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Revista da
Rede Gaúcha
de Design
Ano 2

Por que estou na rede?

Banco de Designers

Circuito Gaúcho de Design

Onde está o design?

1º Prêmio Design.RS

1º Seminário Internacional Design.RS

Entrevistas

Simo Sade

Paulo Maldonado

Paulo Secches

Artigo: Fernando Mattos


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Revista da Rede Gaúcha de Design Índice

04 Editorial

05 Por que estou na Rede?


Unisinos: uma instituição que acredita e investe nos
designers brasileiros

06 Banco de Designers
RGD lança ferramenta para facilitar encontro entre
empresas e profisisonais de design

07 Circuito Gaúcho de Design


Ação da RGD já levou a cultura da gestão do design
a quase dois mil empresários

09 Onde está o design?


O design pode estar mais perto do que você imagina

10 1º Prêmio Design.RS
Rede premia empresas que apostam na gestão
do design

13 1º Seminário Internacional Design.RS


Discussão qualificada sobre rumos e tendências
do mercado

14 Vencedores:
Tramontina
Coza
Vinícola Fin
Exatron

20 Entrevista: Simo Sade


Designer finlandês fala sobre usabilidade e
convergência

21 Entrevista: Paulo Secches


Novo consumidor brasileiro determina
tendências de design

22 Entrevista: Paulo Maldonado


Centro Português de Design trabalha como
interface entre indústrias e empresas

25 Artigo
O design a serviço da competitividade brasileira

28 Notas

03
Editorial design.rs

Trabalhar pelo design:


um esforço cotidiano
que traz gratas
surpresas
Na Rede Gaúcha de Design, trabalhamos para realizar o sonho de ver o Rio Grande
do Sul como uma referência em design, mas, sobretudo, buscamos contribuir para que
nossos empresários adotem as práticas da gestão do design em seu dia-a-dia. Para os
desavisados, estas duas metas podem parecer iguais, mas não são.
Hoje, várias empresas gaúchas produzem e exportam design e marca para o mundo
inteiro, agregando valor à produção nacional comercializada no exterior. Por outro lado,
a grande maioria das organizações desconhece que a gestão do design vai desde a
concepção da marca, passa por setores como recursos humanos e produção e, só ao fim
deste processo, culmina em um produto diferenciado.
Ou seja, estamos mais próximos do nosso primeiro objetivo graças à visão de
grandes e pequenos empresários, mas ainda temos muito que trabalhar para atingir nossa
meta maior.
Para chegar lá, a RGD deu um importante passo em 2006, criando o Prêmio
Design.RS. Concebido para reconhecer a gestão do design das empresas gaúchas, o
Prêmio deu a todos os participantes – vencedores e inscritos – um valioso feedback sobre
os seus pontos fortes e fracos nesta área.
Como muitos empresários revelaram, somente a visita dos auditores da RGD e o
relatório entregue ao final da avaliação já valeram a inscrição. Para nós, ver o interesse
destas empresas e poder contribuir para a qualificação da sua atuação mostra que, com
iniciativas como o Circuito Gaúcho de Design (que leva palestras sobre o tema a todo o
Estado), estamos conseguindo difundir o design como um valor estratégico.
Aos vencedores do 1° Prêmio Design.RS – Tramontina, Coza, Vinícola Fin e Exatron
– nossos mais esfuziantes parabéns. Aos auditores, que colaboraram voluntariamente
com a RGD em mais esta empreitada, nosso sincero agradecimento. Aos empresários,
designers, arquitetos, administradores, professores e profissionais das mais diversas áreas
engajados no esforço cotidiano de abrir caminhos, fortificar relações, fazer rever conceitos,
nosso pedido que continuem ao nosso lado. Resultados como os que são apresentados
nesta quarta edição da revista Design.RS mostram que ainda temos muito trabalho pela
frente, mas que gratas surpresas nos esperam atrás de cada porta aberta.

Alexandre Guedes Mussnich


Diretor Técnico da RGD

04
Revista da Rede Gaúcha de Design Por que estou na Rede?

A Unisinos e a visão
estratégica de design

Instituição firma parceria com um dos centros


de pesquisa e formação em design mais
importantes do mundo e consolida a mais nova
escola da área no Estado

Completando 37 anos como uma das maiores identificar e explorar, seja no bairro, seja na cidade, seu
instituições privadas de ensino superior do Brasil, a potencial de desenvolvimento, sempre de maneira
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos - já competitiva, equilibrada e sustentável. Neste sentido, a
diplomou 55 mil profissionais e seu campus, em São equipe da Escola já presta consultoria à prefeitura de São
Leopoldo, reúne hoje perto de 30 mil estudantes nos 51 Leopoldo, ajudando-a a identificar pontos fortes. Também
cursos de graduação e 2 de formação específica, 40 oferece consultoria para empresas da Serra nos setores
especializações, 15 MBAs e 16 programas de pós- de móveis, acessórios e outros. "Com o fortalecimento
graduação, além dos projetos de extensão. Com a da China, as empresas do Vale do Sinos perceberam que
percepção de que o design constitui ferramenta estratégica não podem mais competir no mercado internacional pelo
para o desenvolvimento humano integral e sustentado, preço. Precisam de um diferencial, que pode ser alcançado
em outubro do ano passado, a instituição passou a integrar pelo design", salienta o pró-reitor Acadêmico da Unisinos,
o quadro de associados da Rede Gaúcha de Design e, Pedro Gilberto Gomes.
desde então, vem aperfeiçoando seu mais novo projeto:
a Escola de Design Unisinos, que oferece atividades de Como membro da Rede Gaúcha de Design, a Escola
graduação, pesquisa e pós-graduação, além de serviços de Design Unisinos participará de debates e discussões
de consultoria nas frentes de aplicação do design. na área, apresentando sua visão contemporânea e abrindo
portas para a participação da sociedade. Sua primeira
Projetada em parceria com o POLI.Design, atividade foi um workshop no final de setembro, com
Consorzio del Politecnico di Milano, um dos centros de grandes nomes do design mundial, que desenvolveram
pesquisa e formação em design mais importantes do uma atividade especial a partir do próprio prédio onde
mundo, a Escola foi lançada no início de outubro, em ela será instalada (na Rua Luiz Manoel Gonzaga, nº 744,
Porto Alegre. O objetivo é difundir a visão de que o design junto ao Colégio Anchieta). Em novembro, deve iniciar o
é uma atividade que coordena processos de inovação curso de especialização em Design Estratégico, ministrado
capazes de gerar valor à sociedade. Outra meta é mostrar por professores da Unisinos e do POLI.Design. E, em
que as empresas, através do design, são agentes do março de 2007, começam as aulas da graduação.
desenvolvimento sustentável, projetando soluções que
promovam a redução do consumo irresponsável e da Para a Unisinos o design pode estabelecer
degradação socioambiental. "Não se trata apenas de diálogos sociotécnicos dentro de uma organização,
implementar processos de fabricação menos agressivos. conciliando as diferentes qualidades dos atores
É importante mudar as maneiras de se utilizar cada envolvidos e criando uma convergência de
interesses e conceitos. É só a partir daí que o
objeto", afirma o professor doutor Celso Scaletsky, que
designer dará forma a um sistema integrado de
coordena o curso de graduação da nova instituição.
produtos, serviços, comunicação e experiências.
Para mais informações sobre os cursos de
Um dos focos da Escola é utilizar o design como graduação e especialização, visite
instrumento de valorização do território, buscando www.unisinos.br/design.

05
Ações design.rs

Site da RGD será uma


nova ponte entre
empresas e designers

A RGD oferece, a partir de novembro de 2006, O Banco de Designers vem complementar o projeto
uma nova ferramenta para aproximar o de reformulação do site da RGD, desenvolvido pela Casa
empresariado gaúcho dos melhores profissionais Interativa Gestão Digital e lançado em setembro de 2006.
de design. O novo portal foi projetado para comportar os novos
Encontrar um profissional de design e contratar núcleos de atuação incorporados pela Rede, o maior
seus serviços vai deixar de ser uma tarefa complicada e número de associados e o cardápio de ações de
imprevisível. A partir de outubro de 2006, o site da Rede disseminação da cultura do design junto ao empresariado.
Gaúcha de Design (www.rgd.org.br) oferecerá uma “Os conteúdos foram reorganizados, inclusive a seção de
funcionalidade adicional, o Banco de Designers, que atualidades e notícias, sem alterar, no entanto, a identidade
facilita a busca por profissionais com capacidade de visual e a navegabilidade originais” explica Vinícius Lobato,
agregar valor aos produtos e serviços das mais variadas diretor da Casa Interativa e gerente do projeto de upgrade
empresas e instituições. do site, a principal interface da RGD na Internet.
O novo canal foi concebido para apresentar o
Designer
Como acessar

portfolio de quem deseja mostrar seu talento para o


- Acesse o site www.rgd.org.br/bancodedesigners;
mercado, mas, sobretudo, para aproximar o empresariado - Informe dados básicos de currículo (apresentação,
gaúcho dos melhores profissionais deste mercado. “Nossa experiência, áreas de atuação, principais clientes e
objetivo é fomentar a contratação de designers para todo projetos, além das informações para contato);
- Você pode incluir até dez imagens de trabalhos
tipo de projeto, oferecendo ao contratante uma ferramenta
desenvolvidos, link para seu site pessoal ou corporativo
que facilita a busca pelo profissional mais adequado e, ainda, anexar arquivos em formato .pdf;
através da lógica clássica dos classificados, que é abrir
duas vias de interesse: uma para quem quer vender, outra IMPORTANTE: Seu cadastro pode e deve ser editado
regularmente. Como os três perfis com atualizações
para quem precisa comprar”, diz Alexandre Mussnich,
mais recentes ficam destacados na capa do Banco de
diretor técnico da RGD. Designers, a manutenção de seus dados pode garantir
O acesso ao Banco de Designers é muito simples, a visualização de seu portfolio pelas empresas em
podendo ser feito através de link direto na capa do site. busca de profissionais.
Para fazer uma busca por profissionais de design ou incluir
Empresa
seu portfolio, basta entrar na página inicial, fazer o registro - Acesse o site www.rgd.org.br/bancodedesigners;
(na primeira visita) e depois acessar gratuitamente todas - Preencha o formulário de pesquisa com as indicações
as informações disponíveis. Segundo Alexandre, tanto do que você está buscando (cidade ou especialização
requerida, por exemplo);
prestadores de serviço quanto empresas precisarão
- Com acesso aos resultados da busca, navegue pelos
fornecer um CNPJ no momento da inscrição. “Isto é portfolios apresentados e, se localizar o profissional
necessário para resguardarmos ambas as partes dos riscos que se encaixe nas exigências, estabeleça um contato
do mercado informal”, salienta. direto por telefone, e-mail ou pessoalmente.
A utilização do novo serviço é aberta para todos
IMPORTANTE: O Banco de Designers apenas proporciona
os usuários do site. Até mesmo empresas que não são a exibição de projetos, intermediando a busca pelos
associadas à RGD podem visualizar os currículos e projetos profissionais de design. Todos os passos posteriores,
on-line. A única restrição é a necessidade de como o contato, o detalhamento do briefing e a
negociação de valores, são de inteira responsabilidade
preenchimento do cadastro, que libera o login de acesso,
de profissionais e empresas.
não apenas aos portfolios inscritos, mas também ao
contato com seus autores.

