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Mário Guedes
Diretor Geral de Energia e Geologia
Geotermia - Energia Renovável em Portugal
APRESENTAÇÃO
ÍNDICE
PREÂMBULO 2
1. INTRODUÇÃO E CONCEITOS 6
2. POTENCIAL GEOTÉRMICO 8
2.1 Introdução 8
2.2 Estrutura interna da Terra 8
2.3 Reservatórios e recursos geotérmicos 11
2.4 Ocorrências geotérmicas em Portugal Continental 11
2.5 Enquadramento geológico 14
2.6 Quimismo das ocorrências geotérmicas 18
2.7 Utilização da energia geotérmica em Portugal Continental 20
2.8 Potencial geotérmico em Portugal Continental 23
2.9 Ocorrências geotérmicas dos Açores 25
2.9.1 Quimismo das ocorrências geotérmicas de baixa entalpia dos Açores 25
2.9.2 Utilização da energia geotérmica nos Açores 26
2.9.3 Potencial geotérmico dos Açores 27
3. A TECNOLOGIA 32
3.1 Aplicações térmicas 32
3.1.1 Sistemas para uso direto de recursos geotérmicos 32
3.1.2 Sistemas geotérmicos superficiais 33
3.2 Produção de eletricidade 37
3.2.1 Geotermia de média e alta entalpia 37
3.2.2 Geotermia estimulada 39
3.3 Redes de aquecimento geotérmico 40
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 50
ANEXO 52
Geotermia - Energia Renovável em Portugal
PREÂMBULO
A geotermia como indústria A geotermia como indústria, Foi depois dessa década que
em Portugal alicerçada no conhecimento nasceu o Projeto Geotérmico dos
geológico, hidrogeológico e Açores, hoje realização
geotérmico de um território, pode ser emblemática da geotermia
encarada nas seguintes vertentes: europeia para a produção de
a) A geotermia clássica, ou eletricidade (27,8 MW de
tradicional, compreendendo a capacidade total instalada, energia
produção de eletricidade e o anual produzida de 171,6 GWh,
aquecimento urbano; ano de 2016), projeto que coloca
Portugal no mapa dos
b) A geotermia nova, ou geotermia aproveitamentos geotérmicos
superficial que aproveita o potencial mundiais (Carvalho et al. 2015).
térmico do solo e do subsolo a
pequenas profundidades ou da água A energia geotérmica satisfaz
dos aquíferos superficiais, incluindo o atualmente cerca de 0,4% das
armazenamento de calor e frio nos necessidades de energia elétrica
aquíferos e, do mundo. Em Portugal esse valor,
estatisticamente, é também de
c) A geotermia do futuro com 0,4%, mas como é sabido está,
sistemas geotérmicos estimulados por força do contexto geológico,
em meios de elevada temperatura concentrado na Ilha de S. Miguel
mas de pequena permeabilidade nos nos Açores, onde a produção
quais se incrementa a conectividade alcança 42% das necessidades
natural das formações com
fracturação hidráulica ou outra. elétricas da Ilha, cerca de 22% das
do arquipélago.
A partir do primeiro choque petrolífero
de 1973, verificou-se um grande No que respeita aos usos diretos,
desenvolvimento da geotermia à para além das aplicações
escala mundial e à conceptualização balneoterápicas e balneológicas,
de novos modelos de exploração do lúdicas, recreativas, funcionais e
recurso. até gastronómicas em curso em
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Geotermia - Energia Renovável em Portugal
Portugal Continental e nos Açores cerca de 0,8 MWt (Carvalho et al. existe procura.
desde tempos imemoriais, o 2015). Embora em 2010 tenha sido
interesse das nascentes termais Desde essa data, outros projetos têm realizada, em Portugal, uma tentativa
para outras aplicações sido equacionados e alguns de lançamento de projetos do tipo
geotérmicas vem também da concretizados noutros polos termais Sistema Geotérmico Estimulado
década de 70 do século passado. portugueses (S. Pedro do Sul, (EGS), estima-se que o investimento
A primeira realização geotérmica Monção, Longroiva, Alcafache, neste tipo de projetos seja avultado,
em Portugal para usos diretos foi Aregos, Caldas da Rainha, etc.) mas sendo também grande o
realizada nas Caldas de Chaves o crescimento tem sido tímido e desconhecimento em relação aos
para climatização da piscina titubeante. Será, contudo, nos polos reservatórios, o que dificulta o
municipal, estando hoje, o projeto termais que serão de esperar a curto aparecimento de iniciativas do setor
alargado a dois hotéis da cidade prazo novos desenvolvimentos privado.
com uma potência instalada de particularmente naqueles em que já
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Geotermia - Energia Renovável em Portugal
século passado foram abandonados financiamento comunitário. mais de trinta anos o aquecimento
sobretudo, por ter sido esquecida a Excetua-se a aplicação geotérmica no de estufas de frutos tropicais com
componente do mercado e por Polo do Vau, da concessão de S. recurso à energia geotérmica.
inadequada seleção dos recetores do Pedro do Sul, onde foi feito, durante
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Geotermia - Energia Renovável em Portugal
1. INTRODUÇÃO E CONCEITOS
Geotermia é a designação usada A legislação portuguesa sobre Até há poucos anos, os recursos
para o conjunto das ciências e recursos geológicos (Lei nº 54/2015, geotérmicos foram apenas
técnicas que estudam e exploram o de 22 de junho) define como recurso utilizados em estabelecimentos
calor terrestre ou a energia geotérmico os fluidos e as termais. Contudo, tem-se vindo a
geotérmica. Este tipo de energia formações geológicas do subsolo, observar um interesse crescente
oferece, entre outras, a vantagem de cuja temperatura é suscetível de na realização de estudos e projetos
ser renovável, pouco poluente e aproveitamento económico. que têm em vista o aproveitamento
independente do custo dos A revelação do recurso é o conjunto da energia geotérmica,
combustíveis. Para além disto, e em das atividades e operações que visam nomeadamente o aquecimento
contraste com outras fontes a descoberta de recursos e a dos próprios estabelecimentos
renováveis de energia, o recurso determinação das suas termais, de unidades hoteleiras, de
geotérmico tem uma elevada características, até à confirmação da piscinas e de estufas agrícolas.
disponibilidade, ou seja, pode ser existência de valor económico. No uso em cascata da água
explorado praticamente em contínuo. mineral natural quente é importante
As variações locais de distribuição de
A energia geotérmica tem origem no temperatura, permeabilidade, realçar que os meses em que é
interior da Terra, verificando-se que, porosidade, geometria dos necessário utilizar maior
em termos médios, a temperatura reservatórios e profundidade das quantidade de calor correspondem
aumenta, em profundidade, em cerca anomalias, levam ao aparecimento de ao período de menor consumo da
de 33ºC por km. Porém, devido à uma grande variedade de tipos de água mineral natural nos
heterogeneidade da crosta terrestre, sistemas geotérmicos (sistema estabelecimentos termais, ou seja,
existem zonas anómalas, isto é, geotérmico é a entidade natural onde ao período de inverno.
zonas onde a variação da o calor profundo é transferido para a Refira-se que a retirada do calor da
temperatura com a profundidade superfície da Terra, ou para muito água mineral natural, através de
(gradiente geotérmico) é inferior ou perto dela). permutadores, permite fazer uma
superior àquele valor, dito normal. melhor gestão dos caudais, que,
A alínea e) do Artº 29º da Lei nº
São as zonas de elevado gradiente, 54/2015, de 22 de junho, estabelece com o racional aproveitamento em
ou seja, as de maior temperatura a que constitui obrigação dos cascata, permite valorizar os
menor profundidade, que interessam concessionários fazer o melhor recursos nas suas duas valências:
prioritariamente à geotermia, como aproveitamento dos recursos, recurso hidromineral versus
são os casos das zonas afetadas por segundo normas técnicas adequadas recurso geotérmico.
vulcanismo. Contudo, as zonas de e em harmonia com o interesse Os recursos geotérmicos de
gradiente normal, ou mesmo inferior público do melhor aproveitamento Portugal Continental têm vindo a
ao normal, podem também ser desses bens. Assim, consideramos ser estudados não só através de
interessantes. que os recursos hidrominerais, cuja métodos e estudos
O aproveitamento da energia temperatura seja superior a 20ºC (1), hidrogeológicos clássicos, como
geotérmica implica a existência de são suscetíveis de serem também através de inventários
um fluido, normalmente a água, que aproveitados na sua componente minuciosos e recolha regular de
transporte o calor do interior da Terra geotérmica. dados quantitativos e interpretação
para a superfície. Na chamada Existem vários tipos de recursos que dos parâmetros obtidos.
geotermia convencional o reservatório refletem o grau de certeza com que A DGEG tem procedido ao estudo
geotérmico possui este fluido bem foram avaliados. As reservas são, exaustivo das ocorrências de água
como a permeabilidade necessária portanto, os recursos conhecidos, com temperatura superior a 20ºC,
para a sua extração, podendo este seja através de sondagens, seja quer nascentes naturais, quer
ser utilizado para a produção de através de dados geoquímicos ou provenientes de furos, através da
eletricidade, ou em aplicações diretas geofísicos, que podem ser compilação da informação e dados
de aquecimento industrial ou urbano. aproveitados energeticamente e técnicos dispersos pelos
No caso da geotermia estimulada, economicamente no presente. De processos das concessões e dos
cuja finalidade é a produção de acordo com a experiência atual, não relatórios arquivados na DGEG e,
eletricidade, pode não existir fluido constituem recursos quaisquer ainda, da caracterização
e/ou permeabilidade no reservatório, reservas que excedam os 3 km de geológico-estrutural das
pelo que é necessário artificialmente profundidade. As reservas são ocorrências.
injetar fluido e/ou criar a subdivididas em provadas, prováveis
permeabilidade essencial à sua Ao longo dos anos, vários têm sido
e possíveis. os trabalhos publicados nesta
circulação.
temática, salientando-se os
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Convenção adotada no Atlas dos Recursos Geotérmicos da Europa (CEC, 1988) para a definição de água quente.
