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CURSO PREPARATÓRIO PEDRO GOMES

PROFESSOR: JUANIL BARROS - GEO-MT


APOSTILA 03- MATO GROSSO NO CONTEXTO DA INTEGRAÇÃO
NACIONAL

O PROCESSO MIGRATÓRIO NA FRONTEIRA AGRICOLA DE MATO GROSSO

0 espaço geográfico brasileiro (e nele o mato- 2º. Em São Paulo e estados do Sul, os fatores de
grossense) sofreu profundas transformações a expulsão dos agricultores estão relacionados ao
partir do Golpe Militar de 64 e a instalação da processo de modernização da agricultura, que
Ditadura. Intensificou- se o projeto de integração supervaloriza a terra, restringindo o acesso
nacional através da incorporação de novas áreas apenas aos que podem pagá-la, diminui a
(pouco povoadas) ao processo de desenvolvimento necessidade de braços na lavoura e promove a
econômico nacional. concentração de terras. As pessoas expulsas
A ocupação da fronteira ao norte de Mato dessas áreas também dirigem-se para a
Grosso intensificou-se na década de 1970. Até fronteira agrícola. Nestas duas áreas, os
1960, a população dessa região de Mato Grosso era excedentes populacionais organizam-se e
de 62.478 habitantes e estava distribuída em cinco passam a reivindicar uma solução para os
grandes municípios: Barra do Garças, Chapada dos problemas no campo, pressionando o Governo
Guimarães, Rosário Oeste, Diamantino e Aripuanã. Federal para realizar a Reforma Agrária (o
Estes eram municípios extensos que abrangiam governo vai no sentido contrário, reformando o
uma vastidão de terras, matas e cerrado, campo através da modernização da agricultura).
estendendo- se até a fronteira com o Amazonas e o
Pará. A economia na área dessa fronteira restringia- A ocupação da fronteira ao norte de Mato
se à coleta do látex na mata e à mineração do ouro Grosso intensificou-se na década de 1970.
e diamante em Barra do Garças e Aripuanã. Na área
drenada pelo rio Arinos, em Diamantino, havia um 3º. Outros elementos, como a construção de
projeto de colonização implantado em 1956, que Brasília, a abertura de rodovias que atravessam
mais tarde deu origem ao município de Porto dos o Centro-Oeste na direção da Amazônia e a
Gaúchos. A população concentrava-se nos formação de empresas particulares de
pequenos núcleos urbanos próximos às margens colonização, contribuíram para orientar a
dos rios. direção desses fluxos migratórios rumo ao norte
Após 1960, ocorre um intenso processo de de Mato Grosso, Rondônia e Acre.
transformação econômica nessa área que passa a
ser caracterizada como fronteira capitalista recente, Mato Grosso transforma-se na grande fronteira
onde novos espaços são incorporados ao processo que recebe excedentes populacionais expulsos pela
produtivo, integrando essa área ao mercado economia rural de outros estados, aliviando, assim,
nacional. Vários fatores contribuíram para atrair os possíveis tensões sociais nas áreas de origem.
fluxos migratórios do Centro-Sul e Nordeste para a Esses agricultores povoam a fronteira, instalando-
região, destacando-se principalmente: se como posseiros ou pequenos proprietários.
1º. O Nordeste vivia uma situação de estagnação Serão mais tarde os agentes sociais nos conflitos de
econômica; os solos encontravam-se exauridos terras deste Estado (assunto que será abordado no
e desgastados pela intensa utilização da terra o capítulo 4).
que diminuía a produtividade; esse desgaste do De 1960 até 1985, a população da Região
solo tinha origem no intenso processo de Norte de Mato Grosso aumenta significativamente,
fragmentação das pequenas propriedades cerca de 6,7 vezes, e em 1985 já somava um total
camponesas. Isso acontecia porque as famílias de 423.528 habitantes (segundo estimativas do
cresciam e não tinham como conseguir novas IBGE). Em poucos anos, a fronteira ficou totalmente
terras. A maioria das terras do Nordeste ocupada por produtores que passaram a consumir
estavam nas mãos dos latifundiários. A situação produtos industrializados e fornecer alimentos para
tornou-se insustentável e os camponeses as populações das cidades e matéria-prima para as
empobrecidos fundaram as ligas camponesas (o indústrias.
embrião do Sindicalismo Rural), exigindo a O Instituto Nacional de Reforma Agrária —
Reforma Agrária e a repartição do latifúndio. O INCRA desempenhou papel importante no processo
golpe militar de 1964 através de sua estrutura de de colonização. Foi o órgão responsável pela
repressão, prendeu e/ou matou os líderes das implantação de vários projetos de colonização em
ligas camponesas, dando fim ao sonho dos Mato Grosso, onde se fixaram muitos dos migrantes
agricultores, restando a estes apenas a que aqui chegaram, conforme destaca o geógrafo
alternativa de migrarem para novas áreas de OLIVEIRA (1988a):
