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MÓDULO: CRISE NA VENEZUELA

PROFESSOR(A): TICIANO LAVOR

A CRISE NA VENEZUELA

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convencional do autor e do intérprete, responderá por danos morais
A CRISE NA VENEZUELA

Observe a notícia abaixo, extraída do site https://brasil.elpais.com/brasil/ do


dia 05 de julho de 2017:

Em março de 2013, o mundo observou os desdobramentos da morte de Hugo


Chávez, que havia assumido a presidência da Venezuela em 1999. Nicolás Maduro
(pertencente ao Partido Socialista Unido da Venezuela – PSUV, que apóia a tal
Revolução Bolivariana, que era liderada pelo então presidente Hugo Chávez), que era o
vice-presidente, assumiu a liderança do país interinamente e convocou eleições.
Em abril de 2013 Maduro foi eleito com 50,66% dos votos contra 49,07% de
seu opositor, Henrique Capriles Radonski (o líder de uma oposição mais moderada,
representada pelo partido Primeira Justiça). O candidato derrotado contestou bastante
o resultado do pleito. No entanto, em 17 de dezembro de 2013, 64% dos venezuelanos
aprovavam o até então curto governo de Maduro, como mostra a notícia abaixo:

Embora com bom índice de aprovação popular no início de seu mandato,


Maduro herdou uma economia em frangalhos e uma das principais razões para isso é a
queda no preço dos barris de petróleo, principal produto de exportação da Venezuela
(80 % das exportações venezuelanas. Lembrando que os EUA são os maiores
compradores do petróleo venezuelano) e cujas receitas financiavam programas e
serviços sociais. O setor de petróleo encolheu 12,7 por cento em 2016 na Venezuela.
Para se ter uma idéia, em janeiro de 2016 o preço do barril de petróleo chegou a US$
30,80, quando o “normal” seria acima de US$ 100,00. Em junho de 2017 o preço
chegou a US$ 46,89. @prof_ticyano_lavor
Para termos uma idéia da situação econômica da Venezuela, o país fechou 2016
com uma inflação de 800%. Fazendo uma comparação com o Brasil, a nossa inflação
2016 ficou em 6,29%. Segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Venezuela
já havia registrado a maior inflação do mundo em 2015, cerca de 160%.
Em 2017, a inflação venezuelana foi de 2.616% (segundo números divulgados no dia 08 de
janeiro de 2018 pela Assembleia Nacional – o “Congresso” venezuelano). Vale dizer que, a
partir de 2015, a Assembleia Nacional venezuelana passou a ser a única instituição oficial a
publicar números relativos à inflação, depois que o Banco Central deixou de oferecer cifras
sobre este e outros indicadores econômicos.
Em 2018, a inflação da Venezuela foi de 130.060% (e uma contração da economia de
47,6% entre 2013 e 2018).
Segundo foi divulgado no site brasil.elpais.com/internacional (06 de fevereiro de
2020), a hiperinflação na Venezuela continuou fazendo estragos. Em 2019, atingiu
9.585%, (segundo consta na notícia do EL Pais, dessa vez quem informou foi sim o
Banco Central da Venezuela, no dia 06 de fevereiro de 2020). O preço dos alimentos foi
multiplicado por 80 no ano de 2019 e o dos produtos relacionados à saúde por 180.
Diante de tal cenário, o governo do presidente Nicolás Maduro costuma dizer
que a atual situação econômica do país é culpa de uma “guerra econômica” liderada por
adversários políticos com a ajuda dos Estados Unidos.

PARA ENTENDERMOS ESSE CENÁRIO DE MANIFESTAÇÕES QUE SE


ALASTROU PELA VENEZUELA PRINCIPALMENTE A PARTIR DO
PRIMEIRO SEMESTRE DE 2017, VAMOS CONSTRUIR UMA CRONOLOGIA
DOS FATOS, PARTINDO DE DEZEMBRO DE 2015:

