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Comportamento Mecânico de Materiais

João Pedro Oliveira


jp.oliveira@fct.unl.pt

Gabinete 3.4 do VIII

Teórica 4
1
Conceitos de elasticidade

O que já sabemos do comportamento elástico:

- a configuração inicial ao corpo é completamente recuperada quando as solicitações


exteriores deixam de actuar

- a deformação elástica depende exclusivamente dos estados de tensão inicial e final

- Qual a lei de regula o comportamento elástico?

- Quando as tensões ultrapassam o limite de validade da Lei de Hooke, ocorrem


alterações comportamentais dos materiais de modo que as características mecânicas
e geométricas são irreversíveis e passam a depender do modo como o carregamento
foi aplicado.

- O que ocorre ao nível macro e microscópico após a ultrapassar o limite elástico?

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Conceitos de elasticidade

No regime plástico surgem fenómenos específicos que determinam o comportamento


dos materiais no domínio plástico, nomeadamente:

- o encruamento: incremento positivo da tensão quando se aumenta a extensão →


porque é que isto ocorre?

- a anisotropia: variação de propriedades mecânicas com a direção → exemplos?

- o efeito de Bauschinger: materiais sujeitos a ciclos alternados de tracção e


compressão, efeito de tensões residuais e de variação da tensão limite de elasticidade

Estes fenómenos tornam a formulação matemática dos estados de tensão/deformação


no domínio plástico mais complexa do que no regime elástico

Exemplos de formulações para o regime plástico?

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Teoria da plasticidade

Para se definir o estado de tensão de um ponto é necessário conhecer as 9


componentes do tensor das tensões σij.

Quais os estados de tensão elementares?


- Tração e compressão (uniaxiais) e corte
puro (torsão). 4
Tensões hidrostáticas/esféricas e desviadoras
O tensor total das tensões σij pode ser decomposto num tensor hidroestático ou de
tensões médias σm envolvendo apenas estados puro de tração ou de compressão, e
num tensor desviador σ’ij onde as componentes normais remanescentes da tensão
esférica para a total e as tensões de corte são as do tensor das tensões

σij

σm σ’ij

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Tensões principais
As direções principais resultam de uma reorientação do elemento de volume de tal
como que as tensões de corte actuantes em cada uma das suas faces sejam nulas,
levando a que a tensão normal e o vector tensão normal sejam coincidentes.

O que é que esta transformação


nos permite fazer de importante?

Sempre!

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Invariantes dos tensores das tensões
Os invariantes são quantidades cujo valor não varia com o sistema de eixos
considerado (revisões de Álgebra). É normal definir os invariantes do tensor das
tensões “I” e os invariantes do tensor das tensões “J”.

Os invariantes do tensor desviador das tensões são as seguintes quantidades:

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Representação de um estado de tensão no plano
de Mӧhr

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Plasticidade

Existem basicamente dois tipos de teorias para descrever a mecânica da deformação


plástica em corpos sólidos: as matemáticas e as físicas.

As primeiras analisam a distribuição das tensões e extensões baseadas na modelação


matemática e recorrem a experimentação para validar estes modelos empíricos, como
é o caso dos critérios de plasticidade.

As segundas determinam a natureza de deformação plástica ao nível microscópico


relacionando a estrutura atómica dos metais com os comportamentos plásticos. Neste
segundo grupo assinala-se a contribuição da teoria das deslocações para a
compreensão dos fenómenos de plasticidade.

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Critérios de cedência e dimensionamento em
relação à cedência
Os critérios de cedência visam prever ou determinar as condições para as quais se
inicia a deformação plástica → Porquê? Qual a importância?

No caso do ensaio de tracção, a deformação plástica inicia-se quando a tensão


uniaxial aplicada for maior do que a tensão de cedência do material. → mais simples.

Para estados de tensão bi- ou triaxiais a cedência dá-se quando as tensões excedem os
valores calculados de acordo com o critério de cedência seleccionado.

