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Revista da Rede Gaúcha de Design Índice

05 Formalização jurídica da RGD


O Rio Grande do Sul foi um dos estados que montou
uma das maiores redes regionais de design

07 RGD circula pelo Rio Grande


Circuito Gaúcho de Design mostra como o investimento
nesta área pode agregar valor aos produtos e tornar
as empresas mais competitivas

08 Cases
Confira histórias de empresas que investiram
em design e agora colhem bons resultados

13 Incentivo ao design
Conheça algumas iniciativas de incentivo
ao design no Brasil

17 Como contratar um
designer?
Saiba tudo o que é preciso saber
na hora de contratar um designer

23 Artigos
Ethel Leon – Design, operação coletiva e de risco
Heloisa Crocco - Topomorfose

03
Editorial design.rs

A importância da
utilização da gestão do
design dentro das
empresas
A atuação da Rede Gaúcha de Design (RGD) vai
muito além de trabalhar, em breve espaço de tempo,
com maior número de parceiros e oferecer a eles as mais
variadas opções que conduzam e impulsionem sua ação
no design a favor da competitividade da pequena empresa.
Sua missão será também debater para onde vai o design
no mundo e, ao mesmo tempo, mostrar como esta
importante ferramenta traz inovação e torna as empresas
mais competitivas. É preciso entender e disseminar o
design como uma importante ferramenta para o aumento
da competitividade das empresas: papel central da RGD.
O uso crescente de metodologias deverá ser
impulsionado através de parcerias estratégicas. Exemplo
disso foi a customização de duas metodologias
reconhecidas internacionalmente, o TRIZ e o DOE,
realizadas pelo Sebrae e Senai-RS, junto a Universidade
Tecnológica de Aachen. Essas duas ferramentas trazem,
além do método sistematizado, a objetividade e consumidor. Empresas que têm profundo conhecimento
aceleração, tão necessárias ao processo de inovação das sobre os consumidores de seus produtos e serviços
empresas brasileiras. Os métodos TRIZ – Teoria Inventiva possuem técnicas adequadas para transmitir novas idéias
de Solução de Problemas e DOE – Design of Experiments, ao seu público de forma rápida, fazendo surgir com
sem dúvida, contribuirão amplamente para levar a gestão rapidez produtos novos no mercado. Num mundo em
do design de forma perene para dentro das empresas. que os consumidores nem sempre conseguem expressar
Também é preciso colocar o design a serviço do claramente seus desejos, as empresas focadas em design
são as mais bem equipadas para competir.
Cabe ainda ressaltar que a RGD foi e é concebida
e estimulada por parceiros que acreditam no design como
forma de aumentar a competitividade do produto brasileiro;
como mecanismo de enfrentamento e participação na
globalização econômica e comercial, e que permite trazer
bem-estar e qualidade de vida aos brasileiros. A experiência
de empresas nacionais demonstra que o design é
determinante na estratégia de mercado, na renovação
de produtos da empresa e, por conseqüência, na
efetivação de resultados. A RGD espera contribuir de
forma importante para que as empresas do Rio Grande
do Sul cresçam e se diferenciem, alavancando assim sua
presença sustentável no mercado nacional e internacional.
Susana Kakuta
Presidente da RGD

04
Revista da Rede Gaúcha de Design Ações

Formalização
jurídica da RGD e
metas de gestão

As entidades trabalham desde 2003 para formatar


a constituição da Rede (com estatuto, regimento,
planejamento estratégico, etc.) e dotá-la com estrutura
para o adequado funcionamento. "Houve várias reuniões,
quando cada detalhe foi discutido até a formalização da
estrutura com Conselho Deliberativo, Presidência, Diretoria
e Conselho Fiscal, além de gestor executivo e Assessoria
de Comunicação", comenta o diretor geral da RGD, Carlos
Artur Trein.

Enfim, pessoa jurídica


"Estávamos criando uma nova entidade. Isto
significa que tudo precisava ser pensado: manutenção,
sede, recursos humanos, etc... Mas, pelo perfil
empreendedor de nossos conselheiros, e com a dedicação
Alexandre Müssnich,
Cleber Prodanov, Em agosto de 2002, o Sebrae nacional lançou de todos, conseguimos equacionar todos os pontos e foi
Suzana Kakuta e possível formalizar a constituição jurídica", explica Maurício
Carlos Trein, diretoria um edital para aplicação em projetos destinados à
da RGD promoção da atividade de design no Brasil. O edital tinha Andrade, gestor da RGD.
o objetivo de criar uma rede nacional formada por redes A Associação Rede Gaúcha de Design é hoje
regionais para auxiliar as micro e pequenas empresas na uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos.
utilização do design para a geração de produtos com Com esta formalização, a RGD pode ser habilitada a uma
qualidade. Assim nasceu a RGD – Rede Gaúcha de Design. série de processos, tais como se tornar elegível para
No Rio Grande do Sul, o trabalho iniciou com as apresentação e execução de projetos com recursos de
entidades signatárias do projeto, ou seja: o Serviço de instituições financiadoras, como Finep, CNPq, Fapergs,
Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do entre outras.
Sul (Sebrae/RS); a Associação dos Profissionais em Design
do Rio Grande do Sul (Apdesign); o Instituto Euvaldo Metas
Lodi/RS, representado pelo Senai-RS; a Associação Pró- A Rede tem por objetivo maior difundir e apoiar
Ensino Superior em Novo Hamburgo (Aspeur), ações em design no Rio Grande do Sul. Trein antecipa
mantenedora do Centro Universitário Feevale; a Pontifícia que a agenda de 2005 já está lotada de atividades que
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs) e a vão ao encontro dessa finalidade: "Nesse sentido, estão
Cooperativa dos Artesãos do Rio Grande do Sul Ltda sendo fortalecidas uma série de ações que já vinham
(Cooparigs). sendo realizadas, como a própria Revista Design.rs,
O Rio Grande do Sul foi um dos Estados que seminários técnicos, o Circuito Gaúcho de Design (palestras
montou uma das maiores redes, com um centro de design interiorizadas com foco em empresas e associações
e seis núcleos: Calçadista, Gráfico, Artesanato, Mobiliário, empresariais), além do planejamento de uma série de
Vestuário e Pedras e Jóias. "A partir daí, começamos o outros eventos e projetos, que em breve poderemos
processo para definir como seria a rede. Foi montado um divulgar".
conselho e a RGD foi formalizada em dezembro de 2004", Além disso, a Rede está definindo formas e
conta o diretor técnico da Rede, Alexandre Müssnich. critérios de ingresso para empresas e profissionais de

05
Ações design.rs

design para o seu próprio banco de dados. Este banco


apresentará o portfólio de profissionais ou empresas, de
acordo com o setor. "É importante mostrar para os
empresários que a estratégia de design é tão importante
quanto a estratégia de marketing para sua empresa. Ele
precisa entender aonde quer chegar e até aonde pode
ir com gestão de design", justifica Müssnich.

têm estratégias extremamente pertinentes ao processo


2005: ano de desafios de design pela sua flexibilidade produtiva. Esta experiência

para a RGD trago da CNI – Confederação Nacional da Indústria, onde


atuei como coordenadora da Unidade de Competitividade
Industrial.
A RGD tem gestão executiva e gerencial de Susana
Kakuta, que concedeu a seguinte entrevista: Design.rs: Qual é a principal necessidade nas
empresas gaúchas com relação ao design dentro
Design.rs: Quais são as propostas e prioridades da do processo produtivo?
Rede Gaúcha de Design para 2005?
S K – Talvez o principal desafio esteja em implementar
Susana Kakuta: Para 2005, a principal meta é consolidar o design, efetivamente, na forma de gestão. O design,
administrativamente a RGD, que, a partir deste ano, fica via de regra, ainda é percebido pelo empreendedor mais
institucionalizada na forma de associação. É um grande pela forma estética ou pela performance do produto do
desafio para uma entidade que sai da situação de receber que efetivamente como parte integrante do projeto. A
apoio via projeto e passa a existir e trabalhar com as gestão acontece quando se aplica o design desde o início,
próprias pernas. O outro grande passo é o engajamento na escolha das matérias-primas, no estudo da
do maior número de parceiros e a busca de soluções da funcionalidade daquele objeto, nas suas características
Rede para o atendimento das empresas. Além disso, a anatômicas e ergonômicas, entre outros requisitos técnicos
RGD deve ser ampla e forte. Pretendemos, ainda neste essenciais.
ano, chegar a um conjunto de 20 parceiros vinculados,
no mínimo. Também vamos lançar aquela que é uma das Design.rs: O que o design agrega ao produto e a
peças chaves da entidade: o Prêmio Design.rs, uma sua relação com o custo?
ferramenta de disseminação do uso da gestão do design
S K – Empresas que investem em design têm capacidade
nas empresas.
muito maior de lançamento de novos produtos do que
Design.rs: Qual a experiência pessoal que a senhora aquelas que não usam essa ferramenta. Outro dado
pretende transferir como presidente da Rede Gaúcha importante é que essas companhias passam a se
de Design? preocupar com outras questões estratégicas, como registro
de marcas e patentes. É bom salientar que o custo de
S K – A de que é possível implementar a gestão do implementação do design dentro de uma empresa é
design, em especial na pequena empresa. Obviamente totalmente absorvido pelo resultado. Além disso,
isso passa por metodologias, por disseminação de corporações que fazem gestão do design se tornam
informação e engajamento empresarial. Mas é potencialmente mais solidificadas para entrar num
perfeitamente possível, até porque as pequenas empresas processo de exportação, por exemplo.

