Você está na página 1de 26

As Diversas Escolas Budistas1

Durante o curso faremos uso de textos ou traduções de outras escolas budistas, sendo
portanto importante diferenciar alguns pontos de vista das diferentes escolas. É necessário
respeitar profundamente os textos e ensinamentos de outras escolas budistas, que tiveram
o grande mérito de promover traduções de textos e disponibilização de sutras e livros
abordando importantes conceitos budistas em nossa língua (em alguns casos ainda não
disponibilizados por nossa escola), ainda que por vezes algum ponto de vista não seja o
mais correto do ponto de vista do Zen Budismo e de nossa linhagem.

Você deve entender que na família do Buddha não há discussões sobre Ensinamentos
“superiores” ou “inferiores”, e não se deve apontar algum Dharma como mais superficial ou
profundo. Você deve simplesmente tentar reconhecer o que for genuíno ou falso no
treinamento e prática.
Dogen Zenji, Shobogenzo2

Existem literalmente centenas de diferentes escolas budistas e milhares de formas de


prática budistas, sendo portanto essa compilação extremamente introdutória e simplificada,
servindo apenas para organizar alguns conceitos preliminares, a serem melhor explicados
na videoconferência a ser oferecida pelo tutor pelo tutor do tópico.

Deve-se ressaltar também que iremos usar textos de outras escolas somente para o estudo
de conceitos teóricos do Budismo, porém não devemos misturar as práticas de outras
escolas com a prática do Zen Budismo. Devemos seguir rigorosamente as tradições de
nossa escola e as orientações de nosso Sensei, sob pena de perdermos tempo valioso de
prática e não conseguirmos nos aprofundar em nenhum caminho.

Genealogia Aproximada Das Escolas Budistas

Budismo
(Iniciando com o Buda Histórico, Shakyamuni Buddha)
Período de vida do Buda: Entre 563 a 483 A.C. ou 480 e 400 A.C. (a depender da

1
​Quando não estiver indicado as notas do texto foram preparadas e são de
responsabilidade de Jōken.
2
​ Capítulo Bendōwa (Um discurso sobre fazer o melhor de si ao praticar o Caminho dos
Buddhas)
cronologia aceita)
Localização Geográfica Atual: Nepal e Norte da Índia
Alguns reinos Históricos da Região: Magadha, Kosala, Vajji, Kasi, Vatsa, Shakya.

Provável Língua Falada por Shakyamuni Buddha: Maghadi Prakrit (Prácrito de Maghada)
Primeiras línguas escritas no Budismo: Pali e Sânscrito (o budismo era uma tradição oral
e somente após séculos passou a ter os principais ensinamentos registrados por escrito).

Budismo na Índia

Após o Parinirvana de Shakyamuni Buddha, o budismo prosseguiu com a Sangha


Ordenada pelo próprio Buddha (Incluindo seus principais discípulos: Mahākāśyapa,
Subhuti, Purna Maitrayani-putra, Katyayana, Anuruddha, Upali, Rāhula e Ananda -
Shariputra faleceu logo antes do Buddha e Maudgalyayana logo após). A Sangha
ordenada por Buddha realizou o Primeiro Concílio Budista, com 500 bhikhsus (monges),
que promoveu a primeira grande organização e memorização dos ensinamentos
budistas.

O Budismo teve grande expansão no reinado de Ashoka, imperador da dinastia Maurya


no século 3 A.C. Nesse período foram enviados missionários budistas até mesmo à
Grécia.

Por volta da época do segundo concílio, cerca de um século após o Parinirvana de


Buddha, já havia uma grande divisão entre as Sanghas monásticas: Theravada, ou
“Doutrina dos Anciões” e Mahasamghika, ou “Grande Comunidade” (que posteriormente
deu origem às escolas associadas ao veículo ou movimento “Mahayana”). Havia também
outras escolas como a Sarvāstivāda, mais tarde extintas ou incorporadas a outras
escolas. Por separação geográfica, discordâncias doutrinárias e adaptação dos
ensinamentos para grupos diferentes surgiram sucessivas divisões e correntes filosóficas
budistas.

O subcontinente indiano continuou por muitos séculos como a região central do budismo
no mundo. Duas grandes correntes filosóficas do budismo Mahayana surgiram ainda na
Índia: A escola Yogacara (cujos expoentes principais foram Ashanga e Vasubandhu, no
século 4 D.C.) e a escola Madhyamika (cujo principal expoente for Nagarjuna, no século 3
D.C.).

Podemos citar como outros grandes nomes associados ao budismo Mahayana na Índia:
Ashvaghosa, Aryadeva (Kanadeva), Chandrakirti, Shantideva.

(Entre os nomes citados fazem parte da linhagem tradicional do Zen Budismo:


Ashvaghosa, Nagarjuna, Kanadeva, Vasubandhu. Diversos nomes como Nagarjuna e
Vasubandhu são compartilhados com outras escolas Mahayana em múltiplas linhagens
do budismo Terra Pura e Tibetano).
O principal centro intelectual do budismo na Índia a partir do século V foi o monastério de
Nalanda, considerada a primeira universidade do mundo. Em 1193, a Universidade de
Nalanda foi destruída pela dinastia Mamluk, Sultanato de Delhi. Após a consolidação do
domínio do Sultanato de Delhi, o Budismo declinou rapidamente no subcontinente indiano
até praticamente a extinção na região, com exceção da ilha de Sri Lanka.

Por distribuição geográfica posterior, o Budismo às vezes é dividido em Budismo do Sul


e Budismo do Norte e Leste.

Budismo do Sul Budismo do Norte/Leste

A principal escola/tradição do Composto por tradições e escolas que costumam ser


Budismo do Sul é a Theravada associadas ao veículo “Mahayana” (Grande Veículo) ou
(Doutrina dos Anciões). “Boddhisattvayana” (Veículo dos Boddhisattvas).

