Você está na página 1de 4

Direito Processual Penal

Revisão do tópico Princípios Processuais Penais e resolução de 10 questões.

1. Princípio da Inércia

O Juiz não pode dar início ao processo penal. Trata-se de uma das materializações da adoção do
sistema acusatório, onde há a clara separação entre as funções de acusar x julgar.

Sistema acusatório: existe uma figura que acusa e outra figura que julga (gera imparcialidade).

Sistema inquisitivo: acusador e o julgador se confundem na mesma pessoa (gera parcialidade).

Atenção! O Princípio da Inércia não impede o juiz de determinar as diligências que entender
necessárias para elucidar questões relevantes (afinal, deve-se prezar pela busca da verdade real).

2. Princípio do Devido Processo Legal

Base do Direito Processual (outros princípios derivam dele).

Devido Processo Legal em sentido formal: obediência ao rito previsto na Lei Processual.

Devido Processo Legal em sentido material: Estado age de maneira razoável, proporcional e
adequada na tutela dos interesses da sociedade e do acusado.
princípio da Ampla Defesa (inciso LV) é diferente do princ.
2.1 Dos postulados do contraditório e da ampla defesa: da Plenitude da Defesa (inciso XXXVIII)

Contraditório: os litigantes em geral e, no caso, os acusados, têm assegurado o direito de


contradizer os argumentos trazidos pela parte contrária e as provas por ela produzidas.
Citação nula = Ausência de citação.
Traduzindo: O réu não foi citado, mas mesmo assim apareceu ao processo: segue o jogo e não se declara a nulidade do processo.
Ampla defesa: além da ciência e possibilidade de se manifestar, o acusado deve ter instrumentos
para se defender.

Instrumentos para o exercício da defesa: (a) recursos em face das decisões judiciais, (b) direitos
à produção de provas, (c) assistência jurídica integral e gratuita, primordialmente através da
Defensoria Pública – a fim de que lhe seja prestada defesa técnica; e (d) autodefesa.

Autodefesa: é aquela realizada pelo próprio réu, especialmente quando do seu interrogatório,
oportunidade na qual pode, ele mesmo, defender-se pessoalmente, sem a intermediação de
procurador. A autodefesa se desdobra em três direitos:

(a) Direito de Audiência (durante o interrogatório o acusado pode apresentar ao Juiz,


pessoalmente, a sua defesa, ou seja, sua versão acerca dos fatos);

(b) Direito de Presença (acusado tem o direito de acompanhar os atos da instrução processual,
auxiliando o seu defensor na realização da defesa. Ex.: acompanhar a realização da
“reconstituição”; e
(c) Capacidade postulatória autônoma excepcional (ao acusado é conferido o direito de postular
diretamente ao Juízo em determinados casos. Ex.: o acusado tem legitimidade recursal, ou seja,
ele pode recorrer mesmo que seu defensor não recorra [art. 577 do CPP]).

Atenção! Ao contrário da defesa técnica, que não pode faltar no processo criminal, sob pena
de nulidade absoluta, o réu pode se recusar a exercer a autodefesa.

3. Princípio da Presunção de não Culpabilidade (ou presunção de inocência)

Nenhuma pessoa pode ser considerada culpada antes do trânsito em julgado de sentença penal
condenatória.

Por meio desse princípio, considera-se que existe (a) uma regra probatória (de julgamento), onde
o ônus de provar cabe ao acusador (MP ou ofendido); e (b) uma regra de tratamento, onde o réu
deve ser tratado como inocente.

A regra de tratamento comporta a divisão entre (a) Dimensão Interna, onde o agente deve ser
tratado, DENTRO do processo, como inocente; e (b) Dimensão Externa, onde o agente deve ser
tratado como inocente FORA do processo, ou seja, o fato de estar sendo processado não pode
gerar reflexos negativos na vida do réu.

Atenção! A existência de prisões provisórias (prisões decretadas no curso do processo) não


ofende a presunção de inocência.

Pontos polêmicos e a posição dos Tribunais Superiores (STF e STJ):

(a) Processos criminais em curso e inquéritos policiais em face do acusado não podem ser
considerados maus antecedentes, pois em nenhum deles o acusado foi condenado de maneira
irrecorrível [Súmula 444 do STJ].

(b) É possível a regressão de regime de cumprimento da pena (semiaberto para o fechado, por
exemplo) mesmo sem o trânsito em julgado. Nesses casos, basta que o preso tenha cometido
novo crime doloso ou falta grave.

(c) A revogação do benefício da suspensão condicional do processo em razão do cometimento


de crime é possível, não havendo necessidade de trânsito em julgado da sentença condenatória
do novo crime.