06
Revista da Rede Gaúcha de Design Projetos

RGD circula pelo do consumidor. Porém, o gestor do Balcão Sebrae de


Santa Cruz do Sul, Clóvis Alberto Glesse, ressalta que o
Rio Grande micro e o pequeno empresário sabem que uma
embalagem bem produzida, assim como uma fachada
Circuito Gaúcho de Design mostra como o
bonita, vende mais, atrai mais clientes, mas não
investimento nesta área pode agregar valor aos
despertaram para a importância do investimento no seu
produtos e tornar as empresas mais competitivas
próprio negócio. Com a apresentação de casos práticos
de crescimento na receita, esse quadro tende a se
"As micro e pequenas empresas ainda têm a idéia modificar.
de que design é custo, é caro. Sabem que precisam de O presidente da Associação Comercial e Industrial
um produto diferenciado, mas relutam a investir, de São Luiz Gonzaga, José Grisolia Filho, que levou o
justamente por não conhecerem os grandes benefícios Circuito Gaúcho de Design para 70 empresários da região,
que podem trazer para suas empresas". A constatação é concorda que é necessário mostrar o design como um
da supervisora regional do Sebrae Caxias do Sul, Rosani diferencial competitivo. "Os ouvintes da palestra não
Coelho, cuja opinião é compartilhada por consultores de sabiam definir corretamente o que era design, pois o
todo o Rio Grande do Sul. conceito ainda está amadurecendo na cabeça dos
Para desmistificar essa imagem e disseminar a empresários. Isso prova que o empreendedor não utiliza
cultura do design como diferencial competitivo, a RGD essa ferramenta por falta de conhecimento", conclui.
lançou o Circuito Gaúcho de Design, levando palestras a
diversos municípios do Estado. Desde que iniciou, em
Design na prática
março de 2004, o circuito já atingiu aproximadamente
Um exemplo de empresa que já abriu os olhos
700 empresários nos seguintes municípios: Bento
para este diferencial competitivo é a Indústria de Cuecas
Gonçalves, Carazinho, Caxias do Sul, Encantado,
Janimar, de Caxias do Sul (RS), detentora de quatro marcas
Encruzilhada do Sul, Farroupilha, Flores da Cunha, Guaporé,
de underwear que se diferenciam pelo design: Janimar,
Santa Maria, São Luiz Gonzaga, Taquara, Teutônia e
Skate Kids, Skate Boys e uma nova que será lançada até
Veranópolis.
o final do mês de julho.
Com uma linguagem simples e didática, são
O design está presente desde a criação das
mostrados os passos que a empresa deve dar para se
coleções até o desenvolvimento de embalagens e de
beneficiar dessa ferramenta. Também são apresentados
material de apoio. Para isso, a empresa possui uma equipe
exemplos de criação, que resultam em produtos de maior
interna de trabalho, com estilista e profissionais de
valor agregado, inovadores e com menores custos de
marketing. Cada lançamento é acompanhado pela
produção.
empresa, que através de uma curva de crescimento anual
O Sebrae Caxias do Sul, em parceria com a
pode verificar a aceitação das mudanças no design dos
Associação das Empresas de Pequeno Porte da Região
produtos. A Janimar já exporta para países da América
Nordeste do RS (Microempa), levou a palestra da RGD
Latina há dois anos e agora está em fase inicial de
para a cidade em dezembro de 2004. De acordo com o
exportação para outros continentes.
presidente executivo da Microempa, Ivo de Oliveira Flores,
este foi o primeiro passo para que grande parte das Leve o Circuito Gaúcho de Design
empresas associadas à entidade entrassem em contato para a sua cidade
com o design. "Estamos ainda em fase de disseminação A entidade empresarial que quiser levar o Circuito Gaúcho
de Design para a sua cidade deve entrar em contato
do que é design. Temos que fazer mais eventos nesta com o Balcão ou Escritório Regional do Sebrae/RS. A
área para criar essa cultura na região". palestra tem duração de aproximadamente 40 minutos
Em Encruzilhada do Sul, a atividade foi organizada e pode acontecer dentro de eventos ou reuniões da
própria entidade. O Circuito é totalmente gratuito,
pela Câmara de Dirigentes Lojistas em parceria com o cabendo à entidade a divulgação junto aos seus
Balcão Sebrae de Santa Cruz do Sul. Para o secretário da associados. O público-alvo da RGD são os micro e
pequenos empresários, porém as empresas de médio
CDL, Rodolfo Klafke, parte dos empresários locais já está
e grande porte também são bem-vindas. As informações
ciente da necessidade de investir em design, tornar o podem ser obtidas pelo telefone (51) 3216.5000 ou pelo
produto competitivo e apto a atender às necessidades site www.sebrae-rs.com.br.

07
Cases design.rs

Vêneto jóias
Design brasileiro no mercado
europeu e latino-americano

Transformar pedras em objetos de desejo é a


missão da Vêneto Jóias, de Cotiporã (RS), que sempre
teve o design como um aliado. "Se uma empresa quer
se manter no mercado precisa oferecer produtos
diferenciados, que tenham uma identidade própria. Afinal,
tecnologia e qualidade quase todos os concorrentes têm,
por isso é preciso inovar", constata o representante
comercial da Vêneto Jóias, Roges Luiz Paludo. Para ele,
criar jóias únicas é proporcionar ao cliente a garantia e a
satisfação de estar adquirindo um produto realmente
novo: "Nossas peças são elaboradas por um designer
especializado e não copiadas de outras empresas ou
catálogos".

Como resultado do investimento em itens


exclusivos, a empresa viu as portas do mercado europeu
e latino-americano se abrirem. "O design brasileiro é
bastante reconhecido e aceito no exterior", afirma Paludo. Agata
As novas coleções Collection
E isto é o que agrega valor e impulsiona a entrada em
novos mercados. Jóias criadas com pedras preciosas pouco utilizadas
nesse segmento é a proposta das novas coleções Ágata
Tumbled Jewels Collection e Tumbled Jewels. Os acessórios estão sendo
produzidos em prata 950 com ágatas e pedras roladas.

Direcionada para o mercado interno e também


para o europeu, a Ágata Collection utiliza riquezas minerais
encontradas no Rio Grande do Sul. O resultado são peças
com tonalidades vibrantes e cheias de estilo. O design
arrojado dos pingentes, anéis e brincos permite ao usuário
interagir com as jóias, que podem ser chamadas de anti-
stress. Já a Tumbled Jewels é a primeira coleção de jóias
com pedras roladas do Brasil, entre elas citrino, ametista,
água-marinha, sodalita, quartzo rosa e cristal de rocha.
Utilizadas em sua forma natural, as pedras mantêm suas
características energéticas, sendo um grande atrativo para
o mercado europeu.

Ficha técnica:
Empresa: Vêneto Jóias
Endereço: Rua José Della Páscoa, 147 - Cotiporã - RS
Designer: Celso Dornelles

08
Revista da Rede Gaúcha de Design Cases

EV2 Sportwear
Design que agrada
aos exportadores

Presente no mercado desde 2003, a EV2 Sportwear


vê o design como uma ferramenta essencial para o futuro
da empresa, que fabrica e comercializa roupas para a
prática de esportes. "Sempre tivemos claro que os produtos
dos concorrentes teriam basicamente a mesma tecnologia,
o mesmo preço, o mesmo desempenho e as mesmas
Vera Bucker
características do nosso. O design seria estratégia de
diferenciação e agregação de valor, além da qualidade",
afirma Traudi Stefanello, sócia da EV2, junto com Vera
Bucker.
Com essa visão definida, a empresa buscou a
assessoria de uma equipe de profissionais de design de
vestuário, que já desenvolveu duas coleções para a EV2
e ajudou a firmar a marca no mercado.

Rompendo barreiras
Com representantes em todas as regiões do Brasil,
a EV2 agora parte para a exportação. "As negociações
com o mercado internacional estão em franco andamento,
principalmente nos Estados Unidos, Inglaterra e Portugal",
conta Traudi. Para a empresária, a inovação e a flexibilidade -alvo, a EV2 percebeu que os clientes procuravam algo
de mudanças no design das peças têm colaborado para que fosse diferente das peças básicas e da "cultura da
abrir portas e atender às expectativas dos importadores, cópia", que cria linhas de produtos semelhantes e faz
já que cada país tem suas peculiaridades e preferências. com que todos se vistam da mesma forma. "Com estes
dados em mãos, o design passou a receber atenção ainda
mais especial, e entendemos que com ele iríamos
aumentar a competitividade, criando nichos próprios e
definindo nossa imagem como autêntica", ressalta Traudi.

e materiais para se chegar a um produto que tivesse "cara


própria". A participação das sócias da EV2 durante todo o
processo de criação foi essencial para o sucesso do projeto.

Ficha técnica:
Traudi Stefanello Empresa: EV2 Sportwear
Endereço: Rua Passo da Pátria, 210, Porto Alegre - RS
Designer: Melina Ventre Decker, responsável pelo
Núcleo de Vestuário do Centro de Design da Feevale

09
Cases design.rs

Signor Indústria
de Bolsas
Rumo ao mercado
internacional
Fugir do tradicional. Essa é a proposta da Signor
Indústria de Bolsas, que há 10 anos começou a investir
no design dos produtos. "Queríamos surpreender o nosso
cliente, colocando no ponto de venda algo além do que
ele esperava encontrar", conta Álvaro Signor, sócio-gerente
da empresa. Uma equipe de modelagem foi contratada
para criar modelos diferentes do que já existia no mercado
e competir com os importados.
Em 2000, através do Sebrae, Signor conheceu o
trabalho desenvolvido por profissionais de design de
vestuário, e decidiu fazer uma nova coleção com a
assessoria da entidade. Os produtos impulsionaram as
vendas e o reconhecimento das marcas Viccina e ViClube.
"Mantivemos uma taxa de crescimento de 25% ao ano.
Com certeza, o investimento em design, atrelado à busca
constante pela qualidade, foi responsável por este
percentual tão positivo", afirma Signor.