Distribuição Geográfica Existem dezenas de escolas budistas associadas ao


recente: Sul da Ásia (Sri veículo Mahayana.
Lanka, Burma, Tailândia,
Laos). Budismo do Norte: Budismo Tibetano/Vajrayana.
Distribuição Geográfica recente: Tibet, Butão, Norte da
Por vezes o Theravada é China, Norte da Índia, Mongólia, Kalmykya e Tuva
associado ao veículo (Rússia).
Shravakayana, ou Veículo dos
Ouvintes, mas essa é uma Budismo do Leste: Zen/Chan/Seon, Shingon/Tangmi,
classificação do ponto de vista Diversas Escolas Terra Pura e demais escolas
Mahayana que pode ser baseadas no Sutra de Lótus. Distribuição Geográfica
rejeitada pelo Theravada. Atual: Leste da China, Japão, Coréia do Sul, Vietnã e
Taiwan.
Mapa: Proliferação Geográfica e Histórica do Budismo
Mapa separando o Budismo Tibetano/Vajrayana do Budismo “Mahayana”. O budismo
Tibetano também se considera parte do veículo ou movimento Mahayana, porém que faz
uso extensivo de um veículo adicional, o Vajrayana ou Tantrayana. A área em vermelho
corresponde aproximadamente às distribuição geográfica do "Budismo do Sul", a área em
amarelo de "Budismo do Leste" e a área em laranja de "Budismo do Norte". Essa divisão é
meramente geográfica, não havendo necessariamente correspondência em termos de
doutrina.
Tabela: Período de desenvolvimento e propagação de grandes escolas/tradições budistas.

Os Veículos Budistas3

Existem diversas classificações de veículos budistas (yanas), aqui adotamos a classificação


principal de três veículos usada por Dogen Zenji: ​Shravakayana, Pratyekabuddhayana e
Boddhisattvayana.

Shravakayana Pratyekabuddhayana Boddhisattvayana


“Veículo dos “Veículo do Buda “Veículo dos
Ouvintes” Silencioso” ou “Veículo Boddhisattvas”
do Buda Solitário” ou ​Mahayana
“Grande Veículo”

Foco teórico Quatro Nobres Originação Dependente Os 6 Paramitas e


principal Verdades Vacuidade

Linhagem Pouco foco Auto-realização Discípulo dos


(Discípulo de mestres da
Shakyamuni linhagem
Buda)

Realização Nirvana Despertar semelhante Anuttara Samyak


(Cessação de ao de um Buda, porém Sambodhi

3
Notas por Jôken.
Dukkha com a a seguir permanece em (Despertar
extinção dos silêncio (abrangência completo e perfeito
kleshas) limitada, sem girar a de um Buda) ou
roda do dharma, sem o estágios do
rugido do leão) Bodhisattva

Designação Arhat Pratyekabuddha Bodhisattva /


Buddha

Abrangência da Individual Individual Todos os Seres


realização (Universal)

Ekayana
Veículo Único ou Veículo Supremo

O Sutra de Lótus declara que “os três veículos do Shravaka,


Pratyekabuddha e Boddhisattva são na verdade três meios hábeis
para atrair os seres para o veículo único búdico, por meio do qual
todos se tornam budas.”

Em termos de prática, o praticante Mahayana/Boddhisattvayana aceita praticamente todo o


conjunto de práticas e textos dos Shravakas. Sua motivação, no entanto, é de trabalhar
prioritariamente para que todos os seres alcancem o despertar de Buda, ainda que isso
atrase o despertar individual. Além disso, o Mahayana aceita textos adicionais (Sutras
Mahayana) e foca aspectos pouco tratados pelos Shravakas, principalmente o da
Vacuidade (Sunyata). Alguns sutras podem ter sido compostos parcialmente por mestres
posteriores, que aprenderam o ensinamento do Buddha oralmente e escreveram depois seu
entendimento ou o que aprenderam na forma de sutras, sob a forma de falas e diálogos
entre Buddha e seus discípulos. Não se tratam de falsificações ou adulterações, mas de
não apropriar-se do ensinamento que aprenderam via tradição oral, ensinamento esse
creditado a Buddha .

Por ter sido fortemente influenciado pelo Sutra Laṅkāvatāra, Sutra de Lótus e o Sutra da
Guirlanda de Flores, o Budismo Zen por vezes se aproxima mais do ponto de vista do
veículo Ekayana (Veículo Único ou Veículo Supremo) do que puramente Mahayana. Ocorre
que o termo “Mahayana” é tradicionalmente usado como um guarda chuva para englobar
um grande número de escolas e tradições, incluindo o budismo Zen e outras escolas que
também aderem ao ponto de vista Ekayana, no entanto o termo "Ekayana" é pouco
difundido e muitas vezes tratado como sinônimo ou equivalente a uma visão mais ampla do
Mahayana.

Existe também uma possibilidade de divisão interna do Zen budismo em veículos, conforme
a abordagem da prática e a compreensão dos praticantes: Gedo Zen (Zen externo ou Zen
não-budista), Bompu Zen (Zen ordinário), Shojo Zen (Pequeno veículo Zen), Daijo Zen
(Grande veículo Zen) e Saijojo Zen (Supremo veículo Zen). Em um áudio nesse tópico
Genshô Sensei detalha esses conceitos.

As diversas tradições Tibetanas, bem como a escola japonesa Shingon (e a chinesa


Tangmi) enfatizam ainda um veículo esotérico, adicional ao Mahayana, chamado de
Vajrayana (ou Tantrayana). Tratam-se de práticas esotéricas, transmitidas privadamente de
mestres para discípulos. O Vajrayana também por vezes é subdividido, ou à ele adicionados
veículos adicionais.

