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Com a ascensão de tecnologias aplicadas ao

ensino, a robótica educacional vem sendo


incorporada por escolas de diversos países.
Seja como parte da grade curricular
obrigatória, disciplina extracurricular ou
integrando outras matérias, a construção de
robôs tem o poder de transformar o processo
de aprendizagem, tornando as aulas mais
divertidas e atrativas.

Também desperta os alunos para o campo


científico de um jeito simples, partindo de
problemas do cotidiano para mostrar o
funcionamento de dispositivos tecnológicos.

Vamos mergulhar no universo da robótica


educacional, começando pelo conceito, bases
e objetivos e concluindo com maneiras de
implementar e aproveitar o potencial dessa
dinâmica nas instituições de ensino.
Veja quais serão os tópicos comentados a
partir de agora:

• O que é robótica educacional?


• O uso da tecnologia na aprendizagem
• Qual é o objetivo da robótica educacional?
• Em qual estágio da aprendizagem é ideal
começar a estudar robótica educacional?
• Como funciona a robótica educacional?
• Como a robótica educacional pode auxiliar
no aprendizado?
• O que se estuda em robótica educacional?
• Quais são as vantagens da robótica
educacional?
• O que é necessário para implementar a
robótica educacional nas escolas?
• Como implementar a robótica educacional
nas escolas?
• O que é robótica educacional?

Robótica educacional é um método de


aprendizagem focado na pesquisa, descoberta
e construção de uma máquina como resultado
da aquisição de conhecimentos. Ele depende
do uso de kits prontos de montagem ou
transformação de outros materiais, como
sucata e itens recicláveis para compor as
peças do robô.
Além da montagem da máquina, é
fundamental que o processo produza um robô
capaz de receber comandos e executar
determinadas tarefas.
Durante o processo de planejamento e
estruturação da máquina, estudantes de
diferentes idades compreendem o papel e a
importância de cada parte do robô, incluindo
seus motores, sensores e mecanismos que
permitem que ele conclua os comandos dados.
• O uso da tecnologia na aprendizagem