06
Revista da Rede Gaúcha de Design Ações

Circuito Gaúcho de
Design, levando a prática
do design estratégico a
todo o Rio Grande
Dois anos e meio depois de iniciar sua incursão
pelo Estado, em março de 2004, o Circuito
Gaúcho de Design já levou a cultura da gestão
de design a quase dois mil empresários e
estudantes da área. Até o final de setembro
foram 47 encontros que procuraram demonstrar
o valor estratégico de se investir no design
para a conquista de uma posição de destaque
entre os consumidores.

No Circuito, as palestras são especialmente


planejadas a partir da vocação econômica de cada região
do Rio Grande do Sul, assim, o formato contempla os
interesses de todas as matrizes produtivas gaúchas. Na
região metropolitana, por exemplo, um dos focos é a
indústria calçadista; na serra, as atenções se voltam às
produções vinícola, moveleira e têxtil; na fronteira, prioriza-
se o agronegócio; e assim por diante.
"Praticamente todas as regiões já receberam o
Circuito, sempre com platéia lotada, todos atentos às dicas
áreas de maquinário e de equipamentos que garantam
fornecidas pelos consultores do Sebrae-RS especialmente
maior conforto, proteção e segurança ao produtor rural
selecionados para cada rodada", contabiliza Maurício
- como calçados e vestuário adaptados ao ambiente
Andrade, gestor da RGD. Ele revela que o noroeste do
externo - constituem bons terrenos para as soluções
Estado, onde está localizada a chamada região da
trazidas pelo design.
produção, é o local menos visitado pelo projeto - "talvez
Para agendar uma etapa do Circuito Gaúcho de
porque haja uma dificuldade natural em identificar, no
Design em sua cidade ou obter informações detalhadas
setor primário, as brechas nas quais o design possa ser
sobre o projeto, basta entrar em contato com a RGD pelo
aplicado com mais vantagens", cogita, lembrando que as
fone (51) 3029 8298 ou pelo e-mail rgd@rgd.org.br. A partir
da solicitação, o prazo para a realização do encontro com
o público local é de uma semana. Apesar da rapidez,
Maurício avisa que é sempre bom reservar a data com
pelo menos 15 dias de antecedência, para garantir a
disponibilidade dos consultores. Cada rodada do Circuito
é gratuita e dura, em média, uma hora - com direito a
exibição de cases que traduzem na prática as vantagens
de apostar na gestão do design. A divulgação da palestra
corre por conta da entidade solicitante e ela pode ocorrer
isoladamente ou como parte da sua programação oficial.

07
Onde está o design? design.rs

Muitas vezes o sucesso de uma empresa


é viabilizado pelo uso estratégico do
design. O emprego racional e coerente
desta ferramenta pode representar o
sucesso de um novo produto ou até
mesmo no reposicionamento de uma
marca. Veja onde está o design.

Em um presente
Criada há sete anos, em Porto Alegre, a CasaFlor não pára
de colecionar bons resultados. A floricultura, que se
diferencia pelos arranjos inéditos e exclusivos e pelos
investimentos na comunicação visual, deve abrir mais
dois quisques em shoppings de São Paulo ainda em 2006
e tem pedidos de franquias até para Nova York. “Isto tudo
é fruto do uso do design em nosso trabalho”, explica
Suzana Sirotsky Melzer, fundadora da CasaFlor e designer
responsável pelas mais de 800 criações exclusivas da loja.

Em fios e linhas
Com auxilio do Sebrae-RS, um grupo de 32 artesãs de São
Borja (RS) está tendo um primeiro contato com a gestão
do design. Com coordenação do designer Eduardo Du
Pasquier, especializado na área têxtil, o grupo Mãos
Urbanas está lançando sua primeira coleção de bijuterias
feitas com pontos de crochê e tricô e escamas de peixe.
Referências locais como a indumentária gaúcha, o ipê
roxo e a casa do joão-de-barro serviram de inspiração às
peças destinadas ao mercado nacional e também à
exportação.

Aliado à tradição
Os 60 anos de história da Saccaro mostram que investir
em design não é coisa nova. A empresa que começou
produzindo cestas de vime e empalhando garrafões de
vinho, logo se posicionou como uma das mais inovadoras
fabricantes de móveis do país. Hoje, os produtos da
empresa, que unem design, tecnologia e toques de
artesanato, são vendidos em mais 50 lojas, em 20 países,
em todos os cinco continentes.

08
Revista da Rede Gaúcha de Design Onde está o design?

Unindo utilidade e beleza


O mercado de utilidades domésticas é um dos que mais
se utilizam do serviço de designers. Estes profissionais
levam inovações para o gerenciamento da produção e
principalmente para os produtos finais, que nos últimos
tempos ganharam ares de obras de arte. Um exemplo
desta parceria vencedora é a Forma Inox, que mantém
um calendário anual de lançamentos baseados nas
criações de estúdios de design nacionais e internacionais.

Na dificuldade
A indústria suíça é um bom exemplo de como usar o
design como diferencial estratégico. O país, que não
conta com recursos naturais próprios, tem uma economia
totalmente voltada para a exportação de bens com alto
grau de valor agregado, obtidos através de maciços
investimentos em design, produção e marketing. Sem
poder competir no campo da produção em massa, os
empresários suíços optaram por oferecer aos
consumidores de todo o mundo produtos como os relógios
Swatch e os canivetes Wenger.

Na sua próxima viagem


A Comil, montadora de carrocerias para o transporte
coletivo de Erechim (RS), está lançando a Campione, sua
nova linha de ônibus. São três modelos - 25, 45 e 65 -,
todos concebidos pelo designer Bernardo Vallera
Mascarenhas. O projeto, desenvolvido com foco no
conforto dos passageiros, apresenta corredor mais amplo,
resultado do aproveitamento mais racional do design das
poltronas, e a porta de acesso mais larga da categoria.
Para o motorista, o cockpit foi projetado ergonomicamente,
permitindo um ajuste mais confortável do assento.

Na borracha
A Mercur, que completou 82 anos em 2006, apresenta
uma linha exclusiva de produtos para tratamento,
prevenção e preservação da saúde e do bem-estar. O
investimento na Tecnologia Assistiva, da unidade Body
Care, resultou em muletas, barras de apoio, andadores e
bengalas que unem resistência, segurança, conforto e
anatomia. O principal destaque da linha são os dois
modelos de andador: fixo e articulado. Ambos são
dobráveis, tornando mais fácil tanto o transporte como o
armazenamento.

09
1º Prêmio Design.RS design.rs

Empresas que apostam na gestão do


design ganham reconhecimento inédito
Tramontina e Coza são as grandes
vencedoras da primeira edição do
Dudu Leal
prêmio criado pela RGD pra destacar
a excelência na gestão do design.
Exatron e Vinícola Fin mereceram
menções honrosas.

A Fita de Moebius, escolhida para ilustrar o 1º


Prêmio Design.RS e dar forma ao troféu entregue a seus
vencedores, incorpora mais do que a clássica figura
matemática do infinito: ela representa o processo de
aprendizado da cultura do design, um conceito inovador
difundido pela RGD desde sua criação, e que já dá mostras
claras de haver sido compreendido e absorvido pelo
empresariado gaúcho. Pelo menos é esta a impressão
recolhida entre todos que participaram da primeira edição mecanismo pontual, mas metodológico, processual", “Design não significa
a inserção de uma
do Prêmio Design.RS, concebido para destacar as explica Carlos Trein, diretor-geral da Rede Gaúcha de nova variável no dia-
a-dia da empresa. O
corporações que utilizam a gestão do design como uma Design. Cada organização podia inscrever um projeto de design permeia todas
ação estratégica capaz de aumentar a competitividade, design gráfico ou de produto. No entanto, não seria ele as ações qualificado-
ras, e a RGD trabalha
incrementar resultados e, por fim, contribuir para o o objeto da avaliação, mas sim todo o processo de gestão para disseminar esta
idéia”, disse Susana
desenvolvimento integral da sociedade. Um processo do design no âmbito das linhas de produção. Kakuta, presidente da
contínuo, portanto. Quatro empresas gaúchas foram distinguidas na Rede Gaúcha de
Design
"Trata-se de uma iniciativa inédita. No Brasil e no cerimônia de entrega do 1º Prêmio Design.RS, realizada
exterior há vários prêmios que avaliam produtos e serviços durante o 1° Seminário Internacional Design.RS, no dia
de maneira isolada. A RGD quis instituir uma distinção 20 de junho, na sede da Fiergs, em Porto Alegre - a
diferente, que valorizasse o design não como um Tramontina, de Carlos Barbosa, na categoria Indústria; a
caxiense Coza, na categoria Pequena Indústria; mais as
Dudu Leal
menções honrosas concedidas à Exatron, de Porto Alegre,
e à Vinícola Fin, de Ijuí. Mas não foram só elas que saíram
ganhando. Todas empresas inscritas no Design.RS foram
brindadas com relatórios exclusivos, elaborados pela
equipe que auditou as informações fornecidas no
momento da inscrição. "Como o objetivo do Prêmio é
fomentar a ferramenta de gestão do design, nada mais
natural que entregar a cada empresa uma radiografia fiel
do status desse processo em seu ambiente produtivo", Foto ao lado: Simo
justifica Maurício Andrade, gestor da RGD. Sade (E) entrega
troféu para Gustavo
A missão de auditar as participantes coube a um DeMartini, supervisor
de engenharia da
time de 18 profissionais do design, todos voluntários Tramontina, premiada
indicados pelas instituições associadas à RGD. Eles na categoria Indústria
de Médio e Grande
receberam treinamento especial, a fim de dominarem Porte

