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COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS

VI SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE PEQUENAS E MÉDIAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS


BELO HORIZONTE – MG, 21 A 25 DE ABRIL DE 2008
T22 – A16

RELAÇÃO ENTRE COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E SOLO


EM UM REMANESCENTE DE MATA ATLÂNTICA, NA ÁREA DO
ENTORNO DA PEQUENA CENTRAL HIDRELÉTRICA LUIZ DIAS, ITAJUBÁ/MG

Caroline FERNANDES
Engenheira Ambiental, Mestranda em Meio Ambiente e Recursos Hídricos –
UNIFEI/CERPCH.

Eliane MELLONI
Doutora em Solos e nutrição de plantas- Professora adjunta – UNIFEI.

Marcus PRADO
Graduando em Biologia – UNIVERSITAS.

RESUMO
Este estudo teve como objetivo analisar possíveis correlações entre composição
florística e solo, em um remanescente de Mata Atlântica, situado na área do entorno
da PCH Luiz Dias, Itajubá, MG. Foram delimitadas três parcelas de 6 x 20 m,
localizadas em gradiente de declividade, nas quais foram identificadas as espécies
arbóreas com circunferência a altura do peito (CAP) acima de 10 cm e analisados os
solos de acordo com atributos físicos e químicos. No levantamento florístico foram
encontradas 23 espécies, pertencentes a 20 gêneros e 15 famílias. O efeito borda e
a presença de cipós se refletiram no baixo índice de diversidade de Shannon (H’),
indicando que os cipós apresentam comportamento degradador, inibindo o
desenvolvimento de árvores adultas e não permitindo o aparecimento de novas
espécies. Os resultados mostraram que a distribuição das espécies nas três
parcelas está correlacionada com as variações da fertilidade, acidez e textura do
solo.

ABSTRACT
This study aimed to examine possible correlations between floristic composition and
soil, a remnant of the Atlantic Forest, located in the surroundings of the PCH Luiz
Dias, Itajubá, Brazil. We defined three instalments of 6 x 20 m, located on the slope
gradient, in which the tree species have been identified with the height of the chest
circumference (CAP) over 10 cm and analyzed the soil under physical and chemical
attributes. In floristic survey found 23 species, belonging to 20 genera and 15
families. The edge effect and the presence of vines is reflected in the low diversity of
Shannon (H '), indicating that the vines have degradador behaviour, inhibiting the
development of adult trees and not allowing the emergence of new species. The
results showed that the distribution of species in the three plots is correlated with the
variations in fertility, acidity and texture of the soil.

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1. INTRODUÇÃO

A Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Luiz Dias está localizada no rio Lourenço
Velho, no município de Itajubá – MG. A usina foi inaugurada em 1914, com o nome
de Usina Lourenço Velho, pelo capitão Luiz Dias, com o objetivo de atender a
demanda elétrica/têxtil da cidade de Itajubá e cidades circunvizinhas. Em 1942 foi
adquirida pela Companhia Sul Mineira de Eletricidade (CSME) e passou a se
chamar Usina Luiz Dias. Em 1969, passou a ser administrada pela Companhia
Energética de Minas Gerais (CEMIG) que a manteve em operação até 12 de março
de 1993. Neste mesmo ano iniciaram-se as negociações entre a CEMIG, a
Prefeitura Municipal de Itajubá e a Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI (então
EFEI), para a assinatura do comodato que permitiria o uso da área da PCH pela
UNIFEI com o objetivo de aproveitar as potencialidades hidroenergéticas, oferecidas
pelo sítio hidrológico. Em 14 de julho de 1995, o acordo foi formalizado ficando a
operação e manutenção da usina a cargo da UNIFEI. Dessa forma, a usina Luiz
Dias representa um quadro único no Brasil: uma PCH operada comercialmente e
interligada ao sistema, por meio de uma escola de engenharia, funcionando como
um laboratório em escala real destinado a pesquisas.

A área do entorno da PCH é constituída terras rurais com vegetação secundária,


originária de Mata Atlântica. Trata-se de uma floresta secundária tardia, tendo como
característica importante a deciduidade, podendo ser classificada como Floresta
Estacional Semidecidual, e ainda como floresta de encosta.