Pela exigência do mercado, foram


implementados programas de qualidade e a fábrica
ganhou máquinas mais modernas e automatizadas. Os
produtos se tornaram mais competitivos, possibilitando
um reposicionamento no mercado consumidor e
disputando um espaço entre as grandes marcas.

A empresa agora se prepara para atingir um novo


público, participando de um consórcio de exportações
com outras 12 companhias da região. Os catálogos de
produtos já estão sendo apresentados em diversos países.

Ficha técnica:
Empresa: Signor Indústria de Bolsas
Endereço: Av. Expedicionário, 229 - Sarandi – RS
Designer: Leila Curcio Tomedi – Centro de Design da
Feevale

10
Revista da Rede Gaúcha de Design Cases

Canaã Agrícola
Nova identidade
impulsiona vendas

Há cerca de um ano, a Canaã, de Porto Alegre,


que atua com insumos agrícolas, pesticidas e herbicidas,
decidiu investir na reformulação da marca. "Queríamos
algo mais arrojado e moderno, que inovasse a empresa
por completo", lembra a gerente administrativa Márcia
Krampe. Encaminhado à equipe de design gráfico, o
projeto desenvolvido sugeriu, além de uma nova marca,
um novo nome para a empresa, que passou a assinar
Canaã Agrícola. Esta mudança de nome também foi
estratégica, visando melhorar a memorização e a facilidade
de identificação do cliente com o produto. "Agora a nossa
empresa tem maior visibilidade, pois as pessoas olham
as nossas cores ou o logo e já reconhecem a Canaã", a nova marca, dizem que transmite segurança e
constata. credibilidade", diz a gerente. Para ela, essa assimilação
A logomarca inicial – que fazia alusão ao significado do público com a nova identidade da empresa é o fator
da palavra Canaã (terra prometida) e era simbolizada por responsável pelo aumento nas vendas. "Investindo em
um peixe – tinha sido criada pelos próprios sócios da design, mostramos uma visão empreendedora e moderna,
empresa, que, com o tempo, viram que ela não estava e é isso que o cliente quer", afirma Márcia.
trazendo retorno. "Precisávamos de algo mais profissional", Enquanto a identidade era reformulada, a empresa
conta Márcia. também mudou de endereço. A nova marca foi aplicada
A nova comunicação visual da Canaã identifica a em etiquetas, papelaria, adesivagem da frota, fachada da
letra C e as folhas dos milharais, estando mais ligada ao empresa e uniformes, e toda a estética do novo prédio
setor de atuação da empresa. "Os clientes estão elogiando foi baseada nas novas cores.

Ficha técnica:
Empresa: Canaã Agrícola
Endereço: Rua Dr. Roberto Fleischut, 931 - Lajeado - RS
Designer: Carlos Gonçalves Justen, do Senai Artes
Gráficas

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Cases design.rs

Móveis Prescendo
Aposta no design de
produtos próprios

A fábrica de móveis Prescendo, fundada em 1985


na cidade de Nova Prata, passou a se preocupar com o
design dos produtos há cerca de um ano. "O mercado
exige qualidade e inovações constantes, por isso a
necessidade de se buscar alguém capacitado para
desenvolver esse tipo de trabalho, oferecendo soluções
de acordo com o desejo dos clientes", constata Pedro
Prescendo, sócio-gerente da empresa, que se prepara
para lançar a primeira linha própria de móveis no segundo
semestre de 2005. Até então, a Móveis Prescendo só
trabalhava com peças terceirizadas e sob medida.
Ao investir em produtos próprios, com design
diferenciado, a fábrica pretende suprir a carência do
mercado local e também expandir a sua área de atuação.
"Nós ainda não exportamos, mas acredito que um bom
design abrirá portas para novos mercados", afirma
Prescendo.
os clientes desejavam. "Este levantamento mostrou que
O projeto os produtos darão um bom retorno financeiro", constata
Antes de dar início ao projeto, a fábrica reuniu Prescendo. "O consumidor procura itens modernos e
cerca de 30 pessoas, entre fornecedores e consumidores criativos, por isso o design se torna um fator decisivo na
da classe B, para apresentar imagens virtuais da nova hora da compra", completa.
linha de móveis e saber se estavam de acordo com o que Para conceber os móveis, a designer buscou
agregar funcionalidade, beleza estética, além de
praticidade e economia na produção. Uma equipe formada
pelos diretores da Móveis Prescendo acompanhou todo
o processo, aliando o conhecimento prático de produção
ao de inovação e criação da designer.

Ficha técnica:
Empresa: Móveis Prescendo
Endereço: Rua Comendador Roberto Seumidei, 823 –
Vila Lenzi, Nova Prata – RS
Designer: Juliane Dall Agnol – Centro Tecnológico do
Mobiliário/Senai

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Revista da Rede Gaúcha de Design Ações

Iniciativas de incentivo
ao design no Brasil
O Rio Grande do Sul é um dos estados mais ativos na promoção do design, em
especial através das ações da Rede Gaúcha de Design e da Associação dos
Profissionais em Design do RS. Mas esse movimento não é isolado. Existem
diversas atividades sendo desenvolvidas em todo o país

É crescente o número de empresários que têm


apostado na utilização do design em busca de
diferenciação dos seus produtos ou serviços. Isto se deve,
em parte, ao crescimento de iniciativas de incentivo à
atividade em todo o país, que visam divulgar o trabalho
ao público e aos profissionais, demonstrar as vantagens
deste tipo de serviço e propiciar um intercâmbio entre as
diversas regiões.
Umas dessas iniciativas é o Programa Brasileiro
A força das associações
do Design, lançado pelo Governo Federal em 1995, com Em termos locais, além do surgimento de muitas
o objetivo de disseminar e promover a cultura do design escolas de design pelo país, também ganham força as
junto ao setor produtivo nacional. Através do Programa atividades promovidas pelas redes e associações, com
são realizadas ações como a Bienal Brasileira de Design destaque para as regiões Sul, Sudeste e Nordeste.
e Inovação, apoio a prêmios no setor, realização de oficinas Para Geraldo Pougy, coordenador do Centro
e também pela promoção do Concurso Design de Caráter Social. Design Paraná, o desafio agora é de outra ordem. “Os
Outro trabalho importante na conscientização empresários, em especial nas organizações menores, não
das pequenas e médias empresas sobre a importância sabem como proceder para contratar um designer, ou
do design é o do Sebrae. Através do Via Design, a entidade como o profissional pode contribuir com o negócio. E
estruturou, em todo o território nacional, Redes Estaduais essa dificuldade não é compensada pelos designers. Ao
de Design, constituídas por cerca de 100 Núcleos de contrário, boa parte dos recém-formados não sabe como
Apoio ao Design. “Oficinas conduzidas junto ao segmento atender uma empresa e se vê como um criador em busca
de pequenas empresas mostraram, em geral, que a ação do reconhecimento”, avalia. “É nesse nicho que o CDP
do design pode ampliar o faturamento das empresas em atua. Temos programas como o Criação Paraná, que
até 50%”, afirma Paulo Íris, coordenador de Projetos de atendeu 40 empresas na segunda edição, que se encerrou
Inovação Tecnológica e Design do Sebrae nacional. Na em maio de 2005”, conta. Os projetos do Criação Paraná
mesma linha, o Senai possui em torno de 40 núcleos que estão expostos no Shopping Estação, em Curitiba, até 20
auxiliam as indústrias na inclusão de uma gestão do de junho. O Centro já organizou outras iniciativas, como
design em suas estratégias. o “Núcleo de Design do Linhão do Emprego”, voltado a
estudantes, e a “Fábrica do Agricultor”, que apoiou dezenas
de produtores do interior paranaense no desenvolvimento
de rótulos e embalagens para produtos alimentares.
Já o Centro São Paulo de Design promove
seminários, palestras, fóruns e prêmios, sempre buscando
aproximar o designer do pequeno e do médio empresário.
O coordenador da instituição, Newton Ferraz, ressalta
ainda que o Centro funciona como um departamento de
design das empresas, tendo uma base de consultores e
contando com um cadastro de aproximadamente dois
mil profissionais.

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Ações design.rs

Iniciativas de incentivo
ao design no Brasil

Atividades nacionais
Portal Design Brasil
Mais do que um rico canal de informações na web, o
Design Brasil permite o encontro de profissionais,
estudantes, empresários e consumidores. Lançado em
dezembro de 2004, o site traz novidades sobre eventos,
banco de profissionais, ações de incubadoras e orientação
a empresários, entre outros. O endereço é
www.designbrasil.org.br.

Concurso Design de
Caráter Social
Tem como objetivo popularizar o design no mercado
interno e fazê-lo chegar aos segmentos mais carentes da
sociedade. Lançado em dezembro de 2004, é voltado
para estudantes de Instituições de Ensino Superior. Nesta Oficinas de design
primeira edição, serão contempladas duas categorias São promovidas pelo PBD para atender às demandas dos
como objetos de estudo: veículos para coleta de materiais Arranjos Produtivos Locais de confecções, calçados,
recicláveis e mobiliário urbano para municípios históricos. mobiliário e plásticos, com o foco no aumento da
As inscrições podem ser feitas até o dia 12 de agosto de competitividade do setor industrial brasileiro. O projeto
2005, e o edital está publicado no site trabalha com 20 grupos de 15 empresas, com duração de
www.desenvolvimento.gov.br/sitio/sdp/designsocial. dez meses. Um desses grupos iniciou as atividades em
março, atendendo empresas do pólo regional coureiro-
calçadista da cidade gaúcha de Farroupilha. Esta iniciativa
é do Sebrae/RS, em parceria com o Sindicato das Indústrias
de Calçados do município e com o Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (Senai). O investimento do Sebrae
gaúcho previsto para o setor em 2005 é de R$ 13 milhões.
Bienal Brasileira de
Design e Inovação
Será realizada de novembro de 2005 a janeiro de 2006
em São Paulo. A mostra pretende expor os caminhos
seguidos pelo design no país, destacando as principais
iniciativas desenvolvidas e seus resultados.