Três formas de prática4

Por Genshô Sensei

Vou conversar com vocês sobre três formas de prática, que na verdade são três caminhos
ou veículos. Veículo diz-se “Yana” e o primeiro veículo é “SRAVAKAYANA”, que é o
caminho daquele que aprende através da compreensão dos ensinamentos, sendo que três
ensinamentos básicos precisam ser muito bem entendidos para que consigamos uma
libertação do sofrimento.

O primeiro é “Anitya”, ou seja, a impermanência. A primeira compreensão então é a


compreensão profunda da impermanência. Se colocarmos nossa felicidade na permanência
das coisas, certamente iremos sofrer. Quem aposta na beleza da juventude sofre, pois
todos ficaremos velhos.

O segundo ensinamento que precisamos compreender é “Anatta”, de que nada tem um “eu”
inerente. Todos os “eus” são construídos. Lembro-me de meu tempo de juventude quando
tínhamos um fusca e lhe demos o nome de Pitanguinha. Lembro-me até hoje do dia em que
o vendi e fiquei muito triste, mas na realidade ele nada mais era do que ferro, lata, motor,
borracha e óleo. O carro havia ganhado um “eu”, era o Pitanguinha. O “eu” do carro é tão
falso e construído como nosso próprio “eu”. Nós somos constituídos de pele, unha, ossos,
carne, água e células, mas pensamos que temos um “eu” próprio. “Anata” é o ensinamento
que não existe nenhum “eu” verdadeiro em coisa alguma, todos são construídos e entender
isso, essa noção de separação de todas as coisas, que é uma construção mental, é um
trabalho que exige lucidez e clareza.

O terceiro ensinamento para os Sravakas, aqueles que seguem o caminho de Sravakayana,


é “Dukkha”, segundo o que toda a vida é insatisfatória, ou seja, nunca estaremos satisfeitos.

4
https://www.daissen.org.br/tres-formas-de-pratica/
Tudo que existe no mundo e que ambicionamos, logo depois de conquistado parece não ser
mais o mesmo. As pessoas que desejam muito um filho, casam-se, têm o filho e este
torna-se então a fonte da insegurança, sofrimento, ansiedade e até mesmo fonte de
pesadelos em razão do medo de sequestros, doenças e morte. Esses sofrimentos são
muito reais e de nada adianta explicar para as pessoas que são sofrimentos construídos.
Mesmo as coisas mais belas da vida estão sujeitas à “Dukkha”, não significa sofrimento,
mas sim que a vida é cheia de sobes e desces, felicidade e infelicidade, riqueza e pobreza,
saúde e doença.

Estava lendo sobre a vida de Bobby Fischer que em 1972 foi campeão mundial de xadrez.
Desde os seis anos de idade era apaixonado por xadrez e em 1972 teve a oportunidade de
desafiar o campeão mundial, Boris Spassky, um Russo que vinha de anos de vitórias, e o
venceu. Depois desse ano ele não conseguiu jogar outros campeonatos, pois chegara onde
jamais imaginara chegar, era campeão do mundo. O que aconteceu foi que logo após ter
sua grande conquista, seu maior objeto de desejo, isso se dissolveu em suas mãos e
tornou-se fonte de sofrimento. Viver num mundo fugaz de impermanência, pisando num
chão que constantemente se modifica é um grande desafio, mas os Sravakas,
compreendendo perfeitamente essas coisas, atingem a iluminação. Se tornam aqueles que
através do ensinamento conseguem atingir a libertação, livrando-se de toda dor e
sofrimento.

O segundo Yana que eu quero comentar é “PRATYEKABUDHAYANA”. O


“PRATYEKABUDHA” é alguém que não conhece um Mestre mas sozinho através da prática
e da virtude, alcança sabedoria e iluminação. Ele não consegue ensinar pois não tem o
conhecimento do Dharma, mas possui um esclarecimento interno. Vocês poderão encontrar
esse tipo de pessoa, às vezes ignorantes dos conhecimentos formais do mundo, que
mesmo sem mestre conquistaram sabedoria, eles não podem ensinar, mas através do seu
exemplo e gestos, influenciam o mundo. Esses são os “Pratyekabudhas”.

O terceiro Yana é o “BODHISATTVAYANA”, que é aquele que segue o caminho de


desenvolver uma grande compaixão e dedica sua vida a ensinar e ajudar as outras pessoas
a escapar do sofrimento. Esse, o Bodhisattva, faz os votos que recitamos no final do zazen.
O caminho de Buda é o caminho do Bodhisattva e sua atuação foi tão intensa que sobrevive
até nossos tempos, ou seja, dois mil e seiscentos anos depois, estamos nós aqui falando de
seus ensinamentos. Esse é o veículo ideal do Mahayana.
Controvérsia Mahayana x Theravada5

Uma das grandes controvérsias dentro do budismo é a contraposição Mahayana-Hinayana,


em que o Mahayana seria o Grande Veículo budista, e o Hinayana seria o pequeno veículo.
Em diversos sutras e textos Mahayana o veículo Hinayana é tratado como um veículo e
caminho inferior em comparação ao Mahayana. O grande problema é que o veículo
Hinayana era por vezes associado à tradição Theravada, devido à pontos de semelhança
das descrições desse veículo com as práticas e conceitos adotados pelo Theravada,
embora essa associação não seja conceitualmente e historicamente perfeita. Atualmente o
termo Hinayana é considerado a tal ponto pejorativo que praticamente todos os professores
budistas pedem que seu uso seja evitado, sendo atualmente mais costumeiro usar o termo
Shravakayana, ou “Veículo dos Ouvintes” para referir-se a praticantes budistas
não-Mahayana. No entanto até mesmo esse termo deve ser usado de forma cuidadosa,
preferencialmente somente internamente às escolas Mahayana, visto que a escola
Theravada não aceita qualquer classificação dos ensinamentos ou tradições em veículos.