A tecnologia sempre teve efeitos mais ou


menos profundos sobre vários campos da
sociedade, incluindo a educação.
Afinal, ela interfere no acesso à informação,
compartilhamento de
conhecimentos, profissões mais demandadas
no mercado de trabalho, entre outros
segmentos.
Desde o final do século 20, a humanidade vem
sendo influenciada pela internet e a
consequente digitalização, que alcança todos
os setores, modificando a forma como
consumimos, vivemos, nos relacionamos e
aprendemos.
Assim, as novas gerações se informam e
necessitam de dinâmicas diferenciadas
para construir conhecimentos, uma vez que
têm informações à disposição em tempo real,
bastando uma simples pesquisa no Google.
Embora essa seja uma realidade percebida há
anos, muitas escolas permanecem utilizando
metodologias tradicionais, criadas em um
tempo em que nem se sonhava com os
computadores, smartphones e robôs.
O formato passivo desses métodos acaba se
tornando maçante para uma grande parcela
dos alunos, que precisam se envolver com os
temas para que realmente sejam assimilados.
Daí a necessidade de adicionar a tecnologia ao
processo de ensino, levando para as salas de
aula e laboratórios os equipamentos que já
fazem parte do dia a dia de crianças,
adolescentes e jovens.
Por si só, essas tecnologias não têm a
capacidade de educar, mas servem como
facilitadoras que contribuem com
a aprendizagem de modo ativo, favorecendo o
empoderamento dos estudantes.
Dependendo do contexto, a robótica também
pode servir a propósitos como:
• Aumentar o interesse por temas científicos
e tecnológicos
• Facilitar o aprendizado de disciplinas como
física e matemática
• Tornar as aulas mais dinâmicas e divertidas
• Proporcionar mais interações entre
educadores e alunos
• Enriquecer a grade curricular com
disciplinas voltadas à tecnologia
• Fortalecer o espírito crítico e a resolução de
problemas através de novas ferramentas
• Promover a aproximação entre estudantes
de diferentes perfis, colocando-os em
grupos para construir os robôs
• Evidenciar as conexões entre
disciplinas distintas e sua aplicação no
cotidiano
• Preparar os estudantes para o mercado de
trabalho, repleto de vagas não preenchidas
no campo da tecnologia.
• Em qual estágio da aprendizagem é ideal
começar a estudar robótica educacional?
Esta é uma questão importante, para qual vale
recorrer a esta interessante linha de
pensamento:
“Muito além da introdução de recursos
tecnológicos no ambiente educacional,
especificamente na educação básica, se faz
necessário desenvolver e estimular os alunos a
se tornarem profissionais da ciência, pois
somente assim será possível amplificar os
avanços científicos e tecnológicos, tendo
como missão capacitar para a organização do
pensamento de maneira lógica, e auxiliar na
construção de uma consciência crítica e
participativa em relação ao meio em que se
vive.”
Retirado deste artigo da administradora
Simonica Bidin, o trecho acima aponta para a
possibilidade de despertar o interesse pela
ciência ainda durante a educação básica.
• Como funciona a robótica educacional?
A dinâmica da robótica educacional funciona
de maneiras diferentes em instituições
distintas, atendendo ao propósito de cada
uma.
Por isso, é comum que tudo comece com um
planejamento para estabelecer os objetivos
que se pretende alcançar através dessa
metodologia.
Em seguida, é necessário oferecer
treinamento aos professores envolvidos na
proposta, a fim de que eles estimulem suas
classes a construir projetos de robótica.
Simultaneamente, ocorre a contratação de
uma empresa fornecedora de kits especiais,
com materiais que formarão a estrutura dos
robôs, ou a seleção de materiais alternativos.
Durante os encontros, o professor atua como
mediador e tutor, apresentando uma
sequência de conhecimento e respondendo às
dúvidas sem interferir diretamente no
trabalho dos estudantes.
Como a robótica educacional pode auxiliar no
aprendizado?
Mencionamos, acima, que as novas gerações
têm formas de aprender mais dinâmicas,
imediatas e digitais.
Na verdade, alguns desses alunos ainda
podem se dar bem tendo um papel de
espectadores na sala de aula, contudo, eles
são minoria.
E, em uma mesma classe, é provável que haja
pessoas com diferentes perfis de
aprendizagem, o que exige a diversificação
dos métodos de ensino para que todos
tenham chances de potencializar seu
aproveitamento.
O modelo tradicional não abre espaço para
essa flexibilidade, pois atribui a função de
transmitir conhecimento apenas ao professor,
desestimulando que o aluno compartilhe suas
ideias ou tome a iniciativa.
Já a robótica educacional e outras
metodologias ativas adotam uma visão mais
ampla e diversa, englobando formatos
distintos para acolher crianças e adolescentes
com uma série de perfis de aprendizagem.
Isso porque elas se baseiam em teorias como
o construtivismo de Jean Piaget, que enxerga
o estudante como construtor de seu
conhecimento por meio de experiências e
descobertas.
Segundo relata esta reportagem da Revista
Educação, a aplicação da robótica na
educação é fruto do trabalho do matemático
americano Seymour Papert, que trabalhou
com Piaget na Universidade de Genebra, onde
teve contato com o construtivismo.
Sob influência dessa perspectiva, Papert
formulou construcionismo, que acrescenta à
educação a necessidade de ações concretas,
culminando em um item palpável: o robô.
Por acreditar que as máquinas podem mudar o
jeito de aprender, adicionando criação,