fronteira agrícola.
 PAC - Projeto de Ação Conjunta entre o (entre os mais antigos projetos do Estado),
INCRA e a Cooperativa Tritícola de Erechim sendo Sinop hoje uma das principais cidades do
Ltda, localizado em Peixoto de Azevedo, ao norte do Mato Grosso.
longo da rodovia Cuiabá- Santarém.  Marcelândia - da Colonizadora Maiká, no
 PA - Projeto de Assentamento Braço Sul no município de Marcelândia, desmembrado de
extremo Norte de MT, nas margens da rodovia Sinop, distante cerca de 100 Km a leste da
Cuiabá-Santarém. Cuiabá-Santarém.
 PAC - Projeto de Assentamento Conjunto  Matupá - da Colonizadora Agropecuária
Ranchão, localizado no município de Nobres. Cachimbo em Guarantã do Norte, em terras
 PAC Carlinda - projeto em conjunto com a dos Kreen-Akaroré.
Cooperativa Cotia (RS) no sul de Alta Floresta.  Alta Floresta, Paranaíta e Apiacás - da
 PEA - Projeto Especial de Assentamento, Colonizadora Indeco, do Sr. Ariosto da Riva,
localizado em Lucas do Rio Verde, ao longo localizadas nos municípios de Alta Floresta (Alta
da Cuiabá-Santarém. Floresta e Apiacás) e de Paranaíta, em terras
 PAR. Canaã - município de Nova Canaã. dos índios Apiaká, hoje na reserva próxima ao
rio dos Peixes,
 PAR. Telles Pires - no município de Colíder.
 Nova Bandeirantes - da Colonizadora
 PAR. Cerro Azul - no município de Pontes e
Bandeirantes, fica também na porção oeste do
Lacerda.
município de Alta Floresta.
 PAR. Sete de Setembro - em Aripuanã.
 Colíder - colonizado pela Colíder S.A, uma
empresa que grilou as terras loteadas, tendo o
A maioria dos migrantes fixou-se nos projetos
INCRA assumido posteriormente a
de colonização executados por empresas
regularização dos títulos e, como sempre, nada
particulares.
aconteceu aos "grileiros”, que hoje são
No Estado de Mato Grosso, estabeleceram-se
"prósperos fazendeiros” na região.
mais de 50 desses projetos. Segundo OLIVEIRA
(1988a), os mais conhecidos são:  Terra Nova - colonizado pela COPERCA- NA,
empresa de colonização criada pela
 Porto dos Gaúchos - colonizado por Cooperativa de Canarana, que sucedeu à
Conomali, no final da década de 50 e durante a
Cooperativa 31 de Março.
de 60, em terras dos índios "Beiço- de-Pau”,
quase inteiramente dizimados.  Copercol - este projeto foi destinado a assentar
os colonos gaúchos expulsos das Reservas
 Canarana - colonizado pela Cooperativa 31 de Indígenas de Nonoai, no Rio Grande do Sul.
Março Ltda, de Tenente Portela (RS), no início
Está localizado no município de Terra Nova do
da década de 70, em terras dos índios Xavante,
Norte, desmembrado de Colíder e, como no
no Araguaia mato-grossense, hoje deslocados
projeto de Lucas do Rio Verde, a grande maioria
para a Reserva Indígena Pimenta Bueno.
dos colonos que primeiro aí se instalaram
 Água Boa - colonizado pela CONAGRO, do voltaram para o sul.
"pastor Norberto Schwuantes”, em meados dos
 Juara e Novo Horizonte do Norte -
anos 70, e também localizado em território
colonizados pelo Sr. Zé Paraná, em terras dos
Xavante, que foram deslocados para a Reserva
Kayabi, que hoje vivem em reserva próxima ao
Indígena Areões. É da mesma empresa o
rio dos Peixes.
Projeto Kuluene, em terras dos índios da
Reserva de Paramabure, também em Água  Tapurah e Eldorado - no município de
Boa. Diamantino, colonizados pelas empresas
Tapurah.
 Nova Xavantina - também colonizado pela
CONAGRO, em meados de 70, ainda em  São José do Rio Claro - colonizados pela
território Xavante, hoje Reserva Areões e/ou INCOL.
São Marcos ou Sangradouro.  Brasnorte - colonizado pela Cravari e
 Vila Rica - da Colonização Vila Rica, no localizado hoje no município de Brasnorte;
extremo nordeste de Mato Grosso, próximo ao desmembrada de Diamantino e em terras dos
Pará, no Vale do Araguaia. índios Myky, Salumã e Rikbaktsa.
 Nova Mutum - colonizado pela Mutum  Juruena e Cotriguaçu - localizados no
Agropecuária S.A, localizado no eixo da município de Aripuanã, o primeiro de
Cuiabá-Santarém, nos municípios de propriedade do Sr. João Carlos Meirelles e o
Diamantino e Nobres. segundo da Cooperativa Paranaense. Estão em
área reivindicada pelos índios Ribeaktsa. A
 Sorriso - da Colonizadora Feliz, localizado no Cotriguaçu, diga-se de passagem, esteve
município de Sorriso, desmembrado de Nobres,
envolvida em escândalo sobre uma tentativa de
também no eixo Cuiabá-Santarém.
transferência fraudulenta dessa área para a
 Sinop e Vera - da Colonizadora Sinop, SHARP. Episódio que, de certa forma, custou a
localizados nos municípios de Sinop e Vera
"cabeça” do então Ministro Amaury Stabile, um municípios no Estado de Mato Grosso, conforme
dos acionistas da SHARP. localização territorial mostrada na
Grande parte desses projetos contribuíram ou
foram até mesmo a semente da criação de novos

