Você está na página 1de 5

“SAÚDE DO TRABALHADOR E A PSICOLOGIA DO

TRABALHO”

ALUNOS: LUCAS UTABIRAM FIGUEIREDO E RIVANA BEZERRA MODESTO.

TURMA 24.

TÉCNICO DE SEGURANÇA DO TRABALHO.

INSTITUTO DIMENSÃO.

PROFESSOR (A): LIZANDRA FARIAS

Os assuntos relacionados à saúde do trabalhador foram exclusivos do Ministério do


Trabalho desde sua concepção, em 1934, até a implantação da Constituição Federal de 5 de Outubro
de 1988, que define em seu Art. 196 que saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos
e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
No seu Art. 197, ressalta que são de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao
Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo
sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica
de direito privado.
O termo saúde do trabalhador se refere a um campo do saber que visa compreender a
relação trabalho/saúde ou as relações de trabalho e o processo saúde/doença, buscando
estabelecimento de nexo causal entre ambos. As doenças conforme, mencionadas no artigo não só
remetem à doenças de ordem física, visual, como também as doenças de ordem mental. O ser
humano é composto, de corpo (físico), alma (espírito) e mente, e entre esses três por mais que seja
difícil nos tempos de hoje, devem manter entre si e com o universo um equilíbrio benéfico as três
esferas. O trabalhador é toda pessoa que exerça uma atividade de trabalho, independentemente de
estar inserido no mercado formal ou informal de trabalho, inclusive na forma de trabalho familiar
e/ou doméstico. Justamente, pensando nessas relações, de modo a compreender melhor tais
relações, comportamentos, expectativas, frustrações no campo de trabalho, campo mente e campo
corpo, se faz necessária uma atuação mais intimista de uma equipe multidisciplinar de profissionais
para maior atuação no campo “SAÚDE DO TRABALHADOR”, envolvendo profissionais das áreas
de Engenharia, Psicologia, Medicina, Enfermagem e Serviço Social. O texto abordado demonstra a
importância do profissional da área da Psicologia para a determinação da relação trabalho, com
adoecimento mental, ajudando a compreender o ser humano nas suas variadas formas. O
estabelecimento do nexo causal entre trabalho e adoecimento mental se torna único e individual
para cada pessoa. Para o sucesso da determinação desse nexo é necessário o maior detalhamento
possível do ambiente de trabalho de atuação do trabalhador, e o quanto esse ambiente poderá
influenciar na percepção do adoecer desse trabalhador. Melhor maneira de compreender o ambiente
do trabalho do indivíduo é realizando entrevistas, levantamentos de possíveis situações causadoras
de stress, estudos epidemiológicos, consultas de satisfação no trabalho, com aqueles que estão nesse
ambiente dia a dia. A responsabilidade pela saúde o trabalhador, configura como sendo do SUS
(Sistema Único de Saúde), cuja a garantia envolve todos os níveis de atenção e esferas de governo
do SUS(nível intra-setorial) e inter-setorial (setores como Previdência Social, Trabalho, Meio
Ambiente, Justiça, Educação e demais setores relacionados ao desenvolvimento), necessitando de
uma atuação de diversos profissionais e do trabalhador também.
O olhar atento dos diversos profissionais necessita de uma atenção voltada tanto para
os aspectos biológicos, quanto para fatores psíquicos e sociais, então a psicologia entra nessa esfera
buscando uma aproximação com os problemas de saúde do trabalhador. Um marco no Brasil para
atuação da Psicologia foi o (RENAST) em 2002, cuja finalidade foi a de articular ações de saúde do
trabalhador para promover a saúde.
