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Comportamento Mecânico de Materiais

João Pedro Oliveira


jp.oliveira@fct.unl.pt

Gabinete 3.4 do VIII

Teórica 8
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Fadiga

O que vimos até aqui:

• Caracterização de materiais com objectivo de determinar tensão admissível em


serviço em condições de tensões monotonamente aplicadas (estáticas)

• Coeficiente de segurança

• Critérios de plasticidade

• Como afecta esta tensão a presença de defeitos, entalhes, etc….

• Estados triaxiais de tensão, baixas T, velocidades de aplicação de cargas ou


deformação elevadas – estudo da fractura de materiais – presença de defeitos +
fragilidade/ductilidade

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Fadiga
A fadiga é estudada desde o séc. XIX quando começaram a ocorrer diversos acidentes
com eixos de locomotivas na Alemanha a tensões de serviço baixas.

August Wöhler (1819-1914) conduziu o 1º estudo sistemático sobre fadiga (1840).

Um eixo de locomotiva pode ser


representado por um veio sujeito a
flexão em 4 pontos, com uma tensão de
compressão na face superior e de
tracção na face inferior. Quando o eixo
roda, o lado em compressão passa a
tracção e vice-versa, então as tensões
numa dada região do eixo na superfície,
variam sinusoidalmente de tensão para
compressão para tensão de novo.
Designa-se este processo por fadiga
reversível
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Fadiga - definições

Definição genérica: enfraquecimento progressivo de um material quando sujeito a


cargas dinâmicas ou repetidas.

Definição ASTM (American Society for Testing and Materials): processo de alteração
estrutural permanente, progressivo e localizado que ocorre num material sujeito a
condições que produzem tensões ou deformações dinâmicas num ponto ou em
vários pontos, e que pode culminar numa fractura completa após um nº suficiente de
ciclos de carga

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Fadiga
Características distintivas da fractura por fadiga:

•Ocorre em condições de solicitação dinâmicas ou sob tensões alternadas ou cíclicas

•Fractura catastrófica - dano acumulado ao longo do tempo → o que significa?

•Aspecto frágil mesmo em materiais dúcteis.

•Ocorre sem aviso e sem deformação plástica visível (micro deformação)

•Ocorre em qualquer tipo de material: metálico, cerâmico, polímero e compósitos

Exemplos: industria automóvel, aeronáutica, em pontes, em componentes (veios,


engrenagens, rolamentos, molas), juntas soldadas, etc.

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Ensaios de Fadiga

Estruturas soldadas – TWI

http://www.youtube.com/watch?v=DykiHVrVkKg

Boeing

http://www.youtube.com/watch?v=TH9k9fWaFrs

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Iniciação e propagação de fissuras por fadiga

3 estágios distintos:

- Iniciação da fissura(s)
- Propagação
- Rotura catastrófica

Vida em fadiga:
Nf=Ni+Np
Ni – nº de ciclos para iniciar a fissura
Np – nº de ciclos para propagar a fissura

Se a tensão nominal aplicada for superior a um valor limite, o período de iniciação da


fenda diminui e a propagação predomina - Ex: peças soldadas com concentrações de
tensões e cargas aplicadas elevadas

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Fadiga

Cerca de 90% das fracturas de componentes metálicos ocorrem por fadiga!

O que se está a fazer?

• Desenvolvimento de materiais mais económicos e resistentes à fadiga → como?


• Desenvolvimento de métodos de concepção e de cálculo de estruturas à fadiga

Porquê tão frequente?