a dívida externa contraída para fomentar o


desenvolvimento industrial.
O ESPAÇO AGRÁRIO NO CONTEXTO DA Nas duas últimas décadas, os tratores, as
MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA colheitadeiras, os adubos químicos, os pesticidas e
as rações invadem a paisagem brasileira,
Mas nem tudo é maravilha quando se fala em modificando antigas formas de produção no campo.
modernização da agricultura. Pelo contrário, esse São os instrumentos fundamentais do pacote
processo de desenvolvimento capitalista, como é tecnológico arquitetado pela Revolução Verde (do
mais correto denominá-lo, vem trazendo uma série grupo norte-americano Rockefeller), aqui
de problemas que, no conjunto, define o que se tem denominada modernização da agricultura. Na
chamado de questão agrária no Brasil. (GRAZIANO década de 1950, após findada a Segunda Guerra
NETO, 1986, p. 44) Mundial, acentuaram-se as diferenças econômicas
Vimos no capítulo anterior que a partir da e sociais entre países do Primeiro e Terceiro
década de 1930 a urbanização e a industrialização Mundo. Um dos elementos que caracterizava essas
vão assumindo o comando da economia brasileira, diferenças, era a presença da fome (continua até
subordinando a agricultura às necessidades do hoje) na maioria dos países do Terceiro Mundo.
capital urbano-industrial. A economia rural vai se Diante dessa realidade, os países capitalistas
transformando em fornecedora de braços e desenvolvidos (Primeiro Mundo) difundiram a ideia
alimentos para a economia urbana, de matérias- de que era necessário produzir mais alimentos nos
primas para a indústria e consumidora de países do Terceiro Mundo, sugerindo, para isso, a
mercadorias do setor industrial. A partir dos anos modernização nas técnicas de produção agrícola
60, a agropecuária passa a cumprir com mais uma (consideradas atrasadas sob o ponto de vista
função: a de gerar divisas (através da exportação de tecnológico). Na verdade, o que estava por trás
alguns produtos, para conseguir saldo positivo em desse discurso era a acumulação capitalista que
dólares na balança comercial brasileira), para pagar necessitava ampliar o mercado consumidor das
indústrias americanas ligadas à produção agrícola.
É nesse momento que entra em cena o grupo Geralmente os agricultores que permanecem
Rockefeller, articulando a Revolução Verde, no campo são os que têm uma propriedade razoável
revolucionando, assim, os métodos de produção na e conseguem os créditos agrícolas, tendo estrutura
agricultura em muitos países do Terceiro Mundo, suficiente para desenvolver a produção, pagar os
impondo a esses países a absorção de tecnologias bancos, progredir e capitalizar-se. Por outro lado,
estranhas e nem sempre adaptadas às boa parte dos agricultores (geralmente minifúndio-
características de seus solos. diários) não conseguem os créditos agrícolas, ou
Essa modernização agrícola foi considerada quando conseguem não têm condições de
conservadora, porque não modificou a estrutura acompanhar as altas taxas de juros cobradas pelos
fundiária desses países, ou seja, não mexeu nos bancos. A maioria desses agricultores acaba
latifúndios que continuam em boa parte perdendo suas terras que foram hipotecadas aos
improdutivos, agravando ainda mais a concentração bancos, ou, então, vendidas a outros agricultores
de terras. "bem sucedidos”. Abandonam o campo e vão morar
O Brasil, por ser um país continental com nas periferias das cidades. Para ilustrar essas
grandes extensões de terras planas, foi um dos informações podemos recorrer aos dados dos
primeiros a implantar essa "modernização censos agropecuários de 1985 e 1996, onde a
conservadora”. Desenvolveu-se a princípio no categoria de estabelecimentos agrícolas mato-
Centro-Sul, e depois chegou até a região do grossenses com menos de 10 ha (minifúndios)
Cerrado. Destinou-se fundamentalmente às sofreu, nesse período, uma redução de 61,85%.
culturas voltadas para exportação ou àquelas Nas décadas de 70 e 80, os poderes
