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OS PURITANOS E O MINISTÉRIO

por

Rev. D. J. MacDonald

O termo “Puritano” foi usado pela primeira vez no reinado de Elizabeth


(1558–1603) como uma expressão de reprovação para aqueles que, aos
olhos dos seus oponentes, eram muito tomados com a pureza da Igreja
visível. Os Puritanos consideravam incompletas as reformas religiosas do
reinado de Edward VI (1547–53). A Igreja na Inglaterra foi grandemente
reformada em doutrina, mas no seu governo e na sua prática, existia
muito para o que não havia base bíblica. Quando Elizabeth subiu ao trono
em 1558, ela produziu o que mais tarde foi conhecido como a “acordo
religioso Elizabetano”, que basicamente era um dispositivo político – o
objetivo principal da rainha era consolidar a sua própria posição. Isso
levou a uma “Igreja aberta”, que podia e que realmente aceitava quase que
tudo dos fanáticos Papistas, por um lado, e quase que tudo dos
Reformadores persuadidos, por outro lado.

Os Puritanos, crendo como eles criam que as Escrituras são a única regra
para a prática tanto quanto para a doutrina da Igreja, opunham-se ao
novo regime religioso. Eles encontraram-se em oposição a Elizabeth, a
James I e a Charles I e, embora desfrutassem de um rápido período de
trégua sob a lei de Cromwell, eles foram forçados a deixar a Igreja da
Inglaterra em 1662, quando aproximadamente 2.000 ministros recusaram
submeter-se ao Ato de Uniformidade. Em todo o século dezessete e
também depois, a influência dos Puritanos diminuiu continuamente e, até
que uma nova onda de interesse nos seus escritos aparecesse na década
de 50 (em grande parte através do trabalho da organização “Banner of
Truth Trust”), eles permaneceram como que algo de uma imparidade
histórica, aos olhos da maioria.

Não podemos questionar, então, Por que deveríamos nos preocupar hoje
com as opiniões dos Puritanos? A pergunta pode ser respondida
rapidamente. Durante a era Puritana, mais ou menos entre 1560–1700, a
Igreja da Inglaterra foi favorecida pela pregação, pela influência e pelas
obras de alguns dos mais proeminentes escritores Puritanos. Nomes como
Owen, Flavel, Manton, Perkins e Watson vêm prontamente à mente. Estes,
com muitos outros, juntam-se aos mais proeminentes nomes da Reforma
Protestante. Sua doutrina, prática e louvor eram embasados no preceito
completamente Calvinista, “Pela Escritura somente”, e assim os seus
escritos e idéias são tão aceitáveis hoje como sempre têm sido, para todos
quantos desejam descobrir “o que diz a Escritura”.

Os Puritanos escreveram muito sobre o ofício e o trabalho do ministério


evangelístico e, só por tal motivo, merecem ser lidos e estimados. Existe
muito pouco escrito pelos Puritanos sobre o ministério que, por si só, nos
confortará. O motivo para isso é que eles estabelecerem um padrão muito
alto para todos os aspectos do ministério, e isso talvez deixará algum de
nós dolorosamente consciente de estar aquém do padrão estabelecido
pelos Puritanos. Todavia nós somos deixados com a impressão indubitável
de que o padrão Puritano para ministros é nada menos que o padrão
exigido pela Palavra de Deus, ao qual nós devemos buscar atingir, em meio
aos muitos males espirituais dos nossos dias e a despeito das nossas
sentidas fraquezas e trevas. Além disso, podemos ver nos seus escritos o
poder de Deus para tomar homens de paixões similares às nossas e
transformá-los em valorosos servos de Cristo em tempos difíceis. É pelo
operar desse poder em nossas vidas e em nossos corações que nós
certamente clamamos, pois será esse poder que fará o evangelho que
pregamos ser “o poder de Deus para a salvação” em larga escala, algo que
nós nunca experimentamos, na nossa época.

Eu proponho trabalhar o assunto sob cinco tópicos: 1. O chamado para o


ministério. 2. A dificuldade do ministério. 3. A responsabilidade do
ministério . 4. A primazia da pregação. 5. Algumas aplicações diretas dos
princípios Puritanos.