Cada vez se usam tensões admissíveis mais elevadas no cálculo de modo a tornar as
estruturas mais económicas

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Fadiga
A fadiga ocorre quado as solicitações são dinâmicas, ou seja, variáveis no tempo. A
variação com o tempo traduz-se num ciclo de tensão que pode ser:

1 – Ciclo a amplitude de tensão constante

Alternado – quando a tensão oscila em torno de um valor médio =0 com uma amplitude
igual, ie, σmax em tracção e σmin em compressão
Repetido – ocorre quando σmax e σmin são assimétricas
Pulsante – σmin =0

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Fadiga
A fadiga ocorre quado as solicitações são dinâmicas, ou seja, variáveis no tempo. A
variação com o tempo traduz-se num ciclo de tensão que pode ser:

2 - Ciclo a amplitude de tensão variável ocorrem frequentemente em engenharia e


são mais difíceis de quantificar. Podem ser aleatórias ou em blocos (há 1 padrão de
tensões q se repete no tempo)

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Fadiga

Começou a

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O que se pode definir num ciclo de fadiga

Começou a

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Morfologias típicas de superfícies de fratura por
fadiga

Esquema de uma superfície de Exemplo de estrias associadas a ciclos de


fractura por fadiga. A superfície tensão de magnitude variável no tempo
rugosa indica fractura frágil, a como a maior parte dos componentes
zona lisa indica a região de numa fábrica – arranques, paragens…
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propagação da fenda
Morfologias típicas

Começou a

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Mecanismos envolvidos na fratura por fadiga

As fissuras responsáveis por fadiga são sempre originadas na superfície, em defeitos


de maquinação, pontos de concentração de tensões, falta de concordância em juntas
soldadas, dentes, filetes, variações de secção… → não há materiais perfeitos!

i) Transgranular
ii) Intergranular
iii) Inclusão ou poro
iv) Inclusão ou poro
v) Vazio ao longo do limite de grão
vi) Interseções triplas de limites de grão

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Mecanismos envolvidos na fratura por fadiga
Estágio I → Iniciação da fissura

Uma fissura propaga-se segundo os planos


cristalográficos de tensão de corte máxima.
Elevadas concentrações de tensões tendem a
diminuir este estágio
Transcristalinas ao longo de poucos grãos (microns).
Extensão depende de factores intensificadores de
tensões

Estágio II → propagação de fissuras


Fendas visíveis à vista desarmada que se propagam
inter ou transcristalinamente, dependendo do nível
de tensão

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Estágio II → segundo Laird (1967)
σ

σ Sob acção de tensão de tracção o


entalhe duplo na extremidade da fenda
abre e concentra o escorregamento em
planos a 45º com o plano da fenda.

Quando se atinge a carga máxima a


fenda deforma plasticamente e a
tensão baixa.

a) Sem carga ou com tensões de compressão No ciclo de carga de compressão a


b) Pequena carga em tração fissura fecha.
c) Carga máxima em tração
No ciclo de tracção seguinte repete-se
d) Reversão da carga aplicada o processo e a fissura aumenta em
e) Carga máxima em compressão relação ao ciclo anterior.
f) Pequena carga de tração num ciclo
subsequente
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Fratografia
Contagem do número de ciclos até à fadiga pode ser possível em certas situações

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Fratografia
Início → Evidentes estrias na superfície visíveis a olho
nú, concêntricas com a origem da fractura

Final → As estrias são microscópicas visíveis em


SEM. Cada estria é composta de milhares de estrias
que resultam do deslocamento incremental de
uma estria num ciclo de fadiga durante o estágio 2

As estrias microscópicas são originadas num


ciclo de carga. Se a tensão aumenta, o espaçamento entre
estrias aumenta.

Podem contar-se as estrias para estimar a velocidade de


propagação de fissuras.

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Velocidade de propagação de fissuras
A vida de de um dado componente sujeito a esforços cíclicos depende da velocidade de
propagação de fendas.

As condições a que o material


está sujeito vão determinar
como é que a velocidade de
propagação de fendas evolui.

Por exemplo, quanto maior for


a amplitude de tensão maior
será a velocidade de
propagação e menor o tempo
de vida do componente.

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Velocidade de propagação de fissuras
Como e porquê é importante medir a dimensão da fenda?

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Velocidade de propagação de fissuras
Variação da velocidade de propagação de fendas com os regimes

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