ligadas à produção de matérias-primas para as estaduais e federais implementaram ações que
agroindústrias, nacionais ou multinacionais. transformaram este Estado na região de melhor
Em Mato Grosso, as culturas que receberam expansão da fronteira agrícola do Brasil. Foram
os créditos bancários e os subsídios criados vários programas especiais de
governamentais foram principalmente a soja e a desenvolvimento e órgãos para gerenciar e colocar
cana-de-açúcar. Essas culturas foram capazes de em prática os projetos agropecuários e os
absorver o pacote tecnológico da modernização, programas de colonização na Amazônia e Centro-
porque exigem grandes extensões de terras, Oeste.
topografia mais ou menos plana e solos favoráveis Geralmente os agricultores que permanecem no
ou então passíveis de serem corrigidos. Dentro campo são os que têm uma propriedade razoáveis
dessa característica, podem ser enquadradas e conseguem os créditos agrícolas, tendo estrutura
também a criação de gado de corte e a produção de suficiente para desenvolver a produção, pagar os
aves e suínos. No caso dos produtos agrícolas, a Bancos, progredir e capitalizar-se
tecnologia refere-se aos tratores, colheitadeiras,
implementos e insumos agrícolas (adubos, A maioria destes projetos foi coordenada ou
inseticidas e pesticidas). Com a produção de carne, pela Superintendência para o Desenvolvimento do
o consumo tecnológico está relacionado à indústria Centro-Oeste (SUDECO), criada em 1967, ou pela
de rações e produtos da medicina veterinária. Superintendência para
Dessa forma, o capitalismo vai penetrando no O Desenvolvimento da Amazônia
campo, aumentando o preço da terra, exigindo do (SUDAM), criada em 1966. Outros, eram projetos
produtor recursos financeiros para adquirir novas coordenados pelas Secretarias do Governo
tecnologias e adequar seus produtos aos novos Estadual ou, então, estavam diretamente ligados ao
padrões exigidos pelo mercado (e a galinha caipira Governo Federal. Os programas que de alguma
criada solta no pátio vai perdendo mercado para forma abrangeram áreas do território mato-
galinha confinada). Desenvolve-se assim uma grossense foram:
agricultura altamente dependente de "fluxos
financeiros”, isto é, uma agricultura dependente de 1. PIN - Programa de Integração Nacional
dinheiro tomado emprestado nos bancos através do (criado em 1970 pelo Governo Federal). O
crédito agrícola. programa destinava-se a abrir rodovias de
No Estado de Mato Grosso, assim como em integração nacional e, através de projetos de
outros estados do Brasil, para obter os créditos junto colonização ao longo destas (sob
aos bancos os agricultores necessitam ter o título de responsabilidade do INCRA), assentar 100 mil
propriedade da terra. Como muitos agricultores são pessoas. Apenas 7.137 pessoas conseguiram
posseiros e não têm esse título, acabam sendo acesso à terra.
excluídos do crédito agrícola. Quanto maior o
número de agricultores envolvidos com a 2. PROTERRA - Programa de Distribuição de
modernização agrícola, maior será a lucratividade Terras e de Estímulo à Agroindústria do
das indústrias ligadas à produção de maquinarias, Norte e Nordeste (criado em 1971- 1978
insumos agrícolas, rações e produtos veterinários. pelo Governo Federal, integrado ao PIN). O
Esses são os mecanismos que determinam quem objetivo do programa era incentivar, na área da
fica e quem é expulso do campo. "Amazônia Legal”, a produção de alimentos,
fibras e forrageiras, e a criação de animais. Na forma para uma maior integração nacional. Na
verdade, esse programa beneficiou apenas a verdade, o programa não ofereceu proteção às
implantação de projetos agropecuários comunidades indígenas e tampouco colaborou
(receberam 78,6% dos créditos do programa) no para diminuir as desigualdades regionais.
Centro-Oeste e Amazônia. Não cumpriu com o
objetivo de facilitar o acesso do homem à terra,
mas colaborou para formar uma nova classe de
fazendeiros.

