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O SEPARATISMO COMO ALTERNATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO

REGIONAL

Jonatas Teago Braga – Graduando em História; Unimontes; jonatasteago@hotmail.com

Ilva Ruas de Abreu – Professora Dr. Coordenadora do PPGH – Unimontes;


ilvaruas@gmail.com

Resumo

Este trabalho é um desmembramento de uma pesquisa maior, que tem por objetivo principal
entender o papel dos intelectuais no Norte de Minas no processo de organização das classes
sociais dessa região. Sendo assim, esta proposta trata especificamente da atuação política de
um intelectual, o economista e professor Alfredo Dollabela Portella Filho. Este intelectual
nasceu no ano de 1928, no Rio de Janeiro-RJ. A sua vida foi diretamente ligada ao ambiente
universitário, realizou diversos cursos no exterior, no Brasil ele se formou em Engenharia, em
1951, e em Economia, em 1958. Aliás foi nesta segunda área que ele mais se destacou. Em
virtude do trabalho do seu pai, na década de 1980 ela já residia na região Norte do Estado de
Minas Geais. A sua relevância para a história desta região foi o seu engajamento nas causas
separatista que eclodiram na região na segunda metade do século XX. Ele liderou dois dos
três movimentos emancipacionistas e desempenhou papel relevante no tocante a organização
e divulgação dos ideais das elites regionais. Para alcançar o objetivo proposto neste trabalho,
utilizaremos como fonte os artigos publicados pelo mesmo em jornais de circulação regional,
no período que compreende os anos de 1985 a 2005. Este estudo se insere no campo da Nova
História Política, sobretudo no tocante aos estudos biográficos. Tomaremos como base as
considerações de Antonio Gramsci acerca do papel dos intelectuais enquanto agentes
organizadores das classes sociais. Alfredo Dollabela se destacou no cenário político norte
mineiro como um dos idealizadores dos movimentos separatistas nortemineiros a partir de
1950. Publicou diversos textos e artigos sobre o tema, defendia que os problemas sociais que
da região só seriam exauridos com o separatismo. Acreditava que a identidade de ser mineiro
não deveria sobrepor a necessidade de se atingir o desenvolvimento que viria, segundo ele,
com a separação da região do restante do Estado de Minas Gerais.
Introdução

Este trabalho é fruto de uma pesquisa maior que investiga a atuação de quatro
intelectuais no processo de modernização do norte de Minas e no que tange a conquista da
hegemonia política e econômica das elites regionais. Os quatro intelectuais estudados são
Simeão Ribeiro Pires, Alfredo Dolabella, Luiz de Paula Ferreira e Pedro Santos. Eles foram
atores-chave nos meios empresarial e político da região, atuando na construção de uma
identidade regional e da hegemonia do grande capital na segunda metade do século XX no
norte de Minas.

Durante a segunda metade do século XX eclodiram na região Norte do Estado de


Minas Gerais três principais movimentos de cunho separatista. O primeiro deles tinha como
principal objetivo criar o Estado de Cabrália, este movimento teve origem no ano de 1967.
Este durou oficialmente apenas um ano. No ano de 1986 ocorre o movimento: Pró Estado de
São Francisco, o qual durou dois anos. O ultimo destes movimentos ocorre entre os anos de
2000 há 2002. (PEREIRA, 2007)

Entre 1950 e 2000, o norte de Minas, com destaque para Montes Claros, passou por
uma ocidentalização, conceito gramsciano que significa a expansão da sociedade civil e sua
crescente importância na direção dos processos políticos e econômicos. (PEREIRA, 2007)
Mais concretamente, uma rede de entidades civis foram criadas neste período, a exemplo de
sindicatos de trabalhadores e patronais, igrejas, lojas maçônicas, jornais, emissoras de rádio e
tv, faculdades, editora e diversas ONGs.

Os três movimentos supramencionados contaram com a atuação de intelectuais. Isto é,


contaram com a ação daqueles indivíduos que se apresentavam com agentes organizadores
dos interesses de determinado grupo social. É importante ressaltar que a noção de intelectuais
apresentada neste texto não se resume ao universo acadêmico, mas sim num sentido mais
amplo. Entendemos, assim como Antonio Gramsci, que todos nós somos potencialmente
intelectuais, entretanto nem todos desempenham esta função na sociedade, a qual é a de
agente organizador dos grupos sociais, aquele que elabora e/ou difunde determinada
concepção do mundo. (GRAMSCI, 1989).