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2. POTENCIAL GEOTÉRMICO
2.1 Introdução A energia geotérmica é a energia estimando-se que a energia total
calorífica que se encontra que nos chega do seu interior seja
armazenada sob a camada externa equivalente a 4,2 x 1012 Joule e que
sólida da Terra. Tem origem no calor perdure por milhares de milhões de
primordial da formação da Terra, há anos, o que a torna uma fonte
cerca de 4,5 mil milhões de anos. inesgotável de energia à escala
Este calor, conjuntamente com o humana. É esta origem telúrica do
que se gera em consequência de calor, que a distingue das outras
diversos fenómenos térmicos que se fontes de energia renováveis que
produzem no interior da Terra, têm origem direta ou indireta no
nomeadamente o calor libertado calor emanado pelo Sol.
pela cristalização do núcleo, pelos No entanto, apenas uma pequena
movimentos diferenciais entre as porção desta energia pode ser
diferentes camadas que constituem utilizada pela humanidade, estando
a Terra, e ainda como resultado da limitada a zonas nas quais as
desintegração de isótopos condições geológicas permitem a
radioativos presentes nas rochas circulação de água na fase líquida ou
que constituem a crosta e o manto, de vapor, que transporta calor desde
origina um fluxo de calor até à as zonas mais profundas e mais
superfície. quentes, até zonas mais superficiais,
Inclui-se na categoria das energias dando origem aos reservatórios
renováveis, porque o calor que geotérmicos e, por conseguinte,
existe naturalmente no interior da aos recursos geotérmicos.
Terra, é considerado ilimitado,
2.2 Estrutura interna da Para poder compreender como e A camada mais externa, a crosta
Terra porque existem reservatórios terrestre, é atualmente a única
geotérmicos é necessário conhecer diretamente acessível, sendo
a estrutura interna da Terra, a qual constituída por um mosaico de
se organiza em diversas camadas placas que se movimentam entre si,
cuja temperatura aumenta impulsionadas pelas correntes de
consideravelmente do exterior para convecção geradas no manto de
o interior (Fig. 2). origem plástica, e pela ação da
A camada mais interna, o núcleo, gravidade e da diferença de
divide-se em núcleo interno, no densidade dos diferentes tipos de
estado sólido e núcleo externo, no rochas que constituem as placas. A
estado líquido. Atinge a temperatura sua temperatura varia entre os
de 4000ºC e tem uma espessura 15-20ºC à superfície e os 800-
total de cerca de 3500 km. -1000ºC no contacto com o manto.
A camada intermédia, ou manto, A espessura da crosta terrestre varia
tem aproximadamente 2900 km de entre 5 e 10 km no caso da crosta
espessura e divide-se em duas oceânica e é de cerca de 15 a 75
camadas: o manto interno sólido e o km no caso da crosta continental.
manto externo também sólido, mas Existe assim uma diferença de
dúctil. A temperatura varia entre temperatura apreciável entre o
800-1000ºC na sua parte exterior e interior e a superfície da Terra.
é de cerca de 4000ºC na parte
interior.
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O aumento de temperatura com a geotérmico normal. Neste caso tem- As zonas de subducção (Fig. 3-2),
profundidade, conhecido como -se um gradiente geotérmico onde se dá a colisão entre placas e
gradiente geotérmico, tem um valor anómalo, que coincide com as zonas reabsorção da crosta pelo manto,
aproximadamente constante, na de maior atividade sísmica e com geração de novo magma, como
maior parte da crosta terrestre e é, a vulcânica, as quais estão é o caso do grande Anel de Fogo do
partir dos 15 a 30 m de relacionadas com a tectónica de Pacífico (Fig. 4-2).
profundidade, de cerca de 1,5 a placas:
3,0ºC por cada 100 m. Neste caso As zonas de separação de placas
fala-se de gradiente geotérmico Nas zonas onde, por movimentos
(Fig. 3-1), onde há geração de nova distensivos no interior das placas, se
normal. crosta oceânica a partir da ascensão produzem adelgaçamentos da crosta
No entanto, em zonas de magma, de que é exemplo a (Fig. 3-3) com a consequente
geologicamente ativas (Figs. 3 e 4), o grande dorsal oceânica que separa ascensão de magma, como por
fluxo de calor é anormalmente os continentes americano e euro- exemplo no rift do leste africano (Fig.
elevado, podendo chegar a valores africano (Fig. 4-1). 4-3).
10 vezes superiores ao gradiente
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Temp. máxima
Nº Designação Quimismo Mineralização total
registada (°C)
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A temperatura de emergência não deixou vestígios arqueológicos qualificada como recurso geológico,
excede os 76ºC, verificando-se romanos por todo o país. mas cuja temperatura é suscetível de
existir uma predominância entre os Para além das ocorrências ser utilizada em aproveitamentos de
20ºC e os 40ºC (Fig. 6). geotérmicas referidas na Fig. 5 e no geotermia superficial. No entanto
Algumas destas ocorrências têm Quadro 1, existem em Portugal este tipo de ocorrências está fora do
sido utilizadas essencialmente para Continental numerosas nascentes e âmbito desta publicação.
fins de balneoterapia, atividade que furos de captação de água não
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Nº de Ocurrências
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Fig. 7 - Enquadramento tecno-estratigráfico das ocorrências geotérmicas e principais estruturas ativas (segundo Cabral et al. 2011) em Portugal
Continental. (fundo geológico adaptado da Carta Geológica de Portugal à escala
1:1000 000, LNEG, 2010)
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Fig. 8 - Carta Geológica das Ocorrências Geotérmicas em Portugal Continental (adaptada da Carta Geológica de Portugal à escala 1/1 000 000, 2010,
LNEG). Legenda das ocorrências geotérmicas, consultar Quadro I.
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No que respeita à litologia, (Fig. 8), a nas zonas de interseção de evidenciado, entre outros fatores,
maior parte das ocorrências acidentes tectónicos, o que lhes pela morfologia abrupta e
geotérmicas de temperatura mais confere uma permeabilidade rejuvenescida, de que existem
elevada, estão relacionadas com suficiente para permitir a circulação diversos testemunhos
unidades graníticas da Orogenia da água. Por outro lado, a zona norte documentados (Cabral, 1995), o que
Varisca. do país, onde ocorrem estes poderá justificar, segundo Ribeiro e
Com efeito, estes granitos granitos, sofreu um levantamento Almeida (1981), a existência de uma
encontram-se, na maioria, acentuado durante a fase fonte de calor mais próxima da
intensamente fraturados, em especial compressiva da Orogenia Alpina, superfície.
• Águas sulfúreas: representam geotérmicas. São pouco frequentes atingir os 35 000 mg/L, devido ao
53% das ocorrências geotérmicas como tipo dominante na Zona enriquecimento em cloretos, sulfatos,
conhecidas (Fig. 9) e são Centro-Ibérica, ocorrendo com mais sódio, cálcio.
caracterizadas pela presença de frequência na Orla Meso-Cenozóica Águas silicatadas: ocorrem
formas reduzidas de enxofre, Ocidental e no sul do país. São associadas aos quartzitos da zona
elevados teores em sílica e do ião geralmente fracamente mineralizadas Centro-Ibéria e são águas
fluoreto, que na ocorrência 15 é o ião e o pH é próximo da neutralidade. hipossalinas, ou seja, de
dominante, e valores de pH elevados Águas cloretadas: ocorrem na mineralização muito baixa, inferior a
(> 8). São em geral fracamente Orla Meso-Cenozóica Ocidental, 200 mg/L. As 3 ocorrências
mineralizadas, ou seja, a sendo a sua composição claramente conhecidas são cloretadas, sódicas
mineralização total situa-se entre os influenciada pela presença de e potássicas e a temperatura
200 e os 1000 mg/L. A maior parte diapiros que constituem estruturas máxima registada é de 28°C.
deste tipo de água está associada geológicas caracterizadas pela
aos granitos variscos da Zona Centro • Águas gasocarbónicas: são
acensão, ao longo de fraturas pré- naturalmente enriquecidas em CO2
Ibérica (Fig.10). Na Orla Meso- existentes e geralmente profundas,
Cenozóica Ocidental, ocorrem (teor de dióxido de carbono superior
de sedimentos evaporíticos de a 250 mg/L). As duas ocorrências
também algumas águas sulfúreas, comportamento plástico, como o
mas neste caso trata-se de águas conhecidas estão localizadas, uma
salgema (cloreto de sódio, potássio e junto à falha de Penacova-Régua-
hipersalinas, com mineralização total magnésio), a halite (cloreto de sódio),
superior a 3000 mg/L, devido à Verin, e outra junto à falha de
o gesso (sulfato de cálcio), a silvite Manteigas-Vilariça-Bragança. Estão
presença dos evaporitos das zonas (cloreto de potássio), etc. A presença
diapíricas. por explicar as razões pelas quais a
destes minerais influi primeira regista temperatura máxima
• Águas bicarbonatadas: significativamente na geoquímica das de 76°C e a segunda não ultrapassa
constituem o segundo tipo químico águas, conferindo-lhes um aumento os 21°C. Na composição química
mais frequente das ocorrências na mineralização total que chega a são ambas bicarbonatadas sódicas.