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Revista da Rede Gaúcha de Design Artesanato

Design e artesanato:
qualidade à vista
O papel do artesanato na sociedade contemporânea está passando por diversas
mudanças. Na edição especial de dezembro de 2003 do periódico holandês do
Fundo Prince Claus para Cultura e Desenvolvimento, um artigo intitulado "The
Future is Handmade" (O Futuro é Feito à Mão) fez um apanhado de ensaios de
autores de várias partes do mundo sobre a sobrevivência e inovação do
artesanato. A publicação afirmava que a história do artesanato é ameaçada
pelas forças políticas, sociais e econômicas, principalmente pelas formas de
produção em massa mais rápidas e baratas, que levam à uniformização

O artesanato é parte importante da cultura


popular e grande catalisador de desenvolvimento. Mas
atualmente, diferente do que se via na riqueza das criações
indígenas ainda não contaminadas pela civilização, nas
carrancas do São Francisco, na arte barroca do século
XVIII, o artesanato brasileiro se resume, na maioria das
vezes, à tentativa de cair no gosto do público turista, que
procura produtos baratos e padronizados.
Exemplos de resultados positivos da interferência
do design no artesanato, na tentativa de aprimorar a
qualidade do material produzido, são vistos na Índia - Artesanato produzido no
onde o governo contrata designers italianos para atuarem Projeto Faber em São Lourenço
do Sul (RS)
junto aos artesãos -, na Tailândia e na própria Itália, -
profissionais de Milão orientam a produção em tradicionais
Experiências de sucesso
comunidades que trabalham com vidro e porcelana. No
O artista plástico José Nemer fez parte da primeira
Brasil, o Sebrae encarou o desafio, elegendo comunidades,
experiência de inserção do design no artesanato brasileiro,
selecionando designers brasileiros capazes de transformar
em Ouro Preto (MG), no final da década de 1980. "Eu
a simplicidade tradicional em peças que possam ser
dirigia o Festival de Inverno da UFMG e convidei Heloísa
introduzidas no mercado.
Equipe do Crocco para enfrentar o desafio de tirar da estagnação o
Projeto Faber
artesanato local e explorar o potencial da pedra sabão.
A experiência foi de tal forma bem sucedida que,
terminada a oficina do Festival, a Universidade Federal
de Ouro Preto encampou o projeto e desenvolveu-o. Isso
significa uma produção de melhor qualidade, mais vendas
e melhoria de vida para quem produz. A Tok & Stok ainda
hoje vende ótimas peças vindas dessa produção", explica
Nemer. Para ele, outra experiência de sucesso é o Mão
Gaúcha, que, nascido de uma iniciativa do Sebrae/RS,
ampliou seus limites produtivos e se consolidou como
um artesanato de boa qualidade.
O artista gráfico Marcelo Drummond Lage, que
também participou de vários experimentos, cursos e
seminários sobre a relação do design com o fazer

15
Artesanato design.rs

artesanal, como o Mão Gaúcha, o Projeto Faber e o


Programa de Artesanato em Rondônia – todos iniciativas
do Sebrae – aposta na responsabilidade das instituições
gerenciadoras do artesanato. "Um bom exemplo é o
Piracema Laboratório de Design, composto por uma
equipe de especialistas pesquisadores, coordenado pela
Heloisa Crocco. Através da parceria com o Sebrae, o
Piracema tem empreendido trabalho de aproximação
entre os mais diversos setores artesanais com a prática
metodológica própria do design, seja ele gráfico ou de
produto. Todo o procedimento aplicado, visa à instauração
de uma via de mão dupla, onde a troca de saberes rege
a rotina de trabalho, sempre contextualizada no processo
de resgate do artefato artesanal, tratado como fenômeno
cultural", elucida Drummond. Artesanato produzido no
Projeto Faber na Quarta
Colônia (RS)
Mantendo a identidade
Drummond pondera que a criação de um sistema aos valores próprios da cultura visual e material brasileira.
de identidade visual para o artesanato requer um trabalho "Somente assim o designer gráfico cumprirá o seu papel
minucioso, onde todas as etapas deverão resguardar as de importante instrumento propulsor e difusor dos valores
especificidades próprias do universo artesanal. "Qualquer estéticos, propiciando a troca e a conseqüente
profissional de design que queira aproximar-se da grandeza sedimentação de um artesanato genuinamente local, de
do fazer artesanal deverá tomar como parâmetro central alta identidade, distanciado das imposições meramente
a seguinte premissa: a invenção e a capacidade do homem mercadológicas do mundo globalizado".
brasileiro", relata. Para Drummond, cada segmento exige Nemer atenta para o equilíbrio necessário entre
soluções gráficas diferenciadas, diretamente relacionadas o design e o artesanato, para que o último não perca
suas características próprias. "É uma questão que deve
ser vista com muita cautela, com muita delicadeza. São
Artesãs do Projeto Faber na dois pólos de uma mesma esfera, que é a cultura de um
Quarta Colônia (RS)
povo. O artesanato tem uma natureza ligada à tradição
do fazer, com conhecimentos técnicos e até visões de
mundo passadas de uma geração à outra. É geralmente
uma atividade de sobrevivência de pessoas, de famílias,
de comunidades. Já o design tem características mais
urbanas, mais conectadas a tendências contemporâneas,
envolvendo redes de produção em escala industrial. São
dois mundos diferentes, mas não divergentes. E uma
aproximação entre eles pode ser altamente benéfica para
os dois, desde que seja feita de forma correta, cada um
dando o que tem de melhor".

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Revista da Rede Gaúcha de Design Destaque

Como contratar
um designer?

Cristina Zatti,
coordenadora do
Cada vez mais empresas de médio e pequeno Bureau de Design
porte estão investindo em design, seja para a elaboração Coza, busca novas
idéias com a
de identidade visual, para o desenvolvimento de um novo terceirização de
serviços
produto ou outros serviços relacionados à marca. Por
causa da complexidade do trabalho em design, que liga
a criação diretamente aos resultados financeiros conhecer a missão, os valores, os benefícios do produto,
pretendidos pelas organizações, contratar um designer a tecnologia empregada na produção, a divulgação, a
pode não ser tarefa das mais fáceis. rede de distribuição e a concorrência direta e indireta.
Os cuidados na contratação de um designer Conforme o designer Carlos Justen, consultor do
começam por um procedimento comum: o empresário Senai-RS, o briefing não pode ter falhas, caso contrário
deve tentar conhecer o trabalho de vários escritórios para, pode haver equívocos na interpretação do material. “É
a partir daí, avaliar o que melhor se encaixa ao perfil preciso levar o cliente à exaustão, fazer tantas reuniões
desejado. Buscar referências, entrevistar os profissionais quantas forem necessárias. Bom briefing significa bom
e verificar o portfólio são ações importantíssimas na hora projeto”, explica.
Paulo Müller, sócio do de tomar uma decisão. Ainda mais porque ajudam a
escritório Bornancini, A opinião é compartilhada pelo designer Paulo
Petzold e Müller. Atua na compreender a dimensão do que precisa ser feito e a ver
Müller, sócio da Bornancini, Petzold e Müller. “O
área de design de o design como um investimento estratégico, ao invés de
produto e é professor na profissional de design deve ser alguém muito atento, pois
Faculdade de Arquitetura um custo extra.
e Urbanismo da Puc-RS, precisa interpretar dados e perceber intenções nem sempre
na cadeira de Design II, Aliás, além do quesito preço – item que expressas, mas essenciais para o produto”.
que aborda a
industrialização do geralmente determina a escolha do profissional ou do
Design. A importância dada pelos designers a esta etapa
escritório – há que se levar em conta toda a metodologia
não é exagerada. É somente assim que pode se
da atividade. Conhecimento, envolvimento e
estabelecer um diagnóstico preciso.
acompanhamento da produção marcam a diferença entre
um serviço sério ou não.
Quando menos é mais
O briefing bem feito evita igualmente uma
Bom briefing, bom projeto
situação que os designers desaprovam: a apresentação
Feita a escolha, firma-se um contrato de prestação de uma série de propostas ao cliente. “Deve-se levar
de serviços (veja box) e tem início um processo minucioso, soluções e não problemas. A pesquisa existe para
mas fundamental: o chamado briefing, ou levantamento sabermos interpretar a vontade do empresário”, pondera
de dados, realizado pelo designer junto ao cliente. Müller.
Esta etapa é assimilativa: o profissional visitará o As múltiplas propostas podem conduzir à perda
José Antônio Verdi, atua cliente e obterá um panorama completo da situação.
há mais de dez anos como
do cliente. Justen exemplifica com o caso de uma rede
designer. Foi presidente Através de conversas e questionários, investigará tudo o bancária que solicitou propostas de reformulação de
da Associação de Jovens
Empresários de Porto que cerca a realidade da empresa contratante, desde a marca a cinco escritórios nacionais. Cada um trouxe seis
Alegre (AJE/POA), sua participação no mercado, os pontos fortes e fracos,
membro do Conselho de
idéias diferentes, e nenhuma agradou. “Nesse meio
Administração do até a visão que o próprio empresário tem do seu negócio. tempo, chegou um escritório norte-americano e passou
Sebrae/RS e presidente
da Associação dos José Antônio Verdi, diretor da Verdi Design, explica que meses produzindo um briefing. Mostrou apenas uma
Profissionais em Design o momento é de “aprender com o cliente”, procurando
do RS (Apdesign)
proposta e venceu a concorrência”, conta.

