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Os Puritanos e o Ministério - Rev. D. J. Macdonal
Os Puritanos e o Ministério - Rev. D. J. Macdonal
por
Rev. D. J. MacDonald
Os Puritanos, crendo como eles criam que as Escrituras são a única regra
para a prática tanto quanto para a doutrina da Igreja, opunham-se ao
novo regime religioso. Eles encontraram-se em oposição a Elizabeth, a
James I e a Charles I e, embora desfrutassem de um rápido período de
trégua sob a lei de Cromwell, eles foram forçados a deixar a Igreja da
Inglaterra em 1662, quando aproximadamente 2.000 ministros recusaram
submeter-se ao Ato de Uniformidade. Em todo o século dezessete e
também depois, a influência dos Puritanos diminuiu continuamente e, até
que uma nova onda de interesse nos seus escritos aparecesse na década
de 50 (em grande parte através do trabalho da organização “Banner of
Truth Trust”), eles permaneceram como que algo de uma imparidade
histórica, aos olhos da maioria.
Não podemos questionar, então, Por que deveríamos nos preocupar hoje
com as opiniões dos Puritanos? A pergunta pode ser respondida
rapidamente. Durante a era Puritana, mais ou menos entre 1560–1700, a
Igreja da Inglaterra foi favorecida pela pregação, pela influência e pelas
obras de alguns dos mais proeminentes escritores Puritanos. Nomes como
Owen, Flavel, Manton, Perkins e Watson vêm prontamente à mente. Estes,
com muitos outros, juntam-se aos mais proeminentes nomes da Reforma
Protestante. Sua doutrina, prática e louvor eram embasados no preceito
completamente Calvinista, “Pela Escritura somente”, e assim os seus
escritos e idéias são tão aceitáveis hoje como sempre têm sido, para todos
quantos desejam descobrir “o que diz a Escritura”.
Penso que uma breve citação de John Flavel será uma conclusão
apropriada a esta seção do nosso tema: “Este ofício deve ser confiado ‘a
homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.' (II
Tim 2:2) — não a principiantes. Eu sei que as necessidades das igrejas são
grandes, mas eu lhes imploro suprir suas demandas com bom ritmo, mas
sem mais precipitação. O que é bom o bastante, em seu tempo virá. É
menos arriscado colocar um rústico ignorante numa farmácia para
manipular e preparar medicamentos para corpos humanos do que confiar
a um homem destituído de ambas, prudência e lealdade, com as
dispensações das ordenanças de Cristo para as almas dos homens. Quais
sejam os fins secretos dos homens, não podemos sabê-los, mas a
qualificação para a obra nós podemos, e devemos, saber. Eu não
desencorajaria ninguém que pareça possuir inclinações pias combinadas
com qualificações competentes. Muitos podem ser úteis sem poder serem
excelentes, e eu penso que os homens mais comuns têm prestado os
maiores serviços à Igreja de Cristo. Mas ainda, fidelidade e prudência são
qualificações indispensáveis. A solene recomendação é para não impormos
as mãos em ninguém, precipitadamente (I Tim 5:22).”
2. A dificuldade do ministério
3. A responsabilidade do ministério
Vez após vez os Puritanos escreveram sobre este tema. O reformador Hugh
Latimer disse num sermão, “Deus vos tem comandado a pregar. Se não
alertais o ímpio, ele morrerá em sua impiedade, mas eu exigirei contas do
seu sangue, na vossa seara” “Atentai para isso, marcai bem; Eu pedirei o
sangue dele, na vossa seara. Se não performais o vosso ofício, se não
ensinai e não alertai aos povos, recebereis a condenação eterna por isso.”
Essas breves citações parecem capturar o espírito dos Puritanos, uma vez
que eles consideravam sua responsabilidade terrível como aqueles que
pregavam a Palavra de Deus aos seus semelhantes. Nós, na nossa época,
faríamos bem em deixar estas palavras penetrarem em nossos ouvidos,
pois nossa responsabilidade não é menor do que era a deles, embora
vivamos numa época muito mais frívola, na qual a seriedade em cada
faceta da vida parece ser dispensada dos pensamentos da maioria dos
homens.