Em resposta pouco equilibrada à controvérsia Mahayana-Hinayana, alguns seguidores do


budismo Theravada alegam que outras versões de budismo seriam um budismo adulterado
ou até falsificado, às vezes usando termos considerados pejorativos como “Nagarjunismo”
ou “Mahayanismo” para tratar as formas de budismo Mahayana. A alegação é que o
Budismo mais antigo e original seria o Theravada, enquanto o conceito de “Vacuidade -
Sunyata” ou “Vazio - Shunya”, termo central ao budismo Mahayana, seria um conceito
inventado posteriormente, provavelmente por Nagarjuna. Essa alegação porém é
desprovida de rigor histórico e conceitual, visto que mesmo o Cânon Pali contém múltiplas
referências ao conceito de Vacuidade (Suñña Sutta, Cula-suññata Sutta, Maha-suññata
Sutta), além é claro de Anatta, mas principalmente e de forma central o conceito de
originação dependente. Ocorre que Nagarjuna famosamente estabeleceu no
Mulamadhyamaka-karika a identidade entre os conceitos de vacuidade e originação
dependente.

Além disso as descobertas mais recentes mostram que os primeiros textos escritos
Mahayana apareceram de forma aproximadamente simultânea aos primeiros textos escritos
Theravada (por volta do século I), o que torna mais difícil a alegação de que somente o
Theravada seria detentor da forma de budismo mais antiga. Adicionalmente, a análise
moderna textual defende que mesmo no Cânon Pali diversos suttas teriam sido
posteriormente alterados, interpolados e mesclados, ou seja, não corresponderiam aos
discursos originais de Buddha e seus discípulos, como é defendido por parte da tradição
Theravada. A tudo isso também adiciona-se o ponto de vista do Zen e Mahayana, que
considera que o budismo precisa ser mantido como uma tradição viva, baseada na
experiência, sendo que os textos budistas estáticos, sem passar pela interpretação e
eventualmente até atualização por professores e praticantes realizados, possuem valor

5
Notas por Jôken.
limitado. Sob essa interpretação, pouco importa qual escola detém os ensinamentos e
textos mais antigos, e sim quais escolas conseguem manter viva a essência dos
ensinamentos do Buddha.

Outra consideração comum é que de fato o budismo Theravada seria mais próximo ao
budismo original, porém ao longo dos anos mestres realizados fizeram adaptações e
criaram os sutras mahayana, conforme avançou a compreensão do budismo ao longo dos
séculos, e esses sutras teriam sido atribuídos a Shakyamuni Buddha para maior
credibilidade e também para evitar a autopromoção do mestre. Essa é uma teoria aceita por
vários mestres atuais.

Uma outra possibilidade de atrito é em relação à questão de moralidade. Na escola


Theravada em geral e em algumas poucas escolas Mahayana, é defendida uma visão de
moralidade mais rígida, em que a tradição e a leitura mais literalista dos sutras deve
prevalecer nas dúvidas relacionadas à moralidade. Já na maioria das escolas Mahayana e
também no Zen, a moralidade é compreendida como uma decorrência da sabedoria e da
compaixão, sendo portanto possivelmente ajustada a cada momento, a depender das
circunstâncias, sempre buscando o maior benefício para os seres.

Por fim, a abordagem mais equilibrada e harmônica solicita que as diferentes formas de
budismo se respeitem de forma não-sectária. Existe por exemplo um respeitado documento
“Os Pontos Básicos Unificando o Theravada e Mahayana”, preparado pelo Venerável
Walpola Rahula, um importante professor Theravada, que foi aprovado unanimemente em
um grande congresso mundial budista em 1967 (WBSC), em que estavam presentes
representantes de múltiplas escolas budistas Mahayana e Theravada.

Genealogia do Zen Budismo6

Chan / Zen

Bodhidharma (Primeiro Ancestral)



Hui Neng (Sexto Ancestral)

Shitou Xiqian Mazu Daoyi


(Sekitō Kisen)

Escola Caodong (Soto) Escola Escola Escola Escola Linji

6
Notas por Jôken.
Fayan Yunmen Guiyang (Rinzai)

Atualmente a escola Caodong Incorporadas ao Linji (Rinzai) Escola dominante


é praticamente extinta na na China, Coréia e
China, embora existam ainda Vietnã.
templos historicamente
associados à escola. A
linhagem prosseguiu com
Dogen Zenji no Japão, onde a
escola Soto é mais difundida
que a Rinzai.

Sobre o Zen Budismo

Tradicionalmente a linhagem do Zen Budismo começou quando Shakyamuni Buddha


transmitiu um ensinamento sutil e sem palavras ao Venerável Mahakasyapa (Makakashô):

Caso 2 do Denkoroku: O Venerável Makakashô foi o primeiro ancestral. Certa vez, quando
o Honrado do Mundo levantou uma flor de lótus dourada e piscou, Makakashô sorriu.
Assim, o Honrado do Mundo disse: ― Eu tenho o Olho Tesouro do Verdadeiro Dharma e a
Maravilhosa Mente de Nirvana, e isto eu transmito a Makakashô.

Sucessivas gerações de ancestrais transmitiram esse ensinamento na Índia, até que


Bodhidharma levou essa linhagem à China, dando início a escola Chán.

O Budismo Chán/Zen é também frequentemente apresentado com o famoso verso atribuído


à Bodhidharma:

教外別傳 jiào wài bié zhuàn Uma transmissão externa aos ensinamentos,

不立文字 bú lì wén zì que não depende de palavras escritas,

直指人心 zhí zhĭ rén xīn diretamente apontando a mente humana,

見性成佛 jiàn xìng chéng fó veja a [verdadeira] natureza e se torne Buddha.

Uma versão mais antiga do verso não inclui a primeira frase7:

7 https://terebess.hu/zen/mesterek/40b.5-Transmission-outside-the-scriptures.pdf
直指人心 zhí zhĭ rén xīn Diretamente aponto a mente humana,

見性成佛 jiàn xìng chéng fó veja a [verdadeira] natureza e se torne Buddha,

不立文字 bú lì wén zì não dependa de palavras escritas.