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Destaque design.rs

“Principalmente no design gráfico, todos querem que está contratando. “O designer é responsável por
dar opiniões. Muitas opções levam a desentendimentos, verificar o resultado do que projetou”, enfatiza. Afinal,
e o resultado pode ser uma colcha de retalhos. O risco confiança também se estabelece na hora da entrega do
é grande”, complementa. O ideal é apresentar uma ou produto final.
duas alternativas, seguindo a mesma linha.
No caso do design de produto, a ação do
“O Brasil ainda não tem uma cultura de profissional também entra no campo de produção
contratação em design. Falta informação. Nas empresas industrial. “Não adianta criar algo que o cliente não terá
existe um falso conceito de que basta um desenho para condições de fabricar. É preciso ver como são as máquinas
resolver as questões. Não conseguem enxergar que o disponíveis, entender de materiais e conversar com os
trabalho é muito mais amplo”, reclama Justen. Os designers responsáveis técnicos”, ressalta Müller. Norberto Bozzetti, da
Bozzetti Design, trabalha
ainda têm que concorrer com profissionais de outras áreas com criação de
Na Coza Utilidades Plásticas, esses cuidados são identidade visual e peças
que, na maior parte das vezes, cobram preços muito
levados ao extremo. Cristina Zatti, sócia-fundadora da gráficas. Atualmente, é
abaixo dos praticado pelos especialistas. presidente da Associação
empresa e coordenadora do Bureau de Design Coza, é dos Profissionais em
Design do RS (Apdesign)
formada em Engenharia Civil e realizou o curso de Injeção
e Moldes Plásticos para aprimorar-se.
Desenvolvendo o projeto
Cores, linhas e formas fazem parte do seu
No processo de desenvolvimento do projeto,
universo tanto quanto a pesquisa, a experimentação e a
que é o design em si, são três as grandes etapas: estudo
observação. Afinal, o foco da empresa está nas pessoas
preliminar, layout e arte-final. Assim como o briefing, a
e seu meio ambiente, fabricando peças multifuncionais
fase de desenvolvimento conta igualmente com a
e decorativas. “Todas as contratações que fizemos deram
participação do empresário. É nessa hora, considera Verdi,
certo. É bom ter um escritório fora da empresa trabalhando
que o cliente se torna “comprador” do serviço de design,
para nós, pois esses designers têm outra visão do mercado
pois ele receberá o estudo praticamente finalizado e o
e sempre trazem idéias diferentes”.
relatório do diagnóstico.

Norberto Bozzetti, presidente da Apdesign e


diretor da Bozzetti Design, adotou um método de Orçamento vale como contrato
apresentação que ele define como equivalente ao
Ponto controverso principalmente para aqueles
utilizado por um advogado de defesa. “Eu faço uma
que nunca contaram com um serviço de design, o
retrospectiva de todo o trabalho, levo o cliente a
orçamento é um capítulo à parte neste tipo de trabalho. Roberto Bastos, gerente
acompanhar o meu raciocínio. Ele normalmente chega de conta do Gad’Design,
Ele serve tanto como um balizador – que especifica tudo trabalha há 10 anos no
às mesmas conclusões, pois consegue enxergar de onde escritório
o que será feito e o que não está incluído – quanto como
saiu cada elemento e se sente mais seguro”, garante.
um contrato propriamente dito, dando garantias para as
partes envolvidas. Assinado pelo contratante, o orçamento
Produção tem valor legal.

O acompanhamento da produção é outro fator "Como não se trata de um contrato formal com
de extrema importância, pois depende do trabalho de todas as suas características, o orçamento, embora sirva
fornecedores. Para Verdi, antes de fechar acordo, o cliente para a contratação desde que com o aceite do interessado,
tem de saber até onde vai o envolvimento do profissional ficará limitado ao que está escrito no mesmo", alerta o

18
Revista da Rede Gaúcha de Design Destaque

advogado empresarial Vitor Scheid, da Scheid, Garcia & ser claras, e a linguagem, formal. Neste documento, deve
Terres Advocacia Corporativa. O documento não possuirá constar a descrição do serviço, como ele será realizado
força executiva: "Se uma das partes se sentir lesada, deverá (investigação, concorrência, conceito, pesquisa de
promover uma ação monitória (procedimento preliminar mercado, ferramentas de trabalho), os honorários do
que visa justamente transformar aquele orçamento num profissional, o prazo de entrega e o que fica de fora deste
título executivo judicial) para só então executá-lo no que pacote, além da validade da proposta. Os valores referentes
se sentiu lesado", esclarece o advogado. à produção que dependem de outros fornecedores são
apresentados separadamente, pois os preços, muitas
No orçamento, há quem prefira expor todos os
vezes atrelados ao dólar, como no caso das gráficas,
detalhes possíveis, e há aqueles que optam por algo mais
Carlos Justen, da podem variar a qualquer momento.
Brighty Design e
objetivo. Nos dois casos, porém, as informações devem
Comunicação, é
consultor em design do
Senai/RS, onde
também ministra aulas
do curso de Design
Gráfico
Formas de contratação Vantagens: para o cliente, compensa pelo volume. Para
de um designer o designer, é uma segurança financeira.

Por projeto Desvantagens: pode acontecer de o designer ter de


realizar diversos projetos e, no final, poucos serem
Forma mais utilizada nos escritórios de design. O cliente
aproveitados. O cliente também não tem uma noção
identifica um problema e procura um profissional para
precisa sobre a aplicação do seu dinheiro nos projetos.
encontrar uma solução. O trabalho pode ser o primeiro
de muitos que ainda virão e, neste caso, deve-se estudar
a melhor alternativa para o cumprimento das tarefas. Um
Por participação
contrato que determine um valor fixo por mês é uma
possibilidade a ser levada em conta. O designer é remunerado através de porcentagem no
lucro da peça que criar. É o conhecido sistema de royalties,
Vantagens: o cliente sabe exatamente pelo que está
amplamente difundido em países como Estados Unidos
pagando. A demanda é mais específica e o trabalho, mais
e Itália, mas raramente utilizado no Brasil, por ser
objetivo.
considerado um contrato de risco.
Desvantagens: o cliente pode sair prejudicado pela falta
Vantagens: se o lucro do cliente for grande, o ganho do
de unidade no caso de um projeto ser feito isoladamente
designer pode ser infinitamente maior. Constitui também
quando haveria um conjunto de elementos a serem
uma tendência crescente, e é uma forma de prestar
desenvolvidos.
serviços para empresas estrangeiras.

Desvantagens: se o cliente não lucrar, o designer sai


Por fee mensal perdendo. Além disso, no Brasil o sistema ainda é visto
É estabelecido um valor fixo por mês e se combina um com desconfiança, o empresário dificilmente estará
certo de número de horas a serem cumpridas pelo disposto a abrir sua contabilidade, o que dificulta ao
designer para atender à demanda do cliente, designer o acesso à informação sobre quanto realmente
independentemente da quantidade de serviço. É mais merece receber. Para que funcione, deve haver uma
comum na contratação por empresas de grande porte. relação de plena confiança entre as partes.

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Destaque design.rs

Recomendações ao designer
Fale com a pessoa certa na hora de obter Não apresente layout ao cliente antes de firmar
informações. Tratar com quem não decide pode levar a contrato, pois é uma atitude de risco e que desvaloriza
uma série de problemas e trabalhos desnecessários. a profissão. Primeiro, porque um cliente pode aproveitar
a idéia do designer e desenvolvê-la com outra pessoa.
Depois, porque o designer não tem garantias de que seu
Cuide a apresentação do material ao cliente. Um trabalho será remunerado.
portifólio feito com capricho pode ser decisivo na hora
da sua contratação. Da mesma forma, a entrega final do
trabalho deve ser impecável. O profissional também deve Evite participar de concursos abertos. Este tipo de
levar ao cliente um relatório das atividades desenvolvidas, concorrência faz com que se pulem etapas – como a do
pois este documento significa a materialização do serviço, briefing, que precisa ser detalhado para uma avaliação
e é usado para construir a memória do designer e da precisa. Um concurso fechado pode trazer soluções mais
empresa. eficazes. A empresa contrataria alguns designers e, após
todo o processo, escolheria um dos trabalhos. Os demais
receberiam uma quantia compensatória.
No contrato, seja claro quanto ao serviço que prestará
e sobre como o cliente efetuará o pagamento. Isto evita
desentendimentos comuns, como o empresário exigir- Sempre firme contrato antes de começar a trabalhar.
lhe trabalhos que não haviam sido combinados, ou o Os honorários podem ser divididos, mas recomenda-se
designer deixar de cumprir algo não expresso no papel. exigir no ato uma primeira parcela que cubra os custos
A objetividade e o detalhamento do que cabe a cada iniciais com pesquisa, telefone, transporte e materiais de
uma das partes é uma garantia para os dois lados, e auxilia escritório. Os valores de terceiros, como gráficas, devem
a estabelecer uma relação de confiança. É igualmente ser repassados separadamente, em um segundo
um indicativo de competência e seriedade. momento, depois de definidas as características do
trabalho do designer.

