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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

Fenômenos de Transporte 1
Cinemática dos Fluidos

Prof. Raniere Henrique P. Lira


raniere.lira@delmiro.ufal.br

 Escoamentos
Grande parte dos estudos em Fenômenos de Transporte envolve os fluido
em movimento, um fenômeno conhecido como escoamento.

Define-se escoamento de um fluido como o processo de movimentação de


suas moléculas, umas em relação às outras e aos limites impostos ao
escoamento.

Os escoamentos são descritos por parâmetros físicos e pelo


comportamento desses parâmetros ao longo do espaço e do tempo.

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 Classificação geométrica dos escoamentos
 Escoamento Unidimensional: Quando uma
única coordenada é suficiente para descrever as
propriedades do fluido. Para isso, é necessário
que as propriedades sejam constantes em cada
seção.

 Escoamento Bidimensional: As grandezas


do escoamento variam em duas dimensões. A
variação da velocidade é função das duas
coordenadas x e y.

 Escoamento Tridimensional: As grandezas


que regem o escoamento variam nas três
dimensões. O escoamento no espaço
tridimensional é função das três coordenadas x, y
e z.
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 Classificação quanto ao movimento de rotação

Rotacional:
A maioria das partículas desloca-se animada de velocidade angular em
torno de seu centro de massa.

Irrotacional:
As partículas se movimentam sem exibir movimento de rotação (na
maioria das aplicações em engenharia despreza-se a característica
rotacional dos escoamentos).

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 Classificação quanto à variação da trajetória

Uniforme:
Todos os pontos de uma mesma trajetória possuem a mesma velocidade.

Variado:
Os pontos de uma mesma trajetória não possuem a mesma velocidade.

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 Classificação quanto à variação no tempo

Regime permanente:
Define-se escoamento permanente como aquele cujo campo de
velocidades que o representa não tem dependência temporal, isto é, todas
as grandezas características do escoamento são constantes no tempo.

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 Classificação quanto à variação no tempo

Regime não permanente:


Consequentemente, escoamento não permanente é aquele representado
por um campo de velocidades com dependência temporal, isto é, ao
menos uma grandeza ou propriedade é função do tempo.

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 Conceitos importantes
Os conceitos de trajetória, linha de emissão, linha de corrente e tubo de
corrente, foram desenvolvidos para representar graficamente um
escoamento.

 Trajetória
Define-se trajetória como o lugar geométrico ocupado por determinada
partícula em função do tempo (linha traçada por uma dada partícula ao
longo de seu escoamento).
A visualização prática da trajetória é conseguida por meio de um traçador
colocado no escoamento.

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 Linha de emissão
Linha de emissão é definida pela sucessão de partículas que tenham
passado pelo mesmo local fixo.

 Linha de corrente
É a linha tangente aos vetores da velocidade de diferentes partículas no
mesmo instante.
Como o vetor velocidade é tangente à linha de corrente, não é possível
cruzar duas delas, portanto não há escoamento atravessando de um lado
para outro da linha de corrente.

 Tubo de corrente
Um conjunto de linhas de corrente tangentes a uma curva fechada contida
no escoamento compõe um tubo de corrente.

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 Escoamentos laminar e turbulento
A classificação dos escoamentos depende da velocidade, e prende-se à
forma pela qual ocorre. Essa forma se sujeita ao comportamento das
moléculas de fluido, que adotam um padrão de movimento denominado
estrutura interna do escoamento.

O estudo da estrutura interna dos


escoamentos foi iniciado por Osborne
Reynolds, em 1883, através de um
experimento, atualmente conhecido como
Experiência de Reynolds.

Fonte: BISTAFA, S. R. Mecânica dos Fluidos Noções e


Aplicações, 1ª Ed. Editora Edgard Blucher, 2010.

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 Escoamentos laminar e turbulento


• Experiência de Reynolds
Consiste na injeção de um corante líquido na posição central de um
escoamento de água interno a um tubo circular de vidro transparente.

Fonte: BRUNETTI, F., Mecânica dos Fluidos,


2ª Ed., São Paulo: Editora Pearson, 2008.

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 Escoamentos laminar e turbulento
• Experiência de Reynolds
1. Regime Laminar:
 O corante não se mistura com o fluido, permanecendo na forma de um
filete no centro do tubo;
 O escoamento processa-se sem provocar mistura transversal entre o
escoamento e o filete, observável de forma macroscópica;
 Como “não há mistura”, o escoamento aparenta ocorrer como se
lâminas de fluido deslizassem umas sobre as outras;

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 Escoamentos laminar e turbulento


• Experiência de Reynolds
2. Regime de transição:
 O filete apresenta alguma mistura com o fluido, deixando de ser retilíneo
sofrendo ondulações;
 Essa situação ocorre para uma pequena gama de velocidades e liga o
regime laminar a outra forma mais caótica de escoamento;
 Foi considerado um estágio intermediário entre o regime laminar e o
turbulento;

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 Escoamentos laminar e turbulento
• Experiência de Reynolds
3. Regime turbulento:
 O filete apresenta uma mistura transversal intensa, com dissipação
rápida;
 São perceptíveis movimentos aleatórios no interior da massa fluida que
provocam o deslocamento de moléculas entre as diferentes camadas do
fluido (perceptíveis macroscopicamente);
 Há mistura intensa e movimentação desordenada;

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 Escoamentos laminar e turbulento


• Experiência de Reynolds

Fonte: FOX, R. W.; McDonald, A. T., Introdução à Mecânica dos


Fluidos, 8ª Edição, Rio de Janeiro: LTC, 2014.

