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SUMÁRIO

1 A LUDOPEDAGOGIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ..................................... 3

1.1 Ludopedagogia: o brincar como foco na educação infantil.......... 3

2 A VALORIZAÇÃO DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO


INFANTIL 6

2.1 Jogos na Educação Infantil ......................................................... 7

3 BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL ............................................. 8

3.1 Brincar não só Por Brincar .......................................................... 9

3.2 Público Alvo da Educação Infantil ............................................. 11

3.3 O Papel do Professor ................................................................ 11

4 A LUDOPEDAGOGIA NAS ESCOLAS BRASILEIRAS ............................ 14

5 AS CONTRIBUIÇÕES DO BRINCAR ....................................................... 16

6 A LUDOPEDAGOGIA E AS SUAS CONTRIBUIÇÕES............................. 18

7 JOGAR E BRINCAR, UMA FORMA DE EDUCAR ................................... 20

8 O LÚDICO E A EDUCAÇÃO INFANTIL .................................................... 30

9 O LÚDICO E AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS ......................................... 34

9.1 O Papel do Brinquedo no Desenvolvimento Infantil .................. 35

9.2 As Técnicas Lúdicas Utilizadas na Educação Infantil ................ 36

10 JOGOS .................................................................................................. 39

11 BRINCADEIRAS .................................................................................... 42

12 VALOR SOCIAL, CULTURAL, AFETIVO E EDUCATIVO DO LÚDICO 45

13 QUATRO FERRAMENTAS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL INOVADORA


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BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 50

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1 A LUDOPEDAGOGIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

1.1 Ludopedagogia: o brincar como foco na educação infantil

A ludopedagogia é um segmento da pedagogia dedicado a estudar a influência


do elemento lúdico na educação. Não se trata apenas da inserção da brincadeira pura
e simples. Ela é uma ferramenta para propósitos pedagógicos dentro das diretrizes
educacionais vigentes.
Mas, afinal, por que o brincar pode ser o norte da educação infantil? O lúdico
faz parte da natureza da criança, é uma linguagem inerente a ela. Quando a
brincadeira é trabalhada com um objetivo pedagógico potencializa o processo de
aprendizagem, tornando o desenvolvimento infantil mais completo. Por meio de
recursos lúdicos, como jogos, games, teatro, música, cinema, a criança desenvolve a
capacidade de formar conceitos, selecionar ideias, estabelecer relações e integrar
percepções. A ludicidade serve a um propósito de construção de valores sociais e
afetivos, além de desenvolver os campos intelectual e motor.
As diretrizes educacionais brasileiras, na Educação Infantil e nos ciclos iniciais
do Ensino Fundamental, estimulam o uso do lúdico dentro da sala de aula, de modo
que muitas escolas já investem em ludopedagogia sem saber. É importante que as
crianças tenham tempo e espaço para o brincar livre. Porém, as brincadeiras com
objetivo pedagógico devem ter atenção especial do professor, que devem saber
diferenciar os recursos lúdicos com caráter apenas de entretenimento daqueles que
possuem fundamentação pedagógica.
Entre os fatores fundamentais nessa escolha, estão: faixa etária, potencial
criativo e desafiador, possibilidade de autonomia e protagonismo da criança, além da
diversidade na oferta. A inserção das novas tecnologias tem se mostrado uma
importante iniciativa nesse sentido, pois elas têm forte apelo no universo dos nativos
digitais. Alguns recursos, inclusive, têm favorecido a inclusão de crianças com
deficiência, como o uso de games com crianças autistas e com Síndrome de Down.
O acesso ao ensino regular a partir dos 4 anos não significa antecipar os
processos de alfabetização. Essa lei vem consolidar a importância dessa fase na vida
das crianças, com um objetivo muito mais voltado ao desenvolvimento integral da
criança do que à inserção de conteúdos específicos das disciplinas tradicionais.

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Nessa fase, o trabalho é voltado à construção de valores éticos, morais e
sociais, estruturação de conceitos lógicos, desenvolvimento da coordenação motora
e capacidade de raciocínio.

Fonte: playtable.com.br

Jogos e brincadeiras são ótimos para trabalhar socialização, respeito a regras


e resolução de conflitos. Brincadeiras com movimento, como atividades esportivas,
queimada, bambolê, são fundamentais para o desenvolvimento da coordenação
motora. Contação de histórias, desenho, música e teatro são importantes para
despertar a imaginação, a expressão, desenvolver linguagens e formar futuros
leitores. Já os games, jogos de tabuleiro e de construção são importantes para
desenvolver o raciocínio lógico e construir conceitos matemáticos, que darão suporte
para o aprendizado das operações, geometria e até de assuntos de Química e Física.
Diante disso, ao inserir as crianças no ambiente escolar ainda aos 4 anos de
idade, docentes, gestores e pais não devem privá-las dos momentos lúdicos. Pelo
contrário, devem incentivá-los, pois o brincar propicia momentos valiosos de
exploração, em que os pequenos interagem e descobrem o mundo que está a sua
volta e têm a oportunidade de se expressar por meio das linguagens. 1

1 Extraído do link: kumon.com.br

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A Educação Infantil, durante muito tempo, era feita dentro do ambiente
doméstico, onde a educação era parcialmente atribuída à mãe. Com o passar dos
anos, na perspectiva evolucionista, o tradicional está sendo interrogado e por conta
desse avanço a Educação Infantil está contribuindo para inovações no espaço
escolar.
Os espaços de aprendizagens tentam sintonizar os meios em que as crianças
irão se desenvolver, ou seja, a escola prover de valores, regras, crenças e ritmos. Ao
usufruir dos jogos e das brincadeiras na Educação Infantil como uma estratégia, o
educador ganhar forças e favorece o desempenho da criança. As brincadeiras
aleatórias são tão importantes quanto às direcionadas pelo professor com objetivo
para alcançar a integração e socialização do grupo, sendo assim, o jogo e a
brincadeira proporcionam questões de gênero, desenvolvimento linguístico, relações
com o outro, saberes culturais, valores, habilidades motoras e afetivas. No brincar, a
criança tem oportunidade de planejar e decidir sobre sua vivência e ressignificar o
mundo ao seu redor. É de extrema importância à valorização dos interesses e
necessidades da infância, a defesa do desenvolvimento natural; a crítica a escola
tradicional. A Educação Infantil vai além do ensino; envolve o educar e o cuidar
priorizando o lúdico, desde 1996 com a nova Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394\96)
passou a integrar a Educação Básica, juntamente com o Ensino Fundamental e o
Ensino Médio.
A Educação Infantil envolve valores que são aprendizagens nas experiências
da vida, onde é dever de todos possibilitar aos educandos dos anos iniciais,
transformações e promoção desenvolvimento cognitivo, fisiológico, psicológico e
social. Afinal, para as crianças é uma etapa completamente nova e cheia de desafios
e mudanças. O objetivo desse estudo é provocar um diálogo sobre a importância dos
jogos e brincadeiras na Educação Infantil. E também, como deve ser valorizada essa
prática lúdica, que se desprende do tradicional. Na qual a criança aprende brincando
e com jogos, modificando a imagem de que, os jardins de infância são apenas para
se brincar só por brincar. Apresentar conceitos fundamentados e alguns aportes
teóricos acerca da importância e valorização dos jogos e brincadeira, desmistificando
a visão tradicional dos jardins de infância como espaço de passa tempo e de pouca
relevância no aprendizado. Aproximando-se assim, da nova proposta pedagógica de
aprender com o lúdico, com as crianças brincando e jogando.

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2 A VALORIZAÇÃO DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A pré-escola com princípios básicos tem sempre componente principal, as


atividades. Desde seu início, na Europa, com Froebel – o criador dos jardins de
infância– passando por Declory e seus “centros de interesses” até Montessori e sua
“Pedagogia Cientifica”, no fundamental para a escola nova é a atividade e seu caráter
lúdico. No século XX os processos de interação do homem com o meio passaram a
obter lugar de destaque nos estudos científicos, na medida em que, voltou-se o
pensamento para a oferta de um sistema educacional atento as interações dos
indivíduos.
De acordo com a Lei, a Educação Infantil deve oferecer creches para as
crianças de 0 a 3 anos e pré-escolas para as crianças de 4 e 5 anos. Não cabe a
Educação Infantil alfabetizar a criança, pois nessa fase ela não tem maturidade neural,
porém deve-se permitir que a criança aprenda. É preciso dar função à leitura e à
escrita para que a criança compreenda suas utilidades.
As instituições infantis devem ter uma estrutura física totalmente propícia para
as necessidades da criança, desde o fraldário a espaços arejados com objetos a seu
alcance. O objetivo é desenvolver algumas capacidades, como: conhecer seu próprio
corpo, utilizar diferentes linguagens, aguçar a curiosidade, ampliar relações sociais,
brincar e se expressar das mais variadas formas, entre outros.
Em 24 de Agosto, é comemorado o dia Nacional da Educação Infantil e foi
instituída em 2012, com o intuito de promover práticas de educação a crianças de até
5 anos. Portanto, este artigo buscou explorar as diversas ideias de que a criança é um
ser humano que está em sua primeira fase de desenvolvimento e sua única
preocupação diária deveria ser: “qual será a próxima brincadeira inédita? ”. Para
alguns autores intelectuais a criança é sinônimo de ingenuidade, para outros é apenas
um adulto em miniatura.
Algumas vezes a Educação Infantil na creche e pré-escola é vista como um
período que não tem tanta importância. Diante disso, houve uma reforma na maneira
de educar, a utilização de novos métodos corroborou com a eficácia, dando uma
educação prazerosa que surgiram ao longo de observações e pesquisas, além da
percepção aguçada do professor em explorar diversas produções sensoriais, audíveis
e visuais. Afinal, o mediador é responsável por estimular a criança no processo de
aprendizagem.
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2.1 Jogos na Educação Infantil

O jogo há muito tempo vem sendo ignorado como fonte de facilitação do


processo ensino aprendizagem, visto que, há em torno deste, uma desconstrução da
sua ação pedagógica. No entanto, tais especulações desconsideravam as reais
possibilidades vinculadas a elaboração do conhecimento a partir da socialização,
interação com o meio e desenvolvimento de habilidades que as atividades forneciam.
Com o objetivo de quebrar esses paradigmas a educação de crianças pequenas, tem
levado ao meio educacional inúmeras discussões.
Posto que, a primeira infância tem sido reconhecida na perspectiva que se dá
ênfase a importância do brincar em relação ao cuidar, acredita-se, que a escola tem
que já nos anos iniciais, enfatizar os processos educativos através de estímulos que
reforcem a aprendizagem e o aprimoramento cognitivo.
A Lei de Diretrizes e Base (LDB) compreende em seu art. 29 “A educação
infantil como a primeira etapa na educação básica e esta deve garantir o
desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos
físicos, psicológicos, intelectuais e sociais, complementando a ação da família e da
comunidade”. Por tanto, entende-se que os jogos lúdicos exercem o papel de
aproximação do indivíduo com o meio, com seus pares e em situações reais ou
imaginárias devem estar atrelados ao raciocínio lógico, de conhecimento cientifico,
estabelecendo um conjunto social. Além de promover a formação de habilidades
fundamentais para as etapas seguintes da escolarização. Segundo Luckesi (2000),
[...] o que a ludicidade traz de novo é o fato de que o ser humano, quando age
ludicamente, vivencia uma experiência plena. [...]. Enquanto estamos participando
Seminário Gepráxis, Vitória da Conquista – Bahia – Brasil, v. 6, n. 6, p 2325-2335,
2017. 2329 verdadeiramente de uma atividade lúdica, não há lugar, na nossa
experiência, para qualquer outra coisa além desta atividade. Não há divisão. Estamos
inteiros, plenos, flexíveis, alegres, saudáveis. [...]. Brincar, jogar, agir ludicamente
exige uma entrega total do ser humano, corpo e mente ao mesmo tempo. (LUCKESI,
2000, p. 21).
Sendo assim, é preciso lembrar que a criança está em constante
desenvolvimento, e por meio deste, estabelece características específicas que
revelam a compreensão dos conhecimentos adquiridos.

