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EXCELENTÍSSIMO 

SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA


ÚNICA DA COMARCA DE CIDADE-UF

URGENTE

R É U P R E S O

PROCESSO CRIME Nº 00000000000

NOME DO CLIENTE, brasileiro, solteiro, profissão, residente e domiciliado na


Rua TAL, vem, “mui” respeitosamente perante V. Exa., através de sua
signatária “in fine” assinada, com supedâneo no art. 310, do Código de Processo
Penal, e demais normas aplicáveis à espécie, requerer LIBERDADE
PROVISÓRIA, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

BREVE RELATO DOS FATOS

Na data TAL, no período da manhã, os Policiais Militares que se encontravam de


plantão foram acionados pelo COPOM para verificar dois indivíduos que
transitavam nas proximidades TAL, estando estes com produtos supostamente
oriundos da prática de crime, sendo este realizado na madrugada do mesmo dia,
na residência TAL, situada na Rua TAL, na Cidade-UF.

Posteriormente, ao se dirigirem ao local indicado, o Requerente e seu


companheiro caminhavam na altura da Rua TAL, carregando os objetos descritos
no auto de prisão em flagrante em fls. 00.

Que ao avistarem a viatura policial, tentaram fugir, vindo o acusado Fulano de


TAL a ser detido e logo em seguida o Requerente.

Assim, foram encaminhados à Delegacia de Polícia de CIDADE-UF, onde a


vítima identificou os objetos furtados.
 

DA CONDUTA DO ACUSADO

Cumpre ressaltar Exa., antes de qualquer coisa, e acima de tudo, que o


Acusado Fulano de TAL é pessoa íntegra, de bons antecedentes e que jamais
respondeu a qualquer processo crime.

Cabe também salientar MM. Juiz, que o Acusado jamais teve participação em
qualquer tipo de delito, visto que é PRIMÁRIO, conforme consta nos autos;
possui BONS ANTECEDENTES, sendo que sempre foi pessoa honesta e voltada
para o trabalho; também possui PROFISSÃO DEFINIDA, (Pescador), sendo que
trabalhava na Empresa Pioneira na Cidade de CIDADE-UF; possui
RESIDÊNCIA FIXA, qual seja, Rua TAL, na Cidade-UF; não havendo assim,
motivos para a manutenção da Prisão em Flagrante, porquanto o Acusado possui
os requisitos legais para responder o processo em liberdade.

Assim, o Autor possui ocupação lícita e preenche os requisitos do parágrafo


único do art. 310 do Código de Processo Penal.

Destarte Exa., com a devida vênia, não se apresenta como medida justa o


encarceramento de pessoa cuja conduta sempre pautou na honestidade e no
trabalho.

DO DIREITO

Cumpre ressaltar mais uma vez que, não existe vedação legal para que não seja
concedida a LIBERDADE PROVISÓRIA, vez que o Acusado preenche os
requisitos elencados no parágrafo único, do art. 310 do Código de Processo
Penal, que assim determina:

“Art. 310. Quando o juiz verificar pelo auto de prisão em flagrante que o
agente praticou o fato, nas condições ao art. 19, I, II e III, do Código Penal,
poderá, depois de ouvir o Ministério Público, conceder ao réu liberdade
provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos do processo,
sob pena de revogação.

Parágrafo único. Igual procedimento será adotado quando o juiz verificar,


pelo auto de prisão em flagrante, a inocorrência de qualquer das hipóteses
que autorizam a prisão preventiva (arts. 311 e 312).”
Os Tribunais têm firmado posição favorável ao ora pleiteado, senão vejamos:

“173834 – LIBERADE PROVISÓRIA – FURTO QUALIFICADO –


ACUSADO PRIMÁRIO COM BONS ANTECEDENTES – Inexistência de
qualquer dos requisitos motivadores da prisão preventiva. Concessão.
Possibilidade. É possível a concessão da liberdade provisória ao acusado por
furto qualificado, primário com bons antecedentes quando não for
preenchido nenhum dos requisitos dispostos no art. 312 do CPP, sendo
insuficientes para manutenção do encarceramento os indícios ou provas da
existência do crime e de sua autoria.” (TACRIMSP – HC 374256/8 – 5ª C. –
Rel. Juiz Luís Ganzerla – DOESP 08.01.2001) JCPP. 312