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Águas minerais naturais com de 2 km a sul de S. Pedro do Sul, para climatização e para os
aproveitamento geotérmico em um furo inclinado com cerca de tratamentos aí efetuados e ainda
funcionamento: 200m de comprimento e uma para a produção de AQS e
• Caldas de Chaves temperatura de 67°C, que não se aquecimento da piscina exterior do
O primeiro projeto, em Portugal encontra qualificado como água hotel rural situado nas proximidades.
Continental, de utilização do calor mineral natural, mas apenas como • Termas do Carvalhal
para outros fins, para além da recurso geotérmico, é aproveitado O recurso hidromineral do Carvalhal,
balneoterapia, registou-se em numa utilização direta em agricultura, com uma temperatura máxima
Chaves, no início da década de 80 para o aquecimento de estufas de registada de 41°C, foi
do século XX. frutos tropicais. concessionado para termalismo por
Trata-se do campo geotérmico das • Caldas de Vizela alvará de 1916, e qualificado como
Caldas de Chaves, cuja água mineral Na concessão hidromineral de recurso geotérmico em 2007. No
natural regista uma temperatura Caldas de Vizela os caudais entanto, atualmente, ainda não é
máxima de 76ºC, sendo captada em excedentes são utilizados no feito o seu aproveitamento
furos com profundidade até 150 m e aquecimento de uma piscina e na energético, estando em curso o
utilizada numa rede de aquecimento climatização e produção de AQS de desenvolvimento de projetos para
urbano, para climatização e um hotel localizado na zona. O esse efeito.
produção de água quente sanitária recurso geotérmico apresenta uma Águas não qualificadas como
(AQS) de dois hotéis e do edifício temperatura à volta de 50°C e uma minerais naturais, com
termal e aquecimento da piscina. mineralização total de 338 mg/L. aproveitamento geotérmico
• S. Pedro do Sul • Banho de Alcafache abandonado
É o maior balneário termal português A água mineral natural de Alcafache, Existem ainda em Portugal
em termos de frequência, onde, utilizada tradicionalmente em Continental outros recursos
desde há cerca de três décadas, tem termalismo, recebeu em 2002 a geotérmicos não qualificados como
vindo a decorrer, de forma regular, o qualificação conjunta com a de água mineral natural, que tiveram em
desenvolvimento geotérmico da área recurso geotérmico. Com efeito, o tempos aproveitamento energético,
das nascentes termais. Atualmente, estabelecimento termal está, desde mas que estão atualmente
o aproveitamento geotérmico 2003 a ser climatizado a partir da abandonados devido a problemas
funciona em dois polos: água mineral natural com 51°C de técnicos com as captações.
O Polo das Termas - tem em temperatura. • Hospital da Força Aérea no
funcionamento, desde 2001, uma • Caldas de Monção Lumiar (Lisboa)
central geotérmica para climatização O recurso hidromineral das Caldas Em 1987 foi executado um furo com
e produção de AQS de dois de Monção com uma temperatura de 1500 m de profundidade que captou
balneários termais e de dois hotéis, a 49°C foi qualificado como recurso água, com temperatura de 50°C, nos
partir de um furo com 500 m de geotérmico em 2006. arenitos do Cretácico Inferior da
profundidade e 69°C de A exploração do recurso para uso bacia sedimentar de Lisboa. Esta
temperatura. geotérmico teve início em março de água foi utilizada, durante nove anos
A central geotérmica é constituída no 2015, tendo como objetivo o consecutivos, para a produção de
essencial, por um permutador de aquecimento do estabelecimento AQS, para climatização e para
placas principal, que transfere a termal, piscinas públicas, hotel e utilização como água potável depois
temperatura da água mineral natural edifícios públicos. Encontra-se de arrefecida à temperatura
para a água normal da rede (água atualmente em período experimental. ambiente. O projeto foi abandonado
não mineral); um coletor de saída, • Longroiva devido a problemas de corrosão no
constituído por seis saídas, leva a A água mineral natural de Longroiva revestimento do furo, provavelmente
água não mineral aquecida para os foi qualificada como recurso termal resultantes de intrusões salinas
vários consumidores do geocalor; em 2004 e como recurso geotérmico provenientes da água do mar.
um coletor de retorno, com seis em 2011, data a partir da qual se • Serviços Sociais das Forças
entradas recebe a água não mineral, iniciaram estudos com vista ao Armadas (Oeiras)
já fria, após ter fornecido o geocalor aproveitamento geotérmico da água,
aos consumidores. Os coletores O aproveitamento geotérmico foi
que emerge por artesianismo à feito, entre 1992 e 1997 a partir da
estão associados em série à rede de temperatura de 47°C.
água não mineral. água a uma temperatura de 30°C
Atualmente, o recurso geotérmico é captada nos arenitos do Cretácico
No Polo do Vau, localizado a cerca utilizado no balneário das termas, Inferior, por meio de um furo com
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475 metros de profundidade. O calor neste caso tenha sido necessário o progressiva salinização da água
foi aproveitado para a produção de apoio com bombas de calor. captada levaram ao abandono do
AQS e para climatização, ainda que, Problemas de colapso do furo e a projeto.
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De acordo com dados de Ribeiro e grandeza. Na zona de Lisboa, o furo Tendo em atenção estes dados,
Almeida (1981), o gradiente geotérmico do Lumiar parece ser existe um potencial, extensível a todo
geotérmico médio é, nestas zonas, representativo destas condições, o país, para o desenvolvimento dos
de cerca de 2°C a 3°C /100 m, dado que atingiu a temperatura de aproveitamentos geotérmicos em
estimando-se que, a profundidades 50°C à profundidade de 1500 m. Na profundidade, tanto por utilização
da ordem dos 1500 m, se atinja a Península de Setúbal, as sondagens direta a partir de aquíferos profundos,
temperatura de 50°C. Estes dados petrolíferas na zona do Barreiro, como também, e na ausência de
são coincidentes com a informação revelaram a mesma ordem de permeabilidade, a partir dos
decorrente das sondagens grandeza do gradiente geotérmico, Sistemas Geotérmicos
petrolíferas, que apontam também com temperatura de 75°C a 2800 m Estimulados (Enhanced Geothermal
para gradientes da mesma ordem de de profundidade. Systems EGS), cujo funcionamento
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2.9 Ocorrências O Arquipélago dos Açores é formado maars e fissuras eruptivas, que
geotérmicas dos Açores por nove ilhas oceânicas vulcânicas, frequentemente definem alinhamentos
localizadas em pleno Atlântico Norte e vulcano-tectónicos locais ou
dispersas ao longo de uma faixa com regionais.
cerca de 600 km de extensão A natureza geológica, a intensa
segundo a direção WNW-ESE, na fraturação associada, a tectónica e a
junção tripla das placas norte sismicidade, potenciam a existência
americana, euroasiática e africana. de reservatórios geotérmicos de alta
Esta localização e o enquadramento entalpia em diversas ilhas dos Açores
geotectónico do arquipélago dos (nomeadamente nas ilhas S. Miguel,
Açores traduzem-se numa atividade Terceira, Graciosa, Pico e Faial).
sísmica e vulcânica significativas, Merecem destaque o campo
incluindo numerosas manifestações geotérmico da Ribeira Grande, na ilha
de vulcanismo secundário, como de S. Miguel (com temperaturas da
campos fumarólicos e de água à saída das captações de
desgaseificação e nascentes, poços e 142°C a 203°C) e o campo
furos com águas termais. O geotérmico do Pico Alto, na ilha
vulcanismo do arquipélago dos Terceira (com temperaturas da água à
Açores é genericamente saída das captações de 263°C a
caracterizado por 27 sistemas 283°C), ambos atualmente em
vulcânicos principais e, também, pela exploração.
existência de cerca de 1750 vulcões
monogenéticos, quer nos flancos e No total estão identificadas nos
dentro das caldeiras de subsidência Açores 48 ocorrências geotérmicas
dos vulcões poligenéticos, quer superficiais de baixa entalpia (com
integrando sistemas fissurais temperaturas entre 22 e 98°C), a
basálticos. Estes pequenos vulcões maioria das quais (25 manifestações)
incluem, entre outros, cones de na chamada Hidrópole das Furnas,
escórias basálticas, domos e coulées na ilha de S. Miguel (Quadro II e Fig.
traquíticas, cones e anéis de tufos, 15).