depuração de ideias e reflexão, o cientista
inventou um primeiro robô dedicado ao
processo de ensino, conforme descreve a
reportagem:
“Na década de 1980, Papert criou a tartaruga
de solo, um robô programado pela linguagem
Logo – também criada por ele de forma
acessível a crianças –, que por meio do uso do
computador pelos alunos era capaz de
desenhar diferentes figuras geométricas”.
• O que se estuda em robótica educacional?
A robótica educacional costuma empregar
uma abordagem multidisciplinar, podendo
incluir matérias fora do campo de Exatas.
Um exemplo é construção de óculos com
sensor de distância, criados para facilitar a
vida de uma criança com deficiência visual.
A peça vai depender de pesquisas no campo
da biologia e até da medicina para entender a
natureza da deficiência e de que forma os
óculos deveriam ser projetados.
Linguagem, artes, temas sociais
e ambientais também podem surgir durante a
pesquisa e planejamento de outros projetos, e
vice-versa, caso a escola empregue a robótica
como parte da solução de problemas em
qualquer disciplina.
Mas, basicamente, a unidade robótica é
formada a partir de quatro etapas e sistemas,
estudados por disciplinas relacionadas à
Matemática e à Física:
• Etapa de programação, normalmente,
realizada com um computador
• Unidade de controle, que exige um
processador
• Parte elétrica, composta por motores e
sensores
• Parte mecânica, que possui engrenagens e
outros componentes mecânicos.
• Matemática
Cálculos fundamentais são usados para
construir robôs, braços robóticos e iniciar
a construção do raciocínio lógico.
Porém, o mais comum é que os conceitos
matemáticos sejam aprendidos com a ajuda
ilustrativa das máquinas, permitindo a
consolidação dos conhecimentos através de
estímulos visuais.
É possível usar movimentos para explicar o
conceito de ângulos e graus, ou sequências de
comandos para desvendar o funcionamento
dos algoritmos.
• Física
Assim como a Matemática, conceitos de Física
se tornam bem mais interessantes e
compreensíveis quando podem ser vistos em
prática.
É o que ocorre no cálculo da força para
arremessar um objeto ou da velocidade
necessária para que um robô percorra
determinada distância em um período
específico.
Com o suporte da robótica, os alunos não
precisam mais imaginar essas situações,
presentes em muitos enunciados de exercícios
de Física.
Eles podem testar hipóteses, conferindo a
ação de forças como a gravidade.
• Elétrica
A construção de circuitos movimentados por
eletricidade é outra possibilidade no estudo
da robótica, aumentando o entendimento
sobre o universo da elétrica.
Um exemplo simples é o uso de interruptores
para ligar ou desligar uma função da máquina.
• Eletrônica
Ramo da Elétrica, se concentra nas aplicações
de baixas correntes de energia elétrica para
transmitir, processar e armazenar
informações.
Aborda, então, conceitos essenciais para o
funcionamento de usinas hidrelétricas, linhas
de transmissão e sistemas de
telecomunicação, além de circuitos presentes
em computadores.
• Mecânica
A Mecânica é outra área da Física que tem
relação com a construção de máquinas, pois
estuda o movimento e o repouso dos corpos.
Tópicos como a força de atrito (que se opõe
ao movimento), Movimento Uniforme (MU) e
Movimento Uniformemente Variado (MUV) são
aprendidos de modo lúdico quando aplicados
aos projetos.
Entram, aí, detalhes sobre velocidade e
aceleração, entre outros.
• Programação
Embora a unidade robótica educativa não
disponha de um computador ou outro
dispositivo de programação em seu interior,
ela depende de comandos programados para
funcionar de maneira adequada.
E a disciplina fornece os saberes de que os
estudantes precisam para escrever (em
linguagem de programação) e testar um
programa, a fim de gerar os movimentos
planejados.
• Quais são as vantagens da robótica
educacional?
Você já deve ter percebido que a robótica
pode contribuir para o aprendizado em
diversos campos do conhecimento,
especialmente na área de Exatas, certo?
Agora, acompanhe mais sobre as suas
vantagens.
• Estimula o desenvolvimento do raciocínio
O raciocínio e pensamento lógico são
desenvolvidos a partir de muito treino, por
isso, se beneficiam de uma abordagem
prática – que é a premissa da robótica
educativa.
Tanto nos locais que a adotam como disciplina
quanto naqueles que usam seus conceitos
para ampliar os horizontes de professores e
alunos, existe esse ganho de estímulo ao
raciocínio, começando por identificar o melhor
caminho para solucionar um problema.
• Física
Assim como a Matemática, conceitos de Física
se tornam bem mais interessantes e
compreensíveis quando podem ser vistos em
prática.
É o que ocorre no cálculo da força para
arremessar um objeto ou da velocidade
necessária para que um robô percorra
determinada distância em um período
específico.
Com o suporte da robótica, os alunos não
precisam mais imaginar essas situações,
presentes em muitos enunciados de exercícios
de Física.
Eles podem testar hipóteses, conferindo a
ação de forças como a gravidade.
• Estimula a criatividade
Apesar de algumas pessoas desenvolverem mais a
criatividade do que outras, ela não é um atributo
inato.
Pelo contrário. Há formas de exercitar o
cérebro para criar mais, e o primeiro passo é
adicionar repertório, ou seja, novas experiências que
serão aproveitadas pelo cérebro para formar
conexões diferenciadas.
O trabalho com máquinas proporciona momentos
assim, repletos de descobertas e vivências.