Em vista disto concentramos esta abordagem na figura de um destes intelectuais, o


professor Alfredo Dolabella Portella Filho. Alfredo Dolabela Portella Filho nasceu no Rio de
Janeiro, mas sua família possui uma longa história na região, uma vez que seu pai era grande
proprietário de terras na micro-região de Bocaiúva desde as primeiras décadas do século XX.
Professor do curso de economia da FUNM/Unimontes e proprietário de terras, Alfredo
Dolabela Filho esteve à frente de praticamente todos os debates que foram feitos no âmbito
universitário sobre o projeto separatista. Além de artigos em jornais e dos três volumes do seu
livro Por que o Estado de São Francisco1, ele realizou um levantamento de dados
econômicos e financeiros para "demonstrar" a viabilidade do novo Estado. Tabulando dados
bancários de 1984–1985, arrecadação de impostos federais e estaduais, dados demográficos e
do PIB dos Estados brasileiros, Dolabela argumenta que o Estado de São Francisco já
nasceria em condições melhores do que Estados há muito existentes, como Acre, Rondônia,
Piauí, Sergipe e Rio Grande do Norte.2

Com o intuito de entender melhor a sua atuação nos dois últimos movimentos
separatistas e, por conseguinte, compreender o pensamento no que tange ao desenvolvimento
regional. Como já adiantamos, a teoria e metodologia adotadas se filiam às formulações de
Antonio Gramsci, especialmente nos seus estudos sobre o papel dos intelectuais enquanto
agentes organizadores das classes sociais.

Esta pesquisa ainda está em andamento, fator que não impede que apresentemos
algumas considerações parciais da mesma. Até certo ponto é razoável supor que uma das
características similares entre os três movimentos é que a justificativa era sempre o progresso.
Nos dois últimos movimentos isto fica mais claro, Alfredo Dolabella publica diversos artigos,
dois livros e orienta várias monografias sobre o tema, e em todos os textos um pensamento é
comum: “Sem separação não há solução”.

Objetivos

O principal objetivo deste trabalho é entender o pensamento do professor e economista


Alfredo Dolabella Portella Filho. Para tanto se faz necessário que respondamos alguns
questionamentos e façamos algumas considerações sobre o tema, as quais podem ser
1
Esses “livros” são uma reunião de artigos escritos pelo autor e publicados na imprensa local desde a década de
1980. A inspiração para os “livros” parece ser as cartilhas do movimento separatista do Triângulo Mineiro de
1986–1988 que Alfredo Dolabela conheceu de perto. O título e o caráter didático dos textos de Dolabela
assemelham-se muito com os das cartilhas “Por que o Estado do Triângulo?” Acerca das cartilhas do movimento
no Triângulo cf. LONGUI, Rogata Soares del Gáudio. Unidade e fragmentação: o movimento separatista do
Triângulo Mineiro. Dissertação (Ciências Sociais)– Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – São Paulo,
1997.
2
PORTELLA FILHO, Alfredo Dolabela. Por que o Estado de São Francisco. Uma sucinta análise histórica,
sócio-econômica e geográfica do polêmico tema. Montes Claros. Montes Claros, 1998.
considerados os objetivos específicos deste artigo. O primeiro questionamento diz respeito a
sua origem. Por que um intelectual do Rio de Janeiro teve sua vida tão intimamente ligada ao
Norte de Minas?

Para que esta pergunta, e tantas outras que impulsionaram este trabalho, possa ser
solucionada é preciso que escrevamos, mesmo que de forma breve a biografia deste
intelectual. Sendo assim, destacaremos tal elemento no decorrer deste texto.

Pretendemos, por fim, contribuir para o entendimento da formação e pensamento das


elites regionais no século XX, uma vez que a inserção deste intelectual no processo histórico
regional contribuiu diretamente para a formação das idéias e projetos das elites regionais.

Referencial Teórico

O Referencial teórico desta pesquisa é gramsiciano. Entendemos o conceito de A


teoria e metodologia adotadas se filiam às formulações de Antonio Gramsci, especialmente no
que se refere à autuação dos intelectuais enquanto agentes organizadores dos grupos sociais.
Pensamos os intelectuais, portanto, como agentes que dão forma, unidade e publicidade aos
pensamentos e projetos das classes dirigentes.

