Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Índice
Vida e Literatura
Estado: Ficção
Jogo de Xadrez
Des Curso
Fernando Chiavassa
Fernando Chiavassa
Fernando Chiavassa
Fernando Chiavassa
Talvez
Ela Raia Amarela Alerama Rayuela1
Notas e considerações:
Nota 5: pag. 449, capítulo 79, na qual uma nota pedante de Morelli,
fala do anti-romance.
Fernando Chiavassa
Espiritual!
Aproximações entre o Real e o Imaginário em Marguerite Duras
Fernando Chiavassa
“... Eu lhe digo que gosto da ideia de que ele tenha muitas
mulheres, de estar entre estas mulheres, confundida entre elas. ...
Digo que venha, que ele deve me tomar de novo. Ele vem. Ele cheira
bem, a cigarro inglês, a perfume caro, ele cheira a mel, sua pele
adquiriu à força o cheiro da seda, o perfume frutado do tussor de
seda, do ouro, ele é desejável. Eu lhe falo deste desejo por ele. Ele
me diz para esperar mais um pouco. E fala, diz que soube
imediatamente, desde a travessia do rio, que eu seria assim após meu
primeiro amante, que eu amaria o amor, diz que já sabe que eu o
enganarei e que enganarei também todos os homens com quem
estiver. Diz que, quanto a si, ele foi o instrumento de sua própria
desgraça. Fico feliz com tudo o que ele me anuncia e lhe digo. Ele se
torna brutal, seu sentimento é desesperado, ele se atira sobre mim,
come os seios de criança, grita insulta. Fecho os olhos de tanto
prazer. ... Ele me chama de puta, de nojenta, diz que sou seu único
amor, e é isso o que ele deve dizer e é isso que se diz quando se
deixa o dizer acontecer, quando se deixa o corpo fazer e buscar e
encontrar e tomar o que quer, e aí tudo é bom, não há restos, os
restos são recobertos, tudo arrastado pela torrente, pela força do
desejo.
1. Duras, Marguerite: L’Amant, Les Editions de Minuit,
Paris, 1984 – O Amante, tradução de Denise Bottmann, Cosac Naif,
São Paulo, 2007. Nesta obra em que a Autora visita fatos de sua
adolescência na Indochina e que, portanto, apresenta traços de
autoficção, apesar de que os personagens principais e familiares não
sejam todos nomeados, há transfigurações da realidade dos fatos
vividos que transcendem possibilidades para definições perfeitas
entre criação e ficção, de modo que fica difícil sabermos em que
medida a história toda é verdadeira.
2. Duras, Marguerite: L’Amant de la Chine du Nord,
Editions Gallimard, Paris, 1991 – O Amante da China do Norte,
tradução de Denise Rangé Barreto, Editora Nova Fronteira, 2006,
São Paulo. Esta obra reconta a narrativa anterior, “O Amante”,
iniciada quando Duras fica sabendo da morte de Leo, seu amante da
China do Norte (Vietnã), então colônia francesa. Ao mesmo tempo,
reconsidera muitas cenas que poderiam servir de pontuação para um
filme extraído do romance.
3. Duras, Marguerite: Cahiers de la Guerre e Autres
Textes, P.O.L Editeur – Imec Editeur, 1995 - 2006 (Escritos na
realidade entre 1943 e 1949) – Cadernos de Guerra e Outros Textos,
tradução de Mário Laranjeira, Editora Estação Liberdade, São Paulo,
2009. Estes cadernos se apresentam de maneira a desvendar o
entrelaçamento patente entre autobiografia e ficção, apreendendo o
íntimo numa escrita de não ficção, fazendo-o sobretudo sob o prisma
literário. Desta feita, a escritora nomeia as pessoas que espelham os
personagens das narrativas e vivências anteriores, compondo afinal
narrativas predominantemente autobiográficas, em edição
organizada por Sophie Bogaert e Olivier Corpet.
Procura-se Uma Sociedade Mais Justa
Fernando Chiavassa