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Teste de avaliação

Português, 11.º ano

Unidade 2 Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa

Utiliza apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta.


Não é permitida a consulta de dicionário.
Não é permitido o uso de corretor. Deves riscar aquilo que pretendes que não seja classificado.
Para cada resposta, identifica o grupo e o item.
Apresenta as tuas respostas de forma legível.
Ao responderes, diferencia corretamente as maiúsculas das minúsculas.
Apresenta apenas uma resposta para cada item.
As cotações dos itens encontram-se no final dos mesmos.

Critérios gerais de classificação


• As respostas ilegíveis são classificadas com zero pontos.
• Em caso de omissão ou de engano na identificação de uma resposta, esta pode ser classificada
se for possível identificar inequivocamente o item a que diz respeito.
• Se for apresentada mais do que uma resposta ao mesmo item, só é classificada a resposta que
surgir em primeiro lugar.
• A classificação das provas nas quais se apresente, pelo menos, uma resposta escrita
integralmente em maiúsculas é sujeita a uma desvalorização de cinco pontos.

Fatores de desvalorização − correção linguística

Fatores de desvalorização Desvalorização (pontos)

• Erro inequívoco de pontuação


• Erro de ortografia
(incluindo erro de acentuação, uso indevido de letra
minúscula ou de letra maiúscula e erro de translineação) 1
• Erro de morfologia
• Incumprimento das regras de citação de texto ou de
referência a título de uma obra

• Erro de sintaxe 2
• Impropriedade lexical

Encontros • Português, 11.º ano ©Porto Editora


GRUPO I (100 PONTOS)

A
Lê o texto a seguir transcrito. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.

Ato III
Cena XI
O Prior de Benfica, o Arcebispo, Manuel de Sousa, Madalena, etc., Maria, que entra
precipitadamente pela igreja em estado de completa alienação; traz umas roupas brancas, de-
salinhadas e caídas, os cabelos soltos, o rosto macerado, mas inflamado com as rosetas héticas 1;
os olhos desvairados; para um momento, reconhece os pais e vai direita a eles. Espanto geral; a
5 cerimónia interrompe-se.
Maria — Meu pai, meu pai, minha mãe, levantai-vos, vinde! (Toma-os pelas mãos; eles
obedecem maquinalmente, vêm ao meio da cena: confusão geral).
Madalena — Maria! minha filha!
Manuel — Filha, filha… Oh, minha filha… (Abraçam-se ambos nela).
Maria (separando-se com eles da outra gente e trazendo-os para a boca de cena) — Esperai:
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aqui não morre ninguém sem mim. Que quereis fazer? Que cerimónias são estas? Que Deus é
esse que está nesse altar, e quer roubar o pai e a mãe a sua filha? (Para os circunstantes). Vós
quem sois, espetros fatais?… quereis-mos tirar dos meus braços?… Esta é a minha mãe, este é
o meu pai… que me importa a mim com o outro? que morresse ou não, que esteja com os
15 mortos ou com os vivos, que se fique na cova ou que ressuscite agora para me matar?… Mate-
-me, mate-me, se quer, mas deixe-me este pai, esta mãe, que são meus. Não há mais do que
vir ao meio de uma família e dizer: “Vós não sois marido e mulher… e esta filha do vosso
amor, esta filha criada ao colo de tantas meiguices, de tanta ternura, esta filha é…” Mãe, mãe,
eu bem o sabia… nunca to disse, mas sabia-o; tinha-mo dito aquele anjo terrível que me apa-
recia todas as noites para me não deixar dormir… aquele anjo que descia com uma espada de
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chamas na mão, e a atravessava entre mim e ti, que me arrancava dos teus braços quando eu
adormecia neles… que me fazia chorar quando meu pai ia beijar-me no teu colo. Mãe, mãe,
tu não hás de morrer sem mim… Pai, dá cá um pano da tua mortalha… dá cá, eu quero mor-
rer antes que ele venha: (encolhendo-se no hábito do pai). Quero-me esconder aqui, antes
que venha esse homem do outro mundo dizer-me na minha cara e na tua — aqui diante de
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toda esta gente: “Essa filha é filha do crime e do pecado!…” Não sou; dize, meu pai, não sou…
dize a essa gente toda, dize que não sou… (Vai para Madalena). Pobre mãe! tu não podes…
coitada!… não tens ânimo… Nunca mentiste?… Pois mente agora para salvar a honra de tua
filha, para que lhe não tirem o nome de seu pai.
30 Madalena — Misericórdia, meu Deus!
Maria — Não queres? Tu também não, pai? Não querem. E eu hei de morrer assim… e ele
vem aí…
GARRETT, Almeida (2015). Frei Luís de Sousa. Porto: Porto Editora [pp. 135-137]