Os critérios de cedência abordados a seguir são válidos para materiais rígidoplásticos


em que a tensão de cedência é constante.

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Critério da tensão principal máxima

É aplicado a materiais frágeis → porquê?

É o mais simples e imediato, estabelece que a cedência ocorre apenas quando a


tensão principal máxima atinge a tensão uniaxial de cedência (em tracção ou em
compressão). O critério diz que as restantes tensões não contribuem para a
deformação plástica.

É aplicável com razoabilidade a materiais de alta resistência com baixa ductilidade.


A tensão admissível de segurança σad:

σad = σc/n

σc é a tensão de cedência

n é o coeficiente de segurança → unidades?

11
O coeficiente de segurança, n
Tem em conta:

- as heterogeneidades do material ou irregularidades de fabrico


- a degradação com o tempo e as condições ambientais (corrosão)
- grau de incerteza das solicitações
- grau de aproximação nos cálculos
- nível de prejuízos materiais e humanos causados por uma eventual falha do
equipamento, estruturas, componentes, etc.

Para solicitações estáticas n varia aproximadamente entre 1,5 e 3.

Códigos de dimensionamento como o regulamento de estruturas de aços para


edifícios toma o factor de segurança 1,5 para o DIN 17100 St37, com:
σr = 3700 kgf/ cm2
σc = 2100 kgf/ cm2
σad = 1400 kgf/cm2

12
O coeficiente de segurança, n
O conceito de segurança em dimensionamento é fundamental.

Ao longo do tempo as solicitações a que um corpo elástico está sujeito podem ser:

- estáticas – valor constante ou quase constante ao longo do tempo


- dinâmicas – solicitações variam com o tempo segundo uma lei pré-determinada
ou conhecida (sempre?)
- choque – se as solicitações são aplicadas bruscamente.

Durante a vida do equipamento podem coexistir este 3 tipos ou combinações entre


eles.

As solicitações dinâmicas e de choque são as mais vulgares. As primeiras conduzem a


fadiga e as segundas a fractura.

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Critérios de plasticidade

Hipóteses simplificativas

São geralmente consideradas na formulação dos critérios de plasticidade de materiais


dúcteis:

- Os estados hidrostáticos de tensão não provocam deformação plástica, nem


influenciam a entrada no domínio plástico.

- Num material isotrópico a condição de plasticidade depende da intensidade das


tensões aplicadas, não sendo afetada pela rotação dos eixos de referência, ou seja,
será um invariante das tensões desviadoras

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Critério da plasticidade de Tresca

Considera que a deformação plástica tem início quando a tensão de corte máxima,
τmax, ultrapassa um valor crítico, k.

𝜎1 − 𝜎3 𝜎𝑐
𝜏𝑚𝑎𝑥 = ≥ 𝑘, 𝑐𝑜𝑚 𝑘 =
2 2

No círculo de Mӧhr:

15
Critério da plasticidade de Tresca
Ainda no círculo de Mӧhr:

Existe um número infinito de estados de tensão que produzem círculos do mesmo


diâmetro e que necessariamente dão origem a plasticidade.

𝜎1 − 𝜎3 𝜎𝑐
= =𝑘
2 2

Graficamente:
Acima ou baixo da linha de ± k
estamos em deformação plástica

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Critério da plasticidade de Tresca – representação
no plano das tensões principais
Deve ser feito a partir do tensor das tensões orientado segundo as direções principais.

Seja σk = 0 (estado plano de tensão)

Estado plano de tensão → σk = 0 17


Critério da plasticidade de Tresca – representação
no espaço tridimensional das tensões principais
Generalizando para o espaço tridimensional das tensões principais (espaço de Haig-
Westergaard) tem-se que a interseção da superfície limite de elasticidade de Tresca
para um plano σk = 0 origina um hexágono distorcido como mostrado no slide anterior.

Logo a forma geométrica da superfície limite de elasticidade de Tresca no plano das


tensões principais será representada por um hexágono regular infinito, cujo eixo
coincide com a diagonal espacial do sistema de eixos, definido por σ1 = σ2 = σ3 .