Gramsci separa os intelectuais em orgânicos e tradicionais. Os primeiros estão mais


nitidamente vinculados aos segmentos sociais. Já os últimos, pertencem a instituições como a
Igreja Católica, “preexistindo” em relação à conjuntura história nova e parecendo menos
vinculados às classes sociais. Os intelectuais desse tipo, observa Gramsci, “(...) consideram a
si mesmos como sendo autônomos e independentes do grupo social dominante.” (GRAMSCI,
1989, p. 06). Acreditamos que intelectuais vinculados a instituições como a Universidade e o
Exército, aproximam-se, por sua relativa autonomia, dos intelectuais tradicionais ligados à
Igreja, de que fala Gramsci. Porém, apesar de gozar de uma certa autonomia e de não se
relacionarem de forma direta com o mundo da produção, os intelectuais não formam uma
outra classe, como explica o autor italiano. Todos eles integram alguma classe social, seja por
vinculação orgânica, seja pelo fato de compartilhar dos mesmos ideais.
Metodologia

Portanto, nesta pesquisa, uniremos as formulações de Gramsci às ricas sugestões


trazidas pela história dos intelectuais a partir da suas sociabilidades, como propõe Sirinelli e
Gontijo. (SIRINELLI, 2003).

Como já destacamos anteriormente, todos os homens podem ser intelectuais, mas nem
todos exercem essa função, ensina Gramsci. Aqueles que o fazem, via de regra, produzem
textos. Assim, as fontes para um trabalho desta natureza são sempre abundantes. Sirinelli
afirma que o excesso de documentos se torna um obstáculo ao pesquisador (SIRINELLI,
2003, p. 244-245), daí a necessidade de muito trabalho, ainda que se tente delimitar as fontes
a serem utilizadas.

Além da literatura acadêmica que trata dos intelectuais, da historia política e do norte
de Minas, esta pesquisa utilizará como fontes os textos assinados pelos personagens em
análise, incluindo os artigos em revistas e jornais, documentos, manifestos e livros. A
imprensa – mais especificamente o Jornal do Norte e o Jornal de Noticias – será de
fundamental importância porque ela veiculou grande parte dos debates políticos travados na
região no período.

Todo o corpus documental pesquisado está disponível no rico acervo do professor


Alfredo Dolabella, localizado em sua residência. O qual oferece todo e qualquer suporte para
uma melhor compreensão dos movimentos separatistas que integrou.

Resultados e Conclusões

No bojo deste processo de transformações econômicas e políticas, vivenciados pela


sociedade montesclarense, múltiplos discursos foram produzidos com vistas a instituir uma
identidade regional, conferindo aos seus grupos dirigentes um conjunto de idéias-força que
lhes servisse de instrumento para viabilização de seus projetos junto às instâncias estadual e
federal de poder. É neste ínterim que a participação de intelectuais como Alfredo Dolabella é
de fundamental importância.
Alfredo Dolabella Portella Filho nasceu no Rio de Janeiro - RJ, no ano 1928. Teve a
sua vida intimamente ligada ao universo acadêmico e realizou diversos cursos
complementares, no exterior. Em 1951, depois de ter se formado em Engenharia nos Estados
Unidos, aprofundou seus estudo na área das Ciências Econômicas, formando-se em Economia
em 1958 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A partir da década de 1980, ele
já estava estabelecido na região do Norte de Minas, foi em Montes Claros que Dolabella se
tornou professor universitário.
Durante vários anos ministrou aulas na FUNM – Fundação Norte Mineira de Ensino
Superior – que posteriormente se transformou na Universidade Estadual de Montes Claros, a
Unimontes. No âmbito acadêmico Dolabella atuou também como agente organizador, fundou
instituições, associações de professores, chefiou departamentos e cooperativas. Em um dos
seus livros3 ele destaca o fato de ter sido eleito,sucessivamente por 9 anos diretor da
Faculdade de Administração e Finanças – FADEC, integrada no grupo de faculdades que
vieram a constituir a FUNM.
Quando lançamos mão deste estudo uma pergunta no indagou bastante: Por que este
intelectual oriundo do Rio de Janeiro teve a sua vida profissional e política tão ligada ao Norte
de Minas? Para respondermos está pergunta é preciso recorremos à história de outro homem,
o seu pai. Alfredo Dolabella Portella Filho, além de possuir um extenso currículo
universitário, era dono de grandes extensões territoriais. Neto de Fazendeiro e filho de
professores, Dolabella trabalhou diversos anos em obras ferroviárias. Em 1910, utilizando sua
experiência na área fundou em associação com seu tio Ludgero Dolabella a empresa Cia.
Dolabella & Portella Ltda.
A principal fonte de renda de Dolabella, o pai, foram às possessões de terras, segundo
seu filho, ele “ganhou muito dinheiro adquirindo as terras por onde a estrada de ferro deveria
ser construída e revendendo-as, posteriormente, por um preço elevado ao Governo.”4. Foi
então que imbuído de tais interesses capitalistas Dolabella decidiu adquirir terras no Norte de
Minas, mais precisamente no município de Bocaiúva.
A influência do Dolabella foi tão grande na região que hoje há um distrito de Bocaiúva
que carrega o seu nome, Engenheiro Dolabella (distrito localizado a 45 km da sede do
município de Bocaiúva). Ele adquiriu

