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Homossociabilidade, homoerotismo e homossexualidades entre

varões no ensino fundamental


A minha pesquisa não é uma pesquisa voltada ao estudo da inclusão de homens e
mulheres homossexuais na escola. Entretanto, esses homens e mulheres existem e isso é
inegável. E mais inegável ainda é que, mesmo na ausência de homens e mulheres que se
façam portadores desse desejo e o manifestem, há, no campo relacional que é a categoria
gênero, a orientação sexual como escolha que se faz no interior do que se é quando se quer ser
homem e mulher. Quando ser macho e fêmea, em um contexto nos quais adolescentes se
vêem atraídos e traídos por essa autodefinição, é gerador de escolhas, ainda que insana, de
possibilidades que os afirme e os atire para além dos limites que os cerceiam.

Portanto, a questão talvez seja de uma homossociabilidade entendida em sua dupla


determinação: Primeiro, como a sociabilidade feita entre seus iguais e no que eles trazem de
identidade grupal a meninos e meninas a viverem e experienciarem as delícias de se ser o que
se pensa que se é e, portanto, uma vivência homoerótica a entranhar-se entre os corpos e
estranhar-se entre eles. Segundo, como uma escolha que, por se enredada, nomeia um lugar
distinto e diferente para o que não se é e que permanece como um simulacro para o que não se
deseja ser, ou seja, a questão da homossexualidade frente a uma sociabilidade que, conforme
o julgamento de Tântalo, é condenado por querer, em sua diferença, ser mais um igual entre
os iguais.

Ser homem, ser varão, era um exercício constante da força que se dava no
companheirismo da sala de aula e na escola, no uso da quadra, aas piadas circunstanciadas
sobre a sexualidade, nas conversas no intervalo, nos toques corporais na hora do gol que
escondiam, enquanto revelavam, a sensualidade na vibração do êxito. Mas, o que mais me
chamou a atenção, era que esse exercício do masculino se entranhava na organização do
Frame acima referido no qual a zoação era demonstração de companheirismo e solidariedade
entre o grupo e a bagunça a ruptura desse jogo.

Um buraco que conecta

Marcelo (L) André (M) foram protagonista de um desses eventos:

Durante a aula de Matemática, Marcelo reclama com o professor que na aula anterior
da professora de Português, uma regra havia sido descumprida. A regra de não uso do celular
na sala de aula. E que isso era injusto porque ele não mais usava o celular porque não estava

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permitido. E, no entanto, havia vários alunos usando-o durante a aula. O que o professor de
Matemática lhe respondeu que isso não era uma questão para ele resolver, já que o ocorrido se
deu na aula de Português. O comentário do professor provoca riso na sala e piadas. Uma que
se faz ouvir por todos é a de André:

— Ah, professor, o Marcelo tem fogo no rabo?— Sucessão de risos.

O que André replica que fogo no rabo é o cu da mãe de André. Os dois são suspensos
pelo professor que os manda para a diretoria.

Encontrei-os no corredor. Sentados em cadeiras que ficavam os que esperavam falar


com a direção da escola. Mantinham uma conversa amigável sobre o acontecido..Amigável
mas que entrecortada pelos xingamentos e lembranças do acontecido. Os xingamentos só
reapareciam quando percebiam que algum grau de penalidade haveria pelo fato de estarem à
mercê de um julgamento por parte da escola acerca de seus atos. Enquanto o companheirismo
torna-se cada vez mais perceptível e se revela quando o dois vão à secretaria, inclusive porque
a diretora estava resolvendo outros dilemas, para agendar o uso da quadra para o próximo
final de semana.

A solidariedade e o companheirismo entre os homens se interconectavam diretamente


com a disputa no qual o rabo em fogo é a expressão do que se almeja e a que se não se admite
como fazendo parte de uma relação no qual a mãe surge para arbitrar que pior do que um
homem ter o rabo quente é ter a sua mãe com o rabo quente. Afinal, há perigos inomináveis
em se desejar com o rabo ou ter uma mãe desejada. A saída é brincar com tudo isso e não
deixar que a quentura se estabeleça. O melhor é arrefecer os ânimos e deixar o calor para o
futebol de domingo. Espaço possível de se exercitar o masculino e a capacidade de se deixar
aquecer numa manhã de futebol. A saída é marcar um interlúdio masculino.

