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Material Teórico
A Questão da Água em Espaços Urbanos
Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
A Questão da Água em Espaços Urbanos
• Introdução
• Os Usos da Água no Brasil
• Tratamento de Água e Esgoto
• Desperdício de Água no Brasil
• As Enchentes / Inundações
• Material Complementar
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Analisar a problemática da água em relação ao consumo, tratamento
e distribuição.
· Discutir a questão das enchentes em espaços urbanos.
ORIENTAÇÕES
Nesta Unidade, você irá estudar a existência da água em espaços urbanos,
enfatizando a poluição, consumo e distribuição da água, além da questão
das enchentes.
Contextualização
Leia atentamente o texto a seguir:
A água é um recurso natural essencial para a sobrevivência de todas as espécies que habitam
a Terra. No organismo humano a água atua, entre outras funções, como veículo para a troca
de substâncias e para a manutenção da temperatura, representando cerca de 70% de sua
massa corporal. Além disso, é considerada solvente universal e é uma das poucas substâncias
que encontramos nos três estados físicos: gasoso, líquido e sólido. É impossível imaginar
como seria o nosso dia-a-dia sem ela. Os alimentos que ingerimos dependem diretamente
da água para a sua produção. Necessitamos da água também para a higiene pessoal,
para lavar roupas e utensílios e para a manutenção da limpeza de nossas habitações. Ela é
essencial na produção de energia elétrica, na limpeza das cidades, na construção de obras,
no combate a incêndios e na irrigação de jardins, entre outros. As indústrias utilizam grandes
quantidades de água, seja como matéria-prima, seja na remoção de impurezas, na geração
de vapor e na refrigeração. Dentre todas as nossas atividades, porém, é a agricultura aquela
que mais consome água – cerca de 70% de toda a água consumida no planeta é utilizada
pela irrigação.
A ameaça da falta de água, em níveis que podem até mesmo inviabilizar a nossa existência,
pode parecer exagero, mas não é. Os efeitos na qualidade e na quantidade da água disponível,
relacionados com o rápido crescimento da população mundial e com a concentração dessa
população em megalópoles, já são evidentes em várias partes do mundo. Dados do Fundo
das Nações Unidas para a Infância (Unicef ) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam
que quase metade da população mundial (2,6 bilhões de pessoas) não conta com serviço de
saneamento básico e que uma em cada seis pessoas (cerca de 1,1 bilhão de pessoas) ainda
não possui sistema de abastecimento de água adequado. As projeções da Organização das
Nações Unidas indicam que, se a tendência continuar, em 2050 mais de 45% da população
mundial estará vivendo em países que não poderão garantir a cota diária mínima de 50
litros de água por pessoa. Com base nestes dados, em 2000, os 189 países membros da
ONU assumiram como uma das metas de desenvolvimento do milênio reduzir à metade a
quantidade de pessoas que não têm acesso à água potável e saneamento básico até 2015.
Mesmo países que dispõem de recursos hídricos abundantes, como o Brasil, não estão livres
da ameaça de uma crise. A disponibilidade varia muito de uma região para outra. Além disso,
nossas reservas de água potável estão diminuindo. Entre as principais causas da diminuição
da água potável estão o crescente aumento do consumo, o desperdício e a poluição das
águas superficiais e subterrâneas por esgotos domésticos e resíduos tóxicos provenientes da
indústria e da agricultura.
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Introdução
Nesta unidade, traremos a discussão sobre a importância da água para os diversos
usos, enfatizando a questão do uso urbano da água, os problemas de poluição, o
tratamento, o esgoto e a problemática das enchentes nos espaços urbanos.
Desse modo, da água para consumo humano resta uma pequena porcentagem
e, em muitos casos, há a dificuldade de acesso à essa água ou sua qualidade não é
adequada, podendo estar poluída ou contaminada.
Já no Brasil, é importante considerar qual é o arranjo ecológico e/ou quadro
natural do território brasileiro, em suas feições regionais e paisagísticas, e como
estas foram sendo apropriadas social, política e culturalmente por diferentes grupos
ao longo de sua história.
É importante considerar a dimensão natural e ecológica, mas, ao mesmo tempo,
é essencial levar em conta como ela é apropriada pelos diferentes atores sociais,
entre eles: o Estado, com os diferentes níveis de governo (federal, estadual e
municipal); os donos dos meios de produção (indústria; agroindústria); proprietários
fundiários (proprietários de terras); as comunidades tradicionais (caiçaras, indígenas
etc.), os usos nas cidades, entre outros.
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UNIDADE A Questão da Água em Espaços Urbanos
Com a maior parte do seu território situado entre a linha do Equador e o Trópico
de Capricórnio, o Brasil, realmente, pode ser definido como “país tropical”, como
é popularmente chamado.
Existem inúmeros usos da água no Brasil e no mundo, por isso há uma disputa
por diferentes agentes sociais pela água doce, havendo inclusive disputas territoriais
entre países ou lugares devido ao acesso à água.
No Brasil, o governo federal estabelece normas como poderão ser feitos esses
diferentes usos e por quais agentes sociais. Em nível federal, quem regula esta
temática é a Agência Nacional de Águas (ANA), que estabelece as condições tanto
para o uso e consumo da água, quanto para o uso de energia elétrica e outros.