“001620 – HABEAS CORPUS – FURTO QUALIFICADO – PRISÃO EM


FLAGRANTE – PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA MEDIANTE O
PAGAMENTO DE FIANÇA – POSSIBILIDADE – ORDEM CONCEDIDA
– 1 – A prisão do paciente não se enquadra em nenhuma das hipóteses
elencadas no art. 323 do CPP, bem como não registra antecedentes
criminais, razão por que é de se conceder a liberdade provisória mediante
pagamento de fiança. 2 – O Supremo Tribunal Federal pacificou o
entendimento de que, “uma vez satisfeitos os pressupostos legais, a prestação
de fiança é direito do réu e não faculdade do juiz.” (TJAC – HC 03.000082-3
– (2.383) – C. Crim. – Rel. Des. Feliciano Vasconcelos – J. 21.02.203) JCPP.
323

“80071785 – HABEAS CORPUS – CRIME DE FURTO QUALIFICADO –


DESNECESSIDADE DA MANUTENÇÃO DA MEDIDA RESTRITIVA DE
DIREITO FACE A PRIMARIEDADE E RESIDÊNCIA FIXA – NÃO
CONHECIMENTO – MERA REITERAÇÃO – Negativa de autoria:
Impossibilidade de apreciação. Desclassificação delitiva: Impossibilidade de
apreciação Nulidade processual por defesas conflitantes: Inocorrência.
Excesso de prazo na formação da culpa: Inocorrência. Liberdade provisória
mediante fiança – Possibilidade – Fixação pelo juiz em valor exacerbado
ante as condições econômicas do paciente – Ordem concedida apenas para
reduzir o quantum. Verificando-se que a ordem de habeas corpus é mera
reiteração da impetração anteriormente já apreciada e denegada, não
merece, destarte, ser conhecido o pedido consubstanciado na peça exordial
referente a negativa de autoria, ausência de justificativa para decretação de
prisão preventiva, desnecessidade da manutenção da medida restritiva de
direito face a primariedade, bons antecedentes e residência fixa. A
participação ou não do ora paciente na prática da infração penal que lhe foi
imputada na peça exordial, tal verificação importaria “rogata vênia”, em
análise de prova, que é verdade em sede de hábeas corpus, salvo em
condições excepcionais. A desclassificação postulada pelo ora paciente não é
juridicamente admissível através do remédio jurídico aforado, conforme
cediço na doutrina e orientação jurisprudencial já pacificada. Quanto à
nulidade processual, face à configuração de defesas conflitantes, não restou
constatada a ocorrência de qualquer falha, tanto mais que não se apontou
quais seriam, não se podendo, destarte, verificar-se a caracterização, ou não,
do constrangimento ilegal. No que concerne à alegação de excesso de prazo
na formação da culpa, segundo informações da autoridade judiciária, a
tramitação processual está em seu curso normal, considerando que se trata
de dois réus e que existe um grande acúmulo de processos na comarca. A
norma preconizada no artigo 325, do Código de Processo Penal, prescreve os
limites do valor da fiança a ser arbitrado pela autoridade, de acordo com a
maior ou menor gravidade da infração, sendo que a exegese do artigo 326,
do mesmo diploma legal, estabelece os critérios objetivos e subjetivos para a
mesma fixar o valor da fiança, cabendo, assim, ao julgador, após atentar
para a sanção máxima cominada “in abstracto”, ater-se às condições
pessoais e econômicas do preso, bem como à importância provável das
custas do processo. Portanto, tendo o ilustre magistrado arbitrado valor
bastante elevado para conceder liberdade provisória à ré presa em
flagrante, deve ser reduzido o valor arbitrado para quantidade compatível
com a situação econômica da paciente, apresentando-se à vista dos
dispositivos legais, justo e adequado, inclusive para eventual custas e
despesas processuais.” (Ordem de hábeas corpus concedida parcialmente
(TJES – HC 100030040065 – 1ª C. Crim. – Rel. Dês. Sérgio Luiz Teixeira
Gama – J. 12.05.2004) JCPP. 325, JCPP. 326)