* Dezembro de 2015: Pela primeira vez, em 16 anos, a oposição (que em 2015 estava
reunida na coalizão MESA DA UNIDADE DEMOCRÁTICA - MUD) derrota os
socialistas do governo, e conquista a maioria qualificada de dois terços na Assembleia
Nacional formando uma plataforma para desafiar o presidente Nicolás Maduro.
* Janeiro de 2016: o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que é a Suprema Corte daquele país,
declara nulas as decisões do Legislativo alegando que três deputados da oposição haviam sido
eleitos em dezembro de 2015 com uma suposta compra de votos. A justiça ordenou que os três
deputados fossem “separados” dos seus cargos. Só lembrando que o TSJ venezuelano é como se
fosse o STF aqui do Brasil, e na Venezuela é composto na sua maioria por apoiadores do
“chavismo”, portanto do governo de Maduro.
* Também em Janeiro de 2016: no dia 14, o presidente Maduro decretou "estado de
emergência econômica" por 60 dias (podendo ser prorrogado por mais 60) para atender à
grave crise do país. Até março de 2017, o decreto foi prorrogado por seis vezes. Vale
ressaltar que a medida deveria ir ainda para a Assembléia Nacional a fim de que fosse
analisada e aprovada. No entanto, antes mesmo de ser enviada, a medida já foi publicada no
Diário Oficial venezuelano, entrando em vigor no dia 15 de janeiro. Segundo o texto, o
poder executivo passa a ter direito a tomar uma série de medidas para garantir o
abastecimento de bens básicos à população. Segundo o então ministro da economia, Luís
Salas, o executivo “passa a poder importar bens com mais facilidade, dispensar trâmites
cambiais e requerer infraestrutura produtiva, incluindo meios de transporte, canais de
distribuição, matadouros, estruturas de beneficiamento, e demais estabelecimentos para
garantir o abastecimento oportuno de alimentos aos venezuelanos, bem como de outros bens
de primeira necessidade". Ainda segundo Salas “o governo pode desenhar medidas especiais
para reduzir a evasão fiscal, além de fazer compras com mais agilidade, sem passar pelas
modalidades de contração públicas previstas”. O interessante é que boa parte das medidas
não estava descrita detalhadamente. Elas foram mencionadas apenas como medidas
“necessárias ou cabíveis diante da emergência”. No mesmo mês, diante da grave escassez de
medicamentos e insumos médicos, o Parlamento declara "crise humanitária em saúde".
O texto exige que o governo garanta acesso a uma lista de medicamentos básicos e restabeleça a
publicação do boletim epidemiológico.
* Fevereiro de 2016: a aliança opositora MUD se declara "em campanha social" para
promover "a mudança de governo" na Venezuela.
* Também em fevereiro de 2016: Maduro anuncia uma série de medidas econômicas, entre
elas o aumento de 20% no salário mínimo (de 9.600 para 11.520 bolívares); aumento do preço
da gasolina, pela primeira vez em 20 anos; a desvalorização de 37% do bolívar reservada à
importação de alimentos e medicamentos; e um novo regime de câmbio, que passa de três a duas
taxas de câmbio. O Banco Central divulga que o país registrou inflação de 180,9% em 2015,
uma das mais altas do mundo, e um retrocesso em seu PIB de 5,7%.
* Abril de 2016: a associação médica do país denuncia um "holocausto da saúde" devido à
escassez de medicamentos e materiais hospitalares, e convoca manifestação. De acordo com a
Federação Médica venezuelana, os hospitais sofrem com "mais de 95% de falta de
medicamentos", enquanto "nas prateleiras das farmácias" a escassez é de 85%.
* Também em abril de 2016: a oposição entrega mais de 2 mil assinaturas para iniciar o trâmite
para a convocação de um referendo revogatório do mandato de Maduro.
* Ainda em abril de 2016: o governo anunciou racionamento no fornecimento de energia
elétrica nos 10 estados mais populosos e industrializados do país, incluindo a região de Caracas.
A medida estabelecia um corte de quatro horas diárias e terminou em julho. Além disso, Maduro
ordena estender de um (sexta-feira) para três dias por semana (quarta, quinta e sexta-feira) a folga
do setor público, para enfrentar a severa crise de eletricidade. Também determina que as escolas
do ensino fundamental e médio não funcionem às sextas-feiras. Lembrando que a essa altura, O
reservatório da hidrelétrica Guri, que gera 70% da eletricidade do país, estava a ponto de entrar
em colapso.
* No mesmo mês de abril de 2016, o governo anuncia o aumento de 30% no salário mínimo -
incluindo funcionalismo público, aposentados e militares - e nas pensões. Também sobe o bônus
de alimentação, concedido a todos os trabalhadores e que pode ser usado em farmácias e
supermercados.
* Maio de 2016: para enfrentar a crise energética, os venezuelanos adiantam em 30 minutos seus
relógios, voltando ao fuso horário vigente até 2007. A mudança de fuso horário de meia hora
tinha sido uma das marcas registradas do governo do falecido presidente Hugo Chávez.
* Também em maio de 2016: a oposição apresenta 1,85 milhão de assinaturas ao Conselho
Nacional Eleitoral (CNE) pedindo a convocação de um referendo revogatório contra o
presidente. Vale ressaltar que, para pedir que se inicie o processo, o CNE exige 195.721
assinaturas (1% do padrão eleitoral).
* Ainda em maio de 2016: segundo Maduro, vários empresários estariam paralisando a
produção para gerar ainda mais crise econômica a fim de prejudica-lo. Ele então ordena
intervenção nas fábricas que estiverem paralisadas e a detenção dos empresários que pararem a
produção com o objetivo de "sabotar o país", no âmbito de estado de exceção e de emergência
econômica.
* Junho de 2016: a oposição venezuelana diz que conseguiu validar cerca de 400 mil
assinaturas, mais que o dobro necessário para dar sequência ao referendo que poderia revogar o
mandato de Maduro.
* Julho de 2016: no dia 28, em um claro desafio ao chavismo de Maduro, o
Parlamento incorpora os três deputados que a Justiça tinha ordenado no começo deste ano,
separar de seus cargos. Com a incorporação desses três deputados, a MUD recupera a maioria
qualificada de dois terços (112 de 167 assentos) que ganhou nas históricas eleições de 6 de
dezembro de 2015.
* Setembro de 2016: como vimos no MÓDULO – 10, os países fundadores do MERCOSUL,
Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, chegaram a um acordo que impediu a Venezuela de
assumir a presidência do bloco após a presidência do Uruguai. A decisão tomada foi que o
comando do bloco seria exercido de forma conjunta entre os quatro países fundadores.
Segundo o Itamaraty, a medida foi adotada porque a Venezuela não respeitou importantes
acordos como, por exemplo, o de proteção aos direitos humanos. Os países também
disseram que se a Venezuela continuasse descumprindo as regras, poderia ser suspensa do
MERCOSUL, em dezembro de 2016, o que de fato aconteceu, como vimos no Módulo - 10.
Pela rotação por ordem alfabética, a Venezuela deveria ter assumido a presidência do
MERCOSUL em 12 de agosto. Mas, iniciou-se um impasse no bloco. O governo da
Venezuela declarou que não reconheceria a decisão dos países fundadores do MERCOSUL.
* Outubro de 2016: a justiça venezuelana anula a coleta de assinaturas da primeira etapa de
solicitação do referendo revogatório contra Maduro em três estados governados por
governadores chavistas aliados de Maduro: Aragua, Carabobo e Bolívar. A alegação foi de
“fraude na coleta das assinaturas”.
* Também em outubro de 2016: O Parlamento aprova abertura de um julgamento sobre a
responsabilidade política de Nicolás Maduro. A oposição acusa o presidente de quebrar a ordem
constitucional e promover um golpe de Estado com a suspensão do processo de convocação de
um referendo revogatório.
* Ainda em outubro de 2016: Maduro anuncia aumento de 40% do salário mínimo e no
adicional de alimentação, o quarto aumento desde o início de 2016. Esse montante inclui o
salário - que sobe 20% até chegar a 27.091 bolívares - e um adicional de alimentação, de 63.720
bolívares. No mesmo mês, o país tem uma greve geral, convocada pela oposição durante
manifestações em todo o país para pressionar o governo contra a decisão de suspender o
processo de convocação do referendo. A paralisação de 12 horas não teve a adesão esperada.
* Dezembro de 2016: os chanceleres da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, países
fundadores do MERCOSUL, anunciam a suspensão da Venezuela do bloco.
@prof_ticyano_lavor
* Também em dezembro de 2016: no dia 11, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro,
ordenou o recolhimento das cédulas de 100 bolívares, atualmente a de maior denominação, para
segundo ele “enfrentar supostas máfias colombianas que armazenam o papel-moeda para
desestabilizar a economia do país”. Um dólar equivalia na Venezuela a 670 bolívares, até
dezembro de 2016. Maduro afirmou, em seu programa na emissora de TV estatal, que há bancos
nacionais envolvidos e que "a operadora" que dirigiu o plano contra o papel-moeda da
Venezuela é uma ONG "contratada pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos". O
presidente venezuelano destacou que determinou esta medida após a realização de uma exaustiva
investigação na qual se verificou que há armazéns, não só em várias cidades da Colômbia, mas
também no Brasil, na Alemanha, na República Tcheca e na Ucrânia, onde as máfias estariam
acumulando as cédulas venezuelanas. No dia 16 de dezembro foi anunciada a morte de três
pessoas na cidade de Callao em distúrbios por falhas no fornecimento de papel moeda. Protestos
e saques foram realizados em várias cidades após a retirada do mercado da cédula de maior valor
na Venezuela e o atraso na circulação de novas moedas.
* Janeiro de 2017: no dia 09 a Assembleia Nacional aprova uma declaração de "abandono de
cargo" por parte do presidente, considerando que o desempenho de Maduro está à margem das
funções constitucionais da presidência e o responsabilizando pela "grave ruptura da ordem
constitucional", pela violação de direitos humanos e pela "devastação das bases econômicas e
sociais" do país. Segundo a oposição “Maduro afundou o país”. Segundo a Constituição da
Venezuela, quando o presidente comete uma "falta absoluta", deve haver eleições universais,
diretas e secretas. São consideradas faltas absolutas a morte ou renúncia do presidente, a
destituição decretada pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), sua incapacidade física ou mental,
a revogação popular de seu mandato ou "o abandono do cargo, declarado como tal pela
Assembleia Nacional". A Constituição também estabelece que o presidente "é responsável por
seus atos e pelo cumprimento das obrigações inerentes a seu cargo" e que "está obrigado a buscar
a garantia dos direitos e liberdades dos venezuelanos e venezuelanas".
* Também em janeiro de 2017: no dia 11, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) da Venezuela
declarou a nulidade de todos os atos da Assembleia Nacional, dominada pela oposição, por
desacatar "várias sentenças" das alas Constitucional e Eleitoral da Justiça.
* Ainda em janeiro de 2017: no dia 23 (data simbólica, em que se comemora na Venezuela a
queda da ditadura militar de Marcos Pérez Jiménez), uma onda de protestos toma as ruas. Tanto
por parte da oposição contra Maduro, como por parte dos “chavistas” pró-governo. Esse foi o
primeiro protesto organizado pela MUD contra o governo Maduro desde outubro de 2016
quando o CNE suspendeu o processo sobre o referendo revogatório contra Maduro e o primeiro
depois que a oposição e o governo se comprometeram, no dia 25 de outubro de 2016, a
iniciarem um diálogo para superar a crise política, econômica e social na Venezuela.
Promovido pelo Vaticano, pela União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e quatro ex-
presidentes, o diálogo havia “desativado” os protestos provisoriamente. Nos protestos contra
Maduro muitos exigiam novas eleições. Vale ressaltar que pesquisas chegavam a divulgar que
oito em cada dez venezuelanos se diziam insatisfeitos com o governo de Maduro. Muitos se
diziam “cansados com a escassez de alimentos, remédios, gêneros de higiene pessoal, etc., e com
a altíssima inflação do país”. No dia 26 de janeiro de 2017, a oposição venezuelana encerrou
oficialmente o diálogo com o governo do presidente Nicolás Maduro onde se tentou buscar
superar a crise econômica e social aguda que o país petroleiro atravessava, e em seu lugar
convocou novos protestos nas ruas. "Conclamamos o povo venezuelano a intensificar o protesto
pacífico, constitucional e democrático (...) nenhuma negociação política terá êxito se não estiver
respaldada por uma mobilização cidadã crescente e constante", exortou a MUD. O herdeiro
político do falecido Hugo Chávez, porém, insistia em se dizer vítima de uma "guerra econômica"
de seus adversários cuja meta é depô-lo.
* Março de 2017: Maduro envia inspetores e soldados a mais de 700 padarias da capital para
fiscalizar a aplicação de uma lei segundo a qual 90% do trigo devem ser destinados aos pães
comuns, em vez de pães e doces mais caros. A lei, chamada pelas agências de notícias como
"guerra do pão", visa combater a escassez de produtos básicos e as longas filas no comércio.
Padeiros dizem que 80% dos estabelecimentos não têm trigo em estoque.
* Também em março de 2017: no dia 21, a Assembléia Nacional aprovou um acordo
legislativo em que é solicitada à OEA (Organização dos Estados Americanos) a convocação de
seu Conselho Permanente para avaliar a aplicação da Carta Democrática Interamericana contra o
país, o que poderia suspender a Venezuela da OEA. No dia 23 de março, 14 países da OEA, entre
eles o Brasil, EUA e Canadá, pediram para que a Venezuela marque eleições e solte presos políticos
cumprindo assim os acordos mediados pelo Vaticano. Os 14 países declararam "profunda
preocupação" com a situação venezuelana e exigiram um prazo para que o país tome medidas
democráticas. Uma semana antes, o então Secretário-Geral da OEA, Luis Almagro, havia afirmado
que caso não ocorressem mudanças na Venezuela, iria propor a suspensão dela da OEA. No dia
28 de março, no entanto, o TSJ venezuelano declarou que os parlamentares
venezuelanos perderam a imunidade parlamentar, alegando “desacato”, ainda pelo episódio da
posse dos três deputados acusados de fraude eleitoral. Vale ressaltar que para que a Venezuela
fosse suspensa, dois terços dos 34 países que integram a OEA deveriam votar a favor da medida.
No entanto, apesar de estar em uma situação complicada, os venezuelanos ainda
possuíam naquele momento a simpatia de alguns países. Na América do Sul, Bolívia (que
naquele momento era governada por Evo Morales) e Equador eram governos aliados do
presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Somam-se a eles pequenos países caribenhos a quem a
Venezuela vende petróleo subsidiado ou troca por outros bens.
* Ainda em março de 2017: no dia 30, o TSJ (controlado pelos chavistas) assumiu as funções
da Assembléia Nacional venezuelana, que é de maioria oposicionista. A decisão foi considerada
pela oposição como um “Golpe de Estado” dado pelo presidente Maduro, que passaria a ter,
segundo à oposição, “poderes para fazer o que quiser”. Tal medida agravou ainda mais a crise
política no país. O TSJ passou a ter o poder de criar leis ou de indicar um órgão para legislar no
lugar da Assembléia, por tempo indeterminado. Vários opositores protestaram em frente a sede
do TSJ entrando em confronto com a polícia. Em vários pontos da capital Caracas rodovias
foram bloqueadas.
A REAÇÃO DA OEA À MEDIDA DO TSJ DO DIA 30 DE MARÇO DE 2017
Veja a notícia abaixo:

* Abril de 2017: no dia 1º o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), instância máxima da Justiça
venezuelana, recuou em sua decisão de intervir no Parlamento do país. Como vimos, o tribunal
havia se apoderado de competências do Legislativo e retirou a imunidade de seus deputados. As
medidas motivaram protestos da oposição e críticas da comunidade internacional. Em 1º de abril
de 2017, a página do TSJ na internet publicou um aclaratório em que "suprime" trechos de
ambas as sentenças, entre elas a que conferia amplos poderes ao presidente Nicolás Maduro.
* Também em Abril de 2017: encurralada e incapaz de defender a crise que atravessa ante
a OEA, a então chanceler venezuelana Delcy Rodríguez anunciou, no palácio
presidencial de Miraflores, que a Venezuela iniciará o processo de saída da Organização
dos Estados Americanos (OEA). Era uma decisão já prevista, depois que o Conselho
Permanente do organismo convocou uma reunião de ministros das Relações Exteriores
para tratar da crise do país sul-americano sem a aprovação do Governo de Nicolás
Maduro. Rodríguez mencionou a intromissão em seus assuntos internos para justificar a
decisão, apontando o México como o aríete de um processo que busca “tutelar” seu
país. “Felizmente isso nunca acontecerá, pois assim está marcado em nossa história,
nosso presente e nosso futuro”, afirmou. A chanceler se pronunciou no dia 26 de abril
de 2017 em Caracas poucos minutos após a OEA convocar, por votação de 19 dos seus
34 membros, uma reunião para tratar da crise venezuelana. Votaram a favor: Brasil,
Guiana, Bahamas, Santa Lúcia, Argentina, Barbados, Canadá, Chile, Colômbia, Costa
Rica, Estados Unidos, Honduras, Guatemala, Jamaica, México, Panamá, Paraguai, Peru
e Uruguai. Votaram contra: Venezuela, Antígua e Barbuda, Bolívia, Dominica,
Equador, Haiti, Nicarágua, São Cristóvão e Nevis, São Vicente e Granadinas e
Suriname. Os membros que se abstiveram foram: Belize, El Salvador, República
Dominicana e Trinidad e Tobago. Já Granada se ausentou. Embora no dia 26 de abril
ainda não se soubesse onde seria o local e a data do encontro aprovado para tratar da
crise venezuelana (esse encontro acabou acontecendo em Washington no dia 31 de
maio de 2017), a decisão, adotada durante reunião extraordinária, significa a elevação
do tom da OEA frente ao país bolivariano que vivia uma série de protestos marcados
pela violência.
Veja a notícia abaixo:
* Em Maio de 2017: no dia 1º, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, convocou uma
Assembleia Constituinte para, segundo ele, “resolver a crise política no país”. "Convoco o
poder constituinte originário para alcançar a paz de que o país precisa, para derrotar o golpe
fascista, uma constituinte cidadã, não de partidos políticos. Uma constituinte do povo", disse
Maduro, diante de milhares de simpatizantes reunidos no centro de Caracas por ocasião do Dia
do Trabalhador. "Hoje, 1º de maio, anuncio que no meu uso das minhas atribuições como chefe
de Estado constitucional, nos termos do artigo 347 da Constituição, convoco o poder
constituinte originário para que a classe trabalhadora e o povo convoquem a Assembléia
Nacional Constituinte", disse ele, de acordo com a rede Telesur. O artigo citado por Maduro
prevê que o povo "pode convocar uma Assembléia Nacional Constituinte, a fim de transformar o
Estado, criar uma nova lei e elaborar uma nova Constituição". A Telesur informou que o artigo
348 da Constituição venezuelana prevê que "a iniciativa de convocar a Assembléia Nacional
Constituinte pode ser feita pelo Presidente da República, em Conselho de Ministros, a
Assembleia Nacional, por acordo de dois terços dos seus integrantes, os Conselhos Municipais
em convenção, por um voto de dois terços deles, ou 15% dos eleitores registrados no registro
civil e eleitoral". Maduro nomeou uma comissão presidencial, liderada por Elías Jaua, para
realizar a consulta popular proposta e esclarecer todas as dúvidas sobre o poder constituinte
originário. O presidente disse que "por meio de voto direto do povo, cerca de 500 constituintes
seriam eleitos". Na realidade, no dia 30 de julho de 2017, serão eleitos 545 membros para
compor a Constituinte. Essa Constituinte irá ter o poder de reescrever a Constituição da
Venezuela e até de dissolver outras instituições do país como, por exemplo, a Assembléia
Nacional (Parlamento). De acordo com as regras da então atual Constituição venezuelana,
promulgada em 1999, o presidente Maduro deveria realizar um plebiscito para consultar a
população sobre a realização dessa eleição para se formar uma Constituinte, o que ele não o fez.
Já o então presidente da Assembleia Nacional (AN) da Venezuela, o opositor Julio
Borges, afirmou que Maduro consumou seu "contínuo golpe de Estado" depois da convocação.
Seria, segundo a oposição, uma forma de o chavismo se manter no poder após a derrota
nas eleições legislativas do final de 2015. A sociedade venezuelana precisaria lidar com
as eleições da Assembleia Nacional Constituinte, fixadas pelo Governo de Nicolás
Maduro para o dia 30 de julho de 2017.

* Também em Maio de 2017: no dia 10, sob o lema "Nosso escudo é a Constituição",
milhares de pessoas contrárias ao governo de Nicolás Maduro marcharam até a sede do
Tribunal Supremo de Justiça, no centro de Caracas. O protesto foi mais uma resposta à
tentativa do governo venezuelano de reformar a Constituição por meio de uma
Assembleia Constituinte. Os manifestantes saíram de sete pontos de Caracas e seguiram
pacificamente, mas encontraram forças de segurança pelo caminho. Diversas áreas da
capital venezuelana foram tomadas por centenas de guardas nacionais e policiais.
Estações de metrô foram fechadas por segurança. Já no dia 24, a oposição ao presidente
da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu a intensificação das manifestações contra a
reforma constitucional pretendida pelo governo, convocando protestos em três pontos
de Caracas. Até então, a onda de protestos violentos contra o regime de Maduro já havia
deixado 17 mortos.
* Ainda em Maio de 2017: no dia 31 ocorreu em Washington a reunião da OEA, contra a
vontade do governo Maduro, para tratar da crise venezuelana. E, por incrível que
pareça, a delegação da Venezuela participou do encontro. No entanto, a OEA suspendeu,
por consenso, a reunião de consulta de chanceleres sobre a Venezuela devido à falta de acordo
sobre as propostas de declaração apresentadas. Diante do impasse nas negociações, que chegou a
ponto de impedir a aprovação de uma declaração, até mesmo de obter um texto de consenso, as
delegações acordaram tentar agendar outra reunião antes da Assembleia Geral da OEA, marcada
para ser realizada entre 19 e 21 de junho no México.
* Junho de 2017: entre os dias 19 e 21 aconteceu no México a 47ª Assembleia Geral da OEA. A
Venezuela nem mesmo esperou para ouvir o comunicado final da cúpula. No dia 19
mesmo, a chanceler venezuelana Delcy Rodríguez disse: “Muito se falou que há uma
crise humanitária, mas é apenas uma desculpa a mais para uma intervenção
na Venezuela. E não voltarei a esta Assembleia enquanto formos um país livre e
soberano”. Ao pronunciar essas palavras, ela se retirou da reunião de maneira exaltada.
Na reunião, a proposta do México, que procurava forçar um diálogo entre
governo e oposição na Venezuela, não obteve os 23 votos necessários para ser aprovada
– conseguiu 20 dos 34 apoios possíveis. A chanceler Rodríguez saiu distribuindo
críticas ao então secretário-geral da OEA, Luis Almagro, a quem chamou de “instigador
da violência”, e à diplomacia mexicana, que qualificou de “infantil”. Dirigindo-se
unicamente ao grupo de países que, segundo ela, “não se dobraram”, como
Nicarágua, Cuba, Equador e alguns caribenhos, a chanceler alertou: “Tomem cuidado e
vigiem sua institucionalidade para que não aconteça uma grave violação à soberania
como a que pretendem com a Venezuela”.
* Também em Junho de 2017: no dia 27 um piloto a bordo de um helicóptero
identificado como policial atacou os edifícios do STJ e do Ministério do Interior da
Venezuela. Foram lançadas granadas e tiros contra os prédios. No entanto, ninguém se
feriu. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, chamou o ocorrido de "ataque
terrorista". A culpa recaiu sobre um inspetor de polícia, que também é "piloto,
paraquedista, mergulhador e ator", e se apresenta, em um vídeo, como "guerreiro de
Deus". O governo diz que ele tem ligações com a CIA. Esses desdobramentos,
ocorridos em Caracas, dão um tom de surrealismo à situação no país vizinho ao Brasil,
marcada por tensão e essa onda de protestos contra o governo Maduro.
* Julho de 2017: no dia 5, tropas de choque do chavismo invadiram a sede da Assembleia
Nacional da Venezuela, controlada pela oposição, e agrediram deputados e visitantes
que participavam de uma sessão solene comemorativa dos 206 anos da Declaração de
Independência do país sul-americano. O ataque começou ao final da sessão
comemorativa da assinatura da declaração da Independência do país, em 5 de julho de
1811, quando os representantes das províncias que então constituíam a Capitania Geral
da Venezuela proclamaram a sua separação da Coroa espanhola. Manifestantes pró-
governo, que até então rodeavam discretamente o edifício, invadiram o Palácio Federal
Legislativo, no centro de Caracas, com o apoio da Guarda Nacional Bolivariana,
responsável pela segurança do local. Simultaneamente ao ataque, todo o sistema de
rádio e televisão do país transmitia em rede nacional o desfile com que as Forças
Armadas tradicionalmente homenageiam a data nacional, partindo da avenida Los
Próceres, na capital venezuelana. O evento contou com a presença do presidente Nicolás
Maduro e membros de seu Governo, além de outros poderes do Estado. O chefe de
Estado tomou conhecimento daquilo que ocorria no Parlamento e condenou os fatos, ao
mesmo tempo em que prometeu a realização de uma investigação. “Não serei cúmplice
da violência”, disse. Em meio à invasão, a Guarda Nacional Bolivariana lançou bombas
de gás lacrimogêneo. Ouviram-se sons de explosões no local, e depois, quando os
chavistas se retiraram, os deputados recolheram restos de balas. Ao final da tarde, ainda
permaneciam circulando no quarteirão onde se localiza o edifício, de aspecto
neoclássico, a meia quadra da praça Bolívar e das sedes da Chancelaria, do governo da
capital e o palácio do arcebispado. Os grupos de choque diziam estar agindo como
represália à paralisação de seis horas organizada pela oposição em todo o país. Na sede
do Poder Legislativo, havia 120 funcionários, 108 jornalistas e 94 deputados. Não é a
primeira vez que um acontecimento dessa natureza ocorre na atual legislatura. Em
outubro de 2016, os mesmos grupos chavistas interromperam à força uma sessão
convocada pela oposição para debater o início de um julgamento político contra
Maduro. Também em Julho de 2017: no dia 8, o prisioneiro político
venezuelano Leopoldo López, de 46 anos, deixou a prisão de Ramo Verde. López havia
sido preso em fevereiro de 2014 e passou para a prisão domiciliar. A medida
na Venezuela é chamada de “casa como prisão”. Leopoldo López (um líder da oposição
mais radical) é dirigente do partido Vontade Popular (VP) e ex-prefeito do município
caraquenho de Chacao. Ele foi condenado em 2015 a mais de 13 anos de prisão, a ser
cumprida na penitenciária militar de Ramo Verde. A juíza Susana Barreiros o
considerou culpado de participar e instigar uma onda de manifestações em 2014, que
provocaram a morte de 43 pessoas e ferimentos em centenas.
Observe a notícia abaixo:

* Ainda em julho de 2017: no dia 16, num domingo, foi realizado pela oposição um
PLEBISCITO SIMBÓLICO contra o projeto para reformar a Constituição, proposto pelo
presidente Nicolás Maduro. A consulta foi validada pelo Parlamento da Venezuela, mas não
contou com o reconhecimento do Poder Eleitoral. O plebiscito foi classificado de ilegal pela
presidência da Venezuela. O governo dos EUA se pronunciou através do porta-voz do
Departamento de Estado dos EUA para a América Latina considerou: "É importante
que a oposição venezuelana realize a consulta popular que convocou para 16 de julho,
sem o apoio do Conselho Nacional Eleitoral, e que os venezuelanos se pronunciem
sobre a Assembleia Constituinte promovida por Nicolás Maduro”.
Observe a notícia abaixo:

Obs.: Segundo o consultor político da empresa de consultoria ORC, Oswaldo Ramírez


Colina, o “plebiscito na Venezuela foi o maior ato de desobediência da História,
fortalecendo a oposição e deverá acentuar o conflito político na Venezuela”. Mais de
98% dos que compareceram ao plebiscito rejeitaram o projeto de Maduro para reformar
a Constituição.
Após a realização do plebiscito o governo dos EUA disse que “o povo
venezuelano deixou claro que defende a democracia, a liberdade e o estado de direito.
No entanto, as suas ações fortes e corajosas continuam a ser ignoradas por um líder
ruim que sonha em tornar-se um ditador”, segundo um comunicado da Casa Branca.
No documento, Donald Trump sublinha que "os EUA não vão ficar parados
enquanto a Venezuela se desintegra. Se o regime de Maduro impuser a sua Assembleia
Constituinte os EUA tomarão ações econômicas fortes e rápidas. Os EUA exigem mais
uma vez eleições livres e justas e unem-se ao povo da Venezuela na busca de restaurar,
para o seu país, uma democracia plena e próspera", conclui. Um comunicado do
Departamento de Estado dos EUA refere, por outro lado, que Washington aplaude "a
coragem e determinação dos venezuelanos que exerceram os seus direitos de liberdade
de expressão, associação e reunião pacífica, em defesa da sua democracia", no
plebiscito do dia 16 de julho de 2017contra Nicolás Maduro.

* No dia 18 de julho de 2017, Maduro declara que “nada, nem ninguém, nem mesmo os
EUA, impedirão a realização das eleições para formar uma Constituinte”.

* Também em julho de 2017: a oposição convocou para os dias 26 e 27 de julho de


2017, uma greve geral de 48 horas para exigir que o Governo de Nicolás Maduro
cancele a eleição da Assembleia Constituinte marcada para o dia 30 de julho de 2017.
No mesmo dia 26 de julho, os Estados Unidos e mais outros 12 países pediram em reunião
da Organização dos Estados Americanos (OEA) que o presidente da Venezuela, Nicolás
Maduro, suspendesse a votação para a Assembleia Nacional Constituinte.

As nações consideraram que o processo em curso pelo governo venezuelano se


equivalia a um "desmantelamento definitivo" da institucionalidade democrática. A
Venezuela, que como já vimos, já havia iniciado um processo de dois anos para
abandonar a organização, rechaçou o pedido da OEA. "Os Estados Unidos faz
operações de inteligência de alto nível para derrotar Maduro em ação coordenada pela
Colômbia e o México", disse a segunda secretária da missão venezuelana na OEA, Sara
Lambertini. "A Venezuela denunciará como pátria livre e independente estes países”,
completou.

* No dia 26 de julho de 2017, os Estados Unidos anunciaram sanções contra 13 então


atuais e ex-funcionários do governo da Venezuela. Os EUA também ameaçaram impor
sanções àqueles que se unirem à Assembleia Constituinte, que foi convocada pelo
presidente Nicolás Maduro e cuja eleição marcada para o dia 30 de julho de 2017. As
sanções também atingem funcionários da estatal de petróleo PDVSA e outras empresas
geridas pelo governo, segundo os EUA, como um esforço para reprimir a corrupção e o
mercado negro na Venezuela. As sanções congelaram qualquer bem que os indivíduos
tenham nos Estados Unidos e impediram que americanos fizessem negócios com eles.

A REAÇÃO DE MADURO

O presidente venezuelano contestou as sanções dos EUA. Em um ato público,


Maduro chamou de "ilegal, insolente e insólita a pretensão de um país de sancionar
outro país. O que pensam os imperialistas dos Estados Unidos? Que são o governo
mundial?! (...) Não aceitamos!" - declarou.

* No dia 27 de julho de 2017, Maduro condecorou com a “espada de Simon Bolívar”


os 13 funcionários de seu governo que foram sancionados pelos Estados Unidos.

* No mesmo dia 27 de julho de 2017, numa quinta-feira, o ministro do Interior, Néstor


Reverol, anunciou que o governo venezuelano estava proibindo, a partir da sexta-feira,
dia 28 de julho de 2017, “quaisquer manifestações públicas que pudessem perturbar a
eleição, marcada para o domingo dia 30 de julho de 2017, para a escolha de delegados
para a Assembleia Constituinte, sob pena de 5 a 10 anos de prisão”. No entanto, a
oposição já havia marcado um grande protesto para o dia 28 de julho de 2017, sexta-
feira (estendendo os protestos que inicialmente eram a greve geral dos dias 26 e 27 de
julho) e o manteve, mesmo após o anúncio da proibição.
A oposição inclusive fez foi redobrar a aposta na manifestação, que havia sido
convocado para sexta-feira dia 28 de julho de 2017 em Caracas, que acabou foi sendo
estendida a todo o país. “Diante de outra violação dos direitos do povo plasmados na
Constituição, amanhã [sexta] acontecerá a Tomada da Venezuela, e não Caracas”,
disse o líder opositor Henrique Capriles.

* Ainda no dia 27 de julho de 2017, os Estados Unidos ordenaram que os familiares dos
funcionários americanos da sua embaixada em Caracas deixassem a Venezuela, e autorizaram a
saída voluntária dos integrantes da missão diplomática devido à crise política e à violência
vigente na Venezuela. O Departamento de Estado dos EUA aconselha ainda os seus cidadãos a
não viajarem para o país sul-americano "devido a distúrbios sociais, crimes violentos e à falta
generalizada de alimentos e medicamentos".
* No dia 28 de julho de 2017, mesmo com a proibição, os opositores ao governo de
Nicolás Maduro bloquearam as principais ruas de Caracas dois dias antes da eleição para a
Assembleia Nacional Constituinte, convocada pelo presidente para o dia 30 de julho de 2017. De
26 a 28 de julho de 2017, o saldo de mortos chegou a oito, elevando para 106 o número de
vítimas desde o início da onda de protestos no país em abril.
* No mesmo dia 28 de julho de 2017, a Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que “o
governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deve permitir protestos pacíficos e a
liberdade de expressão”, fazendo um apelo por calma antes da eleição convocada pelo governo
venezuelano para o dia 30 de julho para formação de uma Assembleia Constituinte. "Os desejos
do povo venezuelano de participar ou não desta eleição devem ser respeitados. Ninguém deveria
ser obrigado a votar e aqueles que voluntariamente participarem deveria poder fazê-lo de forma
livre", disse a porta-voz de direitos humanos da ONU, Liz Throssell.
* No dia 29 de julho de 2017, algumas notícias davam conta de que, após a proibição do
governo venezuelano, os protestos da oposição ao presidente da Venezuela, Nicolás
Maduro, ficaram esvaziados.

* 30 de julho de 2017, o dia da ELEIÇÃO para a formação da ASSEMBLÉIA


CONSTITUINTE foi considerado um dos mais violentos dessa onda de protestos no
país que rolava desde o mês de abril de 2017. Segundo a oposição, 12 pessoas
morreram. O governo confirmou oito mortes.

Os números quanto à participação do povo venezuelano na votação também


divergem, lembrando que o voto não foi obrigatório. O governo falou em de 41,53%
(8.089.320 de pessoas segundo Tibisay Lucena, então presidente do Conselho Nacional Eleitoral
do país) de participação dos eleitores venezuelanos. De qualquer forma, bem menos que
os quase 19 milhões de venezuelanos aptos a votarem. Já a oposição, que não participou
do pleito nem lançou candidatos na votação para a formação da Constituinte, afirmou que só 12,4%
dos eleitores compareceram às urnas.
Como a oposição não lançou candidatos para a votação do dia 30 de julho, a Constituinte,
que já teria até data para iniciar os trabalhos para reescrever a Constituição do país (dia 02 de agosto
de 2017), acabaria sendo composta apenas pelos apoiadores do presidente Maduro. O líder do
Partido Socialista, aliado de Maduro, declarou que a Constituinte teria que ocupar o mais rápido
possível o prédio da Assembleia Nacional, de maioria oposicionista.
É interessante dizer também que, nem todos os “chavistas”, simpatizantes de Maduro,
apoiaram a medida de criar a Assembleia Constituinte. Alguns disseram que essa atitude
representava “uma traição a Hugo Chávez” que teria sido o grande responsável pela então
constituição de 1999. Vale lembrar que vários países como EUA (é claro!), a própria União
Europeia e o Brasil se opuseram a esse pleito convocado pelo presidente Nicolás Maduro para
mudar a Constituição. O Brasil, através do Itamaraty, pediu em nota que o governo venezuelano
suspendesse a instalação dessa Constituinte e abrisse o diálogo com o povo venezuelano. Poucos
países, como a Bolívia e a Nicarágua, reconheceram como legítima a votação e a formação da
constituinte na Venezuela.