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Figura 1 - Vazão de Água Consumida - Brasil
Fonte: Agência Nacional de Águas, 2015
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UNIDADE A Questão da Água em Espaços Urbanos
Garantir água para consumo humano nas grandes cidades deve ser prioritário, já
que se trata de atendimento e necessidades básicas da população. Mas é necessário
considerar a grande diversidade geoclimática no Brasil, a distribuição da população
no território brasileiro e as situações de urbanização das últimas décadas.
Nas áreas litorâneas, embora com clima tropical úmido e menor déficit hídrico
abriga grandes concentrações urbanas e é composta de bacias hidrográficas de
pequeno porte. Nas grandes metrópoles do Sudeste, há maior dinamismo econômico,
grande densidade de ocupação e diversificadas formas de disputas pela água.
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Para exemplificar as disputas, recentemente, devido à escassez hídrica no Estado
de São Paulo e, sobretudo, na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), houve
casos de disputa da água, principalmente no sistema chamado Cantareira.
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Há casos em que essa água pode ser tratada e, portanto, passará por um
processo físico-químico para que possa ser consumida; tal processo ocorre nas
Estações de Tratamento de Água (ETA), como parte do saneamento básico.
Saneamento Básico
Saneamento é o conjunto de medidas que visa preservar ou modificar as condições do
meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde, melhorar a
qualidade de vida da população e à produtividade do indivíduo e facilitar a atividade
econômica. No Brasil, o saneamento básico é um direito assegurado pela Constituição
e definido pela Lei nº. 11.445/2007 como o conjunto dos serviços, infraestrutura e
Instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza
urbana, drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais.
Embora atualmente se use no Brasil o conceito de Saneamento Ambiental como sendo
os 4 serviços citados acima, o mais comum é o saneamento seja visto como sendo os
serviços de acesso à água potável, à coleta e ao tratamento dos esgotos.
Fonte: https://goo.gl/wBdJrM
Adução de
Manancial Captação ETA
Água Bruta
Adução de
Reservatório Distribuição
Água Tratada
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Aprofundando o Tema:
Tratamento de Água
Segundo o Ministério da Saúde, para que a água seja potável e adequada ao consumo
humano, deve apresentar características microbiológicas, físicas, químicas e radioativas que
atendam a um padrão de potabilidade estabelecido. Por isso, antes de chegar às torneiras das
casas, a água passa por estações de tratamento, onde são realizados processos de desinfecção
para garantir seu consumo sem riscos à saúde. Após chegar à estação de tratamento, a água
passa basicamente pelas seguintes etapas:
4. Desinfecção: a água, após filtrada e aparentemente limpa, ainda pode conter bactérias
e outros organismos patogênicos (não são visíveis a olho nu) que podem provocar
doenças como a febre tifoide, disenteria bacilar e cólera. Torna-se necessário, então, a
aplicação de um elemento que os destrua.
5. Fluoretação: para prevenir a cárie dentária; o flúor e seus sais têm se revelado notáveis
como fortalecedores da dentina. A aplicação do flúor na água, por meio de produtos
como fluossilicato de sódio ou ácido fluossilícico, é a etapa final do tratamento. Estas
substâncias químicas, no entanto, podem causar problemas à saúde se não utilizadas
criteriosamente.
https://goo.gl/5ucVik
Em relação ao esgoto, este começa a ser formado após o uso da água humana.
Os resíduos do esgoto, em geral, são divididos da seguinte maneira:
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UNIDADE A Questão da Água em Espaços Urbanos
Pode haver outras fontes, mas estas são as mais comuns em áreas urbanas.
Cada tipo possui substâncias diferentes e são necessários sistemas específicos para
o tratamento dos resíduos.
Contudo, nas cidades brasileiras, a maior parte deste esgoto não é tratada.
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Fonte: IBGE, 2011
Dessa maneira, verifica-se que ainda há muito que melhorar o Brasil, em relação
à questão das formas de destino do esgoto (esgotamento sanitário).
Uma das práticas que ajudam a minimizar o uso da água é usar a água da chuva,
ou seja, a água pluvial. Atualmente, em algumas cidades brasileiras, vem sendo
cobrado como lei que os novos empreendimentos imobiliários tenham uso de água
pluvial e reuso obrigatoriamente.
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UNIDADE A Questão da Água em Espaços Urbanos
Já o reuso da água é quando se utiliza novamente uma água que pode ser
tratada ou não. É o caso, por exemplo, de uso de água da do banho para jogar na
privada, ou, ainda, de água da máquina de lavar para lavar o chão.
Hoje, existem prefeituras que se utilizam de água de reuso para lavar ruas, usar
em banheiros, entre outros usos. É importante ressaltar que se a água de reuso não
for tratada para consumo humano, só poderá ser utilizada para outros fins.
Outra medida é o uso da água pluvial (chuvas) para fins de uso não potáveis, tais
como: rega de jardim; uso na privada dos banheiros; lavagem de roupas e carros
etc. A coleta da água pluvial nas cidades pode ser feita através das calhas das
edificações, podendo ser realizado um sistema simples de coleta dos telhados ou
de áreas pavimentadas que podem ser levadas por gravidade para um recipiente.