O futebol cria uma zona consentida, neutra, no qual, aparentemente dessexualizada,


pode-se estabelecer uma relação entre iguais. Nos quais a força, a habilidade e a disputa
norteiam o jogo entre iguais a diferenciá-los. Era o sinal do recreio soar que imediatamente as
hordas dos homens corriam de todos os lados até a quadra. Tinha que se chegar primeiro para
se jogar mais. Os times eram formados. A cada vantagem de dois gols, os times se sucediam.
Os artilheiros se mostravam senhores do jogo, humilhavam os perdedores. Todos voltavam
suados para a sala. Ainda se passava parte do tempo no replay dos melhores momentos em um
gozo mantido através das comparações com os seus times e os melhores lances.

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A zoação toma conta da sala até que os ânimos possibilitem ao professor o reinicio das
aulas. Claro que poderá talvez ser necessário uma intervenção mais dura se houver bagunça.

Bagunçar e zoar são expressões das relações entre esses jovens em sua constituição e
diferenciação que, no cotidiano da escola, a usam como estratégia para lidar com os papéis
sociais atribuídos ao bom e ao mau aluno. Aproximam-se do que seria o mau aluno na ótica
da escola em uma insurgência rebelde para com os valores socialmente valorizados, mas o
fazem sem consciência ou intenção de tratar-se de um desvio. Nesse sentido, a zoação, assim
também como a bagunça, é um exercício de si, uma metaforização do poder identitário de se
projetar além dos limites que os individualizam. É, como no caso do rabo em fogo, um duelo
que se estabelece em que o celular perde sentido e o que os conecta é o buraco.

Ser macho, ser homem, viver uma masculinidade que se constrói na insurgência e
rebeldia da zoação, mas que pode se exceder na bagunça. Exceção que se corporifica no
xingamento pessoal e no envolvimento do rabo e da mãe.

Mas que pode conviver com o celular que se usa e que se brinca na sala de aula. E o
seu uso era constante. Brincava-se com os tons de cada celular, comparavam-se modelos,
trocavam-se números e alguns realizavam chamadas.

Um dia, meu celular ficou em cima da mesa, enquanto ajudava o professor a fazer uma
atividade. Um dos alunos anotou meu número. Tornei-me alvo por um dia das brincadeiras
dos alunos que me ligavam. Era zoação, exercício de si na constituição de um jogo que
envolvia um outro.

Celular que pode fazer explicitar conexões com o seu entorno e com violências não
apenas simbólicas ou de pouco poder de fogo. Assim como o futebol, as redes de sociação
desses alunos entrecruzavam o exercício de uma sinonímia para o varão que se metamorfoseia
na conquista fálica do mundo social como um ato de violência em que se sobrepõe , no
interior de uma homossociação, uma identidade masculina capaz de empreender e de
conquistar.

Quando perguntei a Ricardo como conseguira o celular, fez referencia a uma rede de
roubo e receptação que torna possível que se compre um a preços módicos. O convivido com
essa rede, como com o tráfico de drogas e as gangues da comunidade é usado como lugar
simbólico privilegiado de relações no interior do convívio social trazido a cena pelas relações
que Ricardo mantém com a comunidade. Quando a direção lhe diz que talvez não seja
possível usar a quadra no domingo pleiteado, ela retruca em uma ameaça velada que foi ele

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que impediu da escola ser pichada um outro dia. Suas relações com essas gangues o
credenciam a falar de que ele é uma ameaça para a escola. Que ele é capaz.

Ricardo diz que tem fotos com as armas do tráfico e que os conhece porque são
amigos de infância. Convive com eles, mas diz não ser avião ou guarda, apesar de que outros
amigos entraram no tráfico. Quando pergunto o porque que não entrou, a reposta saiu rápida
“que isso não é vida”!

Mas dizer dessas relações lhe traz prestígio. Dignifica-o frente à escola e seus amigos.
Mostrar-se como desviante frente às regras é adquirir prestígio, mesmo em um momento no
qual a manutenção da regra sirva exatamente para proteger e afirmar um lugar social que lhe
resguarda.