2.9.1 Quimismo das As ocorrências geotérmicas de baixa contribuindo para o aumento dos
ocorrências geotérmicas de entalpia identificadas nas ilhas dos processos de interação água-rocha
baixa entalpia dos Açores Açores estão, de modo geral, vulcânica (de natureza traquítica e
associadas a sistemas de alta entalpia basáltica) e consequente aumento da
em ebulição e enriquecidos em gases mineralização total das águas.
vulcânicos. As águas termais têm Os seis tipos principais de águas
composição química que está minerais com potencialidade para
fortemente dependente da influência aplicações geotérmicas são (Fig. 14):
do vulcanismo ativo nas ilhas, não só águas sulfúreas, águas
pelo elevado gradiente geotérmico, bicarbonatadas, águas
como pela emissão de fluidos com gasocarbónicas (CO2 livre>500 mg/L),
origem magmática e hidrotermal águas cloretadas, águas sulfatadas e
profunda. Estas emissões são de águas silicatadas.
natureza ácida (CO2(g), H2S(g)),
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Geotermia - Energia Renovável em Portugal
Fig. 14 - Distribuição do quimismo das ocorrências geotérmicas de baixa entalpia nas ilhas dos Açores
2.9.2 Utilização da energia Na Região Autónoma dos Açores quente para utilização no balneário
geotérmica nos Açores estão qualificados como recurso termal da Ferraria (balneário e
geotérmico: piscina exterior); o recurso apresenta
O Campo Geotérmico da Ribeira uma temperatura de 61°C e uma
Grande (ilha de S. Miguel), mineralização total de 20485 mg/L.
constituído pelas formações As formações geológicas
geológicas atravessadas e pelo calor atravessadas e o calor dos fluidos
dos fluidos captados nos poços captados no furo AC1, no
CL1, CL2, CL3, CL5, CL6, CL7, Carapacho (ilha Graciosa nº 40,
PV2, PV3, PV4, PV7 e PV8, bem Quadro II), anteriormente direcionado
como pelas formações geológicas para usos recreativos mas,
atravessadas pelos poços de atualmente, sem utilização.
reinjeção CL4, CL4A, PV5, PV6, Das 48 ocorrências geotérmicas de
PV9, PV10 e PV11; estes poços baixa entalpia nos Açores referidas
asseguram o funcionamento das nesta publicação (cf. Quadro II), 18
centrais geotérmicas da Ribeira estão qualificadas como águas
Grande e do Pico Vermelho, com minerais naturais e integram a
uma capacidade instalada total de concessão hidromineral denominada
27,8 MW. de Estância Termal das Furnas,
O Campo Geotérmico do Pico Alto demarcada pela Direção Geral de
(ilha Terceira), constituído pelas Minas e Serviços Geológicos
formações geológicas atravessadas (Ministério da Economia) a 14 de
e pelo calor dos fluidos captados setembro de 1964 e cujo Alvará de
nos poços de produção PA2, PA3 e Concessão (alvará n.º 6317) está
PA4, bem como pelas formações publicado no Diário do Governo n.º
geológicas atravessadas pelo poço 48, III Série, de 26 de fevereiro de
de reinjeção PA8; estes poços 1965. Atualmente, apenas a
asseguram o funcionamento da captação designada de Quenturas
central geotérmica do Pico Alto, com (ou de Água Férrea das Quenturas-
uma capacidade instalada total de nº 19, Quadro II) é utilizada em
4,0 MW. termalismo, abastecendo as piscinas
As formações geológicas do Furnas Boutique Hotel Thermal &
atravessadas e o calor dos fluidos Spa. Outras ocorrências desta
captados no furo AC3, na Ponta da concessão têm utilização tradicional
Ferraria (ilha de S. Miguel nº 35, em múltiplas vertentes (e.g. Bica da
Quadro II); este furo de captação Água Santa, Poço, Padre José) ou
assegura a produção de água têm sido utilizadas no
desenvolvimento de novos produtos
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Geotermia - Energia Renovável em Portugal
(e.g. utilização de água Terra mineral natural, abastecendo o denominada de Água da Ladeira
Nostra em produtos balneário termal do Carapacho. da Velha, com o Alvará de
dermocosméticos e Água Azeda Trata-se de uma água cloretada Concessão n.º 7095 publicado no
na salmoura/maturação de sódica, com uma mineralização Diário do Governo n.º 147, III Série,
queijos). total média de 8200 mg/L. de 26 de junho de 1974. A água
Do mesmo modo a água do furo Ainda, a água termal da Ladeira da termal desta concessão,
de captação PS2, do Carapacho Velha (nº 32, Quadro II) está atualmente detida pela Região
(ilha Graciosa nº 41, Quadro II), qualificada como água mineral Autónoma dos Açores, não tem
está qualificada como água natural e integra a concessão utilização formal.
2.9.3 Potencial geotérmico dos No que respeita aos recursos duas centrais geotérmicas de fluido
Açores geotérmicos de alta entalpia, o seu binário na ilha de S. Miguel (a Central
aproveitamento para a produção de Geotérmica da Ribeira Grande e a
energia elétrica teve início em 1980 no Central Geotérmica do Pico
Vulcão do Fogo, ilha de S Miguel, Vermelho), com uma capacidade total
com a central piloto do Pico Vermelho instalada de 27,8 MW, uma potência
(com capacidade instalada de 3 MW). total de 23,2 MW e uma energia
A utilização à escala industrial teve produzida de 171,6 GWh (ano de
início em 1994, com a Central 2016), energia correspondente a
Geotérmica da Ribeira Grande, com cerca de 44% dos consumos
capacidade instalada de 5,8 MW. elétricos da ilha.
Atualmente estão em funcionamento
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Geotermia - Energia Renovável em Portugal
Temp. máxima
Nº Designação Quimismo Mineralização total Observações
registada (°C)
1 Água da Prata (*) 24 Gasocarbónica, sulfúrea, bicarbonatada, sódica, fluoretada, ferruginosa Fracamente mineralizada Vulcão das Furnas - S. Miguel
2 Água Férrea (*) 39 Gasocarbónica, bicarbonatada, sódica, ferruginosa, fluoretada Mesossalina Vulcão das Furnas - S. Miguel
3 Bica da Água Santa (*) 96 Sulfúrea, bicarbonatada, sódica, fluoretada Fracamente mineralizada Vulcão das Furnas - S. Miguel
Caldeira Barrenta 68 Gasocarbónica, sulfúrea, sulfatada, sódica, ferruginosa, fluoretada Mesossalina Vulcão das Furnas - S. Miguel
4
(Lagoa das Furnas)
Caldeira da Lagoa 94 Sulfúrea, sulfatada, sódica, ferruginosa, fluoretada Fracamente mineralizada Vulcão das Furnas - S. Miguel
5
das Furnas
Caldeira da Ribeira 97 Sulfatada, sódica, fluoretada, ferruginosa Mesossalina Vulcão das Furnas - S. Miguel
6
dos Tambores
7 Caldeira do Asmodeu (*) 88 Sulfúrea, bicarbonatada, sódica, fluoretada Hipersalina Vulcão das Furnas - S. Miguel
8 Caldeira do Esguicho (*) 93 Sulfúrea, bicarbonatada, sódica, fluoretada Mesossalina Vulcão das Furnas - S. Miguel
9 Caldeira dos Vimes (*) 73 Sulfúrea, bicarbonatada, sódica, ferruginosa Fracamente mineralizada Vulcão das Furnas - S. Miguel
10 Caldeira Grande (*) 98 Sulfúrea, bicarbonatada, sódica, fluoretada Mesossalina Vulcão das Furnas - S. Miguel
11 Caldeirão do Chalet (*) 78 Sulfúrea, bicarbonatada, sódica, fluoretada Fracamente mineralizada Vulcão das Furnas - S. Miguel
12 Encosta (*) 60 Bicarbonatada, sódica, ferruginosa, fluoretada Mesossalina Vulcão das Furnas - S. Miguel
13 Grutinha (*) 44 Gasocarbónica, bicarbonatada, sódica, fluoretada, ferruginosa Mesossalina Vulcão das Furnas - S. Miguel
Grutinha 41 Gasocarbónica, bicarbonatada, sódica, fluoretada, ferruginosa Mesossalina Vulcão das Furnas - S. Miguel
14
Ernesto Correia (*)
15 Morangueira (*) 33 Sulfúrea, bicarbonatada, sódica, fluoretada, ferruginosa Mesossalina Vulcão das Furnas - S. Miguel
16 Padre José (*) 58 Sulfúrea, bicarbonatada, sódica, fluoretada, ferruginosa Fracamente mineralizada Vulcão das Furnas - S. Miguel
17 Poça da Dona Beija 39 Bicarbonatada, sódica, ferruginosa, fluoretada Fracamente mineralizada Vulcão das Furnas - S. Miguel
18 Poço (*) 47 Bicarbonatada, sódica, ferruginosa, fluoretada Mesossalina Vulcão das Furnas - S. Miguel
19 Quenturas (*) 59 Bicarbonatada, sódica, fluoretada, ferruginosa Mesossalina Vulcão das Furnas - S. Miguel
20 Rego (*) 57 Sulfúrea, bicarbonatada, sódica, fluoretada, ferruginosa Mesossalina Vulcão das Furnas - S. Miguel
Ribeira de Nossa 42 Bicarbonatada, sódica, ferruginosa, fluoretada Fracamente mineralizada Vulcão das Furnas - S. Miguel
21
Senhora/Terra Nostra
22 Ribeira Quente 44 Bicarbonatada, sódica, fluoretada, ferruginosa Mesossalina Vulcão das Furnas - S. Miguel
23 Sanguinhal 36 Bicarbonatada, sódica, fluoretada Fracamente mineralizada Vulcão das Furnas - S. Miguel
24 Torno (*) 40 Bicarbonatada, sódica, fluoretada, ferruginosa Mesossalina Vulcão das Furnas - S. Miguel
25 Três Bicas (*) 57 Bicarbonatada, sódica, fluoretada, ferruginosa Mesossalina Vulcão das Furnas - S. Miguel
26 BEL Portugal 40 Cloretada, sódica Hipersalina Vulcão do Fogo - S. Miguel
27 Caldeira Velha - Fumarola 98 Sulfatada, sódica, potássica Fracamente mineralizada Vulcão do Fogo - S. Miguel
28 Caldeira Velha - Nascente 31 Silicatada, cloretada, bicarbonatada, sódica, ferruginosa Hipossalina Vulcão do Fogo - S. Miguel
Caldeiras da Ribeira 59 Sulfúrea, sulfatada, sódica, ferruginosa, fluoretada Fracamente mineralizada Vulcão do Fogo - S. Miguel
29
Grande - Fumarola
30 Cerâmica Vieira 58 Cloretada, sódica Mesossalina Vulcão do Fogo - S. Miguel
31 INSULAC 28 Bicarbonatada, sódica, potássica Fracamente mineralizada Vulcão do Fogo - S. Miguel
32 Ladeira da Velha 30 Gasocarbónica, bicarbonatada, sódica Fracamente mineralizada Vulcão do Fogo - S. Miguel
33 Monte dos Frades 28 Bicarbonatada, sódica Fracamente mineralizada Vulcão do Fogo - S. Miguel
34 Pocinha 29 Sulfúrea, cloretada, bicarbonatada, sódica, ferruginosa Fracamente mineralizada Vulcão do Fogo - S. Miguel
35 Ferraria - Furo Ac3 61 Cloretada, sódica, ferruginosa Hipersalina Vulcão das Sete Cidades - S. Miguel
36 Juncal 23 Sulfúrea, cloretada, sódica Mesossalina Vulcão dos Cinco Picos - Terceira
37 ER1 27 Gasocarbónica, bicarbonatada, sódica Fracamente mineralizada Vulcão do Pico Alto - Terceira
38 Terra Chã 25 Sulfúrea, bicarbonatada, cloretada, sódica, fluoretada Fracamente mineralizada Zona Basáltica Fissural - Terceira
Terra Chã - Furo 39 Sulfúrea, bicarbonatada, sódica, fluoretada Mesosalina Zona Basáltica Fissural - Terceira
39 Caminho Posto Santo
40 Carapacho - Furo AC1 43 Cloretada, sódica, ferruginosa Hipersalina Vulcão da Caldeira - Graciosa
41 Carapacho - Furo PS2 39 Cloretada, sódica Hipersalina Vulcão da Caldeira - Graciosa
42 Homiziados 56 Cloretada, sódica, ferruginosa Hipersalina Vulcão da Caldeira - Graciosa
43 Guadalupe - Furo Courelas 42 Gasocarbónica, cloretada, sódica, ferruginosa Hipersalina Plataforma NO - Graciosa
44 Pontal 28 Cloretada, sódica Hipersalina Plataforma NO - Graciosa
Azeda da Caldeira 22 Gasocarbónica, bicarbonatada, sódica Fracamente mineralizada Ilha de S. Jorge
45
de Santo Cristo
46 Capelo 40 Sulfúrea, cloretada, sódica, ferruginosa Hipersalina Península do Capelo - Faial
47 Lajedo 48 Sulfúrea, cloretada, sódica, fluoretada Hipersalina Ilha das Flores
48 Poio Moreno 25 Bicarbonatada, sódica Mesossalina Ilha das Flores
(*) integra a Concessão Hidromineral "Estância Termal das Furnas" (Alvará nº 6317, 26.Fev.1965)
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Geotermia - Energia Renovável em Portugal
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Geotermia - Energia Renovável em Portugal
Fig. 15 - Enquadramento vulcano-estratigráfico das ocorrências geotérmicas de baixa entalpia nos Açores (ver também Quadro II). Base geológica de
Nunes (2004). Nas ilhas S. Miguel e Terceira é indicada a área de concessão de exploração de recursos geotérmicos de alta entalpia. Em baixo, à direita,
é pormenorizada a localização das ocorrências da Hidrópole das Furnas.