1. O chamado para o ministério

Os sentimentos dos puritanos neste assunto são melhor sumarizados por


Thomas Manton: “Que ninguém pode entrar no trabalho ou no ofício do
ministério sem um chamado está, eu suponho, fora de controvérsia. Este
chamado é interno e externo. Agora, o que é o chamado interno? Eu
respondo, Deus nos chamou quando ele nos fez capazes e desejosos; a
inclinação e a capacidade são de Deus; dons e talentos são nossas cartas
de apresentação que trazemos ao mundo [para mostrar] que somos
chamados por Deus e autorizados para a obra. É verdade que existe uma
distância e uma diferença nas capacidades, mas todos quantos podem
enxergar-se como chamados de Deus, devem ser capazes e aptos para
ensinar.”

A que William Perkins acrescenta, “Saberias tu se Deus te enviaria ou


não? Então tu deves perguntar à tua consciência e perguntar à Igreja. Tua
consciência deve julgar a tua disposição e a Igreja, a tua capacidade. Da
mesma forma como tu não podes confiar em outros homens para julgar a
tua inclinação ou afeição, assim também tu não podes confiar no teu
próprio julgamento para julgar a tua suficiência ou o teu valor. Se a tua
consciência testifica a ti que o teu desejo de servir a Deus e à Sua igreja
acima de qualquer outro desejo, e se em provas feitas dos teus dons e
aprendizado a Igreja . . . aprova o teu desejo e a tua capacidade de
trabalhar a serviço de Deus no Seu ministério, e portanto através de um
chamado público te permitem seguir; então Deus Ele próprio te permitiu
seguir.”

Manton segue dizendo, “O chamado interno não é suficiente; para


preservar a ordem na Igreja um chamado externo é necessário. Como
Pedro, em Atos 10, foi chamado por Deus para ir até a casa de Cornélio e
então, além disso, ele recebeu um chamado do próprio Cornélio, assim
devemos também nós, tendo um chamado interno do Espírito, esperar por
um chamado externo da Igreja, do contrário não podemos legalmente ser
admitidos para o exercício de um ofício e função tais. Assim, como no
Antigo Testamento, a tribo de Levi e a casa de Aarão foram indicados por
Deus para o serviço do altar, ainda assim ninguém poderia exercer o
chamado de um Levita ou servo como um sumo sacerdote até ser ungido e
purificado pela Igreja (Êxodo 28:35). Assim os ministros do evangelho,
embora chamados por Deus, devem ter sua separação externa e apartados
para aquela obra pela Igreja, como diz o Espírito Santo: “Apartai-me a
Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.” (Atos 13:2).
Vejam, o Espírito de Deus os havia escolhido, todavia comanda à Igreja,
aos anciãos em Antioquia, para aparta-los para a obra do ministério.”

Este é um resumo sucinto da posição dos Puritanos relativa ao chamado


para o ministério. Esta posição ainda é a regra mestra, tanto quanto se
refere às Igrejas que intitulam-se Reformadas. Os Puritanos colocam a
responsabilidade nos candidatos e na Igreja. Ao candidato cabe discernir o
seu próprio desejo; à Igreja cabe discernir quanto aos seus dons e
capacidade. Isso ilustra a necessidade de discernimento, particularmente
pela Igreja, quando tais julgamentos solenes têm de ser feitos.

Penso que uma breve citação de John Flavel será uma conclusão
apropriada a esta seção do nosso tema: “Este ofício deve ser confiado ‘a
homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.' (II
Tim 2:2) — não a principiantes. Eu sei que as necessidades das igrejas são
grandes, mas eu lhes imploro suprir suas demandas com bom ritmo, mas
sem mais precipitação. O que é bom o bastante, em seu tempo virá. É
menos arriscado colocar um rústico ignorante numa farmácia para
manipular e preparar medicamentos para corpos humanos do que confiar
a um homem destituído de ambas, prudência e lealdade, com as
dispensações das ordenanças de Cristo para as almas dos homens. Quais
sejam os fins secretos dos homens, não podemos sabê-los, mas a
qualificação para a obra nós podemos, e devemos, saber. Eu não
desencorajaria ninguém que pareça possuir inclinações pias combinadas
com qualificações competentes. Muitos podem ser úteis sem poder serem
excelentes, e eu penso que os homens mais comuns têm prestado os
maiores serviços à Igreja de Cristo. Mas ainda, fidelidade e prudência são
qualificações indispensáveis. A solene recomendação é para não impormos
as mãos em ninguém, precipitadamente (I Tim 5:22).”

2. A dificuldade do ministério

“O trabalho do pregador,” diz Perkins, “é permanecer na presença de Deus,


adentrar no santo dos santos, ir entre Deus e o Seu povo, ser a boca de
Deus para o povo, e a do povo para Deus; ser o intérprete da eterna lei do
Antigo Testamento e do sempiterno evangelho do Novo Testamento;
permanecer no espaço do Próprio Deus; cuidar e encarregar-se de almas;
estas considerações são tantas maravilhas para a consciência de homens
que aproximam-se com reverência, e não com descuidada pressa, ante o
trono santo.”

