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CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA

PORTARIA Nº 1.004 DO DIA 17/08/2017

MATERIAL DIDÁTICO

O AMBIENTE E AS DOENÇAS DO
TRABALHO

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SUMÁRIO
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 3
UNIDADE 2 – SERVIÇOS DE MEDICINA DO TRABALHO....................................... 8
UNIDADE 3 – DOENÇAS DO TRABALHO .............................................................. 10
3.1 DOENÇA PROFISSIONAL E DOENÇA DO TRABALHO .................................................. 10
3.2 LESÕES POR ESFORÇO REPETITIVO (LER)/DISTÚRBIO OSTEO-MUSCULAR
RELACIONADO AO TRABALHO (DORT) ....................................................................... 15
3.3 DOENÇAS CAUSADAS POR RUÍDOS ....................................................................... 17
UNIDADE 4 – DOENÇAS CAUSADAS POR AGENTES FÍSICOS, QUÍMICOS E
BIOLÓGICOS ........................................................................................................... 27
4.1 DOENÇAS OCUPACIONAIS RESPIRATÓRIAS ............................................................ 27
4.2 DOENÇAS DA PELE.............................................................................................. 35
4.3 A SAÚDE BUCAL .................................................................................................. 38
UNIDADE 5 – DOENÇAS DO TRABALHO NA INDÚSTRIA E NO MEIO RURAL .. 45
UNIDADE 6 – ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DAS DOENÇAS DO TRABALHO
.................................................................................................................................. 47
UNIDADE 7 – TOXICOLOGIA .................................................................................. 63
UNIDADE 8 – PRIMEIROS SOCORROS ................................................................. 70
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 72

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO

Desde o século XIX, a história nos mostra que o caminho percorrido entre
trabalho e qualidade de vida, que podemos traduzir em saúde, é uma via de mão
dupla e percebeu-se uma relação forte e negativa entre o trabalho e o sofrimento
que, muitas vezes, levava a morte prematura dos operários.
Falamos em via de mão dupla porque embora a construção do ser humano
tenha acontecido pelas relações sociais com seus pares, também aconteceu pelo
trabalho, ou seja, a satisfação de suas necessidades, quer sejam pessoais, sociais
ou de sobrevivência, passa necessariamente pelo trabalho.
Especialistas da Organização Mundial da Saúde chamam a atenção para o
seguinte fato: quando o trabalho está adaptado às condições do trabalhador e os
riscos da saúde estão sob controle, este trabalho favorece a saúde, tanto física
quanto mental. Muitas vezes, o impacto do trabalho sobre a saúde do trabalhador se
dá de forma inespecífica. Por esse motivo, podemos inferir que o trabalho caminha
junto ao conceito de doenças relacionadas com o trabalho.
Doenças profissionais são aquelas enfermidades que possuem uma relação
direta de causa e efeito entre risco e enfermidade. Por sua vez, as reconhecidas
como outras doenças relacionadas com o trabalho são enfermidades provocadas
por múltiplos fatores (multiprofissionais), desde os elementos de risco do próprio
ambiente de trabalho até características pessoais do trabalhador e a influência de
fatores socioculturais.
Conforme Mendes (1988), a OMS reconhece que existe não só doenças
profissionais, como também, doenças relacionadas com o trabalho, que são aquelas
favorecidas pelas condições e ambiente de trabalho, como por exemplo, o estresse
ocupacional.
Voltemos um pouco às relações formadas entre os seres humanos e nos
reportemos às novas formas de organização do trabalho associadas ao processo de
reestruturação produtiva. Estas configuram-se como resposta à crise de realização
capitalista ocorrida no modelo anterior, caracterizado pela generalização dos
princípios tayloristas-fordistas.
Diante do novo modelo econômico surgido nos anos 1980 nos países
avançados, destacam-se, segundo Pires (1998, p. 45-46),
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a grande importância do setor eletrônico; a intensa aplicação da tecnologia


digital de base microeletrônica na estrutura industrial; e os progressos nos
setores da química fina, dos novos materiais, da biotecnologia e da
engenharia genética, beneficiados com os progressos da informática.

E mais: contrapondo-se à rigidez anterior, as mudanças suportam-se “no complexo


eletrônico, e a automação integrada flexível é uma de suas características mais
importantes”.
No entanto, as mudanças no processo de trabalho, sobretudo em formações
capitalistas periféricas, caracterizaram-se pela justaposição de formas tradicionais e
inovadoras, ou seja, através do que se poderia chamar de “modernização
conservadora” com fortes resquícios da segunda revolução industrial e tecnológica.
Daí a manutenção e/ou revitalização dos princípios tayloristas/fordistas, pela
desqualificação e controle autoritário da força de trabalho (BRAVERMAN, 1977).
Na realidade, a par dessas inovações tecnológicas, advieram mudanças
organizacionais que causaram impactos imediatos em todo o processo de trabalho.
Exemplarmente, ante a verticalização das empresas, promove-se a terceirização
quando várias atividades passaram a ser externalizadas, possibilitando maiores
trocas intersetoriais, a diversificação e ampliação do Setor Serviços, o enxugamento
do quadro de pessoal das grandes empresas, etc. Ainda na direção do
aprofundamento da divisão do trabalho social, novos segmentos, refletindo a
necessidade de rever custos e reduzir pessoal, indicam uma presumível
terceirização da terceirização – a chamada quarteirização – que implica o concurso
de novas empresas para gerenciar atividades que foram terceirizadas, ou seja, “um
maior enxugamento dos setores próprios da empresa que gerenciam o trabalho das
empresas terceirizadas” (Pires, 1998, p. 47).
É claro que esses processos não se restringem ao universo fabril, avançando
sobre o Setor Serviços e alterando suas clássicas funções, relações e condições de
trabalho (OFFE,1989). Todavia, mesmo ampliando a sua participação na estrutura
ocupacional, o Setor Serviços, diante dos impactos das novas tecnologias, não tem
ampliado suficientemente os postos de trabalho a fim de absorver o desemprego
gerado em outros setores (POCHMANN, 1999).
Ao lado da redução do emprego direto e da maior subcontratação de
trabalhadores, as novas relações de produção e formas de gestão se traduzem em

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alterações tanto na organização da produção – “just in time, layout, logística,


redução do tamanho da planta, terceirização e parcerias com fornecedores” – como
na organização interna do trabalho, “com redução de hierarquia, trabalho em ilhas,
trabalho mais qualificado no núcleo estável e pouco qualificado nas atividades
secundárias” (POCHMANN, 1999, p. 35-36).
Paralelamente, além do declínio do trabalho na produção e das mudanças no
mercado e nas relações de trabalho, entre outras, destacando-se a
desregulamentação, a flexibilização e o enfraquecimento do poder sindical (Toledo,
1997 apud SALIM, 2003), vêm ocorrendo modificações profundas na natureza,
significado e conteúdo do trabalho.
Mais especificamente, no processo de terceirização, várias consequências
podem ser apontadas. Porém, lembrando os seus possíveis impactos na saúde do
trabalhador, destacamos as seguintes:
a) segmentação e diferenciação dos trabalhadores quanto às condições de trabalho
– por exemplo, em relação ao gradiente de afastamento desde o centro da cadeia
produtiva até as diversas unidades periféricas;
b) por um lado, pulverização da base e enfraquecimento do poder sindical; por outro,
flexibilização dos direitos trabalhistas;
c) redução dos empregos diretos e indiretos ao longo da cadeia produtiva;
d) intensificação do ritmo de trabalho e aumento da pressão no ambiente de
trabalho.

No Brasil, particularmente nas regiões metropolitanas, tais processos se


suportaram na heterogeneidade do mercado de trabalho, caracterizado pela queda
do emprego no setor formal e expressiva elevação da ocupação no setor informal,
que, por sua vez, inclui os “sem-carteira assinada” e os trabalhadores “por conta
própria”. Esses, somados aos desempregados, indicariam não apenas o grau de
precariedade do mercado de trabalho como, sem dúvida, as bases em que se
assenta o próprio processo de precarização das condições de trabalho, atribuídos
por exemplo, à reprodução de baixos níveis salariais, à não cobertura da seguridade
social e à falta de assistência médica. Processo, hoje, que não pode ser
exclusivamente imputado ao setor informal do mercado de trabalho, pois, em

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direções e graus variados, também tem avançado sobre o contingente de


trabalhadores registrados (SALIM, 2003).
Todo esse contexto discorrido serve para mostrarmos que além das novas
configurações de trabalho, a pouca qualificação, a exclusão social, a falta de
compromisso dos empresários em relação aos seus trabalhadores, a falta de
cumprimento das leis, a não aplicação de penas são algumas das situações
contingenciais que impactam as relações e levam os trabalhadores a doenças do
trabalho ou doenças relacionadas ao trabalho.
Em relação ao trabalho especificamente, podemos mencionar alguns pontos
que têm influência decisiva sobre os efeitos na saúde dos trabalhadores. São eles: a
concentração de uma substância química como um solvente orgânico presente num
ambiente de pintura a revolver; ou o ácido crômico numa galvanoplastia; ou ainda a
sílica cristalina sob forma de poeira numa mineração, ou numa atividade de
jateamento de areia. Ainda temos a intensidade de um agente físico como é o ruído
em qualquer local de trabalho ou o calor e a umidade do ar em uma atividade de
forjaria ou tinturaria.
No que diz respeito a substâncias químicas, por exemplo, a forma física com
que se apresenta – gasosa ou vapor ou aerodispersóide (poeira por exemplo) – e o
tamanho das partículas, etc. são fatores importantes que devem ser levados em
conta. De uma forma geral, também são fatores que contribuem para o
desencadeamento de uma doença relacionada ao trabalho a duração da exposição
diária ou a duração da exposição ao longo da vida, a gravidade da lesão que pode
ser causada, e outros mais. Por exemplo, a exposição ocupacional ao benzeno pode
resultar em morte por câncer, se ela ocorrer de forma “leve” e crônica, mas a morte
também pode resultar se a exposição for aguda e em grande quantidade ou
concentração. Exposições Intermediárias, ou exposições através da pele têm
consequências menores e diversas (KITAMURA, 2005).
Segundo Almeida et al (2006), os riscos ocupacionais afetam diretamente a
Saúde do Trabalhador, expondo-o a adoecimentos e acidentes de trabalho. A
portaria nº 25 (29/12/1994) classifica os principais riscos ocupacionais:
• riscos químicos (poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores e
substâncias compostas ou produtos químicos em geral);

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• riscos biológicos (vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas e bacilos);


• riscos ergonômicos e de acidentes (esforço físico intenso, levantamento e
transporte manual de peso, exigência de postura inadequada, controle rígido
de produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno e
noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia e repetitividade, arranjo
físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas
inadequadas ou defeituosas, entre outras situações causadoras de estresse
físico e/ou psíquico ou acidentes);
• riscos físicos (ruídos, vibrações, radiações ionizantes, radiações não
ionizantes, frio, pressões anormais, umidade e calor) (BRASIL, 2004).

