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OBSERVAÇÕES A TER EM CONTA

1. Há muitos conceitos que aparecem nesta secção e que foram definidos


anteriormente. Convém sabê-los, para poder esclarecê-los, na eventualidade de
uma pergunta sobre eles (por exemplo, os diversos tipos de contrabando aí
mencionados; os tipos de fraude aí mencionados…)

2. Uniformidade no texto entre Código Aduaneiro ou CA

3. C.A ou CA?

4. Uniformidade do tipo de letra no texto e nos rodapés

5. O espaçamento entre palavras é de um só espaço. Não dois ou três.

6. LER E RELER VÁRIAS VEZES UM MESMO TEXTO ANTES DE MO


ENVIAR. CONTINUAR A APARECER ERROS FACILMENTE
EVITÁVEIS…
2.1. Regime jurídico dos crimes fiscais aduaneiras

Entrando agora nos aspectos que caracterizam o regime jurídico das infrações
fiscais aduaneiras no direito angolano, temos como disposições gerais o Código
Aduaneiro angolano, determinando as sanções aplicáveis, tendo em conta a gravidade
das infracções praticadas, a culpa, as circunstâncias agravantes e atenuantes. Quanto aos
crimes fiscais aduaneiros e o seu processamento, aplicar-se-ão de forma subsidiária as
disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal. Relativamente às
transgressões fiscais aduaneiras e seu processamento, aplicam-se as disposições da Lei-
Quadro das transgressões administrativas, e no que toca à responsabilidade civil, as
disposições do Código Civil.

Em matéria dos crimes fiscais aduaneiros, aplicar-se-ão as leis do CA, e de


forma subsidiária as disposições legais do Código Penal, Código Civil (para as questões
de natureza não fiscal), do Código de Processo Penal e respectiva legislação
complementar.

O Código Penal consagra o princípio da legalidade, relactivo aos crimes, que de


certa forma abrange o conceito dos crimes aduaneiros. O CA consagra na Secção II da
parte V as disposições aplicáveis aos crimes fiscais aduaneiros, determinando as
circunstâncias agravantes da responsabilidade criminal do infrator.

Segundo o CA, a pena de multa nas infracções fiscais aduaneiras é fixada em


Unidades de Correcção Fiscal, abreviadamente designadas por UCF, ou tomando por
base de cálculo o valor dos direitos e demais imposições aduaneiras devidos ou o valor
aduaneiro da mercadoria. O valor aduaneiro da mercadoria é determinado de acordo
com o disposto na parte IV do CA, sendo o título I reservado aos critérios gerais para a
determinação do valor aduaneiro, e o título II aos métodos de determinação do valor
aduaneiro1.

Relativamente às penas aplicadas as infracções fiscais aduaneiras sob forma de


crime consagradas pelo CA temos2:

• O contrabando de importação e exportação, punido com prisão de 3 meses a 2


anos e multa de uma a três vezes o valor aduaneiro das mercadorias3.

1
Cfr.: CA, art.160.˚
2
Ibidem, 190.˚-198.˚
3
Cfr.: CA, art. 190.ᵒ [no rodapé anterior já não se disse 190-198?]
• Contrabando de circulação, punido com prisão de 3 meses a 2 anos e multa de
uma a três vezes o valor dos direitos e demais imposições devidos.

• Contrabando qualificado, punido com prisão de 6 meses a 3 anos e multa de


duas a quatro vezes o valor aduaneiro da mercadoria.

• Contrabando privilegiado, punido somente com pena de multa de uma a duas


vezes o valor aduaneiro das mercadorias. Tratando-se de mercadorias de valor
igual ou inferior a UCF 25.000, o infractor é punido somente com a pena de
multa de uma vez o valor aduaneiro das mercadorias.

• Contrabando de mercadorias não declaradas ou não manifestadas: nestes


casos, o infractor é punido com prisão de 3 meses a 2 anos e multa de uma a
três vezes o valor aduaneiro das mercadorias.

Quanto aos delitos fiscais de descaminho previstos em legislação avulsa é


aplicável o regime relativo ao contrabando, contando que se verifiquem os respectivos
pressupostos legalmente exigidos.