“O verdadeiro ministro olha para além do tempo. Ele está cercado por
seres imortais que se esquecem da sua imortalidade, com criaturas
moribundas que vivem somente para este mundo; com pecadores que,
inconscientes da sua culpa e depravação, negligenciam suas almas e o seu
Salvador. O verdadeiro ministro vive menos para o presente do que para o
futuro. Ele tem a eternidade em seus olhos. Ele vive e ele age, ele ora e
prega para a eternidade. Assim é que a milhões de anos, sua vida e seus
atos, seus sermões e suas preces podem ser lembradas por milhões de
seres além dele próprio, com alegria ou angústia indizíveis.” 8 Não admira
que até o Apóstolo Paulo disse, “...E para estas coisas quem é idôneo?” (II
Co 2:16).
Flavel escreve nas mesmas linhas: “Nós temos uma solene carga nos dada
por Cristo: ‘Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo,
que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no Seu reino, Que
pregues a Palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas,
exortes, com toda longanimidade e doutrina.” (II Tim 4:1-2). Deve ser
realmente uma droga poderosíssima, que pode tanto estupidificar
anestesiar a consciência de um ministro, de forma a ele não sentir a
autoridade terrível de tal carga. As almas imortais e preciosas dos homens
são a nós confiadas, almas a respeito das quais Deus ocupou os Seus
pensamentos desde a eternidade, pelo propósito das quais Cristo
derramou o Seu próprio sangue, pela vitória e pelas bodas Dele próprio
com as quais Ele vos colocou no ofício, de cujas mãos ele também exigirá
contas quanto a elas, no grande dia.”
“Vocês dão tão pouca importância ao seu trabalho que não lutarão contra
uma injúria ou contra uma palavra errada, ou submeter-se ao mais
humilde, nem refrear seu orgulho próprio e palavras altivas, para ganhar
almas? É um erro palpável de alguns ministros que fazem tal desproporção
entre sua pregação e seu modo de viver, que estudam muito sobre como
pregar corretamente — e estudam pouco, ou nada, sobre como viver
corretamente. A semana inteira é pouco para estudarem sobre como
pregar durante duas horas; e todavia uma hora somente lhes parece
demais para estudar sobre como viver durante a semana. Eles relutam,
hesitam em colocar mal uma palavra em seus sermão, mas não pensam
sobre dispensar inapropriadamente as afeições, palavras e ações no
decurso de suas vidas. Oh, curioso é como tenho ouvido pregações de
homens, e observado como vivem negligentemente. É certo, amados, que
nós temos grande razão para cuidar do que fazemos, tanto quanto do que
dizemos. Se somos de fato os servos de Cristo, não devemos ser línguas de
servos somente, mas devemos servi-Lo com todos os nossos atos. Como o
nosso povo deve ser praticantes da Palavra, e não somente ouvintes, assim
também nós devemos ser praticantes da Palavra, e não somente porta-
vozes.
“Cuidem-se, para que vocês não vivam nestes pecados contra os quais
vocês pregam a outros, e para que vocês não sejam culpados daquilo que
vocês diariamente condenam. Farão vocês seu trabalho de magnificar a
Deus e, estando aquela tarefa cumprida, desonra-Lo tanto quanto os
demais? Pregarão vocês sobre as leis de Deus para então, voluntariamente
quebra-las? Se os juízos de Deus são verdadeiros, por que vocês não os
temem? Se são falsos, por que então incomodam aos homens
desnecessariamente e os põem tão alarmados sem motivo? “Tu, que te
glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei?” (Rm 2:23). O que!
A mesma língua que fala o mal, falará também contra o mal? Julgarão e
difamarão e reprovarão estes lábios ao próximo, lábios estes que levam a
cabo tal como os outros? Ó amados, é mais fácil esconder-se no pecado do
que sobrepuja-lo. Cuidem de si mesmos, sob pena de condenar o pecado e
todavia não vence-lo.”
[aguarde a tradução da segunda parte]
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