Entregue uma cópia do briefing ao cliente. Este


material é uma análise detalhada da empresa e pode ser Invista em formação. Há cursos técnicos, de
usado pelo cliente para atividades posteriores. graduação e de pós-graduação na área de design. Este
conhecimento é fundamental para desenvolver um serviço
de qualidade.
Evite apresentar várias sugestões ao cliente. O
empresário quer orientação e não mais uma
responsabilidade. É comum, no final, que todas as opções Seja curioso, acompanhe as publicações, preste
sejam mescladas, desvirtuando o trabalho do designer. atenção ao seu redor.
Permite também que outras pessoas, que não
acompanharam o processo de criação, opinem sem
embasamento suficiente.

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Revista da Rede Gaúcha de Design Destaque

Retorno para empresas


Entre os casos de empresas que investiram em
design e tiveram retorno positivo a partir da contratação
do serviço, destaca-se a ThyssenKrupp Elevadores, com
sede em Guaíba. O desenho da cabina Skyline mereceu
o Prêmio Design Museu da Casa Brasileira, em 1997, e o
modelo hoje inspira outras linhas de elevadores.

O diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da


ThyssenKrupp, Lauro Galdino, explica que há várias
Lauro Galdino, questões a considerar. A produção de um elevador deve
diretor de Pesquisa seguir normas pré-estabelecidas, relacionadas aos aspectos
e Desenvolvimento
da ThyssenKrupp técnicos, e que definem desde os padrões para o
desempenho do equipamento até os requisitos de
segurança. “Por isso, a aplicação do design é um fator
competitivo de primeira grandeza, indispensável e
importante para a empresa ganhar e manter competência
de mercado”, analisa.

Galdino conta que os projetos em design são


desenvolvidos por um designer contratado. Arquitetos
têm a tarefa de integrar a arquitetura ao elevador, e Desse trabalho conjunto surgem idéias para
designers industriais fazem o inverso: avaliam a integração novos produtos como botoeiras e cabinas que se adaptam
do elevador com a arquitetura. às necessidades de cada cliente. “A idéia é oferecer
componentes de interatividade, valorizando os aspectos
funcionais e não somente a estética. A forma cria o
primeiro impacto positivo, mas é a interatividade entre o
homem e a máquina que garante a eficácia do
equipamento”, assegura.

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Artigos design.rs

Design, operação
coletiva e de risco
Ethel Leon*

Luiz Carlos Burti é um empreendedor notável. formal superior, quando é resultado de aliança estratégica
Ele é fundador e proprietário da mais sofisticada gráfica entre empresários, sua base produtiva (que vai de
brasileira, a Gráficos Burti, que detém alta qualidade na engenheiros a técnicos) e designers.
montagem de filmes, na impressão e no acabamento de E é porque tivemos e temos poucos industriais
impressos. O parque industrial da empresa, em com esse perfil, que nossa história de design está repleta
Itaquaquecetuba, mais parece um laboratório, de tão de profissionais que se fizeram empresários. Um deles
asséptico. Suas instalações foram erguidas com base na foi Michel Arnoult que, nos anos 1960, já cansado de
experiência construtiva dos hospitais Sarah Kubitschek, mostrar seus projetos a terceiros, fundou com dois amigos
custaram caro e inovaram de muitas formas. Uma delas a lendária Mobília Contemporânea, uma das primeiras
é o fato de que todos os insumos e equipamentos cadeias de lojas no mundo a vender móveis desmontados
necessários à produção gráfica, que não diretamente as e embalados em caixas, que o comprador podia montar
impressoras, ficam no subsolo, projetado quase como sozinho em casa. O artista plástico e fotógrafo Geraldo
uma segunda fábrica. de Barros foi outro desses visionários: tornou-se membro
O que é que isso tem a ver com design, está de uma cooperativa de produção de móveis, a Unilabor
perguntando o leitor? Tudo. Pois Luiz Carlos Burti, com e, mais tarde, proprietário da Hobjeto.
sua mentalidade empreendedora, capaz de assumir riscos, Mais exemplos? O arquiteto polonês Jorge
é o empresário com que todo designer gosta de trabalhar. Zalszupin, que se associou a marceneiros e fundou a
Os artistas gráficos que, sob seu comando, constróem L’Atelier...Sérgio Rodrigues, que abriu a Oca. Duas gerações
belíssimas peças para brindes ou revistas institucionais, depois, o designer Fernando Jaeger, proprietário da Projetos
não cansam de repetir que com ele dá para sonhar – e & Produtos; Giorgio Giorgi Jr. e Fabio Falanghe com a E27,
realizar – mais alto. Pois bem, certa vez, visitando a gráfica premiada empresa contemporânea de luminárias.
Burti, deparei com uma máquina desligada, longe das Todos esses profissionais fizeram verdadeiras
outras e com conformação diferente das demais. Perguntei peregrinações por fábricas em vários cantos do Brasil,
do que se tratava e Burti respondeu: “Serve para fazer antes de se decidirem pela empreitada empresarial. Esses
rendilhados no papel. Ainda não sei se vou usá-la, mas e outros tantos se viram às voltas com administração,
era tão bonita, que decidi comprá-la.” planilhas de custos, impostos e toda parafernália
Pode parecer coisa de maluco, de empresário burocrática que acomete quem produz no Brasil.
que joga dinheiro pela janela. Mas é sabido que empresas Nos últimos anos, com a formação universitária
que se destacaram no design têm histórias semelhantes. de levas de designers, temos convivido com profissionais
Máquinas costumam ser muito bonitas e seduzem aqueles que constróem pequenas séries de objetos, valendo-se
sensíveis às formas. As lendárias Olivetti, a dinamarquesa da horizontalidade da produção industrial. Quantos deles
Bang Olufsen, são alguns dos exemplos de empresas também não procuraram indústrias oferecendo seus
que souberam arriscar junto com os designers para inovar préstimos para melhorar ou mudar os produtos e, ao
formalmente seus produtos, a partir de uma base técnica ouvirem o vigésimo NÃO, decidiram transformar seus
também renovada, mas principalmente de um projetos em bric-à brac, fabricando pequenas quantidades,
pensamento curioso, de uma vontade de superar-se, de geralmente com baixa tecnologia e batalhando por novos
um amor pelas belas formas, sejam elas obras de arte ou canais de distribuição?
máquinas. Basta examinar com um mínimo de atenção No entanto, dirá o leitor, muitas empresas
os chamados “cases de sucesso” mundiais para perceber brasileiras hoje já investem em design. É verdade. Quem
que o produto inova em design, assegurando qualidade visita as feiras de móveis vê, a cada ano, como melhoram

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Revista da Rede Gaúcha de Design Artigos

o desenho dos móveis e seus acessórios, como puxadores Só quando houver ambiente em que os empresários
e tecidos. Certamente, isso se deveu à abertura do arrisquem e gostem de fazê-lo, porque essa é sua função
mercado brasileiro que, no começo dos anos 1990, fez social; só quando os industriais tiverem, além da vontade
povoaram as lojas de móveis com itens como sofás norte- de lucros, uma vocação de empreendedores, é que
americanos, de forração quentíssima, gosto duvidoso, poderemos ter design autonomamente realizado e,
mas de boa qualidade e preços razoáveis... portanto, brasileiro.
Muitas indústrias, inclusive as de móveis, De nada adianta pintarmos nossos móveis de
pensando nos mercados interno e externo, reagiram, verde e amarelo ou usarmos palhinha nas cadeiras, sob
atualizando-se, tentando aproximar-se dos padrões de a desculpa de que vivemos em clima tropical (esquecendo
qualidade e também dos padrões formais das festejadas que a palhinha vem sendo usada em móveis europeus
indústrias italiana e espanhola. Também a compra de há tanto tempo); de nada adianta pintarmos nossos
fábricas brasileiras por multinacionais teve como tecidos com motivos indígenas ou enfeitarmos um espelho
conseqüência, em alguns casos, uma atualização com plumas, simulando uma pretensa brasilidade que
tecnológica e a adoção de soluções plásticas próximas, não experimentamos na vida social e cotidiana e sairmos
quando não iguais, às das matrizes. Ou ainda, o Brasil foi levantando a bandeira do design interno.
reconhecido como pólo gerador de novos produtos Fazer design é ter projeto e, por mais que todo
destinados à América Latina, a alguns países do Oriente projeto exija, por definição, grande controle de variáveis,
Médio, da Ásia e da África, ele não se realiza sem ousadia, coragem e riscos. Essa
No entanto, não dá para dizer que partilhamos mentalidade ainda está por se realizar nas empresas
qualquer experiência coletiva em que o design, longe de tradicionalmente dedicadas a design, mas desponta em
ser aquele atributo para “estar aí” para igualar-se aos outros setores industriais brasileiros, em exemplos como
outros, tenha sido iniciativa de risco, que aposta em novas o do Luiz Carlos Burti. Se o leitor acha pouco o que contei
formas baseadas em ganhos tecnológicos próprios ou nos primeiros parágrafos, saiba que há 10 anos, o
em preocupações de sustentabilidade social, como empresário se rebelou contra a morosidade das linhas
defende o teórico Tomás Maldonado. Ainda não vivemos telefônicas de então, e criou uma velocíssima rede própria
o design como um fazer ligado às prioridades estratégicas por microondas, instalando uma antena receptora e
do país. difusora na avenida Paulista, coração de São Paulo. O
Estamos ainda brincando de “estar aí”, de sistema foi tão inovador, que a gráfica passou a ter como
acompanhar a moda, as chamadas tendências. O Japão rotina a visita de altos funcionários de empresas de
fez isso depois da II Guerra Mundial: copiou e realizou informática de todo o mundo. Quer mais ainda? Como
engenharia reversa durante muitos anos, até que suas a torre ocupa espaço aéreo público, Burti decidiu que ela
indústrias encontraram rumo próprio e passaram a ser deveria servir de suporte a uma instalação artística. E lá
vistas como modelos de inovação – basta lembrar o estão, há dez anos, os tubos de néon das cores do arco-
exemplar Walkman da Sony e as motocicletas Honda. E íris projetados pelo artista Antonio Peticov, a embelezar
hoje ainda, mesmo depois de anos de crise econômica, a cidade. É desse tipo de grandeza que o design brasileiro
as empresas japonesas são capazes de dar lições ao precisa para deslanchar, venha ela dos empresários ou
mundo. de designers que se tornam empreendedores.
Essa comichão de assumir riscos ainda está longe
* Ethel Leon é jornalista, professora de história do design e
de pegar em nossas classes empresariais. E os designers curadora da representação brasileira da Bienal Internacional
nada podem sem os donos e os técnicos das empresas. de Design de Saint-Étienne.

