118.
que de Aveiro. 43, ss,· g3. 104· 169, •75. Oliveira lP.• José de). da Companhia, 64.
Matos rP.• João de), 35, 38, 62. 63, G6, 85, 67.
94, rq. 1ti2, •63. Jti6. Morreu nos carceres Oliveira tP.• Timóteo de). da Companhia,
da Junqueira protesrmldo que estava ino- 85, ~14, 97, 162, 16J. Sobre,·iveu ao rei
cente. Cfr. Alorna, As prisijes, p. 52 . D. José, sendo posto em liberdade. Cfr.
.\leio (Vila de), •34. · :\!orna, .-l.s p1·isões, p. 5J.
\1iguel (.loiio), natural da Galiza, g8. Oliveira .\lachado (José .\ntnnio de), Ra-
.\liguei (João), filho de Gregorio Miguel, ptisado em Evora em 7 de abri~ de I~g(i .
natural de Tui, moço de acompanhar o Era filho de DIOgo .\lachado, ~mgele1ro.
Duque, 13, 19, 3•, 42, ++• 46, 53, ;8, go, c de i\lariana de Oliveira e d'Wpois da
94· g5, 97• g8, •3•, J5.l, 16g, 187. A sen- morte de D. José I retirou-se para o con-
tença (p. 42) o dá por "grande confiden- n:nHJ dos Remedias, lJnd.: faleceu. ;'\;a
te•> do duque .. c a p. 44• rq apenas por qualidade de di recto r das prisões da Jun-
confidente. O estribe1ro do ·Duque (p. 78) queira deixou má fama de sua pessoa.
considera Antonio Dias o principal con- (E. Pc:ro.:ira, Portugal, vol. V, p. 2~71,
fidente do Duque. Era professo da Ordem de Christo. Ha-
Montemor-o-Novo, 72 . bilitou-se para familiar do Santo Ofici'o
.\1onteiro Ramalho (Domingos), cirurgiüo cm •:;61 (Arq. Nac. maço 8õ de Jose n.o
da Casa de Saude e dos carceres do S. 121i7)· Cfr. Latino Coelho, Hist. pol. I
Oficio. 79, 84. Bj, 93, 98. 112, I2Çl. •3o, (18741· p. li:.! • .-\ crer cm Alorna era dt
•33. I34, I37, 174: 180. Fra natural da pouca instrução e na mocidade dado a
freguesia da Pena, c morador na de touradas.
S. Jose. filho de \lanuel Francisco Rosa. Ussorio (Sah-adorl, assistente em Roma, 6.'i.
--
nssuna (Caetano .-\lberto de), dc::putado d11 Patriarcal. ~8. Fica' 11 na Ajuda.
:\h:sa da Conscic::ncia c Ordens, .a3. :\(o- Pedro tlnfantc 0.). 101, 10:.1, 10-t- q.t, •5o,
rador na frcguezia do Sacramento de •58, ,;~l, 11h. •63. 171). Tio de IJ. Maria I.
I ishoa, baptis.adu na dos :\I,Irtires. filho CIJm a qual casnu. Sc-~undo escreveu
d<.: :\lateus da Costa, e de- sua mulher Pombal o rei D. José julgava-o incapaz
.\licaela dos Anjos, neto p:n.:mo de .\n- Rara o matrimonio. Cf. D. JIJsc:: :\lanucl
tonio Jorge e de Fran.:isca da Costa, neto il.: :"joronha. C.zrt,zs do .\l.u-ques de Pom~
m.nc::rno dc Jr,iio de Ussune. bafltisado na bal. •9•';· p. -t3.
frc-guczia de S. Paulo c de :'olaria Fc::rrei- Penalva t:\larques de). 10.;.
ra. Casou com n. :\lari3 Hernarda Ca.:- Perdig~11J tP.• .IIJsé). da Companhia, Ho, 8-t.
tana da :"'eiva, (H. de Cristo, n. 0 12 de 1:15. ~·-t· 97· Jl)2. 16J. Era procurador ge-
C .. n. 0 Jti. no Arquivo :"'acionall. mi da Companhia e esteve nas prisoes
P.tchcco Fabiáo (Josê), 100. da Junqueira. Cf. AIorna p. 55.
Pad1cco Perci ra· de Vasconcelos tJoáo). Pereir.1 tBcnto). moço da CIJpa do Duque
8. 9· Era natural da Baía. tilho de :\l.1.: de Aveiro. 83.
1tuel Pacheco Pereira c d.: D. Ursula Pereira Coutinho t.\ntoni<.. Jost:). procura-
Barbosa de .\lmeida, neto patl·rno de dor do mester. t8.