Neste mesmo sentido, diz o insigne JULIO FABBRINI


MIRABETE, in CÓDIGO DE PROCESSO PENAL INTERPRETADO, 8ª
edição, pág. 670:

“Como, em princípio, ninguém deve ser recolhido à prisão senão após a


sentença condenatória transitada em julgado, procura-se estabelecer
institutos e medidas que assegurem o desenvolvimento regular do processo
com a presença do acusado sem sacrifício de sua liberdade, deixando a
custódia provisória apenas para as hipóteses de absoluta necessidade.”

Mais adiante, comentando o parágrafo único do art. 310, na pág. 672, diz:

“Inseriu a Lei nº 6.416, de 24-5-77, outra hipótese de liberdade provisória


sem fiança com vínculo para a hipótese em que não se aplica ao preso em
flagrante qualquer das hipóteses em que se permite a prisão preventiva. A
regra, assim, passou a ser salvo exceções expressas, de que o réu pode
defender-se em liberdade, sem ônus econômico, só permanecendo preso
aquele contra o qual se deve decretara prisão preventiva. O dispositivo é
aplicável tanto às infrações afiançáveis como inafiançáveis, ainda que
graves, a réus primários ou reincidentes, de bons ou maus antecedentes,
desde que não seja hipótese em que se pode decretar a prisão
preventiva. Trata-se, pois, de um direito subjetivo processual do acusado, e
não uma faculdade do juiz, que permite ao preso em flagrante readquirir a
liberdade por não ser necessária sua custódia. Não pode o juiz,
reconhecendo que não há elementos que autorizariam a decretação da
prisão preventiva, deixar de conceder a liberdade provisória.”

Destaquei.

E ainda:

“É possível a concessão de liberdade provisória ao agente primário, com


profissão definida e residência fixa, por não estarem presentes os
pressupostos ensejadores da manutenção da custódia cautelar.”
(RJDTACRIM 40/321).

E mais:

“Se a ordem pública, a instrução criminal e a aplicação da lei penal não


correm perigo deve a liberdade provisória ser concedida a acusado preso em
flagrante, nos termos do art. 310, parágrafo único, do CPP. A gravidade do
crime que lhe é imputado, desvinculada de razões sérias e fundadas,
devidamente especificadas, não justifica sua custódia provisória” (RT
562/329)

Já o inciso LXVI, do art. 5º, da Carta Magna, diz o seguinte:

“LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei


admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;”

 
No inciso LIV, do mesmo artigo supracitado, temos:

“LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido


processo legal;”

Por fim, transcreve-se o inciso LVII, do mesmo artigo:

“LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de


sentença penal condenatória;”

Desta forma ínclito Julgador, a concessão de LIBERDADE PROVISÓRIA ao


Acusado é medida que se ajusta perfeitamente ao caso em tela, não havendo, por
conseguinte, razões para a manutenção da reclusão do mesmo.

Aliás MM. Juiz, não se pode ignorar o espírito da lei, que na hipótese da prisão
preventiva ou cautelar visa a garantia da ordem pública; da ordem econômica;
por conveniência da instrução criminal; ou ainda, para assegurar a aplicação da
lei penal, que no presente caso, pelas razões anteriormente transcritas, estão
plenamente garantidas.

Assim, requer-se a V. Exa., que seja concedida ao Acusado a liberdade provisória


com ou sem fiança, haja vista que o mesmo é pessoa idônea da sociedade não
havendo motivos para manter-se em custódia.

CONCLUSÕES

Isto posto, tem a presente o objetivo de suplicar a V. Exa., em razão dos motivos
supratranscritos, que conceda ao Acusado a LIBERDADE PROVISÓRIA COM
ou SEM FIANÇA, respondendo ao processo em liberdade, conforme preceitua a
legislação processual penal, e demais normas, pois, assim, V. Exa. estará
promovendo a mais lídima JUSTIÇA!

Termos em que,

Pede Deferimento.
 

CIDADE, 00, MÊS, ANO

ADVOGADO

OAB Nº

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