Trabalho, riscos, doenças, deveres e direitos de empregados e empregadores


caminham juntos. Do comprometimento e da responsabilidade de cada uma das
partes pode depender a manutenção da qualidade de vida de todos.
Sejam bem-vindos ao módulo que tratará do ambiente e das doenças
ocupacionais! Esperamos que apreciem o material e busquem nas referências
anotadas ao final da apostila subsídios para sanar possíveis lacunas que venha
surgir ao longo dos estudos.
Ressaltamos que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser
científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às
regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem
de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar,
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores,
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma
redação original.

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UNIDADE 2 – SERVIÇOS DE MEDICINA DO TRABALHO

O Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do


Trabalho é mantido, obrigatoriamente, pelas empresas privadas e públicas, pelos
órgãos públicos da administração direta e indireta e dos Poderes Legislativo e
Judiciário que possuam empregados registrados pela Consolidação das Leis do
Trabalho – CLT.
O SESMT tem a finalidade de promover a saúde e promover a integridade
do trabalhador no local de trabalho. O dimensionamento do SESMT vincula-se a
gradação do risco da atividade principal e ao número total de empregados do
estabelecimento constantes na Norma Regulamentadora de Segurança e Medicina
do Trabalho, NR 4.
O SESMT deve manter entrosamento permanente com a CIPA, dela
valendo-se como agente multiplicador, e devem estudar suas observações e
solicitações, propondo soluções corretivas e preventivas, conforme disposto na
Norma Regulamentadora de Segurança e Medicina do Trabalho, NR 5.
A empresa é responsável pelo cumprimento da NR 4, devendo assegurar,
como um dos meios para concretizar tal responsabilidade, o exercício profissional
dos componentes do SESMT. O impedimento do referido exercício profissional,
mesmo que parcial, e o desvirtuamento ou desvio de funções constituem, em
conjunto ou separadamente, infrações classificadas de acordo com Norma
Regulamentadora de Segurança e Medicina do Trabalho, NR 28 – Fiscalização e
Penalidades, para os fins de aplicação das penalidades previstas. De acordo com
essa norma, a construção civil, antes classificada como atividade econômica de grau
de risco 3 (três), passa a ser classificada como grau de risco 4 (quatro) a partir da
Portaria nº 1, de 12 de maio de 1995.
A Portaria nº 169, de 14 de julho de 2006, suspende o prazo de entrada em
vigor da Portaria de 1995, permanecendo, então, grau de risco 3 (três) para a
construção civil.

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Grau Número de empregados 50 101 251 501 1001 2001 3501 **


de Técnicos A A A A A A A
risco 100 250 500 1000 2000 3500 5000
3 Técnico de Segurança do Trabalho 1 2 3 4 6 8 3
Engenheiro de Seg. do Trabalho 1* 1 1 2 1
Aux. de Enfermagem do Trabalho 1 2 1 1
Enfermeiro do Trabalho 1
Médico do Trabalho 1* 1* 1 2 1
4 Técnico de Segurança do Trabalho 1 2 3 4 5 8 10 3
Engenheiro de Seg. do Trabalho 1* 1* 1 1 2 3 1
Aux. de Enfermagem do Trabalho 1 1 2 1 1
Enfermeiro do Trabalho 1
Médico do Trabalho 1* 1* 1 1 2 3 1
*Tempo parcial mínimo de 3 horas.
**Acima de 5000 para cada grupo de 4000 ou fração acima de 2000. O dimensionamento total deverá
ser feito levando-se em consideração o dimensionamento da faixa de 3501 a 5000.

Obs: hospitais, ambulatórios, maternidades, casas de saúde e repouso, clínicas e


estabelecimentos similares com mais de 500 (quinhentos) empregados deverão
contratar um Enfermeiro do Trabalho em tempo integral.
A NR-4 teve sua redação alterada pela Portaria nº 17/2007 de 01/08/07, com
relação ao SESMT, possibilitando a formação de SESMT COMUM para empregados
contratados, desde que previsto em Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho.

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UNIDADE 3 – DOENÇAS DO TRABALHO

3.1 Doença profissional e doença do trabalho


No último quarto do século XX, o Brasil apresentou um quadro bastante
adverso em relação tanto à expansão do mercado de trabalho quanto à melhoria das
condições laborais daqueles que, a expensas do número crescente de excluídos, ali
se encontravam engajados.
Em um contexto duplamente caracterizado pela prolongada estagnação
econômica das décadas de 1980 e 1990 – também conhecidas como “décadas
perdidas” – e pela abertura unilateral de mercado, observaram-se, além da inevitável
“exportação de empregos” para outros países, mudanças internas de monta na
organização e nos processos de trabalho, seja através da adoção de novas
tecnologias, seja em nome da competitividade, por meio da racionalização da
produção, sobretudo por mudanças organizacionais voltadas à redução de custos.
Mais que a primeira, basicamente atrelada à inovação, a última foi tida como a
principal responsável tanto pela elevação da taxa de desemprego como pela maior
precarização das condições de trabalho em geral, por exemplo, por subcontratações
ou terceirização.
Particularmente, os anos 1990 foram piores em indicadores do mercado de
trabalho. O índice de desemprego para aquela década foi, em média, de 6,1%. Vale
dizer, por um lado, que a cada ano da década de 1990, cerca de 570 mil
trabalhadores perderam seus postos, conforme atestam os dados da Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por outro, segundo a Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), também realizada pelo IBGE, a mera
elevação do emprego informal e da subcontratação no total de ocupados de 41,5%
para 49,4%, entre 1990 e 1997, resultou no incremento de 6,4 milhões de
trabalhadores sem qualquer proteção legal, ou seja, simultaneamente sob os
impactos da exclusão de direitos e da precarização no ambiente de trabalho.
E, como vimos rapidamente na introdução, o Setor Serviços, mesmo
ampliando a sua participação relativa na estrutura geral de empregos, diante de sua
nova inserção econômica, não tem sido capaz de se contrapor ao desemprego
ascendente, especialmente nas regiões metropolitanas (SALIM, 2003).

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No entanto, como sorte de contradição, foi nesse contexto que emergiram


propostas de flexibilização do mercado de trabalho voltadas à redução tanto da
jornada de trabalho, por banco de horas, como de direitos trabalhistas, por regimes
jurídicos diferenciados, em que, especialmente para a pequena e média empresa,
aventou-se inclusive a reversão de direitos já consignados. Isso sem desconsiderar
que, paralelamente às deficiências na cobertura da fiscalização, foi – e continua
sendo – inexpressivo o aumento de cláusulas sobre saúde e condições de trabalho
nos Acordos Coletivos de Trabalho (SALIM, 2001).
Em outras palavras, um quadro caracterizado por dois aspectos: por um lado,
pela retração do mercado de trabalho; por outro, pelo avanço na deterioração das
condições laborais daqueles cujos postos ou ocupações se encontram em níveis
diferenciados de formalidade das relações contratuais ou empregatícias. Situação,
enfim, que tem trazido importantes reflexos nas variações e tendências dos
acidentes do trabalho no país.
Naquela ocasião, paralelamente à redefinição do Setor Serviços, ocorreram a
queda dos assalariados na participação total da população economicamente ativa
(PEA) e o incremento de todo o mercado informal de trabalho. O último, hoje, em
muitos casos, com participação majoritária no mercado de trabalho e indícios de
saturação na absorção de trabalhadores excluídos do setor formal, traduz-se,
inexoravelmente, no maior número de trabalhadores à margem dos direitos sociais,
como o acesso à previdência social e ao bem-estar no ambiente de trabalho, através
do inalienável direito a saúde e segurança.
De forma reflexa, as estatísticas disponíveis indicaram, no final da década,
uma nova tendência quanto ao quadro acidentário no país. Em 1999, pela primeira
vez na história laboral do país, tivemos uma maior ocorrência de acidentes do
trabalho no Setor Serviços.
Segundo a Previdência Social, enquanto, entre 1997 e 1999, a participação
desse setor subiu de 38,7% para 44,6%, inversamente, a participação da Indústria
caiu de 49,2% para 44,2%. Participação, inclusive, que se estende ao número de
casos fatais, ou seja, às mortes decorrentes de acidentes do trabalho (SALIM,
2003).

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Nesse particular, Waldvogel (2002) ressalta que destacaram-se os grupos


ocupacionais dos ramos de atividade Serviços e Comércio e Transporte e
Comunicação. Aliás, a autora, em sua criteriosa análise, aponta a emergência de se
considerarem os fatores exógenos ao ambiente de trabalho na detecção dos riscos
intrínsecos dos acidentes do trabalho, especialmente nos casos em que os
trabalhadores têm ampliado para o espaço público o local de trabalho, incorporando,
neste caso, novos riscos às suas atividades laborais como, por exemplo, a violência
do cotidiano, expressa, principalmente, nas taxas de homicídios, acidentes com
veículos a motor, atropelamentos, etc. Eventos, infelizmente, muitas vezes à
margem das estatísticas disponíveis sobre acidentes do trabalho. Como exemplo
típico temos os milhares de motoboys particulares/independentes que circulam não
somente mais pelas grandes cidades do país como em todo território nacional e se
acidentam em larga escala, todos os dias, muitos vindo a óbito. Razão, dentre
outras, que impõe a não desconsideração dos limites intrínsecos nas fontes de
dados que interferem na qualidade das informações sobre o quadro de saúde
doença relacionado ao trabalho no Brasil (SALIM, 1999).
Isso porque, basicamente referidas à infortunística dos trabalhadores do setor
formal urbano, as estatísticas oficiais resumem-se, sobretudo, aos indicadores
mínimos e de cunho burocrático – uma vez que, no geral, o são para fins dos
benefícios previdenciários dos trabalhadores registrados – dos efeitos do trabalho no
quadro de acidentes típicos e de trajeto, incapacidades permanentes ou temporárias
e mortes provocadas. Exatamente por isso são tidas como subestimadas, retratando
apenas parcialmente a realidade acidentária do mercado de trabalho brasileiro.
Apesar disso, e ainda consoante dados da Previdência Social, mesmo com a
queda do número total de acidentes do trabalho, incluindo aí o número absoluto de
mortes, a proporção de acidentes graves e o número de mortes por acidentes
registrados, cresceram no tempo, ou seja, seu grau de letalidade, especialmente até
1995, quando, à exceção de 1992, os índices foram ascendentes, voltando, no
entanto, a recrudescer ao final da década de 1990 (SALIM, 2003).
Por outro lado, inversamente à queda absoluta dos acidentes de trabalho,
ocorreu um forte crescimento das doenças relacionadas ao trabalho durante toda a
década de 1990, valendo aqui assinalar as mais diretamente relacionadas às