10
Revista da Rede Gaúcha de Design 1º Prêmio Design.RS

Dudu Leal
Lemos, indicado como auditor pelo Sebrae-RS. Ele conta
que pôde perceber, durante suas visitas, que tanto
funcionários como executivos já demonstram uma visão
muito clara sobre a importância do papel desempenhado
pelo design nas linhas de produção. "Aquela imagem de
um design meramente estético pouco a pouco vai se
desvanecendo, para dar lugar a uma cultura que aplica
essa ferramenta na eliminação de custos, no ganho de
tempo e na diferenciação diante dos consumidores",
relata.
Parte dessa mudança de perspectiva deve-se à
tarefa assumida pela RGD de disseminar a cultura do
design entre o empresariado no Rio Grande do Sul. É por
esse viés que Carlos Trein avalia a grande receptividade
Norberto Bozzetti, todos os preceitos da correta gestão do design, e, munidos ao Prêmio Design.RS. "A distinção é a ação master da
presidente da
Apdesign (C), entrega das fichas de auto-avaliação preenchidas pelas empresas, Rede, que veio coroar nossas iniciativas básicas, como o
certificado de Menção visitaram individualmente cada uma delas. Lá, ao lado do
Honrosa para Eliana e
site, a revista e as etapas do Circuito Gaúcho de Design.
Jorge Fin, da Vinícola responsável pelas informações, conferiram um por um Nunca se falou tanto em gestão do design por aqui como
Fin
os 12 itens constantes dos questionários de inscrição. nos últimos anos. O empresário começa a entender que
Quesitos como posicionamento institucional e construção é importante dominar esse mecanismo de segmentação",
de marcas, identidade visual, registro de patentes, confirma o dirigente, sublinhando que se não houver
planejamento de projetos, contratação de profissionais, diferenciais na produção gaúcha, a concorrência vai fixar-
estabelecimento de métodos, hierarquia das informações, se somente no aspecto do preço. "Se for assim, sempre
controles relativos ao meio-ambiente, resultados, canais existirão outros produtos, os importados, por exemplo,
de comunicação com o cliente e acompanhamento da que oferecem melhores condições de competição", alerta
concorrência mereceram, cada um, pontuações que eram Trein.
somadas no final do levantamento. Dali, os relatórios
Dudu Leal
foram encaminhados à comissão julgadora - constituída
por quatro especialistas em design -, que avaliou cada
case, definindo, por fim, os vencedores.

Maturidade
potencializando resultados
No total, desde o final do período de inscrições
até a entrega do Prêmio, foram dois meses de muito
trabalho e gratas surpresas. "Chamou muito a atenção a
Foto ao lado: Régis
Haubert, da Exatron, maturidade com que o empresário gaúcho lida com o
recebe o certificado
de Menção Honrosa de design. Foi fantástico poder ver de perto como esse
Susana Kakuta, processo estratégico potencializa resultados", atesta o
presidente
da RGD consultor de design gráfico e marketing Ricardo Felipe

11
1º Prêmio Design.RS design.rs

Dudu Leal

Foi exatamente para ajudar a evitar a concorrência


predatória sobre a produção local, que a RGD trouxe para
si a responsabilidade de difundir alternativas junto ao
empresariado gaúcho. E um dos motivos pelos quais a
Rede instituiu o Prêmio Design.RS foi a divulgação de
uma pesquisa encomendada pelo Sebrae-RS, no final de
2004, ao Instituto Fecomércio de Pesquisa. No estudo,
realizado com 936 micro e pequenas empresas dos ramos
industrial e de serviços, constatou-se que 40,3% delas
utilizam o design. Destas, 87,7% obtiveram aumento nas
vendas, 86,4% no faturamento, 76,9% na lucratividade e
71,9% na produtividade. "São números expressivos, que
apontaram a necessidade de instituirmos uma forma de
reconhecimento à valorização do design no Estado",
explica Maurício Andrade. Cristina Zatti, da
Coza, recebe de Paulo
Com o sucesso da primeira edição, o 2º Prêmio Maldonado o troféu na
Design.RS já está confirmado para 2007. A intenção é categoria Indústria de
Médio e Pequeno
destacar as amostras mais eloqüentes da correta gestão Porte
do design a cada ano, sempre entregando às empresas
inscritas uma avaliação final que possibilite qualificar ainda
mais e até implementar suas próprias dinâmicas de projeto
e monitoramento de resultados. Durante o próximo ano,
a RGD vai trabalhar no ajuste fino dos instrumentos de
avaliação, processo que foi iniciado antes mesmo de
serem divulgados os vencedores deste ano: tão logo foi
concluída a etapa de auditoria, seus agentes estiveram
reunidos para analisar e depurar os mecanismos de
avaliação do Prêmio. Janete Hanich, auditora voluntária
que atuou representando o Senai, resume
categoricamente o espírito para as próximas edições: "Se
for convidada a colaborar novamente, aceitarei o convite
sem pestanejar. Aprendi demais com o trabalho e tenho
certeza de que nossa economia e nosso mercado, depois
dessa iniciativa da RGD, tendem a se desenvolver com
muito mais qualidade e produtividade". A gestão do design
é mesmo um processo de aprendizado infinito. Como a
Fita de Moebius.

12
Revista da Rede Gaúcha de Design 1º Seminário Design.RS

Evento reúne 600


profissionais e
empresários para
discutir rumos do design
1º Seminário Internacional Design.RS contou Paulo Maldonado apresentou o funcionamento
com palestras internacionais e foi o palco da do Centro Português de Design, instituição que guarda
cerimônia de premiação do 1º Prêmio Design.RS fortes semelhanças com a estrutura e os objetivos da
Rede Gaúcha de Design. Ele mostrou alguns dos últimos
Organizado para abrilhantar ainda mais a entrega projetos e ações implementados em seu país. Segundo
do 1º Prêmio Design.RS, o 1° Seminário Internacional ele, Portugal ainda tem um longo caminho a percorrer
Design.RS cumpriu seu papel com méritos, transformando- na busca pelo “design nacional”, mas projetos como o
se no maior evento de design já realizado no Rio Grande Design Mais, que alia designers recém-formados a
do Sul. Mais de 600 pessoas prestigiaram a tarde de empresas locais, estão mudando e muito este cenário.
palestras realizada na Fiergs, no dia 20 de junho de 2006,
Confira a entrevista com Paulo Maldonado na página 22
ouvindo e discutindo sobre os novos rumos do design
mundial. Paulo Secches mostrou aos presentes porque o
Com a participação do diretor da Interscience Brasil, mercado brasileiro está pronto para consumir e investir
Paulo Secches, do coordenador de usabilidade da em design. Secches deixou claro que o novo perfil da
Etnoteam, o finlandês Simo Sade, e do consultor do Centro população brasileira (mais maduro, escolarizado e atuante
Português de Design, Paulo Maldonado, o evento era no mercado de trabalho) é o grande indicador deste
direcionado a empresários e profissionais de design, momento. “O único problema agora é que o brasileiro
interessados em saber mais sobre temas como design e tem cabeça de consumidor suíço e bolso de consumidor
inovação, funcionalidade e usabilidade de produtos e os boliviano. A empresa que conseguir unir estas duas
rumos do mercado e do consumidor brasileiro. realidades, ou seja, oferecer bons produtos, bom design
Dudu Leal
e preços compatíveis com nossa realidade, certamente
fará sucesso”, afirmou ele.
Confira a entrevista com Paulo Secches na página 21

O finlandês Simo Säde, designer industrial e gerente


de Usabilidade e Experiência do Usuário da Etnoteam
Finland, deu uma verdadeira aula sobre as necessidades
e prioridades na área de interface de usuário e engenharia
de usabilidade. Ele falou sobre o processo de trabalho de
um designer de interface, soluções simples (como testes
de interface em protótipos de papel) e soluções complexas
para um problema tão velho quanto a primeira invenção
do homem: fazer um produto não apenas útil, mas usável.
Confira a entrevista com Simo Säde na página 20

Palestrantes
renomados e temas
relevantes no maior
evento de design já
realizado no Estado

13
1º Prêmio Design.RS: Cases design.rs

TRAMONTINA
Na empresa de Carlos
Barbosa, design faz parte do
planejamento estratégico