[Jomingns Ribeiro e de :'olaria Pacheco, Pessoa tP.e Francisco). da Companhia, 61.
naturacs da freguesia de Ferreira (!~or Pimenta (Pascoal), de Ponte de I ima. pai
to) e materno de .loi10 d.: ~amp.tio Ri- de .\mtmio Dias: moço de acompanhar
beiro e :'olaria de .\lmeida. éle de Fel- o Duque de Aveiro. 9•·
gueira e esta da Baía. O pai c::ra familiar Pires /Domingos). procurador dl• mi."Ster.
do Santo Oficio, (Arq. :'1/acional, maço 31 • •s. . .
.1, n. 0 11i). Habilitou-se em 17!3. FoijuiL P1scina. organista d:• _C:-'pda Real, 191. ·~·2.
da ai.; ada do Perto por decreto Jc 2tl de Dcve ser JoiiQ P1sm1 a quem se refc::rc::
fevereiro de:: 1757. Clr. Soriano. Histori.1 SIJusa Vi rcrbo no n.o :.17 5 da Ar·te .\lusi-
do rei11ado de D. Jose, (1867), p. 2.~H-· c ,·.zl. como sendo cr-avista de S. :\L mo-
Camilo. Perfil. IJL rador c::m Bclem e de -to anos ém 176-.
P.zci,nms ( FulviusJ De prob.ztionibus. Fr.m- :'>Jo catalogo da livraria tl1J Conde de
co(urti. ro3. Rib. ~ac .• Deposito. n:• Linharcs, 18~15. ma-rQ 3RI- regi$tam-"c
J.i:h8. lgÓ. comflosições de Picinni.
Palacio de ::\. Sc::nhora da .\juda. Onde se Ponte-de-Lima. QL
fazi.1 o despacho das secretarias do Es- Porouchon (Eiiás). •7Õ- :\a Pombalin,z. n.u
tado. 3. etc. 6~H: ti. 109. guarda-se uma sentença con-
Palhavi.i, Q2- !H· 104. loJ, itiX. •;5. 171;. tra João Ehas P~Jrochon, inglcs c outro,
Palmas ICIJimbra). !36. por extravio de dinhciro do Erario. da-
P.ilio dos Bichos. na Quinta de Baixo. 16. tada de 1786.
Tinha sido do conde de .·\\·eiras. a quem Portel. 9S.
D. Joi\o V a comprou e t: hoje o palio de Porto. 83.
Belem. Sorianr,, Hist. do rein.zdo.,.c::tc .• Praia da Sardinha. cm l:lelem: sr;_
I. p. 33•; E. Pereira. Portu[fal, 11. p. 21io: Prc::tas tRua dasl. •75-
P;itio do Mosteiro do Cah ano. 1;2. Soria- Principe (Ilha dr,). tio.
no. na Hist. do rein.zdu de EI-Rei IJ. Jo- Quinta da Ajuda, 76.
se I (1867), regista .1 \ersi"•IJ de se ter Quinta das \'acas, ,126.
dadiJ o atentado na ponte de .-\lcàmara. Quinta de Baixo. 12. 13. qti. Foi compradil
:"'o largo do Calvano ficava o palacio em 172.Õ ao conde de .\vcíras e aqui es-
real de Alcantara, altora convertido cm tiveram encarcerados alguns dos preten-
fabrica de bolachas.- E. Pcr.:i r.1, J>orlll- didos c~njura~us. E' hoje o f.alacio de
gal, I. p. 15-j. ,._ Olfcrs. l."ber den .\lorJ- Bdem. E. Pere1ra, PorllU{.ll. I , p. 26o.
vermdz ge{[en den /úmig Joseph. Ber- Quinta -dc:: Cima. t1cava ao -lado do palacio
lim. •tl3g, y. 3, fala de:: um Jo~10 Lobo da Ajuda, -t•, 4J. Foi do Conde de Obidos.
morador ii Junqucira. que ao ouvir os u5. q2. 16-J. U palacio era de madcira e
tiros correra a janela e vira uma carrua- ardcu quasi por complc::to em '79-'- E.
gem a ~:talope. Esta versão e tirada de ,._ Pereira. Portllf[al, I. p. 110. :"jão se CIJil-
:l.lurr. Gesch. der Jesuiteu. !. p. H)5. funda com o actual palacio da -\juda co-
Pâtio da Quinta de S. :\lag. que· tem as n:eçado a construir no tempo de D. :\la-
portas para o, terreiro do caes grande de na I.