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recentes mudanças na organização do trabalho, em que as LER/DORT afiguraram-


se como caso emblemático.
De fato, como reflexo de novos riscos nos processos produtivos e nos
ambientes de trabalho, houve uma forte elevação nos coeficientes de doenças
profissionais nos anos 1990. E isso foi mais do que sintomático, na medida em que,
afora outros motivos, esses coeficientes retrataram um momento – mais
precisamente, o final da década de 1990 – em que se ergueu, por parte do Ministério
da Previdência e Assistência Social, um verdadeiro “biombo institucional” para
dificultar o diagnóstico e o reconhecimento de tais doenças, especialmente das
LER/DORT, e, por conseguinte, a consignação de direitos aos lesionados (ARAÚJO,
2001).
Por outro lado, ainda que eloquentes, são coeficientes que não podem ser
dissociados de problemas inerentes às conhecidas dificuldades de melhoria nos
sistemas de notificação das doenças do trabalho em diferentes contextos
institucionais, ou seja, são calcados em inequívoca subenumeração de casos de
doenças do trabalho.
Pesquisa recente do Instituto Nacional de Prevenção das LER/DORT
(Prevler), realizada pelo Datafolha, com financiamento do Ministério da Saúde,
mostrou que, apenas na cidade de São Paulo, cerca de 310 mil trabalhadores
sofrem de LER/DORT, ou seja, casos realmente diagnosticados1. Isso equivale a 4%
de todos os paulistanos acima de 16 anos de idade e 6% de todos os trabalhadores
da cidade. Número, aliás, muito acima dos 19 mil casos dessas doenças
contabilizados pelo Ministério da Previdência no ano de 20002. E mais: a pesquisa
da Prevler aponta que esse número pode estar aquém da realidade, uma vez que
4,7 milhões de trabalhadores relataram algum sintoma decorrente dessas doenças e
508 mil trabalhadores encontravam-se ocupados em situações de risco, fato que
pode transformá-los em novos portadores de LER/DORT – doença, registre-se, que

1
Essa pesquisa ouviu 1.072 trabalhadores com mais de 16 anos e de todos os ramos de atividade na
cidade de São Paulo. Os entrevistados foram selecionados por sexo, idade, renda e escolaridade
(Folha de S. Paulo, 07/10/2001, Caderno C).
2
No Rio de Janeiro, pesquisa do Sindicato dos Bancários entre os seus 32 mil associados revelou
que praticamente 45% da categoria tinha sintomas da doença, ou seja, cerca de 14 mil trabalhadores
(Jornal do Brasil, 25/03/01).
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tem sido a responsável pelo maior número de afastamentos do trabalho em São


Paulo (SALIM, 2003).
Mas o que vem a ser doença do trabalho, doença profissional e acidente de
trabalho?
É considerado acidente de trabalho aquele ocorrido no exercício de atividades
profissionais a serviço da empresa (típico) ou no percurso “casa-trabalho-casa” (de
trajeto).
Acidente típico: é aquele que ocorre no local de trabalho durante o exercício
da função. Vale ressaltar que também são definidos como exercícios de
trabalho os momentos destinados às refeições e a outras necessidades
fisiológicas. Assim, qualquer acidente ocorrido nesses períodos será
considerado acidente de trabalho.
Acidente de trajeto: acidente ocorrido no trajeto entre a residência e o local de
trabalho e vice-versa.

Doença do trabalho é resultante das condições sob as quais o trabalho é


realizado. Ocasiona quebra de resistência do organismo do trabalhador e
aparecimento de uma doença que não tem no trabalho sua causa única e exclusiva.
Doenças do aparelho respiratório, por exemplo, estão entre os males que
podem ter diversas origens e não somente o ambiente do trabalho. As tendinites
também são difíceis de serem classificadas como doença do trabalho por esta
mesma razão.
Doença profissional é aquela que tem no trabalho a sua única causa e não
deixa dúvidas sobre como foi contraída. Surge exclusivamente no ambiente de
trabalho, em função de insalubridade. São exemplos a silicose, doença adquirida
pela aspiração de poeira de pedra, ou o saturnismo, que acomete profissionais que
trabalham com chumbo.

Dentre as doenças mais comuns relacionadas ao trabalho estão:


Doenças originárias de movimentos repetitivos – LER (Lesão por Esforço
Repetitivo), também conhecida por LTC (Lesão por Trauma Cumulativo) e por

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DORT (Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho). Exemplos:


tendinite e tenossinovite;
Doenças do aparelho respiratório – podem ser ocasionadas por agentes
físicos, químicos ou biológicos. Exemplos: bronquite e silicose;
Doenças de pele – podem ser ocasionadas por fatores químicos, físicos e
biológicos. Exemplo: dermatite de contato e câncer de pele ocupacional
(ADMIX, 2011).

3.2 Lesões por Esforço Repetitivo (LER)/Distúrbio Osteo-muscular


Relacionado ao Trabalho (DORT)
As relações da industrialização dos meios de produção, dos avanços
tecnológicos que proporcionaram à vida moderna um conforto inimaginável em
épocas anteriores provocou também um aumento significativo dos quadros clínicos
decorrentes da sobrecarga estática e dinâmica do sistema osteomuscular, mas que
até pouco tempo atrás não foram vistos e estudados com mais atenção, tanto que
somente em 2003, o INSS adotou a terminologia de Lesões por Esforço Repetitivo
(LER) e Distúrbio osteo-muscular relacionado ao trabalho (DORT) por meio da
Instrução Normativa nº 98/2003.
Segundo o INSS, as LER/DORT no Brasil foram inicialmente descritas como
tenossinovite ocupacional, das quais foram apresentados casos verificados em
lavadeiras, limpadoras e engomadeiras, durante o XII Congresso Nacional de
Prevenção de Acidentes de Trabalho, em 1973. Na ocasião, foram recomendadas
pausas de trabalho para aqueles trabalhadores cujas atividades implicassem em
operar intensamente com as mãos.
Só bem mais tarde, porém, mais especificamente em 1987, é que a
Previdência Social passou a reconhecer a tenossinovite do digitador como doença
ocupacional, resultado de uma intensa pressão das entidades sindicais
representativas dos trabalhadores em processamento de dados (WAGNER,
RODRIGUES, FRIESS, 2008).
Agrupam-se como LER/DORT afecções que podem acometer tendões,
sinovias, músculos, nervos, fácias, ligamentos, de forma isolada ou associada, com

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ou sem degeneração de tecidos, atingindo, principalmente, mas não tão somente, os


membros superiores, região escapular e pescoço, com origem ocupacional.
Os quadros clínicos dessas doenças são caracterizados pela ocorrência de
vários sintomas concomitantes ou não, tais como dor, parestesia, sensação de peso
e de fadiga.
Entidades neuro-ortopédicas definidas como tenossinovites, sinovites,
compressões de nervos periféricos podem ser identificadas ou não, sendo comum a
ocorrência de mais de uma dessas entidades neuro-ortopédicas e a concomitância
com quadros mais inespecíficos como a síndrome miofascial (BRASIL, 1999;
HOEFEL, 1996). Frequentemente são causas da incapacidade laboral temporária ou
permanente.
Vários fatores associados ao trabalho concorrem para a ocorrência de
LER/DORT como a repetitividade de movimentos, a manutenção de posturas
inadequadas, o esforço físico, a invariabilidade de tarefas, a pressão mecânica
sobre determinados segmentos do corpo, o trabalho muscular estático, impactos e
vibrações. A intensificação do ritmo, da jornada e da pressão por produção e a perda
acentuada do controle sobre o processo de trabalho por parte dos trabalhadores
(fatores relacionados à organização do trabalho), têm sido apontados como os
principais determinantes para a disseminação da doença (ASSUNÇÃO; ROCHA,
1995).
A partir de um dos estudos precursores realizado por Kern e Schumann (1984
apud MERLO, JACQUES, HOEFEL, 2001) na Alemanha, muito tem sido falado
sobre as transformações no mundo do trabalho.
Sem entrar nas extensas polêmicas sobre o nome a dar-se a essas novas
formas de organizar o trabalho, é importante salientar que tais modificações ainda se
apresentam no Brasil como um tendência, pois o que se encontra são empresas
implementando alguns aspectos dessas propostas. Assim, o que se constata, em
geral, é o que se poderia chamar de modelo Frankstein (Merlo, 1999), onde são
incorporados alguns instrumentos usados pelas chamadas japonizações da
organização do trabalho, tais como Programas de Qualidade Total e Kanban, dentro
de políticas de gestão que se mantém verticalizadas, autoritárias e muito
hierarquizadas e, em geral, em ambientes insalubres.

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O que vem se constatando, segundo Merlo, Jacques e Hoefel (2001), é uma


superposição de agressões, umas oriundas das formas tradicionais de gestão,
outras impostas pelo processo de reestruturação produtiva.
As evidências epidemiológicas apontam para uma associação de fatores
causais interagindo sinergicamente nos processos agudos e na cronificação dessas
patologias agrupadas como LER/DORT. Não existe, ainda, conhecimento
acumulado que permita quantificar a parcela de cada fator na determinação do
esquema global dessas afecções, assim como o evento precipitante de cada caso
clínico, visto a intersecção de vários fatores na história de cada trabalhador. E,
embora as condições objetivas de trabalho sejam explicações consensuais sobre a
etiologia dos sintomas, reconhecidas pelos órgãos previdenciários e referidas nas
denominações da doença, mantém-se, ainda, a continuidade do debate em torno
desta questão.
Todos os fatores descritos e característicos da LER/ DORT concorrem para
seu difícil diagnóstico e tratamento; ainda, seus portadores, em geral, apresentam
quadros clínicos onde os sintomas e a dor crônica não condizem com os resultados
do exame clínico. Por outro lado, a falta de melhora e a grande incapacidade
associada aos casos têm demonstrado a pouca eficácia dos tratamentos isolados,
portanto, é um campo rico de estudo para os Enfermeiros, uma vez que pela
observação cotidiana e o fato de sempre lidarem com trabalhadores pode aguçar a
curiosidade e o desejo de pesquisar mais sobre os quadros clínicos das LER/DORT.