Como há sujeira nos telhados, existem alguns meios para minimizar esta poluição
ou mediante filtros que são colocados nos recipientes ou aguardando os primeiros
minutos da chuva para só depois utilizá-la.
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Como exemplo, citamos o caso da cidade de Nova York, cuja água de consumo
humano não é tratada, mas é potável e vem diretamente de fontes de uma cidade
a cerca de 170 km, que preserva a água e para isso recebe pagamento da cidade
de Nova York. Neste caso, o pagamento por serviços ambientais ocorre de uma
cidade para outra, e apesar dos custos este é muito menor do que seria tratar a
água para o consumo.
Desse modo, há várias práticas possíveis que podem auxiliar num menor
consumo de água nas cidades brasileiras, sendo fundamental um trabalho educativo
com a população para esta conscientização.
As Enchentes / Inundações
Outro problema, nas grandes cidades, em relação à água, são as enchentes.
Nesse caso, é importante conceituar, já que enchente ou planície de inundação é
um processo natural que ocorre no período das cheias dos rios, córregos ou lagos.
Leito Menor
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UNIDADE A Questão da Água em Espaços Urbanos
Quais os fatores que interferem no rio e contribuem para a inundação? As pessoas jogam lixo
Explor
no rio? Ele está assoreado por outros motivos? As casas de Barreirinhas estão construídas
nas várzeas do rio? As casas de Barreirinhas, apesar de longe do rio, ficam numa planície?
Todos estes fatores podem, eventualmente, ajudar a explicar a inundação em Barreirinhas.
Pode ser que existam fatores locais, mas também que este rio ou seus afluentes
venham de outro município distante e que, nesse lugar, as pessoas joguem lixo no
rio, caso dos municípios de São João, Mogi, São Miguel ou Jacuí (vide figura 6).
Observe que os rios correm das maiores altitudes para as menores; logo, os afluentes
do Rio Jacu vêm destes outros municípios.
Dessa forma, pode ser que o problema do lixo no rio que amplia a possibilidade
de inundações seja regional e não apenas local. Ou mesmo que as chuvas intensas
nas partes mais altas (cabeceiras) tenham ocorrido em Mogi (próximo 1.200 m
de altitude) e acabem chegando aos pontos mais baixos (menor altitude), caso de
Santo Amaro (810 m de altitude).
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que os moradores de Mogi e São João jogam nos córregos, fazendo com que o
rio/córrego fique assoreado (espaço do rio está ocupado por sedimentos ou lixo),
ampliando as possibilidades de inundações. Afinal, neste caso, os córregos vão se
juntando ao Rio Jacuí, que é o rio principal deste conjunto de rios, que formam
uma Bacia Hidrográfica.
Quais são as dimensões que explicam esta enchente? Primeiramente, é a natural, já que sem
Explor
chuva e rio não há possibilidade de inundação. Depois, socioeducativas, pois pode haver
problemas de jogarem lixo no rio, o que ampliará a possibilidade de inundação, entre outras
possibilidades e fatores.
Desse modo, no que se refere à questão dos resíduos sólidos como da água
(redução do consumo da água, evitar jogar resíduos nos rios etc.) é fundamental a
participação da população, compreendendo que também é parte do processo da
relação sociedade-natureza.
Entende-se por área de risco toda a condição que coloque em risco a vida
humana. Assim, podemos considerar que as enchentes nas cidades e as populações
que vivem próximas aos rios e córregos são populações que vivem em área de
risco, como pode se observar na figura 7.
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Existem casos de moradias no entorno e até sobre rios, no Brasil. Isso aumenta os
problemas sociais e de saúde dessas populações, pois tais grupos sociais ficam mais
vulneráveis às doenças de veiculação hídrica. Caso, por exemplo, da leptospirose,
doença ocasionada por uma bactéria, cujo vetor pode ser o rato.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Poluição das águas
BASSOI, Lineu José. Poluição das águas. In: PHILIPPI, Arlindo; PELICIONI, Maria Cecília F
(orgs.). Educação Ambiental e sustentabilidade. Barueri: Manole, 2014, p. 193-214
Sites
GLOBO - JORNAL NACIONAL. Nova York investe em preservação para garantir abastecimento de água
GLOBO. JORNAL NACIONAL. Nova York investe em preservação para garantir abastecimento
de água. Edição do dia 28/11/2014.
https://goo.gl/oHqRlR
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UNIDADE A Questão da Água em Espaços Urbanos
Referências
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). MINISTÉRIO DE MEIO AMBIENTE
(MMA). Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil: informe 2014. Brasília,
ANA, 2015.
RIBEIRO, Wagner Costa. Geografia política da água. São Paulo: Annablume, 2008.
RIBEIRO, Wagner. Gestão das águas metropolitanas. In: Carlos, Ana Fani Alessandri
e Oliveira, Umbelino de - Orgs. Geografias de São Paulo: as metrópoles do
século. São Paulo: Contexto, 2004.
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