Apesar da crescente conscientização sobre a importância biológica das formações


florestais, pouco se sabe sobre as interações entre as comunidades vegetais e os
fatores abióticos que sustentam estas fitofisionomias. Segundo Rodrigues (2007) [6],
em uma escala local, a topografia tem sido considerada como a mais importante
variável na distribuição espacial e na estrutura das florestas tropicais, porque ela
comumente corresponde às mudanças nas propriedades dos solos, particularmente
no regime de água e na fertilidade. Cardoso & Schiavini (2002) [1] compilaram dados
de vários pesquisadores e constataram que o gradiente florístico apresenta alta
relação com condições hídricas e fatores edáficos, associados à declividade e à
topografia, em ambientes florestais. Para Martins et. al (2003) [5], em fragmentos de
Floresta Estacional Semidecidual localizados em regiões de relevo acidentado,
alterações na distribuição da vegetação arbórea ao longo de gradientes topográficos
e suas relações com fatores edáficos necessitam ser analisadas visando a definição
de estratégias para conservação e manejo desses remanescentes. Entretanto,
poucos trabalhos analisaram a ocorrência de variação florística associada a
variações edáficas em escala espacial muito reduzida, dentro da mesma região
climática, como é o caso deste estudo.

Em áreas de PCH’s, o conhecimento das interações entre as formações florestais e


os fatores abióticos, é uma importante ferramenta de manejo, atuando de forma
preventiva contra o desenvolvimento de processos erosivos, que podem ocasionar o
assoreamento do rio e do reservatório.

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2. METODOLOGIA

2.1 DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo situa-se no município de Itajubá, sul de Minas Gerais, nas


coordenadas geográficas 22°22’15” S e 45°20’43” W, estando inserida na PCH Luiz
Dias e destacada na Figura 1. As altitudes encontradas na área variam de 890 a
1000 m (Figura 2), apresentando declividade máxima de 42,5% e mínima de 33%,
sendo estas consideradas como fortes.

Casa de
Máquinas

Barragem

Área de
estudo

FIGURA 1: Localização da área de estudo

1000

990

980

970

960
Altitude (m)

950

940

930

920

910

900

890
0 50 100 150 200 250

Distância (m)

FIGURA 2: Altitudes mínima e máxima da área de estudo

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O clima da região é do tipo Cwb de Koppen, tendo como precipitação média anual
1409,5mm. A vegetação é considerada como mata secundária tardia, originária de
Mata Atlântica, podendo ser classificada como Floresta Estacional Semidecidual de
Encosta.

A área foi escolhida devido à facilidade de acesso e por apresentar vegetação em


estado avançado de recuperação apresentando espécies arbóreas de grande porte,
porém influenciadas pelo efeito borda e a presença de cipós.

2.2 IDENTIFICAÇÃO DA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA

A identificação da composição florística foi realizada através da amostragem em


parcelas retangulares, de área fixa, com dimensões de 6 x 20 m. Foram delimitadas
três parcelas, denominadas A, B e C, apresentadas na Figura 4, distantes entre si
por aproximadamente 20 m.

FIGURA 3: Parcelas delimitadas

As parcelas foram alocadas de forma perpendicular a linha de maior declividade da


encosta, indo da borda para o centro da floresta, sendo a declividade das parcelas
A, B e C de 33%, 41% e 42,5%, respectivamente. Escolheu-se a forma retangular
para as parcelas baseando-se no princípio de Causton (1998) [3], citado por
Espírito-Santo (2000) [4], de que as formas retangulares dispostas de forma que o
maior comprimento seja perpendicular à direção do gradiente principal são mais
adequadas para a estimativa dos parâmetros da vegetação, já que, em relação a
fatores ambientais desconhecidos, diminuem-se as chances de que a parcela fique
restrita a uma mancha de algum deles.

Em cada parcela foram marcadas e identificadas as espécies com CAP igual ou


superior a 10 cm, não fazendo distinção entre espécies jovens e adultas. Os
indivíduos foram identificados em campo, com a ajuda de um funcionário da PCH
Luiz Dias, que reside na região, ou, tiveram material botânico coletado para posterior
identificação.