Quanto à fraude às garantias fiscais aduaneiras temos:

• Fraude no transporte de mercadorias em regime suspensivo, punido com


prisão de 3 meses a 2 anos e multa de uma a três vezeso valor dos direitos e
demais imposições aduaneiras devidos;

• Fraude às garantias fiscais aduaneiras, punida com prisão de 6 meses a 3


anos e multa de duas a três vezes o valor dos direitos e demais imposições
aduaneiras devidos;

• Fraude fiscal aduaneira, punível com pena de prisão de 6 meses a 3 anos e


multa de duas a três vezes o valor dos direitos e demais imposições
aduaneiras devidos. [indicar fonte em rodapé]

O procedimento por crime fiscal aduaneiro prescreve decorridos cinco anos a


contar do dia em que foi praticada a infracção; as multas aplicadas por crime
prescrevem no prazo de cinco anos, contados a partir da data em que transitou em
julgado a sentença que as aplicou; a prescrição da multa envolve a prescrição da sanção
acessória que ainda não tenha sido executada; as penas de prisão aplicadas por crime
fiscal aduaneiro prescrevem decorridos dez anos. De referir que a prescrição referente
às penas de prisão aplicadas por crime fiscal aduaneiro corre desde o dia em que a
decisão condenatória transitou em julgado e interrompe-se pela execução da pena.4

2.2. Regime jurídico das transgressões fiscais aduaneiras

No que diz respeito às transgressões fiscais aduaneiras, o Código Aduaneiro


consagra, na secção III da parte V, a determinação da medida das multas, as sanções
acessórias que poderão ser aplicadas ao infractor previstas na Lei-Quadro das
transgressões administrativas e respectivas alterações, bem como a responsabilidade do
infactor de natureza civil.

Relativamente à determinação da medida das multas nas infracções fiscais


aduaneiras sob forma de transgressões fiscais aduaneiras, far-se-á em função da
gravidade da transgressão, da culpa do infrator e da sua situação económica. Sem
prejuízo dos limites fixados no código, a multa deve, sempre que possível, exceder o
benefício económico que o infractor retirou da prática da transgressão. Em caso de a
mercadoria objecto da transgressão ser de importação ou de exportação proibida ou
restrita, tal circunstância deve ser considerada como agravante para efeito da
determinação do montante da multa5.

Poderão ser aplicadas ao infractor conjuntamente com a multa uma ou mais


sanções acessórias previstas na Lei-Quadro das transgressões administrativas e as
respectivas alterações. É de referir que a sanções acessórias referidas anteriormente
aplicam-se igualmente a pessoas colectivas e entidades equiparadas, com as necessárias
adaptações6.

O procedimento por transgressão fiscal aduaneira extingue-se por efeito da


prescrição, logo que sobre a prática da mesma tenham decorridos os seguintes prazos:

● Dois anos, quando se trate de transgressão punível com multa superior a


UCF 300;

● Um ano nos restantes casos. [indicar a fonte em rodapé]

4
Cfr.: CA, art. 182, nºs 1-3
5
Ibidem, art. 170.˚
6
Ibidem, art. 171.˚ e 172.˚
As multas aplicadas por transgressão prescrevem no prazo de quatro anos a
partir da data que transitou em julgado o despacho ou sentença que as aplicou. Importa
referir que a prescrição da multa envolve a prescrição da sanção acessória que ainda não
tenha sido executada7.

2.3 Responsabilidade do Infractor: pressupostos e causas da exclusão da


responsabilidade

A responsabilidade do infrator, nas infracções fiscais aduaneiras, consiste na


obrigação de reparar o dano causado na ordem moral da sociedade, cumprindo a pena
ou pagamento da multa estabelecidas na lei e aplicadas pela autoridade correspondente.
Partindo da noção de infracção, considera-se desde logo que ela se revela como uma
conduta, uma acção material e humana, que se considere ilícita, produtora ou não de um
determinado resultado. Para se constituir uma infracção fiscal adauneira, é necessário
que se observem de forma comulativa os quatro elementos constitutivos da infracção; a
acção humana, a tipicidade, a ilicitude e a culpa; desta forma poder-se-a atribuir ao
infractor a medida das sanções prevista no C.A e demais legislações.

Tendo em atenção o C.A, na determinação da medida das sanções aplicáveis,


ter-se-á em conta a gravidade da infracção praticada, a culpa, as circunstâncias
agravantes e atenuantes, a situação económica do infractor e a colaboração por ele
prestada no decurso do processo. Tendo sido a infracção cometida por diversas pessoas,
todas são solidariamente responsáveis pelo pagamento dos direitos, das demais
imposições e das multas devidas8.

Nos crimes que forem praticados por despachantes, seus ajudantes, caixeiros
despachantes ou ajudantes aduaneiros, responde o proprietário das mercadorias que
tenha actuado com dolo ou negligência. O proprietário das mercadorias é sempre
responsável quanto ao pagamento dos direitos e demais imposições que forem devidos,
por todos os actos praticados pelos despachantes, seus ajudantes, caixeiros despachantes
ou agentes aduaneiros9.

7
Ibidem, art. 183.˚
8
Ibidem, art. 152.° e 156.˚
9
Ibidem, art. 157.°
Quanto ao nível de responsabilidade do infractor, nos crimes fiscais aduaneiros
existem circunstâncias atenuantes e circunstâncias agravantes.