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Artigos design.rs

Topomorfose
Heloisa Crocco*

Desde criança convivi com a natureza. Ela sempre


me seduziu, sempre me impressionou, me contagiou. A pesquisa
Aprendi não só a olhá-la, como a escutá-la e a senti-la, Topomorfose tem
como foco as
em sua força, exuberância, cheiro, cor e magia. Esta é árvores
nossa grande mestra.
capaz de ajudar o homem contemporâneo a olhar o que
Quando entrei pela primeira vez na Floresta
ele está fazendo e sensibilizá-lo a mudar de atitude.
Amazônica, fiquei perplexa com a grandiosidade do
ambiente e, ao mesmo tempo, com o que o homem Depois de um longo convívio com diferentes
vem fazendo com ele. As árvores formam verdadeiras materiais da natureza (como as fibras, por exemplo), elegi
catedrais. Com uma moto-serra na mão, em pouco tempo como foco de minha pesquisa o veio da árvore com seus
uma árvore milenar está no chão, levando consigo outras anéis de crescimento. De seu corte em topo resultam
tantas que encontra pelo caminho. grafismos, padrões e texturas, que comecei a explorar. A
esta pesquisa dei o nome de Topomorfose.
Às vezes penso que meu encontro com a
madeira se deu através desse impacto doloroso. A partir Uma vez desenvolvidos esses desenhos e
daí, surgiu em mim a necessidade inadiável de texturas que a madeira me dá, criei uma variedade de
empreender um trabalho que priorizasse o respeito à matrizes, que acabam impressas em objetos, como louças,
As matizes criadas
natureza, sua proteção, sua valorização, enfim, um trabalho tecidos, papéis etc, com os quais componho diferentes são aplicadas em
coleções dentro do design diversos produtos

de superfície. Mas crio


também, com as sobras das
madeiras que são
exportadas, objetos
tridimensionais, painéis-
texturas, em séries de
walldesign.

Com o tempo, a
Topomorfose acabou
ganhando autonomia e se

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Revista da Rede Gaúcha de Design Artigos

transformando em modelo desenvolvendo vários trabalhos, como o Projeto Faber,


de pensamento, ou seja, que é um curso de formação de profissionais para atuação
numa metodologia de em programas de aproximação entre o design e o
pesquisa da forma e de suas artesanato. Estamos sempre rodeados de jovens
aplicações no design. estagiários, aprendizes e colaboradores.
Ultrapassa, assim, o plano
A extensão do meu trabalho e a dinâmica deste
da estética da forma,
espaço é realmente experimentar, refletir, envolver as
entrando em questões mais
pessoas, transmitir o que se sabe, multiplicar o fazer.
abrangentes, que tocam a
sociologia e a antropologia, *Artista, formada em Desenho, fez cursos de especialização
na PUC-RS e com Tom Hudson, da Cradiff’s College of Art
enfim, a relação do homem of London
com a natureza e os objetos
com os quais convive.

Para mim, o design


não é simplesmente um
O ateliê de Heloisa
Crocco foi construído símbolo de status ou de poder aquisitivo. Ele é espaço
com madeira de sonhos, de emoções, de sobrevivência e de filosofia
reflorestada
do ser. Atrás de um projeto estético há sempre a busca
de um homem novo.

Ao pensar na construção de um ateliê, quis trazer


junto todo o conceito. Aquilo que penso e crio, deve ter
uma coerência com o meu ambiente de trabalho, onde
as idéias surgem e onde são elaboradas. Construí então
este espaço de madeira reflorestada, onde convivo com
a própria matéria de minhas pesquisas, além de rodeada
de natureza, da sinfonia dos bichos, da correnteza do rio,
do cheiro das plantas e do verde em torno. Neste espaço
está montada, ainda, e em exposição permanente, uma
síntese da pesquisa Topomorfose.

Como sempre me preocupei com a criação e o


fazer manual, acabei desenvolvendo projetos coletivos,
principalmente ligados à revitalização do artesanato. Tive
a oportunidade de trabalhar em diferentes comunidades
do Brasil e de outros países, como a Colômbia, o México,
o Uruguai.

Acabamos criando, aqui, o Laboratório Piracema


de Design, que é um núcleo de pesquisa da forma na
cultura brasileira. Ligado a profissionais que me
acompanham nestes anos todos, o Laboratório vem

25
Notas design.rs

Design brasileiro na estante


A jornalista Ethel Leon lança obra de referência com 73
verbetes sobre designers de produto brasileiros. Design
Brasileiro, Quem Fez, Quem Faz é uma edição bilíngüe
(português e inglês) da Editora Viana & Mosley, que
apresenta um panorama histórico dos precursores do
design no Brasil a profissionais contemporâneos. Uma
seleção de 73 verbetes sobre design de produtos,
dividida entre instituições, escolas e designers que se
tornaram referência fundamental para a compreensão
do design brasileiro. Os textos vêm acompanhados por
fotos e ou ilustrações de alguns dos projetos mais
marcantes.

Brasileiros recebem
prêmio em Hannover
Em março, 14 produtos brasileiros receberam o principal
prêmio internacional de design – o iF Product Design
Award 2005, que ocorre anualmente em Hannover, na
Alemanha. Destaque para a linha de luminárias Luna,
de autoria de Fernando Prado e produzida pela empresa
Lumini. O projeto mereceu também o troféu Gold,
considerado o “Oscar do Design”, na categoria de
design de luminárias. Os produtos ficarão expostos até
Courovisão 2005 setembro no iF, que ocupa um dos pavilhões da
A feira representa uma oportunidade para empresas e Hannover Fairs.
profissionais que trabalham com couro criarem novos
estilos e coleções. Além de fornecer informações
relativas ao planejamento da produção, o evento
apresenta as últimas tendências em matérias-primas e
componentes para calçados, acessórios, vestuários,
artefatos e estofamento. Este ano, em sua sexta edição,
se realiza de 14 a 16 de setembro, no Parque de
Exposições Fenac, em Novo Hamburgo (RS). Mais
informações no site www.courovisao.com.br.

Marca Brasil
A Marca Brasil, selo de qualidade de produtos e destinos
turísticos brasileiros no exterior, foi lançada em março
durante a feira alemã ITB Berlim, uma das maiores do
mundo no setor de turismo. Desenvolvida pelo Ministério
do Turismo por meio da Embratur, a marca será adotada
por empresas, que a empregarão nas suas embalagens
através de licenciamento. Assim, evitam que produtos de
baixa qualidade prejudiquem a imagem do país no exterior.
O símbolo foi projetado pelo escritório Máquina Estúdio,
do designer Kiko Farkas, vencedor da concorrência da
Embratur.

26
Revista da Rede Gaúcha de Design Notas

Food Pack 2005


Está confirmada para os dias 30 de agosto e 1° de setembro
a realização da Food Pack – Feira Internacional de
Embalagens para a Indústria Alimentícia, no Transamérica
Expo Center, em São Paulo. Bianual, o evento tem foco
em design como produto final, sem a exposição de
máquinas e equipamentos. Durante a exposição, os
visitantes poderão conferir as novidades e soluções para
o setor. Mais informações sobre o evento no site
www.foodpackexpo.com.br.

Salão Design Movelsul


Realizado dentro da Movelsul Brasil, a maior feira
profissional do ramo moveleiro na América Latina, o Salão
Design Brasil tem como objetivo incentivar a criatividade
e a inovação tecnológica por meio do design, contribuindo
Prêmio CEMPRE + Design -
para o desenvolvimento do setor moveleiro. As inscrições
Resíduo para a décima edição do concurso vão até o dia 28 de
Com o objetivo de incentivar a geração de soluções
outubro, e podem ser feitas através do site
criativas de design para a reutilização de resíduos sólidos
www.movelsul.com.br/salaodesign/concurso.htm. O
industriais e resíduos sólidos pós-consumo, agregando
evento ocorre de 13 a 17 de março de 2006.
valor aos materiais recicláveis e promovendo o
desenvolvimento sustentável foi criado o Prêmio CEMPRE
+ Design – Resíduo. Serão selecionadas peças de design
nas áreas de mobiliário, iluminação, objetos, design têxtil,
3° Congresso Internacional de
produtos eletro-eletrônicos, equipamentos, embalagem, Pesquisa em Design
jóias, etc. Serão premiadas as categorias Profissional (R$ O Congresso Internacional de Pesquisa em Design é hoje
5.000,00 e 2.500,00 para os dois melhores projetos, um dos eventos científicos mais importantes na área do
respectivamente) e Estudante (R$ 1.500,00 e 1.000,00 para design, apresentando estudos e tendências produzidos
os dois melhores projetos, respectivamente), valorizando em todo o mundo. Até agora, já acumula em seus anais
o caráter inovador e possibilidade de produção em série cerca de 600 artigos com relatos e reflexões sobre temas
dos produtos. O regulamento completo e a ficha de como ergonomia, ensino, gestão, ecodesign, semiótica
inscrição estão disponíveis no site do CEMPRE . As e design digital, gráfico e têxtil, entre outros. Para este
inscrições vão até 26 de agosto. O Prêmio CEMPRE + ano, já estão confirmadas as participações dos professores
Design - Resíduo é uma promoção do CEMPRE - Ken Friedman, da Norwegian School of Management;
Compromisso Empresarial para a Reciclagem em parceria Ursula Tisschner, da empresa alemã Econcept; e Eduardo
com o Instituto Design & Natureza, que tem por missão Corte-Real, da Design School do Iade, de Portugal. O
promover modos de vida sustentáveis e colaborar na Congresso, organizado pela Associação Nacional de
solução de problemas ambientais e sociais através do Pesquisa em Design, será realizado de 12 a 15 de outubro
design. no Rio de Janeiro.