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2.3 COLETA E ANÁLISE DE SOLO

Para a análise química, em cada parcela foram coletadas dez sub-amostras, em


zigue-zague, e a uma profundidade de 20 cm, utilizando-se um trado de superfície.
As dez sub-amostras foram misturas para homogeneização do material e obtenção
da amostras compostas. Estas foram devidamente etiquetadas e enviadas para o
Laboratório de Solos do Departamento de Ciência do Solo da Universidade Federal
de Lavras. Foram analisados pH em água, P e K disponíveis (extrator Mehlich 1),
Ca2+, Mg2+ e Al3+ trocáveis ( extrator KCL – 1 mol/L), H + Al (extrator SMP), SB,
CTC (t), CTC (T), V, m, MO e P-rem.

Para a análise física, coletaram-se amostras de solo dos horizontes B e C (Figura 5),
no centro de cada parcela, utilizando-se o trado holandês. O solo foi coletado a cada
40 cm de profundidade, procurando-se obter uma amostra composta. Foi realizada
análise física de textura, pelo método da pipeta, no Laboratório de Solos da
Universidade Federal de Itajubá.

Horizonte A Horizonte B Horizonte C

FIGURA 4: Amostras de horizontes A, B e C.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO SOLO

Os resultados da análise textural do solo de cada parcela estão apresentados na


Tabela 1, assim como sua classificação textural. Não houve diferença textural entre
as parcelas, o que pode ser explicado pela pequena distância entre elas.

Parcela Areia (%) Silte (%) Argila(%) Classificação Textural


A 29 21 50 Argilosa
B 28 21 51 Argilosa
C 29 26 45 Argilosa
TABELA 1: Características texturais do solo das parcelas estudadas.

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Na Tabela 2 são apresentados os resultados da análise química, os quais não
provocaram diferença significativa entre as parcelas, sendo solos distróficos, com
altos teores de alumínio e baixa saturação por bases. A parcela C apresentou uma
pequena diferença em relação às outras, em alguns parâmetros, projetando-se
como a de menor fertilidade. Em gradientes topográficos, o topo tende a ser menos
fértil que a base devido ao transporte de material das partes mais altas para as mais
baixas.

CTC(T)
CTC(t)

P-rem
H+Al
Parcela

2+
2+

3+

MO
SB
pH

m
P

V
Mg
Ca

mg/dm³ Al cmolc/dm³ % mg/L


A 5,1 3,4 81 2,2 1,5 0,5 6,3 3,9 4,4 10,2 38,3 11 3,7 25,2
B 5,1 3,7 95 2,0 1,8 0,5 6,3 4,0 4,5 10,3 39,1 11 3,4 24,4
C 4,8 3,4 137 1,4 1,2 0,9 7,0 3,0 3,9 9,9 29,6 23 3,0 23,0

TABELA 2: Características químicas do solo das parcelas estudadas.

3.2 COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA

No levantamento florístico foram encontradas 23 espécies, pertencentes a 20


gêneros e 15 famílias, apresentadas na Tabela 3. Das 15 famílias encontradas, 11
foram representadas por apenas 1 espécie. As famílias que apresentaram maior
número de espécies foram Euphorbiaceae, Leguminosae-Papilionoidae e
Leguminosae-Mimosoideae, sendo responsáveis por 43% do total de espécies.

Família Espécie Nome Popular


Anacardiaceae Astronium fraxinifolium Sete casca
Annonaceae Rollinia silvática Araticum do mato
Bignoniaceae Zeyheria tuberculosa Ipê – tabaco
Boraginaceae Cordia sellowiana Louro
Caricaceae Jacaratia spinosa Mamão do mato
Cnidoscolus pubescens Urtiga
Euphorbiaceae
Croton floribundus Capixingui roxo
Croton urucurana Capixingui
Flacourtiacae Casearia gossypiosperma Espeto
Casearia sylvestris Café bravo
Lauraceae Ocotea pulchella Caneleira
Leguminosae – Caesalpinoideae Copaifera langsdorffii Pau de óleo
Lonchocarpus guillemineunus Embira de sapo
Leguminosae – Papilionoidae
Machaerium aculeatum Jacarandá bico de pato
Platycyamus regnellii Pau pereira
Anadenanthera macrocarpa Angico vermelho
Leguminosae – Mimosoideae Anadenanthera peregrina Angico branco
Inga sessilis Ingá
Piptadenia gonoacantha Pau jacaré
Myrtaceae Myrcia tomentosa Goiaba brava
Palmae Syagrus romanzoffiana Jerivá

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Rutaceae Zanthoxyllum rhoifolium Mamica de porca
Tiliaceae Apeiba tibourbou Imbira amarela
TABELA 3: Relação das espécies encontradas na área de estudo, listadas por ordem
alfabética de família.