A escola lida com isso meio as cegas. E os alunos, como cabra-cegas, deixam-se
conduzir por esse jogo. O mundo dos homens é mais um ingrediente nesse labirinto formado
por sombras e clarões.

Ser homem significava um duplo movimento que se justapõe e indiferencia-se para


esses jovens. Representa, primeiro, ascender ao mundo dos homens como adultos, deixar de
ser criança, transgredir com sua corporalidade e com as regras do mundo adulto para
amadurecer; segundo, representa ascender ao mundo dos homens como varões, deixar de ser
criança, transgredir com a indiferenciação .da latência do período pré-puberdade. E, nessa
dupla busca de se afirmar como homem, a masculinidade se afirma como lugar no qual se
encarna a transição almejada.

Como nos diz MELUCCI (2001a, 2001b, 2004) acerca da juventude, em um mundo de
alterações e mudanças substancias por que passa a contemporaneidade, é difícil compreender
exatamente o que se passa com os jovens que, sigficativamente, trazem em si, em seu
comportamento e em seu discurso o profetismo do presente. Profetismo porque exige
mudanças e alterações significativas no qual o novo é para agora, para o presente, mas que, ao
mesmo tempo, o fazem no atabalhoamento da vivência no qual, por um lado, o que se deseja
alterar não se encontra claramente definido fazendo com que mudança e exigência do controle
se encontrem entrelaçados aos limites tênues que separam a zoação e a bagunça; e, por outro
lado, fazem com que o exercício e o cultivo de si se vêem atravessados por uma técnica
corporal e por uma moblização de uma subjetividade que se constrói em torno a identidades
díspares e complementares a se entrecruzarem na funcionalidade de ser aluno e na
possibilidade de se ser homem e mulher, para ficarmos apenas no interior do gênero.

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Quando perguntei aos alunos quando é possível se deixar a zoação. A resposta se
apresenta como fazendo parte de uma maturidade que está ao final da juventude, da época da
experimentação. Falam do trabalho e da família a ser gerada como os momentos mais
demarcadores desse momento, como se quando deixar de ser jovem fosse o momento de ver a
vida por um prisma mais estabelecido e menos transgressor. A juventude estaria entre esses
dois pólos entre a indiferenciação da infância e o mundo das responsabilidades dos adultos.

Ser jovem é uma temporalidade social marcada por um conjunto de pequenos ritos de
passagem que trás a cena o irromper do invólucro da criança a se afirmar como adulto. Essa
dimensão faz com que a juventude tergiverse sobre o que é ser aluno, não porque não mais
acredite na instituição escolar ou não deposite na escolaridade funções sociais exigidas para
sua sociação — não devemos tomar esses pequenos atos de rebeldia como um desvio
proposto pelo pensamento funcionalista. Mas, ao contrário, por se assentar sobre outras
lógicas que, mesmo não completamente compreendidas em seus desdobramentos, fazem parte
do anúncio de uma outra demanda para com a escola. Por isso a escola é um espaço de disputa
entre os alunos e suas ações que a reafirmam sobre lógicas contrárias, mas não excludentes,
cuja face mais visível é a experiência subjetiva dos alunos e na qual a homossociação é um
dos vieses mais perceptíveis.

E é a partir dessa experiência subjetiva que me detenho a analisar as entrevistas feitas


com alunos da escola que faziam emergir a questão da homossexualidade em seus
depoimentos.

Bicha com(o) estilo


São três os alunos em questão: Márcio (16) que fora aluno da escola até o ano de 2003
Fernando (15) e Marcos (14) que ainda estão concluindo o Ensino Fundamental.

Dois desses alunos, Fernando (P) e Marcos (L), por diversos momentos, tratavam-se
como bichas. Uma das vezes, na quadra da escola, havia um treinamento de vôlei. Fernando,
fora da quadra, incentivava a Marcos lhe dizendo: “Vai, bicha! Quebra essa munheca!” Dizia
isso, pulava, agitava os braços, ria, olhava para as meninas e repetia a frase. As meninas que
estavam sentadas perto riam e diziam que Fernando era muito engraçado, uma bicha
engraçadíssima.