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RGD design.rs

Filiar-se à RGD traz


benefícios a entidades
associadas

Desde o lançamento, em 2003, a Rede Gaúcha de Circuito Gaúcho de Design


Design vem se fortalecendo como entidade de fomento Realização de palestras direcionadas aos micro e
à área, através de uma série de ações com o objetivo de pequenos empresários gaúchos. O Circuito iniciou em
disseminar a cultura do design no Rio Grande do Sul. março de 2004 e, desde então, já percorreu diversos
Nesse processo, as entidades que são sócias colaboradoras municípios no Estado, atingindo cerca de 700 empresários.
tornam-se fundamentais, pois, ao apoiar estas iniciativas,
auxiliam a esclarecer o público sobre ferramentas para
agregar valor aos produtos, aumentando a competitividade
É uma publicação semestral da RGD, que busca
dos mesmos. Estas atividades, por sua vez, também
conscientizar as empresas, em especial as de micro e
proporcionam uma grande visibilidade às instituições
pequeno portes, para a importância do design como
parceiras, seja por meio de citações do nome em eventos,
diferencial. A primeira edição, com 7 mil exemplares, foi
publicação de notícias e informações em veículos
lançada em setembro de 2004, sendo distribuída
específicos ou até de exibição de marca nos materiais de
gratuitamente em todo o Rio Grande do Sul e também
divulgação.
em outros Estados, com o apoio das regionais do Sebrae.
Dentre os projetos desenvolvidos pela RGD
destacam-se a revista design.rs, o portal www.rgd.org.br,
Portal
a presença em feiras e eventos relacionados, e a produção
O site www.rgd.org.br disponibiliza serviços e
do vídeo O Design é Assim... Assim é o Design. Além
informações úteis aos empresários, como notícias, eventos,
disso, a RGD percorre o interior do Estado com o Circuito
artigos, metodologia de prestação de serviços em design
Gaúcho do Design, realizando palestras direcionadas a
e casos de sucesso ilustrados que permitem ver, na prática,
empresários.
os resultados que o design pode trazer.
Filiação
Para se associar, a entidade deve possuir, entre
Encontro de Associados
suas atribuições institucionais, foco no design,
Uma vez por mês, a RGD promove um encontro
desenvolvendo ações relacionadas à área há pelo menos
entre as entidades associadas, para propiciar um momento
seis meses. O interessado deve preencher o Formulário-
de troca de informações e experiências, e de análise de
Proposta de Filiação assinado pelo representante legal e
potenciais projetos a serem desenvolvidos em parceria.
entregá-lo à RGD junto com cópia dos atos constitutivos
da entidade. Com a aprovação da Diretoria, o novo sócio
receberá uma cópia do estatuto e do regimento interno
Oficina de Gestão em Design
Este projeto visa à capacitação dos empresários
da RGD, e um certificado de sócio colaborador.
no que diz respeito à gestão do design dentro de suas
empresas. As oficinas os levarão a conhecer e discutir os
Atividades desenvolvidas pela RGD conceitos do design e o processo de desenvolvimento
Prêmio Design.rs de um projeto.
Principal projeto da RGD tem o objetivo de premiar
a gestão do design nas empresas e de conscientizar os Participação em Feiras
empresários para a importância desta ferramenta para o A RGD participa de feiras de forma presencial ou
aumento da competitividade. O Prêmio deverá ocorrer a não presencial, especialmente nas que têm o apoio e/ou
cada dois anos, a partir de 2006. participação de entidades associadas.

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Revista da Rede Gaúcha de Design Novas entidades

Univates ingressa na
Rede Gaúcha de Design

Capacidade reflexiva, sensibilidade estética- onde a exclusividade será utilizada como fator de
artística-cultural e conhecimento tecnológico são agregação de valor. “A produção de produtos padronizados
características fundamentais na formação do futuro continua tendo seu espaço, porém com a possibilidade
designer. Também são conceitos dos quais o Centro de sucesso cada vez menor, pois as pessoas desejam
Universitário Univates, de Lajeado, não abre mão. No produtos diferentes, bonitos e funcionais e, nesse sentido,
início do ano, o curso de graduação em Design, com os profissionais egressos da Univates poderão contribuir
habilitação em Design Gráfico, foi implementado com com as empresas e, por conseqüência, para o
vistas à formação de profissionais que atuarão no desenvolvimento da região”, complementou.
planejamento, projeto e desenvolvimento de sistemas
de informações visuais. Já existem várias ações planejadas Perfil da universidade
para curto e médio prazo, com a finalidade de estruturar Situada no Vale do Taquari, a Univates tem tradição
e garantir a qualificação do ensino na área. “Vamos trazer no ensino superior. Em 1969, no município sede, foi
profissionais de renome para palestrar aos alunos, criar instalado o primeiro curso de graduação. O
um estúdio de design e, para o futuro, trazer um congresso credenciamento como Centro Universitário ocorreu em
na região”, enfatiza o coordenador do curso, Hélio 1999. Hoje, além de Lajeado, outros dois campi estão
Dorneles Etchepare. instalados nos municípios de Encantado e Taquari. Mantido
Conforme o professor da disciplina de Técnica de pela Fundação do Vale do Taquari de Educação e
Representação Gráfica, as empresas precisam saber da Desenvolvimento (Fuvates) – portanto de caráter
importância do designer no desenvolvimento e divulgação comunitário, a instituição conta com mais de 8,4 mil alunos
de seus produtos. Por isso, comemorou o ingresso da e oferece 36 cursos de graduação, dois seqüenciais, sete
Univates na Rede Gaúcha de Design. “É uma parceria que cursos técnicos, 62 de extensão, 17 de especialização lato
fortalecerá não só o curso, mas a instituição como um sensu e dois mestrados interinstitucionais.
todo e os diversos setores do ramo empresarial do Vale
Univates em Ação
do Taquari e arredores, que serão os grandes beneficiados”,
enfatizou. No Vale do Taquari, o segmento alimentício é
“O fato da Univates ter seu curso de Design bastante considerável e a atuação do designer é condição
vinculado à Rede Gaúcha de Design significa uma estratégica para alavancar a economia regional. Também
oportunidade de aproximar os acadêmicos de outros o segmento de embalagens cresce a cada ano, assim
profissionais atuantes no meio, o que, com certeza, irá como a consciência de uso e descarte com respeito
qualificar ainda mais os ambiental, uma das atividades com que o designer deve
estudantes”, disse o pró-reitor de se ocupar. Além disso, o setor de gemas e jóias ganha
Ensino, Carlos Cândido da Silva força na região.
Cyrne. Sob a ótica da atuação
Considerando a singularidade da região e a
profissional, ele destaca que a
realidade do mercado, o Curso de Design Gráfico da
diferenciação dos produtos
Univates abrange métodos e técnicas de projeto, meios
ofertados pelas empresas da
de produção, estudo da relação usuário/objeto/meio
região se dará através do
ambiente, estudo de materiais, processos e gestão numa
desenvolvimento de produtos
relação com o mercado. Aborda, também, projetos gráficos:
inovadores em termos de design.
editorial, sistemas de identidade visual, design
Cita o setor de gemas e jóias,
promocional, embalagem, sinalização e webdesign.
29
Expediente design.rs

Entidades Associadas à RGD Diretoria Executiva

APDESIGN Presidente
Associação dos Profissionais em Design do RS Susana Maria Kakuta, representante do SEBRAE/RS
Centro Universitário FEEVALE Diretor Geral
Centro Universitário UNIVATES Carlos Artur Trein, representante do IEL - RS

COOPARIGS Diretor Técnico


Cooperativa dos Artesãos do Rio Grande do Sul Ltda. Alexandre Guedes Müssnich, representante da
APDESIGN
PUCRS
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Diretor Administrativo-Financeiro
Cleber Cristiano Prodanov, representante da ASPEUR/
SENAI/RS FEEVALE
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do RS
Gestor
SEBRAE/RS Maurício Andrade
Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio
Grande do Sul

Esta publicação é uma iniciativa da Rede Gaúcha de Design.

Rua Felipe Néri, 447/402 – Auxiliadora


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Jornalista Responsável: Isabel Pacini
Teixeira - MTB 7374/33/11
Chefe de Redação: Liliana Rauber
Redação: Andréia Odriozola e Beatriz
Pinto Ribeiro
Colaboração: Graziela Laks

Projeto Gráfico
Luís Werlang (www.dsigno.com)

Fotos
Alcio Faria

Impressão
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É permitida a reprodução parcial do conteúdo, desde que citada a fonte.

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