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Processo n.

XXXXX

DESPACHO

Trata-se de pedido de relaxamento de prisão sobre o réu preso em flagrante


delito, porém a manutenção do recolhimento é carente de fundamentação.

Embora, em consonância com o artigo 5°, LXI, CRFB/88, tendo sido o réu preso
em flagrante delito, a falta de manifestação acerca da liberdade do requerente tornou
a prisão ilegal, tendo em vista que é imprescindível a motivação da decisão, deixando
de observar o que aduz o artigo 310, CPP, no caso em tela especificamente no inciso I,
devendo proceder imediatamente com o relaxamento da prisão, conforme artigo 5°,
LXV, in verbis:

CRFB/88, Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária

CPP, Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de
até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover
audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou
membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência,
o juiz deverá, fundamentadamente:

I - relaxar a prisão ilegal; ou


II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os
requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou
insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão;
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
Acresce-se que não estão presentes os requisitos do artigo 312 e considerando o
artigo 315, CPP que, por sua vez, ratifica a necessidade de decisão motivada e
fundamentada em relação a qualquer determinação do juízo, seja decretação,
substituição ou denegação de prisão preventiva, o que não ocorreu, não pode o réu
permanecer preso, vez que sequer fora decidida adequadamente sua condição, sob
pena de infringir os princípios basilares do direito, vide in verbis:

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e
indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.

Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será
sempre motivada e fundamentada.

Por todo o exposto, com fulcro nos artigos 5°, LXV, CRFB/88, bem como 310, I,
312 e 315, CPP, DEFIRO O PEDIDO DE RELAXAMENTO DE PRISÃO, visto que não foram
observados os procedimentos legais para a prisão e não foram respeitadas as garantias
do preso contidas no artigo 5°, LXVI, da CRFB/88.

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