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Os jogos lúdicos inclusive, para que a interatividade desempenhe uma função
educativa nos anos iniciais da educação básica, despertando a imaginação, satisfação
e o interesse em cumprir regras na experiência concreta. Possibilita ao educador
tornar o ambiente escolar em um espaço prazeroso, onde os procedimentos que
levam ao aprendizado estejam expostos de maneira leve e atraente, bem como põe
em prática o que diz a lei 8069/90 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em
seu artigo 16, inciso IV, em que dispõe a brincadeira, prática de esporte e diversão
como direitos a liberdade das crianças e dos adolescentes.

3 BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A palavra brincar é proveniente de origem latina, do termo vinculum que quer


dizer laço; algema, e é derivada do verbo Vincere que tem como seu significado
prender, seduzir, encantar. Vinculum virou Brinco e posteriormente originou o verbo
BRINCAR. Podemos analisar que a etimologia da palavra, bem como sua pratica tem
o potencial de conciliar o processo de formação do indivíduo através do lúdico, visto
que, o brincar é algo importante e necessário para as crianças e relacionando a
atividade ao processo de mediação da produção do desenvolvimento. Vygotsky
(1989) traz uma reflexão acerca do brincar na infância, para ele o brincar cria uma
zona de desenvolvimento proximal, impulsionando a criança para além do estágio de
desenvolvimento que ela já atingiu, assim apresentando-se acima do esperado para
a sua idade e de seu comportamento habitual. "Como no foco de uma lente de
aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma
condensada, sendo, ele mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento".
(VYGOTSKY, 1989, p. 117).

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Fonte: educacaoinfantil2016.blogspot.com

Nessa perspectiva, o brincar na educação infantil torna-se um investimento com


enfoque nas possiblidades da criança, assegurando e fortalecendo as pratica
pedagógicas que auxiliam o educador no processo de mediação. Aprender através do
lúdico, nesse caso, está ligado diretamente com a ação do sujeito em relação a
influência que o ato de brincar implica em seu desenvolvimento.
Em relação à brincadeira criar uma zona de desenvolvimento proximal, o autor
remete-se a brincadeira como um melhor meio para quando a criança começa a ir à
escola, tanto por causa desse hábito já ser exercido em ambientes não escolares,
quanto a ser favorável para o desenvolvimento dos processos que estão em formação
e de outros que ainda serão formados. Vygotsky afirma que o brincar é para o
processo de ensino – aprendizagem, respeitando a infância e, que a brincadeira seja
de compreendida pela criança.

3.1 Brincar não só Por Brincar

Brincar é vital para a criança. A brincadeira é um mundo paralelo entre a


realidade e a imaginação, por meio do brincar é que a criança pequena desenvolve
algumas capacidades, tais como: atenção, imitação e a memória. Nesse sentido, a
brincadeira é historicamente construída a partir de uma determinada cultura em que a
criança está inserida.

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As visões tradicionalistas que os jardins de infância trazem, sobre o cuidar
(assistencialista) e do brincar sem o sentido lúdico para aprender, vêm mudando ao
longo dos anos. Os jardins de infância como sujeito educador, não só relacionando
esse papel a família, é onde são preestabelecidas as atividades lúdicas, que faz com
que a criança, dos 0-5 anos, desenvolva capacidades importantes como ter atenção,
a memória, a imaginação. Em linhas gerais, o brincar é extremamente significativo
para o desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e social da criança.
O brincar não significa somente recreação, mas também é a forma mais
completa que a criança tem de comunicar, tanto com ela mesma quanto com o mundo.
Nesse contexto, Moyles (2006 p. 14) declara que “[...] o conceito de brincar em
ambientes educacionais deveria ter consequências de aprendizagem. É isso que
separa o brincar nesse contexto educativo do brincar recreacional”. Pode, assim,
incorporar valores morais e culturais, promovendo na criança a Seminário Gepráxis,
Vitória da Conquista – Bahia – Brasil, v. 6, n. 6, p 2325-2335, 2017. 2331 autoimagem,
a interação com o meio em que vive e adaptação a ele, aprendendo a conviver com
um ser social.
Na escola, o professor tem o papel de educar a criança de forma lúdica,
especialmente com jogos e brincadeiras, o ato de brincar se aproximando do da
criança, para não tornar essa atividade tediosa e gere o desinteresse da criança,
facilitando o ensino-aprendizagem. Diante disso Carneiro e Dodge (2007) diz que,
para que a prática da brincadeira se torne uma realidade na escola, é preciso mudar
a visão dos estabelecimentos a respeito dessa ação e a maneira como entendem o
currículo. Isso demanda uma transformação que necessita de um corpo docente
capacitado e adequadamente instruído para refletir e alterar suas práticas. Envolve,
para tanto, uma mudança de postura e disposição para muito trabalho. (CARNEIRO
E DODGE, 2007, p.91).
O professor é mediador da brincadeira em sala de aula e em outros ambientes
escolares, então cabe a ele buscar se aperfeiçoar em sua formação e especializar-se
cada vez mais, para que seus métodos atinjam de forma positiva o desenvolvimento
e a aprendizagem do seu aluno, avaliando-o. Em virtude disso, Moyles (2006)
assevera que parte da tarefa do professor é proporcionar situações de brincar livre ou
dirigido que tente atender às necessidades de aprendizagem das crianças e, neste
papel, o professor poderia ser chamado de um iniciador ou mediador da
aprendizagem. Entretanto, o papel mais importante do professor é de longe [...],

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quando ele deve tentar diagnosticar o que a criança aprendeu – o papel de observador
e avaliador. (MOYLES, 2006, p.37).
O educador deve transformar essa visão de brincar como algo prazeroso,
avaliando o comportamento do seu aluno. Para isso, ele deve adquirir competência e
tornar fixo esse papel do brincar. Como a autora afirma, quando diz sobre a
importância do trabalho do professor como mediador nesse processo, utilizando dessa
técnica de aprendizagem.

3.2 Público Alvo da Educação Infantil

As instituições de Educação Infantil no Brasil podem ser privadas (mantidas por


pessoas físicas ou jurídicas) ou públicas (mantidas e administradas pelo poder público
federal, estadual e municipal), onde educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de
idade por meio de profissionais legalmente capacitados durante o dia, pois não pode
ser ofertada no período da noite e o número de crianças por professor deve possibilitar
responsabilidade e atenção. A Educação Infantil é um direito humano de todas as
crianças até 6 anos de idade, sem distinção de orientação sexual, gênero, de
deficiência física ou mental, religião ou nível socioeconômico.
Segundo a LDB, art.29 a Educação Infantil é a primeira etapa da educação
básica e tem como papel principal propiciar as crianças possibilidades de
desenvolvimento psicológico, intelectual e social. Complementando a ação da família
e da comunidade. Para planejar como as crianças serão atendidas em grupos é
necessário avaliar a regulamentação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil (CNE/CEB) 5, de 17 de dezembro de 2009, a Educação Infantil do
Município; a Proposta Pedagógica da Instituição de Educação Infantil; os Parâmetros
Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil (MEC, 2005).

3.3 O Papel do Professor

O professor é responsável por todo processo de desenvolvimento e


transformação do seu aluno, então ele pode ser conhecido como agente de
transformação. Por formar seres críticos, o professor tem que analisar se os materiais
didáticos a serem utilizados e outras ferramentas educacionais atende a necessidade

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de seus alunos, o que eles necessitam durante os jogos e brincadeiras, propicia o
pleno processo do ensino-aprendizagem.
É de responsabilidade do professor fazer com que os alunos socializem,
respeitando a especificidade de cada um. Tornando necessário o convívio harmonioso
entre as crianças e as incentivando a ter respeito uma com as outras e, os jogos e
brincadeiras é um meio de realizar essa socialização. Oportunizando momentos de
diversão e aprendizado, desenvolvendo não só o cognitivo em si, mas também o
emocional. Com isso Antunes (2001) diz que, [...] as brincadeiras [ou atividades]
dentro do lúdico se tornam um aliado e instrumento de trabalho pedagógico
supervalorizado para se conseguir alcançar os objetivos de uma construção de
conhecimentos onde o aluno seja participativo ativo. (ANTUNES, 2001, p.28).
Por isso é de suma importância que os professores usem adequadamente de
tais atividades lúdicas, para contribuir no desenvolvimento e aprendizagem da criança,
reconhecendo os objetivos de cada uma dessas atividades, avaliando o conhecimento
adquirido pelos alunos a partir dele.
Interessante o professor propor nesse processo a realização de jogos e
brincadeiras de modo interdisciplinar, utilizando da reciclagem, para fazer brinquedos
de sucata. Com isso, a criança aprende sobre quais são esses materiais recicláveis,
de que forma deve ser usado e, também, a separá-los adequadamente. De certo modo
afastando os educandos do consumismo imposto às crianças na sociedade atual. Não
somente o professor deve considerar isto, Barros (2002) traz a reflexão na qual, a
escola deve considerar imprescindível, sobretudo na infância a ocupação do tempo
livre das crianças com a construção de jogos e brincadeiras de sucata, com atividades
prazerosas e desejantes. Principalmente, neste processo de urbanização, em que se
vive hoje, em que à criança é levada ao consumismo e à alienação no seu modo de
vida. (BARROS, 2002, p. 12).
Esses brinquedos de sucata despertam na criança o interesse para saber como
fazê-los, também de a criatividade sobre as cores, as formas e quais matérias utilizar.
Essa atividade se torna prazerosa, podendo ser em grupo para estimular a interação
social, fazendo com que a criança respeite o tempo e espaço do outro.
Por tanto, o papel do educador é garantir que o educando adquira
conhecimento, novas habilidades, ensinando valores e desenvolver a capacidade
crítica. Conciliar a ludicidade com a aprendizagem, para que a criança tenha
imaginação e respeite as regras dos jogos e brincadeiras, e que a partir disso ocorra

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seu desenvolvimento cognitivo, afetivo, físico e social. Assim, a criança começa em
situação imaginária, criar o seu mundo, diferindo da sua realidade. Esse é o momento
de o professor avaliar o comportamento de seus alunos, sobre a construção de ideias
e percepções.
Desde a Educação Infantil, nos jardins de infância a criança desenvolve suas
atividades sensoriais e desenvolve capacidades e habilidades, a partir dos jogos e
brincadeiras. Esses jogos devem acontecer de forma lúdica para que o indivíduo
vivencie de forma plena a experiência, aproximando-o ao meio, em situações
imaginárias ou reais. O brincar desenvolve a zona desenvolvimento proximal, o qual
leva a criança além do seu estágio de desenvolvimento, respeitando a infância e esse
processo de ensino-aprendizagem. Descontruindo a ideia de que as crianças somente
vão aos jardins de infância brincar e da visão assistencialista para esse ambiente, o
brincar é extremamente importante para o desenvolvimento motor, cognitivo, social e
afetivo da criança, a aproximando a criança dos valores morais e culturas, fazendo
interação com o meio.
O brincar não pode ser apenas recreacional, por isso torna-se importante
também o papel do educador, com a função de mediador, atendendo as dificuldades
das crianças e, transformando essa atividade em prazerosa e não tediosa, para que
os alunos se sintam à vontade para aprender brincando. Além de ser responsável pelo
desenvolvimento e construção da imaginação da criança, também a aproximando da
realidade de maneira interdisciplinar. Estes são os pontos destacados para mostrar a
valorização dos jogos e brincadeiras na Educação Infantil. Na Educação Infantil o
público alvo são crianças de escolas ou creches públicas e privadas, que são
educadas de acordo com os documentos que regem a Educação brasileira, sem
distinções.
É imprescindível que, diante dos argumentos expostos torna-se necessário que
os desde a formação até o exercício da profissão como professor da Educação Infantil,
o indivíduo use os jogos e brincadeiras de maneira lúdica para estimular o
desenvolvimento da criança. E valorize estes métodos, de forma que saibam utilizar,
ligando essa atividade também escolar a vida da criança fora da escola, fazendo com
que a mesma tinha novas percepções e visões de mundo. Socializando com os

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demais, a inserindo no contexto social, atendendo a todas as limitações, sem
exclusões, obedecendo a BNCC – Base Nacional Comum Curricular.2

4 A LUDOPEDAGOGIA NAS ESCOLAS BRASILEIRAS

A ludopedagogia é um segmento da pedagogia dedicado a estudar a


influência do elemento lúdico dentro da educação. Se trata de uma forma de
introduzir a criança no mundo por meios da própria linguagem do universo infantil.
É uma maneira quase inconsciente de aprender, de forma prazerosa e eficaz.
Uma coisa que pais e professores precisam entender é que a educação não
precisa nem deve ser separada da diversão, principalmente quando se trata de
crianças, pois a brincadeira é importante para o seu desenvolvimento. A
ludopedagogia não é a aplicação de atividades no formato puro e simples, elas
precisam ensinar algo e servir a propósitos pedagógicos.
Uma pergunta recorrente questiona a possibilidade de implantar essas práticas
nas escolas brasileiras e garantir uma boa aceitação. A resposta é sim, é possível!
Muitas escolas, sejam públicas ou privadas, já utilizam atividades lúdicas até mesmo
sem saber. As próprias diretrizes educacionais usadas no país estimulam o uso do
lúdico dentro da sala de aula.
Para começar, é importante que professores tenham em mente os objetivos e
os fins da brincadeira a ser desenvolvida. Deve-se analisar sua utilização lúdica,
cognitiva e sociocultural. Observar o comportamento dos alunos para então
diagnosticar, avaliar e elaborar estratégias de ensino.