Constituem circunstâncias agravantes da responsabilidade criminal do infrator:

• Ser o crime cometido de noite ou em lugar ermo e aproveitando essas


circunstancias, por meio de violência ou ameaça de violência, com uso de
arma ou por meio de arrombamento, escalamento ou chave falsa, ou por duas
ou mais pessoas;

• Ser o crime cometido com alteração, viciação ou falsificação de quaisquer


documentos aduaneiros ou outros apresentados as alfândegas;

• Ser o crime cometido por associação organizada para a prática de infracções


fiscais aduaneiras;

• Ser o crime praticado com recurso à corrupção de algum funcionário público;

• Ser o autor ou seu cúmplice funcionário público ou representante das


alfândegas ou da polícia fiscal, despachante, seu ajudante, caixeiro
despachante ou agente aduaneiro;

• Ser o crime cometido nos respectivos meios de transporte, pelos comandantes


ou tripulantes de aeronaves, pelos capitães, mestres arraias, patrões ou
tripulantes de navios ou de quaisquer embarcações, ou por qualquer
empregado de empresa de transportes colectivos;

• Ser o autor ou cúmplice reincidente;

• Ter havido sucessão de infracções10.

Se o mesmo facto constituir simultaneamente crime e transgressão, o infractor é


punido a título de crime, sem prejuízo das sanções acessórias previstas para a
transgressão. Os factos que forem qualificados, no todo ou em parte, como infracções
fiscais aduaneiras por mais de uma disposição legal são punidos pela disposição que
estabeleça a pena mais grave. Quando o mesmo facto constituir simultaneamente
infracção fiscal aduaneira e de outra natureza, as sanções previstas para ambas as

10
SERVIÇO NACIONAL DAS ALFÂNEGAS: Gabinete Jurídico, “Procedimentos Sobre Instrução de
Processos Fiscais Aduaneiros” 07 de Setembro de 2012.
infracções são comuláveis, desde que tenham sido violados interesses jurídicos
distintos11.
A tentativa da prática de qualquer infracção fiscal aduaneira legalmente prevista
é punível nos mesmos termos da infracção consumada. Quanto aos cúmplices e
encobridores, devem ser aplicadas penas iguais às que hajam sido aplicadas aos autores;
os encobridores são punidos com as mesmas penas aplicáveis aos autores,
especialmente atenuadas12.
Se a infracção fiscal aduaneira for cometida por mais de uma pessoa, isto é,
havendo pluralidade de infractores, será apliacada a cada um dos infractores a pena
correspondente à infracção. Caso se verifique infracção na bagagem de vários
passageiros da mesma família viajando juntos, aplicar-se-à uma só multa, por cujo
pagamento são todos solidariamente responsáveis.
São igualmente responsáveis pela prática das infracções fiscais aduaneiras as
pessoas colectivas e entidades equiparadas, quando as infracções cometidas pelos seus
agentes, órgãos ou representantes em seu nome ou no seu interesse. Essa
responsabilidade é excluída quando o agente, órgão o representante tiver actuado contra
ordens ou instruções expressas de quem de direito. A responsabilidade das pessoas
colectivas e das entidades equiparadas não exclui a responsabilidade individual dos dos
seus agentes, órgãos ou representantes que tenham praticado a infracção. Se a sanção
for aplicada a uma entidade sem personalidade jurídica, responderá por ela o património
comum dos associados e, na sua falta ou insuficiência, solidariamente o património de
cada um.13

2.4. O Procedimento Judicial

Como em qualquer processo, o processo de infracção fiscal aduaneira tem um princípio,


uma instrução e uma finalização.

O ponto de partida pode ser de diversa gênese; nalguns casos, o processo por
infracção fiscal aduaneira começa por um Auto de notícia, quando a autoridade ou
agente de autoridade verificar pessoalmente os factos constitutivos de infracção fiscal
aduaneira, levantando o auto de notícia, desde que para tanto seja competente e, de
11
Cfr.: CA, art 144.˚
12
Ibidem, art. 146.˚
13
Ibidem.
imediato, o remeter à entidade que deva instituir o respectivo processo. Importa-nos
dizer que o auto de notícia somente deve ser levado nos casos de flagrante delito14.

Noutros casos o processo por infracção fiscal aduaneira começa com uma
participação, quando algum funcionário sem competência para levantar o auto de notícia
tiver conhecimento, no exercício ou por causa do exercício das suas funções, de
qualquer infracção, participando à autoridade competente para o seu processamento15.

Os funcionários aduaneiros que tenham conhecimento de quaisquer factos que,


em seu entender, possam constituir infracção fiscal aduaneira, devam deles dar
participação por escrito à autoridade aduaneira competente16.