3. PRODOESTE - Programa de
Desenvolvimento do Centro-Oeste (criado
em 1972- 1974, integrado ao primeiro PND
do Governo Federal). Tinha por objetivo
integrar essa região às demais áreas
consideradas já desenvolvidas, criando
infraestrutura para o desenvolvimento da
agropecuária regional, fornecendo créditos à 8. POLOCENTRO Programa de
iniciativa privada no setor de industrialização de Desenvolvimento dos Cerrados (1975).
carne, na abertura de estradas vicinais e (Figura 2) Tinha por base o apoio ao
saneamento básico. desenvolvimento e à modernização das
atividades agropecuárias no Centro-Oeste,
4. PROBOR - Programa de Incentivo à mediante a ocupação de áreas selecionadas
Produção de Borracha Vegetal (Governo com características de Cerrados. Tinha como
Estadual). Tinha em vista incentivar a produção meta a incorporação de 3,7 milhões de hectares
e o beneficiamento de borracha, fornecendo ao setor produtivo, nas áreas da agricultura,
orientação técnica na formação de novos pecuária e florestas. As ações do programa
seringais (Diamantino, Barra do Bugres e procuravam fomentar um desenvolvimento
Arenápolis) e incentivar a produção nas áreas integrado entre pesquisas agrícolas, assistência
de seringais nativos como Aripuanã, Vale dos técnica, crédito rural orientado e apoio a
rios Juruena e Arinos e no eixo da rodovia infraestrutura (armazenamento, estradas rurais
Cuiabá-Santarém. e eletrificação). Na verdade, só tiveram livre
acesso ao crédito e aos benefícios das
5. METAMAT - Companhia Mato-grossense de pesquisas os grandes empresários rurais que
Mineração (Governo Estadual - 1976). Tinha o puderam investir na compra de máquinas
objetivo de fomentar a exploração, agrícolas.
industrialização, transporte e exportação dos
recursos minerais de Mato Grosso (funciona até
hoje).