2 Extraído do link: periodicos.uesb.br

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Fonte: playtable.com.br

Os benefícios do lúdico para o desenvolvimento infantil afetam positivamente o


físico, intelectual e social das crianças.
Benefício físico: o lúdico satisfaz as necessidades de crescimento e de
competitividade da criança. Os jogos lúdicos devem ser a base fundamental dos
exercícios físicos impostos às crianças pelo menos durante o período escolar.
Benefício intelectual: o brinquedo contribui para desinibir, produzindo uma
excitação mental e altamente fortificante.
Benefício social: a criança, através do lúdico representa situações que
simbolizam uma realidade que ainda não pode alcançar; através de jogos se explica
o real. A ludopedagogia é uma ótima forma de ensinar e aprender brincando, diferente
das aulas tradicionais que não atingem mais os alunos nos dias de hoje. Dessa
maneira, é possível oferecer ao aluno uma proximidade da realidade na qual está
inserida, assim como realizado em experiências escolares que receberam premiações
do Ministério da Educação, com o Prêmio Professor do Brasil, demonstram o aumento
na frequência escolar, a diminuição da violência dentro da escola, socialização e
integração de todos os alunos no grupo, a autoestima elevada e o respeito com as
diferenças, transformando o aluno, o professor, a escola, a família e a sociedade. 3

O lúdico na vida escolar do educando é uma maneira muito eficaz de perpassar


pelo universo infantil para imprimir-lhe o universo adulto, nossos conhecimentos e

3 Extraído do link: www.netname.com.br

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principalmente a forma de interagirmos. A atividade lúdica é muito importante para o
desenvolvimento sensório motor e cognitivo, desta forma, torna-se uma maneira
inconsciente de se aprender, de forma prazerosa e eficaz. A finalidade é enfatizar a
importância de os educadores terem em mente os objetivos e os fins da brincadeira
desenvolvida, sua utilização lúdica, cognitiva, sociocultural, e mais, precisam saber
observar as condutas dos educandos para então diagnosticar, avaliar e elaborar
estratégias de trabalho; identificando, desta forma, as dificuldades e os avanços dos
educandos. Este estudo está fundamentado em Lev Vygotsky e Jean Piaget, pois,
embora estes estudiosos tenham concepções diferentes de desenvolvimento, cada
qual em conformidade com a sua concepção trata da importância do brinquedo no
desenvolvimento infantil. Fröebel foi o primeiro educador que justificou o uso do
brincar no processo educativo. Ele tinha uma visão pedagógica do ato de brincar. O
brincar, pelo ato de brincar desenvolve os aspectos físicos, moral e cognitivo, entre
outros, mas o estudioso defende, também, a necessidade da orientação do adulto
para que esse desenvolvimento ocorra. Como metodologias, primeiramente,
buscaram suporte teórico para, em seguida, observar e aplicar algumas atividades
lúdicas com a finalidade de analisar na prática o desempenho dos educandos.
Ressaltamos, ainda, que na brincadeira as crianças aprendem a refletir e
experimentam situações novas ou mesmo do seu cotidiano, e a ação de brincar está
ligada ao preenchimento das necessidades da criança e nestas está incluso tudo
aquilo que é motivo para ação. É muito importante procurar entender as necessidades
da criança, bem como os incentivos que a colocam em ação para, então, entendermos
a lógica de seu desenvolvimento.

5 AS CONTRIBUIÇÕES DO BRINCAR

A ação de brincar (o lúdico) é um fator importante para o desenvolvimento


humano, sendo que ele a partir da situação imaginária introduz gradativamente entre
outras coisas a criança a um mundo social, cheio de regras. Portanto, surgem
transformações internas no desenvolvimento da criança em consequência do
brinquedo, cujo fundamento é a criação de uma nova relação entre o campo do
significado e o campo da percepção visual, ou seja, entre as situações do pensamento
e as reais.

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O desenhar e brincar deveriam ser estágios preparatórios ao desenvolvimento
da linguagem escrita das crianças. Os educadores devem organizar todas essas
ações e todo o complexo processo de transição de um tipo de linguagem escrita para
outro. Devem acompanhar esse processo através de seus momentos críticos até o
ponto da descoberta de que se pode desenhar não somente objetos, mas também a
fala. Se quiséssemos resumir todas essas demandas práticas e expressá-las de uma
forma unificada, poderíamos dizer o que se deve fazer é, ensinar às crianças a
linguagem escrita e não apenas a escrita de letras assim como Vygotsky (1987), em
sua psicologia de aprendizagem.
Os benefícios e os estágios do lúdico para o desenvolvimento infantil, as
brincadeiras, para a criança, constituem atividades primárias que trazem grandes
benefícios do ponto de vista físico, intelectual e social. Como benefício físico, o lúdico
satisfaz as necessidades de crescimento e de competitividade da criança. Os jogos
lúdicos devem ser a base fundamental dos exercícios físicos impostos às crianças
pelo menos durante o período escolar.
Como benefício intelectual, o brinquedo contribui para desinibir, produzindo
uma excitação mental e altamente fortificante. Illich (1976), afirma que os jogos podem
ser a única maneira de penetrar os sistemas informais. Suas palavras confirmam o
que muitas professoras de primeira série comprovam diariamente, ou seja, a criança
só se mostra por inteira através das brincadeiras. Como benefício social, a criança,
através do lúdico representa situações que simbolizam uma realidade que ainda não
pode alcançar; através dos jogos simbólicos se explica o real e o eu.
A brincadeira não é uma atividade inata, mas sim uma atividade social e
humana e que supõe contextos sociais, a partir dos quais as crianças recriam a
realidade através da utilização de sistemas simbólicos próprios. É uma atividade social
aprendida através das interações humanas. É o adulto ou as crianças mais velhas que
ensinam o bebê a brincar, interagindo e atribuindo significado aos objetos e às ações,
introduzindo a criança no mundo da brincadeira, nessa perspectiva, os educadores e
auxiliares cumprem um papel fundamental nas instituições quando interagem com as
crianças através de ações lúdicas ou se comunicam através de uma linguagem
simbólica, estando disponíveis para brincar.
Além das interações, a oferta o uso e exploração dos brinquedos também
contribuem nessa aprendizagem da brincadeira, deve-se considerar o brinquedo
como um elemento da brincadeira, pois contribui para a atribuição de significados.

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Tem um importante valor simbólico e expressivo. O brinquedo é um importante abjeto
cultural produzido pelos adultos para as crianças e que ganha ou produz significados
no processo da brincadeira, pela imagem que a realidade representa e transmite.
A brincadeira como atividade social específica é vivida pelas crianças tendo por
base um sistema de comunicação e interpretação do real, que vai sendo negociado
pelo grupo de crianças que estão brincando. Mesmo sendo uma situação imaginária,
a brincadeira não pode dissociar suas regras da realidade. As unidades fundamentais
da brincadeira, que permite que ela aconteça, é o papel assumido pelas crianças. O
papel revela sua natureza social, bem como possibilita o desenvolvimento das regras
e da imaginação.
A relação entre a imaginação e os papéis assumidos são muito importantes
para o ato de brincar, pois ao mesmo tempo em que a criança é livre na sua
imaginação, ela tem que obedecer às regras sociais do papel assumido. A brincadeira
é então, uma atividade sociocultural, pois ela se origina nos valores e hábitos de um
determinado grupo social, onde as crianças têm a liberdade de escolher com o quê e
como elas querem brincar.
Para brincar as crianças utilizam-se da imitação de situações conhecidas, de
processos imaginativos e da estruturação de regras. Por exemplo, brincar de boneca
representa uma situação que ainda vai viver desenvolvendo um instinto natural. Como
benefício didático, as brincadeiras transformam conteúdos maçantes em atividades
interessantes, revelando certas facilidades através da aplicação do lúdico. Outra
questão importante é a disciplinar, quando há interesse pelo que está sendo
apresentado e faz com que automaticamente a disciplina aconteça.

6 A LUDOPEDAGOGIA E AS SUAS CONTRIBUIÇÕES

O sistema ludopedagógico pode ser utilizado em qualquer nível de instrução,


provocando um melhor aproveitamento do ensino oferecido, e, as aulas tachadas de
maçantes, como quem nunca bocejou na aula de matemática, física, geografia entre
outras que chateavam e chateiam ainda? Estamos em pleno século XXI, e estamos
em um ensino tradicionalista, metódico, onde recebemos informações sistematizadas,
deixando o professor e o aluno muito distantes, o professor tradicionalista,
considerado chato, e na escola a única coisa boa é o intervalo, a brincadeira, os

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joguinhos, as paródias, as piadas, como mudar esse quadro, e diminuir o índice de
reprovação e evasão escolar? Seria possível aprender brincando?
Pare e observe uma criança ou um jovem em nível escolar, por que eles
aprendem mais rápidos? Segundo Froebel, as músicas e os jogos educativos, fora às
paródias feitas pelas crianças nos intervalos, estimulam o aprendizado, esse método
é conhecido como ludopedagogia, aonde o ensino vem carregado de criatividade,
dinâmicas, jogos e brinquedos para proporcionar emoção e entusiasmo no aluno, sem
uma pressão estressante e traumática, aprendendo, de forma construtiva,
enriquecendo o saber, ensinando a ter criatividade e espontaneidade no mundo qual
o rodeia e o cobra hora após hora.
A ludopedagogia nos oferece a magia de ensinar, aprender brincando, diferente
das aulas perturbadoras afastam o aluno do conhecimento, e, como em muitos casos,
o abandono escolar, por meio da ludopedagogia pode oferecer ao aluno uma
proximidade da realidade qual está inserida.
Todos devem aprender de forma que seja prazeroso, que não sejam
reprimidos, ou estancados no processo ensino/ aprendizagem, não precisamos
encarar a ludopedagogia como uma arte de brincar, limitados entre brincadeiras e
brinquedos, mas, em uma arte de ensinar, diferenciando do tradicionalista das aulas
expositivas, monótonas e improdutivas. O aluno deve ser estimulado com a
criatividade do educador assumindo sua natureza de mediador do conhecimento,
oferecendo pontes novas a seu educando.4

4 Extraído do link: www.pos.ajes.edu.br

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Fonte: promaravilha.blogspot.com

7 JOGAR E BRINCAR, UMA FORMA DE EDUCAR

Jogos, brinquedos e brincadeiras fazem parte do mundo da criança, pois estão


presentes na humanidade desde o seu início. O presente artigo trata do lúdico como
processo educativo, demonstrando que ao se trabalhar ludicamente não se está
abandonando a seriedade e a importância dos conteúdos a serem apresentados à
criança, pois as atividades lúdicas são indispensáveis para o seu desenvolvimento
sadio e para a apreensão dos conhecimentos, uma vez que possibilitam o
desenvolvimento da percepção, da imaginação, da fantasia e dos sentimentos. Por
meio das atividades lúdicas, a criança comunica-se consigo mesma e com o mundo,
aceita a existência dos outros, estabelece relações sociais, constrói conhecimentos,
desenvolvendo-se integralmente.
O ser humano, em todas as fases de sua vida, está sempre descobrindo e
aprendendo coisas novas pelo contato com seus semelhantes e pelo domínio sobre o
meio em que vive. Ele nasceu para aprender, para descobrir e apropriar-se dos
conhecimentos, desde os mais simples até os mais complexos, e é isso que lhe
garante a sobrevivência e a integração na sociedade como ser participativo, crítico e
criativo.