Vai longe o tempo em que a empresa fundada - Chile, Colômbia, México, Estados Unidos e Alemanha -
pelo filho de imigrantes italianos Valentim Tramontina e três escritórios de vendas - Peru, França e Emirados
fabricava facas de cabo de chifre com design reproduzido Árabes.
de exemplares europeus. O ano era 1932 e a pequena Uma estrutura desse porte seria insustentável sem
ferraria aberta 21 anos antes em Carlos Barbosa (então uma gestão de design eficiente e cuidadosamente
distrito de Garibaldi, na serra gaúcha), tinha entre suas planejada. Por isso, os projetos da área funcionam como
tarefas recuperar estes utensílios danificados durante um a linha de frente da estratégia operacional da Tramontina.
incêndio no prédio de seu importador. De lá pra cá, muita "Investimos permanentemente na elaboração de novos
coisa mudou. A começar pelo investimento em design, produtos e embalagens, na conquista de clientes e no
que terminou por fazer a marca Tramontina ser conhecida aprimoramento dos processos de produção e distribuição.
nos quatro cantos do mundo. Também estamos presentes em diversos tipos de mídia
E foi justamente essa preocupação institucional nos países que recebem a nossa marca", esclarece Clovis
que conduziu a empresa ao posto de vencedora do 1º Tramontina.
Prêmio Design.RS na categoria Indústria. O produto inscrito Até o final dos anos 90, a Tramontina fazia parte
foi um cortador de grama elétrico de linhas arredondadas do universo doméstico como sinônimo de panelas e
e funcionais. Mas, na verdade, a distinção premiou os talheres. A partir dali, ganhou força a idéia de diversificar
processos de gestão de design praticados na Tramontina, o mix de produtos para inaugurar e, em alguns casos,
responsáveis, segundo o atual presidente da companhia, ampliar a participação da companhia em outros mercados
Clovis Tramontina, neto de Valentim, pelo crescimento do afins. O empresário, então, aproveitou a infra-estrutura
negócio nas últimas décadas. "O design está presente das plantas que já beneficiavam o plástico e a madeira
em todos os produtos lançados, nas embalagens, nos utilizados nos cabos dos talheres para iniciar a produção
materiais de divulgação, nos detalhes operacionais, no de utensílios de madeira e uma linha de móveis para
nosso planejamento estratégico. A prosperidade da piscina e jardim. Foi quando aumentou a demanda por
Tramontina atesta essa aplicação vantajosa", define. design dentro da Tramontina. "Precisávamos desenvolver
O crescimento, de fato, impressiona. Da modesta e manter a identidade visual associada à marca e, também,
oficina de canivetes e facas instalada em 1911 num terreno inovar na apresentação dos produtos, nas embalagens e
alugado, no centro de Carlos Barbosa, a Tramontina passou nos materiais de divulgação", lembra Clovis. Data dessa
a um dos maiores grupos empresariais brasileiros, época o início da parceira com a Zon Design, que hoje
empregando cinco mil funcionários na produção de 16 responde, no formato de terceirização, pela criação dos
mil itens diferentes, entre utilidades domésticas, produtos que levam a marca Tramontina.
ferramentas, móveis e material elétrico. Suas dez unidades Clovis explica que os projetos chegam da Zon já
fabris - oito no Rio Grande do Sul, uma no Pará e outra desenhados e são submetidos a uma equipe interna de
em Pernambuco - produzem, todo mês, 4 milhões de profissionais de engenharia, que atua no desenvolvimento
facas, 14 milhões de talheres de uso diário, outros 4 de cada produto e embalagem, associando os aspectos
milhões de talheres finos, 800 mil chaves de fenda, 260 técnicos necessários. Foi assim com o cortador de grama
mil martelos, 200 mil enxadas, 55 mil pias e cubas de aço de polipropileno inscrito no 1º Prêmio Design.RS, que
inoxidável, 320 mil mesas e cadeiras plásticas e de madeira, combina leveza, aerodinâmica, conforto e eficiência. A
66 mil prateleiras, 15 mil cortadores e aparadores de empresa dispõe, ainda, de uma linha de panelas, facas,
grama, 150 mil caixas de derivação e 200 mil panelas. No utensílios e acessórios - a Tramontina Design Collection
exterior, a Tramontina mantém cinco centros de distribuição - especialmente criada para valorizar as formas e o estilo

14
Revista da Rede Gaúcha de Design 1º Prêmio Design.RS: Cases

contemporâneo dos projetos desenvolvidos por designers


renomados, como Mário Bianchi e os irmãos Edi e Paolo
Ciani, colaboradores do grupo de Carlos Barbosa.

Gestão de marca
A construção da marca Tramontina é um capítulo
à parte na gestão do design. Definida institucionalmente
como um dos maiores patrimônios com o qual a
companhia pode contar, a identidade visual da Tramontina
é levada a sério e devidamente normatizada num manual
específico. Afinal, o mercado reconhece por meio dela
a qualidade Tramontina desde que a primeira logomarca
foi lançada, em meados da década de 50. Desde então,
ela passou por um longo processo de ajustes e
adequações - ganhou e perdeu vinhetas, destacou o 'T'
inicial, resumiu-se à simplicidade dos tipos sem serifa e
incorporou a cor azul até chegar ao formato atual: um
lettering vazado sobre um retângulo com arestas
arredondadas. Tudo para falar diretamente ao consumidor.
E esse cliente tão especial, conforme Clovis, tem
espaços de sobra para manifestar suas impressões acerca
dos produtos Tramontina. "Valorizamos muito as
informações que chegam do mercado, que sempre
podem ser convertidas em correções e novos projetos",
destaca o empresário. No caso da Tramontina, os canais
de comunicação podem ser tanto o Serviço de
Atendimento ao Cliente, que proporciona um contato
direto entre o público e a companhia, como também
a participação em feiras nacionais e internacionais
e, inclusive, as atividades realizadas pelas áreas
de desenvolvimento de produtos e de
vendas.

Divulgação

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1º Prêmio Design.RS: Cases design.rs

COZA
Forma e estilo que
conquistam mercados e
ditam tendências
Letícia Remião
Uma atuação exemplar na gestão de design deu
à Coza Utilidades Plásticas o troféu do 1º Prêmio Design.RS
na categoria Pequena Indústria. A peça inscrita foi um
inovador escorredor de louças que evita o acúmulo de
água, mas a empresa caxiense de artefatos domésticos
se destacou mesmo pelo fato de ter assumido o design
como o grande responsável por seu sucesso. Afinal, com
mais de 20 anos de atuação, a Coza é reconhecida como
sinônimo de vanguarda e lidera nacionalmente o
desempenho em seu segmento, resultado direto da
introdução do conceito de democratização do design -
que agregou valor a uma matéria-prima popular, levando
produtos de plástico aos lares de famílias dos mais
diferentes grupos sociais.
Empregando tecnologia de ponta e sintonizados
com as tendências mundiais, os mais de 100 funcionários
fixos da Coza produzem e comercializam anualmente
cerca de 14 milhões de peças. São mais de cem itens
divididos nas linhas de mesa, banho, organizadores,
escritório, luminárias e decoração. "Lançamos duas
coleções por ano, uma em cada semestre. Se os processos
de design não estivessem em nossa rotina operacional, toda a América Latina. Hoje a Coza também vende pela
isso jamais seria possível", explica a presidente da empresa, internet, com sistema de entregas em todo o Brasil.
Daniela Zatti, que atualmente divide o comando da Coza Para Daniela, a receita de tanto sucesso reside na
com as irmãs Cristina e Manuela, responsáveis, priorização dos projetos de design. "O foco da nossa
respectivamente, pelas áreas de desenvolvimento de gestão forneceu um status diferenciado aos artefatos
produto e de marketing. plásticos e criou um novo mercado, do qual somos líderes",
A história da empresa começou em 1983, quando destaca a empresária. Os números realmente
Rudy Zatti iniciou a produção de saca-rolhas, abridores de surpreendem: de 2001 para cá, a Coza multiplicou suas
garrafa e kits para bar. Quatro anos depois, com a morte vendas por dez. E a estratégia de lançar uma nova coleção
do fundador, a Coza passou a ser comandada por sua a cada semestre proporciona um aumento de até 30%
esposa, Vera, que inaugurou a linha de utilidades no faturamento anual. "Este crescimento é conseqüência
domésticas em acrílico e poliestireno. Em 1995, outra direta do investimento em design", declara Daniela,
mudança: a matéria-prima agora é o polipropileno revelando que ele ocupa posições-chave nos setores de
texturizado, cujas propriedades permitem a melhor criação e engenharia de produto, além da área de
exploração de cores, formatos e aplicações. Naquele comunicação.
momento, a família Zatti começa a investir pesado em Com o design desempenhando papéis de
design, estratégia rapidamente recompensada pelos fundamental importância, seus processos de controle
consumidores. Logo, a produção conquista também o ganham atenção integral na Coza. A primeira escala,
mercado externo, sendo exportada para praticamente explica Daniela, fica exatamente na linha de produção,

16
Revista da Rede Gaúcha de Design 1º Prêmio Design.RS: Cases

com um monitoramento rigoroso da confecção de cada medida para a Coza", esclarece Daniela. De uma maneira
peça, de maneira que cada uma saia da máquina com a ou de outra, a líder do mercado de utilidades plásticas
mesma qualidade prevista no projeto do produto. Depois no Brasil tem como filosofia produtiva privilegiar o desenho,
disso, vêm a embalagem, a logística e chega a hora das o estilo e as cores de suas peças, valorizando aspectos
atenções voltarem-se ao ponto-de-venda. "É lá que como praticidade e versatilidade. Paralelamente, pesquisa
acompanhamos o desempenho de nossos produtos, a o uso criativo do plástico para qualificar sua produção e,
receptividade dos consumidores, fatores determinantes conseqüentemente, atrair uma fatia maior do mercado.
para o sucesso da marca", avalia a presidente da Coza. Também testa outros materiais e possíveis combinações,
Ela conta que as sugestões dos clientes muitas criando novas aplicações aos acessórios plásticos em
vezes pautam a criação de novos utensílios. "Foi assim todos os ambientes da casa. Em síntese, o design dita os
com uma farinheira que lançamos no início deste ano, rumos do empreendimento da família Zatti há pelo menos
um pedido insistente de consumidores das regiões 11 anos.
nordeste e sudeste do País. E também com o escorredor Ao dirigir o foco para a forma de seus produtos, as
de louça que inscrevemos neste 1º Prêmio Design.RS e empresárias tomaram para si a tarefa de mudar o status
que nos abriu as portas para uma posição de destaque dos utensílios de plástico no Brasil. "A atuação comercial
nesta fantástica iniciativa da RGD", enfatiza. A peça, da Coza em grandes redes de varejo conduziu nossa
concebida pelo escritório Bornancini, Petzold & Müller, produção, desde 95 com um grande valor agregado, ao
de Porto Alegre, também rendeu à Coza sua 15ª distinção consumo de massa. A demanda por utilidade com design
no Prêmio Houseware & Gift de Design, transformando- aliada ao desejo por coisas bonitas não corresponde a
a na empresa mais laureada desde que este troféu foi uma exclusividade das elites de nossa sociedade. Ninguém
instituído, em agosto de 2000. No total, os utensílios mais quer o prático sem o belo e poucos querem o belo
caxienses já foram destacados em 23 premiações nacionais sem utilidade", prega a comandante da Coza.
e internacionais, entre elas, a IF Design da Alemanha e
Letícia Remião
o Macef de Milão.
Cristina Zatti cria a maior
parte dos produtos da Coza e
também coordena o Bureau de
Design da companhia, núcleo
que, além do escritório
Bornancini, Petzold & Müller,
conta atualmente com três
equipes de profissionais
nacionalmente consagrados:
Valter Bahcivanji, de São Paulo;
a OD Design, do Rio de Janeiro;
e as designers cariocas Taciana
Silva e Marcela Albuquerque.
"Alguns dos projetos a cargo
desses designers já chegam
prontos. Outros são feitos sob