3.3 Doenças causadas por ruídos


Entende-se por ruído um agente contaminante de tipo físico; é um som
indesejável e, desta forma, incômodo. É definido como o som ou grupo de sons de
tal amplitude que pode ocasionar adoecimentos ou interferência no processo de
comunicação. Quanto à diferença entre som e ruído, sabe-se que o primeiro pode
ser quantificado, enquanto que o segundo é considerado um fenômeno subjetivo
(GANIME et al, 2010).
De modo objetivo, é considerado todo sinal acústico aperiódico, originado da
superposição de vários movimentos de vibração com diferentes frequências, as
quais não apresentam relação entre si, de modo subjetivo é considerado toda

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sensação de desagrado, desconforto e/ou de intolerância decorrente de uma


exposição sonora (TELES, MEDEIROS, 2007).
O ruído está por toda parte, mas prevalece no ambiente industrial, onde
encontramos relação direta com doenças que acometem os trabalhadores.
Segundo Ganime et al (2010), o ruído industrial existe em todas as indústrias
em detrimento do funcionamento de várias máquinas dos mais variados tipos,
algumas máquinas, principalmente as dotadas de menos tecnologia, produzem
ruídos excessivos, acima do tolerável. Este tipo de ruído está em conflito com as
condições de vida humana e contrapõe-se ao aumento da produtividade do trabalho
e qualidade da saúde do trabalhador, ou seja, se o empregado é obrigado a
trabalhar em ambientes ruidosos diminui sua produtividade por efeitos
psicofisiológicos, que vão desde a simples irritação até a perda de audição.
A questão da salubridade acústica agrava-se quanto maior e mais complexo
for o processo industrial, pois as exigências acústicas diversificam-se mais. Como o
ser humano tem uma alta capacidade de adaptação aos ambientes diversos, o
desenvolvimento de um estado de fadiga e fuga de energia pode ocorrer sem que a
pessoa perceba, esgotando os limites de sua resistência. Mas não é só no domínio
físico que o ruído atua; sua influência no domínio intelectual, principalmente na
capacidade de atenção reduz o rendimento do trabalho do indivíduo, tanto intelectual
como físico. Acredita-se até a presente data que um ruído de 80 dB não provoque
surdez para a maioria dos indivíduos, desde que a duração da exposição diária não
exceda a 16 horas. Entretanto, um ruído de 92 dB (A) pode causar surdez
profissional ao longo do tempo, se a exposição do trabalhador exceder a três horas
por dia (GANIME, 1993).
A ideia de que o ruído é um problema exclusivo do trabalhador leva a não
valorização do tempo e capital investidos na produção. A empresa deve entender
que dar atenção ao ruído significa mais do que “cumprir a lei” “ou atender à
fiscalização”, pois os seus efeitos danosos podem resultar em um ônus financeiro e
doença ocupacional.
Segundo Campanhole e Campanhole (1993), há um contraponto existente no
mundo onde tanto se deseja “produtividade” e “competitividade”, causando
estranheza o fato de um administrador “não querer” encarar o ruído como inimigo

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comum que afeta tanto a saúde da sua empresa como a de seu empregado. Através
de uma análise cuidadosa, ficam claras as ações que devem ser tomadas para
buscar uma melhoria de condição de trabalho e, consequentemente, um aumento na
produtividade dos trabalhadores.

Efeitos da exposição ao ruído sobre o trabalhador


A exposição ao ruído pode provocar diferentes respostas nos trabalhadores
de ordem auditiva e extra-auditiva a depender das características do risco, da
exposição e do indivíduo exposto. São efeitos auditivos reconhecidos: o zumbido de
pitch agudo, a mudança temporária do limiar (MTL) e a mudança permanente do
limiar (MPL) (trauma acústico agudo e crônico) e são efeitos extra-auditivos:
distúrbios no cérebro e nos sistemas nervoso, circulatório, digestório, endócrino,
imunológico, vestibular, muscular, nas funções sexuais e reprodutivas, no psiquismo,
no sono, na comunicação e no desempenho de tarefas físicas e mentais (TELES,
MEDEIROS, 2007).
A exposição ao ruído pode ocasionar efeitos à saúde como estresse,
irritabilidade, hipertensão arterial e pode estar associado a outras situações de risco.
A pessoa pode também perder o apetite, ser vítima de aerofagia (deglutição de ar),
de insônia, de distúrbios circulatórios ou respiratórios e pode emagrecer.
Há anos, pesquisas indicavam a presença de hipersensibilidade auditiva,
associada a outras alterações, como paralisia do nervo facial, pós-estapedectomia,
zumbido, síndrome de Williams. Atualmente, sabe-se que a hiperacusia pode ser
causada ou acompanhar diversas condições patológicas periféricas ou centrais.
Embora as causas da hiperacusia ainda não estejam determinadas com exatidão, a
exposição prolongada a ruído intenso é um fator desencadeante importante
(GANIME et al, 2010).
A hiperacusia pode impedir ou dificultar a utilização plena das habilidades
auditivas, prejudicando não só o trabalho, mas também a qualidade da vida social
dos trabalhadores. É caracterizada pelo constante incômodo a sons de intensidade
fraca ou moderada, independente da situação ou ambiente. Há uma amplificação
anormal da atividade neural evocada por um som na via auditiva, que sofre uma
ativação secundária do sistema límbico. Existem parâmetros tais como a anamnese

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detalhada e a realização do teste do limiar de desconforto (Loudness Discomfort


Level – LDL), para a identificação deste problema.
Há também a Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR), que pode apenas ser
prevenida eliminando-se ou diminuindo-se os níveis de exposição sonora. Esta é
considerada uma das mais comuns das doenças ocupacionais e a segunda lesão
ocupacional autorreferida mais comum. Este problema é permanente e irreversível e
inexiste tratamento efetivo quando é resultante de exposição excessiva (EL DIB et
al, 2007 apud GANIME et al, 2010).
A perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR) relacionada ao trabalho é uma
diminuição gradual da acuidade auditiva, decorrente da exposição continuada a
elevados níveis de pressão sonora. A PAIR é passível de prevenção e pode ter
como consequências prejuízos de diferentes naturezas, podendo levar à
incapacidade auditiva, disfunções auditivas – como zumbidos e alterações
vestibulares – e mesmo dificultar a inserção no mercado de trabalho. No Brasil,
apesar da evolução dos conhecimentos e da legislação sobre a PAIR, ainda ocorrem
casos de trabalhadores lesionados.
Segundo Neuberger et al (1992 apud OGIDO, COSTA E MACHADO, 2009),
os zumbidos são o primeiro alerta de exposição a um estímulo sonoro excessivo e
podem indicar maior susceptibilidade à lesão pelo ruído. Este é um sintoma
importante na prevenção da PAIR e um dos principais fatores preditivos de
desvantagens geradas para os trabalhadores expostos a ruído.
As condições de saúde auditiva no ambiente de trabalho tem sido objeto de
muitos estudos no campo da saúde pública, uma vez que, a exposição a elevados
níveis de ruído pode provocar danos irreversíveis à audição como a Perda Auditiva
Induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevado (PAINPS). Além da alteração na
função auditiva devido à exposição ao ruído ocupacional, o ruído e a PAINPS
compromete a comunicação e a qualidade de vida dos trabalhadores.
O ruído é considerado como o agente físico nocivo à saúde mais frequente no
ambiente de trabalho, sendo caracterizado como o fator de maior prevalência das
origens de doenças ocupacionais (PADOVANI et al, 2004). A PAINPS, por sua vez,
é a segunda maior causa de perda auditiva no homem, além de ser a mais frequente
das doenças ocupacionais (MANUBENS, 2001).

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De acordo com o Ministério do Trabalho (artigo 168 da Consolidação das Leis


do Trabalho, na NR 7) (3) e Portaria SSST/MTb nº 5, publicada em 25 de fevereiro
de 1997, foram estabelecidos diretrizes e parâmetros mínimos para a avaliação e o
acompanhamento da audição dos trabalhadores expostos a níveis de pressão
sonora elevados. Definiram a PAINPS como perda auditiva gerada por níveis de
pressão sonora elevados, com alterações dos limiares auditivos, do tipo
neurossensorial, decorrente da exposição ao ruído ocupacional, apresentando como
características principais à irreversibilidade e a progressão gradual com o tempo de
exposição ao risco. Gatto et al (2005) definiram a PAINPS como uma patologia
cumulativa e insidiosa, que progride ao longo dos anos de exposição ao ruído
associado ao ambiente de trabalho.
Os sinais iniciais da PAINPS mostram o acometimento dos limiares auditivos
em uma ou mais frequências entre faixa de 3000 a 6000 Hz. De acordo com Hanger,
Barbosa-Branco (2004), as frequências mais altas e mais baixas poderão levar
maior tempo para serem comprometidas.
Alguns estudos verificaram que a frequência de 6000 Hz é a mais acometida
nas audiometrias sugestivas de PAINPS (RUGGIERI et al 1991; CORRÊA FILHO et
al, 2002), enquanto outros estudos, referiram que a frequência de 4000 Hz é a mais
comprometida nos estágios iniciais (KÓS; KÓS, 1998; ARAÚJO, 2002).
Além da perda auditiva, o zumbido é uma queixa comum em profissionais que
atuam em ambientes ruidosos, com níveis de 85 dB NPS ou maiores e sua
prevalência aumenta de acordo com a evolução do dano auditivo.
Considerando que a PAINPS é uma doença passível de prevenção e sua
prevalência ainda é alta no meio de trabalho, e esta perda da audição pode
prejudicar a qualidade de vida afetando as relações sociais, de comunicação e de
trabalho, evidencia-se a importância de ações preventivas e coletivas que visem a
conservação da audição e da saúde em geral (LOPES et al, 2009).

Efeitos sobre o sistema auditivo


A surdez profissional é o efeito mais conhecido do ruído excessivo sobre o
homem. Sua ocorrência depende de características ligadas ao homem, ao meio e ao

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agente agressor. Perdas auditivas causadas pelo ruído excessivo podem ser
divididas em três tipos:
1. Trauma acústico, que é a perda auditiva de ocorrência repentina, causada
pela perfuração do tímpano, acompanhada ou não da desarticulação dos
ossículos do ouvido médio;
2. Surdez temporária, também conhecida como mudança temporária do limiar
de audição, ocorre após uma exposição a um ruído intenso, por um curto
período de tempo; e,
3. Surdez permanente, que é a exposição repetida, cotidianamente, a um ruído
excessivo, que pode levar o indivíduo a uma surdez permanente. Caso esta
exposição ocorra durante o trabalho, a perda auditiva recebe o nome de
Surdez Profissional.

