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Neidson RODRIGUES, Lições do príncipe e outras lições, p. 77.
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tindo o acesso ao saber e aos bens culturais da humanidade. Assim, o indivíduo pode se
perceber como parte integrante de um todo social, situando-se em sua realidade
histórico-social. Além disso, para as classes subalternas, a escola deve fornecer
instrumentos e recursos de luta contra a dominação, exercitando, pois, seu papel de
resistência à ideologia dominante ou de contra-ideologias.
A escola surge historicamente como fruto da necessidade de se preservar e
reproduzir a cultura e os conhecimentos da humanidade, crenças, valores e conquistas
sociais, concepções de vida e de mundo, de grupos ou de classes. Ela permaneceu e se
modernizou à medida que foi capaz de se tornar instrumento poderoso na produção de
novos valores e crenças, na difusão e socialização de conquistas sociais, econômicas e
culturais desses grupos ou classes.
Pode-se descrever a escola como lugar de encontro e de convivência entre
educadores e educandos. Um grupo que se reúne e trabalha para que ocorram condições
favoráveis ao desenvolvimento em diferentes áreas: cognitiva, afetivo-emocional,
motora, social e profissional.
Por desenvolvimento cognitivo entende-se adquirir novos conhecimentos e rever
os que já se possui; relacionar e organizar informações; desenvolver a imaginação, a
capacidade de pensar e de criar soluções; desenvolver habilidades artísticas.
O desenvolvimento afetivo-emocional compreende, entre outros aspectos, o
crescente conhecimento de si mesmo (diferentes recursos que se possui, limites
existentes e potencialidades a serem desenvolvidas). Isso significa abrir espaço para que
se expressem e se trabalhem diferentes emoções: alegria, sofrimento, raiva, ódio, amor,
agressão, autodefesa, atenção, respeito, cooperação, competitividade, solidariedade.
Ainda sob este aspecto é importante que a criança e o adolescente adquiram
segurança pessoal superando as inseguranças próprias de cada idade; que se sintam
valorizados em sua singularidade e nas mudanças que venham a ocorrer; aprendam a se
organizar internamente e se relacionem com o ambiente externo.
Para nos ajudar a refletir sobre a escola, foram escolhidos três autores: Georges
Snyders, professor da Universidade de Paris, pela sua coragem em escrever sobre a
alegria na escola e manifestar sua preocupação com a felicidade dos alunos nessa
instituição; depois, Neidson Rodrigues, por sua insistência em propor uma "Nova
Escola", em apontar uma passagem para uma "Escola Necessária" e também por ousar
pôr em prática suas idéias quando esteve à frente da Secretaria de Educação de Minas
Gerais; e, por fim, José Carlos Libâneo, professor da Universidade Federal de Goiás,
por seus textos críticos sobre o tema e principalmente por se constituir num autor de
livro-texto sobre Didática dirigido aos alunos do curso de magistério.
2
Neidson RODRIGUES, Por uma nova escola, p. 60.
3
Ibid., p. 61.
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A Escola e o Desenvolvimento dos Alunos
1. Georges Snyders
"É preciso reconhecer realmente que a escola é de início lugar de divergência
entre as maneiras de ser: do professor aos alunos, desacordo de idade, de formação de
gostos; corre-se o risco de que o professor esteja voltado para o passado, para um
passado que o justifica enquanto que os alunos estão voltados para o futuro.
O professor tem dificuldade em aceitar a juventude deles, que não é sua. Quanto
mais ele se envolve com seus alunos e com a cultura que ele quer lhes revelar, mais ele
tem dificuldade em suportar o que sente como uma concorrência, ou melhor, uma
intrusão: a vida de seus alunos fora de sua ação, fora da escola;
valores e modos de vida tão diferentes dos que ele gostaria de vê-los adotar.
Por sua parte, os alunos sentem em primeiro lugar a escola como lugar onde lhes
dizem: 'parem de falar sua língua habitual, de ler suas histórias em quadrinhos habituais;
interrompam sua existência habitual5.
A partir daí seus protestos contínuos: os adultos e particularmente os professores
rejeitam sua cultura, sua cultura de jovens sem mesmo conhecê-la: (...) 'eles não tentam
compreender nossos gostos, nossos problemas, recusam o que nós gostamos'.
E isso significa também: 'recusam-nos uma vez que não há realmente terreno
comum entre eles e nós5."4
2. Neidson Rodrigues
"A escola tem por função preparar o indivíduo para o exercício da cidadania
moderna, para a modernidade. Isto significa formar o homem capaz de conviver numa
sociedade em que se cruzam interveniências e influências mundiais da cultura, da
política, da economia, da ciência e da técnica.
(...)
A escola é uma instituição social e, como tal, está inserida na história. Ela é uma
instituição que sofre influência e influencia aquilo que acontece ao seu redor. Em outras
palavras: a escola está inserida numa certa realidade da qual sofre e na qual exerce
influência. Ela não é apenas o local onde se reproduzem os interesses, os valores, a
cultura, a ideologia. Também pode influenciar a ideologia, os valores, a ciência, a
política e a cultura na sociedade em que está inserida."5
4
Georges SNYDERS, A alegria na escola, p. 216.
5
Neidson RODRIGUES, Da mistificação da escola à escola necessária, p. 56.
DIDÁTICA: A aula como centro
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A escola pela qual devemos lutar hoje visa o desenvolvimento científico e cultural
do povo, preparando as crianças e jovens para a vida, para o trabalho, para a cidadania,
através da educação geral, intelectual e profissional."7
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