Das 23 espécies, apenas 2, Casearia gossypiosperma e Anadenanthera


macrocarpa, foram encontradas nas três parcelas, sendo 8 encontradas em duas e
13 em apenas uma. Essas espécies foram as que apresentaram maior freqüência.
Em campo, observou-se que Casearia gossypiosperma, conhecida popularmente
como pau-espeto, é pouco colonizada por cipós, o que pode explicar sua freqüência.
A Tabela 4 apresenta as espécies com seus respectivos nomes abreviados.

Espécies Nome abreviado Espécies Nome abreviado


Anadenanthera macrocarpa Ana mac Jacaratia spinosa Jac spi
Anadenanthera peregrina Ana per Lonchocarpus guillemineunus Lon gui
Apeiba tibourbou Ape tib Machaerium aculeatum Mac acu
Astronium fraxinifolium Ast fra Myrcia tomentosa Myr tom
Casearia gossypiosperma Cas gos Ocotea pulchella Oco pul
Casearia sylvestris Cas syl Piptadenia gonoacantha Pip gon
Cnidoscolus pubescens Cni pub Platycyamus regnellii Pla reg
Copaifera langsdorffii Cop lan Rollinia silvática Rol silv
Cordia sellowiana Cord sel Syagrus romanzoffiana Sya rom
Croton floribundus Cro flo Zanthoxyllum rhoifolium Zan rho
Croton urucurana Cro uru Zeyheria tuberculosa Zey tub
Inga sessilis Ing ses
TABELA 4: Lista de espécies com seus respectivos nomes abreviados

Tabela 5 traz a relação das espécies e seus parâmetros fitossociológicos: N° =


número de indivíduos; NP = número de parcelas onde ocorre; AB = área basal total;
DA = densidade absoluta; FA = freqüência absoluta; DoA = dominância absoluta; DR
= densidade relativa; FR = freqüência relativa; DoR = dominância relativa; IVI =
índice de valor de importância.

O principal parâmetro é o Índice de Valor de Importância (IVI), seu cálculo leva em


consideração todos os outros parâmetros: número de indivíduos (N°), número de
parcelas onde ocorre (NP), área basal total (AB), densidade absoluta (DA),
freqüência absoluta (FA), dominância absoluta (DoA), densidade relativa (DR),
freqüência relativa (FR) e dominância relativa (DoR).

A espécie Platycyamus regnellii, apresentou maior IVI (48,01), é a espécie de maior


área basal (0,775) e, portanto maior dominância (0,00215), porém todos os
indivíduos estavam colonizados por cipós. Já Casearia gossypiosperma, que
apresentou pequena área basal (0,09), obteve o terceiro maior valor de IVI (29,34),
devido ao grande número de indivíduos (12). As espécies Rollinia silvatica e
Casearia sylvestris apresentaram os mesmos valores para os parâmetros
estudados, sendo as de menor IVI (4,33).

Conforme observado em campo, as parcelas com maior número de espécies em


comum são B e C, o que resultou em um índice de similaridade de Jaccard (Sj) de

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0,33. O mesmo índice foi de 0,20 entre as parcelas A e B, e de 0,13 entre as
parcelas A e C. A mesma relação pode ser confirmada pelo índice de SØrensen
(Ss), que tem uma valoração dobrada para as espécies em comum, apresentando
valor de 1 entre as parcelas B e C, o que evidencia a similaridade entre essas
parcelas, 0,50 entre as parcelas A e B, e 0,29 entre as parcelas A e C. Na
comparação dessas três parcelas, os dois índices revelam maior similaridade entre
as parcelas contínuas, mostrando que em uma mesma região a composição
florística obedece uma ocupação contínua.