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Geotermia - Energia Renovável em Portugal
3. A TECNOLOGIA
A valorização energética a partir dos ser utilizados para aplicações vapor ou sistemas geotérmicos
recursos geotérmicos apresenta uma térmicas (uso direto ou sistemas estimulados).
grande diversidade. De acordo com geotérmicos superficiais), ou para a
a temperatura de ocorrência podem produção de eletricidade (centrais a
3.1 Aplicações térmicas Em Portugal Continental, a maioria termais. Para esse efeito, na central
dos aproveitamentos diretos de geotérmica, o recurso hidromineral é
calor geotérmico são feitos a partir permutado com um fluido (não
3.1.1 Sistemas para uso direto de
de recursos qualificados como necessariamente água) que, em
recursos geotérmicos
águas minerais naturais e como circuito fechado, transporta o calor
recursos geotérmicos. Nas situações até à central de utilização onde é
em que a temperatura é mais novamente permutado, para daí ser
elevada, é necessário proceder a um encaminhado para os utilizadores
arrefecimento da água até uma (Fig. 16).
temperatura que permita as práticas
Permutador de calor
da central de utilização
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Geotermia - Energia Renovável em Portugal
(2)
O fluido frigorigéneo utilizado deverá respeitar a legislação em vigor respeitante à utilização de gases fluorados com efeito de estufa, nomeadamente,
em relação à compra e venda destes sistemas, assim como no que diz respeito à legislação aplicável sobre certificação, por forma a garantir que os
instaladores cumprem o explanado no Decreto Lei n.º 56/2011, de 21 de abril e nos Regulamentos CE 303/2008, de 2 de abril e UE 517/2014, de 16
de abril.
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Geotermia - Energia Renovável em Portugal
1/2 Através de um evaporador, o calor do meio ambiente (água, ar ou 4 O condensador permite ao fluido frigorigéneo (que passa de vapor a
terra) é transferido para água glicolada. liquido) ceder calor ao fluido quente que é transferido à água de
3 O compressor aumenta a pressão e temperatura do fluido aquecimento.
frigorigéneo. O coeficiente (ε) à eficiência do compressor é dado pela 5 O circuito de aquecimento fornece calor ao meio a climatizar. A forma
relação entre o calor cedido ao fluido quente e a energia sob forma de mais eficiente de o fazer é através da utilização de superfícies radiantes
trabalho do compressor. (pisos, paredes ou tectos), porque necessita de temperaturas mais baixas
(aprox. 30ºC).
Qc
ε = 6 Válvula de expansão-expande o fluido frigorigéneo, baixando a sua
Wcompressor temperatura (queda de pressão).
Os sistemas geotérmicos superficiais módulos de aquecimento solar, edifício fundações termo ativas), ou
tiram partido das temperaturas melhorando os níveis de eficiência. através de sistemas abertos com a
moderadas e estáveis do solo para A transferência de calor do solo, ou extração de água subterrânea que
incrementar a eficiência e, deste para o solo, pode ser efetuada em troca calor com um permutador de
modo, reduzir os custos sistemas fechados através de calor na superfície, sendo
operacionais de sistemas de permutadores de calor enterrados posteriormente injetada no aquífero
aquecimento e de refrigeração. Estes (vertical ou horizontalmente, ou (Figs. 18 e 19).
podem ser combinados com incorporados nas fundações do
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Geotermia - Energia Renovável em Portugal
A
B
Fig. 18 - Representação esquemática de sistemas geotérmicos superficiais abertos (A), fechados verticais (B) e fechados horizontais (C).
(Fonte: www.erdwaermekoeln.de)
Os sistemas abertos referem-se a apresentam uma temperatura mais diretamente em contacto com o
sistemas de bombas de calor ou menos constante ao longo do restante sistema, tornando estes
geotérmicas que utilizam diretamente ano, acabam por ser uma excelente sistemas extremamente seguros,
a água do subsolo, de minas ou forma de energia térmica. No com pouca manutenção, permitindo,
túneis, ou até da rede de entanto, estes sistemas apresentam teoricamente, a sua instalação em
abastecimento público, como fonte riscos acrescidos de alteração das qualquer local.
energética, incluindo água potável características da água subterrânea, Nos sistemas geotérmicos
que passa no sistema e é devolvida podendo levar a impactos superficiais fechados recorrendo a
à origem como fonte de ambientais que poderão ser fundações termo ativas (Fig. 19),
aquecimento ou arrefecimento. consideráveis, pelo que devem ser que apresentam um funcionamento
Os furos geotérmicos, na maior parte avaliados. semelhante aos restantes sistemas
dos casos, com profundidades entre Os sistemas fechados trocam calor fechados, o permutador de calor
os 10m e os 50m, servem para a de e para o solo através da diferença encontra-se incluso nas fundações
extração e para a reinjeção de água de temperatura entre o solo e o do edifício ou outras estruturas
que circula pela bomba de calor fluido de trabalho que circula dentro enterradas no solo, como por
onde é aproveitada a sua energia do permutador de calor enterrado. exemplo, estacas, paredes
através da diferença de temperatura, São sistemas fechados, uma vez que moldadas ou muros de contenção.
sendo depois devolvida ao subsolo. em nenhuma fase o fluido de
Como as águas subterrâneas trabalho do circuito primário entra
Fig. 19 Representação esquemática de sistemas geotérmicos superficiais fechados com fundações termo ativas.
(Fonte: www.erdwaermekoeln.de)
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Geotermia - Energia Renovável em Portugal
Para além da disposição dos para o circuito primário e de diminuir dimensionamento e a eficiência
permutadores de calor no solo, os as perdas de calor que existem na global dos sistemas energéticos do
sistemas geotérmicos fechados permuta entre o circuito primário edifício.
podem também apresentar fechado e o circuito da bomba de Em Portugal Continental, podem ser
diferentes configurações internas, calor. Contudo, é necessária uma referidos como casos práticos em
diferindo no tipo de fluido de trabalho maior quantidade de fluido funcionamento de demonstração
que circula no circuito primário e na frigorigéneo, que é mais dispendioso desta tecnologia, de entre vários
forma como esse circuito se liga ao que a água utilizada por norma no exemplos, os seguintes:
ciclo da bomba de calor. permutador enterrado fechado,
apresentando um maior risco em O edifício do Brigantia Ecopark em
Na Fig. 20 é descrito sucintamente o Bragança, que utiliza três bombas de
funcionamento de um sistema termos ambientais em caso de fuga.