1. héticas: com a cor dos doentes febris que sofrem de tuberculose.

Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.

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1. Identifica três traços do perfil psicológico de Maria, tendo em conta o seu discurso e os
seus atos.
(20 pontos)

2. Analisa estilisticamente o excerto seguinte. (20 pontos)


“Vós quem sois, espetros fatais?… quereis-mos tirar dos meus braços?… Esta é a minha
mãe, este é o meu pai… que me importa a mim com o outro?" (ll. 12-13)

3. Explicita o simbolismo do local que serve de cenário à ação representada. (20 pontos)

Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.

4. Mostra de que forma é concretizada a dimensão trágica em Frei Luís de Sousa. (20 pontos)

5. Explicita o sentido da seguinte afirmação, de Maria João Brilhante: (20 pontos)


“E não esqueçamos que é a dignidade social de Maria, comprometida com a chegada do
Romeiro, que determina em grande parte o desenlace trágico de Frei Luís de Sousa.”

G R U P O II (150 PONTOS)

Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.

Um país sem Latim


28 de agosto, 2012
por Inês Pedrosa
Dentro de poucos anos, ninguém saberá ler os clássicos greco-latinos no original.
As edições portuguesas desaparecerão e esses autores serão varridos para o esqueci-
mento. Que mal advirá daí ao mundo? – perguntarão, impacientes, os deslumbrados
pelo progresso tecnológico.
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O amor pelos textos do passado e pelas línguas mortas não é apenas um lirismo.
Poesis significa fazer. O pensamento que modelou os textos de referência da nossa ci-
vilização faz falta à reflexão sobre o futuro. A desistência do ato de pensar é a causa
central da crise que atravessamos – que é cultural antes de ser económica, porque a
economia representa o território material e imediato de uma determinada cultura. A
10 aceleração da existência potenciada pelas novas tecnologias e pelos equívocos da glo-
balização (ficção virtual sem adequação ao real) levou-nos a agir antes de pensar, ou a
agir pensando apenas nos efeitos imediatos da ação.

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As estratégias são hoje como os powerpoints: uma sequência de ecrãs com vacui-
dades1 projetadas para impressionar em cinco minutos, sem considerar o que excede o
horizonte visível. Vivemos desfasados do tempo humano: anulam-se as rugas,
costuram-se os corpos e deita-se fora a alma, feita de lentidão, que sente e pensa e
envelhece mas sobrevive, nos corpos futuros que beneficiam dos seus sonhos e desco-
bertas. A economia desfez-se por falta de filosofia. “Nada há tão prático como uma
15 boa teoria”, lembrava o psicólogo alemão Kurt Lewin, que já ninguém sabe quem foi.
A democratização não pode redundar no esmagamento dos saberes minoritários,
sob pena de se torpedear a si mesma. O anúncio de que o Latim está em vias de extin-
ção no ensino secundário português é grave. O Liceu Camões aguarda autorização
para manter este ano a turma de Latim – já única em Lisboa – com 10 alunos; 20 é o
20 número de estudantes mínimo decidido pelo Ministro da Educação para manter uma
disciplina. Compreende-se que a manutenção destas disciplinas pouco úteis de um
ponto de vista económico chinês (o da produção sem regras e do lucro instantâneo)
seja financeiramente difícil.
Mas a genuflexão2 absoluta diante do Dinheiro tem conduzido o mundo à miséria
e ao desespero. Os jovens portugueses que quiserem ler Horácio ou Séneca terão, muito
em breve, de ir para o Brasil, o que não deixa de ser irónico. Se as Cartas a Lucílio
de Séneca fossem texto obrigatório no ensino secundário, a educação cívica e política
dos portugueses seria de outro nível, e a recessão não teria atingido este ponto. […]
Também a Filosofia e a Literatura parecem destinadas à morte. O cânone de 50 li-
vros imprescindíveis estabelecido pelo Expresso na passada semana é eloquente:
Camões é dispensável, o Livro do Desassossego de Pessoa também. Séneca não existe,
como não existe o Padre António Vieira (densamente editado e estudado no Brasil).
Portugal nunca apreciou o ensaio, risco de pensar sem rede nem limites. Os resultados
estão à vista.