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A esse ato de busca, de troca, de interação, de apropriação é que damos o
nome de educação. Esta não existe por si só; é uma ação conjunta entre as pessoas
que cooperam, comunicam se e comungam do mesmo saber.
A infância é a idade das brincadeiras. Acredito que por meio delas a criança
satisfaz, em grande parte, seus interesses, necessidades e desejos particulares,
sendo um meio privilegiado de inserção na realidade, pois expressa a maneira como
a criança reflete, ordena, desorganiza, destrói e reconstrói o mundo. Destaco o lúdico
como uma das maneiras mais eficazes de envolver o aluno nas atividades, pois a
brincadeira é algo inerente na criança, é sua forma de trabalhar, refletir e descobrir o
mundo que a cerca.
A pesquisa aqui apresentada, O lúdico na educação infantil, tem por objetivo
oportunizar ao educador a compreensão do significado e da importância das
atividades lúdicas na educação infantil, procurando provocá-lo, para que insira o
brincar em seus projetos educativos, tendo intencionalidade, objetivos e consciência
clara de sua ação em relação ao desenvolvimento e à aprendizagem infantil.
É muito importante aprender com alegria, com vontade. Comenta Sneyders
(1996, p.36) que “Educar é ir em direção à alegria. ” As técnicas lúdicas fazem com
que a criança aprenda com prazer, alegria e entretenimento, sendo relevante ressaltar
que a educação lúdica está distante da concepção ingênua de passatempo,
brincadeira vulgar, diversão superficial. [...] A educação lúdica é uma ação inerente na
criança e aparece sempre como uma forma transacional em direção a algum
conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento individual em
permutações constantes com o pensamento coletivo. [...] (ALMEIDA, 1995, p.11)
Portanto, é de primordial importância a utilização das brincadeiras e dos jogos
no processo pedagógico, pois os conteúdos podem ser ensinados por intermédio de
atividades predominantemente lúdicas.
O presente artigo procura conceituar o lúdico, demonstrar sua importância no
desenvolvimento infantil e dentro da educação como uma metodologia que possibilita
mais vida, prazer e significado ao processo de ensino e aprendizagem, tendo em vista
que é particularmente poderoso para estimular a vida social e o desenvolvimento
construtivo da criança.
O lúdico permite um desenvolvimento global e uma visão de mundo mais real.
Por meio das descobertas e da criatividade, a criança pode se expressar, analisar,
criticar e transformar a realidade.

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Se bem aplicada e compreendida, a educação lúdica poderá contribuir para a
melhoria do ensino, quer na qualificação ou formação crítica do educando, quer para
redefinir valores e para melhorar o relacionamento das pessoas na sociedade.
Para que a educação lúdica caminhe efetivamente na educação é preciso
refletir sobre a sua importância no processo de ensinar e aprender. Ciente da
importância do lúdico na formação integral da criança, encaminho os estudos
abordando a seguinte questão: Qual a importância das atividades lúdicas na educação
infantil?
O ato de brincar na educação infantil é de suma importância para o
desenvolvimento da criança e a aprendizagem. Nos encontros sobre educação são
discutidas atividades para serem trabalhadas com as crianças para o desenvolvimento
da identidade e da autonomia. A criança pode na brincadeira, desenvolver algumas
capacidades importantes: a atenção, a memória, a imaginação e a imitação. É na
brincadeira que ela pode pensar e experimentar situações novas ou mesmo do seu
cotidiano. A criança faz da brincadeira um meio de comunicação, de prazer e de
recreação. Segundo a perspectiva de autores como Piaget e Vygotsky, a criança
através das brincadeiras e jogos está em mediação direta com o mundo. Para tanto o
trabalho faz algumas reflexões acerca dos objetivos da característica da introdução
educação infantil e da pré-escola. O objetivo principal da educação infantil é contribuir
para a aprendizagem, bem como o desenvolvimento dos aspectos físicos, sócio -
emocionais e intelectual da criança. É necessário que haja uma infinidade de meios a
serem oferecidos para que a criança possa desenvolver sua capacidade de criar e
aprender. A brincadeira constitui um dos meios que pode levar a criança a um
crescimento global. O jogo é uma assimilação funcional ou reprodutiva e conforme a
sua estrutura, Piaget classifica-o em: de exercício (sensório-motores); simbólicos e de
regras, sem esquecer suas variedades. Para Vygotsky o jogo é uma atividade muito
importante, pois através dele a criança cria uma zona de desenvolvimento proximal,
funções que ainda não amadurecem, mas que se encontram em processo de
maturação, o que a criança irá alcançar em um futuro próximo. A escola deve ser rica
de experiências para a exploração ativa, compartilhada por crianças e adultos onde
através das brincadeiras e jogos a criança exercita vários papéis com os quais
interage no cotidiano.
No caso da educação infantil, qual é, então, o melhor lugar que a brincadeira
pode ocupar? Nem tão “largada” que dispense o educador, dando margem a práticas

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educativas espontaneístas que sacralizam o ato de brincar, nem tão dirigida que deixe
de ser brincadeira (Oliveira, 2001). Como se faz isso? Qual é o papel do educador em
relação ao brincar na educação infantil?
Brincar é uma atividade paradoxal: livre, imprevisível e espontânea, porém, ao
mesmo tempo, regulamentada; meio de superação da infância, assim como modo de
constituição da infância; maneira de apropriação do mundo de forma ativa e direta,
mas também através da representação, ou seja, da fantasia e da linguagem (Wajskop,
1995). Brincando, o indivíduo age como se fosse outra coisa e estivesse em outro
tempo e lugar, embora – para que a atividade seja considerada brincadeira, e não
alucinação – deva estar absolutamente conectada com a realidade. Provavelmente
Ajuriaguerra e Marcelli, 1991 consideraram tudo isso para dizer que é um paradoxo
querer definir o brincar com demasiado rigor.
Diante de tais paradoxos, não é de surpreender que não seja possível afirmar
categoricamente para que serve a brincadeira. Entretanto, os custos dessa atividade
são tão elevados para as espécies que brincam, envolvendo gasto de tempo, energia
e exposição a riscos, que o retorno em termos de benefícios deve ser considerável.
Para quem brinca, contudo, a pergunta “brincar pra quê? ” É vã, pois se brinca
por brincar, porque brincar é uma forma de viver. O indivíduo que brinca não o faz
porque essa atividade o torna mais competente, seja no ambiente imediato, seja no
futuro. A motivação para brincar é intrínseca à própria atividade.
Mesmo sem intenção de aprender, quem brinca aprende, até porque se
aprende a brincar. Como construção social, a brincadeira é atravessada pela
aprendizagem, uma vez que os brinquedos e o ato de brincar, a um só tempo, contam
a história da humanidade e dela participam diretamente, sendo algo aprendido, e não
uma disposição inata do ser humano.
A simples oferta de certos brinquedos já é o começo do projeto educativo – é
melhor do que proibir ou sequer oferecer. Porém, a disponibilidade de brinquedos não
é suficiente. Na escolha e na proposição de jogos, brinquedos e brincadeiras, o
educador coloca o seu desejo, suas convicções e suas hipóteses acerca da infância
e do brincar. O educador infantil que realiza seu trabalho pedagógico na perspectiva
lúdica observa as crianças brincando e faz disso ocasião para reelaborar suas
hipóteses e definir novas propostas de trabalho. Não se sente culpado por esse tempo
que passa observando e refletindo sobre o que está acontecendo em sua sala de aula
(Moyles, 2002). Percebe que o melhor jogo é aquele que dá espaço para a ação de

23
quem brinca, além de instigar e conter mistérios. No entanto, não fica só na
observação e na oferta de brinquedos: intervém no brincar, não para apartar brigas
ou para decidir que fica com o quê, ou quem começa ou quando termina, e sim para
estimular as atividades mentais, sociais e psicomotoras dos alunos com
questionamentos e sugestões de encaminhamentos. Identifica situações
potencialmente lúdicas, fomentando-as, de modo a fazer a criança avançar do ponto
em que está na sua aprendizagem e no seu desenvolvimento (Moyles, 2002). Não
exige das crianças descrição antecipada ou posterior das brincadeiras, pois, se assim
o fizer, não estará respeitando o que define o brincar, isto é, sua incerteza e sua
improdutividade (Kishimoto, 2002), embora esteja disponível para conversar sobre o
brincar antes, durante e depois da brincadeira. Enfim, realiza uma animação lúdica.
Para fazer tudo isso, o educador não pode aproveitar a “hora do brinquedo”
para realizar outras atividades, como conversar com os colegas, lanchar, etc. Ao
contrário: em nenhum momento da rotina na escola infantil o educador deve estar tão
inteiro e ser tão rigoroso – no sentido de atento às crianças e aos seus próprios
conhecimentos e sentimentos – quanto nessa hora.
É necessário que o educador insira o brincar em um projeto educativo, o que
supõe intencionalidade, ou seja, ter objetivos e consciência da importância de sua
ação em relação ao desenvolvimento e à aprendizagem infantil. Contudo, esse projeto
educativo não passa de ponto de partida para sua prática pedagógica, jamais é um
ponto de chegada rigidamente definido de antemão, pois é preciso renunciar ao
controle, à centralização e à onisciência do que ocorre com as crianças em sala de
aula. De um lado, o educador deve desejar – no sentido da dimensão mais subjetiva
de “ter objetivos” – e, ao mesmo tempo, deve abdicar de seus desejos – no sentido
de permitir que as crianças, tais como são na realidade, advenham, reconhecendo
que elas são elas mesmas, e não aquilo que ele, educador, deseja que elas sejam.
Será a ação educativa sobre o brincar infantil contraditória, paradoxal? Sim, tal como
o brincar!