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1º Prêmio Design.RS: Cases design.rs

VINÍCOLA FIN
A jovem empresa tem o
design como parceiro na
busca pela competitividade
Divulgação
O crescimento decorrente de uma visão atualizada
sobre o papel do design na conquista de novos mercados
garantiu à Vinícola Fin uma das menções honrosas do 1º
Prêmio Design.RS. Sediada às margens da BR 285, no
município de Entre-Ijuís, a 435km de Porto Alegre, a
empresa, criada há quatro anos por Jorge Fin, teve um
incremento de mais de 200% na vendas, depois de apostar
na criação de nova logomarca, rótulos e material de
divulgação para atrair um perfil diferenciado de
consumidores. "Apesar de ainda sermos pequenos,
buscamos no design um forte aliado para competir com
os grandes do setor vinícola no Brasil e no mundo", revela
o empresário.
Jorge conta que, nos primeiros anos, a Fin produzia
basicamente vinhos de mesa, vendidos em garrafões de vinhos e no relacionamento com os clientes".
4,6 e 2 litros, exclusivamente ao mercado local. Ele lembra Por isso, o investimento estratégico na gestão do
que a bebida tinha qualidade, mas não proporcionava design é, depois da qualificação produtiva, a ferramenta
um resultado financeiro suficiente para investimentos no mais importante no esforço para a atração e fixação de
próprio negócio. Participando do programa Rota Missões, novos clientes e a difusão da marca junto ao mercado.
desenvolvido pelo escritório de Santo Ângelo do Serviço "Trabalhamos sempre de olho na evolução e na excelência.
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Rio Grande Seja na produção da melhor matéria-prima, no constante
do Sul (Sebrae/RS) para incentivar o turismo na região, a aprimoramento das embalagens, rótulos e peças de
Vinícola transformou sua identidade visual e decidiu entrar divulgação, na construção de um relacionamento sólido
firme na elaboração de varietais a partir das uvas cabernet e fiel com o consumidor. É na articulação desses aspectos
sauvignon, tannat, merlot, moscatel e ancelotta. que reside nosso grande diferencial", analisa segundo
Com a padronização do design, os vinhos finos, Fin, que é especialista em marketing.
engarrafados em 750ml, passaram a liderar os índices de Para Fin, a coroação dessa filosofia veio com o
vendas na Fin, o que não só dobrou os resultados como reconhecimento da RGD no 1º Prêmio Design.RS. Mas se
também permitiu à empresa cativar compradores noutros a distinção indica que a Vinícola está no rumo certo,
estados brasileiros. Hoje, 70% da comercialização também ajuda a esboçar novos desafios para um futuro
ultrapassam as fronteiras do Rio Grande do Sul. "Nossos próximo. "A partir da avaliação expressa pela auditoria do
vinhos estão em grandes restaurantes e churrascarias de Prêmio, estamos implementando uma política de
Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, planejamento dos projetos de design, constituindo um
Rio de Janeiro, Mato Grosso, Minas Gerais e Bahia", cadastro de clientes para monitorar seu grau de satisfação
comemora Jorge Fin. Ele informa que o custo da produção e, ainda, providenciando o registro de nossas marcas e
é quase o mesmo de antes, o que mudou foi o valor patentes. São ações que vão sustentar e ampliar o
agregado. "Estamos fazendo mais com menos", calcula crescimento que tanto desejávamos - e que foi possível
o empresário, emendando que a Vinícola não alimenta graças à convicção de que o design é um poderoso
grandes pretensões quanto ao volume da produção. organizador e catalisador dos bons resultados", finaliza
"Queremos, sim, ser grandes na qualidade de nossos Jorge Fin.

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Revista da Rede Gaúcha de Design 1º Prêmio Design.RS: Cases

EXATRON
Estratégia que gera
economia, satisfação e
lucratividade

Há oito anos, a Exatron, indústria de componentes


voltados à economia de energia na área de iluminação
e segurança, com sede na zona norte de Porto Alegre,
adotou a gestão do design como ferramenta de
qualificação para a conquista de mercado. A partir dali, pelo designer Orlando Bressa da Cunha, um dos que
instalou-se na empresa, criada em 1984, uma cultura de atende a Exatron, em duas versões de instalação.
valorização desse tipo de projeto, que vem mostrando Conforme o superintendente, sempre que a companhia
resultados comerciais a cada novo exercício. identifica a necessidade de criar novos produtos, são
A mais recente prova do reconhecimento desse envolvidos um consultor externo, um designer de produto
posicionamento estratégico chegou por meio da menção e um engenheiro eletrônico, além de um especialista em
honrosa na primeira edição do Prêmio Design.RS. Para o gestão de marketing. Para os projetos de design gráfico,
diretor-superintendente da Exatron, Régis Haubert, a a Exatron conta com os serviços de uma agência.
distinção superou as expectativas, já que a inscrição na Haubert explica que a operacionalização de cada
premiação tinha como principal objetivo somente avaliar projeto depende da atuação simultânea das áreas de
o grau de evolução da empresa nos processos de gestão engenharia, produção, finanças, design e marketing. As
do design. "Trata-se de um diferencial estratégico no nosso metas são, invariavelmente, economizar tempo e
dia-a-dia, sempre focado em gerar um valor que possa potencializar resultados. "Nosso mix de produtos busca
ser percebido pelo cliente, criar uma identidade para a promover a facilidade e a praticidade de uso e de
marca, racionalizar a produção e promover tanto instalação; a produtividade, com redução de mão-de-obra
usabilidade como facilidade de instalação para o usuário, e insumos; e a sintonia com as tendências
enfatizando a inovação", enumera. contemporâneas do desenho industrial, sempre tendo
O projeto inscrito foi o de um sensor fotoelétrico como diretriz a inovação tecnológica", destaca o diretor,
(equipamento utilizado em ambientes corporativos ou afirmando que a gestão do design hoje faz parte do
residenciais para economizar energia elétrica, já que liga planejamento estratégico da Exatron, sendo monitorada
e desliga a luz a partir da detecção de presença), concebido por meio dos planos de ação.
Os efeitos de tanto cuidado não demoraram a ser
Divulgação percebidos. Haubert lembra que desde 2003 a Exatron é
a marca de sensores de presença mais vendida em todo
o Brasil, conforme pesquisa da revista Eletricidade
Moderna, referência no setor. "Isso se traduz nos 14,2%
do share que temos no mercado", completa. Outros
indicadores positivos são os números de um recente
lançamento da Exatron - o relé fotoelétrico Slim: a fábrica
reduziu os custos de produção em 34% nas peças plásticas
e em 36% na mão-de-obra, ampliando as vendas em 40%.
Resultado: o investimento foi recuperado em prazo recorde
- apenas oito meses. "Aqui na Exatron, o design tem
proporcionado o sucesso num mercado muito competitivo.
Tudo porque nossa linha de produtos atende na medida
exata as exigências daquele que é o nosso maior
patrimônio: o cliente", conclui Haubert.

19
Entrevista design.rs

Dudu Leal

Simo Sade:
“O governo finlandês tem uma política de
apoio ao design”
O finlandês Simo Sade, designer industrial e gerente de
Usabilidade e Experiência do Usuário da Etnoteam Finland,
empresa de serviços do grupo italiano de tecnologia
Etnoteam, esteve em Porto Alegre durante o 1° Seminário
Design.RS. Em entrevista à revista Design.RS, ele falou
sobre a importância de se desenvolver produtos pensando
em como eles serão usados pelos consumidores e afirmou
que o Brasil tem tecnologia de ponta, mas ainda não
consegue ser reconhecido por isso.

Design.RS – O senhor destaca a importância da


multidisciplinaridade da equipe que trabalha com
usabilidade. Como é o grupo que trabalha com o
senhor na Etnoteam?
Simo Sade – É um grupo excelente. São engenheiros,
designers, profissionais de marketing e outros, todos com Design.RS - Até que ponto a convergência dos produtos
objetivos comuns, que tentam entender o que o outro eletrônicos para um produto só é viável?
faz e aprendem com a maneira de trabalhar um do outro. SS – É muito complicado porque os dispositivos se tornam
Todos atuam juntos e cooperam entre si. complexos demais, em vez de se tornarem simples. Então
a tendência não é tudo virar um aparelho só, mas sim os
Design.RS - Qual a diferença entre um projeto que produtos terem diferentes funções, como o acesso à
investiu em usabilidade e outro que não investiu, mas internet, por exemplo. Isso já está acontecendo com os
foi lançado mesmo assim? telefones móveis, que têm cada vez mais funcionalidades
SS – Há estudos que mostram essa diferença, que as diferentes, mas não significa que vamos deixar de usar
vendas foram melhores ou que dinheiro foi economizado. outros produtos com essas mesmas funcionalidades. Em
Quando falamos de software, existem várias maneiras de vez de termos um produto só fazendo tudo, teremos
se obter este tipo de informação, mas em produtos para vários produtos fazendo várias coisas. E isso dará muito
o consumidor isso não é tão simples. O I-pod é um bom trabalho para os profissionais de usabilidade.
exemplo, sabemos que ele tem design e usabilidade,
mas não podemos afirmar que ele é um sucesso de Design.RS - No Brasil ainda existe a cultura de copiar
vendas só por causa disso, existem vários outros fatores o que vem de fora, principalmente os produtos
que influenciam. eletrônicos. Qual a sua sugestão para que o Brasil se
torne um país mais independente nesse sentido,
Design.RS - De uma maneira geral, as empresas que produzindo design e tecnologia próprios?
desenvolvem software o fazem sob o ponto de vista SS – Na Finlândia, o governo apóia as empresas para
do sistema. A evolução para o desenvolvimento sob que elas contratem designers. O governo paga uma parte
o ponto de vista do usuário já aconteceu? Hoje, já se e a empresa paga a outra parte. Isso é uma das coisas
desenvolve sistemas pensando em quem vai usá-lo? que se pode fazer para incentivar que as empresas
SS – Não. Isso está melhorando, mas ainda está longe do desenvolvam design próprio. Outra coisa são campanhas
ideal. para incentivar que se comprem produtos brasileiros,
porque isso é bom para o país e para as pessoas que
Design.RS - Como é possível casar o tempo de mercado vivem aqui. O Brasil é tão grande, se todos pensarem
com o tempo para realizar os estudos e testes de assim a economia vai se beneficiar. Também é importante
usuário? mostrar o lado “high-tech” do Brasil para o mundo. O
SS – Às vezes isso é um problema sério. Já houve casos Brasil é muito conhecido por sua natureza exuberante,
em que nós fizemos os testes em uma semana, mas lindas praias, bom futebol, mas não é conhecido como
normalmente leva meses. Entretanto, é sempre melhor um país com alta tecnologia. É preciso mostrar ao mundo
fazer alguma coisa do que não fazer nada, por menos que aqui também se faz design e produtos com tecnologia
tempo que você tenha. de ponta.
20
Revista da Rede Gaúcha de Design Entrevista