calor geotérmicas, uma para AQS e
geotérmico superficial fechado Os sistemas geotérmicos superficiais as restantes para climatização do
vertical. podem também ser utilizados numa edifício;
Outro sistema possível é a utilização ótica de integração com outros
sistemas energéticos instalados num O projeto Groudmed em Coimbra,
de expansão direta, onde o próprio onde foi instalada uma bomba de
fluido frigorigéneo da bomba de calor edifício. Podem, por exemplo,
durante o verão, servir para dissipar calor geotérmica no atual edifício da
circula pelo furo, existindo uma união Agência Portuguesa para o
entre o circuito primário e a bomba no solo o calor excedentário de um
sistema solar térmico, que virá a ser Ambiente, para climatização de um
de calor. Este sistema tem a piso com 22 gabinetes e 600m2 de
vantagem de não necessitar de uma parcialmente recuperado durante o
inverno, otimizando o área;
bomba de circulação independente
1 - Compressor, o fluido frigorigéneo, que circula em circuito fechado, 7- Ventilador, a água fria ao circular pelo ventilo convector retira calor
aumenta a sua pressão e temperatura. existente no ar ambiente. A temperatura de ida tem de ser regulada
2 - Condensador (permutador de calor), o calor é transferido para o para não haver condensação.
aquecimento central. O agente de refrigeração arrefece e liquefaz-se. 8 Em piso, paredes ou teto radiante, ao circular a água, esta arrefece
3 - Válvula de expansão, expande o fluido frigorigéneo, baixando a sua à superfície da divisão a climatizar. Esta superfície funciona como
temperatura (queda de pressão) e arrefece. permutador de calor retirando calor do espaço ambiente. A
temperatura de ida tem de ser regulada de forma não haver
4 Sondas geotérmicas permitem aproveitar o calor constante que condensação.
existe nas camadas do subsolo, para a produção de água quente
sanitária e como fonte de climatização. 9 Válvulas comutadoras, conduzem a água de aquecimento através
do permutador de calor e arrefecimento.
5 Evaporador, a energia captada pela sonda geotérmicas é
transferida para o fluido frigorigéneo, este aquece e evapora-se. 10 Bomba de circulação/climatização, uma vez em funcionamento
ativa a água glicolada. A energia da água de climatização é transferida
6 Para a operação paralela do aquecimento central da água e do para o circuito da água glicolada dentro do permutador de calor e
arrefecimento passivo, os dois sistemas são separados dissipa-se no solo.
hidraulicamente por válvulas comutadoras.
Fig. 20 Bombas de calor com coletores enterrados
(Fonte: www.portal-energia.com)
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Geotermia - Energia Renovável em Portugal
O projeto Groudhit em Setúbal, de várias instituições do setor, destes aproveitamentos e que torne
consiste em duas bombas de calor preparou, por forma a permitir a possível a sua contabilização para o
geotérmicas colocadas nas regulamentação da utilização destes cumprimento da Diretiva
instalações do Instituto Politécnico sistemas, uma proposta de projeto 2009/28/CE, relativa à promoção da
de Setúbal, que permitem a de decreto-lei com os seguintes utilização de energias renováveis.
climatização de duas salas de aula e objetivos: Em maio de 2016 foi criado o perfil
sete gabinetes. O principal objetivo Notificação prévia das instalações de Técnico Instalador de Sistemas
deste projeto era a identificação de por forma a prevenir possíveis Térmicos de Energias Renováveis,
qual o melhor fluido refrigerante e a interações com as áreas de proteção no âmbito do Catálogo Nacional de
demonstração do seu de dos recursos hidrominerais, Qualificações, sob coordenação da
funcionamento, com dois tipos nomeadamente no que diz respeito à Agência Nacional para a Qualificação
diferentes de permutador, coaxial instalação de sistemas geotérmicos e o Ensino Profissional (ANQEP),
simples e duplo U. O estudo permitiu superficiais verticais; onde se incluem os sistemas
identificar o R410A como fluido geotérmicos superficiais. Na
refrigerante e a configuração de Avaliação dos riscos para a
exploração de recursos hidrominerais elaboração deste perfil foi tido em
duplo U como o permutador mais consideração a interface entre o
adequado. e de águas de abastecimento
público no caso de sistemas sistema energético (bomba de calor)
Em Portugal existe um vazio legal geotérmicos superficiais abertos; e o sistema geológico (perfuração e
nesta matéria, não existindo um instalação do permutador de calor),
cadastro das instalações de Cadastro das instalações no caso dos sistemas verticais.
sistemas geotérmicos superficiais, realizadas em Portugal para que se
pelo que a DGEG, com contributos disponha de uma georreferenciação
CAMADA
ROCHOSA
FURO DE FURO DE
PRODUÇÃO REINJEÇÃO
|37
Geotermia - Energia Renovável em Portugal
Centrais geotérmicas de Vapor produção) para depósitos que se vapor é condensado e, juntamente
Flash (reevaporação): é o tipo de encontram a pressões inferiores à da com a água não vaporizada, é
central mais comum na atualidade. água, onde esta, por efeito da reintroduzido no subsolo por furos de
Recorre a reservatórios naturais de diminuição de pressão se vaporiza, reinjeção, por forma a manter o
água que se encontram a uma sendo o vapor resultante conduzido equilíbrio do reservatório (Fig. 22).
temperatura superior a 180ºC. A para uma turbina para produção de
água é extraída por furos (furos de eletricidade. Após a sua utilização, o
TANQUE DE
EVAPORAÇÃO TURBINA GERADOR REDE
CAMADA
ROCHOSA
FURO DE FURO DE
PRODUÇÃO REINJEÇÃO
Centrais geotérmicas de ciclo para acionar a turbina produzindo Açores, nas ilhas de S. Miguel e
binário: utilizam água que se assim eletricidade, retornando depois Terceira, é de entre os três tipos
encontra a temperatura superior a ao permutador para ser reaquecido e citados, aquele que apresenta um
100ºC, extraída por furos de vaporizado, fechando-se o circuito. maior potencial de crescimento, pois
produção, para aquecer um fluido O efluente geotérmico retorna ao os recursos geotérmicos de
secundário com uma temperatura de subsolo por furos de reinjeção (Fig. temperatura inferior a 150ºC são os
evaporação inferior ao da água 23). mais comuns, tornando-se assim na
através de um permutador de calor, Como esta central trabalha em tecnologia que potencialmente terá o
não se verificando qualquer contacto circuito fechado, apenas é lançado maior número de instalações em
entre os fluídos. O fluido secundário vapor de água para a atmosfera. funcionamento por todo o planeta.
(daí a denominação de ciclo binário),
depois de vaporizado, é utilizado Este tipo de central, que é o que está
atualmente em funcionamento nos
TURBINA GERADOR REDE
PERMUTADOR DE CALOR
COM FLUÍDO SECUNDÁRIO
CAMADA
ROCHOSA
FURO DE FURO DE
PRODUÇÃO REINJEÇÃO
|38
Geotermia - Energia Renovável em Portugal
3.2.2 Geotermia estimulada Quando se tem conhecimento da acima referidas, que os reservatórios
existência de um campo geotérmico tenham de ser estimulados para
promissor, mas que por motivos aumentar a sua permeabilidade, e
geológicos (ausência de falhas assim incrementar o seu caudal de
naturais/rocha impermeável) não se produção.
demonstra disponível, de acordo com O furo de injeção é feito em camadas
as técnicas clássicas por não existir rochosas de baixa fraturação ou baixa
permeabilidade e conectividade permeabilidade, sendo injetada água
natural, pode-se recorrer a uma a alta pressão, e/ou através da
técnica denominada por EGS utilização de agentes químicos para
(Sistema Geotérmico Estimulado), dissolução seletiva de fases minerais,
que consiste em criar uma fraturação de forma a induzir essas fraturas nas
hidráulica que permite a recuperação camadas circundantes do furo.
do calor necessário ao funcionamento
de uma central geotérmica através da A estimulação dos reservatórios deve
injeção de água por meio de furos ser bem controlada e
(Fig. 24). cuidadosamente monitorizada para
evitar a geração de sismos percetíveis
Em Portugal Continental, onde o e contaminação de aquíferos pelos
gradiente geotérmico é relativamente agentes químicos.
baixo comparado com as regiões de
vulcanismo ativo, como o arquipélago Pode-se aumentar o número de furos
dos Açores, as profundidades de injeção de água para induzir
necessárias para exploração do fraturas em áreas mais extensas de
recurso para a produção de forma a se atingir os valores de calor
eletricidade (~3-5 km), implicam, para extração necessários ao
sempre que se verifique as condições funcionamento da central geotérmica.
|39
Geotermia - Energia Renovável em Portugal
Na vizinhança do furo de injeção é existente sugere que Portugal dos sistemas geotérmicos
efetuado um segundo furo que será também possui recursos passíveis estimulados.
o de recolha do fluido geotérmico de poderem vir a ser explorados. O desenvolvimento da tecnologia
aquecido pelas camadas rochosas. Entre os fatores favoráveis EGS encontra-se dependente da
Uma vez melhorada a destacam-se a existência de granitos gradual redução dos custos das
permeabilidade do reservatório, radiogénicos, com elevada sondagens e do desenvolvimento
garantindo-se caudais significativos, capacidade de geração de calor das técnicas de estimulação de
o calor das rochas é extraído através resultante do decaimento radioativo reservatórios. A expansão deste tipo
da circulação de água. de alguns dos seus elementos de sistemas para novos contextos
Após a passagem pelo centro constituintes. A existência de geológicos, permitirá que estes
electroprodutor e/ou por um espessas bacias sedimentares com cheguem a novas áreas geográficas,
permutador de calor, dependendo da aquíferos quentes, bem como a sendo essencial conhecer bem a
utilização à superfície, a água é ocorrência de falhas profundas, que distribuição do calor em
reinjetada em profundidade, possam facilitar a ascensão de profundidade, para selecionar os
garantindo, desta forma, a pressão fluidos profundos, são outros fatores locais que tenham gradiente
do reservatório necessária para a ter em conta. Embora existam já geotérmico mais elevado, uma vez
suster o caudal. alguns estudos que avaliam alguns que a profundidade de exploração
Embora o facto de cada área ter as destes fatores, esta temática carece afetará os custos dos projetos,
suas especificidades geológico- de ser aprofundada e integrada com condicionando a sua viabilidade.