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Fonte: www.ideiacriativa.org

O problema é que, apesar de muitos educadores deixarem seus alunos brincar,


a efetiva brincadeira está ausente na maior parte das classes de educação infantil. E
o que é pior: à medida que as crianças crescem, menos brinquedos, espaço e horário
para brincar existem. Quando aparece, é no pátio, no recreio, no dia do brinquedo,
não sendo considerada uma atividade legitimamente escolar.
Na verdade, os adultos parecem sentir-se ameaçados pelo jogo devido à sua
aleatoriedade. Seu papel no brincar foge à habitual centralização onipotente, e os
professores não sabem o que fazer enquanto seus alunos brincam, refugiando-se na
realização de outras atividades, ditas produtivas. Na melhor das hipóteses, tentam
racionalizar, definindo o brincar como atividade espontânea que cumpre seus fins por
si mesma. Na pior das hipóteses, sentem-se incomodados pela alusão à própria
infância que o contato com o brincar dos seus alunos propicia, ou confusos quanto ao
que fazer enquanto as crianças brincam, muitas vezes não apenas se intrometendo
na brincadeira, como tentando ser a própria criança que brinca.
Por outro lado, uma sala de aula cuja visualidade lúdica é excessiva, chegando
ao ponto de ser invasiva, distancia as crianças do brincar. Com tantas ofertas de
brinquedos e situações lúdicas, as crianças não conseguem assimilar as propostas ali
contidas e acabam não interagindo com esse material, disposto somente para enfeite
e contemplação, com um papel meramente decorativo. Não são brinquedos para

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brincar, são “para ver”. Outras vezes, os brinquedos e as brincadeiras são cercados
de tanta proibição, com instruções tão restritivas, que às crianças resta apenas não
brincar – e brigar.
A sala de aula é um lugar de brincar se o professor consegue conciliar os
objetivos pedagógicos com os desejos do aluno.
Uma aula ludicamente inspirada não é, necessariamente, aquela que ensina
conteúdos com jogos, mas aquela em que as características do brincar estão
presentes, influindo no modo de ensinar do professor, na seleção dos conteúdos, no
papel do aluno.
Considerando a importância do brinquedo e do brincar na socialização da
criança, estimulando a sua criatividade e auxiliando o seu desenvolvimento, passo a
narrar, um episódio interessante, ocorrido numa turma de Educação Infantil, de uma
Escola Particular em Vacaria, Rio Grande do Sul.
De brinquedo a colega:
Nesta sala de aula convive-se com a aleatoriedade, com o imponderável, o
professor renuncia a centralização e ao controle onipotente e reconhece a importância
de uma postura ativa nas situações de ensino, sendo sujeito de sua aprendizagem, a
espontaneidade e a criatividade sendo constantemente estimuladas. Nesta sala de
aula, que passaremos a relatar esses fatores foram bastante considerados. A escola
comemorava o Dia do Trabalho e os alunos assistiam à dramatização com um grupo
de bonecos marionetes. Atenta aos comentários da classe, após o espetáculo, a
professora observou o entusiasmo e a reação dos alunos. Feitos os comentários, logo
surgiu entre eles, a ideia de confeccionar um boneco grande, do tamanho dos alunos.
A sugestão foi acatada e aplaudida por todos. Durante a execução a professora
coordenou os trabalhos, orientando os grupos, destacando a cooperação entre eles
para o sucesso da atividade.
Pronto, o boneco ganhou até o uniforme da escola. As crianças saíam pela
escola exibindo seu novo colega, numa grande felicidade. Mas era preciso dar um
nome ao boneco. Venceu Rafael!
As crianças cuidavam dele com carinho, como um colega realmente especial.
Afinal era o mascote da turma. Durante o recreio, cada dia um grupo de crianças ficava
responsável para cuidar do Rafael. Havia também o sorteio diário de quem levaria o
boneco para casa. E foi assim durante vários dias. Todos participavam eufóricos. A

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partir dessa atividade, vários conteúdos foram sendo trabalhados realizando uma
verdadeira interdisciplinaridade.
Este trabalho despertou o interesse de outros professores, pois constituiu um
grande fator de socialização, cooperação, alegria e prazer. Pude acompanhá-lo
sistematicamente. Na turma havia um aluno, cujos laços familiares eram ligados a
mim.
Percebemos então, que uma aula lúdica é uma aula que se assemelha ao
brincar, onde brinquedo e brincadeira se relacionam no propósito de possibilitar à
criança, uma atividade livre, criativa, imprevisível, capaz de absorver a pessoa que
brinca ensejando o prazer de aprender. A importância de se tornar essas atividades
significativas tanto para a criança, quanto para o professor, é estar primeiramente em
sintonia com o interesse e expectativas da criança.
É fundamental que se compreenda que o conteúdo do brinquedo não determina
a brincadeira da criança. Ao contrário: o ato de brincar (jogar, participar) é que revela
o conteúdo do brinquedo.
A criança, ao puxar alguma coisa, torna-se cavalo, ao brincar com areia, torna-
se pedreiro, ao esconder-se se torna guarda. A associação de materiais diversificados
tais como: pedras, bolinhas, papéis, madeira, têm muita significação para ela.
O brinquedo faz parte da vida da criança. Ela simboliza a relação pensamento-
ação e sob esse ponto, “constitui provavelmente a matriz de toda a atividade
linguística, ao tornar possível o uso da fala, do pensamento e da imaginação”.
(Almeida, 1987).
Com a ajuda do brinquedo, a criança pode desenvolver a imaginação, a
confiança, a autoestima, o autocontrole e a cooperação. O modo como brinca revela
o mundo interior da criança. O brinquedo proporciona “o aprender fazendo, o
desenvolvimento da linguagem, o sendo do companheirismo e a criatividade”.
Como garantir o direito da criança brincar, se na escola, local em que as
crianças permanecem por muito tempo, pouco se brinca e o brincar é desprezado?
Só há um caminho: educar para o brincar, com se educa para o trabalho, para a
cultura, para a adaptação social, para o aperfeiçoamento moral.
Educa-se para o bom aproveitamento dos espaços na família, na escola, nas
atividades extrafamiliares e extraescolares.
Assim, o brincar colabora com o sucesso escolar, assegurando o direito à
efetiva escolarização.

27
Na verdade, o brincar representa um fator de grande importância na
socialização da criança, pois é brincando que o ser humano se torna apto a viver numa
ordem social e num mundo culturalmente simbólico.
O papel do adulto no brincar da criança é fundamental. A forma de relação
estabelecida por ele irá incidir diretamente no desenvolvimento integral da criança, e
sua postura poderá facilitar ou dificultar o processo de aprendizagem infantil.
O investimento na qualidade dessa relação é imprescindível em qualquer
espaço de educação, seja ele formal ou informal.
O importante é aprender a observar a criança brincando, experimentar a
vivência lúdica para poder compartilhá-la e buscar qualificar-se de forma teórica e
vivencial através de cursos, encontros, grupos de estudo etc. Considerando que a
promoção do brinquedo se dá naturalmente no mundo infantil, o desafio do adulto
reside em construir uma relação que permita à criança ser agente de sua própria
brincadeira, tendo na figura dele um parceiro de jogo que a respeita e a estimula a
ampliar cada vez mais seus horizontes.
A concepção de brincar com forma de desenvolver a autonomia das crianças
requer um uso livre de brinquedos e materiais, que permita a expressão dos projetos
criados pelas crianças. Só assim, o brincar estará contribuindo para a construção da
autonomia.
É relevante mencionar que o brincar nesses espaços educativos precisa estar
num constante quadro de inquietações e reflexões dos educadores que o compõem.
É sempre bom que se auto avaliem fazendo perguntas como: A que fins estão sendo
propostas as brincadeiras? A quem estão servindo? Como elas estão sendo
apresentadas? O que queremos é uma animação, um relaxamento ou uma relação
de proximidade cultural e humana? Como estamos agindo diante das crianças? Elas
são ouvidas?
Também é importante ressaltar que só é possível reconhecer uma criança se
nela o educador reconhecer um pouco da criança que foi e que, de certa forma, ainda
existe em si. Assim, será possível ao educador redescobrir e reconstruir em si mesmo
o gosto pelo fazer lúdico, buscando em suas experiências, remotas ou não,
brincadeiras de infância e de adolescência que possam contribuir para uma
aprendizagem lúdica, prazerosa e significativa.
É competência da educação infantil proporcionar aos seus educandos um
ambiente rico em atividades lúdicas, já que a maioria das crianças de hoje passam

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grande parte do seu tempo em instituições que atendem a crianças de 0 a 6 anos de
idade, permitindo assim permitindo que elas vivam, sonhem, criem e aprendam a
serem crianças.
O lúdico proporciona um desenvolvimento sadio e harmonioso, sendo uma
tendência instintiva da criança. Ao brincar, a criança aumenta a independência,
estimula sua sensibilidade visual e auditiva, valoriza a cultura popular, desenvolve
habilidades motoras, diminui a agressividade, exercita a imaginação e a criatividade,
aprimora a inteligência emocional, aumenta a integração, promovendo, assim, o
desenvolvimento sadio, o crescimento mental e a adaptação social.
O estudo permitiu compreender que o lúdico é significativo para a criança poder
conhecer, compreender e construir seus conhecimentos, tornar-se cidadã deste
mundo, ser capaz de exercer sua cidadania com dignidade e competência. Sua
contribuição também atenta para a formação de cidadãos autônomos, capazes de
pensar por conta própria, sabendo resolver problemas e compreendendo um mundo
que exige diferentes conhecimentos e habilidades.
É buscando novas maneiras de ensinar por meio do lúdico que conseguiremos
uma educação de qualidade e que realmente consiga ir ao encontro dos interesses e
necessidades da criança.
Cabe ressaltar que uma atitude lúdica não é somente a somatória de
atividades; é, antes de tudo, uma maneira de ser, de estar, de pensar e de encarar a
escola, bem como de relacionar-se com os alunos. É preciso saber entrar no mundo
da criança, no seu sonho, no seu jogo e, a partir daí, jogar com ela. Quanto mais
espaço lúdico proporcionarmos, mais alegre, espontânea, criativa, autônoma e afetiva
ela será.

29
Fonte: colegiomarista.org.br

Propomos, entretanto, aos educadores infantis, transformar o brincar em


trabalho pedagógico para que experimentem, como mediadores, o verdadeiro
significado da aprendizagem com desejo e prazer.
As atividades lúdicas estão gravemente ameaçadas em nossa sociedade pelos
interesses e ideologias de classes dominantes.
Portanto, cabe à escola e a nós, educadores, recuperarmos a ludicidade infantil
de nossos alunos, ajudando-os a encontrar um sentido para suas vidas. Ao brincar,
não se aprendem somente conteúdos escolares; aprende-se algo sobre a vida e a
constante peleja que nela travamos.
É preciso que o professor assuma o papel de artífice de um currículo que
privilegie as condições facilitadoras de aprendizagens que a ludicidade contém nos
seus diversos domínios, afetivo, social, perceptivo-motor e cognitivo, retirando-a da
clandestinidade e da subversão, explicitando-a corajosamente como meta da escola.5

8 O LÚDICO E A EDUCAÇÃO INFANTIL

Pode-se afirmar que o lúdico é qualquer atividade que executamos e que pode
dar prazer, que tenhamos espontaneidade em executá-la. Nesse sentido, na visão de

5 Extraído do link:neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com

30
Bertoldo (2011), quando fazemos porque queremos, pôr interesse pessoal. Isto se
refere tanto à criança quanto para o adulto, é aí que começamos a perceber a
possibilidade, a facilidade de se aprender, quando estamos brincando, pois na
atividade lúdica, como na vida, há um grande número de fins definidos e parciais, que
são importantes e sérios, porque consegui-los é necessário ao sucesso e,
consequentemente, essencial a satisfação que o ser humano procura, a satisfação
oculta, neste caso seria o de aprender.
Nesse sentido, o lúdico vem ganhando atenção no meio acadêmico pela
crescente quantidade de contribuições para a sua conceituação e reflexão, mas
poucos têm constatado, sua aplicação e sistematização enquanto ferramenta
pedagógica, visto que, através das atividades lúdicas, as crianças adquirem marcos
de referenciais significativos que lhes permitem conhecer a si mesmas, descobrir o
mundo dos objetos e o mundo dos outros, experimentando também, situações de
aventura, ação e exploração, como características impostergáveis da infância. Assim,
Wayskop (1995) destaca que com o jogo, as crianças fixam convicções de justiça,
solidariedade e liberdade. São resolvidas situações problemáticas, adaptando-se de
forma ativa a sociedade em que vivem.
Portanto, Marcellino (1997, p.44) destaca que “ao tratar do lúdico foca a
abordagem que se busca, o lúdico não como algo isolado ou associado a uma
determinada atividade”, mas como um componente cultural historicamente situado
que pode transcender aos momentos de lazer, como seu uso na Educação: “porque
não atuar com os componentes lúdicos da cultura, em outras esferas de obrigação,
notadamente... na escola? ”
As instituições de Educação Infantil têm restringido as atividades das crianças
aos exercícios repetitivos, motora e, ao mesmo tempo em que bloqueiam a
organização independente das crianças para as brincadeiras, essas práticas não
estimulam a criatividade dos alunos, como se suas ações simbólicas servissem
apenas para explorar e facilitar ao educador a transmissão de determinada visão do
mundo, definida, a princípio, pela instituição infantil. Nessa perspectiva, Wayskop 13
(1995) aponta que se as instituições fossem organizadas em torno do brincar infantil,
elas poderiam cumprir suas funções pedagógicas, privilegiando a educação da
criança em uma perspectiva criadora, voluntária e consciente.
De acordo com o pensamento de Soler (2003) não se pode mais conceber que
uma pessoa que passa pela escola saia sem entrar em contato com valores humanos