Belem, 107. E o atual palacio de Belem. Quinta do :\Ido. Separa' a-a do palacio di!
P;itio .das Vacas ou Quinta do :\leio, 12. da Ajuda um pequeno campo. 6. 24• .j.J.
..\gui esteve o arquivo militar ·até que 12:41:76-
f01 transferido em grande: desordem para Rainha Mãi. 10-f. Era IJ. :\lariana Ter.:s~t
n Campo de Santa Clara Ja ..\ustriá.
220
politic:.r. I. 175. Este: puJrc c pru\a\d- marquc:L Jc.: Tavura c: Jit duqueza de
mente o rt:ferido a PP· ~)0. ~1-l· 9i· .\veiro~ 7~''· 78. So, 9õ. 9~, 128. 129, t3.J.
~oares j:\lanud). ci~anu. moradc,r cm \hu- •3i~ 1..14·· Enlouqueceu nus prisões .to~
\ i la . .JI. Junqueira, ha,·endo estado prc:so no pd-
~oarcs Brandão 1Antonio] . .:1 rur~!ii"to-mór lco dos Bichos onde via seu sobrinho
Jo rc:ino. 11. A habilita\"i"lll d.: familiur Llo mesmo nome supliciado aos 13 de: ja-
não se c:n.:ontra no .\rq. :'\ac:ional..Sa- neiro de a~ 5g. Cfr. _\lorna. p. 87.
hc:-sc no c:numtu pela habilita.;ão Ja o.-- J"avora t~lanoel dcl. -l~l· li2. Rh 12tl~ t.H.
dcm de Cristo (:\la.;u 5:4~. :\. n. 0 5-J) feitd dr;, t3R. 1J~a. 1-1-8. 1Su. lli5. Luz Soriano
cm •7-J.t, que: foi criado Jc: Jose: Rebelo na Histori.t do reinado de D. Jusé. 2
Palhares; o l'ai c ;t\ ó materno eram ci- ( 1867). I'· 3lt- conta o pro.:eLiimentu
rur~iúcs. Tambem tirou cana Je brasão .:nntra elt: havido. Preso na Junqueira.
Llc 'armas. que \-em sumariada no .4rq. .:fr..\torna. p. 81.
Ht•r.tldicu, de Sanchc:s Raena. :\ seu rc:s- J"a\·ora (:\larquês Jc:J, Francisco de .-\ssi,
pc:ito lc:iam-se a" noti.:i.~:o publicadas no Jc Tavora. hap1isado na fr~::guesia de
.-trq. .f.r Hist . •t.r Jlc.tiâu.r Portii!(IICS.t. Santos, Jc 55 anos. Sr,bre a culpabilidade
, vol. XII (1~1~1). p. ~~ Jos Ta\·oras. cfr. Latim. Coelho. Hist.
:Socono (Patco do). 1 1+ pol. I p R7.J), p. 35•1·
Solis (D. José), 65. titi. Ta\·ora (\larquês de:). Luiz Bc:rnanlo Jc
Sousa Calhariz tD. I uis-del. lj5. · Tavora. natural de Lisbna, baptisado
Sousa Calhariz 1D. \lanoel de). qo. 'I.J· 101. cm S. Scbastif10 Lia Pc:drcira, de 35 anos.
110. t6j. 175. ~ascc:u em 21 L{c: jÜlhu LI.: qo. w.ts a little .\l.tn ,md tlzin, well cnough
•;o3. casou a 1 de: agosto de: 1735 com " • m,uie. b11t not of .1 plcasin!( !lspect• .-\.:--
princesa Maria Leopoldina de: Holskin. coun t, P.· .J5. ·
Foi avó do primeiro duque de: Palmela. Tavora (\larquesa dc1. Dona Lc:onor LI.:
Luz Soriano. Historia do rein.1du de - Tavora. Slze w.ts of the lower middle
D. Jost!. I (t86jol. p . .JCI(). Estc:\·c preso na si;e and thin . .-\ccoum. p. 4-"· .-\ p. ~22 de
Torre Jc: Bd!.!m e ai morreu. como tli7 A Jl.trqllep d'.-tlorna (1~)161 do :\larquês
Alorna c:m .·h prisões da J11nq11eira. p- d".-\vila e de Bolama. ach~-se o retrato
98. Soriano diz que foi na Torre do Bu- desta senhora.
~lo. I. p. 46o. Camilo referc:-se-lhe. Per- Ta,·ora (\larquêsa dc.:). a nova, 126. t3~,.
