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INTERPRETAÇÃO 101:
UMA INTRODUÇÃO À INTERPRETAÇÃO
ENGENHEIRO COELHO
2012
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Engenheiro Coelho
2012
Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário Adventista de São
Paulo, do curso de Tradutor e Intérprete apresentado e aprovado em 22 de
novembro de 2012.
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1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 08
2HISTORIOGRAFIA DA INTERPRETAÇÃO ........................................................... 11
2.1 Um passeio pela história da tradução oral ..................................................... 11
2.2 A aparição dos intérpretes na história ............................................................ 12
2.3 A interferência da interpretação nas guerras e negociações de paz ........... 14
2.4 O Brasil e a interpretação ................................................................................. 15
3 COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS EM UM INTÉRPRETE ................................... 18
3.1 Habilidades linguísticas.................................................................................... 18
3.2 Habilidades interpessoais ................................................................................ 18
3.3 Oralidade ............................................................................................................ 19
3.4 Comunicação intercultural ............................................................................... 20
3.5 A teoria por trás da prática ............................................................................... 21
4 RELATÓRIO .......................................................................................................... 22
4.1 A interpretação e seu processo ....................................................................... 22
4.1.1 Primeira ou terceira pessoa .......................................................................... 23
4.2 Conferência internacional de filosofia científica das origens ....................... 24
4.3 Mestrado de liderança da Andrews ................................................................. 26
4.4 Concílio de mordomia ....................................................................................... 28
CONSIDERASÕES FINAIS ...................................................................................... 30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 32
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1 INTRODUÇÃO
As interpretações feitas em sala de aula são muito úteis para dar ao aluno
uma ideia do que é fazer uma interpretação real. Entretanto, apenas com isso não
há como estar preparado para os fatores adversos que podem aparecer durante
uma interpretação. Por isso, sugere-se que é necessário inserir o aluno em algumas
situações reais de interpretação durante seu treinamento e que, quanto mais cedo
essa experiência inicial ocorrer, mais possibilidade de sucesso terá o treinamento e
mais preparado para atuar na área estará o estagiário.
estagiários com o percurso a ser percorrido por quem se embrenha nesta área; por
fim, tecemos algumas considerações finais sobre o que temos apreendido destas
experiências práticas.
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2HISTORIOGRAFIA DA INTERPRETAÇÃO
Outro aspecto que a história nos trás é que a interpretação não era uma
atividade realizada por nobres ou pessoas importantes socialmente, ninguém se
preocupava em formalizar registros; ao contrário, conforme os intérpretes eram
descritos como mestiços étnicos e culturais e pertencentes à classe das mulheres,
escravos e membros de subcastas.
Herman (2002) nos indica que os egípcios tinham métodos sofisticados para a
sua época para o desenvolvimento da comunicação intercultural. Heródoto sugere
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Na idade média, a procura pela interpretação se torna cada vez mais comum
devido principalmente a ações religiosas, como às cruzadas, relatadas nas crônicas
francesas e a conversão da Europa ao catolicismo. Percebe-se aí a importância dos
intérpretes na luta a favor da religião. Também nessa época desenvolveu-se o
comercio entre nações e as expedições mercantilistas que também levam a
popularização da interpretação.
Conforme Wyler (p. 36), era comum termos piratas, corsários e colonizadores
de diversas nacionalidades europeias passando pelo Brasil legal e ilegalmente, por
longos períodos de permanência, o que contribuiu para fortalecer o plurilinguismo e
com isso aumentar o número de intérpretes, por períodos que foram além do
colonialismo.
A interpretação era uma profissão muito valorizada; quando bem feita podia
garantir além de um bom sustento, a própria vida. Conforme relatos de Wyler (2003
p. 37), em certa ocasião um francês foi poupado da forca pelo governador Tomé de
Souza, porque ele era um “grande língua”.
Com a abertura dos portos para o comercio exterior em 1808, muitos decretos
são criados, incluindo um decreto histórico que “cria um Intérprete para as visitas
dos navios estrangeiros que entram no Porto do Rio de Janeiro” (WYLER,2003, p.
42). Tais decretos levam à necessidade da criação de normas para a atuação dos
intérpretes, incluindo o pagamento de impostos anuais e a proibição de mulheres
atuando como intérpretes. Assim, a partir da proclamação da república em 1889, as
juntas comerciais tiveram autoridade para escolher seus intérpretes; somente na
década de 1940 surgiu um decreto dizendo que poderiam se abrir concursos para a
escolha de intérpretes, o que assegurou a atuação de mulheres na interpretação.
A interpretação não é tarefa que pode ser realizada por qualquer um, pois ela
exige que quem a pratica tenha as competências necessárias que se dividem em
quatro categorias básicas, segundo Frishberg (1990 p. 25): habilidades linguísticas,
habilidades interpessoais, oralidade e comunicação intercultural. Além das
competências mencionadas, um bom intérprete também precisa de uma sólida base
de teoria. Portanto, dedicamos essa seção para o entendimento dessas
competências.
3.1Habilidades linguísticas
natural possível; para isso, ele precisa fazer uma leitura cuidadosa e julgamento do
palestrante e de seu discurso.
3.3 Oralidade
O bom intérprete deve ter total controle de sua oralidade para poder
expressar as nuanças que cada nível da oralidade possui. ParaJoos (1967), existem
cinco níveis de formalidade na oratória, e os exemplos das extremidades desses
níveis seriam, no sentido mais íntimo, uma conversa entre cônjuges; no mais formal,
uma leitura doutrinária para o Papa. O intérprete deve adequar a formalidade de seu
discurso de acordo com o nível de formalidade apresentado pelo palestrante.