Dudu Leal

Paulo Secches:
“O domínio das tendências de mercado é
matéria-prima básica para o trabalho do
designer”
Paulo Secches, diretor da TNS InterScience, acredita que
utilizar informações sobre mercado e consumo para
subsidiar a tomada de decisões seja condição básica para
o sucesso das empresas. Para ele, um projeto de design
amizade, a honestidade e a garra, que norteiam os
bem sucedido precisa levar em consideração os valores
e a cultura do consumidor-alvo. relacionamentos interpessoais. O senhor acha que
esses valores também devem ser considerados pelas
Design.RS - Como as informações sobre tendências empresas no seu processo de construção de marca?
de mercado e de consumo influenciam no processo PS – Sem dúvida. Fazemos o estudo "As empresas mais
de criação do designer? admiradas do Brasil". A empresa mais admirada nos últimos
Paulo Secches – O designer está sempre à frente do seu anos tem sido a Natura, exatamente por trazer na sua
tempo. Ele trabalha com uma antena ligada no futuro, identidade esses valores.
captando o que as pessoas não conseguem ver hoje.
Logo, o domínio das tendências de mercado e dos Design.RS - E as pessoas também aplicam esses valores
consumidores é matéria-prima básica para o seu trabalho. no seu relacionamento com as marcas?
PS – Totalmente. Foi-se o tempo de avaliar as marcas
Design.RS - Muitas informações estão disponíveis, mas apenas pelos seus atributos racionais. Isto é copiável.
é preciso saber utilizá-las. Existe alguma técnica para
interpretar os dados e torná-los realmente úteis? As Design.RS - Em sua opinião, até que ponto estas
empresas podem fazer isso com meios próprios? características do brasileiro podem determinar um
PS – Isto é o que exatamente as empresas de informação projeto de design? Por exemplo, um projeto inovador
como a InterScience fazem. Isto é um misto de ciência não teria a capacidade de contornar ou até mesmo
e insight, porque o novo não vem através do grande mudar alguns paradigmas?
número: quando 70% dizem que gostam ou não gostam PS – Inovação hoje é justamente incorporar esses valores
disto ou daquilo, é porque isto é o passado. O novo no desenvolvimento de marcas. Isto é o que representaria
aparece através de pequenos números. E é preciso ciência uma quebra de paradigma. Repetir o caminho que está
e alta sensibilidade para ler o novo através de pequenos aí dado é repetir o óbvio.
números, normalmente desprezados.
Design.RS - Na sua palestra o senhor falou que este
Design.RS - O senhor tem clientes que procuram a seria um momento ideal para as empresas investirem
InterScience como forma de subsidiar a tomada de em design. O brasileiro está pronto para investir em
decisão em relação ao desenvolvimento ou lançamento produtos diferenciados ou busca apenas os mesmos
de novos produtos? produtos com uma roupagem mais atrativa?
PS – Freqüentemente. Sempre. PS – O brasileiro e o mundo estão caminhando nesta
direção. Veja o caso dos celulares: o que diferencia um
Design.RS - O senhor acha que esta é uma tendência do outro, features de produto? Não. Esses todos podem
do mercado, de procurar esse tipo de informação para ter. É a identidade com um determinado estilo de ser que
minimizar os prejuízos de um lançamento fracassado? determina o design do produto a ser comprado. Quem
PS – Eu não diria que isto é uma tendência. Isto hoje é melhor se apropria disto hoje é a Motorola com o "moto".
default. Não tem como trabalhar de forma diferente. À
medida que os processos de gestão estão Design.RS - Exemplifique empresas que conseguem
profissionalizados, fundamentar decisões com base em aliar investimento em design e bons resultados com
informações é condição básica. o público.
PS – Motorola e Apple são os exemplos mais óbvios. Mas
Design.RS - Em sua palestra no 1º Seminário os fabricantes asiáticos de automóveis, que durante anos
Internacional Design.RS, o senhor mostrou que o apenas copiaram features de produtos, estão agora dando
brasileiro, em geral, tem como principais valores a uma guinada em direção à inovação no design.

21
Entrevista design.rs

Paulo Maldonado:
“O Brasil deveria começar a
internacionalizar seu design”
O designer português Paulo Maldonado lamenta que a
maioria das empresas ainda não tenha adotado o design
como um diferencial estratégico. Para ele, a maioria das
corporações mantém comportamentos históricos, sem
ter a ousadia de investir para se diferenciar. Tal certeza isto para trás. Mas esta é uma situação que existe em
vem do trabalho de quase 20 anos como consultor do
Portugal e existe na Itália. Até mesmo nos países nórdicos,
Centro Português de Design (CPD), uma entidade similar
à Rede Gaúcha de Design, mas que tem abrangência que são pioneiros no design, este problema ainda é
nacional em seu país. visível. Esta é uma situação transversal, que não é de
agora, e que penso eu que não se resolverá rapidamente.
Design.RS - Vamos começar falando sobre o Centro Em Portugal ou noutro pais qualquer, e eu visito muitos
Português de Design, que guarda várias semelhanças Centros de outros países, as questões colocadas são
com a Rede Gaúcha de Design, mas que é bem maior exatamente as mesmas. Até para as empresas mais
e mais antigo, tendo sido fundado em 1985. Como é interessadas há contradições, o fornecedor típico que
a experiência de trabalho do CPD? gostaríamos que comprasse design às vezes não está
Paulo Maldonado – Bom, a história do CPD sempre foi pronto para este investimento.
muito turbulenta e hoje estamos trabalhando para que
esta turbulência acalme e possamos entender as Design.RS - E por falar em empresas, como a indústria
necessidades da instituição e, obviamente, as necessidades portuguesa se comporta em relação ao investimento
de nosso próprio país. Hoje, nossa atuação se dá no em design?
sentido de promover o entendimento nacional de que o PM – Há situações bem diversas. Há as empresas mais
design é um fator estratégico para Portugal, um país que adiantadas e as mais resistentes. E, como eu disse, muitos
está na Europa, onde há países muito mais adiantados não estão prontos para este investimento. A questão da
em termos de design. E estou falando não apenas da massificação, por exemplo, enfrenta determinados
produção de design de produtos, de serviços, de entraves, já que muitos consumidores não estão
ambientes, mas de design como diferencial estratégico. minimamente interessados em design. Em primeiro lugar,
não há poder de compra. Não quero dizer com isto que
Design.RS - E como o CPD atua para atingir este o design vai encarecer os produtos, mas, às vezes, não
objetivo? é compensador desenvolver determinados tipos de
PM – Basicamente o Centro Português de Design trabalha produtos para massificar
Dudu Leal
como interface entre indústrias e empresas, os designers, quando há outros que
as universidades, tentando criar um ambiente de bem podem entrar em
estar entre todos estes fatores, de forma que o design concorrência direta. E
seja entendido de outra maneira. O CPD não volta sua temos que ter em mente
atenção especificamente para atender a uma área que que uma boa parte de
tem necessidade de design, mas trabalha com o objetivo nosso público ainda não
principal de fazer com que os resultados sejam perceptíveis tem capacidade para
para todos os envolvidos no processo de desenvolvimento diferenciar uns dos outros,
do design. e ter escolha e decisão
sobre isto.
Design.RS - Aqui no Brasil temos ainda uma realidade Design.RS - Em 2006, o
muito específica, na qual muitas empresas, sobretudo CPD esteve presente na
as de menor porte, ainda têm muita dificuldade de mostra de design de
entender a importância do design e, antes disto, até Milão. Isto teve algum
mesmo o que é o design. Portugal já venceu este resultado tangível para o
desafio? Centro?
PM – A superação desta fase é um mito. Existe a fantasia PM – Nós tivemos um
de que outros países, que não Portugal e Brasil, já deixaram feedback escasso sobre os

22
Revista da Rede Gaúcha de Design Entrevista

resultados, já que estávamos em uma situação em que do CPD, de empresas que consideramos centros de
a maior parte do que estava sendo apresentado eram excelência e de consultores competentes. O resultado
protótipos. Além disto, Milão acaba sendo um “mercado” disto são protótipos, que passam por uma seleção feita
faccioso, já que a maioria das pessoas que circula por lá pelos diretores de design do Centro. É uma seleção muito
está ligada à área do design. Ou seja, não apresentamos rígida, há coisas que não são aprovadas e que não passam
peças que pudessem ser adquiridas, nem tivemos contato daí.
com o consumidor comum, que vai poder comentar e
dizer: “este produto é importante, acho que é um bom
produto”. Mas eu entendo que o evento serviu
precisamente para fazer um teste unificado de nossa
“O cenário do design em Portugal está melhor,
atuação em Portugal. Aquele público de pessoas bem
informadas nos deu uma resposta de que estamos indo mas ainda não está bem. Sabemos que sempre
pelo caminho certo. podemos esperar mais da utilização do design.
Este é um trabalho que nunca acaba.”
Design.RS - Indo no caminho certo no desenvolvimento
de produtos ou no trabalho do CPD?
PM – Acredito que estas duas metas andam juntas. A
opinião qualificada, de um público de alto nível crítico, é Design.RS - E como esta opinião é recebida? Afinal ela
um processo importante de triagem no desenvolvimento classifica projetos que envolvem o ego da empresa.
de um produto que é fruto de um planejamento da PM – Essa opinião é muito importante, porque a empresa
empresa, dos consultores do CPD, do estagiário. Ou seja, e o estagiário podem estar bem intencionados, mas não
ao aprovar o produto, ele aprova o formato de trabalho necessariamente certos. O que interessa é que o projeto
que adotamos. esteja bem orientado desde o princípio. Ele precisa estar
bem posicionado, precisa de distribuição e marketing.
Com o Design Mais contemplamos e promovemos o
produto, a embalagem, o catálogo e, eventualmente, a
apresentação da imagem da empresa. Nosso objetivo é
“O Brasil deveria começar a internacionalizar
que as empresas se abram para novas orientações, porque,
seu design. É mais fácil encontrar espaço para apesar de termos empresas portuguesas que se destacam
um nicho de mercado pequeno em um grande em gestão de design, uma grande parte delas tem a
mercado do que o contrário.” tendência cultural de fazer aquilo que sempre fez.