Essa frase às vezes é interpretada como uma completa rejeição do Zen às escrituras e
ensinamentos usando palavras, porém essa não é a interpretação mais correta. Um
entendimento mais correto (embora ainda incompleto) é que no Zen não basta a
compreensão dos ensinamentos das escrituras ou das palavras dos outros, é necessária a
experiência direta do despertar, e o reconhecimento dessa experiência por um professor
desperto, o selo da transmissão.

Portanto o Zen não considera os ensinamentos das escrituras e as palavras dos


professores como incorretos ou inúteis, e sim como insuficientes ou como guias provisórios,
até que o praticante possa ter uma compreensão mais profunda por uma experiência direta
de despertar. Em algumas formas de budismo existem construções temporárias
intermediárias para preparar a mente do praticante para ensinamentos mais definitivos. Mas
mesmo essas formas de budismo abandonam essas construções depois. Os professores do
Zen, em geral, evitam a maioria dessas construções intermediárias, tentando apontar
diretamente para o âmago do budismo.

“Tudo que aparece nos três reinos vem da mente. Por isso budas do passado e do futuro
ensinam de mente a mente, sem se preocupar com definições.”
Bodhidharma

“Estudando o Zen, a pessoa usa todos os veículos do budismo; praticando o Zen, a pessoa
alcança o despertar em uma única vida.”
Myōan Eisai8

[Alguém] pode perguntar: “Certamente, alguém que está pensando em praticar meditação
sentada pode também fazer práticas como as recitações de mantra do Shingon ou a prática
de introspecção do Tendai, em que se tenta parar os pensamentos maus e contemplar o
que é a verdade, certo?”
Eu [Dôgen Zenji] apontaria o seguinte: “Quando eu estava na China, eu perguntei a mestres
de nossa tradição sobre as chaves genuínas para uma prática com sucesso. Nenhum deles
disse que havia ouvido de qualquer dos Ancestrais de quem o selo do Buddha havia sido
propriamente Transmitido - fosse na Índia ou na China, agora ou no passado - por essas
duas práticas.” [...]

“Todos os Buddhas, sem exceção, confirmam ter realizado o estado de iluminação


demonstrando a habilidade de transmitir o inconcebível Dharma. Como representações da
Verdade, eles empregam um método insuperável e inconcebivelmente maravilhoso que
8
​Eisai foi o fundador do Zen Rinzai no Japão. Eisai foi mestre de Myozen, por sua vez
mestre de Dôgen Zenji pela linhagem Rinzai.
funciona sem esforço. É simplesmente esse método que os Budas transmitem aos Budas,
sem desvio ou distorção, e seu estado meditativo de deleite na Verdade é seu padrão e
medida. À medida que têm prazer em ir a qualquer lugar para ajudar espiritualmente outros
enquanto estão nesse estado, eles tratam esse método deles - a prática da meditação
sentada - como o Portal mais adequado e mais direto para entrar no Caminho.”
Dōgen Zenji em Shōbōgenzō: Bendowa

“Portanto, não há sombra de dúvidas que os Ancestrais transmitiram diretamente, um a um,


a prática da meditação sentada. Ser iluminado pelo esplendor dos Budas e Ancestrais é nos
dedicar a explorar através de nosso treinamento o que é essa prática de meditação
sentada.”
Dōgen Zenji em Shōbōgenzō: Zazen Shin

Algumas características de diferentes Escolas e Tradições Budistas9

Observação: Agrupamos aqui grandes tradições que na verdade são compostas por
múltiplas escolas diferentes, trata-se na verdade de um quadro bastante simplificado
apenas para fornecer um panorama geral e introdutório das diferentes escolas.

Práticas Veículo Abordagem Sutras / Textos


Principais para o Nirvana principais
/ Despertar

Zen Soto Zazen / Mahayana, Instantaneísta10 Sutras Prajnaparamita,


Shikantaza Ekayana Lankavatara,
Surangama, Sutra de
Lótus, Shobogenzo,
Denkoroku,
Cânon Chinês / Taishô
Tripitaka.

9
Notas por Jôken.
10
Às vezes a escola Soto é considerada gradualista em relação à Rinzai mas isso não é
tecnicamente correto, todas as escolas Zen sobreviventes são da linhagem de Hui Neng, e portanto
instantaneístas. As linhagens de Shen Hsiu, gradualistas, se extinguiram. Hui Neng e Shen Hsiu
foram os principais discípulo do quinto ancestral do Zen na China (Daman Hongren - Daiman Kônin
Daioshô), mas de acordo com a tradição foi Hui Neng quem recebeu a transmissão autêntica e
completa da linhagem. Esses detalhes são descritos no “Sutra da Plataforma” de Hui Neng, existindo
uma bela tradução desse texto para o português feita por Kômyô Sensei:
https://www.agbook.com.br/book/40128--O_Sutra_de_Hui_Neng
Zen Rinzai / Zazen, Mahayana, Instantaneísta Sutras Prajnaparamita,
Chan Linji / Zen Koans Ekayana Lankavatara,
Vietnamita Surangama, Sutra de
Lótus, Diversas
coleções de Koans,
Cânon Chinês / Taishô
Tripitaka.

Terra Pura Recitação Mahayana, Renascimento Sutra da Vida


do nome Ekayana em uma Terra Imensurável, Amida
do Buda Pura para Sutra, Sutra da
Amida praticar com o Contemplação,
Buda Amida Surangama Sutra,
Sutra de Lótus, Cânon
Chinês / Taishô
Tripitaka.