Sol [em linha, consult. 17-11-2015]

1. vacuidades: inutilidades. 2. genuflexão: ato de dobrar o joelho ou de ajoelhar.

1. Para responderes a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., seleciona a opção correta.
Escreve, na folha de respostas, o número de cada item e a letra que identifica a opção
escolhida.
1.1. Este texto adota o género textual (5 pontos)
a. apreciação crítica.
b. artigo de opinião.
c. exposição sobre um tema.
d. síntese.
1.2. No primeiro parágrafo são colocados em confronto dois pontos de vista: (5 pontos)
a. a leitura em livros impressos e a leitura em livros digitais.
b. o progresso tecnológico e as tradições ancestrais.
c. o conhecimento das línguas clássicas e a realidade atual.
d. os valores greco-latinos e os valores da sociedade contemporânea.

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1.3. No segundo parágrafo, a autora critica (5 pontos)
a. a adesão à língua e à literatura greco-latina.
b. a capacidade de refletir sobre o futuro.
c. o imediatismo associado às novas tecnologias.
d. a crise económica nacional e internacional.
1.4. A autora estabelece uma comparação entre as estratégias e os powerpoints, com a intenção de
(5 pontos)
a. criticar os powerpoints.
b. elogiar os powerpoints.
c. criticar a alienação provocada pelo progresso tecnológico.
d. elogiar o progresso tecnológico.
1.5. A expressão “costuram-se os corpos e deita-se fora a alma” (l. 16) é marcada estilisticamente (5 pontos)
a. pela metáfora e pela antítese.
b. pela hipérbole e pela enumeração.
c. pela gradação e pelo eufemismo.
d. pela ironia e pela personificação.
1.6. Nos três últimos parágrafos, Inês Pedrosa argumenta que (5 pontos)
a. a aprendizagem de línguas clássicas tem repercussões ao nível social e económico.
b. o estudo das obras de Horácio e de Séneca não permite um conhecimento abrangente da
sociedade atual.
c. Séneca, Pessoa, Camões e Vieira são autores bastante conhecidos e apreciados pela sociedade
portuguesa.
d. o ensaio é um género textual que tem a desvantagem de promover o pensamento “sem rede
nem limites”.
1.7. O constituinte frásico “à morte” (l. 33) desempenha a função sintática de (5 pontos)
a. complemento oblíquo.
b. predicativo do complemento direto.
c. modificador restritivo do nome.
d. complemento do adjetivo.

2. Responde ao item apresentado. (15 pontos)


2.1. Identifica os antecedentes dos pronomes indicados, tendo em conta o contexto em que surgem:
a. “quem” (l. 19);
b. “si” (l. 21);
c. “o que” (l. 30).

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G R U P O III (50 PONTOS)

Faz uma apreciação crítica da pintura de John Everett Millais, descrevendo-a sucintamente e
acompanhando a descrição de um comentário crítico.
A tua apreciação crítica deverá conter um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
palavras.

John Everett Millais, Ofélia (1851-1852)

Observações:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo
quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2015/).

2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
palavras –, há que atender ao seguinte:
• um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
• um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.

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