fil. p. 46. 154. t5.5. O marquês de .-\dia e de Bola-
favarc:!; (Bc:rnardol. natural de Palmas. nn ma publica o seu retrato no livro A
bispado llc Coimhra. 136. _\[arq~tes.t de Alorn.t. Veja C&.milo. Per-
Tavares de: Sequeira (Euscbiol. dc:seri1bar- · fil. 47· A condessa de .-\touguia. na auro-
p.ador da Casa da Suplicação e procura- hiografia pondo em rdevo a pc:ns;io ã
dor dos reus. o. 1-J. _ao. 27. ~:nural de duquesa de: .-\veiro, não se refere ao
Coimbra. Era filho de: \lanocl Lopes de rratamcnto de: favor desta sua irmã, que:
Sequeira e de D. :\laria Tavares. Habili- foi sem sombra de dúvida amante de
tou-se em 1727 e em 1754 casou com El Rei D. José.
D. :\laria dos Anjos. natural de Lisboa. Teixeira tPedrol, sar~ento mor c compa-
filha de José de Barros Caminha e de nheiro de El-Rci nas suas aventuras, 11.
D. Ana Joaquina Seixas Ht:zcrra. (Arq. -l;• 104. ltÓ- Em 17"1 era rcpostc:iro c:
:'\ac., S. Oficio. maco 1 c: dt: E11sebio. criado particular de EI-Rc:i. O pae foi
n.o 5. . moço de: barco, mo.,:o de cais e aponta-
Tavora (João Jc:). irmão do ~larquês de ,for de t:~uas. moço de esuibc:ira c sma
Tavora e cunhado do Duque de ;\\·eiro. Ca\·alarica; o a\·ó patcrntJ carpinteiro; o
Rg. 94· 163. Preso na Junqueira. cfr..\tor- avõ materno pescador. c a avo paterna
na. p. 85. Foi d.epois devado a marechal lavadeira .. \pesar de alegar só a honra
de campo com o nome de João de: l.o- de servir a Sua- \lagcstade. sem se ,-e ri-
rt!na. cfr. Soriano. Histori.-r d.t l{llerr.r ficar serviço. D. Jose: dispensou-o em 3t•
civil, Tom. I. p. 253. · de outubro de t7S1. com oposic;ío d<t
Tavora (José :'\laria de1. baptisado na frc:- :\lc:sa da Conscic:ncia. 1Hab. da 0•-dc:m
~uezia dos 1\lartires. capitão de: cavalos. d.: Cristo; maco 11 de P. n. 0 203) ..-\ viu-
de 22 anos de idade. 172. O .-tcc01mt. p . vã deixou a sÚa morte: c:m 178~ a\·uhada
.J5, diz oj a mi.tdle Sire, most bea.1ti- fortuna. Cf. Duhr. Pombal. p. 83.
{ul F.1ce. gemeel Persou. a~:reeable De- feresa 1:\lariana), moça da camara das
portment aud ami.tble Disposition. T .:ria filhas do du9_ue de Aveiro, natural de
provavelmc:nte casado com a sobrinha \lontemor-o-~ovo. de 1R anos. 71. 72.
vindo por isso ainda a ser :\larquês de 83, o3.
T avo r a. se não fosse suplíciaJo. Tlremitdo d.t- Fousec:a (.\l.nwel) Deâsiones
fa\·ora Oosé :\laria dei. cunego. irmãr, JtL seu.ttlls ,trchiépiscop.U11 metropolis r·~vssi-
./
VOCABlTLARIO
,
abominaves 38. dco 12.
accrecentar j, accresentarei 161. deslacerasoens 4+ deslacerasáo 1 t.
acomular 4S. despararão 121.
.\la 70. .-\iala. Detracção 182.
alimpar 12. di.:e 12.
assosiar 35. discarga 122. discarregara ti, ++·
at.lcar algUI'IS era\ os !li..\perta r. discargo 102.
athe 5. 7 etc. disconsolaçfto 1f6.
Haunel:l 68. Baioneta. Discontcntc 3g. 101, 170.
bendicientissimo ~o. ,.:o. •85. Disculpa r·21, disculpar 107.
Rolea ! J5 . .-\s scgcs cr:mi de bolea (do fran- distigurar 107.
cês vulée) ou de cordões. dislaceradas 11.
Borjaca JO~). 111. 1:;0. Do hesp. b111j.tc.1. dispotico 35, dispotismo 48.
Cabeleira 109, 120. Havia de bolsa e de chi- Droguctc 1S, 11.0. Estofo ordmario.
cote. etfeituar :n, 182.