“Não é difícil ensinar?” pergunta John Collings, em sua “A Vindication of


the Great Ordinance of God, a Gospel Ministry” (1651). “Meus amados
amigos, estamos consigo em muito temor e tremor; e quando consultamos
os originais, pesamos a coerência de um texto, comparado nossos
pensamentos com os pensamentos de muitos outros divina e
principalmente comparados Escritura com Escritura, ainda assim estamos
nós em tremor e vemos razão para clamar ao Senhor com Agostinho (antes
da nossa interpretação da Escritura), Concede, Senhor, que nós não nos
enganemos na compreensão da Tua vontade e que não enganemos a
outros, com uma falsa interpretação.”

Sempre que olhamos ou mergulhamos nos escritos dos Puritanos, ficamos


com a impressão de que eles tinham uma visão séria e elevada do
ministério. “Era”, diz Iain Murray, “uma vida que os enchia de emoção, de
reverência. Eles tinham o mesmo espírito que Lutero, que costumava dizer
que se ele pudesse novamente escolher seu chamado, ele cavaria um
buraco ou faria qualquer outra coisa que não tomar sobre si o ofício de um
ministro. Calvino, mesmo após haver escrito sua obra mestra “As
Institutas” , julgava-se insuficiente para aceitar o peso da função
ministerial. Knox . . . foi tão profundamente afetado pela responsabilidade
do ofício que foi com grande dificuldade que ele pode ser induzido a iniciar
o seu ministério de pregação. Knox tremeu ao tomar sobre si o ofício do
ministério, não somente devido ao seu senso de incapacidade, mas por
saber que as responsabilidades do ofício, uma vez aceitas devem, a
qualquer custo, serem levadas a cabo.
“Foi escrito sobre James Durham que, ao aproximar-se do fim da vida, ele
disse que se pudesse viver outros dez anos, ele escolheria estudar durante
nove anos em preparação para pregar no décimo. Perkins estava tão
impressionado pela carga sob a qual se encontrava, que ele escreveu na
página título de seus livros, ‘Tu és um ministro da Palavra. Cuide dos teus
negócios.' Thomas Shepherd, falando a alguns jovens ministros que o
visitaram em seu leito de morte, disse, ‘Sua tarefa é grandiosa e exige
grande seriedade. Da minha parte, eu nunca preguei um sermão o qual,
durante a preparação não me custasse orações com lágrimas e choro forte.
Eu nunca subi num púlpito como se não fosse prestar contas de mim
mesmo a Deus'.”

3. A responsabilidade do ministério

Vez após vez os Puritanos escreveram sobre este tema. O reformador Hugh
Latimer disse num sermão, “Deus vos tem comandado a pregar. Se não
alertais o ímpio, ele morrerá em sua impiedade, mas eu exigirei contas do
seu sangue, na vossa seara” “Atentai para isso, marcai bem; Eu pedirei o
sangue dele, na vossa seara. Se não performais o vosso ofício, se não
ensinai e não alertai aos povos, recebereis a condenação eterna por isso.”
Essas breves citações parecem capturar o espírito dos Puritanos, uma vez
que eles consideravam sua responsabilidade terrível como aqueles que
pregavam a Palavra de Deus aos seus semelhantes. Nós, na nossa época,
faríamos bem em deixar estas palavras penetrarem em nossos ouvidos,
pois nossa responsabilidade não é menor do que era a deles, embora
vivamos numa época muito mais frívola, na qual a seriedade em cada
faceta da vida parece ser dispensada dos pensamentos da maioria dos
homens.

Um pregador da Nova Inglaterra, Daniel Dana (nascido em 1760), ecoa este


tema da responsabilidade ministerial quando diz, “Ao Cristão em
particular são confiados os assuntos de uma alma, e quando ele reflete
que o sua breve passagem pela vida dará compleição a toda a sua
eternidade e que ele está constantemente na divisa entre infindáveis
alegrias ou misérias, o pensamento deve calar no mais fundo do seu
espírito. Mas ao ministro é confiado o cuidado para com centenas de
almas. De fato, milhares e dezenas de milhares de seres imortais, estejam
perto ou longe, sejam existentes ou ainda por virem a nascer, podem
receber sua estampa para eternidade sob a influência do ministro. Que
considerações avassaladoras são estas! Quão perfeitas para massacrar um
espírito frágil! Todavia o ministro de cuja mente elas são banidas, não
aprendeu a primeira lição da sua vocação.
“É tarefa constante, recorrente, do ministro Cristão, conversar com as
sublimidades do evangelho – meditar nos seus mistérios profundos e
insondáveis. Estes são os assuntos que ocuparam desde a eternidade a
mente do Deus infinito. São estes os temas nos quais mentes angelicais se
perdem. Aqui estão envolvidos ao mesmo tempo as glórias da Divindade e
o destino eterno de milhões de seres criados. E qual o espírito no qual
temas como estes devem ser compreendidos? Mente nenhuma, a não ser
uma profundamente séria, está preparada para adentrar esta área
santificada.