Na sala de aula, Marcos era mais tímido, ficava mais calado em um canto enquanto
Fernando andava por toda a sala e era alvo de piadas homofóbicas para as quais ele se portava

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com indiferença. O comentário, inclusive de Marcos, é que Fernando era o atrevido. E que ele
ficou mais atirado depois que Marcos entrou na escola e os dois passaram a andar juntos.

Quando eu os entrevistei, era comum um se referir ao outro como bicha. Mas quando
perguntados se eram homossexuais, Fernando falou que não, que ele não era “homem sexual”
(sic). Que ele era normal.

Mas, assim, uma coisa que eu percebo é que as brincadeiras feitas com vocês,
principalmente com você Fernando, tem um conteúdo muito voltado pra sua
sexualidade. Os meninos falam muito, por exemplo, que você é gay, que você é
boiola, que você... eu anotei uma vez na aula de ontem várias palavras que eles
usaram sobre isso. E isso é algo muito ofensivo, né, eu acho muito ofensivo.
Você não acha? Você of... você se ofende?
Fernando - Eu não me ofendo porque é normal eles falarem isso. Eles podem falar
pelo meu jeito de ser, pelo meu modo de ser eles falam mesmo. Mas eu não me levo
em conta o que eles falam, que eu acho que muitas vezes eu dou um tipo de
liberdade pra eles falarem. Mas eu acho que vale mais a minha intenção do meu
viver, do meu modo de viver. Só que esse pessoal na comunidade, não só na escola,
na comunidade eles julgam as pessoas muito pela aparência.
Humhum!
Fernando - O pior é isso, né. Então, eu acho que a discriminação pelo modo... eles
nem conhecem a pessoa, mas pelo modo da pessoa ser eles discriminam a pessoa.
Mas pra mim eles podem falar o que quiser, eu não tô nem aí, sabe. Eu tô pouco me
importando pra o que eles falarem. Então, eu sou assim mesmo, eu sou alegre. Eu tô
vivo.
Em sua percepção, estar vivo lhe faz sentir normal, o preconceito é normal por saber
que faz parte da vida, afinal, ele dá liberdade, ele permite, não que os alunos sejam
preconceituosos, mas que eles façam o que bem entenderem porque é assim que ele trata a
vida em sua normalidade. Mas, para ele, o que lhe importa não é o preconceito quer dos
alunos, quer de outras pessoas da comunidade. Mas porque a naturalidade diante da vida e que
o permite se vê como “bicha” não o faz se vê como “homem sexual”? Ele é ou não bicha?

É, sim. Você tem uma orientação sexual clara pra você?


Fernando - Com certeza! Assim, não é... assim, por exemplo, não sou um homem-
sexual. Sou um homem normal, mas eu acho que o meu modo de expressar pode
parecer um homossexual, mas eu não sou.
Humhum! Então a sua orientação sexual é heterossexual?
Fernando - Sou homem, homem.
A sua orientação sexual é heterossexual?
Fernando - Como assim? Explique.
Você, por exemplo, você tem desejo por menino ou por menina?
Fernando - Por menina.
Ele não é homossexual. Ele é bicha. E associa o seu jeito de ser a uma diferença frente
aos outros meninos, as outras pessoas. Apesar de seu desejo o trair em alguns momentos e
afirmar um interesse pelos meninos. Mas um interesse estético, em torno a uma amizade —

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como logo esclarece. Não importa aqui se ele é ou não. Essa seria uma especulação
desnecessária e, no mínimo, de mau gosto.

O que nos interessa é compreender porque Fernando, assim como Marcos, deixam-se
chamar por bicha e se referem um ao outro como tal se esse termo está destinado a nomear
culturalmente o homossexual efeminado que assume, frente ao bofe, uma passividade
correspondente ao feminino e é por ele penetrado sexualmente (DANIEL e PARKER, 1991;
FRY e MACRAE, 1985; PARKER, 1994, FRY, 1982, TREVISAN, 1986). E que, portanto,
ser bicha, como nos diz esses autores, é ser nomeado não só pela passividade anteposta a uma
posição de atividade polarizada entre o comportamento sexual atribuído ao par macho/fêmea,
mas por uma referência a verme, parasita intestinal. Porque ocupar esse lugar social de tanto
desprestigio?