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Critério de plasticidade de von Mises

Considera que a deformação plástica tem início quando o valor da energia elástica de
distorção por unidade de volume, Wde, atinge um valor crítico.

O valor da tensão de corte crítica obtém-se substituindo na equação anterior, o valor


da tensão limite de elasticidade do material no ensaio de tração, σe = σc.

19
Critério de plasticidade de von Mises
A tensão limite de elasticidade em corte puro k que se encontra associada ao critério
de plasticidade de von Mises obtém-se substituindo as tensões principais do estado de
corte puro.

20
Critério de plasticidade de von Mises –
representação no plano das tensões principais
von Mises vs Tresca σk = 0 (estado plano de tensão)

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Trabalho plástico
Os processos de deformação plástica são processos irreversíveis, em que grande parte
do trabalho dispendido na deformação é convertido em energia térmica. Este
trabalho, designado por trabalho plástico, contrasta com a energia armazenada
durante a deformação elástica, por não ser recuperável.

Direções principais

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Tensão e extensão plástica efectiva
Os processos de deformação plástica envolvem geralmente estados complexos de
tensão de natureza multiaxial, mas a teoria da plasticidade desenvolve-se apoia em
ensaios com características unixiais ou quanto muito biaxiais.

Deste modo existe a necessidade de se definirem variáveis que permitam efectuar a


equivalência entre estados de tensão complexos de deformação e estados de
deformação unidirecionais, surgindo, assim, os conceitos de tensão e extensão
plástica equivalente ou efectiva.

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Encruamento – evolução da superfície limite de
elasticidade
A continuação da deformação plástica, tende a exigir um nível de tensões diferente do
inicial, dependendo do grau de deformação plástica entretanto sofrida pelo material.
Este fenómeno designa-se por encruamento e determina que a superfície limite de
elasticidade vá variando com a progressão da deformação plástica em função das
extensões plásticas entretanto sofridas pelo material.

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Encruamento – medidas de encruamento e
potencial plástico
O nível de encruamento pode ser contabilizado a partir do
trabalho plástico por unidade cde volume Wp ou da extensão
plástica efetiva εp acumulada durante a deformação plástica.

A definição matemática de encruamento


permite concluir que o vector
c incremento de
deformação plástica dεp é perpendicular à
superfície limite de elasticidade, expressando-se
esta condição através da noção de potencial
c
plástico
25
Equações constitutivas de Levy-Mises e Prandtl-
Reuss
O potencial plástico é uma função potencial a partir da qual se pode obter o
incremento de extensão plástica dεijp por derivação parcial em relação às
componentes da tensão σij.

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Potencial plástico – determinação do
multiplicador plástico dλ
O multiplicador plástico pode ser determinado a partir da noção de incremento de
trabalho plástico por unidade de volume dWp em condições de tração uniaxial.

27
Equações constitutivas de Levy-Mises vs Hooke
(elasticidade)
O multiplicador plástico pode ser determinado a partir da noção de incremento de
trabalho plástico por unidade de volume dWp em condições de tração uniaxial.

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Equações constitutivas viscoplásticas
A teoria da viscoplasticidade surge como uma generalização da teoria da plasticidade,
e destina-se a problemas que envolvam grandes deformações plásticas e cujo o
comportamento dos materiais seja dependente do tempo, ou melhor, da velocidade
de deformação. Um material com estas características designa-se por vistoplástico, e a
sua curva tensão-extensão, para além de ser função da temperatura, da extensão e de
fatores que apenas estão indiretamente relacionados com a deformação (composição
química e estrutura metalúrgica, por exemplo), também depende da velocidade de
deformação:

A semelhança da teoria da viscoplasticidade com a “forma temporal” da teoria da


plasticidade permite estabelecer uma analogia completa entre as equações obtidas na
teoria infinitesimal da plasticidade e as da teoria da viscoplasticidade aplicada a
processos de deformação plástica.

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