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ANALISTA DO MP/SP

DIREITO CIVIL
DANILO FERNANDES
CONTATOS
PERFIL DA PROVA E TEMAS RECORRENTES

2015: deserdação, nulidade do casamento, paternidade e


alimentos

2013: LINDB, ausência, impedimentos matrimoniais, dano moral


da pessoa jurídica, aceitação/renúncia da herança, tutela, bem
de família, estado de perigo, herança.

2010: conflito na lei no tempo, propriedade, deserdação,


associação, casamento e incapacidade/ausência.
DOMICÍLIO DA PESSOA NATURAL

Domicílio civil é o lugar onde a pessoa natural estabelece residência


com ânimo definitivo, tornando-o seu principal centro de negócios
jurídicos ou de sua atividade profissional.

Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a


sua residência com ânimo definitivo.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações
concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida.

Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos,


cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe
corresponderem.
Princípio da pluralidade domiciliar

Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde,
alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
TEORIA DO DOMICÍLIO APARENTE OU OCASIONAL

Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha
residência habitual, o lugar onde for encontrada.

CPC – art. 46

§ 2o Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser


demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor.
DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA

Em regra, o domicílio da pessoa jurídica de direito privado é a sua sede,


indicada em seu estatuto, contrato social ou ato constitutivo. Não
sendo estabelecido, será considerado supletivamente o lugar onde
funcionarem as respectivas diretorias e administrações.
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:

I - da União, o Distrito Federal;


II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as
respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio
especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
§ 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares
diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele
praticados.

Súmula 363 do STF:


“A pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio
da agência, ou estabelecimento, em que se praticou o ato.”

§ 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-


se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações
contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do
estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
DOMICÍLIO NECESSÁRIO OU LEGAL

Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o


militar, o marítimo e o preso.

Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou


assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer
permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da
Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar
imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver
matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
Domicílio da eleição ou especial:

Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar


domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles
resultantes.
NEGÓCIOS JURÍDICOS

Conceito

Pressupostos

a) existência;
b) Validade;
c) Eficácia
Existência: para o negócio jurídico existir, ele deve obedecer
determinados requisitos mínimos. São elementos constitutivos do
negócio jurídico:

EXISTÊNCIA

Manifestação Agente emissor


Forma Objeto
de vontade de vontade
Validade: embora o negócio seja existente, ele não é necessariamente
válido, isto é, com condições legais para produzir efeitos. Para ser
válido, é preciso observar os elementos de validade:

VALIDADE

Objeto (lícito, possível,


Manifestação de Forma prescrita e não
Agente capaz determinado ou
vontade livre defesa em lei
determinável)
Eficácia: embora existente e válido, o negócio jurídico pode não
produzir efeitos imediatamente, pois eventualmente estará
condicionado por outros elementos acidentais:

EFICÁCIA

Modo /
Termo Condição
encargo
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

VÍCIOS DE
CONSENTIMENTO

ESTADO DE FRAUDE CONTRA


ERRO DOLO COAÇÃO LESÃO
PERIGO CREDORES
ERRO OU IGNORÂNCIA: equivocada representação da realidade.

Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de


vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por
pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a
pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para
executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.

Princípio da conservação: desde que não haja prejuízo, todos os


esforços devem ser empreendidos para manter a eficácia jurídica do
ato.
DOLO: erro provocado/induzido.

Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for
a sua causa.

Observações.

Dolo omissivo
DOLO DE TERCEIRO

Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de
terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter
conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio
jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a
quem ludibriou.
COAÇÃO: nesta está presente a violência

Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal


que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e
considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.

Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a


condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais
circunstâncias que possam influir na gravidade dela.
LESÃO: ocasionada pela desproporção diante de das prestações
firmadas em um negócio jurídico com abuso da inexperiência ou
necessidade econômica de um dos declarantes.

Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente


necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação
manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores
vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido
suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a
redução do proveito.
ESTADO DE PERIGO: diante de situação de perigo conhecida pela outra
parte, que se vale disso, o agente emite declaração de vontade
assumindo obrigação excessivamente onerosa.

Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da


necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano
conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente
onerosa.

Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do


declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.
FRAUDE CONTRA CREDORES: alienação ou oneração de bens com o
objetivo de prejudicar credor preexistente.

Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de


dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à
insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos
credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar
insuficiente.
§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem
pleitear a anulação deles.
ATENÇÃO:

Não confundir fraude a credores com fraude a execução!


INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO

Os negócios jurídicos devem obedecer determinados requisitos legais,


se não observarem tais requisitos serão inválidos, não devendo
produzir efeitos, em função do defeito que carrega. A sanção será a
declaração de nulidade desses negócios.
NULIDADE ABSOLUTA x NULIDADE RELATIVA

Nulidade absoluta: mais grave, pois fere questões de ordem pública;

Nulidade relativa: menos grave, fere questões de interesses privados.


SERÁ NULO O NEGÓCIO JURÍDICO (art. 166)
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a
sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem
cominar sanção.
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se
dissimulou, se válido for na substância e na forma.

§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:


I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas
daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não
verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos
contraentes do negócio jurídico simulado.
OBSERVAÇÕES

1. o negócio nulo não admite convalidação (confirmação);

2. Pode ser arguida pelas partes, por terceiro interessado, pelo MP,
quando lhe couber intervir, ou, até mesmo, pronunciada de ofício
pelo Juiz (art. 168);
3. A ação declaratória de nulidade é decidida por sentença de natureza
declaratória de efeito “ex tunc”. (como se fosse desfeito desde o
nascedouro)

4. Não tem prazo para arguição, não se sujeita a prazo prescricional.


IMPRESCRITIBILIDADE

Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem


convalesce pelo decurso do tempo.

Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado


em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão
indenizadas com o equivalente.
SERÁ ANULÁVEL O NEGÓCIO JURÍDICO

Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o


negócio jurídico:

I - por incapacidade relativa do agente;

II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão


ou fraude contra credores.
ATENÇÃO PARA A CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL:

Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a


anulação do negócio jurídico, contado:

I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;


II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão,
do dia em que se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
CUIDADO

Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem
estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a
contar da data da conclusão do ato.
RESPONSABILIDADE CIVIL

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
ELEMENTOS

a) Conduta humana
b) Dano
c) Nexo de causalidade
d) Culpa (responsabilidade subjetiva)
TENDÊNCIAS DA RESPONSABILIDADE CIVIL

1. Reconhecimento de novos danos indenizáveis


2. Aumento das hipóteses de responsabilidade objetiva
3. Flexibilização do nexo de causalidade
1. NOVOS DANOS INDENIZÁVEIS

Supera a antiga dicotomia do dano moral e dano material.

Ex.: perda do tempo útil, indenização pela frustração das férias e teoria
da perda de uma chance.
TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE (STJ, RESP 788.459/BA)

Conceito.

Atenção: não se confunde com lucros cessantes!


Dano material: Violação do patrimônio.

a) Dano emergente: o patrimônio que eu já tinha (restituição integral).

b) Lucros cessantes: patrimônio que eu teria (juízo de razoabilidade).

Dano moral: violação da personalidade.

Ex.: violação da honra, da imagem, da integridade física (dano estético)


etc.
ATENÇÃO...
Cumulação de danos: a cada bem jurídico violado há de corresponder
uma indenização.

Súmula 37 do STJ:

“São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral


oriundo do mesmo fato”.

Súmula 387 do STJ:

“É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.”


Dano moral “in re ipsa”

O STJ entende que em certos casos basta provar a prática do ato para
que já caracterize dano moral. A isso se dá o nome de prova in re ipsa
(incita a própria coisa).

Ex.: companhia aérea (overbookin), companhia de água que desliga o


fornecimento, perda de bagagem etc.
Súmula 370 do STJ: ”Caracteriza dano moral a apresentação
antecipada de cheque pré-datado”

Súmula 388 do STJ: "A simples devolução indevida de cheque


caracteriza dano moral, independentemente de prova do prejuízo
sofrido pela vítima."

Súmula 403 do STJ: “Independe de prova do prejuízo a indenização


pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins
econômicos ou comerciais.”
ATENÇÃO

Súmula 385 do STJ:
“Da anotação irregular em cadastro de proteção


ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente
legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.”
ATENÇÃO 2:

Como tem caráter compensatório, sobre a indenização por dano moral


não incidirá IR. Não tem natureza punitiva (punitive damage).
Ao fixar a indenização por dano moral, o juiz deve levar em conta:

a) A condição econômica da vítima;


b) A condição economia do lesante;
c) A repercussão social;
d) A teoria do desestimulo (servir para desestimular novas práticas).
PESSOA JURÍDICA x DANO MORAL

Art. 52, CC: “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção


dos direitos da personalidade”.

Súmula 227 do STJ:

“A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.”


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