Mas não era o sentido atribuído ao termo. Bicha era uma expressão para se referir a
um amigo e tratá-lo publicamente com referência, afinal, como dissera Fernando, o que o
unira a Marcos é a intimidade. Tenho como hipótese é que ser bicha era um estilo de ser. Um
modo de se ver e de se apresentar ao mundo no qual o foco está, por um lado, des-sexualizado
por não fazer, segundo os depoentes, referencia a um comportamento sexual específico, mas a
um jeito de ser, um estilo; mas, por outro lado,é impossível negar que bicha é também o que
nos informa a cultura acerca do homossexual masculino que se contrapõe ao ideal de
virilidade e, portanto, incorpora o jeito feminino para dar vazão as suas práticas sexuais que
necessariamente se assemelham à passividade reservada a mulheres.

Aqui é necessário ver a questão sob os dois pontos de vista. Sob os olhos de Marcos e
Fernando, estabelece-se um jogo entre o que é explicitado e que é informado culturalmente
acerca da sexualidade do brasileiro. Jogo este que se articula em torno à variabilidade
significativa de se ser bicha, quando não se é homem-sexual.

Creio que aí está a chave, não se é homossexual, nem homem-sexual. Se é homem,


homem. Ou seja, se é masculino mesmo que se atente contra a masculinidade que se reserva
ao bofe, por isso se é bicha.

O que nos interessa é que o estilo “bicha” torna-se para Fernando, mais do que para
Marcos, um estilo de ser que traduz, sob o nome de normalidade uma aspiração, de ser
normal. Não de ser alvo de discriminação ao se ver como homossexual, mas de ser mais um
homem a ser o que é possível de ser com o seu jeito.

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Nesse aspecto, Fernando e Marcos embaralham os nomes e sentidos do discurso
médico e sua classificação da orientação sexual em homo/hetero/bi e a binarização do
passivo/ativo no qual o termo bicha ocupa a polaridade menos bem quista culturalmente e
pelo qual os gays são conhecidos por traírem a ordem dos homens. Embaralharam-se pelo o
que BRITZMAN (1996) denominou de dupla negação em que o pertencimento a uma
sexualidade considerada desviante provoca, para os que desejam o amor nefando, um
sentimento de menor valor para quem a descoberta da sexualidade per si já é feita sob a marca
do controle e do disciplinamento.

Por isso a arte do disfarce, do ocultamento, .torna-se necessário e algo tem que ser
escondido, não revelado. Passa a fazer parte do capital sexual e de gênero saber se ocultar e se
revelar. Fernando faz isso, busca expressar-se e compreender o que se passa. Dar legitimidade
a sua posição.

Sob o outro ponto de vista, dos alunos que com eles interagem, há variações sobre o
único e mesmo ponto que é a manutenção da heterossexualidade como norma para a
estabilização da masculinidade hegemônica para qual não há discordância em que a
homossexualidade seja banida por não se adequar às expectativas da masculinidade.

O que se evidencia na aceitação da heterossexualidade como norma e no conseqüente


aljamento da homossexualidade é a recusa não apenas de um comportamento sexual, mas de
uma perfomatividade, para usarmos um termo caro a BUTLER, que não se encaixa no que a
masculinidade hegemônica espera. Posição não-masculina e que, de fato, transparece no
próprio uso do termo bicha e sua recorrência ao feminino para pensar a um variante sexual
não adequada.

Votamos, assim, a um ponto anterior, pois o que está em evidência, mais do que a
homossexualidade real ou presumida, é o fracasso do masculino. É o não cumprimento do que
se espera de um homem. E aqui não se trata da manifestação ou não de desejos homoeróticos
simplesmente, mas a forma como essa manisfetação está presumida. O que de fato está em
jogo é a perfomatividade. Como nos diz o binarismo do ativo e passivo, a partir da lógica
patriarcal a prescrever uma masculinidade e uma feminilidade modulada por posições de
mando, o que é importa é se você dá ou come. Ou melhor dizendo, o que importa é o que se
pode presumir publicamente acerca do que se faça no privado, pois o que está em jogo é a que
se destina a visibilidade imprimida a identidade de gênero e sua correspondência ao
binarismo.