Tibetano Guru Yoga, Mahayana, Gradualista / Tantras, Sutras Prajna


Métodos Vajrayana acelerada Paramita, Diversos
Tântricos, Sutras Mahayana,
Mantras, Cânon Tibetano.
Visualizaçõ
es,
Shamata e
Vipassana

Theravada Meditação Por vezes Gradualista Suttas do Cânon Pali


Samata e associado ao
Vipassana Shravakayan
a pelo
Mahayana,
porém o
Theravada
rejeita a
classificação
por veículos.
Sobre trocar de caminho11

Aluno: Como faço para aprofundar mais a prática, o caminho?

Monge Genshô: Tem uma imagem bastante interessante que é assim: você tem uma
montanha para subir, aí você quer um caminho espiritual. Escolha um caminho espiritual e
comece a trilhá-lo seriamente. Agora, se começou a subir a montanha e olha para o outro
lado e vê outra trilha mais bonita. Sai da trilha e vai para a outra. Quando está na outra, vê
mais outra e muda para lá. Assim não sobe a montanha. Porque você não faz outra coisa
se não experimentar trilhas. Não é assim. Você não atinge uma graduação na faculdade
mudando de curso. Faz dois meses de um curso, depois muda para outro, outro, outro.
Muda quatro ou cinco cursos e não termina nenhum. Não é diferente do praticante espiritual
que vive como uma borboleta, trocando de lugar, tentando treinar de forma diferente.

Caminho espiritual a sério é: escolha seu professor. Mesmo. Normalmente a escola vem
junto. Você não escolhe a escola e depois o professor. Normalmente você encontra seu
professor aí então treina naquela escola. Treina até ultrapassar o professor. Um bom
professor quer que você seja melhor do que ele, e não menos do que ele. Não fica tentando
controlar você, mandando, tentando reter os alunos, não têm ciúmes dos alunos, não
pretende enriquecer com alunos, nada disso. Procure um professor que você olhe para ele
e diga “ah, isto eu admiro”. E não espere ver uma pessoa perfeita. Se Jesus Cristo
parecesse perfeito, os soldados romanos não conseguiriam cuspir ou bater nele com
chicotes. Se Buda parecesse perfeito, não teria alunos que se revoltaram contra ele,
quiseram sair, fazer outro grupo, fazer fofoca. Até um tentou matá-lo uma vez. Não seria
assim.

Os mestres também estão trilhando o caminho e eles podem ajudar a você. “Eu andei essa
trilha até tal lugar, cuidado, nesse lugar você precisa usar tênis. Naquele outro ali, precisa
de um bastão. Leve corda para tal trecho.” Esse é o guia que pode ajudar você. Mas quem
não trilhou um caminho não pode ajudar ninguém. E se você olhar com atenção, vai ver que
existem muitos surgimentos de professores que a única coisa que têm é a imagem. Hoje
ficou fácil verificar. Pode pegar o nome de qualquer um e colocar o nome na internet.
Pronto. Assim você vai saber. Se pegar um professor como o Dalai Lama (Escola Tibetana),
você vai ver que escreveu ensinamentos e 99% do que se fala dele é bom. Agora, se você
pegar alguém e metade das pessoas fala bem e outra metade fala mal, há muitas
controvérsias, vá embora. Procure um professor mais sólido.

11
​Do blog: ​https://www.daissen.org.br/trocar-de-caminho/
O caminho do meio dentre a diversidade de conteúdos

Vídeo: O caminho do meio dentre a diversidade de conteúdos (por Genshô Sensei)


https://www.youtube.com/watch?v=pjh7g4boFPQ

Cronologia do Budismo

Século e Eventos Budistas Eventos/personagens


Regiões dos históricos no mesmo
eventos período

Século VI a V Vida do Buda Histórico 566-486 A.E.C. - Império Persa


A.E.C. (cronologia tradicional) ou 490-410 fundado por Ciro (550)
(Reinos do Norte (cronologia acadêmica)12 - Confúcio (551-479)
da Índia e Nepal) - Zarathustra (630-553)
- Lao Zi (601-521)

Século V A.E.C. Primeiro Concílio Budista em Rajagaha, - Sócrates (469-399)


(Rajagaha) presidido por Mahakashyapa, sob a - Platão (427-347)
patronagem do rei Ajatasattu . - Guerras Greco-Persa
(490-479)
- Construção do
Parthenon (438)

Século IV A.E.C. - Segundo Concílio em Vesali (386 A.E.C) - Aristóteles (384-322)


(Subcontinente cerca de 100 anos após o Mahaparinirvana. - Alexandre o Grande
indiano) - Primeiro grande cisma da Sangha com a (356-323) invade o
separação da escola Mahasanghika da subcontinente indiano
escola dos Anciãos (posteriormente
(327)
Theravada).

Século III A.E.C. - Reino do Imperador Ashoka (Dinastia - Grande Muralha da


(Subcontinente Maurya, 272-231) que se converte ao China (250 A.E.C.)
indiano) budismo e patrocina o Dharma de Buddha - Hannibal invade a
por todo o império. Itália (218 A.E.C.)
- Terceiro Concílio Budista em Pataliputra
(250) cerca de duzentos anos após o
Mahaparinirvana.
- Budismo estabelecido no Sri Lanka (247)
tradicionalmente por Mahinda, filho

12
A cronologia mais moderna é baseada na datação do reinado de Ashoka e outros eventos
históricos mais precisamente determinados.
missionário de Ashoka.
- Primeiros registros escritos sobre o
Budismo (Pilares com os Editos de
Ashoka).
- Provável finalização do Cânon Pali (ainda
com transmissão oral).

Século II A.E.C. - Provável composição da literatura Prajna - Destruição de


(Subcontinente Paramita (ainda com transmissão oral). Cartago (146 A.E.C)
indiano)

Século I A.E.C. - Cânon Pali foi todo registrado em folhas - Júlio César cruza o
(Sri Lanka e de palma no Sri Lanka (35-32), porém essa Rubicão (48 A.E.C)
Paquistão) versão não sobreviveu. - Fim da República
- Milinda-pañha (Diálogo entre o sábio Romana e Início do
budista Nagasena e o rei Indo-Grego Império Romano (27
Menander I). A.E.C.)
- Nascimento revisado
de Jesus Cristo (4
A.E.C).