A psicologia do trabalho não enxerga o trabalho somente como um emprego, mas sim
como uma atividade que para o psicólogo estabelece uma concepção do sujeito psíquico, com a
ciência da realidade. O trabalho é enxergado como fonte principal das ações do psiquismo em
domínio da ação, através de uma ligação entre a própria ação e a consciência. A produtividade e a
eficiência estão correlacionadas com uma evolução individual por meio do trabalho, seja na
obtenção de satisfação ou sobre o poder de ação coletiva e individual. Esse campo atua auxilia
bastante no entendimento do ser humano, sendo esse entendimento a verdadeira definição de
psicologia do trabalho. Sem trabalho seria impraticável a psicologia, pois o trabalho é fundamental
na vida do sujeito podendo se apresentar de forma positiva ou negativa, promovendo prejuízos de
ordem social e psicológica, afetando a saúde dos sujeitos. Essa ação prejudicial ao afetar uma
vertente do corpo: “a mental”, pode acabar por comprometer a saúde física também.
Uma questão importante, independente da interface entre trabalho e saúde mental e do
contexto em que o trabalhador está inserido, é o instrumento teórico e metodológico que permita ao
profissional estabelecer o nexo causal entre o trabalho e o adoecimento mental em acordo com a
legislação trabalhista brasileira. Geralmente os distúrbios do trabalho não são reconhecidos no ato
da avaliação clínica, sendo que os mesmos podem estar mascarados pelos sintomas de ordem física,
por isso, se faz necessário a atuação do profissional para estabelecimento do nexo causal.
Para que se obtenha fatos, conhecimento sobre saúde mental e trabalho, surge a
necessidade de se avaliar o ambiente de trabalho, a importância na vida do indivíduo do seu
trabalho com meio social. Sabe-se que Trabalho é sinônimo de saúde, pois uma pessoa apta pra
trabalhar em qualquer atividade, deve primeiramente estar com sua saúde, física, e mental em
equilíbrio pro exercício da atividade. Um grande desafio na sociedade moderna, devido às correrias
e pressões do dia a dia, é justamente o cuidado coma saúde em todas as vertentes. O cuidado
envolve desde, a prática de exercícios, boa alimentação, visitas regulares ao médico, dentre outros
fatores, porém sabemos o quão é difícil o comprometimento das pessoas em seguir um estilo de
vida mais saudável em casa, o que dirá então, promover visitas rotineiras ao médico. Essa ultima
citação das visitas ao médico, podem não se cumprir de forma amigável, e otimista. Todavia,
sabemos que para trabalhar em qualquer lugar, se faz necessária a realização de exames de tempos
em tempos, então o trabalhador se obriga a cumprir seu papel com a saúde se quiser continuar
trabalhando e não perder uma identidade social, por conta da falta de trabalho. A importância do
Nexo causal para fins previdenciários, e dos estudos para compreensão de contribui para a
propagação da nova forma de registrar doenças e acidentes de trabalho, não precisando uma doença
ou acidentes desses ser somente de ordem física. Os estudos envolvendo a adoção do Nexo Técnico
Epidemiológico Previdenciário (NTEP) necessitam de métodos consolidados cientificamente para
que a Previdência Social crie a Diretoria de Políticas de Saúde e de Segurança do Trabalho para
intensificar a prevenção. Existem diversos fatores que contribuem para a alteração da saúde mental
no trabalho, sejam eles pontuais: agentes tóxicos, e fatores relativos à organização do trabalho. Os
fatores que influenciam são: depressão, fadiga nervosa, síndrome do pânico, transtornos
relacionados ao alcoolismo, estados de estresse pós-traumático, transtornos orgânicos de
personalidade, dentre outros.