3
Dados biográficos extraídos do livro: PORTELLA FILHO, Alfredo Dolabella. Três passos para um mundo
melhor: três boas ideias. Montes Claros: Unimontes, 2009.
4
Idem., O Estado de Minas do Norte já na década 30?. Panfleto de divulgação da causa separatista (sem ano de
publicação registrado). p. 03. Disponível no arquivo privado de Alfredo Dolabella, em sua residência.
(...) entre 1910 e 1930, 33 mil alqueires de terra na microrregião de
Bocaiúva. Nessas terras, Alfredo Dolabela, o pai, organizou uma grande
plantação de cana e produção. Em 1944, a Cia. Agroindustrial Dolabela
Portella foi vendida para as Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo.
(PEREIRA, 2007, p. 111).

Segundo Dolabella Filho, seu pai investiu na região de Bocaiúva em virtude


principalmente de dois fatores. O primeiro deles, como já fora ressaltado anteriormente, é a
construção de uma estrada de ferro de Belo Horizonte a Bocaiúva. Acerca do assunto Pereira
(2007) afirma que

Segundo Alfredo Dolabela, o filho, seu pai era amigo e companheiro político
de Fernando Mello Viana, governador de Minas Gerais em 1925 e vice-
presidente da República entre 1926-1930, e teria, entre suas propostas, o
projeto de criação de um novo Estado na região, cuja capital seria construída
exatamente na microrregião em que Dolabela adquiriu os 33 mil alqueires de
terra. Concretizando o projeto, os lucros do empresário seriam fabulosos.
(PEREIRA, 2007, p. 111).

Como sabemos, tal projeto não se concretizou, Dolabella Filho utilizou destes
argumentos para justificar historicamente a causa separatista que tanto defendia. Embora não
citamos todos neste texto, tivemos acesso a diversos artigos publicados pelo intelectual aqui
estudado nos jornais de circulação local entre os anos de 1985 a 2005. Em seus textos fica
bastante clara uma linha de raciocínio, uma ideia que lhe servia para justificar tal causa, isto é,
o desenvolvimento é o resultado da emancipação.

Em um dos panfletos de divulgação da causa emancipacionista (os quais ele guarda


em sua residência até hoje) ele afirma que “Chegou à hora de colocarmos um basta nesta
condição de penúria. Hoje sabemos que existe solução e ela depende de nós: criando-se um
novo Estado.”5

5
PORTELLA FILHO, Alfredo Dolabella. Povo do Norte de Minas, até quando teremos que aceitar a atual
situação?. Panfleto de campanha da causa separatista. Sem data registrada na publicação. Disponível no arquivo
particular de Alfredo Dolabella, localizado em sua residência.
Em outro panfleto ele afirma: “A emancipação política é a melhor solução para o
rápido desenvolvimento social e econômico de nossa região. Os opositores que venham
apresentar uma alternativa melhor.”6

As considerações de Antonio Gramsci (1976) sobre a organização dos grupos sociais


nos parecem válidas a esse respeito. Segundo ele é possível distinguir três estágios neste
processo. O primeiro deles, denominado econômico-corporativismo é a fase em que alguns
setores atuam de forma isolada defendendo seus interesses específicos. Numa segunda etapa,
os interesses se expandem e buscam o Estado como aliado, no entanto ainda está limitado ao
campo econômico.