“O verdadeiro ministro olha para além do tempo. Ele está cercado por
seres imortais que se esquecem da sua imortalidade, com criaturas
moribundas que vivem somente para este mundo; com pecadores que,
inconscientes da sua culpa e depravação, negligenciam suas almas e o seu
Salvador. O verdadeiro ministro vive menos para o presente do que para o
futuro. Ele tem a eternidade em seus olhos. Ele vive e ele age, ele ora e
prega para a eternidade. Assim é que a milhões de anos, sua vida e seus
atos, seus sermões e suas preces podem ser lembradas por milhões de
seres além dele próprio, com alegria ou angústia indizíveis.” 8 Não admira
que até o Apóstolo Paulo disse, “...E para estas coisas quem é idôneo?” (II
Co 2:16).

Flavel escreve nas mesmas linhas: “Nós temos uma solene carga nos dada
por Cristo: ‘Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo,
que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no Seu reino, Que
pregues a Palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas,
exortes, com toda longanimidade e doutrina.” (II Tim 4:1-2). Deve ser
realmente uma droga poderosíssima, que pode tanto estupidificar
anestesiar a consciência de um ministro, de forma a ele não sentir a
autoridade terrível de tal carga. As almas imortais e preciosas dos homens
são a nós confiadas, almas a respeito das quais Deus ocupou os Seus
pensamentos desde a eternidade, pelo propósito das quais Cristo
derramou o Seu próprio sangue, pela vitória e pelas bodas Dele próprio
com as quais Ele vos colocou no ofício, de cujas mãos ele também exigirá
contas quanto a elas, no grande dia.”

Depois de citar o versículo, “Assim que, sabendo o temor que se deve ao


Senhor, persuadimos os homens...” (2 Co 5:11), Flavel continua, “Ó
amados, acautelemo-nos de cometermos, ou de negligenciarmos, qualquer
coisa que possa colocar-nos no círculo dos terrores daquele dia. Que a
nossa diligência e a nossa fidelidade, nossa constância e seriedade,
induzam a um testemunho das nossas congregações, como fez o apóstolo
da sua, em Atos 20:26 – que estamos puros do sangue de todos.”

Ao escrever sobre o ministério, muitos escritores Puritanos vez após vez


enfatizam o ponto de que homem algum na terra encontra-se em posição
mais solene do que o ministro do evangelho. Ninguém terá de prestar
conta de tanto, no último dia. Esta visão do ministério tem estado perdida
nos nossos dias. Contudo, estejamos convencidos da verdade desta visão e
busquemos graça e humildade para aplica-la a nós mesmos, estando
convencidos de que não se trata de demanda de nenhuma era ou época na
história da Igreja de Deus, mas a exigência da Palavra de Deus em todas
eras. Thomas Brooks diz, “Agora seria melhor para um homem ter sobre si
o sangue do mundo inteiro, do que o sangue de uma alma. O sangue das
almas, acima de todos os sangues, clama mais alto e fere mais
profundamente. Por esta razão aquela passagem de Paulo em I Coríntios
9:16: ‘...e ai de mim, se não anunciar o evangelho!' O moto que deveria ser
colocado na porta do escritório dos pregadores, nas suas paredes, em
todos os livros que eles lêem e nas cadeiras em que se assentam deveria
ser este: ‘o sangue de almas, o sangue de almas!' Foi um conforto e uma
honra para Paulo, que ele manteve-se puro do sangue de todos.”

Sob o título de responsabilidade ministerial nós podemos apropriadamente


citar as palavras de Richard Baxter, onde ele falava particularmente a
ministros na obra “the oversight of ourselves” ( “o nosso próprio erro” ):
“Não se contentem com um estado de graça, mas tenham cuidado também
com que suas graças sejam mantidas em exercício vigoroso e animado e
que vocês preguem a si mesmos os sermões que vocês preparam, antes de
prega-los a outros.”