Efeitos sobre sistemas extra-auditivos


Segundo estudos de Ganime et Al (2010), os efeitos do ruído traduzem-se em
tensão, tendo sido descritas alterações psíquicas, fisiológicas e até anatômicas em
vários órgãos de animais e no próprio homem. As principais reações do organismo
ao ruído encontradas nas literaturas pesquisadas foram os seguintes sistemas:
a) Circulatório
Reações no sistema circulatório ocorrem sobre os vasos sanguíneo,
acontecendo redução de seu diâmetro (vasoconstrição) e sobre o coração, que pode
bater mais rapidamente (taquicardia) e mais forte, o que parece ser consequência de
um estímulo glandular (aumento de catecolaminas). Como reação à vasoconstrição
aparece alterações na pressão arterial que representam uma ação compensatória
do coração (ROCHA et al, 2002).
Indivíduos expostos a situações de ruído intenso e prolongados apresentam
maior prevalência de hipertensão arterial sistêmica, bem como da frequência
cardíaca e doenças cardiovasculares, além de maiores variações pressóricas. O
organismo humano prepara-se para poder responder a um desejo ou situação de
medo, frente a uma tensão, ativando suas glândulas que liberam os hormônios,
aumentando a adrenalina. Trabalhadores em metalurgias barulhentas tinham uma

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incidência relativamente grande de alterações cardiovasculares, como bradicardia,


conforme o National Institute of Ocupational Safety Health (NIOSH) (FUSCO, 1981).
b) Respiratório
Apesar de escassas as comprovações e pesquisas científicas, as alterações
do sistema nervoso central em trabalhadores expostos ao ruído de baixa frequência
(RBF, <500 Hz, incluindo infrassons) foram observadas pela primeira vez há 25
anos, em técnicos de aeronaves. Ao mesmo tempo, foi também identificada
patologia respiratória nos mesmos trabalhadores, mais tarde reproduzida em
modelos animais sob exposição a ruído de baixa frequência. Atualmente, a doença
vibroacústica define-se como patologia sistêmica causada por exposição excessiva
a ruído de baixa frequência. Em indivíduos expostos a ruído no trabalho, as queixas
brônquicas aparecem nos primeiros 4 anos de atividade e, nesta fase, reduzem ou
desaparecem quando de férias ou removidos do seu local de trabalho por outros
motivos. Com a exposição prolongada, poderão surgir situações mais graves, como
derrames pleurais, insuficiência respiratória, fibrose pulmonar e carcinomas do
aparelho respiratório (GANIME et al, 2010).
c) Gastrointestinal
Há redução de secreção gástrica e salivar o que causa certa diminuição da
velocidade de digestão. A exposição mais prolongada pode levar as alterações da
função intestinal e cardiovascular e mesmo, a lesões teciduais dos rins e do fígado.
A queda de resistência a doenças infecciosas e disfunções na função reprodutora
tem sido descritas na literatura.
d) Neurológico
Há maior incidência de irregularidades circulatórias e neurológicas entre os
metalúrgicos trabalhando em locais ruidosos, quando comparados com outros
grupos que trabalham em locais menos ruidosos. Exames neurológicos de tecelões
italianos expostos diariamente ao ruído intenso mostram reflexos hiperativos e, em
alguns poucos casos, mostram um traçado eletroencefalográfico de
dessincronização, semelhante àqueles encontrados nas alterações de personalidade
(GANIME et al, 2010).

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e) Psíquico
Há queixas de irritabilidade, fadiga e mal-ajustamento incluindo também
conflitos sociais entre os trabalhadores expostos ao ruído. Evidências reais de
alterações psíquicas causadas pelo barulho ainda carecem de estudos mais
detalhados e prolongados.
Há alterações no estado de ânimo, modéstia e afetividade, dado que o
trabalhador deverá aumentar seu nível de concentração, aumentando a fadiga
(GANIME et al, 2010).
f) Comunicação
Sabe-se que a comunicação é uma das principais ferramentas para se ter
êxito na realização do trabalho em variados locais, a eficácia de uma boa
comunicação está intimamente ligada ao sucesso na execução do trabalho. Dentre
as variadas formas de comunicação encontramos a oral, a qual tem sido uma das
mais afetadas com a exposição excessiva ao ruído.
Um dos efeitos do ruído é a sua influência sobre a comunicação oral. O
barulho intenso provoca o mascaramento da voz. Os sons nas frequências de 500,
1000 e 2000 Hz são os que mais interferem na comunicação. Este tipo de
interferência atrapalha a execução ou o entendimento de ordens verbais, a emissão
de aviso de alerta ou perigo.
Paralelamente, o ruído pode diminuir a eficiência das comunicações pela
conversação, telefone, rádio, etc. Sabe-se também que o número de acidentes na
indústria aumenta com nível de ruído, justamente pela diminuição da eficiência nas
comunicações (GANIME et al, 2010).
A associação entre exposição ao ruído e perda auditiva ocupacional tem sido
descrita há mais de um século, porém, somente a partir da década de 1960,
pesquisadores mostraram preocupação com os efeitos da música sobre a audição.
Segundo Maia e Russo (2008), no caso dos músicos, por exemplo, o risco de
perda auditiva não existe somente após longa exposição à música amplificada.
Curtas exposições a níveis sonoros excessivamente elevados, como em concertos
de rock, também podem causar perda auditiva e zumbido.

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Medidas de Redução do ruído


Há três métodos principais para a redução do ruído:
a - Na fonte – é o método mais eficiente, porque permite obter-se a redução
do ruído interno no parque industrial, melhorando assim a qualidade dos ambientes;
b - Pelo planejamento físico – isolando os edifícios ou máquinas. A disposição
apropriada dos equipamentos, dos setores e das estruturas de vibração, pode levar
a níveis acústicos sob a égide da legislação pertinente;
c - Pelo controle sistemático dos níveis de ruído – não permitindo que estes
se elevem, pelo desgaste ou falta de manutenção, a níveis excessivos.
Caso não se consiga o resultado desejado na redução do nível de ruído, cabe
ao empregador, como alternativa, o fornecimento de equipamentos de proteção
individual, dando melhor condição para o empregado, além de resguardar
legalmente a empresa, estando o enfermeiro do trabalho responsável juntamente
com as demais equipes por sensibilizar os trabalhadores da necessidade do uso
através de ações educativas e implementações de programas que ao invés de
punitivos precisam ser sempre educativos.
Todo protetor auricular, seja em forma de concha, abafadores, plugues de
inserção, atenua o ruído criando uma barreira para reduzir o som que chega por via
aérea à membrana timpânica, porém o nível de proteção obtido depende do grau de
vedação do protetor, de forma que qualquer vazamento permite que o som passe
pelo protetor. Porém, há inexistência de estudos sobre a importância do tamanho do
protetor auditivo ser pequeno, médio ou grande na eficácia da proteção do ruído
ocupacional. Além disso, a utilização de protetores auriculares enquanto medida
principal no controle dos efeitos do ruído não tem se mostrado suficiente para evitar
o agravamento da PAIR.
As distintas técnicas de controle de ruído baseiam-se, fundamentalmente, nos
diferentes tratamentos que podem efetuar-se com as ondas sonoras. O controle
sempre deve ser feito quando os padrões utilizados na avaliação são ultrapassados.
Pode-se seguir um, ou vários, dos processos: controle na fonte; controle sobre a via
de transmissão; controle no pessoal, diminuindo o tempo de exposição ou uso de
protetores auriculares.

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Quando se pretende a redução na geração do ruído, substituindo


equipamentos ou componentes ruidosos por outros, seguem-se os “Procedimentos
Ativos de Controle”. No caso de tratamentos e acondicionamentos acústicos dos
locais ou estudo da ordenação e disposição de equipamentos ruidosos nos recintos,
o termo usado é “Procedimentos Passivos de Controle”. Estes não evitam a geração
do ruído, mas atenuam suas consequências sobre os receptores.
O quadro abaixo apresenta as doenças do ouvido relacionadas com o
trabalho – grupo VIII da CID-10*

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UNIDADE 4 – DOENÇAS CAUSADAS POR AGENTES


FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS

4.1 Doenças ocupacionais respiratórias


Uma grande diversidade de agentes ambientais e ocupacionais pode causar
doenças nas vias aéreas superiores. Entre as principais funções das vias aéreas
superiores, destacamos:
• a de filtro, removendo agentes infecciosos, alérgicos e tóxicos do ar inalado;
• defesa, através da mucosa que identifica, metaboliza e remove uma série de
elementos xenobióticos;
• condução, aquecimento e umidificação de 10.000 a 20.000 litros de ar por dia;
e,
• contribuição importante para a audição, olfação, visão, gustação e fonação
(BAGATIN; COSTA, 2006).
Embora medidas clínicas para avaliação dessa parte do aparelho respiratório
seja função de um médico especialista, que detém o conhecimento adequado para
analisar, investigar, examinar sintomas e diagnosticar a melhor terapêutica para as
doenças respiratórias, cabe aos profissionais da segurança e saúde ocupacional
conhecer as doenças que mais acometem os trabalhadores nessa área, bem como
o ambiente característico onde podem surgir, com vistas à prevenção de doenças.
Existem vários métodos para uma boa abordagem diagnóstica, indo desde a
história do paciente, a visualização das cavidades nasal e bucal com luz direta, até
medidas objetivas de avaliação funcional e estrutural como a rinomanometria,
rinometria acústica, medidas do pico de fluxo nasal, complacência nasal, provocação
nasal com metacolina ou histamina, timpanomanometria, avaliação do fluxo de
sangue da mucosa, quantificação da eficácia do sistema mucociliar, swab ou lavado
da secreção nasal e biópsia nasal, entre outros exames disponíveis (DIAS et al,
1995 apud BAGATIN; COSTA, 2006).
Em uma recente revisão publicada com o título de Guia das Doenças
Ocupacionais Otorrinolaringológicas (DELLA GIUSTINA et al, 2003), pode-se
observar uma extensa relação de doenças das vias aéreas superiores relacionadas
com o trabalho e seus agentes causais associados com a ocupação, ambiente e
operações executadas. Essa revisão foi idealizada para auxiliar no diagnóstico
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dessas enfermidades e para subsidiar o estabelecimento do nexo causal entre a


exposição e os sintomas referidos. Na região do nariz e seios paranasais,
destacamos as rinossinusopatias, tumores, anosmias, perfuração do septo nasal e
rinolitíase; na cavidade oral, as inflamações, metaplasias, leucoplasias, alterações
da cor e erosões dentárias, estomatites, gengivites, ulcerações crônicas e alterações
do paladar; na faringe, laringe e traqueia as disfonias funcionais, as inflamações e as
neoplasias, bem como as doenças da orelha interna e média que interferem na via
respiratória.
Dependendo das características do aerossol inalado pode haver irritação
primária por ação citotóxica direta ocasionando inflamação da mucosa. Entre os
principais irritantes primários temos os compostos de amônia, cloro e ácidos fortes
(sulfídrico, clorídrico, muriático). Gases como os derivados do nitrogênio, enxofre,
oxigênio, ozônio, fosgênio, dependendo da concentração e tempo de exposição,
além de provocarem lesões nas vias aéreas superiores podem determinar
alterações respiratórias bronquíolo-alveolares.
Uma extensa relação de substâncias químicas consideradas como irritantes
das vias aéreas superiores a partir das suas concentrações, em partes por milhão,
pode ser consultada para uma melhor caracterização da exposição. Alguns metais
como o berílio, tungstênio, selênio, vanádio, antimônio, zinco, manganês, cromo e
níquel podem provocar laringites, traqueites, ulcerações e até perfurações do septo
nasal.
Uma série de substâncias sensibilizantes pode estar presente nos ambientes
domésticos, de lazer e de trabalho, sendo as mais frequentes as proteínas animais e
vegetais, enzimas, substâncias químicas de baixo peso molecular como o ácido
plicático, anidridos ácidos e isocianatos, entre outros elementos. As exposições aos
metais já citados, poeira de madeiras, compostos de hidrocarbonetos aromáticos e
benzopireno apresentam elevada associação com as neoplasias da vias aéreas
superiores, principalmente da cavidade nasal, dos seios paranasais e da laringe.
As ulcerações e as perfurações do septo nasal, lesões da cavidade oral,
rinossinusopatias alérgicas ou irritativas, rinolitíase, disfonias, laringites, traqueítes e
as neoplasias são os agravos de maior ocorrência.