O último estágio é aquele em que o grupo social adquire um grau de coesão e,


consequentemente, “a consciência de que os próprios interesses corporativos, no seu
desenvolvimento atual e futuro, superam o circulo corporativo, de grupo meramente
econômico, e podem e devem tornar-se os interesses de outros grupos subordinados.”
(GRAMSCI, 1976, p. 50).

A atuação de Dolabella através da imprensa representa os dois últimos estágios. Há


vezes em que ele clama pelo apoio das lideranças políticas7 e assim, expande os ideais
separatistas para outros setores da sociedade. Acreditamos que a imprensa representou a
alternativa de alcançar os grupos subordinados.

Em relação a tal proposta Dolabella afirma que

É necessário ficar bem claro que é imprescindível a mobilização da opinião


pública no sentido de apoiar projeto de tal envergadura. Se de um lado, o
impacto será de grande benefício, de outro lado, será uma mudança radical,
em todos os órgãos da União, no Executivo, no Legislativo e, inclusive, no
Judiciário. Em todas as grandes transformações ocorridas no mundo ou
mesmo no Brasil, a adesão da maioria da opinião pública é favor decisivo.8

6
PORTELLA FILHO, Alfredo Dolabella. O remanescente do Estado de Minas Gerais seria prejudicado com a
emancipação política da região Norte?. Montes Claros: Jornal de Notícias, 27/04/2003.
7
Podemos citar como exemplo o texto “Movimento Seremos 3” dá nova “cara” a Minas. Montes Claros:
Jornal de Notícias, 30/06/2004. E no artigo intitulado Divisão Territorial. Montes Claros: Gazeta Norte
Mineira, 16/03/2005, neste texto ele comenta o apoio do então vice-presidente da República José Alencar.
Ambos de autoria de PORTELLA FILHO.
8
PORTELLA FILHO, Alfredo Dolabella Redivisão territorial acelera o desenvolvimento. Montes Claros: O
Norte de Minas, 31/12/2005, p. 06.
Identificamos o professor Dolabella como um típico intelectual orgânico, isto é, um
intelectual próprio do sistema capitalista. Ele se destacou como um agente organizador,
elaborador e difusor dos interesses das classes que representava. Acreditava de forma
veemente que a emancipação política da região do Norte de Minas era a alternativa mais
viável para atingir o progresso e, por conseguinte, os problemas sociais da região seriam
solucionados.

O professor Dolabella tentou através de diversos meios, principalmente por meio de


publicações em impressos locais manter o assunto nos debates políticos. Entretanto, o debate
cessou, fator que não descaracteriza-o como um momento importante da história da região, a
concepção de que o progresso e o desenvolvimento seria resultado do separatismo não é só
um pensamento de um intelectual, mas também os interesses de parte das elites regionais.

Tais elites mostraram através da causa separatista, a faceta radical de sua ideologia e a
aproximação entre elite e população, com o intuito de tornarem seus projetos hegemônicos.
Processo no qual a atuação de intelectuais, como Alfredo Dolabella, é fundamental.
(PEREIRA, 2007, p. 162).

Bibliografia

GRAMSCI, Antonio. Maquiavel, a política e o Estado Moderno. 2 ed. Rio de Janeiro:


Civilização Brasileira, 1976.

GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura. 7 ed. Rio de Janeiro:


Civilização Brasileira, 1989.

PORTELLA FILHO, Alfredo Dolabela. Por que o Estado de São Francisco. Uma sucinta
análise histórica, sócio-econômica e geográfica do polêmico tema. Montes Claros. Montes
Claros, 1998.

PORTELLA FILHO, Alfredo Dolabella. O remanescente do Estado de Minas Gerais seria


prejudicado com a emancipação política da região Norte?. Montes Claros: Jornal de
Notícias, 27/04/2003.
PORTELLA FILHO, Alfredo Dolabella Redivisão territorial acelera o desenvolvimento.
Montes Claros: O Norte de Minas, 31/12/2005, p. 06.

PORTELLA FILHO, Alfredo Dolabella. Três passos para um mundo melhor: três boas ideias.
Montes Claros: Unimontes, 2009.

PEREIRA, Laurindo Mékie. Em nome da região, a serviço do capital: o regionalismo político


norte-mineiro. Tese (Doutorado em História), USP-FFLLCH, São Paulo, 2007.

SIRINELLI, Jean-François. Os intelectuais. In : RÉMOND, René. (org.). Por uma história


política. Rio de Janeiro: FGV, 2003, p. 231-262.

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