31
essenciais, e que depois, fora da escola, comete atos grotescos, pois, a escola deve
ensinar para além da Matemática, Língua Portuguesa, Educação Física, enfim, deve
ensinar a pessoa a ser feliz e fazer as outras pessoas felizes.
Dessa forma, resgatar a ludicidade dentro de um processo educativo, é ir em
busca da construção de bases para: através de práticas e vivências, possibilitar que
este indivíduo modifique seu foco de atenção e consiga enxergar além da realidade
das sombras, como afirmava Platão e possa vislumbrar a possibilidade de
desenvolver plenamente suas potencialidades.
De acordo com Gomes (2004, p.47), a ludicidade é uma dimensão da
linguagem humana, que possibilita a “expressão do sujeito criador que se torna capaz
de dar significado à sua existência, ressignificar e transformar o mundo”. E mais na
frente conclui: “Dessa forma, a ludicidade é uma possibilidade e uma capacidade de
se brincar com a realidade, ressignificando o mundo” (GOMES, 2004, p. 145). Ainda
falando do lúdico, Gomes nos dá a chave para estabelecer a premissa básica de
nossa abordagem quando escreve:
“Como expressão de significados que tem o brincar como referência, o lúdico
representa uma oportunidade de (re) organizar a vivência e (re) elaborar valores, os
quais se comprometem com determinado projeto de sociedade. Pode contribuir, por
um lado, com a alienação das pessoas: reforçando estereótipos, instigando
discriminações, incitando a evasão da realidade, estimulando a passividade, o
conformismo e o consumismo; por outro, o lúdico pode colaborar com a emancipação
dos sujeitos, por meio do diálogo, da reflexão crítica, da construção coletiva e da
contestação e resistência à ordem social injusta e excludente que impera em nossa
realidade. (GOMES, 2004, p. 146). ”
Portanto, sabe-se que a ludicidade é uma necessidade em qualquer idade e
não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico
facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para
uma boa saúde mental, prepara um estado interior fértil, facilita a comunicação,
expressão e construção do conhecimento. Assim, a prática lúdica entendida como
atos de brincar das crianças permite um mergulho na sua trajetória ao longo dos
tempos, acumulando informações. A esse respeito, Santos (2008) menciona que este
processo cíclico, retratado em cada ação e em cada jogo, permite conhecer um pouco
da evolução. Portanto, entender o brincar das crianças no cenário das civilizações é
conhecer um pouco da cultura.

32
Com isso, a Educação pela vida da ludicidade propõe-se a uma nova postura
existencial cujo paradigma é um novo sistema de aprender brincando, inspirando
numa concepção de educação para além da instrução. Para que isso aconteça é
preciso que os profissionais da educação reconhecem o real significado do lúdico para
aplica-lo adequadamente, estabelecendo a relação entre o brincar e o aprender.
Na visão de Campos (2011) o jogo, nas suas diversas formas, auxilia no
processo ensino-aprendizagem, tanto no desenvolvimento psicomotor, isto é, no
desenvolvimento da motricidade fina e ampla, bem como no desenvolvimento de
habilidades do pensamento, como a imaginação, a interpretação, a tomada de
decisão, a criatividade, o levantamento de hipóteses, a obtenção e organização de
dados e a aplicação dos fatos e dos princípios a novas situações que, por sua vez,
acontecem quando jogamos, quando obedecemos a regras, quando vivenciamos
conflitos numa competição, etc.
No processo educativo, em especial, na Educação Infantil, o desenvolvimento
de atividades lúdicas deve ser considerado como prioridades no delineamento de
atividades pedagógicas contidas no planejamento escolar realizado pelos professores
e coordenadores. Essa inclusão visa, portanto, a flexibilização e dinamização das
atividades realizadas ao longo de toda a prática docente, oportunizando a eficácia e
significação da aprendizagem.
É imprescindível enxergar com novos olhos o verdadeiro universo mágico e
encantador do lúdico em sala de aula e consequentemente, entendendo-se aí toda a
prática cotidiana do aluno, visto que, é na educação infantil que as crianças são
capazes de construir a aprendizagem através do brincar, criando e imaginando
situações de representações simbólicas entre o mundo real e o mundo a ser
construído com base nas suas expectativas e anseios.
Nessa perspectiva, é através da atividade lúdica que a criança se prepara para
a vida, assimilando a cultura do meio em que vive, a ele se integrando, adaptando-se
às condições que o mundo lhe oferece e aprendendo a competir, 15 cooperar com
seus semelhantes e conviver como um ser social. Portanto, os professores, na
posição não de meros transmissores de informações e conhecimentos sistemáticos,
mas como mediadores desse conhecimento, devem oportunizar condições para que
por meio do desenvolvimento dessas atividades, a criança possa construir de forma
autônoma o seu próprio conhecimento.

33
9 O LÚDICO E AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

A Educação traz muitos desafios aos que nela trabalham e aos que se dedicam
à sua causa. Pensar em Educação é pensar no ser humano, em sua totalidade, em
seu ambiente, nas suas preferências. A esse respeito, Friedmann (2003) expõe que
no processo da Educação, o papel do educador é primordial, pois é ele quem cria
espaços, oferece os materiais e participa das brincadeiras, ou seja, media a
construção do conhecimento.
Desse modo, devem-se selecionar materiais adequados, o professor precisa
estar atento à idade e as necessidades de seus alunos para selecionar e deixar a
disposição materiais adequados. O material deve ser suficiente tanto quanto à
quantidade, como pela diversidade, pelo interesse que despertam, pelo material de
que são feitos. Outra função do professor é permitir a repetição de jogos. Assim, na
visão de Moyles (2002) as crianças sentem grande prazer em repetir jogos que
conhecem bem, sentem-se seguros quando percebem que contam cada vez mais
habilidades em responder ou executar o que é esperado pelos outros.
O educador é mediador, possibilitando, assim, a aprendizagem de maneira
criativa e social possível. Para que o ensino seja possível é necessário que o aluno e
o educador estejam engajados, o educador deve ser o mediador/ facilitador do
processo ensino-aprendizagem infantil. Com isso, Teixeira (1995) menciona que cabe
ao educador oferecer inúmeras oportunidades para que se torne prazerosa a
aprendizagem por meio dos jogos e brincadeiras.

34
Fonte: bebe.abril.com.br

9.1 O Papel do Brinquedo no Desenvolvimento Infantil

O brincar e o jogar são atos indispensáveis à saúde física, emocional e


intelectual e sempre estiveram presentes em qualquer povo desde os mais remotos
tempos. Através deles, a criança desenvolve a linguagem, o pensamento, a
socialização, a iniciativa e a autoestima, preparando-se para ser um cidadão capaz
de enfrentar desafios e participar na construção de um mundo melhor.
Nesse sentido, Vygostki (1998) ressalta que no brinquedo, a criança cria uma
situação imaginária, isto é, é por meio do brinquedo que essa criança aprende a agir
uma esfera cognitiva, é promove o seu próprio desenvolvimento no decorrer de todo
o processo educativo.
Dessa forma, o brinquedo, nas suas diversas formas, auxilia no processo
ensino-aprendizagem, tanto no desenvolvimento psicomotor, isto é, no
desenvolvimento da motricidade fina e ampla, bem como no desenvolvimento de
habilidades do pensamento, como a imaginação, a interpretação, a tomada de
decisão, a criatividade, etc.
Segundo Piaget (1998, p.62), “o brinquedo não pode ser visto apenas como
divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o
desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral”. Através dele se processa a
construção de conhecimento, principalmente nos períodos sensório-motor e pré-

35
operatório. Agindo sobre os objetos, as crianças, desde pequenas, estruturam seu
espaço e seu tempo, desenvolvendo a noção de casualidade, chegando à
representação e, finalmente, à lógica. As crianças ficam mais motivadas para usar a
inteligência, pois querem jogar bem, esforçam-se para superar obstáculos tanto
cognitivos como emocionais.
Nessa perspectiva, o brinquedo não é simplesmente um “passatempo” para
distrair os alunos, ao contrário, corresponde a uma profunda exigência do organismo
e ocupa lugar de extraordinária importância na educação escolar. Estimula o
crescimento e o desenvolvimento, a coordenação muscular, as faculdades
intelectuais, a iniciativa individual, favorecendo o advento e o progresso da palavra.
Estimula a observar e conhecer as pessoas e as coisas do ambiente em que se vive.
Através do brinquedo a criança pode brincar naturalmente, testar hipóteses, explorar
toda a sua espontaneidade criativa.
Portanto, o brinquedo é um dos fatores mais importantes das atividades da
infância, pois a criança necessita brincar, jogar, criar e inventar para manter seu
equilíbrio com o mundo. A importância da inserção e utilização dos brinquedos, jogos
e brincadeiras na prática pedagógica é uma realidade que se impõe ao professor.
Brinquedos não devem ser explorados só para lazer, mas também como elementos
bastante enriquecedores para promover a aprendizagem. Através dos jogos e
brincadeiras, o educando encontra apoio para superar suas dificuldades de
aprendizagem, melhorando o seu relacionamento com o mundo. Assim, Campos
(2011) destaca que os professores precisam estar cientes de que a brincadeira é
necessária e que traz enormes contribuições para o desenvolvimento da habilidade
de aprender e pensar.

9.2 As Técnicas Lúdicas Utilizadas na Educação Infantil

Apesar do jogo ser uma atividade espontânea nas crianças, isso não significa
que o professor não necessite ter uma atitude ativa sobre ela. Para isso, é preciso
sintetizar algumas funções do educador frente ao lúdico. Providenciando um ambiente
adequado para o jogo infantil, a criação de espaços e tempo para os jogos é uma das
tarefas mais importantes para o professor. Cabe-lhe organizar espaços de modo a
permitir as diferentes formas de jogo, por exemplo, as crianças que estejam realizando

36
um jogo mais sedentário não sejam atrapalhadas por aqueles que realizam uma
atividade que exige mais mobilidade e expansão de movimentos.
Nesse sentido, Santos (2008) destaca que enriquecer e valorizar os jogos
realizados pelas crianças é outra função do educador, uma observação atenta pode
20 indicar os professores que sua participação seria interessante para enriquecer a
atividade desenvolvida introduzindo novos personagens ou novas situações que torne
o jogo mais rico e interessante para as crianças, interessando-se por elas, animando-
as pelo esforço.
Nesse sentido, a Revista Nova Escola (2011) apresenta algumas brincadeiras
que podem ser utilizadas em turmas de Educação Infantil, entre elas: a toca do coelho;
de onde vêm o cheiro?; dentro e fora; arremesso; Pneus, entre outras.
Negrini, (1994), ao se referir a jogos, acrescenta: o jogo se apresenta para a
criança como uma atividade dinâmica, no sentido de satisfazer uma necessidade.
Assim, ao se observar o comportamento de uma criança jogando/brincando, pode-se
perceber o quanto ela desenvolve sua capacidade de resolver os mais variados
problemas, sem tirar o seu sentido lúdico.
É importante mencionar também que o brinquedo, enquanto uma técnica
lúdica a ser utilizada na prática pedagógica da Educação Infantil, supõe uma relação
íntima com a criança e a indeterminação de regras para sua utilização. A esse
respeito, Vygotski, (1998, p. 38) “o brinquedo estimula a representação, a expressão
de imagens que evocam aspectos da realidade”.
Por meio dos brinquedos, as crianças vivenciam determinadas situações do
cotidiano, construindo um conhecimento embasado em certas habilidades definidas
pela estrutura preexistente no próprio objeto e suas regras. Alguns exemplos de 21
brinquedos mais utilizados são: a boneca, monta-monta, quebra-cabeça, entre outros.
Portanto, em geral, o elemento que separa um jogo pedagógico de um outro de
caráter apenas lúdico é este: desenvolve-se o jogo pedagógico com a intenção de
provocar aprendizagem significativa, estimular a construção de novo conhecimento e
principalmente despertar o desenvolvimento de uma habilidade operatória.
Assim, Nunes (2011) expõe que visa o desenvolvimento de uma aptidão ou
capacidade cognitiva e apreciativa específica que possibilita a compreensão e a
intervenção do indivíduo nos fenômenos sociais e culturais e que o ajude a construir
conexões.