* No dia 31 de agosto de 2017, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou


sanções contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Segundo comunicado, todos os
ativos de Maduro que estivessem sujeitos à jurisdição dos EUA estariam congelados, e todos os
americanos estariam proibidos de fazer negócios com ele. Ao anunciar as sanções, as autoridades
americanas chamaram Maduro de ditador. O presidente venezuelano rejeitou as sanções, dizendo
que não recebia "ordens imperialistas".
* No dia 1º de agosto de 2017, dois líderes da oposição que cumpriam prisão domiciliar
na Venezuela voltaram para a cadeia. No meio da madrugada, o ex-prefeito
de Caracas Antonio Ledezma foi arrancado de casa de pijamas e levado para a cadeia.
Ledezma estava em prisão domiciliar e, de acordo com a Justiça da Venezuela, voltou para a
cadeia por ter desobedecido à ordem de não emitir opinião política. No mesmo dia,
Leopoldo Lopez (de quem nós já falamos), também foi levado de casa de madrugada. Em
um vídeo gravado dias antes, ele previa: "Se vocês estão vendo essa gravação é porque
voltaram a me prender ilegal e injustamente, por minhas idéias, por querer uma
Venezuela melhor". A Justiça alegou que ele planejava uma fuga do país. Já os advogados
de Lopez e de Ledezma negaram que eles tenham desrespeitado as regras da prisão
domiciliar.
A prisão dos líderes da oposição na Venezuela foi criticada internacionalmente. O
então secretário-geral das Nações Unidas disse que o aumento das tensões políticas afasta o
país de uma possível solução pacífica para a crise. Já o então secretário de Estado americano
classificou as prisões como “alarmantes”. Já o governo brasileiro classificou as prisões como
uma "franca violação da ordem constitucional", e pediu que os dois fossem libertados.

* No dia 02 de agosto de 2017, a empresa SmartMatic, responsável pelo processo de


votação da Assembleia Constituinte na Venezuela, afirmou que os números foram
"manipulados". "Com base em nosso robusto método, sem sombra de dúvida, o (número
de) participação na eleição da Assembleia Nacional Constituinte foi manipulado", disse
a companhia durante uma coletiva de imprensa em Londres, na presença de seu CEO,
Antonio Mugica. O sistema automatizado empregado na Venezuela "é desenhado para
que, em caso de manipulação, sua detecção seja imediata e muito fácil de identificar",
indicou a empresa em um comunicado. "Uma auditoria permitiria conhecer a cifra
exata de participação. Estimamos que a diferença entre a quantidade anunciada e a
que aponta o sistema é de pelo menos um milhão de eleitores", acrescentou a
SmartMatic, que fornece a tecnologia necessária para as votações no país desde 2004.
Especialistas eleitorais questionaram o processo de votação, que dizem ter sido
repleto de irregularidades, e muitos - incluindo um membro do CNE - duvidaram dos
números. "Pela primeira vez desde que assumi este compromisso com o país, não posso
garantir a consistência ou a veracidade dos resultados oferecidos", disse Luis Rondon,
um dos cinco diretores do CNE, em um comunicado nas redes sociais.

* No mesmo dia 02 de agosto de 2017, a então procuradora-geral da Venezuela, Luisa


Ortega Díaz, (ex-chavista que rompeu com o líder) informou que havia aberta uma
investigação sobre a denúncia de fraude envolvendo a eleição da Assembleia
Constituinte convocada pelo presidente Nicolás Maduro. "Informo que designei dois
procuradores para investigar as quatro reitoras do CNE (Conselho Nacional Eleitoral)
por este fato tão escandaloso", disse Ortega, à rede de televisão CNN.

* No dia 03 de agosto de 2017, a China afirmou que a votação para a Assembleia


Nacional Constituinte da Venezuela decorreu de forma "estável, no geral", e apelou a
outros países para que não se intrometessem neste processo. "A China segue sempre o
princípio de não intervenção nos assuntos internos de outros países e defendemos que
haja igualdade e respeito entre as nações", afirmou em comunicado o ministério chinês
dos Negócios Estrangeiros.
* Ainda no dia 03 de agosto de 2017, o então presidente argentino, Mauricio Macri,
disse que a Venezuela "deveria ser suspensa definitivamente do MERCOSUL”. “É
inaceitável o que está ocorrendo neste país", completou Macri. Essa declaração
aumentou o tom em relação à declaração conjunta amena divulgada após a última
reunião do MERCOSUL, no dia 21 de julho de 2017, em Mendoza.

* No dia 04 de agosto de 2017, o ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma, de 62 anos,


voltou para prisão domiciliar. De acordo com uma mensagem publicada pela mulher dele no
Twitter. Como vimos, na madrugada de 1º de agosto, ele e Leopoldo López, que já cumpriam
prisão domiciliar, foram levados para cadeia pelo Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin)
da Venezuela.

* No mesmo dia 04 de agosto de 2017 foi a vez de o Vaticano manifestar a sua


preocupação com a situação na Venezuela e instar o governo do presidente Nicolas
Maduro a suspender a Assembleia Constituinte por fomentar "um clima de tensão" e
"hipotecar o futuro". Num comunicado, a Secretaria de Estado do Vaticano lamentou a
"radicalização e o agravamento da crise", assinalando que o papa Francisco
"acompanhava de perto" a situação e "as suas implicações humanitárias, sociais,
políticas, econômicas e mesmo espirituais".

* Ainda no dia 04 de agosto de 2017, a Assembleia Nacional Constituinte da


Venezuela (ANC), um órgão integrado somente por representantes simpatizantes do
governo de Nicolás Maduro, tomou posse no Palácio Federal Legislativo, em Caracas,
apesar da rejeição da oposição e de boa parte da comunidade internacional. Dirigentes
do alto escalão do movimento chavista, que governa a Venezuela desde 1999, lideraram
a longa fila de representantes que entrou no Palácio Legislativo - onde funciona o
Parlamento, de maioria opositora - para este ato. A governista Delcy Rodríguez foi
eleita presidente da Assembleia Nacional Constituinte venezuelana e convocou para o
dia seguinte a primeira sessão do poder "plenipotenciário" para iniciar o processo que
reformaria a Constituição e reordenaria o Estado. Delcy mandou notificar todos os
Poderes Públicos do país da instalação dos mais de 500 constituintes eleitos há menos
de uma semana, que na sua primeira sessão atuariam em nome do poder "originário do
povo da Venezuela", segundo indicou no seu discurso de instalação. "Não esperem que
vamos esperar semanas, meses, anos... não. A partir de amanhã começamos a agir
nesta Assembleia Nacional Constituinte e os que fazem guerra psicológica contra o
povo responderão à Justiça", disse. Delcy também salientou que a “Constituinte
estende a mão firme para o diálogo nacional”, ao mesmo tempo em que assegurou que
neste novo foro, formado apenas por chavistas, “não há exclusão” e apontou que "a
mensagem de exclusão é da direita apátrida". Neste sentido, a presidenta acusou a
oposição de espalhar ideias falsas sobre o que acontece no país e garantiu que "na
Venezuela não há fome, na Venezuela há vontade aqui não há crise humanitária, aqui
há amor".

* No dia 05 de agosto de 2017, o líder opositor venezuelano Leopoldo López retornou


à prisão domiciliar em Caracas. A informação foi divulgada pela mulher dele, Lilian
Tintori, por meio do Twitter. Como vimos, Ele havia sido preso retornado à prisão no
dia 1º de agosto, junto com o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, levados por
agentes do Serviço de Inteligência (Sebin) do país.
* No mesmo dia 05 de agosto de 2017, a procuradora-geral da Venezuela, Luisa
Ortega, opositora da ditadura de Nicolás Maduro, foi destituída de seu cargo por decisão
da recém-eleita Assembleia Nacional Constituinte. Ortega foi substituída
temporariamente pelo procurador público chavista Tarek William Saab, na decisão
tomada pela Constituinte em sua primeira sessão, após ser instalada no dia 04 de agosto
de 2017. A procuradora-geral tinha sido suspensa do cargo minutos antes por decisão da
suprema corte, que iria julgá-la por “irregularidades em seu cargo”. Mas Diosdado
Cabello, poderoso dirigente do chavismo e membro da Constituinte, propôs retirá-la
definitivamente do cargo. "Diante do vazio inexorável que existe ali (...), proponho que
seja removida de seu cargo a senhora Luisa Ortega Díaz, em vez de suspensa. Isso não
é um linchamento pessoal, político, mas o cumprimento da lei", disse Cabello. Logo
após o anúncio da sua destituição pela Assembleia, Ortega disse que se recusava a
reconhecer a decisão tomada pela Corte Suprema e pela Constituinte. "Desconheço as
decisões (...) e não as assumo porque estão à margem da Constituição e da lei", disse
Ortega, reiterando que estava "em pleno desenvolvimento um golpe contra a
Constituição, promovido pelo máximo tribunal e pelo governo do presidente Nicolás
Maduro”. A oposição venezuelana denunciou, no dia 05 de agosto de 2017, o
"sequestro total" das instituições, após a remoção do cargo da procuradora. "O que está
acontecendo na Venezuela é o sequestro total das instituições por uma só mão, por um
só partido", disse Julio Borges, então presidente do Parlamento, em referência à
Constituinte que chamou de "ditatorial".

* No mesmo dia 05 de agosto de 2017, a Venezuela que, desde dezembro de 2016 já


estava suspensa do exercício de membro do MERCOSUL, por descumprir obrigações com as
quais se comprometeu em 2012, agora recebeu uma nova sanção por "ruptura da ordem
democrática". Numa reunião realizada em São Paulo, representantes do Brasil, da Argentina, do
Uruguai e do Paraguai, os quatro países fundadores do bloco, decidiram por unanimidade
suspender os direitos políticos da Venezuela dentro do bloco. A decisão foi baseada na cláusula do
Protocolo de Ushuaia, assinado em 1996, que afirma que os países do bloco devem respeitar a
democracia (mas não prevê a expulsão de um membro do MERCOSUL).
A medida colocava o governo de Nicolás Maduro em uma situação ainda mais isolada
em relação aos seus pares latino-americanos. O comunicado não previa sanções comerciais, mas
cada país pode decidir por retaliações próprias conforme seus acordos bilaterais.
Com a medida, a reintegração da Venezuela ao MERCOSUL ficaria mais complicada.
Mesmo que passasse a cumprir todos os outros compromissos fundamentais previstos no
protocolo de sua adesão ao bloco, o MERCOSUL só voltaria a incorporá-la depois de
"restaurada a ordem democrática".

