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Há, porém, armadilhas que volta e meia armamos contra nós mesmos. Elas
nos prendem em gaiolas construídas com as sutilezas do conforto, num ambiente de
certezas e seguranças que acreditamos ter alcançado, a bem de nossa interminável
busca por liberdade. Então o que era para ser um grito de liberdade, tornou-se o arfar
por um cantinho seguro no fundo da gaiola. A incoerência é mesmo um traço latente
em toda a humanidade. Ora, se o que cremos é o que vemos, como esperaremos?
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Pensadoria - Passando o Pensamento a Limpo
A mania de pensarmos no que pensamos
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hipoteticamente. Esbarro com isso todos os dias em todos os grupos, quer sejam
religiosos, políticos, econômicos e sociais. Sim, todos caminham suas trilhas marcadas
pelos viajantes da frente. Qualquer caminho pensado, e falo pensado e não tomado, é
combatido, morto e enterrado ainda no nascedouro. Não foi mesmo sem motivos a
guerra pela reforma.
Ora, segurança e certeza não rimam com fé, nem tampouco a expressam.
Mas sim esperança e convicção. Todos os exemplos bíblicos de fé, apresentam
indivíduos que saíram de suas confortáveis condições existenciais. De suas rotinas
seguras e de suas certezas convenientemente arraigadas. Abriram mão de suas
garantias. Todos se lançaram no vazio das incertezas, tendo apenas a convicção e a
esperança de que as gaiolas não eram e nem poderiam ser seus destinos últimos. A
única segurança e garantia que possuíam, era a esperança de crer contra a esperança.
Lançavam-se ao improvável, tendo como garantia a fidelidade daquele que os
impulsionava e que criam conduzi-los.
Antes que alguém me acuse de dizer que ter fé é uma crença vazia,
explico. Ao dizer "vazio", expresso aquilo que não é visível, aquilo que não detenho,
que não me garante. O vazio do voo se sente e se percebe. Os olhos não comprovam
mas o corpo que nele se lança o reconhece e sabe que está ali. A convicção o faz
alçar o voo. Aliás, voo só pode ser feito no vazio. Não há como voar através de
espaços ocupados por qualquer coisa que possa ser vista. A fé não pode ser um espaço
ocupado por qualquer coisa que, em lugar de esperança, antes nos seja uma garantia.
Mas alguém ainda argumentaria; mas o Espírito não é o penhor, não é a garantia de
nossa esperança. Certamente, mas alguém vê o Espírito? Ele então é o nosso vazio em
que nada vemos, mas onde somos plenos de convicção.
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