37
Segundo Antunes (2005, p. 11) “A palavra jogo provém de jocu, substantivo
masculino de origem latina que significa gracejo. Em seu sentido etimológico,
portanto, expressa um divertimento, uma brincadeira, um passatempo, sujeito a regras
que devem ser observadas quando se joga. Significa também balanço, oscilação,
astúcia, ardil, manobra. Não parece ser difícil concluir que todo jogo verdadeiro é uma
metáfora da vida“.
Na visão do autor, a responsabilidade do aprendizado não está somente a
cargo do professor que ensina, mas sim dividida entre a ação facilitadora do professor
e a busca do conhecimento do aluno que em conjunto irão construir o aprendizado.
A partir daí o jogo passa a ser uma ferramenta ideal para a aprendizagem.
“Assim, brincar significa extrair da vida nenhuma outra finalidade que não seja ela
mesma. Em síntese, o jogo é o melhor caminho de iniciação ao prazer estético, à
descoberta da individualidade e à meditação individual”. (ANTUNES, 2005, p. 36).
O ato de brincar vai evoluindo com o passar do tempo, altera-se de acordo
com os interesses próprios da faixa etária, conforme a necessidade de cada criança
e também com os valores da sociedade na qual está inserida.
Nessa perspectiva, Wajskop (1995, p.25) afirma que “o brincar é uma atividade
humana na qual as crianças são introduzidas constituindo-se em um modo de
assimilar e recriar a experiência sociocultural dos adultos”. Segundo Chateau (1997)
e Winnicott (1985) o ato de brincar é um ato característico da infância e afirmam que
a infância não existe sem o brincar, o brincar é inato. A criança tem como objetivo a
própria ação do brincar (fazer), não importando o resultado que este 22 fazer
proporciona. O brincar é algo livre e, em função deste aspecto não há modos prontos
de agir ou operar durante a brincadeira.
Além disso, Vygotsky (1998) afirma que o brincar é um espaço de
aprendizagem onde a criança age além do seu comportamento humano. No brincar,
ela age como se fosse maior do que é na realidade, realizando simbolicamente, o que
mais tarde realizará na vida real. Embora aparentemente expresse apenas o que mais
gosta, a criança quando brinca, aprende a se subordinar às regras das situações que
reconstrói.6

6 Extraído do link: leg.ufpi.br

38
10 JOGOS

O jogo é uma importante ferramenta no processo de aprendizagem lúdica na


alfabetização. Durante o jogo, a criança toma decisões, resolve seus conflitos, vence
desafios, descobre novas alternativas e cria novas possibilidades de invenções. Para
isso, necessita do meio físico e social, onde poderá construir seu pensamento e
adquirir novos conhecimentos de forma lúdica, onde há o prazer a aprendizagem.
Os jogos proporcionam a imaginação às crianças, sendo assim, elas criam
situações e resoluções para os problemas. São capazes de lidar com dificuldades,
com o medo, dor, perda, conceitos de bem e mal, que são reflexos do meio em que
vivem.
Ao valorizar o jogo, podemos percebê-lo como atividade natural, espontânea e
necessária a todas as crianças, tanto que o brincar é um direito da criança,
reconhecido em declarações, convenções e em leis em nível mundial.
Ramos, Ribeiro e Santos (2011, p. 42) destacam várias contribuições no que
tange à aprendizagem lúdica, sendo elas:

 As atividades lúdicas possibilitam fomentar a formação do autoconceito


positivo.
 As atividades lúdicas possibilitam o desenvolvimento integral da criança já que,
através destas atividades, a criança se desenvolve afetivamente, convive
socialmente e opera mentalmente.
 O jogo é produto de cultura, e seu uso permite a inserção da criança na
sociedade.
 Brincar é uma necessidade básica como é a nutrição, a saúde, a habilitação e
a educação.
 Brincar ajuda as crianças no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e
social, pois, através das atividades lúdicas, as crianças formam conceitos,
relacionam ideias, estabelecem relações lógicas, desenvolvem a expressão
oral e corporal, reforçam habilidades sociais, reduzem a agressividade,
integram-se na sociedade e constroem seu próprio conhecimento.
 O jogo é essencial para a saúde física e mental.

39
 O jogo permite à criança vivências do mundo adulto, e isto possibilita a
mediação entre o real e o imaginário.
O jogo, portanto, além de ter importância na vida da criança, é o verdadeiro
impulso da criatividade. E, para isso, o professor se vale da aprendizagem lúdica como
recurso pedagógico, propiciando espaços e situações de aprendizagem que articulem
os recursos e capacidades efetivas, emocionais, sociais e cognitivas das crianças aos
seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de
conhecimento.
Corroborando essa ideia, Callai (1991, p. 74) ressalta que: na aprendizagem é
necessário permitir, proporcionar e incentivar o indivíduo; nas suas relações, a criança
aprende aquilo que interessa, o que lhe é necessário, e, por isso, o que lhe dá prazer.
Sendo assim, a assimilação e a acomodação da criança ao meio devem ocorrer
através do jogo, da aprendizagem lúdica.
Para Piaget (1971) o jogo envolve não apenas uma forma de desafogo ou
entretenimento para gastar energia das crianças, mas um meio que contribui e
enriquece o desenvolvimento intelectual.
Kramer (1992) nos diz que a ludicidade é um traço da personalidade da criança
até a fase adulta, com importante função no estilo cognitivo, ou seja, na alegria, no
senso de humor e na espontaneidade.
Considerando o jogo como uma imitação da vida real pelas crianças, Brougère
(1998 p. 18) ressalta que “o jogo é considerado como uma atividade que imita ou
simula uma parte do real; depois, chega-se a pensar que o próprio real deve ser
compreendido a partir da ideia que se faz de jogo”. Considerando este pensamento,
evidenciamos que o jogo está associado ao papel social da criança. Ela brinca como
se estivesse já inserida na sociedade, mesmo tendo, nessa idade, apenas o trabalho
escolar. Daí a importância dos jogos e brincadeiras nas atividades do cotidiano da
escola. É um crescimento intelectual, afetivo e social.

40
Fonte: demonstre.com

Entre as numerosas definições para o termo jogo, a que nos parece mais
esclarecedora é a de Murcia (2005 p. 74):
“É um meio de expressão e comunicação de primeira ordem, de
desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo e sociabilizador por excelência. É básico
para o desenvolvimento da personalidade da criança em todas as suas facetas. Pode
ter fim em si mesmo, bem como ser meio para a aquisição das aprendizagens. Pode
acontecer de forma espontânea e voluntária ou organizada, sempre que respeitado o
princípio da motivação. “
Sendo assim, o jogo empregado na escola deve servir como um recurso para
a realização das finalidades educativas, pois é indispensável ao desenvolvimento
infantil, assim como deve atender a sua expressão lúdica.
Vários são os fatores que devem ser favorecidos no jogo, iniciando pela a
identidade pessoal, pois, através dos jogos, aprendemos a aceitar os demais com
suas virtudes e seus defeitos, somos livres e temos sentimentos diversos.
Desenvolvemos valores tais como a tolerância, a segurança, a sinceridade e o
respeito por si mesmo e pelos demais.
Temos como outro fator a criatividade, tendo os jogos, como propulsores da
imaginação, de resoluções de problemas, criação e recriação. A participação é, sem
dúvida, fundamental para o desenvolvimento de habilidades que proporcionem

41
crescimento integral à criança. Por isso, todos precisam ser incentivados à
participarem procurando a integração e a aceitação do grupo.
Por fim, para fomentarem as relações sociais, o objetivo principal dos jogos
deve ser a diversão individual e coletiva. As crianças vivem plenamente sua
integridade e sua participação efetiva.
Portanto, utilizar os jogos como ferramentas na aquisição da aprendizagem
significativa para o aluno é, sobremodo, permitir que as crianças desenvolvam as
relações interpessoais, o conhecimento lógico-matemático, a representação do
mundo, a linguagem e também a leitura e a escrita.
Em turmas de alfabetização, é fundamental que a aprendizagem lúdica permeie
todo o processo de construção da aprendizagem significativa, ou seja, os jogos e as
brincadeiras devem estar presentes no cotidiano escolar, possibilitando às crianças
aprenderem com alegria, entusiasmo e motivando-as a fazerem o que mais gostam e
sabem fazer: brincar, emocionar-se, criar, sorrir, sonhar, viver coletivamente, aprender
e crescer num desenvolvimento integral.

11 BRINCADEIRAS

Estudar na infância somente o crescimento, o desenvolvimento das funções,


sem considerar as brincadeiras, seria negligenciar esse impulso irresistível pelo qual
a criança modela a sua própria estátua. [...]. Pela brincadeira ela desenvolve as
possibilidades virtuais que afloram sucessivamente à superfície do seu ser, assimila-
as e as desenvolve, une-as e as combina, coordena seu ser e lhe dá vigor.
Chateau (1987, p.14.)

A brincadeira é uma forma adequada de estimulação que pode ser oferecida


às crianças por fazer parte da infância. Segundo Cunha (2004 p. 12) a escolha livre
por parte da criança deve ser respeitada:
Não somente para cultivar a autonomia da criança, mas para que seja preservada sua
motivação intrínseca. Entretanto, os conhecimentos e a intuição do educador saberão
fazer uma pré-escolha, construir um contexto lúdico adequado e disponibilizar para
ela uma variedade de oportunidades que possibilite um nível de operação satisfatório,
dentro do qual ela possa, de forma criativa e prazerosa, evoluir e aprender.

42
Adriana Rosa (1998) enfatiza que as brincadeiras para a criança constituem
atividade primária que traz grandes benefícios do ponto físico, a qual supre
necessidades de crescimento, e do ponto intelectual e social contribui para a
desinibição.
As brincadeiras abrangem grande parte do desenvolvimento da criança,
quando representa situações observadas no cotidiano e que futuramente a criança irá
vivenciar. Criando situações imaginárias confrontada com o real, desenvolve suas
capacidades e habilidades, as quais muitas vezes não conhecem; dessa forma
desenvolve o “eu”.
Vale ressaltarmos que o brincar não é uma qualidade inata da criança.
Segundo Brougère (1998 p.103-104) “brincar não é uma dinâmica interna do
indivíduo, mas uma atividade dotada de uma significação social que, como outras,
necessita de aprendizagem”. Isto é, a criança aprende a brincar e isto se dá desde as
primeiras interações lúdicas entre mãe e bebê. Desta forma, a brincadeira pode ser
vista, como um espaço de sociabilização, de apropriação de cultura, de tomada de
decisões e invenções e do domínio da relação com os outros. O autor afirma,
sinteticamente, portanto:
“A brincadeira é então um espaço social, já que não é criado por natureza, mas após
uma aprendizagem social, e supõe uma significação conferida por vários jogadores
(um acordo). [...]. Esse espaço social supõe regras. Há escolha e decisão continuada
da criança na introdução e no desenvolvimento da brincadeira. Nada mantém o acordo
senão o desejo de todos os parceiros. Na falta desse acordo, que pode ser negociado
longamente, a brincadeira desmorona. A regra produz um mundo específico marcado
pelo exercício, pelo faz-de-conta, pelo imaginário. Sem riscos, a criança pode inventar,
criar, experimentar neste universo. [...]. Portanto, a brincadeira não é somente um
meio de exploração, mas também de invenção. (BROUGÈRE, 1998b, p.192-193). “
Sendo assim, surge, na teoria do autor, a condição de a criança criar na
brincadeira, pois essa situação comporta menos riscos e mais possibilidades de
descobrir novas experiências e novos comportamentos. Oliveira, Solé e Fortuna
(2010, p.27) nos dizem que:
“Através das brincadeiras as crianças experimentam novas formas de agir, de sentir
e de pensar. Brincando, a criança busca se adaptar de forma ativa à realidade onde
vive, mas também emite juízos de valor. Constrói, brincando, a sociedade em que irá
viver quando adulta. Daí a grande relevância do lúdico para o ambiente de ensino-