Espécies N° NP AB DA FA DoA DR FR DoR IVI


Pla rei 5 2 0,775 0,0139 0,6667 0,00215 6,9444 5,7143 35,3558 48,0146
Ana Mac 7 3 0,247 0,0194 1,0000 0,00069 9,7222 8,5714 11,2682 29,5619
Cas gos 12 3 0,090 0,0333 1,0000 0,00025 16,6667 8,5714 4,1058 29,3439
Cord sel 6 2 0,231 0,0167 0,6667 0,00064 8,3333 5,7143 10,5383 24,5859
Cop lan 9 2 0,043 0,0250 0,6667 0,00012 12,5000 5,7143 1,9617 20,1760
Pip gon 5 2 0,128 0,0139 0,6667 0,00036 6,9444 5,7143 5,8394 18,4981
Cro uru 3 2 0,170 0,0083 0,6667 0,00047 4,1667 5,7143 7,7555 17,6364
Myr tom 5 2 0,023 0,0139 0,6667 0,00006 6,9444 5,7143 1,0493 13,7080
Oco pul 3 2 0,064 0,0083 0,6667 0,00018 4,1667 5,7143 2,9197 12,8007
Mac Açu 1 1 0,164 0,0028 0,3333 0,00046 1,3889 2,8571 7,4818 11,7278
Jac spi 2 2 0,006 0,0056 0,6667 0,00002 2,7778 5,7143 0,2737 8,7658
Sya rom 2 1 0,036 0,0056 0,3333 0,00010 2,7778 2,8571 1,6423 7,2773
Ing sés 2 1 0,022 0,0056 0,3333 0,00006 2,7778 2,8571 1,0036 6,6386
Cro flo 1 1 0,048 0,0028 0,3333 0,00013 1,3889 2,8571 2,1898 6,4358
Ape tib 1 1 0,039 0,0028 0,3333 0,00011 1,3889 2,8571 1,7792 6,0252
Zan rho 1 1 0,035 0,0028 0,3333 0,00010 1,3889 2,8571 1,5967 5,8427
Ana per 1 1 0,020 0,0028 0,3333 0,00006 1,3889 2,8571 0,9124 5,1584
Cni pub 1 1 0,016 0,0028 0,3333 0,00004 1,3889 2,8571 0,7299 4,9760
Lon gui 1 1 0,015 0,0028 0,3333 0,00004 1,3889 2,8571 0,6843 4,9303
Ast fra 1 1 0,011 0,0028 0,3333 0,00003 1,3889 2,8571 0,5018 4,7479
Zey tub 1 1 0,005 0,0028 0,3333 0,00001 1,3889 2,8571 0,2281 4,4741
Rol sil 1 1 0,002 0,0028 0,3333 0,00001 1,3889 2,8571 0,0912 4,3373
Cas syl 1 1 0,002 0,0028 0,3333 0,00001 1,3889 2,8571 0,0912 4,3373
TABELA 5: Relação das espécies e seus respectivos parâmetros fitossociológicos:

A Tabela 6 mostra os índices de diversidade de Shannon (H’) e de equabilidade de


Pielou (J’). Os valores de H’ apresentam-se relativamente baixos em comparação a
outros estudos, Espírito-Santo (2000) [4] encontrou um índice de 4,16 nats/ind. em
um remanescente de floresta semidecidual montana em Lavras, MG. Esses baixos
valores de H’ podem ser explicados pela presença de cipós, devido ao efeito borda.
Segundo Espírito-Santo (2000) [4], muitas das alterações na estrutura e na
composição florística de fragmentos florestais e outros efeitos são provenientes da
criação de bordas. A mudança do microclima da floresta favorece o crescimento de
lianas, que são trepadeiras lenhosas que utilizam árvores ou outras lianas como
suporte para atingir o dossel e se desenvolverem. Nessas condições, são agentes
de degradação, por competirem com as árvores, na busca pela luz, e muitas vezes

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proporcionarem um peso extra à estrutura de sustentação das árvores, provocando
a quebra de galhos e até mesmo a sua morte.

Parcela H' (nats/ind.) J'


A 1,85 0,89
B 2,78 0,96
C 2,23 0,89
TABELA 6: Valores de H’ e J’

Os valores de equabilidade de Pielou (J’) foram menores nas parcelas A e C


indicando a concentração de poucas espécies, como por exemplo, na parcela A, as
duas espécies mais abundantes são responsáveis por 58% dos indivíduos.

3.3. RELAÇÃO ENTRE SOLO E COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA

Através dos resultados obtidos para a composição florística e caracterização físico-


química do solo, verificou-se a presença de gradiente edáfico e topográfico, do topo
para a base do morro, envolvendo redução do teor de alumínio e da declividade e
aumento da fertilidade química e da fração argila. Portanto, as parcelas A e B
possuem solo mais argiloso e mais fértil, com maiores teores de Ca2+, Mg2+, MO e V,
e a parcela C um solo mais ácido, com maiores teores de Al3+.