Calurda 11li, 119. O suf.,uJ.1 rc.:ebcu um r enautorado 57, 58. Corru.;ão de ex.luto-
por intluen..:ia de t".ti.tr. r.lJo.
~amcra 71.. evittado 183.
Caracthcr •i· exacrando passim.
Caravina 44· 40. Clavina 12S. Cravina 41. exherdarem 3o.
Carcao,:ão 165. exterminado 9+
carcado HI{· Facas 87 etc.
Carruajcni + 38. I'Ó. Falescimcnto 63.
Cavalharicc. 12, 9J • .:te. lnflucn.:ia ,(o hcsp fcrozissimo 3o, ++·
Caxa !li. Gernina.,:áo 28, 117, etc. Duplicação.
Clauzalas G6. 1~9- O mesmo '-JliC or.triiis d:t hcy 5,
terminologia gramatical. humiliantcs 4Y· Latinismo.
coarctando IOi. . lncarnacáo 31. 33. 5o.
.:ombustas 11. Latinismo. incogitado 5r .
comuma ti. 33. Commum. insseparavd 12.
com.iuado •8+ intenda 24, intenderem 29.
concurrer 8õ, etc. lntrada 11. int-raram 1ti7, introu 156.
Cónigo gfi. ~8. involvem 9·
Cop ... 83. machavelicos 3-t. rt>o, etc.
currer 1q, 12_, curria 113. ~lal \"isto 193, miope.
cutovelo 1-r. !1). ~lcnza 109.
dcCUtdo 1 1; dc.:eo 62. ~lcrcearias 71. De merce. Creadas pela rai-
dcltoides 11. nha D. Cararina no cõnvento de Belem.
dcrugadas 5. derogação 7· ~ada rem com épicerie. ou A"r,'imerei.
226
\linistro evan~t:lico 4S. Mais us:~do para Rabeca e rebeca 83. 8q.
"desi~nar os pastnn:s protestantes. do ym: Republica 69. Ne~ocicis puhlicos.
CJS saccn.lotes catulicos. Hesposteiro 11G.
Monstrun 5-J, 55, 51i. Re;mlta 1>2. Resultado.
mormura\"a 176. Rigueira u3.
:'llenos .'.>3. rocorrermos 65.
Nosção 15+ Roqueiros G. Canhões 'JUe dispara\"am pe-
Omoplata. s. m. 11. A omoplata. dras.
oppiniavel 191. Do francês uppiui.1ble. Sacraticio 15ti.
Page 70. Sam Tiago S1, 6o.
'arrecidias 2q. seca\"a 10+ Importunava.
l~asmado 17Íi-. Apalermado. sem iniciati,·a. Sen·intia 125, 169, 179·
Passajem 178. sigilariio 187. Neste caso. e pedir segredo.
peccuniarias 7· S1mplez 101.
Pc~am_ento 1:>. sob~ 77· soube.
pewr ú1. Sona cavalherica 8ó.
Peluça 121. Soua coc~eiro 89. O se~untlo cocheiro.
Perdicçoens ti. Sucego 5g.
percizn 11. · tht: 12.
Peruca 109, 111. Do italiano perruca. Tomor 11. .
Picaria 135. 136. Tratada JOQ. Fraude, tratantada.
Plebeios 6. Tratos 84. Torturas."
Pohcarpio passim. Treceiro 153.
Porsoens 11. trucão de falso ú9. Expressão de jogo,
Potro 85. Cf. Camilo. Per..fil do marquer llraguay 33.
de Pomb.:zl. Vagamundos 20.
Pranchada 39. q~J, 179- Tapumedem:ideira. Ventajem o.
Pranxada 1Ü. ld. Verde d2. Erva.
Presunsoens Jt~. '"erosimel, J2. J23.
lroditorias 18ti. Latinismo. Venija 11fi.
l">rornonor 22. Veste 15.
Pudonor 155. 1 51i. Pundonor. Vigiliatura ti7.
Qunnas 3t>. · Vi rissimo 1>9.
.-
ERRA TAS
li 13 e sobre sobre
15 :q cazaça cazaca
19 13 l.uiL Ht:rnardo dt: Tavor-a l:uiz Bt:rnardo dt: Ta,·ora, a Jozé :\laria dt:
Tavora
22 3j Dt:zcmbro Dezembro do anno •
23 29 cavallt:iros cavallerias
2-J 13 hão h ião
25 2 cpnspirfto conspirará~
27 :!2 pela pdas
.JI j ao no
47 .J hovesse houvesst:
92 j achavão acharão
107 q ambas ambos
131 y levava leva: a