* No dia 08 de agosto de 2017, o escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para
os Direitos Humanos (ACNUDH) anunciou que as forças de segurança venezuelanas
“agrediram” e “torturaram” de forma “generalizada e sistemática” os manifestantes e
vários presos. O órgão acusou as forças de segurança de serem responsáveis pela morte
de pelo menos 46 manifestantes – de 124 mortes investigadas até 31 de julho no
contexto das manifestações – e de realizar mais de 5.000 prisões arbitrárias. Os grupos
armados pró-governamentais, chamados de “coletivos armados”, seriam por sua vez
responsáveis por 27 mortes.
* No dia 12 de agosto de 2017, a Assembleia Constituinte decretou 'reprogramar para o
mês de outubro de 2017 o processo eleitoral para escolher governadores' de estado que
aconteceria em dezembro de 2017. A Assembleia Constituinte argumentou que a
antecipação dessas eleições serviria para diminuir a tensão nas ruas, após meses de protestos
intensos, onde opositores exigiam eleições gerais e já contabilizava125 mortos.
* No dia 20 de dezembro de 2017, a Assembleia Constituinte decidiu dissolver o Distrito
Metropolitano de Caracas e do Alto Apure. A decisão foi mais uma medida para enfraquecer a
oposição que controlava a prefeitura e a Câmara de Vereadores da região da capital
venezuelana.
* No dia 20 de maio de 2018, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi reeleito
para mais 6 anos de mandato com uma abstenção de 54% em meio a uma eleição
boicotada pela maioria das forças da oposição e com denúncias de fraudes. Segundo o
Conselho Nacional Eleitoral (CNE), a participação dos eleitores chegou a 46%, embora
fontes assegurem que no fechamento das seções eleitorais, às 18h, esse número era de
32,3%. O único adversário real de Maduro era Henri Falcón, que obteve 1,8 milhões de
votos. O líder opositor declarou minutos antes do anúncio do resultado que não
reconhecia o processo eleitoral do dia 20 e exigiu a convocação de novas eleições. O
candidato da oposição afirmou ter recebido 900 denúncias de irregularidades na jornada
eleitoral. Com um tom enfático, ele criticou o "descaro" e o "vantagismo" do chavismo
no pleito. Ao fundamentar suas denúncias, Henri Falcón fez questão de ressaltar a
presença dos chamados "pontos vermelhos", núcleos de ativismo e proselitismo
político, proibidos por lei, que as organizações chavistas instalaram a 200 metros dos
locais de votação, e inclusive dentro deles, sob total consentimento do Conselho
Nacional Eleitoral (CNE). Alguns países como Argentina e Chile afirmaram que não
iriam reconhecer as eleições presidenciais venezuelanas, além da União Europeia. O
então secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, classificou as eleições
presidenciais na Venezuela como "fraudulentas" e disse que elas "não mudam nada" no
cenário do país.

DIANTE DE TODA ESSA CRISE, OS VENEZUELANOS DEIXAM O PAÍS:

Segundo matéria da revista Exame (exame.abril.com.br), a ONU declarou no dia


01 de outubro de 2018 que :

“Pelo menos 1,9 milhão de pessoas deixaram a Venezuela desde 2015, fugindo da crise
econômica e política que o país atravessa. Com mais de 2,6 milhões de pessoas no
exterior do país atualmente, é crucial uma perspectiva apolítica e humanitária para
ajudar os países que os recebem em um número que vai crescendo. Cerca de 5.000
pessoas deixam a Venezuela por dia hoje. É o maior movimento de população na
história recente da América Latina”.

Declaração do alto comissário da ONU para os refugiados, Filippo Grandi,


durante a abertura da reunião anual do comitê executivo do Alto Comissariado
das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) que acontecia naquela semana em
Genebra.
Segundo informação do site (www.acnur.org) da ACNUR – Agência da ONU
para Refugiados, informação colhida no dia 14 de setembro de 2020, mas com dados de
18 de junho de 2020, 79,5 milhões de pessoas no mundo foram obrigadas a realizar
algum tipo de deslocamento. Esse deslocamento pode ocorrer por vários motivos. No
entanto, desse total, 20,4 milhões são REFUGIADOS sob o mandato ACNUR e 5,6
milhões são REFUGIADOS sob o mandato da UNRWA (Agência de Assistência e
Obras das Nações Unidas para Refugiados da Palestina no Oriente). O que impressiona
nesses dados, são os números venezuelanos: 3,6 milhões encontram-se deslocados fora
do seu país.
Lembrando que, para ser considerado um REFUGIADO, têm que ser pessoas
que estão fora de seu país de origem devido a fundados temores de perseguição
relacionados a questões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um
determinado grupo social ou opinião política, como também devido à grave e
generalizada violação de direitos humanos e conflitos armados.

Os venezuelanos se dirigem principalmente para outros países da América do


Sul, mas ao contrário do que possa parecer, o principal destino não é o Brasil, mas sim a
Colômbia. A população venezuelana, como estamos vendo, está asfixiada por uma crise
econômica caracterizada pela hiperinflação, pobreza, falta de serviços públicos e
escassez de artigos de primeira necessidade, especialmente remédios e alimentos. Isso
provocou um êxodo em massa de centenas de milhares de venezuelanos. Juntemos a
tudo isso, uma intensa crise institucional.
O colapso econômico que fechou indústrias inteiras e deixou as prateleiras das
lojas dolorosamente sem nada, ultimamente vem esvaziando o país de venezuelanos em
um ritmo jamais visto.
No dia 29 de agosto de 2018, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
divulgou uma estimativa dando conta que cerca de 30,8 mil venezuelanos viviam no Brasil.
Destes, aproximadamente 10 mil cruzaram a fronteira somente nos seis primeiros meses de
2018. O levantamento do IBGE tem como base dados da Coordenação Geral de Polícia de
Imigração da Polícia Federal a partir de 2015. Naquele ano, eram cerca de mil venezuelanos
vivendo no país. Assim, em apenas três anos essa população teria aumentado 3.000%. O
aumento exponencial da imigração de venezuelanos para o Brasil tem sim relação direta com o
agravamento da crise política, econômica e social do país, com inflação alta e desabastecimento.
Entre 2015 e 1º de julho de 2018, deram entrada no Brasil cerca de 30,2 mil
venezuelanos. Para chegar ao número de 30,8 mil vivendo no país até o dia 1º de julho,
o IBGE considerou movimentos inerentes a qualquer população residente em um país.
Vale ressaltar que a principal “porta de entrada” desses venezuelanos no Brasil é o
estado de Roraima (mais de 90%), exatamente na cidade brasileira de Pacaraima. No mês de
setembro de 2018, o governo de Roraima enviou ao governo federal um ofício com dez
cobranças específicas para que o estado enfrente o fluxo desordenado de venezuelanos. Para
embasar os pedidos, afirmou possuir naquele momento 1.484 alunos imigrantes matriculados
em suas escolas e ter atendido 7.457 venezuelanos em unidade estaduais de saúde neste ano.
Destacou também ter 99 imigrantes venezuelanos no sistema prisional do estado, que
demandavam gasto mensal de R$ 2.014,58 cada um.
O IBGE estimou naquele momento que, até o final de 2018, mais 9,7 mil venezuelanos
imigrariam para o Brasil.

* 1 de agosto de 2018: A então governadora de Roraima, Suely Campos (PP), assinou


decreto para endurecer as regras de acesso dos venezuelanos a serviços públicos do
estado, que seria restrito apenas a imigrantes com passaporte;
* 3 de agosto de 2018: A Advocacia Geral da União (AGU) pede ao Supremo Tribunal
Federal (STF) a suspensão imediata do decreto do governo de Roraima por considerar
que o ato é inconstitucional;

* 5 de agosto de 2018: O juiz federal Helder Girão Barreto, da 1ª Vara da Federal de


Roraima, determina a suspensão do ingresso e a admissão de imigrantes venezuelanos
no Brasil. De acordo com a Justiça Federal, a decisão se refere a entradas feitas pela
fronteira do país com o estado de Roraima. A liminar não abrangia outras
nacionalidades e vetava apenas a entrada de venezuelanos.

* 7 de agosto de 2018: A fronteira do Brasil é reaberta para imigrantes venezuelanos


após decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

* 20 de agosto de 2018: O governo de Roraima pede ao STF que suspenda


temporariamente a imigração na fronteira com a Venezuela.

* 28 de agosto de 2018: O então presidente do Brasil Michel Temer assinou decreto


que autorizou o uso das Forças Armadas para reforçar a segurança no estado de
Roraima até o dia 12 de setembro. O anúncio foi feito dez dias após a cidade de Pacaraima
(RR) registrar um ataque de um grupo de brasileiros a acampamentos de venezuelanos. No dia
seguinte, Temer afirmou que o governo estava discutindo a possibilidade de distribuir senhas
para controlar a entrada de venezuelanos em Roraima. Após Temer dar a declaração, a
Secretaria de Comunicação Social divulgou uma nota na qual acrescentou que a medida visa
aprimorar o atendimento aos imigrantes em Roraima, "o que não pode ser confundido, em
hipótese alguma, com fechamento à entrada de venezuelanos".

* Detalhe: Roraima é o único estado brasileiro que NÃO é ligado Sistema Interligado
Nacional (SIN) de energia elétrica e por isso depende muito do fornecimento de energia
elétrica por parte da Venezuela. Abastecido pela produção elétrica da Venezuela, que vive
uma crise política e econômica, o estado convive com apagões que têm se tornado mais
frequentes conforme a tensão aumenta no país vizinho. Dez dos quinze municípios do estado
são abastecidos desde 2001 pela energia venezuelana, incluindo a capital Boa Vista. Há 17 anos
portanto que Roraima recebe energia da Venezuela por meio do Linhão de Guri. A subestação
de energia foi inaugurada em 2001, ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso e o então
presidente venezuelano Hugo Chavez. No entanto, o estado enfrenta a instabilidade elétrica.
Somente em 2018 (até agosto) foram 36 blecautes. Em agosto de 2018, a estatal venezuelana
Corpoelec, que fornece energia para Roraima, informou ao governo brasileiro que poderia
cortar a distribuição para o estado. O motivo seria uma dívida de 30 milhões de dólares.