43
aprendizagem, principalmente para a própria sala de aula, nos mais diversos níveis
de escolaridade, permitindo à criança resignificar seu contexto vivido. “
Brincar supõe sempre liberdade, envolvimento e espontaneidade. Leva a
criança a aprender a organizar seu campo perceptivo, suas ideias e suas
experiências, e a entrar em contato com suas emoções e sentimentos. Propicia dessa
forma a integração dinâmica respeitando o próprio ritmo da criança e fortalecendo a
alegria de pertencer a um grupo.
É inegável que as brincadeiras têm significativo impacto no desenvolvimento
integral da criança, principalmente nos aspectos afetivos, social, físico e cognitivo,
sendo, portanto, uma atividade vital e indispensável na infância. A criança desenvolve
a imaginação, a memória, a concentração, a imitação. Como afirma Mozzer (2008),
ao brincar, as crianças exploram e refletem sobre a realidade cultural na qual vivem,
incorporando e, ao mesmo tempo, questionando as regras e papéis sociais. Assim, é
na brincadeira que 45 elas podem ultrapassar a barreira da realidade, transformando-
a e agindo sobre a mesma através da imaginação.
As brincadeiras e os jogos no contexto escolar podem ser utilizados com os
seguintes propósitos: de entretenimento e diversão, para o desenvolvimento de
determinadas habilidades e competências e como ferramentas na construção de uma
aprendizagem significativa.
Portanto, ao pensarmos que um dos principais objetivos da escola é possibilitar
a aprendizagem e o desenvolvimento integral do aluno, podemos afirmar que jogos e
brincadeiras, por apresentar inúmeros benefícios nesse sentido, podem ser
adjuvantes no cumprimento desse objetivo. Sendo assim, a aprendizagem lúdica deve
fazer parte da proposta pedagógica da escola.
É necessário que a escola proporcione jogos e brincadeiras para as crianças
experimentarem e, ao mesmo tempo, aprenderem, oferecendo a liberdade para
desenvolverem a variedade de habilidades fundamentais para a aprendizagem e a
vida. A brincadeira é um processo, que, por si mesmo, envolve uma variedade de
comportamentos, motivações, oportunidades, práticas, habilidades e compreensões.
Em resumo, a aprendizagem lúdica com propósito precisa estar ligada à
aquisição ativa de conhecimento, à participação social conjunta e ao envolvimento no
processo de aprendizagem. A brincadeira é, na verdade, uma das maneiras mais
eficientes, poderosas e produtivas de se aprender o que precisamos. É indispensável

44
que nos lancemos nesse mundo mágico que é a aprendizagem lúdica para
investirmos numa educação centrada nos interesses dos alunos.
A escola pode e deve oferecer um ambiente baseado nas brincadeiras e nos
jogos, nos quais, podem ser utilizados como um veículo para facilitar a aprendizagem
escolar e também o desenvolvimento pessoal, social e cultural. Atentamo-nos,
portanto, ao que Almeida (1998, p.57) ressalta:
“A brincadeira além de contribuir e influenciar na formação da criança, possibilitando
um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, integra-se ao mais alto
espírito de uma prática democrática enquanto investe em uma produção séria do
conhecimento. Sua prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica,
promovendo a interação social e tendo em vista o forte compromisso de
transformação e modificação do meio. ”

12 VALOR SOCIAL, CULTURAL, AFETIVO E EDUCATIVO DO LÚDICO

A ludicidade compreende um valor social, cultural, afetivo e educativo. Brincar


é uma ação inerente ao comportamento do ser humano. Brincando enfrenta os medos,
vivencia experiências novas, experimenta vários papéis e “através da brincadeira as
formas de comportamento são experimentadas e socializadas (...) o lúdico faz parte
do patrimônio lúdico cultural, traduzindo valores, costumes, formas de pensamento e
ensinamento” (FRIEDMANN, 1996, p. 30).
É necessário romper com os paradigmas que por muito tempo embasaram a
ação educativa, confundindo-se ensinar com transmitir conteúdo, onde o aluno era o
agente passivo da aprendizagem e o professor um mero transmissor de
conhecimentos, o que se constitui, hoje, num paradoxo frente às novas exigências do
ensinar e do aprender.
Nesse contexto, destaco que, para o profissional da área de educação, o
entendimento da gênese e evolução da aprendizagem lúdica é de fundamental
importância, pois implica uma reflexão sobre seu real valor e possíveis erros
cometidos anteriormente, que não poderão ser repetidos.
É válido ressaltarmos que o lúdico contribui em muito para a formação do eu
crítico, pensante, solidário, cooperativo, participativo e é responsável pela iniciativa
pessoal e grupal.

45
Nesse sentido, lançar mão de desafios que estimulem a criatividade dos alunos
e de atividades lúdicas como, por exemplos, jogos, faz de conta, brincadeiras,
competições e dinâmicas, é essencial para que a aquisição de conhecimentos
sistematizados seja considerada prazerosa e atrativa.
A utilização de jogos e brincadeiras direcionadas pedagogicamente em sala de
aula pode estimular os alunos à construção do pensamento de forma significativa e à
convivência social, pois, ao atuarem em equipe, superam, pelo menos em parte, seu
egocentrismo natural. Os jogos e brincadeiras também podem ser utilizados como
estratégia didática antes da apresentação de um novo conteúdo, com a finalidade de
despertar o interesse do aluno, ou no final, reforçando a aprendizagem.
A aprendizagem lúdica tem o caráter de enriquecer as práticas escolares. O
aluno se sente mais estimulado para aprender se o estudo for atraente, convidativo e
tiver associação com metodologias que primem pela construção do saber. Nesse
sentido, percebe-se a necessidade de utilização de jogos e brincadeiras tendo em
vista proporcionar situações de aprendizagem efetivas e significativas. O aluno, dentro
do contexto escolar, deve ser percebido como principal agente no processo de
construção do saber.

Fonte: www.fenixonline.com.br

46
A aprendizagem lúdica enseja ao aluno a interpretação do meio, favorece a
vivência cotidiana, promove experiências partilhadas que fundamentam a reflexão,
interagindo e formando.
Almeida (1998, p. 35) relata que os objetivos da aprendizagem lúdica, além de
explicarem as relações múltiplas do ser humano em seu contexto histórico, social,
cultural e psicológico, enfatizam a libertação das relações pessoais possíveis às
técnicas para as relações reflexivas, criadoras, inteligentes, sociabilizadoras, fazendo
do ato de educar um compromisso consciente, intelectual, de esforço, sem perder o
caráter de prazer, de satisfação individual e modificador da sociedade.
Assim, podemos perceber a importância da ludicidade para a formação global
do indivíduo, visto que é condição para o desenvolvimento da socialização, da
criatividade, das diversas linguagens, sendo fundamental na formação integral do ser
humano, e estas necessitam fazer parte da nossa prática pedagógica. Acreditamos
que o brincar é o primeiro experimentar do mundo que se realiza na vida da criança.
Enfatizamos assim, que a criatividade do professor é essencial para propor
jogos e brincadeiras que estimulem os alunos a construir uma aprendizagem
significativa por meio da aprendizagem lúdica, pois é no brincar que o indivíduo pode
ser criativo e utilizar sua personalidade integral. Vale lembrar que, aprender é construir
significados e ensinar é oportunizar esta construção.
Se para a criança for dada a possibilidade de aprender através da ludicidade
na sala de aula, entendendo essa ação como um ato educativo, ter-se-á no âmbito
escolar o resgate da própria essência de interagir, pois brincar é uma linguagem de
interação que possibilita descobertas e conhecimentos sobre si mesmo, sobre o outro,
sobre o mundo que o rodeia. Ela aprende sobre a natureza, os eventos sociais, a
estrutura e a dinâmica interna de seu grupo. É através de jogos e brincadeiras que ela
explora as características dos objetos físicos que a cerca e chega a compreender seu
funcionamento.
Sendo assim, ressaltamos que as interações são fundamentais no processo de
desenvolvimento e aprendizagem do ser humano. Para a criança, além da interação
com o adulto, que é fundamental, elas, entre crianças são igualmente importantes. As
crianças aprendem muito umas com as outras, pois as leva a confrontarem seus
pontos de vistas e suas informações, a argumentar e negociar para chegar a um

47
acordo. A criança incapaz de resolver uma situação-problema sozinha aprende como
fazê-lo ao trabalhar conjuntamente.7

13 QUATRO FERRAMENTAS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL INOVADORA

A formação inicial das crianças deve ser muito planejada. É ali que pode nascer
o desejo pelo conhecimento, onde se desperta o processo de ensino-aprendizagem
infantil. São muitas as formas de se trabalhar conteúdos em sala de aula, sob
diferentes perspectivas das práticas pedagógicas, porém, uma educação infantil
inovadora passa por um intenso processo de estimulação. Ferramentas auxiliam muito
– a tecnologia, por exemplo, é um instrumento fundamental atualmente – e propiciam
o desenvolvimento da criança.

1) Jogos e brincadeiras

Através da brincadeira, a criança exercita suas potencialidades e desenvolve


seu lado social, motor e cognitivo. Por ser um processo dinâmico, a aprendizagem é
facilitada com o uso de quebra-cabeças, brinquedos de montar, com formas e cores
diferentes, que estimulam a linguagem e o conhecimento das formas. Livros de colorir
e fantoches são bons exemplos de ferramentas que aproveitam o mundo do faz-de-
conta para ensinar os alunos a compreender o mundo real e o imaginário.

2) Tecnologias ludopedagógicas

Ao aliar diversão ao método de ensino, a ludopedagogia torna o aprendizado


divertido e atrativo ao olhar infantil. O aprender brincando é uma das formas mais
agradáveis de estimulação, já que torna a experiência mais prazerosa. A PlayTable,
por exemplo, é uma mesa digital, interativa e multidisciplinar com jogos e aplicativos,
que incentiva um melhor e mais rápido aprendizado ao associar conteúdo aos jogos.
Indicada para crianças de 3 a 10 anos, traz informações sobre disciplinas dos períodos
pré-escolar e de alfabetização, com toda a fundamentação teórica baseada nas
diretrizes curriculares do MEC para que o conteúdo seja adequado a cada fase.

7 Extraído do link: repositorio.unb.br

48
3) Lousa digital

Lembra o antigo quadro negro no formato – uma grande tela na parede – mas
mais inteligente, já que é touch screen. Funciona como um computador e conta com
todos os seus recursos de multimídia, por exemplo, onde o professor controla
apresentações sobre o tema da aula, com imagens e som, porém sem a interação
direta do aluno.

4) Laboratórios de informática

Computadores com recursos digitais e conteúdos educacionais são


disponibilizados aos alunos para a construção efetiva, significativa da aprendizagem.
A implantação desses ambientes tecnológicos na rede de educação básica do ensino
público, por exemplo, é apoiada pelo Programa Nacional de Tecnologia Educacional
– ProInfo, com a intenção de promover o uso pedagógico das tecnologias.
No entanto, é importante avaliar o uso de novas tecnologias e o quanto alunos
e professores estão preparados para adotá-las. A intimidade dos alunos com os
recursos disponíveis pode ser uma forma de prender a atenção ou um motivo de
dispersão em sala de aula, principalmente no caso de dispositivos com acesso à
internet. A educação infantil inovadora incentiva a uma nova e mais abrangente
formação do aluno, e com recursos adequados promove a escola a um local mais
atrativo e estimulante.8

8 Extraído do link: blog.kidzania.com.br

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