Design.RS - Até onde o Centro Português de Design


interfere no processo da empresa que participa do
Design.RS - Como funciona o projeto Design Mais? Programa? A empresa se abre para que o CPD atue
PM – O projeto Design Mais integra empresas e designers plenamente?
em início de carreira (chamados em Portugal de PM – A atuação do CPD não é uma questão de imposição,
estagiários), acompanhados por consultores do CPD. Eles mas sim de trabalhar junto e deixar claro que o objetivo
trabalham juntos em projetos específicos, idealizados final é o melhor da empresa. Para viabilizar isto, uma de
para ir ao encontro de determinado objetivo, de nossas responsabilidades é fazer com que as empresas
determinada possibilidade de mercado, pensados para se abram, que mudem seu comportamento natural de
responder e funcionar do ponto de vista do sucesso do resistência ao que vem de fora. Porque, mesmo quando
produto. Desde o princípio, existe a orientação e o apoio tomam a iniciativa de participar de um programa como

23
Entrevista design.rs

o Design Mais, elas são fechadas, e é a atuação dos


consultores e dos estagiários que vai fazendo com que
se abram e se tornem cada vez mais suscetíveis a novas
idéias. Também é importante ressaltar que o trabalho não
é voltado para os objetivos do programa, mas sim os da
empresa, seus produtos, suas necessidades. preciso mostrar-se para o mercado global. Por óbvias
questões geográficas a prioridade para o Design Mais é,
Design.RS - Esta é a primeira edição do Projeto? em um primeiro passo, a Península Ibérica e, a seguir, o
PM – Essa foi a primeira edição do Design Mais, mas mercado Europeu.
houve outros projetos que utilizavam fórmulas parecidas.
Antes, tivemos o Jovens Designers, que depois passou a Design.RS - E como você vê a posição brasileira quanto
chamar-se Jovens Designers para as Empresas. O programa ao design?
atual aproveitou algumas das experiências dos programas PM – Quando se fala em escala, esta diferença de visão
anteriores, mas há fatores novos, como a iguala Brasil e Portugal. Eu pelo menos não ouvi falar de
internacionalização. Os outros dois eram focados em uma estratégia voltada para a internacionalização, o País
colocar o designer na empresa, fomentar o mercado de ainda está muito focado no mercado interno. Claro que
trabalho, colocá-los a trabalhar, fazer com que as empresas o Brasil é muito grande. Qualquer empresa que tenha
percebessem a necessidade do design. Este é um 1% do mercado brasileiro tem um potencial enorme. Até
programa que, do ponto de vista da própria evolução do por isto, acredito que a visão não se voltou para fora, mas
nosso trabalho, é um programa muito mais bem resolvido. acho que o Brasil deveria pensar melhor sua estratégia,
Ele não é perfeito, mas foi desenvolvido em cima de erros não pensar exclusivamente em seu território. Ele poderia
e acertos dos trabalhos anteriores e esperamos muito das abrir nichos de mercado na América do Sul e,
edições futuras. principalmente, nos Estados Unidos. Deveria ampliar um
pouco mais seus horizontes, encontrar novos mercados
Design.RS - Nesses 20 anos de CPD o senhor vê e novas oportunidades. É mais fácil encontrar espaço para
mudanças marcantes no cenário do design em um nicho de mercado pequeno em um grande mercado
Portugal? do que o contrário.
PM – O cenário está melhor, mas ainda não está bem.
Mas sabemos que sempre podemos esperar mais da
utilização do design, é um trabalho que nunca acaba.
Hoje, há muita resistência, as coisas custam muito, são
caras e, na hierarquia das prioridades, o design ainda está
no final da lista.
“O CPD trabalha como interface entre as
Design.RS - Mas vocês parecem estar em um estágio indústrias e empresas, os designers, as
mais avançado, de trabalhar para mostrar o design universidades, tentando criar um ambiente de
português para o mundo. É isto mesmo? bem estar entre todos.”
PM – Não estamos em um estágio mais avançado, mas
sim, lidamos com uma realidade diferente. Portugal é um
mercado inexistente para qualquer empresa. É impossível
produzir exclusivamente para nosso mercado interno, é

24
Revista da Rede Gaúcha de Design Artigo

O design a serviço da
competitividade
brasileira
José Fernando Mattos, diretor-presidente do Movimento
Brasil Competitivo (MBC)*

O Movimento Brasil Competitivo (MBC) foi criado por um grupo de lideranças


brasileiras em novembro de 2001 e é reconhecido como uma Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), voltada ao estímulo e ao fomento
do desenvolvimento da sociedade brasaileira. O principal objetivo do MBC é o
de viabilizar projetos que visam o aumento da competitividade das organizações
e da qualidade de vida da população. Seu Conselho Superior é composto por
ministros de Estado e lideranças empresariais e do terceiro setor que possuam
identificação com a causa da competitividade.

O design, para o Movimento Brasil Competitivo, é muito mais do que uma


mera questão estética. Ele determina a competitividade de um produto e é
responsável pelo seu valor agregado e sua conseqüente valorização no mercado.
Bem utilizado, pode ser um aliado de peso à sofisticação da estratégia, como
elemento de diferenciação em mercados cada vez mais competitivos. Cada
produto precisa ser avaliado desde sua concepção até sua distribuição. Da análise
funcional e ergonômica à redução de custos de projeto e produção. É na
diferenciação e na criação de características únicas e singulares que reside a
competitividade dos produtos.

Dessa forma, o design é um fator crítico de sucesso para a competitividade


de empresas e de países, mantendo uma íntima ligação com a inovação, questão
de sobrevivência no mundo dos negócios e num mercado cada vez mais dinâmico
e exigente. No Brasil, o design, além de ser forte elemento de competitividade
empresarial e de valorização de nossos produtos e serviços, fortalece a identidade
brasileira e favorece uma imagem positiva para o País. Graças ao design, diversos
produtos brasileiros receberam prêmios internacionais e muitos foram adotados
no exterior. Nosso País está conquistando o mercado exterior com sua inovação
a serviço da competitividade e com o design sendo o fator de diferenciação.
Estamos avançando em uma série de eventos de inovação, que têm no design
um capítulo importantíssimo, pelo diferencial competitivo que ele proporciona.

Segundo dados da coordenação-geral de Design e Gestão Ambiental do


Departamento de Setores Intensivos em Capital e Tecnologia do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (SDP/MDIC), o design é forte
elemento de competitividade empresarial, em especial para os segmentos
pressionados pela concorrência internacional. É um diferencial estratégico visto

25
Artigo design.rs

que possibilita a otimização no uso de matéria-prima, melhoria nas fases de


projeto e de produção assegurando melhores níveis de satisfação do cliente. O
design é o diferencial que propicia maior valor agregado às exportações,
promovendo a oferta de produtos diferenciados e inovadores, sendo de
fundamental importância para a criação de uma identidade e uma imagem
favorável que agrega valor ao produto nacional.

Estudos realizados pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) indicam


que 75% das empresas que investiram recentemente em design registraram
aumentos em suas vendas, sendo que 41% destas empresas também conseguiram
reduzir os seus custos. Não houve registro de nenhuma empresa que tenha
investido em design de embalagem e que tenha sentido queda nas vendas.
Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), encomendada pela
Associação dos Designers de Produto (ADP), em 2006, aponta que 53% das
empresas do setor utilizam design no projeto de produtos e 87% das empresas
investem em design de produto. No mesmo sentido, nos últimos três anos, 90%
das empresas investiram em novos produtos com design diferenciado. O estudo
também mostra que 68% consideraram que o design tem um impacto favorável
para o aumento da margem de lucro das empresas, tornando-o importante fator.

Dentro desse contexto, a I Bienal Brasileira de Design, iniciativa do Ministério


do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e do MBC, voltou-se para
promover nacional e internacionalmente o design e a identidade da produção
brasileira. A promoção da capacidade inovadora das empresas por meio da
excelência na concepção, projeto e desenvolvimento de produtos é uma das
necessidades do Brasil para aumentar sua competitividade internacional. A Bienal
teve como proposta mobilizar, integrar, informar e dar visibilidade ao público
visitante e às instituições visando ampliar o debate sobre a estratégia design e
como missão destacar e chamar a atenção para as múltiplas contribuições do
design, seus profissionais e empresas fomentadoras, para o desenvolvimento
social, cultural e econômico do Brasil.

A Bienal foi como um fórum privilegiado de conhecimento e de debates


envolvendo vários setores da sociedade brasileira e também a internacional,
contabilizando um total de 35.543 visitantes durante os 42 dias de exposição. A
I Bienal Brasileira de Design proporcionou, além da mostra de design, seminários,
debates, ações educativas e de promoção do design. A Mostra de Design foi
composta por um conjunto de exposições com cerca de 600 peças de design de

26
Revista da Rede Gaúcha de Design Artigo

produto e de comunicação, formando um amplo panorama da produção brasileira


na área. Sediada no espaço da Oca (Parque Ibirapuera/SP), ocupou 8.000 m² e
abordou em sete painéis a riqueza e a diversidade da produção do design
brasileiro, voltando-se tanto para os aspectos históricos da sua formação como
para a contemporaneidade.