A OPERAÇÃO ACOLHIDA

Segundo “palavras” do governo brasileiro, em 2018: “para garantir o atendimento


humanitário aos refugiados e migrantes venezuelanos em Roraima, principal porta de
entrada da Venezuela no Brasil, o governo federal criou, em 2018, a Operação
Acolhida”
Tal operação consiste numa “grande força-tarefa humanitária executada e
coordenada pelo Governo Federal com o apoio de agências da ONU e de mais de 100
entidades da sociedade civil para oferecer assistência emergencial aos refugiados e
migrantes venezuelanos que entram no Brasil pela fronteira com Roraima”.
(www.gov.br/acolhida). A Operação Acolhida está organizada em três
eixos: (www.gov.br/acolhida)
1) Ordenamento da fronteira – documentação, vacinação e operação controle do
Exército Brasileiro;

2) Acolhimento – oferta de abrigo, alimentação e atenção à saúde; e

3) Interiorização – deslocamento voluntário de venezuelanos de RR para outras


Unidades da Federação, com objetivo de inclusão socioeconômica.

Em 2019, a Operação Acolhida teve continuidade, organizando a chegada,


garantindo atenção à saúde e fortalecendo a interiorização de milhares de venezuelanos
que chegam pela fronteira. Mais de 4 mil militares participaram da missão desde seu
início. Ao entrar no País, o venezuelano dirige-se ao Posto de Recepção e Identificação
(PRI). Enquanto aguarda atendimento, recebe água, lanche e pode utilizar banheiros. O
posto controla e organiza o fluxo migratório, realizando a expedição de documentos e
oferecendo auxílio médico aos venezuelanos em sua chegada. Em seguida, são
encaminhados para um dos 13 abrigos e para o processo de interiorização.

AGORA, VEJA A NOTÍCIA ABAIXO, EXTRAÍDA DO SITE ACNUR BRASIL

BRASIL TORNA-SE O PAÍS COM MAIOR NÚMERO DE


REFUGIADOS VENEZUELANOS RECONHECIDOS NA AMÉRICA LATINA
www.acnur.org 31/01/2020
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) parabenizou hoje o Governo do
Brasil pelo reconhecimento de cerca de 17 mil venezuelanos como refugiados. A
decisão faz parte do procedimento facilitado de prima facie aprovado em dezembro de
2019 pelo Comitê Nacional para Refugiados (CONARE).
Desde que a primeira decisão do Comitê foi tomada, no início de dezembro,
venezuelanas e venezuelanos solicitantes da condição de refugiado que atenderem aos
critérios necessários terão seu procedimento acelerado, sem a necessidade de entrevista.
Com a decisão de hoje, foram considerados elegíveis para a condição de refugiado
pessoas que tiveram até uma saída do Brasil desde 2016. Até o momento, mais de 37
mil venezuelanas e venezuelanos foram reconhecidos no Brasil, tornando-se o país com
o maior número de refugiados venezuelanos reconhecidos na América Latina. As
pessoas não podem ter qualquer tipo de permissão de residência, devem ter mais de 18
anos, possuir um documento de identidade venezuelano e não ter antecedentes
criminais. Tal medida reforça o papel do Brasil na proteção de refugiados na região, e
deriva do reconhecimento, em junho de 2019, da situação de grave e generalizada
violação de direitos humanos na Venezuela, em linha com a Declaração de Cartagena de
1984 sobre os refugiados. “O procedimento facilitado para o reconhecimento do status
de refugiado é uma forma muito eficaz de garantir maior proteção a essas milhares de
pessoas”, disse o representante do ACNUR no Brasil, José Egas, em Brasília. “Essa
postura reforça o compromisso do governo brasileiro em garantir direitos às milhares de
pessoas venezuelanas que buscam proteção no Brasil”, ressaltou.
As autoridades brasileiras estimam que cerca de 264 mil venezuelanos vivem
atualmente no país. Uma média de 500 venezuelanos continua a atravessar fronteira
com o Brasil todos os dias, principalmente para o estado de Roraima.
Até o momento, mais de 768 mil solicitações de reconhecimento da condição de
refugiado foram registradas por venezuelanos em todo o mundo, a maioria nos países da
América Latina e no Caribe.
O ACNUR incentiva os governos da região a reconhecer a condição de
refugiado de pessoas venezuelanas por meio de determinações baseadas em grupos – a
mesma abordagem prima facie agora adotada pelo Brasil. Tal apelo se faz necessário,
pois a magnitude do fluxo atual revela desafios complexos e pode sobrecarregar os
sistemas nacionais para a determinação de condição de refugiado.

* Observação: A partir, da aprovação em dezembro de 2019, do procedimento


facilitado de prima facie, venezuelanos e venezuelanas solicitantes da condição de
refugiado que atenderem os critérios necessários terão seu procedimento acelerado, sem
a necessidade de entrevista. Para se beneficiar da nova disposição, os solicitantes devem
estar vivendo no Brasil, não possuir qualquer tipo de permissão de residência, ter mais
de 18 anos, possuir um documento de identidade venezuelano e não ter antecedentes
criminais no Brasil.

MADURO NA ASSEMBLEIA GERA DA ONU DE 2018

No dia 26 de setembro de 2018, durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York,


Maduro usou o alto-falante das Nações Unidas para dirigir a palavra a Donald Trump e
dizer que, apesar de suas diferenças ideológicas "abismais", está disposto a "apertar a
mão" dele e dialogar "com uma agenda aberta" sobre questões bilaterais e aquelas que
afetam toda a América Latina. O presidente da Venezuela fez isso depois de acusar os
Estados Unidos de liderarem uma campanha que busca demonizar seu país e que tem
como objetivo justificar uma “intervenção humanitária”. O sucessor de Hugo Chávez
decidiu de última hora viajar para Nova York e participar da Assembleia Geral da ONU,
em meio à crescente pressão internacional. Fez isso para falar sobre o que chamou de
"verdade da Venezuela". Como estamos vendo, a gestão de seu Governo levou o país ao
desastre econômico e social e desencadeou uma emergência migratória sem precedentes
na região. Maduro negou quase tudo. Por exemplo, que houve um êxodo de milhões de
pessoas. E o que não podia negar, como a gravíssima crise que aflige os venezuelanos, a
hiperinflação desenfreada e a escassez, ele atribuiu a uma suposta perseguição do
inimigo externo e uma conspiração da mídia. No entanto, aceitou o desafio de Trump,
que, apesar de lhe fazer uma seriíssima advertência, abriu a porta para uma reunião
bilateral.

NICOLÁS MADURO TOMA POSSE PARA SEGUNDO MANDATO


(INTEGRAL) COMO PRESIDENTE DA VENEZUELA

No dia 10 de janeiro de 2019, Nicolás Maduro prestou juramento para seu segundo
mandato na presidência na Venezuela, em cerimônia no Tribunal Supremo de Justiça do país.
Isso porque a Assembleia Nacional, dominada pela oposição, não reconhece a legitimidade do
novo período do chavista no poder, que deve durar até 2025. Logo após prestar juramento, já
com a faixa presidencial, Maduro criticou opositores durante discurso. O presidente reeleito
disse que a Venezuela está no "centro de uma guerra mundial", conflito que, nas palavras dele, é
travado por "governos satélites dos Estados Unidos".
No discurso, o venezuelano insistiu na crítica aos países vizinhos com presidentes
opositores a Maduro, como o Brasil e a Colômbia. "Veja o caso do Brasil, o surgimento de um
fascista como Jair Bolsonaro", atacou. (Mais adiante veremos a vitória de Jair Bolsonaro nas
eleições presidenciais do Brasil em 2018).
Sobre a Colômbia, cujo presidente Iván Duque também se opõe ao regime chavista,
Maduro disse: "Quem libertou a Colômbia foi o exército de [Simon] Bolívar, não do Capitão
América".

O GRUPO DE LIMA

O Grupo de Lima foi criado em 2017 por iniciativa do governo peruano com o objetivo
de pressionar para o restabelecimento da democracia na Venezuela. Além do Brasil e do Peru,
Argentina, Canadá, Colômbia, Costa Rica, Chile, Guatemala, Honduras, México, Panamá e
Paraguai firmaram o documento conhecido como Declaração de Lima em agosto de
2017. Guiana e Santa Lúcia aderiram posteriormente.
No dia 04 de janeiro de 2019, o Grupo de Lima anunciou na capital peruana, que
não reconheceria o governo venezuelano se o presidente Nicolás Maduro assumisse um novo
mandato em 10 de janeiro de 2019, por considerar que se trata de resultado de eleições
ilegítimas.
A decisão, no entanto, não foi unânime, uma vez que o México, agora sob o governo de
esquerda de Andrés Manuel López Obrador (eleito em julho de 2018, e que tomou posse em
dezembro de 2018, substituindo o então presidente Enrique Peña Nieto), se recusou a assinar a
declaração.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) também declarou, no dia da posse
de Maduro, que não reconhece mais o governo bolivariano.

JUAN GUAIDÓ SE DECLARA PRESIDENTE INTERINO DA


VENEZUELA

No dia 23 de janeiro de 2019, o então presidente da Assembleia Nacional


da Venezuela e líder da oposição, Juan Guaidó, se declarou presidente interino do país e foi
reconhecido pelos governos do Brasil e dos Estados Unidos, entre outros. A declaração
aconteceu durante manifestação de opositores ao governo de Nicolás Maduro em Caracas.
O presidente Nicolás Maduro reagiu e negou deixar o poder. "Aqui não se rende ninguém, aqui
não foge ninguém. Aqui vamos à carga. Aqui vamos ao combate. E aqui vamos à vitória da paz, da
vida, da democracia", disse em discurso na capital. Chavistas também saíram às ruas para
manifestar apoio a Maduro.
Após a declaração de Guaidó, o presidente da OEA, os governos de Brasil, EUA,
Colômbia, Paraguai, Peru, Canadá, Equador e Chile anunciaram que o reconhecem como
presidente interino da Venezuela. Outros, como México, Rússia e Bolívia, apoiaram Maduro.

VEJA ABAIXO, A RELAÇÃO DE PAÍSES QUE RECONHECEM JUAN GUAIDÓ


COMO PRESIDENTE INTERINO DA VENEZUELA

(Relação colhida dia 23 de janeiro de 2019 - https://g1.globo.com):

* Brasil, Estados Unidos, Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador,
Guatemala, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru, Austrália, Israel, Reino Unido, Espanha,
Alemanha, França, Dinamarca, Suécia, Áustria, Holanda e Portugal.

De outro lado, alguns países apoiaram a permanência de Maduro:

* Rússia, Cuba, México, Bolívia, Nicarágua, Turquia, China e Irã.