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 Escoamentos laminar e turbulento
• Número de Reynolds (Re)
Para escoamentos em dutos cilíndricos circulares, Reynolds determinou
que há uma relação entre o diâmetro (D), a velocidade média (v) e a
viscosidade cinemática (ѵ)
O parâmetro estabelecido pela relação entre estas três grandezas é o
Número de Reynolds (Re):
vD vD
Re  
 v

Re < 2000 - Escoamento Laminar


Classificação do
2000 < Re < 2400 - Escoamento de Transição
Escoamento
Re > 2400 - Escoamento Turbulento
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 Vazão
Define-se a vazão em volume Q como o volume de fluido que atravessa
uma seção do escoamento por unidade de tempo.

V
Q
t
O volume de fluido que atravessa a seção de área A no intervalo de tempo
t é V=sA, logo:
V sA
Q   Q  vA
t t

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 Velocidade Média
Na maioria dos casos práticos, o escoamento não é unidimensional.
Podemos obter uma expressão definindo a velocidade média na seção.

Adotando um elemento de área dA qualquer no entorno de um ponto em


que a velocidade genéricas é v, temos:

dQ  vdA  Q  vdA 
A
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 Velocidade Média
Define-se velocidade média na seção como uma velocidade uniforme,
substituída no lugar da velocidade real.


Q  vdA  v m A
A

Logo, podemos calcular a velocidade média na seção por:

1
vm  
AA
vd A

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 Equação da continuidade para regime permanente
Seja a vazão em massa na seção de entrada Qm1 e na saída Qm2.

mi
Qmi 
t

Para que o regime seja permanente, é necessário que não haja variação
de propriedades, em nenhum ponto do fluido com o tempo, logo:

Qm1  Qm 2 ou 1Q1   2Q2 ou 1v1 A1   2 v 2 A2


Que é a equação da continuidade para um fluido em regime permanente.

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 Equação da continuidade para regime permanente
Se o fluido for incompressível (massa específica constante, ρent = ρsai):

Q1  Q2  Q1  Q2 ou v1 A1  v 2 A2

 Para o caso de diversas entradas e saídas de fluido:

Q  Q
e
m
s
m

Se o fluido for incompressível e for o mesmo em todas as seções,

Q  Q
e s

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1 A  r 2 1
R
  r  
2
vm 
A 
A
v dA
dA  2  rdr
 vm 
R 2 v máx 1     2  rdr
  R  
0

R R
 R2  r2 
 R 
2 v máx 2 v máx
   rdr   r  r 3 dr
2
vm  R2  vm
R2 0   R4 0

R
2 v máx  R 2r 2 r4  2 v máx  R4 R4 
     
vm 
R4  2  4  vm
R4  2  4 
 0  

2 v máx R 4
vm   v m  0 , 5 v máx
R4 4
25

R 1 7
A  r 2 1  r 
vm 
1
A  v dA dA  2  rdr
 vm 
R 2 v
0
máx 1  
 R
2  rdr
A
R
2 v máx 1
x  R  r; r  Rx
vm  15  R  r 7 rdr
0
Mudança de
variável dr   dx
R 7

2 v máx
0
1 2 v máx
R
 1
 8
vm  15  x  R  x  dx 
7  vm  15   Rx

7  x  dx

7

7 R 7 0  
R R
R
 8 15

2 v máx  7 7 
15 15
2 v máx  7 Rx 7 7x 7  7 
vm      vm  R  R 7
15 15 8 15 
 8 15 
R 7  0 R 7  

2 v máx 49 15 7 49
vm  15
R  vm  v máx 26
R 7 120 60

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Q 10 x10  3 m 3 / s
v  v  v  4 x10  4 m / s
ATanque 25 m 2

V V ATanque .h
Q   t  t
t Q Q

25 m 2 x 0 , 2 m
t  t  500 s
10 x10  3 m 3 / s

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CINEMÁTICA DOS FLUIDOS

Bibliografias Consultadas:
BIRD, B., STEWART, W. E. e LIGHTFOOT, E. N., Fenômenos de Transporte, 2ª Edição, Rio de
Janeiro: LTC, 2004.
BISTAFA, S. R. Mecânica dos Fluidos Noções e Aplicações, 1ª Ed. Editora Edgard Blucher, 2010.
BRUNETTI, F., Mecânica dos Fluidos, 2ª Edição, São Paulo: Editora Pearson, 2008.
CANEDO, E. L., Fenômenos de Transporte, 1ª Edição, Rio de Janeiro: LTC, 2010.
FILHO, W. B., Fenômenos de Transporte para Engenharia, 2ª Edição, Rio de Janeiro: LTC, 2012.
FOX, R. W.; McDonald, A. T., Introdução à Mecânica dos Fluidos, 8ª Edição, Rio de Janeiro: LTC,
2014.
LIVI, C. P., Fundamentos de Fenômenos de Transporte: Um Texto para Cursos Básicos, 2ª
Edição, Rio de Janeiro: LTC, 2012.
POTTER, M. C. e WIGGERT, D. C., Mecânica dos Fluidos. 3ª Edição, Editora Cengage Learning,
São Paulo, 2004.

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