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Volúvel do Homem Foi Sempre a Vontade

Sobre as asas do Tempo, que não cansa,

Nossos gostos se vão, nossas paixões

Os projectos, sistemas e opiniões

Cos tempos que se mudam tem mudança.

Não pode haver no mundo segurança

Entre o vário montão de inclinações,

Pois sujeita a Vontade a mil baldões

No variável moto não descansa.

Nas nossas quatro épocas da idade

Temos mudanças mil: nossa fraqueza

Sujeita está, do Tempo, à variedade.

Na inconstância jamais houve firmeza:

Volúvel do homem foi sempre a vontade,

Por defeito comum da Natureza.

Francisco Joaquim Bingre, in 'Sonetos'

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