-estruturais, o conhecimento novos modelos e técnicas na ótica
5
8
3
7
2
LEGENDA
1. Furo de produção
2. Bomba de produção imersa
3. Bomba de reinjeção
4. Furo de reinjeção
4 5. Permutador de calor geotérmico
1 6. Caldeira auxiliar (utilização: peak-load)
10 9 7. Rede de aquecimento
8. Subestração
9. Reservatório geotérmico
10. Zona de Fluído Frio
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Geotermia - Energia Renovável em Portugal
A operação deste tipo de redes de bombas de calor, com especial possíveis soluções adequadas às
distribuição, consoante a natureza e incidência atualmente nos países do necessidades, de modo a se fazer
intensidade da procura, além de sul da Europa. uma análise, de base regional, sobre
contribuir de forma significativa para No caso de Portugal Continental, o potencial existente.
a descarbonização do setor da existem recursos geotérmicos de A energia geotérmica e seu uso em
climatização, é estrategicamente baixo gradiente térmico revelados e redes de aquecimento ou
muito interessante a nível significativamente caracterizados, arrefecimento levará a uma melhoria
local/regional, pelos seus potenciais que poderão ser explorados numa do desempenho energético,
impactes positivos em termos escala diferente da atual. designadamente no que se refere ao
energéticos, sociais e económicos. sector dos edifícios, que é uma
Esta aplicabilidade está igualmente Para o efeito, importa rentabilizar o
conhecimento existente no terreno, componente significativa do
demonstrada quando o objetivo é o consumo europeu de energia.
arrefecimento, com recurso a identificando oportunidades e
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Geotermia - Energia Renovável em Portugal
Uma sociedade sustentável implica a substituição dos combustíveis viabilidade energética e económica,
utilização de sistemas energéticos de fósseis, tem levado à utilização de mas também pelo seu desempenho
forma sustentável do ponto de vista diversas fontes de energia a nível social e ambiental.
económico, social e ambiental, bem alternativas, pelo que é expectável A proteção ambiental e social tem
como serem estas práticas que a utilização de energia vindo a ser apoiada pelas instituições
compatíveis com o bem-estar das geotérmica conheça uma procura financeiras, sendo as orientações do
gerações futuras. crescente, dado tratar-se de uma Banco Mundial para a produção de
A crescente aposta em energias solução tecnológica promissora que energia elétrica por via geotérmica,
renováveis, com a consequente comporta benefícios (locais e uma referência nesse âmbito.
regionais), não apenas pela sua
Carvão
Petróleo
Gás Natural
Geotermia
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
g CO2 / kWh
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4.2 Aspetos sociais Novos investimentos na exploração influenciada por vários fatores. Numa
de energia geotérmica podem resultar primeira fase, a atitude centra-se nos
num incremento das atividades benefícios e nos riscos da tecnologia,
económicas associadas ao sendo então crucial a influência das
desenvolvimento social, com diferentes partes envolvidas no
impactes positivos diretos e indiretos processo. Quando os níveis de
sobre as oportunidades de emprego aceitação social progridem, as
(com diferentes graus de condições definidas pela agenda de
especialização) e, consequentemente, política pública têm mais importância.
sobre a economia local. De forma geral, os impactes sociais
A perceção societal da tecnologia positivos e negativos, resultantes do
geotérmica está naturalmente desenvolvimento e exploração da
relacionada com a fase de maturidade energia geotérmica, têm grande
em que a mesma se encontra no diversidade e especificidade, sendo
contexto de aplicação, isto é, com o úteis na conceção, construção e
período de tempo que decorre deste divulgação do projeto.
o início da sua exploração. Bons Os impactes devem também ser tidos
exemplos em Portugal são os casos em consideração como dimensões
de exploração geotérmica em S. para a criação de valor social, com
Miguel (Açores) e nas Termas de contribuições para a saúde,
Chaves e S. Pedro do Sul. saneamento, educação, demografia,
Em termos sociais, a evolução de criação de riqueza local e
uma tecnologia emergente é desenvolvimento económico.
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Geotermia - Energia Renovável em Portugal
5. REVELAÇÃO E APROVEITAMENTO
DOS RECURSOS GEOTÉRMICOS
A implementação de um projeto de vários fatores, desde o início à económica, social e ambiental das
geotérmico, que normalmente é de sua operacionalização: as condições ações previstas, os enquadramentos
capital intensivo, obriga a um geológicas, hidrogeológicas e institucionais e regulamentares, o
planeamento detalhado e depende geotérmicas locais, a viabilidade acesso ao financiamento.
5.1 Estudo prévio: recolha e Esta fase inicia-se com o contrato - Executar os trabalhos de acordo
avaliação dos dados de prospeção e pesquisa, nos com o programa aprovado;
existentes termos do disposto no artigo 18º e - Indemnizar terceiros por todos os
seguintes da Lei nº 54/2015, de 22 danos que lhes forem diretamente
de junho. Deverá ser elencado um causados em virtude das atividades
conjunto de trabalhos a executar de prospeção e pesquisa e executar
durante o período de vigência do as medidas de segurança, de
contrato. proteção ambiental e de
O contrato de prospeção e recuperação paisagística prescritas,
pesquisa atribui os seguintes mesmo após o termo das referidas
direitos: atividades.
- Realizar na área objeto do contrato É ainda necessário ter em
os estudos e trabalhos inerentes à consideração as necessidades de
prospeção e pesquisa dos recursos transmissão de eletricidade e
geotérmicos; distribuição de água quente, as
- Utilizar temporariamente os infraestruturas básicas e as
terrenos necessários à realização comunicações disponíveis, bem
dos trabalhos de prospeção e como uma avaliação preliminar de
pesquisa; impactes ambientais e as
necessárias licenças, autorizações e
- Obter a concessão de exploração outros aspetos legais.
dos recursos revelados, desde que
preenchidas as condições legais e No final, na posse de um conjunto
contratuais aplicáveis. de dados preliminares (que inclui: a
primeira estimativa do tipo e
O contrato de prospeção e dimensão do reservatório, os
pesquisa também impõe as possíveis utilizadores, o
seguintes obrigações: enquadramento legal e
- Iniciar os trabalhos no prazo de regulamentar, as possibilidades de
seis meses, a contar da data da financiamento, os possíveis
celebração do contrato, salvo se impactes ambientais e sociais),
outro prazo neste for toma-se a decisão de avançar para
convencionado; a fase seguinte do projeto: a fase de
prospeção e pesquisa.
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Geotermia - Energia Renovável em Portugal
5.3 Captação do recurso Esta fase inicia-se com a realização elementos necessários para
geotérmico, ensaios e de perfurações, ensaios de produção submissão do projeto a
estudo de viabilidade de curta e longa duração e financiamento.
interpretação dos resultados, com o Sendo esta uma fase de decisão,
objetivo de confirmar a existência do com base no conhecimento existente
recurso geotérmico, sua localização sobre o campo geotérmico, é
exata e potencial energético do determinada a escala de projeto mais
campo geotérmico. vantajosa, integradas as
Se os resultados da pesquisa forem recomendações designadamente
positivos, e o potencial geotérmico for sobre impactes negativos e opções
confirmado, desenvolve-se um estudo de prevenção ou mitigação
de viabilidade, que integra a avaliação correspondentes, bem como os
de todos os dados disponíveis e os investimentos necessários.
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Geotermia - Energia Renovável em Portugal
5.4 Exploração e Nesta fase são atribuídos direitos de No entanto, fica também o
valorização do recurso exploração, através da assinatura do concessionário obrigado a (artigo
geotérmico contrato de concessão, nos termos 29º):
do disposto no artigo 26º e Iniciar, no prazo de um ano, a
seguintes da Lei nº 54/2015, de 22 contar da data da celebração do
de junho. respetivo contrato de concessão, os
Com a assinatura do contrato de trabalhos indispensáveis à
concessão, são atribuídos ao exploração, salvo se
concessionário os seguintes direitos contratualmente for fixado prazo
(artigo 28º): diferente;
Explorar os recursos, nos termos Manter a exploração em estado de
da Lei e do respetivo contrato; laboração, salvo se a suspensão da
Comercializar todos os produtos mesma tiver sido previamente
resultantes da exploração; autorizada;
Utilizar, observando os Indemnizar terceiros por danos
condicionalismos legais, as águas e causados pela exploração;
outros bens do domínio público do Cumprir as normas e medidas de
Estado que não se acharem higiene, segurança e saúde no
aproveitados com base em outro trabalho, de proteção ambiental e de
título legítimo; recuperação paisagística, mesmo
Contratar com terceiros a após a extinção da concessão;
execução de trabalhos especiais ou Fazer o aproveitamento dos
a prestação de assistência técnica, recursos, segundo as normas
desde que tais acordos não técnicas adequadas e em harmonia
envolvam uma transferência de com o interesse público do melhor
responsabilidades inerentes à sua aproveitamento desses bens;
condição de concessionário; Explorar, sempre que possível, os
Requerer a expropriação por recursos do domínio público do
utilidade pública e urgente dos Estado que sejam revelados na área
terrenos necessários à realização demarcada com reconhecido valor
dos trabalhos e à implantação dos económico, desde que se verifique
respetivos anexos, ainda que fora da compatibilidade de exploração;
área demarcada, ficando os Apresentar, com a periodicidade
mesmos afetos à concessão; que lhes for fixada pela DGEG, os
Obter a constituição, a seu favor, elementos de informação relativos
por ato administrativo, das servidões ao conhecimento do recurso,
necessárias à exploração dos devendo a periodicidade fixada ser
recursos; adequadamente fundamentada.