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29

Rinite alérgica ocupacional


A rinite é qualquer processo inflamatório da mucosa nasal. Quando ela é
eosinofílica e mediada pela imunoglobulina IgE, é chamada rinite alérgica.
Primeiramente, ela é promovida por um mecanismo de sensibilização e
posteriormente é desencadeada por contatos subsequentes, através de uma
resposta imune. Se ela for produzida por alérgenos do ambiente de trabalho ou,
mesmo sendo preexistente, se seus sintomas forem desencadeados por agentes do
ambiente do trabalho, ainda que não alergênicos, é caracterizada como rinite
alérgica ocupacional.
Epidemiologia - A rinite alérgica é de grande ocorrência na população e,
dentre as rinites, sua prevalência só é menor que a das virais. Embora se disponha
de farta literatura epidemiológica sobre a rinite alérgica, sabe-se pouco sobre sua
ocorrência quando relacionada com o trabalho. Ao contrário da asma ocupacional,
que muitas vezes acomete os portadores de rinite alérgica, não há muitos estudos
disponíveis sobre esta e sua importância não tem sido muito valorizada. Mas a
incidência é grande e tende a ser crescente, tanto quanto sua importância para a
saúde do trabalhador. Estima-se que 20% da população tenha rinite alérgica e 5%
não alérgica.
Na área ocupacional, ela tanto pode ser desencadeada pelas condições de
trabalho, quanto pode ser exacerbada por elas, nas situações em que é
preexistente. Em um estudo realizado na Finlândia cerca de 20% dos casos de rinite
alérgica eram de origem ocupacional, sendo que as exposições na agricultura
predominaram, especialmente no trabalho com algodão, madeiras, fibras vegetais e
farinha (KANERVA; VAHERI, 1993 apud BAGATIN; COSTA, 2006).
Pesquisas em muitos países apontam o aumento da rinite alérgica em
trabalhadores rurais, por se submeterem a sensibilização crescente a agentes
alergênicos, geralmente de alto peso molecular. Outros estudos destacam maior
incidência em trabalhadores urbanos, pelo aumento dos poluentes ambientais.
Alguns alérgenos são de ocorrência sazonal, fazendo com que as crises de rinite
alérgica ocorram predominantemente em determinadas épocas do ano. Outros são
de manifestação perene, com intercursos de agravamento (MELLO; MION, 2003).

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30

São inúmeros os agentes causais listados na literatura:


• os acrilatos afetam os trabalhadores fabricantes de têxteis, revestimentos,
filtros, resinas e adesivos;
• amprolina e cloretos estão presentes em frigoríficos avícolas e aviários;
• anidridos ácidos, em plastificação e fábricas de poliéster, pesticidas e
essências;
• carbonetos metálicos (de tungstênio, cobalto, titânio) estão presentes na
fabricação e afiação de ferramentas;
• corantes (azoquinona, antroquinase), em tinturarias, cabeleireiros, fabricação
de alimentos e tecidos;
• cromo e compostos, em galvanoplastias, decapagens, soldas, fabricação de
ligas metálicas, cimento, refratários, pigmentos, couro e mordentes;
• diisocianatos, em fabricação de poliuretano (espumas, revestimentos,
vedantes), têxteis e tintas;
• enzimas, em padarias, fábricas de detergentes e produtos farmacêuticos;
• formaldeído, na preservação de tecidos, embalsamamentos, curtumes,
fabricação de resinas, látex e produtos de borracha;
• gomas vegetais, em cabeleireiros, gráficas, e fabricação e comércio de
tapetes e carpetes;
• grãos, em depósitos e comércio de alimentos, estiva e zona rural; níquel e
compostos, na sua extração, fundição e refino, galvanoplastias, joalherias,
fabricação de pilhas, baterias, eletrodos, borracha sintética e mordentes;
• pentóxido de vanádio, em catalisadores, limpeza de óleo, laboratórios
fotográficos e de coloração;
• pirólise de plástico, no fechamento de embalagens;
• poeiras de algodão, linho, cânhamo e sisal, na fabricação de óleo vegetal,
padarias, carda e fiação de algodão e cordas;
• poeira de cimento, na produção de cimento e construção civil;
• poeira de madeira, em fábricas de móveis, serrarias, carpintarias,
marcenarias e construção civil;
• poeiras industriais de mamona e café, nas indústrias de óleo de rícino e de
café;
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• proteínas animais, na fabricação de alimentos, granjas, criadouros,


laboratórios e clínicas veterinárias;
• proteínas vegetais, nas fábricas de alimentos, látex, padarias e fazendas; e,
• tabaco, presente em sua plantação e na indústria de fumo (BRASIL, 2001;
DELLA GIUSTINA et al, 2004; BAGATIN; COSTA, 2006).

Rinite não alérgica de origem ocupacional


A doença inflamatória das mucosas nasais geralmente se caracteriza por
obstrução nasal e rinorreia, eventualmente com irritação, prurido e espirros. Pelo seu
alto grau de exposição ambiental e por ter mecanismos de defesa mais limitados, as
fossas nasais constituem um dos sistemas orgânicos mais vulneráveis a poluentes
ambientais.
As rinites podem ser agudas ou crônicas e estas, não sendo alérgicas, podem
se manifestar como hipertróficas, atróficas, vasomotoras, poliposas, supurativas,
granulomatosas ou ulceradas.
Fatores de risco – condições preexistentes podem facilitar a instalação das
rinites, como: desvios de septo nasal, hipertrofias de cornetos, presença de pólipos
nasais, estenoses de fossas nasais, atresia de coanas, presença de corpos
estranhos, tumores e rinites crônicas ou recidivantes; distúrbios de transporte
mucociliar; algumas afecções sistêmicas (alergia, diabetes, endocrinopatias,
colagenoses, imunodeficiências e outras); uso de drogas ou medicamentos nasais;
contato com irritantes domésticos (detergentes, inseticidas, tintas e outros); e,
contato com irritantes ambientais (fumaça, tabaco, ar condicionado e outros).
São muito numerosos os agentes causais referenciados na literatura. Os mais
citados são: compostos de cromo, níquel, manganês, antimônio, titânio, selênio,
vanádio e arsênico, presentes na solda, galvanização, conservação de madeira,
indústria petroquímica, de acumuladores, pilhas e baterias e outros locais;
compostos de flúor, iodo, bromo e cloro, na indústria química, farmacêutica, plástica,
siderúrgica, cerâmica, de fertilizantes e outras; cimento, às vezes com formação de
rinólitos nasais ou sinusais; ácidos fórmico, hidroclorídrico e hidrofluorídrico, fenol,
amônia e anidridos, nas indústrias plásticas, de borracha, fertilizantes, tintas,
corantes, resinas e outras; óxido de enxofre, na queima de resíduos, caldeiras,

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geradores, fornos e solda; e fumos emanados da fabricação de borracha, plásticos,


óleos, solventes orgânicos e névoas ácidas ou alcalinas (BRASIL, 2001; DELLA
GIUSTINA et al, 2004; BAGATIN; COSTA, 2006).

Sinusite de origem ocupacional


As inflamações da mucosa sinusal são consideradas de origem ocupacional
quando o exercício da atividade laboral de seu portador teve um papel contributivo
ou adicional em seu desenvolvimento, pois sua etiologia geralmente é multicausal
(ARRAIS, 1999).
Elas podem ser agudas ou crônicas, estas quando duram mais de quatro
semanas. Por sua natureza, podem ser de origem alérgica ou provocadas pela
inalação de agentes irritantes ou contaminantes (vírus, bactérias e fungos). Podem
ainda atingir cavidades sinusais isoladas ou grupamentos delas.
Fatores de risco – da mesma forma que nas rinites não alérgicas, muitas
condições preexistentes podem facilitar a instalação da doença sinusal, como:
desvios de septo nasal, hipertrofias de cornetos, pólipos nasais, estenoses de fossas
nasais, atresia de coanas, presença de corpos estranhos, tumores e rinites crônicas
ou recidivantes; distúrbios de transporte mucociliar; algumas afecções sistêmicas
(alergia, diabetes, endocrinopatias, colagenoses, imunodeficiências e outras); uso de
drogas ou medicamentos nasais; contato com irritantes domésticos (detergentes,
inseticidas, tintas e outros); irritantes ambientais (fumaça, tabaco, ar condicionado e
outros).
Os agentes causais mais referenciados na literatura são: compostos de
cromo, zinco, níquel, cádmio, manganês, selênio e arsênico – presentes na
indústria, solda, galvanização, conservação de madeira e outros locais; compostos
de flúor, iodo, bromo e amônia – presentes na indústria química, farmacêutica,
siderúrgica, cerâmica, de fertilizantes e outras; cimento, às vezes com formação de
rinólitos nasais ou sinusais; sílica, em fundições, cerâmicas, mineração, pedreiras;
fibra de vidro; e fumos emanados da fabricação de borracha, plásticos, óleos,
solventes orgânicos e névoas ácidas ou alcalinas (BRASIL, 2001; DELLA GIUSTINA
et al, 2004; BAGATIN; COSTA, 2006).

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Perfuração do septo nasal


As perfurações de septo nasal de origem ocupacional ocorrem por ação local
dos aerodispersóides irritantes, que provocam processo inflamatório crônico,
ulcerações na mucosa nasal e necrose isquêmica da cartilagem septal. Elas não
costumam acometer o septo ósseo (GOMES, 1993; BRASIL, 2001).
Fatores de risco – as perfurações são provocadas pela ação de agentes
irritantes, em alta concentração no ar inspirado, sobre a mucosa septal, onde
predomina a secreção serosa sobre a secreção mucosa, o que a torna naturalmente
mais vulnerável à agressão. Além disso, devem ser consideradas: higiene nasal
precária, provocação de microtraumas para remoção de crostas e suscetibilidade
individual (BRASIL, 2001; DELLA GIUSTINA et al, 2004; BAGATIN; COSTA, 2006).
Muitos agentes ocupacionais têm sido relatados como causais: cromo e
derivados, presentes em galvanoplastias, curtume, fabricação de cimento, soldas,
impressão fotográfica e outros locais; níquel, em galvanoplastias, fábrica de baterias
e metalurgia; cádmio, em galvanoplastias, fundição de ligas metálicas, soldas,
fabricação de acumuladores e outros locais; arsênico e compostos, na metalurgia,
fabricação de parasiticidas, tintas, material eletrônico, vidro e semicondutores,
conservação de madeira, empalhamento de animais e outros locais; manganês, na
extração e na fabricação de ligas, pilhas e acumuladores, corantes, vidros, cerâmica,
tintas, fertilizantes, soldas e outras; ácido cianídrico e derivados, em galvanoplastias
e combustão de espumas de poliuretano; antimônio; berílio; selênio; vanádio; silicato
de alumínio e outros.
Existem também agentes não ocupacionais que podem atuar isoladamente ou
como concausas (microtraumas, traumas cirúrgicos, aspiração de drogas, infecções
e outros).