Século I E.C. - Menção a dois missionários budistas - Nascimento


(Subcontinente (Kasyapa Matanga e Dharmaratna) e ao tradicional de Jesus
indiano, Sutra das 42 Seções (considerado Cristo (1 E.C).
Paquistão, Mahayana) na corte chinesa do imperador - Crucificação de Jesus
China). Ming (Dinastia Han, em 67 E.C.)
Cristo (33 E.C
- Primeiras estátuas de Buda.
tradicionalmente).
- Provável início da composição do Sutra de
Lótus. - Grande incêndio em
Roma, Nero põe a
culpa nos cristãos (64)
- Destruição do
segundo templo de
Jerusalém (70).

Século II E.C. - Budimo estabelecido no Camboja em 100 - Construção da


(Subcontinente E.C. Muralha de Adriano na
indiano, Camboja - Budismo estabelecido no Vietnã em 150 província romana da
e Vietnã). E.C. Britânia (122)
- Budismo é difundido na Ásia Central e - Auge do Império
China. Romano com
- Provável finalização do Sutra de Lótus e imperadores Adriano,
composição de diversos sutras Mahayana. Trajano e Marco
- Nagarjuna (150) funda a escola Aurélio.
Madhyamika (Caminho do Meio) na região
de Nalanda.

Século III E.C. - Expansão do Budismo para Burma, - Império Pérsia volta a
(Subcontinente Camboja, Laos, Vietnã e Indonésia. rivalizar com Roma
indiano, - Significativa influência budista na Pérsia. - Três Grandes Reinos
Camboja, Vietnã, na China (Wu, Wei e
Burma, Laos, Shu-han)
Indonésia, - Império Maia na
Pérsia) Meso-américa.

Século IV E.C. - Asanga (310-390) e seu irmão - Conversão do


(Subcontinente Vasubandhu (420-500) fundam a escola imperador Constantino
indiano, China, Yogacara na região de Nalanda. ao Cristianismo (312).
Coréia) - Tradução de importantes textos budistas, - Transferência da
capital do império
inclusive o Sutra do Diamante para o chinês
romano para
por Kumarajiva.
Constantinopla (330).
- Budismo entra na Coréia (372).
- Provável início histórico do Budismo
Vajrayana na Índia.

Século V E.C. - Universidade monástica budista de - Queda do Império


(Subcontinente Nalanda fundada na Índia (algumas fontes Romano Ocidental
indiano, Burma, colocam essa fundação até 4 séculos (476)
Coréia, China, anteriores).
Java, Sumatra e
- Budismo estabelecido em Burma e
Borneo)
Coréia.
- Surgimento do budismo Terra Pura e
devoção ao Buda Amida na China.
- Monjas Theravada do Sri Lanka
introduzem a linhagem monástica feminina
na China (433).
- Budismo Mahayana introduzido em Java,
Sumatra e Borneo.

Século VI E.C. - Bodhidharma, primeiro ancestral na China - Profeta Maomé


(China, Japão e do Chan (Zen) chega da Índia na China (571-632)
Indonésia) (526)
- Era de Ouro do Budismo Chinês:
desenvolvimento das escolas Tien-tai,
Hua-yen, Terra Pura e Chan.
- Budismo chega ao Japão (528) e se torna
a religião estatal (594).
- Budismo florescendo na Indonésia.
Século VII E.C. - ​Dajian Huineng (638–713), sexto ancestral - Era da expansão
(Índia, China) do Chan (Zen) na China. islâmica no Oriente
- O monge budista chinês Xuanzang Médio (630-725)
(602-664) visita a Índia e Nalanda
retornando grande número de textos,
principalmente da escola Yogacara.

Século VIII E.C. • Diversas escolas budistas (Jöjitsu, Kusha, O Islã ocupa o Norte
Sanron, Hossö, Ritsu, and Kegon) da África e Ásia
proliferam no Japão. Central.

Complexo de templos Borobodur construído - Carlos Magno


em Java. Construção do primeiro (742-814)
monastério no Tibet (Sam-ye) e
estabelecimento da escola Nyngma, a mais Início da Era Viking
antiga escola tibetana (749) (793)

Budismo Chan supostamente perde um


grande debate sob o imperador Trisong
Detsen (escolas indianas versus escolas
chinesas) e é banido do Tibet (controverso).

Século IX E.C. - Dongshan Liangjie (Tōzan Ryōkai) e - Primeiro livro


Caoshan Benji (Sōzan Honjaku) fundam a impresso, o Sutra do
escola Caodong (Soto) na China. Diamante na China
- Linji Yixuan, fundador da escola Linji (868)
(Rinzai) falece na china (866). - Dinastia Khmer
- Escolas Tendai e Shingon fundadas no constrói o Angkor Wat,
Japão. o maior monumento
- Grande perseguição ao budismo na China religioso do mundo no
(845). Camboja, que
- Biografia de Buda traduzido para o grego posteriormente viria a
por São João de Damasco e distribuída na se tornar um complexo
esfera cristã com o nome de “Barlaão” e budista.
“Josafá”.

Século X E.C. - Primeira impressão completa do Cânon - Os Vikings se


Chinês budista (983), conhecida como estabelecem na
edição Szechuan. Normandia.
- Budismo na Tailândia (900-1000)
- O Islam substitui o budismo na Ásia
central (900-1000).

Século XI E.C. - Declínio do Budismo na Índia. - Grande cisma da


- Fundada a escola Kadampa por Atisha no Igreja Católica e
Tibet. Ortodoxa (1054)
- Fundada a escola Kagyu por Marpa no
Tibet. - Primeiras cruzadas
- Estabelecida a escola tibetana Sakya. (1096-1099)
- As comunidades monáticas de bhikkhus e
bhikkhuni (monges e monjas) em
Anuradhapura, Sri Lanka, temporariamente
desaparecem após invasões a partir do sul
da Índia.
- Revive o budismo Theravada no Sri Lanka
e Burma.