As espécies Anadenanthera macrocarpa, Piptadenia gonoacantha, Zeyheria


tuberculosa, Casearia sylvestris e Syagrus romanzoffiana foram as mais abundantes
na parcela C, de maior declividade e solo menos fértil. De acordo com Carvalho
(1994) [2], citado por Martins et al. (2003) [5], a espécie Piptadenia gonoacantha é
mais generalista ocorrendo tanto em solos pobres como férteis, embora em plantios
experimentais tenha apresentado crescimento melhor em solos de fertilidade média
a elevada. Essa afirmação explica o fato da espécie também estar presente na
parcela B, que apresentou melhor fertilidade. Casearia sylvestris também é
considerada generalista apresentando, em alguns estudos, preferência por solos
mais arenosos. Anadenanthera macrocarpa que apareceu nas três parcelas, é
considerada uma espécie oportunista e ocorre em várias formações como floresta
estacional semidecidual, floresta ombrófila densa, cerrado e caatinga, podendo se
desenvolver em solos pobres ou mais férteis. Essas espécies podem ser utilizadas
em projetos de restauração florestal em áreas degradas, com solos menos férteis e
mais ácidos.

As espécies Platycyamus regnellii e Anadenanthera macrocarpa estão


correlacionadas positivamente com a declividade, pois à medida que esta aumenta,
aumenta a densidade dessas espécies. Da mesma forma as espécies Copaifera
langsdorffii e Cordia sellowiana estão correlacionadas negativamente com a
declividade, sendo a primeira típica de matas ciliares. Portanto, a topografia é um
fator ambiental muito importante para essas espécies, o que deve ser considerado
em projetos de manejo florestal.

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4. CONCLUSÃO

Nas três parcelas estudadas foi encontrado um baixo índice de diversidade devido
ao efeito borda e a presença de cipós.

A distribuição das espécies nas três parcelas está correlacionada com as variações
da fertilidade, acidez e textura do solo e da declividade.

As espécies Anadenanthera macrocarpa, Piptadenia gonoacantha, Zeyheria


tuberculosa, Casearia sylvestris e Syagrus romanzoffiana foram mais abundantes na
parcela com solo menos fértil e mais ácido, podendo ser indicadas para recuperação
de áreas com solos de atributos semelhantes.

O manejo adequado dessas espécies constitui uma ferramenta importante contra o


desenvolvimento de processos erosivos e assoreamento do rio e do reservatório.

5. PALAVRAS CHAVE

Pequena Central Hidrelétrica, composição florística, solo, Mata Atlântica.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] CARDOSO, E.; SCHIAVINI, I. (2002) – “Relação entre distribuição de espécies


arbóreas e topografia em um gradiente florestal na Estação Ecológica do Panga
(Uberlândia, MG)”, Revista Brasileira de Botânica, V.25, n.3, p.277-289.

[2] CARVALHO, P. E. R. (1994) - “Espécies florestais brasileiras: recomendações


silviculturais, potencialidades e uso de madeira”, Brasília: EMBRAPA/CNPF/SPI.

[3] CAUSTON, D. R. (1998) – “An introduction analysis, principles, practice and


interpretation”, Lodon: Unwin Hyman, 342p.

[4] ESPÍRITO-SANTO, F. D. B. (2000) – “Estudo do efeito da fragmentação florestal


em um remanescente de floresta semidecidual montana, no campus da
Universidade Federal de Lavras, UFLA – MG”, 50 f., Trabalho de conclusão de
curso – Curso de graduação em Engenharia Florestal, UFLA, Lavras.

[5] MARTINS, S.V. et al. (2003) – “Distribuição de espécies arbóreas em um


gradiente topográfico de Floresta Estacional Semidecidual em Viçosa, MG”,
Scientia forestalis, n. 64, p. 172 – 181.

[6] RODRIQUES, L. A. et al. (2007) - “Efeitos de solos e topografia sobre a


distribuição de espécies arbóreas em um fragmento de floresta estacional
semidecidual, em Luminárias, MG”, Revista Árvore, Viçosa-MG, v.31, n.1, p.25-
35.

VI Simpósio Brasileiro sobre Pequenas e Médias Centrais Hidrelétricas 10

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