Alterações do olfato de origem ocupacional


As disosmias, do ponto de vista quantitativo, são assim chamadas: hiposmias
as reduções parciais da capacidade olfatória e anosmias as incapacidades totais,
que podem ser temporárias ou permanentes. Sob o aspecto qualitativo, fala-se em
agnosia olfatória (dificuldades para identificar odores), aliosmias (sensações
desagradáveis para odores agradáveis) e parosmias (sensação de odores

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fantasmas). As cacosmias, que são sensações de odores desagradáveis pelo


próprio paciente (subjetivas) ou por outras pessoas próximas (objetivas), são muito
frequentes nas rinossinusopatias (BAGATIN; COSTA, 2006).
De modo geral, as reduções parciais ou temporárias refletem problemas de
condução do fluxo aéreo até a área olfatória, situada na parte alta das cavidades
nasais. As alterações totais, qualitativas ou permanentes estão mais ligadas a
transtornos dos nervos olfatórios ou das vias olfatórias centrais (DELLA GIUSTINA,
et al, 2004).
Fatores de risco – para as hiposmias de condução, são fatores
predisponentes as rinossinusites crônicas, poliposes, presença de corpos estranhos,
tumores, deformidades e desvios nasais, assim como o uso continuado de
medicação tópica nasal. Para as disosmias, em geral, podem ser apontados como
fatores causais os distúrbios neurológicos, psicológicos, hormonais, infecciosos,
neurovegetativos, tumorais, renais e as sequelas de traumas.
Segundo Bagatin e Costa (2006), a literatura disponível é escassa para os
agentes ocupacionais geradores de anosmias, citando apenas alguns: cádmio e
compostos, presentes em galvanoplastias, fundição de ligas metálicas, soldas,
fabricação de acumuladores e outros locais; hidrocarbonetos alifáticos, em
solventes, desengraxadores, produtos de limpeza, fabricação de eletroeletrônicos,
tintas, vernizes, adesivos e produtos petroquímicos; sulfeto de hidrogênio, nas
indústrias metalúrgica, química e de fertilizantes; cimento, na fabricação e
construção civil; ácido sulfúrico e amônia, nas indústrias químicas e de fertilizantes;
formaldeído, em indústrias têxteis, embalsamadores, madeireiras e na fabricação de
desinfetantes, corantes, tintas, germicidas e móveis; dissulfeto de carbono em
indústrias têxteis, na fabricação de solventes, parasiticidas, vernizes, resinas e
outros produtos; acrilatos, nas indústrias têxteis e de tintas; radiações ionizantes,
presentes nas extrações, fabricação de reatores, laboratórios e indústrias; chumbo;
cromo; níquel; zinco e outros.

Prevenção das doenças citadas


Rinite alérgica ocupacional: identificar e eliminar as causas, se possível;
afastar o trabalhador, se necessário. Medidas de proteção coletiva devem ser

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implantadas, como a instalação de sistemas de ventilação ou exaustão,


enclausuramento de máquinas e uso de protetores individuais, como máscaras,
luvas e roupas especiais. Medidas administrativas podem alterar o processo de
trabalho, reduzindo a população exposta, com rodízios, redução do tempo de
exposição, do tempo de permanência ou de passagem por áreas problemáticas,
etc., além do ensino de noções de higiene ambiental e corporal. Podem contribuir
positivamente, também, as campanhas de promoção de saúde, de controle do
consumo tabágico e de higiene corporal e doméstica.
Rinite não alérgica de origem ocupacional: vigilância ambiental, visando ao
controle e à atenuação da exposição aos agentes causais (substituição,
enclausuramento, isolamento e exaustão), intervenção na organização de trabalho
(redução dos estressores ambientais, redução das pessoas expostas e dos tempos
de exposição), práticas de higiene corporal e ambiental, realização de exames
médicos periódicos e fornecimento, treinamento e controle do uso de protetores
individuais (máscaras, respiradores, filtros e suprimento de ar).
Sinusite de origem ocupacional: idem às medidas preventivas para rinite não
alérgica de origem ocupacional.
Perfuração de septo nasal: além das medidas acima, devem ser
disponibilizados equipamentos competentes de proteção individual (máscaras,
respiradores, aventais, luvas e óculos), com seu uso eficazmente controlado, e
facilidades de higienização pessoal e ambiental. Os exames médicos periódicos são
indispensáveis e os trabalhadores devem ser suficientemente instruídos sobre
higiene pessoal e local, uso de protetores, causas e efeitos, e afastamento de
concausas (microtraumas, consumo tabágico, de drogas e outros irritantes) (DELLA
GIUSTINA et al, 2004; BRASIL, 2001; GOMES, 1983).
Alterações do olfato de origem ocupacional: idem às medidas acima.

4.2 Doenças da pele


Dermatose Ocupacional (DO) é qualquer alteração da pele, mucosa e anexos,
direta ou indiretamente causada, condicionada, mantida ou agravada por agentes
presentes na atividade ocupacional ou no ambiente de trabalho (ALI, 2000, 2001;
SAMPAIO, 2007).

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Segundo Alchorne, Alchorne e Silva (2010), estudos epidemiológicos sobre


DO no Brasil são raros; não há notificação obrigatória e o subdiagnóstico é alto, pois
muitos trabalhadores não procuram os serviços de saúde, temendo a perda do
emprego e do salário.
Nos países industrializados, as DO correspondem a 60% das doenças
ocupacionais. Os agentes químicos são as causas mais relevantes e frequentes de
DO. Cerca de 90% das DO são dermatites de contato (DC), no Ocidente, e sua
frequência está aumentando pelo contato com novos produtos.
Na área laboral, a dermatite de contato irritativa (DCI) é mais comum que a
dermatite de contato alérgica (DCA), na proporção de 4:1. Em geral, as mãos são as
áreas mais atingidas pela DC, em virtude da manipulação de muitas substâncias, de
excesso de umidade e de atrito.
Apesar de, na maioria dos casos, as DC não produzirem quadros
considerados graves, são, não raro, responsáveis por desconforto, prurido,
ferimentos, traumas, alterações estéticas e funcionais que interferem na vida social e
no trabalho. A prevalência do câncer cutâneo ocupacional é pouco estudada, pela
dificuldade de se estabelecer o nexo causal (exposição fora do trabalho, tempo de
latência grande, utilização de vários químicos) (ALCHORNE, ALCHORNE E SILVA,
2010).
Segundo o Manual de Dermatoses Ocupacionais elaborado pelo Ministério da
Saúde (BRASIL, 2006), as dermatoses ocupacionais representam parcela
ponderável das doenças profissionais. Sua prevalência é de avaliação difícil e
complexa. Grande número destas dermatoses não chega às estatísticas e sequer ao
conhecimento dos especialistas. Muitas são autotratadas, outras são atendidas no
próprio ambulatório da empresa. Algumas chegam até o clínico e ao especialista nos
consórcios médicos que prestam assistência em regime de convênio com o Instituto
Nacional de Seguridade Social (INSS). Apenas uma pequena parcela dessas
dermatoses chega até os serviços especializados.
Dermatoses causadas por agentes físicos, químicos e biológicos decorrentes
da exposição ocupacional e das condições de trabalho são responsáveis por
desconforto, dor, prurido, queimação, reações psicosomáticas e outras que geram
até a perda do posto de trabalho.

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Essas condições são inerentes à organização do trabalho que busca atingir


os objetivos de alta produtividade e qualidade do produto, com o dimensionamento
de trabalhadores e recursos materiais estipulado pelas empresas, sem que o critério
de qualidade de vida no trabalho seja de fato levado em conta. A organização do
trabalho, sem considerar o fator humano e seus limites, se estrutura nos diferentes
níveis hierárquicos, tendo como características a inflexibilidade e alta intensidade do
ritmo de trabalho, pressão para produtividade e impossibilidade de controle por parte
dos trabalhadores (BRASIL, 2006)

Causas de dermatoses ocupacionais


Dois grandes grupos de fatores podem ser enumerados como
condicionadores de dermatoses ocupacionais:
Causas indiretas ou fatores predisponentes
• causas diretas – são constituídas por agentes biológicos, físicos, químicos,
existentes no meio ambiente e que atuariam diretamente sobre o tegumento, quer
causando, quer agravando dermatose preexistente (BIRMINGHAM, 1998 apud
BRASIL, 2006).
CAUSAS INDIRETAS DAS DERMATOSES OCUPACIONAIS
IDADE Trabalhadores jovens são menos experientes, costumam ser mais
afetados por agirem com menor cautela na manipulação de agentes
químicos potencialmente perigosos para a pele. Por outro lado, o
tegumento ainda não se adaptou ao contatante, para produzir o
espessamento da camada córnea, (Hardening) tolerância ou adaptação
ao agente. (LAMMINTAUSTA; MAIBACH, 1990 apud BRASIL, 2006).
SEXO Homens e mulheres são igualmente afetados. Contudo, as mulheres
apresentam maior comprometimento nas mãos e podem apresentar
quadros menos graves e de re missão mais rápida (PATIL; MAIBACH,
1994; MEDING, 2000 apud BRASIL, 2006). As mulheres, de um modo
geral, apresentam melhor prognóstico em sua dermatose
(NETHERCOTT; HOLNESS, 1993 apud BRASIL, 2006).
ETNIA Pessoas da raça amarela e da raça negra são mais protegidas contra a
ação da luz solar que pessoas da raça branca; negros apresentam
respostas queloideanas com maior frequência que brancos. Existem
diferenças raciais na penetração de agentes químicos e outras
substâncias na pele. Vários estudos mostraram que a raça negra
apresenta penetração de agentes menor que a raça caucasiana e que a
camada córnea da raça negra apresenta um maior número de camadas
e a descamação espontânea dessa camada é duas vezes e meia maior
que na raça branca e amarela (BERARDESCA; MAIBACH, 1988 apud
BRASIL, 2006).
CLIMA Temperatura e umidade (HOSOI et al, 2000 apud BRASIL, 2006)
influenciam o aparecimento de dermatoses como piodermites, miliária e
infecções fúngicas. O trabalho ao ar livre é frequentemente sujeito à
ação da luz solar, picadas de insetos, contato com vegetais, exposição

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à chuva e ao vento, bem como a agentes diversos potencialmente


perigosos para a pele.
ANTECEDENTES Portadores de dermatite atópica ou com diátese atópica são mais
MÓRBIDOS E suscetíveis à ação de agentes irritantes, principalmente os alcalinos, e
DERMATOSES podem desenvolver dermatite de contato por irritação, toleram mal a
CONCOMITANTES umidade e ambientes com temperatura elevada; portadores de
dermatoses em atividade (eczema numular, eczema irritativo,
dermatofitose, psoríase, líquen plano, etc.) são mais propensos a
desenvolver dermatose ocupacional ou terem sua dermatose agravada
no ambiente de trabalho, caso medidas protetoras específicas sejam
negligenciadas.
Condições de O trabalho em posição ortostática, em trabalhadores predispostos, pode
trabalho levar ao aparecimento da dermatite de estase, de veias varicosas, ou
agravar as já existentes.
Presença de vapores, gases e poeiras acima dos limites de tolerância
pode ser fator predisponente, bem como a ausência de iluminação,
ventilação apropriada e de sanitários e chuveiros adequados e limpos
próximos aos locais de trabalho.
A não utilização de proteção adequada ou sua utilização incorreta ou
ainda o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) de má
qualidade e a não observância pelo trabalhador das normas de higiene
e segurança padronizadas para a atividade que executa, podem ter
papel importante no aparecimento de dermatoses ocupacionais.