- “Minayo (2007) sintetiza que os efeitos de saúde e doença influem tanto


no corpo como em repercussões no imaginário: ambas implicações são
reais. Assim, as ações clínicas, técnicas, de tratamento, de prevenção ou de
planejamento precisam estar atentas aos valores, atitudes e crenças das
pessoas envolvidas. Ainda que não tenha sido foco da presente pesquisa
estabelecer o nexo causal entre saúde/doença mental e trabalho, conhecer
os aspectos que envolvem essa dinâmica contribui para aprimorar o
entendimento das relações entre o trabalho e o indivíduo. O trabalho não é
apenas um meio de subsistência, mas constituidor de identidade, podendo
ser fonte de saúde ou de doença. Desta forma, emerge a necessidade de
uma nova mentalidade que permita a reflexão sobre riscos e a prática
investigativa e compreensiva do psicólogo do trabalho em prol da saúde do
trabalhador.

O texto abordou um estudo de caso realizado com uma mulher de 27 anos cujo nome
fictício dado foi Camila. Camila, 27 anos, assistente administrativa, superior completo, participou
desse estudo de forma voluntária, permitindo assim que fossem levantados dados importantes de
relevante interesse para o trabalho. A voluntária se encaixava nos critérios avaliativos, com
histórico de afastamento laboral por motivo de adoecimento mental, com licença superior ao tempo
de cem dias. A partir daí o contato foi realizado, o encontro agendado, foram lidos os objetivos do
trabalho, e foi assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para realização do estudo.
Dentro da entrevista realizada foram-lhe apresentadas questões que norteavam: Trajetória
profissional, descrição atual de vida e trabalho, importância do trabalho, modo como aconteceu o
afastamento, quais sintomas sentiu, como enfrentou a situação e apoios que recebeu.
O método utilizado para realização da entrevista foi análise de conteúdo citado por
Bardin (1977), como a análise das comunicações. Os dados da entrevista foram organizados em
categorias como: Significado do trabalho; Possíveis fatores de adoecimento; Dos sintomas para a
doença/diagnóstico; Autoculpabilização; Fatores contribuintes para a recuperação Bardin (1977)
Sabe-se que o ato de trabalhar para maioria das pessoas, além de garantir a sobrevivência, é
uma identidade social de cada indivíduo. O momento que estamos enfrentando “PANDEMIA”
transparece bem essa realidade, muito pessoas sem renda, trabalho, desesperadas pela luta do pão de
cada dia. O trabalho é sinônimo de dignidade, controle emocional, sobrevivência e autoconfiança
própria; um individuo sem trabalho é constantemente julgado, condenado, pela sociedade que o
considera um excluído, incapaz de gerenciar sua própria identidade. A psicologia entra nesse meio
para atuar no campo de controle emocional, promovendo uma auto-avaliação da situação vivida
através do estudo da mente humana de cada pessoa. Os transtornos psicológicos decorrentes do
trabalho são a 3ª maior causa de afastamentos do trabalhista no Brasil, o que deixa bem evidente o
nível de preocupação que as empresas têm com seus colaboradores.
No caso de Camila, 27 anos, ela é uma pessoa com cotidiano de vida normal. Formada,
trabalhadora, possui namorado, e mora somente com sua mãe, pois seu pai faleceu de câncer
quando ela tinha 10 anos. Atua como assistente administrativa há certo tempo numa organização de
grande porte, e no decorrer do tempo apresentou certo nível de estresse e trocou de setor. A
colaboradora foi diagnosticada com TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada), por ter sido
trocada de setor diversas vezes. Acreditamos que os diferentes níveis de estresse em cada setor, e as
responsabilidades das demandas de cada tenha sido o fato estopim para o desencadeamento do
transtorno.
É nessa relação que o sujeito se reconhece em um processo de investigação de
similaridades e de diferenças. O cotidiano ajuda na constituição da identidade individual
e social. É a partir de trocas materiais e afetivas que o sujeito constitui sua singularidade
em meio às diferenças. O espaço do trabalho é um campo importante para essas trocas,
aparecendo como um mediador do desenvolvimento, da constituição e da complementação
da identidade e da construção da vida psíquica (LANCMAN, 2008).
Um ambiente contaminado seja sobrecarga de trabalho, excesso de jornada de trabalho,
muitas vezes esse invadindo momentos que seriam de descanso, promove uma série de pressões
excessivas que podem desencadear estresse, quando submetido a essas pressões por longo período.
Percebe-se que a profissional em questão do artigo, busca a imagem da profissional perfeita, o que a
faz sacrificar sua qualidade de vida, infringindo seus direitos psíquicos, limites corporais,
promovendo assim um desequilíbrio na balança: “CORPO, ALMA E MENTE”. Tudo isso para
agradar a organização a qual trabalha, e seus superiores no caso a gerente (Uma liderança analisada
como frágil). A entrevistada denúncia de forma clara a violência no trabalho, citando como exemplo
erros que sua superior cometia e que eram atribuídos a ela, tais como a assistente marcar uma
reunião, a gerente esquecer-se da reunião, e depois a mesma colocar a culpa do esquecimento na
funcionária que não lhe passou a informação do compromisso.
Para ela o significado do trabalho assim como para a classe da maioria dos trabalhadores, se
reflete no seu sustendo e auto-estima pessoal, além de poder viabilizar seus projetos de vida. O local
de trabalho deve propiciar a satisfação em estar naquele lugar, que vão desde ao prazer de levantar
da cama todos os dias para trabalhar, como saber também que as pessoas quem vamos trabalhar nos
propiciem o prazer de estar em sua companhia durante o expediente. O trabalho em EQUIPE de
forma harmoniosa contribui muito para o desenvolvimento das relações afetivas do trabalho e para
o sucesso dele; ambiente esse em que devemos nos sentir realizados, com capacidade de se
desenvolver, de pode contribuir, crescer, e aprender cada vez mais.

Tais reflexões vão ao encontro do que compreendem Heloani e Capitão (2003),


quando afirmam que o sofrimento mental do trabalhador está em grande parte
atribuído à organização, isto é, à divisão do trabalho, do conteúdo da tarefa, sistema
hierárquico, relações de poder, enfim, a um aparato que modela a percepção, as
possibilidades de apreensão, o controle dos impulsos e a reflexão do que é
produzido e também consumido nas tarefas executadas.

Dentre os fatores que influenciam na interação entre o trabalho e o ambiente laboral


estão à satisfação no ambiente de trabalho e as condições da organização. É importante que as
organizações contem com profissionais de psicologia dentro do seu corpo de funcionários. Esse
profissional através dos seus conhecimentos pode agir em diversas áreas que envolvam a saúde
mental do colaborador, que vão desde o acompanhamento psicológico individual às palestras
motivacionais e atividades voltadas à melhoria do clima organizacional.

Você também pode gostar