3.4 Comunicaçãointercultural
Popularmente se tem uma noção equivocada de que para realizar uma boa
interpretação só se precisa ter conhecimento da LA, o que leva pessoas sem o
preparo necessário a se aventurarem na interpretação, resultando em desempenhos
pobres, principalmente na interpretação consecutiva. Porém um intérprete não
qualificado não consegue ficar impune por muito tempo, já que sempre haverá
alguém assistindo à interpretação com conhecimento suficiente da LO (língua de
origem) para julgar a interpretação. Frishberg (p. 34) diz “...a interpretação requer um
período de estudos devotados...”
Para Nejm,
4 RELATO DE EXPERIÊNCIA
A experiência deste primeiro contato fora de nossa base foi uma novidade,
mas o que mais a diferenciou das interpretações seguintes foi o nível de
cientificidade das palestras trabalhadas e a necessidade sentida de comentários
afirmativos quanto ao sucesso no cumprimento da nossa tarefa, após cada etapa da
conferência, devido à insegurança sempre normal causada pelo impacto inicial em
uma situação de trabalho fora da segurança da cabine da sala de aula.
Isto posto, percebe-se que qualquer experiência inicial traz temores, mas é
importante enfrentá-la para poder crescer com as experiências novas e
principalmente com os erros que cometemos pela inexperiência.
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Foi de vital importância cuidar das horas de sono nesses dias de intensa
interpretação, para a mente poder ter o maior repouso possível; além disso, também
foi importante manter a garganta hidratada para não perder a voz após tanto tempo
falando sem parare não abusar das refeições para manter a mente clara e limpa.
Por muitos dias, depois das aulas, os professores se reuniam para discutir
sobre os alunos e sobre alterações no plano de curso que deveriam ser feitas. Como
nem todos os professores participantes do programa falavam inglês e, para que o
diretor do programa não precisasse interpretar intermitentemente e prolongar as
reuniões, optou-se por pedir que os alunos estagiários interpretassem nessas
reuniões de professores também. Nessa situação, tivemos que aplicar uma segunda
lição de ética que Frishberg (1990), nos apresenta:
apresentou a frase: “He hadbeenwounded”, que interpretamos como: “ele havia sido
machucado”;a professora imediatamente nos olhou e corrigiu dizendo: “herido”.
Diante disso, tivemos que refazer a frase como: “ele havia sido ferido”. Isso
demonstrou a importância da exatidão cognitiva na interpretação. Quanto à exatidão
cognitiva, Herbert (1968) defende que a tradução deve se igualar em estilo e
gramática à LO e, em uso, a um bom palestrante na LA.
conseguimos em seguida entender que de fato ele queria dizer “world”; por mais que
fosse desconfortável, tivemos que interromper o andamento da interpretação para
corrigir o nosso erro, e dali prosseguir interpretando como “world”. É importante que
o intérprete se corrija e volte atrás quando comete erros que comprometem o
entendimento da comunidade alvo e, com isso, não deixe os que lhe assistem
confusos ou mesmo achando que o intérprete não sabe o que está dizendo.
Essa experiência foi importante, pois nos mostrou que podíamos superar os
obstáculos naturais de uma interpretação e realizar um bom trabalho por conta
própria, nos fazendo sentir mais confiantes para ingressar no mercado, após a
conclusão do curso.
Todavia, esta não foi a única ocasião em que tivemos que interpretar alguém
com sotaque que apresentavam dificuldades para a execução de nosso trabalho;
certa ocasião, interpretamos um chinês cujo sotaque consideramos um dos mais
difíceis de entender que já enfrentamos.Quando perguntamos se ele usaria Power
points, sua resposta foi literalmente “no ‘powel’ pointi”;foi uma tarefa desafiadora,
pois em média, a cada cinco sentenças do palestrante, tínhamos que interrompê-lo
para perguntar alguma palavra ou mesmo a sentença toda que não havíamos
entendido.Esta experiência mexeu bastante com a nossa confiança, assim como
deve afetar a de qualquer intérprete iniciante, mas por outro lado, nos ensinou a
mantermos a calma em situações onde não sentíamos que tínhamos o controle do
que estávamos fazendo, e foi essa calma que nos permitiu realizar a interpretação
até o fim.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Comparado com outros países, o Brasil oferece hoje uma das melhores
situações para intérpretes do mundo, pois o mercado está aquecido, e essa situação
só tende a melhorar, abrindo espaço para a atuação de intérpretes nas mais
diversas áreas, desde o setor público a intérpretes acompanhantes. Não podemos
perder de vista que é muito importante para o intérprete se relacionar bem com seus
colegas de profissão, já que são estes que o indicam para novas oportunidades
muitas vezes.Outro ponto crucial para o sucesso de um intérprete é sua sede por
conhecimento; sabemos que a interpretação é a profissão do improviso, portanto é
muito importante saber de todos os acontecimentos da atualidade para estar
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Apesar de termos trabalhado por vários dias horas além das permitidas pelas
leis dos estagiários, fizemos isso de forma voluntária para o nosso aprendizado e
não sugerimos que outros estagiários façam o mesmo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
WYLER, Lia. Línguas, poetas e bacharéis: uma crônica de tradução no Brasil. Rio
de Janeiro: Rocco, 2003.