• Torna a aprendizagem mais atrativa


Em vez de manter uma classe sentada e em silêncio
por horas, a robótica incentiva um ambiente mais
ativo, sem deixar a concentração de lado.
Afinal, cada componente do grupo precisa se focar
em sua tarefa para que o projeto seja concluído de
modo correto.
Mas a ludicidade de lidar com peças e novas
experiências agrega valor à aprendizagem, que fica
mais leve e interessante para crianças e
adolescentes.
• Incentiva o trabalho em equipe
Cada projeto requer que a classe se divida em
equipes para estruturar uma máquina.
Embora todos tenham funções individuais,
o resultado depende do time, que aprende a
trabalhar de maneira coordenada, interagindo
com os demais e reforçando habilidades
de comunicação.
No final, fica clara a importância dos membros
e a força do grupo.

• Enriquecimento do currículo
A robótica educacional colabora para o bom
andamento de outras matérias, facilitando seu
entendimento, além de despertar o interesse
por temas atuais.
Se a ideia é resolver problemas, nada impede
que as soluções sejam reais e aplicáveis no dia
a dia dos alunos, certo?
• O que é necessário para implementar a
robótica educacional nas escolas?
De forma simplificada, poderíamos dizer que
basta contratar um fornecedor de kits de
robótica ou contar com o auxílio de um
educador que entenda dessa área.
Só que, para alcançar os resultados e
aproveitar todos os benefícios da robótica
educativa, é essencial começar
pelo diagnóstico e planejamento.
O diagnóstico corresponde ao levantamento
de informações sobre a situação atual,
desempenho e dificuldades dos alunos e
professores.
Para isso, é interessante aplicar
questionários para colher ideias e demandas
por parte do corpo docente e discente.
Com essas informações e sugestões em mãos,
a escola pode seguir para o planejamento,
definindo um objetivo central e metas ou
passos para chegar até ele.
O objetivo é algo grandioso e que envolve o
propósito e motivação para a ação. Por
exemplo:
• Facilitar o ensino e a compreensão da Física
no Ensino Médio através do aprendizado
dos primeiros conceitos no Ensino
Fundamental, usando a robótica.
• Fortalecer o raciocínio e a capacidade de
solucionar problemas de maneira
multidisciplinar, incluindo conhecimentos
de robótica.
Como implementar a robótica educacional nas
escolas?
A seguir, apresentamos um roteiro resumido com as
próximas fases e dicas para se dar bem nessa
jornada:
• Desmembre seu objetivo em metas, que são
passos menores
• As metas devem ser SMART: S (específicas), M
(mensuráveis), A (atingíveis), R (relevantes) e T
(temporais)
• Eleja um coordenador para cuidar dos projetos de
robótica
• Envolva o corpo docente no planejamento,
destacando a importância da
multidisciplinaridade
• Separe um espaço próprio para a construção dos
robôs, por exemplo, um laboratório onde as
peças e acessórios fiquem disponíveis
• Analise os conteúdos das disciplinas para
escolher kits adequados à sua proposta, à idade e
série que vão utilizar os materiais
• Busque por um fornecedor de kits que tenha boa
reputação e equipe qualificada para dar suporte
aos professores
• Peça feedbacks aos educadores e estudantes
para aprimorar os projetos.
Conclusão
A robótica educacional é uma metodologia
que emprega a tecnologia e conceitos de
várias matérias para gerar conhecimento e um
produto tangível, que é a máquina.
Quando aplicada na rotina escolar, ela
potencializa o aprendizado, favorecendo um
maior envolvimento por parte dos alunos e
permitindo que os professores tornem
as aulas mais dinâmicas.

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