(d) O STF chegou a relativizar o princípio da presunção de inocência, entendendo que a presunção
de inocência iria somente até o esgotamento das instâncias ordinárias (até segundo grau de
jurisdição). Porém, este entendimento foi posteriormente abandonado, quando do julgamento
definitivo das ADC’s 43, 44, e 54, tendo o STF retomado seu entendimento clássico: a presunção
de inocência deve ser compreendida nos exatos termos da CF/88, ou seja, até o trânsito em
julgado de sentença penal condenatória, de forma que é vedada a execução provisória de pena
criminal.
4. Princípio da Obrigatoriedade da Fundamentação das Decisões Judiciais
Decorre da transparência e guarda estrita relação com o Princípio da Ampla Defesa.
Fundamentação referida: é aquela na qual o órgão do Judiciário se remete às razões expostas
por outro órgão do Judiciário. É considerada constitucional.
Decisão de recebimento da denúncia ou queixa: apesar de possuir forte carga decisória, não
precisa de fundamentação complexa.
Decisões proferidas pelo Tribunal do Júri: não são fundamentadas, pois os julgadores
(jurados) não possuem conhecimento técnico, proferindo seu voto conforme sua percepção de
justiça.

5. Princípio da Publicidade
Estabelece que os atos processuais e as decisões judiciais serão públicas, ou seja, de livre acesso
a qualquer do povo.
Entretanto, essa publicidade NÃO É ABSOLUTA, podendo sofrer restrição, quando a intimidade
das partes ou interesse público exigir. A isso se chama publicidade restrita.
Atenção! Aos procuradores das partes (advogado, membro do MP, etc.) nunca se pode negar
publicidade dos atos processuais, sob pena de nulidade.

6. Princípio da Isonomia Processual


Decorre do princípio da isonomia, genericamente considerado, segundo o qual as pessoas são
iguais perante a lei, sendo vedadas práticas discriminatórias.

7. Princípio do Duplo Grau de Jurisdição


Estabelece que as decisões judiciais devem estar sujeitas à revisão por outro órgão do Judiciário.
Princípio constitucional implícito com previsão expressa no Pacto de San José da Costa Rica
(Convenção Americana de Direitos Humanos), ratificado pelo Brasil.

8. Princípio do Juiz Natural


Estabelece que toda pessoa tem direito de ser julgada por um órgão do Poder Judiciário
brasileiro, devidamente investido na função jurisdicional, cuja competência fora previamente
definida.
Assim, está vedada a formação de Tribunal ou Juízo de exceção, que são aqueles criados
especificamente para o julgamento de um determinado caso.
Atenção! A existência de varas especializadas e/ou definição de atribuições especializadas para
autoridades judiciárias não fere o Princípio do Juiz Natural.
O Brasil ñ adota um único sistema processual, pois dentro de um processo poderá ser aplicado diversos sistemas de acordo com o
Tempus Regit Actum. Em conformidade com O sistema do isolamento dos atos processuais, que respeita os atos processuais já
realizados, somente aplicando a lei processual nova àqueles atos processuais posteriores.

Para processar judicialmente um Governador de Estado NÃO precisa autorização da ALE.


9. Princípio da Vedação às Provas Ilícitas
Às partes é conferido o direito de produzir as provas que entendam necessárias para convencer o
Juiz a acatar sua tese (livre convencimento motivado do juiz).
Não é um direito ilimitado, pois são proibidas provas que tenham sido obtidas por meios ilícitos.
Inclusive àquelas que derivam de uma prova ilícita (teoria dos frutos da árvore envenenada).
Provas ilícitas: quando violam normas de direito material; e

Provas ilegítimas: quando violam normas de direito processual.

10. Princípio da Vedação à Autoincriminação


Conhecido como “nemo tenetur se detegere”, tem por finalidade impedir que o Estado, de
alguma forma, imponha ao réu (ou ao indiciado) alguma obrigação que possa colocar em risco o
seu direito de não produzir provas prejudiciais a si próprio.
O acusado não é obrigado a praticar qualquer ato que possa ser prejudicial à sua defesa.
Desdobramentos deste princípio: (a) direito ao silêncio; (b) Inexigibilidade de dizer a verdade;
(c) direito de não ser compelido a praticar comportamento ATIVO; e (d) direito de não se
submeter a procedimento probatório invasivo
Atenção! O silêncio não pode ser considerado como confissão e nem pode ser interpretado em
prejuízo da defesa

11. Princípio do Non Bis In Idem


Estabelece que uma pessoa não pode ser punida duplamente pelo mesmo fato.
Atenção! Uma pessoa não pode ser duplamente processada pelo mesmo fato quando já houve
decisão capaz de produzir coisa julgada material. Ou seja, há imutabilidade da decisão. Quando a
decisão não faz coisa julgada material, é possível novo processo.

Agora que você já revisou os principais pontos, realize as questões propostas sobre esse assunto
clicando no link abaixo:

cespe: https://questoes.estrategiaconcursos.com.br/cadernos/efa1b033-e13b-43bc-a380-ac93226484ce
O processo penal brasileiro adota o princípio da identidade física do juiz. CPP Art. 399.(...) § 2o O juiz que presidiu a instrução deverá proferir
a sentença.
A interpretação sistemática é aquela em que o interprete observa a norma em relação ao conjunto de todo do Direito, admite-se no processo
penal.

Você também pode gostar