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Mas do que ser adepto a esta ou aquela prática sexual, pressupõe-se uma naturalização
dessas posições a partir do que é visível, perceptível e atribuído ao que é do masculino e do
feminino. Nesse sentido, não se trata de tornar a masculinidade não-heterossexual, aqui
compreendida, volto a dizer, como simulacro do feminino, como uma variável subordinada do
masculino, mas, sim, como um território excluído dessa marca por se ver igualado a
feminilidade.

Moacir, o outro aluno entrevistado, fazia parte do primeiro grupo de alunos


observados por mim no ano de 2003. Nesse ano não pude entrevistá-lo, apenas pude fazê-lo
quando já se encontrava em outra escola cursando ensino médio. Tive que encontrá-lo em seu
local de trabalho que era o pequeno restaurante de sua família em uma avenida concorrida da
cidade. Quando fui ao se encontro, a primeira vez em sua casa, não encontrei ninguém e,
através dos vizinhos, encaminhei-me ao restaurante onde se encontra seu pai. Recebeu-me
com desconfiança que atribui ao fato de que minha função não está muito clara para ele.
Prestei os esclarecimentos necessários. E deixei o telefone para que seu filho me ligara, o que
não ocorreu. Voltei no final de semana e pude, enfim, marcar uma entrevista com Moacir que
me recebeu no próprio restaurante em um sábado à tarde, dia e horário que para ele era mais
cômodo.

Sua entrevista começa com uma declaração. Após os esclarecimentos de praxe sobre a
pesquisa e as primeiras falas, ele mi diz:

E por quê que você acha que você tomou bomba? O quê que disseram pra
você?
Olha, não disseram. Eu tava passando por uma situação na minha vida muito difícil
e estou passando. É... já fui uma pessoa evangélica que não tem nada a ver com a
igreja... é, com a escola. E... aí tá. Eu tava na igreja, fiquei cinco anos. Aí, esses
cinco anos pra mim não quer dizer que foi perdido, sabe. Mas pra mim foi anos
jogados fora.
Por quê? Você pode me dizer?
O porque... eu... é... eu...
Olha, você só me conta aquilo que você tiver... vontade tá bom. Se você achar
que não... se for algo...
Eu sou o tipo de pessoa assim, eu agora descobri quem eu sou realmente. Eu sei que
eu tenho muita força. Antigamente eu te garanto que eu tirava zero em todas as
provas. Os meus problemas só dava zero pra mim. (risos). Sabe, ao acontecer eu
falar quem eu era pra minha família me deixou mais feliz. Eu escolhi um caminho
que várias pessoas, pra mim não tem coragem.
Qual foi o caminho que você escolheu?
O caminho do homossexualismo.
E você falou isso pra família?
Falei.

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E foi difícil?
Nossa! Tá sendo difícil.
Ele é homossexual. Esse é um caminho, uma saída. Tá sendo difícil, mas é a via que
ele encontra para falar de seu momento, de seu caminho. Caminho em que alguns pontos são
conhecidos por ele. Sua referência a Igreja e seu esforço de lá permanecer acompanhado por
sua saída que o leva a dizer a Família sobre suas escolhas. Ser homossexual, nesse contexto, é
dizer de uma outra normalidade cuja estratégia não é a ser bicha como disfarce possível de um
masculino. Mas falar de um outro gênero possível em que a palavra bicha não se evidencia,
mas que se territorializa .no feminino.

Por quê que você quer ir embora do Brasil?


Ah, eu quero... ir pra fora, porque lá pra fora creio que somos bem... um pouquinho
mais aceito. Não é? Na França temos... nosso nome fala mais alto, os transformistas
falam mais alto.
Mas você quer ser transformista de quê? Como assim, você quer ser
transformista? De show, essas coisas?
É, de show. Aí eu vou fazer a operação, vou tirar, vou colocar silicone, eu vou
querer participar do miss gay Brasil...
(risos)
Vou mesmo! Já desenhei meu vestido, já foi escolhido.
Tá, mas você já fez isso alguma vez na vida, obviamente não fazer operação,
mas...
Já. Já vesti roupa, já fiz um tanto de coisa. Já passei maquiagem, fiz um tanto de
coisa, coloquei lente, coloquei brinco, coloquei jóia, coloquei um tanto de coisa, e
me senti uma dama! Como se fosse a primeira dama.
(risos). E você já se apresentou, já fez show?
Não, mas o meu sonho é esse.
Mas você é de menor ainda, né.
Ah, ano que vem, (risos) dezoito está ma área.
Então você pretende começar uma carreira artística?
Isso. Já até escolhi meu nome já.
Qual é seu nome?
Gabriela de France!
Na transformação ainda pretendida de Márcio por Gabriela fincam-se novas marcas.
Novas contingências que rompem com a masculinidade como território, como lugar de
morada para o gênero. Gabriela é France, terra da arte, do transformismo, do sucesso, do
feminino.