“Eu confesso”, ele continua, “e deve dize-lo por lamentável experiência


própria, que eu transmito ao meu rebanho os distúrbios da minha própria
alma. Quando permito que meu coração se esfrie, minha pregação é fria.
Muitas vezes posso observar no melhor do meu povo que quando minha
pregação se torna fria, eles também se esfriam. Nós somos as amas dos
pequeninos de Cristo. Se negligenciamos o nosso próprio alimento,
ficaremos desnutridos e isso logo será visível na magreza deles e no
desempenho irresponsável de suas diversas tarefas. Ó amados, cuidem
portanto dos seus próprios corações; afastem-se de luxúrias e de paixões e
de inclinações mundanas; busquem a vida de fé e de amor e de zelo. Acima
de tudo, estejam sempre em oração e meditações em secreto. Cuidem ,
portanto, das suas próprias almas e das dos demais.

“Cuidem de si mesmos, para que o seu exemplo não contradiga sua


doutrina; para que não se ponham tal como muro na frente de cegos, o
que pode ser a oportunidade para a ruína deles; para que o seu
procedimento não desminta o que proferem suas línguas e venha a ser o
maior obstáculo para o sucesso dos seus próprios labores. Muito
atravanca a nossa obra quando outros homens passam toda a semana
contradizendo às pobres pessoas, em privado, o que nós lhes pregamos em
público, da Palavra de Deus; mas muito maior prejuízo para a sua obra
será se houver contradição em vocês mesmos, se os seus atos propiciarem
mentira às suas línguas; e se o que vocês construírem com suas bocas
durante uma hora ou duas no domingo, depois passarem o restante da
semana a destruir com suas mãos. Este é o caminho para fazer homens
acharem que a Palavra de Deus é nada senão uma fábula sem fundamento
e tornar a pregação não melhor que conversa sem propósito. Aquele que
intenta o que fala, certamente fará como fala. Uma palavra orgulhosa,
esnobe, arrogante, uma disputa desnecessária, um ato de inveja, pode
matar um sermão, e destruir os frutos de tudo o que vocês tenham estado
a fazer.

“Vocês dão tão pouca importância ao seu trabalho que não lutarão contra
uma injúria ou contra uma palavra errada, ou submeter-se ao mais
humilde, nem refrear seu orgulho próprio e palavras altivas, para ganhar
almas? É um erro palpável de alguns ministros que fazem tal desproporção
entre sua pregação e seu modo de viver, que estudam muito sobre como
pregar corretamente — e estudam pouco, ou nada, sobre como viver
corretamente. A semana inteira é pouco para estudarem sobre como
pregar durante duas horas; e todavia uma hora somente lhes parece
demais para estudar sobre como viver durante a semana. Eles relutam,
hesitam em colocar mal uma palavra em seus sermão, mas não pensam
sobre dispensar inapropriadamente as afeições, palavras e ações no
decurso de suas vidas. Oh, curioso é como tenho ouvido pregações de
homens, e observado como vivem negligentemente. É certo, amados, que
nós temos grande razão para cuidar do que fazemos, tanto quanto do que
dizemos. Se somos de fato os servos de Cristo, não devemos ser línguas de
servos somente, mas devemos servi-Lo com todos os nossos atos. Como o
nosso povo deve ser praticantes da Palavra, e não somente ouvintes, assim
também nós devemos ser praticantes da Palavra, e não somente porta-
vozes.

“Cuidem-se, para que vocês não vivam nestes pecados contra os quais
vocês pregam a outros, e para que vocês não sejam culpados daquilo que
vocês diariamente condenam. Farão vocês seu trabalho de magnificar a
Deus e, estando aquela tarefa cumprida, desonra-Lo tanto quanto os
demais? Pregarão vocês sobre as leis de Deus para então, voluntariamente
quebra-las? Se os juízos de Deus são verdadeiros, por que vocês não os
temem? Se são falsos, por que então incomodam aos homens
desnecessariamente e os põem tão alarmados sem motivo? “Tu, que te
glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei?” (Rm 2:23). O que!
A mesma língua que fala o mal, falará também contra o mal? Julgarão e
difamarão e reprovarão estes lábios ao próximo, lábios estes que levam a
cabo tal como os outros? Ó amados, é mais fácil esconder-se no pecado do
que sobrepuja-lo. Cuidem de si mesmos, sob pena de condenar o pecado e
todavia não vence-lo.”

 
[aguarde a tradução da segunda parte]

Traduzido por: Eli Daniel da Silva


Barretos-SP, 26 de Fevereiro de 2005

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