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Anfíbios: Sapos e Rãs: Ordem Anura

Morfologia

sapos, pererecas, rãs e jias representam a Ordem Anura e é o grupo


mais rico em espécies e também mais conhecido entre nós. Os anuros ocorrem
em todos os continentes, exceto na Antártida. As especializações do corpo
para o salto é a característica morfológica mais notável destes animais. As
patas posteriores são alongadas e os ossos da tíbia e da fíbula estão fundidos.
As patas posteriores e os músculos formam um sistema de alavanca, capaz de
arremessar o anuro no ar. O íleo é alongado e se estende bastante para frente,
e as vértebras posteriores estão fundidas em um bastão sólido, o uróstilo. As
patas anteriores fortes e a cintura escapular flexível absorvem o impacto da
aterrissagem. Os olhos são grandes e estão localizados bem anteriormente na
cabeça, permitindo uma visão binocular.

Muitos perguntam: "Qual a diferença entre sapo, rã e perereca?". Os


sapos (Gênero Rhinella) (Família Bufonidae) apresentam a pele rugosa, patas
relativamente curtas e duas glândulas paratóides (onde se concentra um
veneno de ação cardiotóxica) localizadas dorsalmente atrás dos olhos. As
pererecas (Gêneros Hypsiboas, Dendropsophus, Scinax, etc.) (Família Hylidae)
são adaptadas para uma vida arborícola apresentando a cintura delgada, pele
geralmente lisa, discos adesivos nas pontas dos dígitos que permitem esses
animais escalarem superfícies verticais. As rãs ou jias (Gênero Leptodactylus)
(Família Leptodactylidae) apresentam dedos sem projeções, cintura robusta e
pele lisa.

Importância Médico-Veterinária

Intoxicações de envenenamento por anuros são raras, o que não


significa que não existam. Tais animais possuem um veneno defensivo,
produzido por glândulas situadas na região dorsal da pele, em especial por
glândulas retro auriculares (paratóides), sem a presença de aparelho
inoculador (AUTO, 2005). Alguns anuros citados como venenosos por Auto
(2005), pertencem ao gênero Bufo, sendo representados por espécies como o
Sapo-Boi e o Sapo Cururu, cujo veneno é composto por uma mistura de vários
elementos ativos, destacando-se substâncias de ação semelhante à
adrenalina, digitálicas (efeitos cardíacos) e neurotóxicas.

De acordo com Hickman et al. (2004) todos os anfíbios produzem


veneno na epiderme, mas seu efeito varia de uma espécie para outra, e com
diferentes predadores. O autor cita como exemplo de anuros venenosos
espécies da família Phyllobates, um gênero de pequenos sapos sul-
americanos, pertencentes à família Dendrobatidae, sendo esta descrita como
produtora de uma das toxinas animais mais venenosas existentes.

A maioria dos dendrobatídeos possui uma coloração viva, como forma


de alertar para suas propriedades desagradáveis, por meio de cores e
comportamentos apossemáticos (de alerta). Mais de 200 novos alcalóides
cutâneos obtidos a partir da família Dendrobatidae são descritos,
principalmente de espécies dos gêneros Dendrobates, Epipedobates,
Minyobates e Phyllobates.

Mesmo havendo um número de anuros conhecidos como venenosos, é


baixo o índice de envenenamento entre os seres humanos. Dentre as espécies
que apresentam toxicidade, podemos citar os sapos da família Bufonidae, as
rãs da família Atelopodidae, Dendrobatidae, Discoglossidae, Hylidae,
Phyllomedusae, Pipidae, Ranidae e algumas salamandras do gênero
Salamandra.

“Zooterapia” é definida como a “prática de cura” de doenças humanas


utilizando substâncias de origem animal, sendo que alguns medicamentos já
em uso foram elaborados a partir de produtos metabólicos animais, como suas
secreções. Das 252 substâncias químicas essenciais selecionadas pela
Organização Mundial de Saúde (OMS), 11,1% são oriundas de plantas, e 8,7%
são de origem animal. Os índios são os pioneiros na utilização de recursos
naturais, os quais utilizam os bens disponíveis nas matas tanto para
alimentação, quanto para cura de enfermidades ou até mesmo para sua
proteção. Indígenas habitantes das florestas da Amazônia e das florestas
tropicais da América Central utilizam as toxinas das rãs pertencentes à família
Dendrobatidae, sendo que em uma área restrita da selva Colombiana, a rã
Phylobatis terribilis, é utilizada como arma letal nas zarabatanas dos índios
locais, podendo matar assim que seu veneno penetrar na circulação
sanguínea.

Atualmente, a utilização da “vacina do sapo” não se restringe as tribos


indígenas, não indígenas também estão aderindo a esta pratica de medicina
não convencional. Na cidade de Espigão do Oeste (Rondônia), um público de
classe média alta vem recorrendo ao uso da “vacina do sapo” buscando uma
forma de medicina alternativa. Os usuários buscam terapias não convencionais
para a cura de problemas de saúde, como diabetes, gastrite, dores musculares,
reumatismo, e alergias. É válido lembrar que tal prática ainda não é legalmente
reconhecida.

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