Márcio, ao revelar-se como aspirante a Gabriela, traduz sua masculinidade em termos


femininos e nos fala de uma vivência homossexual que almeja o transformismo e sinaliza um

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desejo de retirada do pênis, pois, ele nos diz, em um jogo no qual se põe e se tira, que é
possível compor uma mulher. Brincar com o gênero.

Não sabemos e aqui não nos interessa saber em que tipologia está Márcio, em qual
“trans” se encontra sua escolha e sua identidade, mas é importante ressaltar que, em um
momento de descoberta da sexualidade em que o encontrei, as várias possibilidades de falar
de si, de enumerar-se como portador de um desejo homossexual, o faz se vê em desacordo
com as estruturas repressivas familiares e religiosas. Sua identidade, dimensionada por sua
sexualidade, traz a cena uma identidade de gênero que consente com o feminino e com formas
e percepções de ser e estar no mundo do feminino. A masculinidade não se encontra
enunciada como uma referência de conduta, não que esteja ausente ou seja por ele ignorada.
Sua vida encontra-se animada por descobertas de um jogo identitário que o faz pensar o
feminino como realização de si e localizar no masculino o incômodo, o fastio, o cerceamento..

Já se encontravam referências ao feminino na fala de Fernando e Marcos. Não apenas


no uso de bicha como tratamento pessoal. Há momentos que Fernando, assim como Márcio,
faz referências ao potencial da arte em tornar o mundo mais ameno, mais suportável. A arte
pode ser compreendida como uma realização pessoal, como um mundo aparte do preconceito
machista, como um lugar do feminino. É no entanto em Márcio que essas referências ao
feminino se tornam mais incisivas. Não apenas na maior clareza do que é a
homossexualidade, mas na adesão às possibilidades do feminino quando se pensa como
homossexual. Sua vocação para ser estilista de moda, os desenhos que faz desde criança, o
gosto pelo cantar na Igreja sinalizam um lugar artístico para si. Por isso, talvez, o show, o
espetáculo, o transformismo seja um viés presente na sua fala.

Enquanto Fernando usa a figura da bicha como um jogo identitário em que se afirmar
normal no mundo dos homens, Márcio usa o feminino para se deslocar do masculino e se
aproximar de uma vivência homossexual possível.

Os dois, guardadas as diferenças em seus processos de singularização, mantêm-se,


entretanto, atentos a heteronormatividade sob qual o gênero se naturaliza ao identificar
masculinidade e feminilidade com os componentes sexuais circunstanciados por seus
respectivos fatores de ordenamento biológico e cultural.

E não apenas eles assim procedem, para não acharmos que se trata de uma posição
desviante. Todos os alunos e alunas estão atentos a essa dimensão.

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Conclusão

Claro que a questão da virilidade é cara a esses alunos e alunas. E é claro que
Fernando e Marcos, assim como Márcio o fora no ano de 2003, são os alvos privilegiados
dessas investidas. Mas eles não eram os únicos.

Uma brincadeira por mim presenciada, por exemplo, ocorreu quando um aluno
pergunta ao outro o que havia nas costas que o incomodava. Ato contínuo abaixa a gola da
camisa para que o amigo lhe veja o que se passa. O que esse responde que é um pouco de
porra. Risadas se sucedem e se brinca, inclusive o expôs as costas, sobre quem seria e que ele
não poderia ter visto, pois, afinal, estava de costas e, portanto, submisso e subjugado pelo ato.