Preferir na venda ou dação em No final desta fase o recurso
cumprimento de prédio rústico ou geotérmico encontra-se em
urbano existente na área condições de ser explorado, dentro
demarcada, desde que a aquisição do prazo contratualmente fixado.
dessa propriedade se mostre Segue-se a elaboração do projeto
indispensável à exploração. de construção da central
geotérmica.
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Geotermia - Energia Renovável em Portugal
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A evolução tecnológica, seja ao nível da prospeção desenvolvimento de projetos com vista ao incentivo
e pesquisa, da perfuração, ou das tecnologias de para a utilização direta destes recursos.
utilização dos recursos geotérmicos, poderá tornar A promoção da utilização da geotermia superficial
possível novas aplicações destes recursos. A evolução deve ser incrementada, como forma de utilização de
tecnológica tem também levado a constantes uma fonte renovável de energia, para a climatização de
alterações do diagrama de Lindal, (ponto 2.8. deste edifícios e produção de águas quentes sanitárias,
estudo), pois o aproveitamento dos recursos sendo para isso necessária a sua regulamentação,
geotérmicos para determinadas aplicações cada vez é como forma de assegurar a sua mais correta utilização,
efetuado a temperaturas mais baixas. minimizando possíveis impactes que possam existir,
Novas tecnologias de perfuração poderão permitir nomeadamente no que diz respeito à interferência com
aceder a maiores profundidades através de qualquer recursos do domínio hídrico e hidrogeológico.
tipo de formação geológica, potenciando o acesso a A utilização da energia geotérmica constitui um efeito
recursos geotérmicos até agora inacessíveis. benéfico em termos de eficiência energética na área
Técnicas de prospeção e pesquisa mais dos edifícios, uma vez que se estima que cerca de 40%
eficientes no desenvolvimento de projetos geotérmicos do consumo europeu de energia seja efetuado nesta
poderão levar a um melhor conhecimento do subsolo, a área, contribuindo para o cumprimento das metas
custos mais reduzidos, devido à diminuição dos riscos europeias em termos de eficiência energética. Para
associados à incerteza inerente à geologia em além disso, destaca-se a contribuição dos recursos
profundidade. geotérmicos na diminuição das emissões de gases
A integração dos recursos geotérmicos com com efeito de estufa e, consequente, nas alterações
outras tecnologias renováveis poderá ainda contribuir climáticas.
para um aumento da eficiência energética nos edifícios, Face ao potencial geotérmico de Portugal
na indústria, ou na produção de eletricidade, pelo que o Continental, e à utilização que atualmente dele se faz,
desenvolvimento de novas soluções poderá também surge a necessidade de se formular um plano de ação
contribuir para o seu desenvolvimento e melhoria de para o seu desenvolvimento, que deverá abordar, de
desempenho. uma forma sistemática, os tópicos acima referidos,
O potencial geotérmico já revelado em Portugal tornando a geotermia numa solução mais atrativa e
Continental encontra-se subexplorado, devendo ser com menores riscos geológicos e financeiros, maior
previstas linhas de apoio financeiro ao eficiência energética e menores impactes ambientais.
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Geotermia - Energia Renovável em Portugal
BIBLIOGRAFIA
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Geologia, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa,
140 pp.
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ANEXO
Procedimentos para a obtenção A produção de eletricidade em regime especial, no âmbito do definido no n.º 1 do artigo 18.º do
de licença de exploração para Decreto-Lei n.º 29/2006, de 15 de fevereiro, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 215-
A/2012, de 8 de outubro, rege-se pelo Capítulo III do Decreto-Lei n.º 172/2006, de 23 de agosto,
centros eletroprodutores de alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 215-B/2012, de 8 de outubro (DL 172/2006).
valorização de recursos Neste diploma, o regime especial divide-se em dois regimes de remuneração:
geotérmicos
a) Regime Geral (alínea a), n.º 1, artigo 33.º-G) Em que os produtores de eletricidade vendem
a eletricidade produzida, nos termos aplicáveis à produção em regime ordinário, em mercados
organizados ou através da celebração de contratos bilaterais com clientes finais ou com
comercializadores de eletricidade, incluindo com o facilitador de mercado ou um qualquer
comercializador que agregue a produção.
Neste regime a instalação de centros eletroprodutores é sujeita a Licença de Produção, sempre
que se verifiquem os pressupostos do n.º 2, do artigo 33.º-E, ou seja:
i) Potência de ligação à rede superior a 1 MVA;
ii) Sujeição da instalação do centro eletroprodutor aos regimes jurídicos de avaliação de impacte
ambiental ou de avaliação de incidências ambientais, nos termos da legislação aplicável;
iii) A instalação do centro eletroprodutor esteja projetada para espaço marítimo sob a soberania
ou jurisdição nacional;
O pedido de Licença de Produção deve ser instruído nos termos e com os elementos constantes
do artigo 33.º-J e Anexo II do DL 172/2006, bem como com a demonstração da observância dos
critérios gerais definidos no seu artigo 33.º-F.
Caso contrário, a instalação de centros eletroprodutores para produção em regime especial é
sujeita a Comunicação Prévia, caso em que são aplicáveis os procedimentos da Portaria n.º
237/2013, de 24 de julho.
O pedido de Comunicação Prévia deve ser instruído nos termos e com os elementos constantes
do artigo 5.º e Anexo I da Portaria n.º 237/2013, bem como com a demonstração da observância
dos critérios gerais definidos no artigo 33.º-F do DL 172/2006.
b) Regime de remuneração garantida (alínea b), n.º 1, artigo 33.º-G) Em que a eletricidade
produzida é entregue ao Comercializador de Último Recurso (CUR), contra o pagamento da
remuneração atribuída ao centro eletroprodutor nos termos dos n.ºs 4 e 5 do mesmo artigo.
Neste caso a instalação de centros eletroprodutores é sujeita a Licença de Produção sendo
aplicáveis os procedimentos constantes na Portaria n.º 243/2013, de 2 de agosto, na redação
dada pela Portaria n.º 133/2015, de 15 de maio.
Mais se informa que o regime de remuneração garantida carece de publicação de procedimento
concursal de iniciativa pública ou procedimento que a faculte a todos os interessados que
preencham os requisitos que venham a ser estabelecidos, de acordo com critérios de igualdade e
transparência. (ver n.º 4 e 5, do artigo 33º-G, do DL 172/2006).
Em fase anterior à apresentação do pedido de controlo prévio à instalação do centro
eletroprodutor (Licença de Produção ou Comunicação Prévia) o promotor deve acautelar a
obtenção dos elementos/pareceres necessários, em particular a informação sobre a existência de
capacidade de receção e condições de ligação à rede da parte do correspondente operador da
rede (distribuição ou transporte) e autorizações ambientais/ordenamento do território.
Relativamente aos regimes de avaliação ambiental deverão ser averiguadas as seguintes eventuais
abrangências:
i) Sujeição ao regime de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA), conforme definido no Decreto-Lei
nº 151-B/2013 de 31 de outubro, na redação dada pelo Decreto-Lei nº 47/2014, de 24 de
março, e pelo Decreto-Lei nº 179/2015, de 27 de agosto (Diploma AIA) por via objetiva,
decorrente da aplicação do disposto no artigo 1.º, n.º 3, alínea b), subalínea i) do Diploma AIA:
os projetos que estejam tipificados no ponto 3 do anexo II do Diploma AIA e que estejam
abrangidos pelos limiares ali fixados, encontram-se sujeitos a Avaliação de Impacte Ambiental
(AIA), carecendo de emissão de Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável ou
condicionalmente favorável em fase prévia ao licenciamento.
ii) Sujeição ao regime AIA por via subjetiva, através da aplicação do disposto no artigo 1.º, n.º 3,
alínea b), subalíneas ii) e iii) do Diploma AIA: os projetos que estejam tipificados no ponto 3 do
anexo II do Diploma AIA mas que não atinjam os limiares ali definidos, devem proceder à
apreciação prévia de sujeição a AIA em conformidade com o artigo 3.º do Diploma AIA. Para
este efeito devem, em fase prévia ao licenciamento, remeter os elementos previstos no Anexo I
da Portaria n.º 395/2015, de 4 de novembro.
De salientar ainda que qualquer projeto, ainda que não integrado em nenhuma das tipologias
constantes dos anexos I e II do Diploma AIA, pode ser sujeito a AIA por aplicação do disposto na
alínea c) do n.º 3 do seu artigo 1.º, a qual prevê a possibilidade de sujeição a AIA de projetos, por
decisão conjunta do membro do Governo competente na área do projeto em razão da matéria e
do membro do Governo responsável pela área do ambiente, que, em função da sua localização,
dimensão ou natureza, sejam considerados como suscetíveis de provocar um impacte significativo
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FICHA TÉCNICA
AGRADECIMENTOS
A DGEG agradece ao Doutor José Martins Carvalho pela sua colaboração na revisão do documento final.
ISBN:
978-972-8268-43-5;
Título: Geotermia - Energia Renovável em Portugal
Autor: DGEG - Direção Geral de Energia e Geologia
Suporte: Impresso
Formato: 210x280mm; Brochado
978-972-8268-44-2;
Título: Geotermia - Energia Renovável em Portugal
Autor: DGEG - Direção Geral de Energia e Geologia
Suporte: Eletrónico
N. DL: 434412/17
Nº de Edição: 1ª edição
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Av. 5 de Outubro, 208 (Edifício Sta. Maria)
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