Século XII E.C. - Eisai (1141-1215) funda a escola Zen - Fundada a


Rinzai japonesa (Eisai foi mestre de Universidade de
Myozen, que por sua vez viria a ser mestre Bolonha (1119) e a
de Dogen Zenji, pela linhagem Rinzai). Universidade de Paris
- Hônen (1133-1212) funda a escola Terra (1150).
Pura no Japão.

- Em 1193, a Universidade de Nalanda foi


destruída pela dinastia Mamluk, Sultanato
de Delhi. O mesmo ocorreu com a
universidade de Valabhu. Após a
consolidação do domínio do Sultanato de
Delhi, o Budismo declinou rapidamente no
subcontinente indiano até praticamente a
extinção na região, com exceção da ilha de
Sri Lanka.
- O budismo na Coréia floresce sob a
dinastia Koryo (1140-1390).

Século XIII E.C. - Dogen (1200-1253) funda a escola Soto - Carta Magna (1215)
Zen no Japão. - Genghis Khan invade
- Shinran (1173-1263) funda a escola Terra a China (1215)
Pura Shin no Japão. - Finalizada invasão
- Nichiren (1222-1282) funda a escola mongol na China
Nichiren no Japão. (1279)
- Mongóis são convertidos ao budismo - Viagens de Marco
Vajrayana. Polo de Veneza à corte
- O budismo Theravada chega ao Laos. chinesa/mongol de
Kublai Khan
(1271-1295)

Século XIV E.C. Refundação do Templo Sôji-ji (na linhagem - China obtém a
Soto Zen) por Keizan Jokin Zenji (1321). independência dos
- Editado o Cânon Tibetano. Mongóis na dinastia
- Budismo Theravada se torna a religião Ming (1368).
estatal na Tailândia (1360).
- Budismo Theravada adotado no Camboja
e Laos.
- Fundação da escola Gelugpa no Tibet.

Século XV E.C. - Início da linhagem do Dalai Lama no - Desenvolvimento da


Budismo Tibetano. imprensa na Europa
- No Camboja, o templo Vishnuíta de - Leonardo Da Vinci
Angkor Wat se torna um centro budista. (1452-1519)
- Colombo chega à
América (1492)
- “Descobrimento” do
Brasil (1500)

Século XVI E.C. - O Quinto Dalai Lama encontra o - Reforma protestante


imperador Qing próximo a Beijing. - Shakespeare
(1564-1616)
- Galileo (1564-1642)

Século XVII E.C. - Controle do budismo japonês pelo - Descoberto o


Shogunato de Tokugawa. Teorema Fundamental
- Hakuin (1686-1769) monge, escritor e do Cálculo por Newton
artista ajudou a reviver a escola zen Rinzai e Leibniz.
- Publicado
no Japão.
Philosophiæ Naturalis
Principia Mathematica
por Isaac Newton, com
a Teoria da Gravidade
(1687)

Século XVIII E.C. - Ocupação colonial do Sri Lanka, Burma, - Iluminismo na Europa
Laos, Camboja e Vietnã. - Independência
Americana (1776)
- Revolução Francesa
(1789)

Século XIX E.C. - Primeiras traduções ocidentais de textos - Guerras


budistas, com muitos erros de Napoleônicas
interpretação. (1803-1815)
- Independência do
Brasil (1822)
- Primeiro Templo Budista Chinês nos
- A Origem das
Estados Unidos, São Francisco (1853)
Espécies de Darwin
(1859)
- Primeiros templos budistas no Ocidente - Solução da Radiação
fundados por imigrantes japoneses e de Corpo Negro por
chineses na costa Oeste Americana na Max Planck (1900)
segunda metade do século XIX.

- Grande perseguição contra o budismo no


Japão (Haibutsu kishaku), com a
Restauração Meiji, que destruiu o
shogunato e os samurais (que
patrocinavam o budismo) e estabeleceu
ênfase ao Shintoísmo, com a destruição de
cerca 40 mil templos budistas (1868-1874).

Século XX E.C. - Missionários de múltiplas escolas e - Teoria da


tradições budistas chegam ao Ocidente e Relatividade Especial
fundam milhares de templos e monastérios. por Einstein (1905)
- Física Quântica
(diversas soluções ao
• Edição Taishô Shinshu Daizokyô do
longo do século)
Cânon Budista Chinês impressa em Tóquio
- Primeira Guerra
(1924-1929). Mundial (1914-1918)
- Revolução Comunista
- Dalai Lama é exilado na Índia com a na Rússia (1917)
invasão chinesa ao Tibet (1959). - Teoria da
Posteriormente mestres tibetanos exilados Relatividade Geral por
fundam grupos budistas em diversas partes Einstein (1922)
do mundo. - Segunda Guerra
Mundial (1939-1945)
- Destruição de
- Fundação do Templo Busshinji em São
Hiroshima e Nagasaki
Paulo (1959). com bombas atômicas
(1945)
- Revolução Cultural na China (1966) - Descoberta da
provoca a destruição milhares de templos, estrutura em hélice
bibliotecas e linhagens budistas. dupla do DNA (1953)
- Sputnik (1957)
- Chegada da
humanidade na Lua
(1969)
- Queda do Muro de
Berlim (1989)

Século XXI E.C. Fundação do Daissen Ji - Ataques de 11 de


setembro (2001)
- Massificação da
Internet

Budismo Atual em Números

Tabela: Países com Maior Número Absoluto de Budistas (estimativa)


Tabela: Países com Maior Percentual de Budistas (estimativa)

Tabela: Países Ocidentais com Maior Número Absoluto de Budistas (estimativa)


Mapa: Percentual aproximado de População Budista por país

Você também pode gostar