O que nos faz pensar que Fernando, Marcos e Márcio são apenas os que são alvo,
nessa horda dos machos, a servirem de anteparo para as situações de discriminação
homofóbicas constantes na escola.

Para Fernando, ser bicha, mas do que uma prática sexual, revela-se como uma
condição da existência. Um jeito de ser, um estilo de se pensar e vê o mundo a partir de sua
condição subjetiva associada ou não a homossexualidade. O fato de eles irem a festas gays,
freqüentarem salas de bate-papo GLS ou desejarem ir a parada gay de São Paulo não falam
diretamente de sua orientação sexual, mesmo que, no limite, tenham apenas omitido para mim
esse dado, mas traz a cena uma condição que é muito mais de vivência de um estilo de ser
homem sob condições outras que não referendam as formas usuais da virilidade. Brincar
como feminino é a saída para esses homens que se reafirmam como homens, talvez, porque
deixar de ser seja uma condição de desnaturalização de suas buscas como jovens em se
afirmarem como adultos e viris. Ou seja, homens que se fazem homens, adultos e viris, na
contramão das representações sociais sobre a virilidade e que não abrem mão disso e por isso
não capitulam frente às investidas da ordem masculina dominante. Uma normalidade que se
faz exigência de aceitação e inclusão por aqueles que se vêem e falam dessa diferença.

Ser bicha é um disfarce sob o qual se é o que se pode ser. Esse é o nome dado por eles
a sua forma de se pensar como homens, nem mais ou menos. Aquém ou além de qualquer
julgamento moral há a afirmação de si numa condição dada. E o que os une, no interior do
reconhecer-se como bichas, é aquilo que Marcos nomeia quando pergunto porque eles se
aproximaram e se tornaram tão próximos: “É, nós dois tem esse tipo de intimidade.”. Ou seja,
a solidariedade aí também faz morada.

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Solidariedade sobre outro viés e outra roupagem, pois o signo da igualdade é
constitutivo de uma diferença que vêm a se expressar conflituosamente através do preconceito
de origem homofóbica.

O mundo dos homens é hostil. E é dessa forma que Fernando o percebe e o descreve.

Para Márcio a hostilidade está visível, presente. Está em casa e na Igreja. Está na
religião dos pais que o intimam a conversar com a pastora e com o pastor que lhe falam do
inferno. Ser homossexual antecipa essas escolhas sobre se quer ser ainda evangélico, se quer
ficar em casa.

Os pais o descriminam, o obrigam a trabalhar e o impedem de estudar como ele


desejaria. A saída é buscar uma solidariedade entre amigos, morar com um conhecido que se
monta, fazer shows.

Sair do armário, adotar uma atitude camp, aberta é nesse momento a saída para lidar
com esses conflitos. Mas se isso é necessário é porque o que os ligava ao mundo dos machos,
a heteronormatividade, se vê posta em questão. Há outros que podem ter práticas sexuais com
outros homens e não questionarem seu pertencimento de gênero. Um dos colegas de sala que
foi parceiro sexual de Márcio, por exemplo, não mais fala com ele quando antes chegaram a
trocar mensagens insinuantes escritas em bilhetes na sala de aula. Logo após,
sintomaticamente, casa-se por ser ter engravidado uma namorada. Afinal, ele, ao comer mais
uma bicha a ser ridicularizada em sua feminilidade, não arranha sua masculinidade e
reafirmar o seu lugar de macho na casa dos homens, com a paternidade vem o trabalho e a
responsabilidade apontada por eles como a ruptura com a zoação da juventude e do
experimento.

A atitude camp, portanto, é uma variável em um jogo de espelhos nos quais as


identidades se implicam mutuamente. E aqui não cabe o dilema Tostines se são femininos por
serem mais visíveis ou se são mais visíveis porque são mais femininos. Acerca do gênero,
visibilidade é um termo amplo e que subtende não só a história de vida e sua narratividade,
mas a capacidade de cada um, a partir de uma referencial cultural sempre complexa, afirmar-
se como homem e mulher a partilhar os mesmos símbolos. A visibilidade, portanto,
embaralha signos e confunde espectadores, muito mais do que afirmar linearidades.

A escola, nesse aspecto, é um lugar ambíguo para esses jovens.

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