GRUPO DE LIMA SE REUNIU NA COLÔMBIA:

Os 14 países que integram o Grupo de Lima se reuniram no dia 26 de


fevereiro de 2019, em Bogotá, capital da Colômbia, para discutir sobre a crise na
Venezuela e incluir o país no grupo. Os venezuelanos não serão indicados pelo
presidente Nicolás Maduro, mas pelo autoproclamado presidente, o deputado Juan
Guaidó.
O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, pediu que todos reconheçam
a legitimidade de Guaidó e anunciou novas sanções para inviabilizar economicamente o
governo de Nicolás Maduro. Entre elas, medidas contra a estatal petrolífera da
Venezuela, a PDV-SA.
Mike Pence prometeu repassar 56 milhões de dólares para os países da região
que apoiarem Juan Guaidó. Já o vice-presidente brasileiro Hamilton Mourão afirmou
que a Venezuela vive um regime totalitário desde o governo de Hugo Chávez. E
destacou a responsabilidade do Grupo de Lima para restaurar a democracia, por meios
pacíficos.

JUAN GUAIDÓ VISITA O BRASIL

Em um “giro” feito pela América do Sul em busca de apoio, Juan Guaidó esteve
no Brasil em 28 de fevereiro de 2019, em Brasília, onde se encontrou com o presidente
do Brasil Jair Bolsonaro. O Brasil está entre os países que não reconhecem a legitimidade
de Maduro como presidente da Venezuela.
Enquanto Guaidó estava no Planalto, um grupo de pessoas protestava contra a presença
do líder oposicionista venezuelano. O grupo estava na Praça dos Três Poderes, em frente ao
palácio. Após o encontro, Bolsonaro fez um pronunciamento no qual afirmou que não poupará
"esforços" para restabelecer a democracia na Venezuela. Após o encontro com Bolsonaro no
Planalto, Guaidó foi ao Congresso Nacional, onde foi recebido por um grupo de parlamentares,
entre eles os então líderes do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo, e do governo no
Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP). Depois, foi em direção ao Senado, onde se
encontrou com o então presidente da Casa, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP). Ao deixar o
local, foi abordado pela imprensa, mas saiu sem falar com os jornalistas.
Do Brasil, onde foi tratado como Chefe de Estado, partiu para o Paraguai para se
encontrar com o presidente Mario Abdo, um dos primeiros a romper relações com o regime
de Nicolás Maduro e reconhecer Guaidó como presidente interino da Venezuela. Durante o
“giro” de Guaidó, Maduro declarou que “assim que Guaidó entrar na Venezuela será preso”. O
grupo de Lima, que reúne 14 países da região, condenou, de antemão, a ameaça.
VENEZUELA FECHA FRONTEIRA COM O BRASIL

As 21h do dia 21 de fevereiro de 2019, uma quinta-feira, deu-se início ao bloqueio da


fronteira entre Venezuela e Brasil (no estado de Roraima, cidade de Pacaraima), decretado por
Nicolás Maduro, sem prazo para terminar. Grupos de estrangeiros que entraram em
Roraima pouco antes das 20h (horário local) foram informados pela Guarda
Venezuelana de que não poderiam retornar. Normalmente, a passagem era fechada à noite e
reabria por volta das 8h do dia seguinte. Um confronto entre indígenas e militares venezuelanos
(que deixou duas pessoas mortas e outros feridos, intensificando um clima de tensão) e o uso
de rotas clandestinas marcaram o dia 22 de fevereiro, o primeiro dia do bloqueio da fronteira da
Venezuela com o Brasil, após ordem de Nicolás Maduro. @prof_ticyano_lavor
O presidente venezuelano determinou o fechamento para tentar barrar a ajuda
humanitária oferecida pelos EUA e por países vizinhos, incluindo o Brasil, após pedido
do autoproclamado presidente interino Juan Guaidó. Maduro vê a oferta dessa ajuda como uma
interferência externa na política da Venezuela. O fechamento ocorre onde seria um dos pontos
de coleta dos carregamentos de comida, remédio e itens de higiene básica enviados à população
venezuelana. Do fim da tarde até o início da noite, por volta das 19h (20h de Brasília), houve
uma intensa movimentação de carros carregados com compras saindo de Pacaraima a Santa
Elena. Uma fila chegou a se formar próximo à área de fiscalização venezuelana.
Já no dia 10 de maio de 2019, o governo da Venezuela reabriu a fronteira do país com
o Brasil. O fim do fechamento foi feito pelo vice-presidente econômico, Tareck El Aissami,
que disse que, além das fronteiras com o Brasil, também seriam abertas as comunicações
marítimas e aéreas com a ilha de Aruba.

No dia 22 de fevereiro de 2019, a Venezuela anunciou o fechamento da fronteira


com a Colômbia pelo estado Táchira (oeste). No dia seguinte, uma centena de pessoas se
concentrou na ponte Francisco de Paula Santander — que liga o estado venezuelano de Táchira
com o colombiano Norte de Santander — para protestar contra uma barricada da Força Armada
Nacional Bolivariana que impedia a passagem entre os dois países.
Para dispersar a manifestação, os militares lançaram gás lacrimogêneo contra as
pessoas, que começaram a chegar ao local às 6h da hora local, com a intenção de cruzar a
fronteira com a Colômbia.
Observe a notícia abaixo:

MADURO ANUNCIA VITÓRIA EM ELEIÇÃO NA ASSEMBLEIA NACIONAL


VENEZUELANA; GUAIDÓ DIZ TER SIDO IMPEDIDO DE PARTICIPAR

g1.globo.com/mundo/ 05/01/2020

O deputado Luis Parra, aliado do governo, foi anunciado por Nicolás Maduro como
o novo chefe da Assembléia Nacional da Venezuela (o Congresso da Venezuela), segundo a
agência Reuters.
A oposição, liderada pelo autodeclarado presidente Juan Guaidó, acusa a
votação de ser um "golpe no parlamento".
Os opositores afirmam que a votação não teve votos ou quórum necessário
porque Juan Guaidó e os parlamentares contrários a Maduro foram impedidos de
entrar na Assembleia Legislativa no momento do pleito.
Pelo Twitter, Guaidó afirmou que ele e um grupo de parlamentares estavam
sendo impedidos por policiais e militares de entrarem no Palácio legislativo no
momento da votação.
A oposição também acusa o governo de Maduro de oferecido malas de dinheiro
para parlamentares votarem contra Guaidó, que é o atual presidente do parlamento e
buscava uma reeleição para a gestão de 2020-2021.
Os EUA acusaram o governo de Maduro de "ir contra a vontade do povo e das
leis" minutos após Luis Parra ser anunciado o novo presidente do Congresso
venezuelano, segundo a Reuters.
Observe essa última notícia:

CRISE NA VENEZUELA: QUAIS PAÍSES COMPRAM O PETRÓLEO DO


MAIOR PRODUTOR SUL-AMERICANO? economia.uol.com.br 26.02.19

O petróleo domina a economia da Venezuela e representa praticamente a


totalidade de suas receitas de exportação. Mas, na última década, a produção do recurso
entrou em colapso e o país mergulhou em uma profunda crise econômica.
Recentemente, os Estados Unidos impuseram duras sanções à indústria petrolífera
venezuelana com o objetivo de pressionar o presidente, Nicolás Maduro, a renunciar.
Afinal, quais são os impactos destas sanções e que países estão comprando o petróleo
venezuelano agora?
Quais são as sanções? As sanções impedem que empresas americanas façam
negócios com a PDVSA, petroleira estatal venezuelana, e congela os ativos da
companhia nos Estados Unidos. Essas medidas não eliminam totalmente as
importações, mas exigem que os pagamentos sejam feitos em contas que a PDVSA não
pode acessar. Analistas consultados pela BBC Mundo afirmam que, devido às sanções,
o governo venezuelano não tem como se beneficiar da venda de petróleo para os
Estados Unidos, já que não pode tocar no dinheiro. As sanções também afetaram o
acesso aos produtos químicos necessários para processar o petróleo. O petróleo bruto
pesado da Venezuela é quase sólido quando sai do solo, o que não permite que seja
escoado pelos oleodutos.
Ele precisa de diluentes químicos, como nafta, para ser transformado em uma
substância mais leve que pode finalmente ser exportada. Mas as sanções impedem que
empresas americanas exportem diluentes para a Venezuela.
O país precisa importar essa substância e, nos últimos anos, seu fornecedor era
os Estados Unidos, lembra Shannon O'Neil, pesquisadora sênior de Estudos sobre a
América Latina na organização Council on Foreign Relations. A empresa russa Rosneft
está ajudando agora a preencher essa lacuna específica.

Para onde vai o petróleo da Venezuela agora?

Atualmente, há petroleiros com capacidade de 10 milhões de barris de petróleo


parados na costa venezuelana, de acordo com a Kpler, que monitora as commodities.
Originalmente, eles eram destinados aos Estados Unidos, mas agora estão
"encalhados" como consequência das sanções. O governo venezuelano está procurando
novos compradores e afirma que pretende dobrar as remessas para a Índia.
Mas, embora tenha havido um aumento recente nas exportações para os
indianos, não é substancial a ponto de suprir a lacuna americana, diz Samah Ahmed,
analista de petróleo bruto da Kpler.
As exportações para a China também não são animadoras e, na verdade,
diminuíram devido ao declínio geral na produção na Venezuela.
Vender mais petróleo para a Ásia também aumentaria os custos com transporte,
uma vez que os portos na Venezuela não estão bem equipados para carregar petroleiros
capazes de viajar longas distâncias.
Mesmo assim, há uma grande demanda por petróleo pesado como o encontrado
na Venezuela. Atualmente, há uma escassez global do recurso após o retorno das
sanções ao petróleo iraniano, enquanto os baixos níveis de produção no Canadá, no
México e em países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo
(Opep) também afetaram a reserva global.
Os importadores dos EUA vão precisar encontrar novos fornecedores de
petróleo pesado, que é usado para produzir diesel e combustível de aviação. "A crise
venezuelana tornou o petróleo pesado mais caro para os EUA", diz a analista Paola
Rodriguez-Masiu, consultora de petróleo e gás da Rystad Energy. Mas isso não ajuda a
Venezuela a encontrar novos mercados para seu principal produto em um momento de
grande crise econômica e política. Tudo indica que as sanções continuarão a atingir o
país duramente.

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