Os painéis foram: Nosso Saber Fazer, tratando das raízes culturais brasileiras;
Um Olhar Sobre a História do Design Brasileiro reunindo trabalhos de alguns
expoentes do design nacional; Produção Atual do Design, abordando de modo
abrangente a diversidade da produção contemporânea; Aspectos Tecnológicos,
mostrando a complexidade de determinados projetos e a sofisticação dos meios
empregados na produção; Design Gráfico, exibindo os diversos aspectos da
produção gráfica contemporânea; e Embalagens, apresentando uma síntese rica
da produção nacional. A Mostra de Design da Bienal incluiu, ainda, uma exposição
especial em homenagem à francesa Charlotte Perriand (1903-1999), uma das
figuras mais importantes criadoras do design mundial no século XX, organizada
pelo Centre Georges Pompidou, de Paris.

A I Bienal Brasileira de Design reuniu e divulgou o design produzido no


Brasil, sendo o início de uma caminhada de valorização do trabalho realizado na
área do design, que temos a convicção de que trará resultados concretos para
a competitividade do país. O Movimento Brasil Competitivo aposta neste projeto
como uma de suas plataformas de trabalho no que se refere à inovação. A
exposição não se encerrou nela mesma, mas deu início a um ciclo, que poderá
identificar outros aspectos do design para que ele avance com maior qualidade
e competitividade.

Divulgação
* José Fernando Mattos é engenheiro mecânico e de
Segurança do Trabalho com especialização em Transportes
pela COPPE/RJ. Possui cursos de Gestão pela Qualidade
e Competitividade na JUSE/Japão, Penn State
University/USA e St. John's University/USA. Idealizou e
articulou e criação do Programa Gaúcho de Qualidade e
Produtividade (PGQP), foi juiz do Prêmio Nacional da
Qualidade e é co-autor dos livros “Auto-avaliação, um
caminho para a excelência” (Qualitymark editora, 1994)
e “Cooperar para Competir” (MBC, 2002).

27
Notas design.rs

Rogério Lorenzoni

I Bienal Brasileira de Design


A I Bienal Brasileira de Design, realizada em São Paulo, entre os dias 20 de junho
e 6 de agosto, levou mais de 35 mil visitantes ao espaço Oca, no Parque do
Ibirapuera. Durante os 42 dias da mostra, os visitantes puderam participar de
seminários, debates, ações educativas, além de apreciar 600 peças de design
de produto e de comunicação. O objetivo do evento é difundir e promover o
design brasileiro, colaborando para o desenvolvimento de uma postura mais
consciente e crítica do público frente aos objetos que consome. A Bienal é uma
realização do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
(MDIC) e do Movimento Brasil Competitivo (MBC).

Divulgação

Brasil no iF product design award 2007


O design brasileiro será representado no iF product design award 2007, o Oscar
do design mundial, por 145 projetos. A inscrição em massa é uma iniciativa do
Design Excellence Brazil (apoiado pela APEX-Brasil e MDIC e organizado pela
Câmara Brasil-Alemanha), que garante aos finalistas apoio logístico e financeiro
para participar do prêmio entregue no próximo ano em Hannover, na Alemanha.
As empresas brasileiras já tem história no iF: nos últimos 3 anos, os projetos
canarinhos levaram nada menos que 61 premiações, sendo 4 troféus Silver e 1
Gold. Acompanhe os resultados do iF no site www.debrazil.com.br.
A lixeira automática Sili, projetada pela
Bertussi Designdustrial para a gaúcha

Consultório de Design Máquinas Sazi, foi um dos produtos


premiados no iF 2006
A Rede Gaúcha de Design lançou um serviço inédito: o Consultório de Design.
O objetivo é fornecer orientação e esclarecer as principais dúvidas de empresários
e profissionais sobre temas relacionados à gestão do design, através de
atendimento gratuito e individual. As consultas são realizadas na sede da RGD,
na Universidade Sebrae de Negócios (USEn), na Av. Sertório, 1130, em Porto
Alegre. O agendamento de horário deve ser feito pelo telefone (51) 3029-8298
ou pelo e-mail

Impacto do design na
indústria nacional
A Associação dos Designers do Produto (ADP) está realizando um mapeamento
de dez segmentos da economia considerados como os que mais investem em
design. O objetivo é apurar o impacto do design na indústria nacional. Os setores
automotivo, moveleiro, de utilidades domésticas, eletrodomésticos,
eletroeletrônicos, embalagens e moda estão entre os pesquisados. O levantamento
tem coordenação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e os primeiros resultados
devem ser divulgados no primeiro semestre de 2007. Informações pelo site
www.adp.org.br.

Projeto Essência do Design


A Associação dos Profissionais em Design do RS (Apdesign), com o apoio da
RGD e do Sebrae/RS, está realizando o projeto Essência do Design, que dá às
empresas de micro e pequeno porte do Estado acesso a um diagnóstico gratuito
de sua atuação na gestão do design. As avaliações são feitas por profissionais
experientes, que, durante os meses de outubro, novembro e dezembro de 2006,
vão viajar pelo Rio Grande do Sul para visitar as empresas inscritas, avaliar seus
mercados e concorrência e propor caminhos para fazer do design um diferencial
competitivo. O projeto abrange as especialidades de design gráfico, de produto,
de embalagem e digital. As empresas interessadas podem obter informações
pelo telefone (51) 3029-8298 ou pelo e-mail .

28
Revista da Rede Gaúcha de Design Notas

Index Award 2007


Design to Improve Life
Profissionais de instituições de design do mundo todo que desejam participar
do Index Award 2007 podem se inscrever até o dia 18 de novembro. São
permitidas cinco inscrições por instituição em cada uma das seguintes categorias:
Corpo, Casa, Trabalho, Jogo e Comunidade. A Index é uma organização
internacional que pretende inspirar a criação do novo design e melhorar a vida
de milhares de pessoas em todo o mundo, e seu lema é “design para melhorar
a vida”. Em agosto de 2007, o ganhador de cada categoria receberá 100 mil
euros e os cem mais votados participarão de mostras em Copenhague e
também serão publicados no website Index 2007. Inscrições e outras informações
pelo site http://www.indexaward.dk/2007.

2º Concurso Artefacto de Design


O 2º Concurso Artefacto de Design tem por finalidade promover novos criadores,
investindo no design nacional como meio de expressão cultural e veículo de
inserção no mercado. O objetivo é incentivar e descobrir, editar e veicular o
trabalho de designers brasileiros nas áreas de desenho de mobiliário, iluminação,
vidros, espelhos, objetos e acessórios para casa. Os trabalhos serão julgados
com base em três critérios básicos: conceito e potencial de inovação, viabilidade
técnica e econômica e qualidade estética e material. Os projetos deverão ser
enviados até o dia 31/01/2007. Informações e regulamento no site
www.concursoartefacto.com.br.

VII Projeto Milano


Cultura, Design e Pesquisa em Moda
Estão abertas as inscrições para o VII Projeto Milano, que ocorrerá na segunda
semana de fevereiro de 2007 e visa gerar o conhecimento de cultura de moda
a partir de viagens guiadas por dois centros internacionais no segmento: Milão
(Itália) e Paris (França). O objetivo é capacitar os participantes e permitir o acesso
a modernas metodologias de desenvolvimento de produtos. Na etapa Milão
será abordado o design de moda, cultura e língua italiana. Já na etapa Paris
haverá orientação de uma semióloga com conhecimento de moda, cultura e
língua francesa, além do acompanhamento de uma designer de moda.
Informações pelo site www.projetomilano.pro.br e telefone (43) 3357-2000.

Salão Design Casa Brasil


As inscrições para o Salão Design Casa Brasil - Prêmio Latino-Americano de
Design do Habitat 2007 já estão abertas. Podem concorrer estudantes, profissionais
e indústrias da América Latina e Caribe com produtos criados ou produzidos a
partir de 2005. Os cases premiados em cada uma das nove categorias (acessórios
para banheiro, acessórios para decoração, aparelhos de mesa, cutelaria,
iluminação, móveis, têxtil, utilidades domésticas e miscelânea) serão expostos
na feira Casa Brasil, que ocorrerá de 21 a 25 de agosto de 2007, no Parque de
Eventos de Bento Gonçalves (RS). O prazo para o envio dos projetos se encerra
no dia 20 de abril de 2007. Inscrições pelo site www.salaodesign.com.br.

29
Expediente design.rs

Entidades associadas à RGD

APDESIGN
Associação dos Profissionais em Design do RS

ASSINTECAL
Associação Brasileira de Empresas de Componentes
para Couro, Calçados e Artefatos

Diretoria Executiva Centro Universitário FEEVALE

Presidente Centro Universitário UNIVATES


Susana Maria Kakuta, representante do SEBRAE/RS
COOPARIGS
Diretor Geral Cooperativa dos Artesãos do Rio Grande do Sul Ltda.
Carlos Artur Trein, representante do SENAI - RS
IBTEC
Diretor Técnico Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro,
Alexandre Guedes Müssnich, representante da Calçado e Artefatos
APDESIGN
PUCRS
Diretor Administrativo-Financeiro Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Cleber Cristiano Prodanov, representante da ASPEUR/
FEEVALE SENAI/RS
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do RS
Gestor
Maurício Andrade SEBRAE/RS
Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
do Rio Grande do Sul

UNISINOS
Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

Esta publicação é uma iniciativa da Rede Gaúcha de Design


Av. Sertório, 2131 – Bairro Navegantes
Porto Alegre – RS – Cep 91031-541
Fone: (51) 3029-8298
rgd@rgd.org.br
www.rgd.com.br

Produção Editorial
Doxxa Inteligência em Conteúdo
Jornalista responsável: Gabriela Escobar – Reg. Prof. 12572
Redação: Fernanda Vier, Gabriela Escobar e Maria Emília Aragon
info@doxxa.com.br
www.doxxa.com.br

Projeto gráfico e diagramação


Luís Werlang
www.dsigno.com

Impressão
ANS

É permitida a reprodução parcial do conteúdo, desde que citada a fonte.

30
Leve o Circuito Gaúcho
de Design para a sua cidade!

A entidade empresarial que deseja


levar o Circuito Gaúcho de Design
para a sua cidade deve entrar em
contato com a RGD. A palestra
tem duração de 40 minutos e pode
acontecer dentro de eventos ou
reuniões da própria entidade. O
circuito é totalmente gratuito,
cabendo à entidade a divulgação
junto aos seus associados.

As informações podem ser obtidas


pelo telefone (51)3029.8298, ou
pelo e-mail: rgd@rgd.or.br.

www.rgd.or.br

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