6. CODEMAT - Companhia de Desenvolvimento


do Estado de Mato Grosso (Governo
Estadual).
Tinha como finalidade criar infraestrutura em áreas
já ocupadas, incentivar a ocupação das áreas de
fronteiras e promover o desenvolvimento
econômico e a integração do território estadual
(extinta).

PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO
COORDENADOS PELA SUDECO:
9. PRODIAT - Programa de Desenvolvimento
7. POLONOROESTE - Programa Integrado de Integrado do Araguaia-Tocantins. (Figura 3)
Desenvolvimento Rural do Noroeste do A finalidade do programa era beneficiar vários
Brasil (vigência até 1987). A meta do estados do território nacional localizados na
Programa era promover a adequada ocupação bacia hidrográfica dos rios Araguaia e
demográfica e econômica da região, logrando Tocantins, promovendo a integração e o
um aumento significativo na produção, desenvolvimento dessas áreas. O programa
favorecendo a redução das disparidades de dava ênfase ao estudo do aproveitamento dos
desenvolvimento, bem como assegurar a recursos naturais e florestais para fins
preservação do sistema ecológico e de proteção energéticos e da regulamentação e uso agrícola
às comunidades indígenas, concorrendo desta dos cursos d’água, ao desenvolvimento do setor
agropecuário e agroindustrial e ao compensatório até que o Estado pudesse
estabelecimento de programas de colonização. caminhar com sua própria receita.

12. PRODEI - Programa de Desenvolvimento


Industrial de Mato Grosso (1988). O objetivo
10. POLAMAZÔNIA - Programa de Polos principal desse programa era fomentar a
Agropecuários e Agro minerais da Amazônia implantação e expansão de empresas industriais de
(1974). (Figura 4) Tinha como propósito médio e grande portes, através de incentivos fiscais.
promover o aproveitamento integrado das Observando os resultados das políticas de
potencialidades agropecuárias, agroindustriais, implantação desses projetos, podemos dizer que
florestais e minerais em áreas selecionadas da eles retratam um processo marcado por
Amazônia Legal, proporcionando apoio aos favoritismos, onde o dinheiro público foi usado para
colonos e empresários pioneiros. O programa beneficiar grupos privilegiados da sociedade
visava ainda orientar aplicações dos brasileira. Isso também aconteceu devido à falta de
investimentos em projetos de infra- estrutura controle e fiscalização séria na aplicação do
econômica e social, além de ordenar a dinheiro concedido pelos órgãos financiadores.
ocupação espacial de acordo com a vocação e Sem dúvida, isso tudo acabou repercutindo na
as condições ecológicas, reforçando e formação da estrutura agrária do Estado de Mato
complementando as ações já existentes no Grosso. Neste Estado, assim como em outras
setor primário. Boa parte dos recursos deste partes do Brasil, a terra foi transformada em objeto
programa eram concedidos pela SUDAM e, no de especulação e enriquecimento de grupos
Estado de Mato Grosso, favoreceram o acesso empresariais. "Estes empresários rurais
ao campo de grandes empresas privadas que encontraram neste Estado local seguro e propício
cumpriram a meta do governo federal de para aplicar seu capital.” (MOURA, s.d.)
produzir para exportação.

FONTE: Ivane Inês Piaia, Geografia de Mato


Grosso, 2003

11. PROMAT - Programa Especial de


Desenvolvimento do Estado de Mato Grosso
(1977). (Figura 5) O programa foi criado para
dar apoio básico de infraestrutura econômica e
social ao Estado de Mato Grosso, após a divisão
territorial, além de dar apoio financeiro

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