TRATAMENTO DIFERENCIADO PARA ME E EPP

(LC Nº123/2006) – LICITAÇÕES DIFERENCIADAS

André Luís do Nascimento

Olá! Nesta videoaula estudaremos os benefícios introduzidos pela Lei Complementar

nº 123/2006 que foram incluídos no capítulo 5 entre o art. 42 e 49. Estudaremos especificamente o
benefício chamado licitação diferenciada previsto nos artigos 47 e 48, mais especificamente no art.
48, incisos I, II e III. Comentaremos sobre outro benefício previsto no parágrafo 3º do art. 48.
O primeiro benefício introduzido pelo inciso I refere-se às licitações exclusivas para
Microempresas (ME) e Empresa de Pequeno Porte (EPP) quando um item ou lote tiver valor
estimado até R$80 mil. Como funciona? Vou explicar na prática! Imagine uma licitação com 3 itens,
sendo o 1º item o valor estimado R$80 mil, o 2º item o valor estimado R$100 mil e o 3º item o valor
estimado R$50 mil. Nesta situação a administração pública deverá ( faculdade da LC nº 123/2006),
estabelecer que para o item 1 até R$80 mil e o item 3 até R$50 mil só poderão ter a participação
das MEs e EPPs, e o item 2 que apresenta o valor estimado de R$100 mil será de ampla
concorrência, poderão participar MEs, EPPs como EGPs e EMPs.
É importante observar que a lei estabelece o valor de até R$80 mil para itens ou lotes. Em
outra situação – se tivermos um lote de cadeiras, e cada cadeira tiver valor unitário de R$10 mil,
logo, se tivermos 10 cadeiras compondo o lote, teríamos R$100 mil - nesse caso o lote todo
ultrapassa o limite máximo de licitação exclusiva para ME ou EPP. Além disso, é importante observar
a fase de planejamento da licitação, porque já deverá vir estabelecido no edital da licitação quais
são os itens em que a disputa se dará somente entre ME e EPP, e quais os itens que irão ser de
ampla concorrência. Esse é o primeiro benefício: o pregoeiro deverá estar atento no dia da sessão
e verificar que para aqueles itens somente as empresas de que estão aptas a participar como EPP
ou ME irão para a disputa.
O inciso II estabelece a possibilidade de subcontratação, quando se tratar de obra e serviços
de parte do contrato para uma ME ou EPP, diferente do inciso I, o gestor pode optar ou não em
utilizar esse benefício previsto, é uma faculdade, e está dentro da margem de discricionariedade.
Como funciona? Há uma licitação para contratar um serviço ou uma obra, o edital deve estabelecer
qual é o percentual em que a EGP deve fazer a subcontratação de uma EPP. A LC nº123/2006 não
estabeleceu quais são os procedimentos a serem aplicados para utilizar esse benefício. Como
aprofundamento sugiro a leitura do Decreto nº 8.538/2015 que trata da regulamentação da LC nº
123/2006. No âmbito do executivo federal, com relação a esse benefício da subcontratação o art.
7 estabelece todas as regras para implementá-lo.
E o último benefício das licitações diferenciadas foi previsto no inciso III que se refere às
cotas exclusivas para ME ou EPP quando o objeto for divisível e não trouxer prejuízo para a
administração num montante de até 25%. Vou explicar como funciona esse benefício! Imagine uma
licitação para aquisição de 10 televisores - o valor estimado é de R$100 mil, sendo que, cada
televisor tem um valor estimado de R$10mil e nesse item temos 10 unidades. A administração
deverá estabelecer uma cota, dos 10 televisores, 2 itens vão ser de licitação exclusiva de ME ou EPP.
A ME ou EPP pode participar dos dois lotes, da cota ampla que é de 75% e da cota exclusiva que é
de até 25%. Nessa hipótese, temos 10 equipamentos e não temos como dividi-los em 2/5, o máximo
que administração deverá dividir a cota exclusiva, seria para 2 unidades que corresponde a 20% do
total. No Decreto nº 8.538/2015 também há um detalhamento mais preciso de como deverá
funcionar essa regra prevista no art. 48, inciso III, e nele também é estabelecido que se a cota
exclusiva da ME e EPP não for preenchida, ou seja, não houver nenhuma ME ou EPP que tenha
participado ou que tenha ganhado a licitação, a empresa que participou do lote principal poderá
também sair vencedora da cota exclusiva. Um último detalhe previsto no Decreto nº 8.538/2015 e
que não houve previsão na LC nº 123/2006 é que se a ME ganhar o lote exclusivo e a disputa ampla
com preços diferentes, deverá fazer a entrega do bem pelo menor preço – é possível que uma
mesma empresa ganhe os dois lotes, nesse caso ela deverá fazer pelo menor preço.
O último benefício introduzido no art. 48 refere-se ao parágrafo 3º, assim como o inciso II, que cita
que, não é uma obrigatoriedade do gestor e sim uma faculdade, prestigiar uma ME e EPP sediada
localmente ou regionalmente no âmbito daquele município. A LC nº 123/2006 não estabeleceu a
definição do que vem a ser EPP local ou EPP regional, já o Decreto nº 8.538/2015 estabeleceu que
ME ou EPP local ou se refere a empresa sediada no âmbito do município e regional seria no âmbito
do estado ou região metropolitana. Esse benefício da LC nº 123/2006 no parágrafo 3º do art. 48
estabeleceu a possibilidade de se contratar uma ME ou EPP por um valor de até 10% superior ao
menor preço, contudo o Decreto nº 8.538/2015 (um bom instrumento para se socorrer) estabeleceu
que esse benefício não deverá ser aplicado para se contratar um valor mais alto, na regulamentação
foi estabelecido que isso é uma nova margem de empate ficto, mas ainda sim a ME e a EPP sediada
localmente ou regionalmente deverá fazer o desempate em relação a empresa provisoriamente
vencedora.
Recapitulando! Vimos que os benefícios introduzidos pelos artigos 47 e 48 se referem a três
possibilidades de licitação diferenciada. O inciso I é uma obrigatoriedade, em que as licitações com
item ou lotes com até R$80 mil deverão ser exclusivas para ME e EPP. O inciso II, cita sobre a
possibilidade (poder discricionário da administração) de utilizar esse benefício para contratação de
obras ou serviços que poderá ter a subcontratação de uma ME ou EPP. Por fim, o inciso III, aborada
a situação da cota exclusiva de participação da ME ou EPP em até 25% na situação de licitação de
objetos divisíveis que não trazem prejuízo para a administração. Para finalizar, no art. 49 da LC nº
123/2006 estão relacionadas às hipóteses em que o benefício previsto no art. 47, e os três benefícios
previstos nos incisos I, II, III poderão ser afastados. Sugiro a leitura e o aprofundamento da matéria
no art. 49.
Obrigado e até o próximo vídeo!

Equipe Técnica
Docente: André Luís da Silva Nascimento

Equipe Técnico - Pedagógica

Marcia Araujo Calçada
Dalva Stella pinheiro da Cruz
Máira Conceição Alves Pereira
Erick Santana Raymundo (estagiário)
Juliana de Almeida Gomes (estagiária)

Gestão de Projetos Educacionais

Rachel Constant Vergara Mann