Por fim, podem os processos por infracção fiscal aduaneira começar com uma
denúncia, podendo esta partir de qualquer pessoa, funcionária ou não. Neste último
caso, não estando a pessoa denunciante familiarizada com todas as normas
especificamente aplicáveis ao caso, pode não cumpri-las por desconhecer todos os
procedimentos exigíveis. E, por conseguinte, a autoridade receptora da denúncia deve
ter o bom senso de suprir as deficiências, chamando o denunciante para as colmatar ou
investigando por si própria com o mesmo fim. Isto para não se correr o risco de ficar
impune uma infracção merecedora de adequado processo de infracção17.

A pessoa que der à autoridade aduaneira conhecimento da infracção será, para os


efeitos da distribuição de multa que vier a ser aplicada, considerada como participante.
Mas, se não for autoridade nem agente de autoridade, só terá direito a ser contemplada
nessa distribuição se assim o requerer antes de transitar em julgado o despacho de
indiciação18.

A pessoa que der à autoridade aduaneira conhecimento da infracção, não sendo


autoridade ou agente da autoridade, pode ficar desconhecida (sob anonimato) no
processo se assim o desejar.

Desde logo, há que alertar para o facto de as bases acabadas de indicar não
constituírem lista taxativa. A Administração Aduaneira pode instaurar o processo de
infracção fiscal aduaneira quando tenha suspeita da prática de uma infracção, mesmo

14
Cfr.: CA, art. 272.˚
15
Ibidem, art. 279.˚
16
Ibidem
17
Ibidem, art. 281.˚ nº 3
18
Ibidem, art. 281.˚ nº 3, 296.ᵒ e 293.˚ n.º 2.
que tal conhecimento não lhe tenha chegado por uma das vias acima mencionadas. É o
caso, ainda que raro, de ser o próprio infrator, mediante declaração, que dá a conhecer à
autoridade aduaneira que cometeu uma infracção fiscal aduaneira.

Fora as condições referidas anteriormente, no auto de notícia e na participação,


qualquer autoridade ou agente de autoridade deve, e qualquer outra pessoa pode, dar
conhecimento, mediante denúncia, à autoridade aduaneira de qualquer facto que
conheça e que em seu entender constitua infração fiscal aduaneira e de todos os
elementos que sirvam para comprová-lo.

A denúncia é aplicável residualmente em relação ao auto de notícia e


participação. Tal como dissemos anteriormente, o auto de notícia e a participação são
subscritos por funcionários, competentes ou não, mas que sejam funcionários.

O processo fiscal ocasionado por infracção fiscal aduaneira tem duas fases: a
fase instrutiva e a fase contenciosa.

A fase instrutiva vai desde o auto de notícia ou a participação, passando pelo


despacho de indiciação ou de não indiciação até ao encerramento da instrução19.

A fase instrutiva para as infrações fiscais aduaneiras compreende a notícia da


infração, dada pela participação, e pelo corpo de delito 20. A instrução do processo é
dirigida pelos Directores regionais das Alfândegas e Chefes da delegação ou estância
aduaneira e tem por fim averiguar a existência das infracções, fazer a investigação dos
seus agentes e determinar a sua reponsabilidade21.

Portanto, efectuando o registo e a autuação dos documentos, ou se quisermos,


iniciando o processo de infracção fiscal, segue-se a investigação e instrução, sendo
aquela e esta orientadas pelo dirigente do serviço aduaneiro competente.

As infracções comumente cometidas no âmbito do Direito Aduaneiro Angolano


estão sujeitas às penas de prisão e penas de multas. É de salientar que só poderão ser
aplicadas as penas e medidas de segurança relactivamente às infracções fiscais
aduaneiras, aquelas cuja aplicação obedece ao princípio da legalidade, ou seja, aquelas

19
Cfr.: CA, art. 271.˚ à 314.˚
20
É o conjunto de diligências destinadas à instrução do processo, com excepção da instrução
contraditória. [O QUE É ISTO???]
21
Cfr.: CA, arts. 224.˚, 225.˚e 343.˚
que de certa forma estejam devidamente decretadas por lei aduaneira e legislação
complementar.

A aplicação das penas, entre os limites fixados na lei para cada uma, depende da
culpabilidade do infractor, tendo-se em atenção a gravidade do facto criminoso, seus
resultados, a intensidade do dolo ou grau da culpa, ou motivos do crime e a
personalidade do infractor.

Importa referir que a pena de multa consiste no pagamento de determinada


quantia ou a fixar entre um mínimo e um máximo declarados por lei.

Na fixação da pena de multa, atender-se-á sempre à situação económica do


condenado, de maneira que o seu quantitativo, dentro dos limites legais, constitua pena
correspondente à culpabilidade do infractor.

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