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A paz em Khandallar.

Prólogo:
A Cidade-Estado de Khandallar fica em um rico vale na região sul de uma grande ilha.

A cidade é fortificada com belas muralhas brancas, altas e poderosas, cercadas por inúmeras
torres de vigias, também altas e bem protegidas. No centro da muralha fica a torre de marfim,
morada dos Lordes da Cidade, a mais alta, mais branca e mais fortificada torre da cidade. Do
seu topo, dizem, pode-se ver tão longe que um cavaleiro que cavalgue por três dias montando
um poderoso cavalo ainda pode ser visto por quem estiver na janela mais alta.

Aos seus pés a cidade se espalha, com ruas amplas e mansões, palacetes, jardins e pequenas
torres no norte, e suas numerosas e pequeninas casas de pedra branca, seus becos apertados,
pequenas feiras e fontes públicas ao sul. Em suas ruas os orgulhosos membros da milícia, os
Ascetas, com seus mantos em azul e dourado patrulham a cidade sempre dispostos a manter a
paz. As crianças brincam em suas ruas de pedras, enquanto suas mães cozinham tortas de cereja
e assam carneiros para o jantar e seus pais trabalham nas inúmeras oficinas espalhadas pela
cidade.

Khandallar fica no centro de um bosque, que é cortado por quatro estradas pavimentadas com
pedras brancas, cada uma delas saindo de um portão da cidade, Norte, Sul, Leste e Oeste.
As estradas Leste e Oeste levam para as fazendas e vilas que abastecem a cidade com frutas,
cereais, carnes e outros produtos. A estrada Sul leva até A Pedreira, uma grande e profunda
mina, onde os homens de Khandallar retiram os metais para forjar suas armas e ferramentas. É
lá também de onde eles retiram as pedras brancas para construir casas, estradas e torres.

Há 200 anos os homens de Khandallar conseguiram sobrepujar os povos bestiais que habitavam
a ilha. Orcs das montanhas, Gnolls nas florestas, gigantes e trolls foram rechaçados e
derrotados.
Agora são ameaças casuais, e são perigosos mais para viajantes desatentos ou vilas mais
afastadas.
Assim, a ilha viveu por 200 anos. Em total paz, desenvolvimento e prosperidade.

Até que ELE apareceu.

O Rei em Agonia é como o chamam agora. Ele foi um poderoso mago, um dos mais ricos
homens em toda Khandallar. Um diligente estudioso arcano que tentou tomar o controle da
cidade matando, então, os Lordes da Cidade com seus feitiços. Derrotado e capturado, ao custo
de muitas vidas, pelos Ascetas foi condenado à morte por apodrecimento, um dos mais severos
castigos permitidos pelas leis da cidade.
Pendurado em uma jaula sobre o mar, no penhasco mais alto e mais afastado ao norte da ilha,
ele foi abandonado para morrer. Dizem, as lendas, que demorou mais de três meses para que a
vida abandonasse seu corpo, e que seus ossos despencassem até o mar.
Após isso, algo terrível aconteceu. Surgiram rumores de um castelo erguido com pedras negras
no extremo norte da ilha. Aventureiros foram enviados para verificar esses rumores, mas eles
nunca retornavam. Os rumores aumentavam quando o primeiro ataque aconteceu a uma cidade.
Quando, ao entardecer de um ensolarado dia, uma grande coluna de fumaça foi vista ao norte de
Khandallar, todos sabiam que algo terrível havia acontecido. Apenas dezenas sobreviveram de
uma cidade onde moravam milhares de pessoas. Apenas aos mais velhos e fracos fora permitido
fugir. Os relatos dos sobreviventes falavam de crianças lançadas das janelas, enquanto suas
mães eram violadas por Orcs e Goblins. De homens obrigados a combater com seus irmãos para
o divertimento dos inimigos. De nobres e poderosos guerreiros que foram torturados e
humilhados, estripados por suas próprias espadas. Era um poderoso exercito de bestiais,
comandado pelos mais poderosos aventureiros do reino, que seduzidos por sabe se lá que
promessas sinistras haviam se aliado ao mal. Todos que não foram mortos haviam sido
escravizados, o que parecia ser um destino ainda pior.

Khandallar respondeu com seu exercito. Seus arqueiros de longos arcos de ébano, sua infantaria
de longas lanças de ponta prateada e sua nobre cavalaria com os mais poderosos corcéis.
Seus comandantes montados em grifos sobrevoavam as tropas que partiam do portão norte da
cidade, homens valentes e determinados a proteger o reino. Cinco mil homens partiram de
Khandallar naquele dia, um exército que, de tão grandioso, orgulhava a cidade.

Nenhum deles retornou com vida.

Cidade após cidade, vila após vila, fazenda após fazenda. Tudo ia sendo destruído pelo exército
do Rei em Agonia. Nada resistia a fúria de suas tropas, e os castigos aplicados aos
sobreviventes era ainda pior que a morte sofrida e cruel.
Eles marchavam por vingança, eles marchavam por sangue.

Khandallar organizou novas tropas, e resistiu a primeira onda de ataques. Os inimigos, parados
a apenas alguns dias das muralhas da cidade já dominaram toda a região norte da ilha, as coisas
se equilibraram com combates menores e sabotagens de ambos os lados.
Com a ajuda das outras criaturas não malignas residentes na ilha (alguns anões, elfos, e gigantes
de bom coração) os homens de Khandallar vinham resistindo bem a guerra.

Mas o Rei em Agonia tinha mais uma desagradável surpresa. Não se sabe com que tipo de
criaturas abissais ele manteve contato, mas foi descoberto um plano para evocar a mais vil,
poderosa e brutal criatura que se tem conhecimento: Um Demo-Dragão.

Já sem alternativa, e sem mais aliados, os homens de Khandallar se voltaram para algo
esquecido há muito tempo. O continente. Seus maiores tesouros restantes foram colocados em
um grande barco e enviados em uma missão de socorro para a cidade de Thandara.

O barco partiu a duas semanas, a missão de heróis enviada para tentar impedir o plano de
evocação do Demo-Dragão falhou miseravelmente, e o Rei em Agonia aguarda apenas o correto
alinhamento das estrelas para realizar a evocação.
As esperanças de Khandallar repousam no diminuto barco que navega silenciosamente no
imenso oceano. Os tripulantes seguem com coragem e ousadia, com a certeza de que chegarão
logo ao seu destino.
Até que, certa noite, começou uma tempestade...

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