CAUSAS DIRETAS DAS DERMATOSES OCUPACIONAIS


AGENTES AGENTES AGENTES QUÍMICOS
BIOLOGICOS FÍSICOS
bactérias, fungos, radiações não- cimento, solventes, óleos
leveduras, vírus e ionizantes, calor, Irritantes de corte, detergentes,
insetos frio, eletricidade. ácidos e álcalis.
aditivos da borracha,
níquel, cromo e cobalto
como contaminantes do
Alérgenos
cimento, resinas, tópicos
usados no tratamento de
dermatoses.
Obs: os agentes biológicos, físicos e químicos podem causar dermatoses ocupacionais ou funcionar
como fatores desencadeantes, concorrentes ou agravantes.

4.3 A saúde bucal


A importância da saúde bucal para o alcance de padrões adequados de
qualidade de vida é hoje inegável. No Brasil, são alarmantes os indicadores de
saúde bucal da população adulta, indicando alta experiência de cárie, um
significativo número de dentes perdidos em adultos jovens, grande necessidade de
uso de próteses e severo comprometimento periodontal (BRASIL, 2004).
Segundo Araújo e Marcucci (2000), já existe um conhecimento acumulado a
respeito das repercussões indesejáveis das doenças bucais em relação ao bem-
estar dos indivíduos, do comprometimento do seu desempenho profissional e de

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distúrbios de natureza comportamental. São consequências frequentes o


absenteísmo propriamente dito, o chamado absenteísmo de corpo presente, as
ausências prolongadas para tratamento odontológico, ou até a ocorrência de
acidentes de trabalho determinados pela dificuldade de concentração em função dos
problemas já citados. Assim, o campo da saúde bucal do trabalhador tem como
objeto a relação entre saúde bucal e trabalho, tratando de promover, preservar e
recuperar a saúde bucal de populações inseridas nos diversos processos de
trabalho.
A preocupação com o ambiente laboral e sua relação com a saúde bucal dos
trabalhadores poucas vezes foi eleita como aspecto central nos estudos no Brasil,e
por essa razão, existe muito pouca informação que associe os efeitos relativos ao
risco ocupacional e a saúde bucal de trabalhadores de países em desenvolvimento
(TOMITA et al, 1999; AMIN; ALOMOUSH; HATTAB, 2001 apud TELES ET AL,
2006).
Neste sentido, acreditamos que a vigilância em saúde do trabalhador deve ser
compreendida como eixo fundamental, capaz de consolidar as práticas, na
perspectiva da promoção da saúde e prevenção de agravos na perspectiva da
relação entre saúde bucal e trabalho (BRASIL, 2001), tendo como alicerce a
informação para ação. Para isso, ao enfermeiro ocupacional cabe, dentre outras
atribuições, atuar no sentido de detectar, conhecer, pesquisar, divulgar informação,
analisar os fatores determinantes dos problemas de saúde, a fim de subsidiar a
tomada de decisão e a intervenção sobre esses fatores, para avaliar o impacto das
medidas adotadas.

Exposições ocupacionais e alterações bucais


Além de ser a porta de entrada do sistema digestivo, a boca participa também
de outras funções, como a respiração e a fonação. Devido a sua localização, é uma
zona de absorção, retenção e excreção de substâncias tóxicas que penetram no
corpo, estando sujeita a agressões de natureza física, química e/ou mecânica.
Levando esse aspecto em consideração, é pertinente que algumas doenças de
ordem geral que afetam os indivíduos se manifestem inicialmente nos tecidos

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40

bucais, permitindo que, mediante exame bucal, proceda-se um diagnóstico precoce


(GARRAFA, 1986).
Relatos sobre a existência de associações potenciais entre exposições
ocupacionais e alterações do sistema estomatognático são conhecidos há muito
tempo. Bernardino Ramazzini (1633-1714), conhecido como o “Pai da Medicina do
Trabalho”, fez referências às consequências bucais decorrentes de exposições
ocupacionais em seu livro publicado em 1700 (TELES et al, 2006).
De lá para cá muitas outras publicações relatam problemas bucais associados
ao ambiente de trabalho, como por exemplo: cárie dental, descalcificações e
desgastes dentais, periodontopatias, lesões de mucosa bucal, osteomielites,
necrose óssea e cânceres na cavidade bucal, além de sinais e sintomas como
pigmentação de estruturas bucais, sensação de secura na boca, perda de
sensibilidade, de paladar e hemorragia (SCHOUR; SARNAT, 1942 apud TELES et
al, 2006).
Além de doenças buco-dentais decorrentes de exposições ocupacionais,
podem também ocorrer acidentes de trabalho que envolvem as estruturas bucais ou
manifestações bucais de doenças ocupacionais de natureza sistêmica (GARRAFA,
1986).

Exposição a agentes mecânicos


Agentes mecânicos são corpos sólidos cuja presença, estática ou dinâmica,
pode gerar acidentes de trabalho, como máquinas, equipamentos, ferramentas ou
escadas. Exposição a agentes mecânicos como pregos, fios de costura, grampos de
cabelo, lápis, “cana” do vidro, folha de tabaco (capa externa do fumo) e outras
pequenas peças ou ferramentas são apontados como responsáveis por tipos
característicos de desgaste dental e lesões periodontais, podendo levar à perda
precoce dos dentes. A expressão “agentes mecânicos” refere-se também à
ocorrência de abrasão dental e lesões na mucosa em trabalhadores expostos a
grandes partículas de poeira, sopradores de vidro e músicos que utilizam
instrumentos de sopro (NOGUEIRA, 1972; ESTEVES, 1982; GARRAFA, 1986;
AZNAR-LONGARES; NAVA, 1988; MAZZILLI, 2003 apud TELES ET AL, 2006).

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Exposição a agentes físicos


Agentes físicos são aqueles compostos por diversas manifestações de
energia que causam acidentes e doenças e que se dividem em térmicos, acústicos,
vibracionais e luminosos.
Entre os agentes físicos referidos como potenciais causadores de lesões
bucais, predominam as altas temperaturas, típicas dos operários provadores de café
ou alimentos, capazes de ocasionar lesões da mucosa oral, como hiperemia
acentuada e necrose, lesões leucoplásicas e neoplásicas. Além das altas
temperaturas, as baixas temperaturas podem ocasionar disfunções
temporomandibulares em trabalhadores de frigoríficos.
A variação da pressão atmosférica sofrida por mergulhadores e trabalhadores
em caixões pneumáticos pode acarretar dores dentais intensas e hemorragias
acentuadas; as diferentes formas de exposição à radiação ionizante estão
associadas a lesões de mucosa, doença periodontal severa, xerostomia, alterações
ósseas e cárie de radiação (NOGUEIRA, 1972; MAZZILLI, 2003 apud TELES et al,
2006).

Exposição a agentes químicos


São substâncias que, devido às suas propriedades químicas e físicas, são
capazes de ocasionar acidentes ou enfermidades que afetam os tecidos da cavidade
bucal diretamente, através de trocas sistêmicas. Alguns agentes químicos produzem
um efeito tóxico direto no contato com os tecidos, e essa reação local pode
manifestar-se mediante processos irritativos, inflamatórios e erosivos nas mucosas,
dentre elas, a mucosa bucal (ARAÚJO, 2000).
Observa-se, nos estudos de revisão da literatura e também nos empíricos,
uma predominância dos agentes químicos, orgânicos e inorgânicos (ácidos, álcalis,
metais, açúcar e seus derivados) como principais responsáveis por alterações
bucais de origem ocupacional, como lesões da mucosa oral, doença periodontal,
alterações salivares e sintomas orais referidos, como dor, xerostomia e ardor
(ALMEIDA, 2005; SILVA, 2002; VIANNA, 2001; TOMITA et al., 1999; ARAÚJO, 1998
apud TELES et al, 2006). Entre os agentes químicos, destacam-se os ácidos fortes,
como os ácidos nítrico, sulfúrico, clorídrico e fluorídrico, presentes em inúmeros

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processos industriais, inclusive a indústria de explosivos, celuloide e agentes de


limpeza; tinturarias, fábricas de acumuladores elétricos, extração, fabricação e
acabamento de metais; produção de fertilizantes e detergentes; indústria vidreira,
soda cáustica e solda de metais; fábrica de vidros opacos e fertilizantes,
respectivamente.
A exposição ocupacional a ácidos, nas suas variadas formas físicas (líquidos,
gases, vapores ou névoas – os três últimos, pelas suas características físicas,
atingem mais facilmente as estruturas bucais) constitui importante fator de risco para
a erosão dental, principalmente em incisivos, sendo possível uma tendência dose
resposta, com a saliva e a presença do selamento labial, que atuam como fatores
protetores dessa alteração (ARAÚJO, 2000).
A erosão e a atrição dentária em trabalhadores expostos a névoas ácidas
devem ser prevenidas mediante a redução do nível de névoas ácidas presentes no
ambiente de trabalho (PETERSEN; GORMSEN, 1991 apud TELES ET AL, 2006).
A doença periodontal é também uma das patologias para a qual a exposição
a produtos ácidos constitui fator de risco potencial.
A exposição ocupacional à poeira de soda cáustica (agente alcalino) está
relacionada a ulcerações dos lábios e da mucosa oral, e há relatos de lesões bucais
decorrentes da exposição a metais, como prata, cobre, ferro, cádmio, latão, arsênio
e mercúrio, presentes em fundições, galvanoplastia, tinturarias e indústria de
solventes. Entre essas lesões, são mais frequentes as alterações de coloração dos
dentes e da gengiva, alterações periodontais e da mucosa oral, alteração e perda do
paladar, sialorréia ou xerostomia intensas, saburra lingual e alterações
degenerativas da língua (NOGUEIRA, 1972 apud TELES ET AL, 2006).
Existem também estudos no campo da epidemiologia ocupacional que tratam
da associação entre exposições ocupacionais a agentes químicos e a ocorrência do
câncer, particularmente das estruturas do trato aerodigestivo superior, inclusive a
boca, sem informações conclusivas (STEENLAND, 1997).
A cárie dentária encontra-se frequentemente associada às atividades
desenvolvidas por trabalhadores expostos a poeiras de açúcar e de farinha, e por
aqueles que atuam como provadores de doces ou de bebidas alcoólicas.

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43

Os estudos desenvolvidos apontam que a maior prevalência de problemas


bucais encontrados nesses trabalhadores se deve ao acesso ao alimento
cariogênico durante o processo produtivo ou à própria exposição à poeira do açúcar
que facilitaria o acúmulo da placa bacteriana (PETERSEN, 1983; MASALIN;
MURTOMAA; MEURMAN, 1990; MASALIN; MURTOMAA, 1992 apud TELES ET AL,
2006).

Condições de trabalho – estilo de vida e saúde bucal


A relação entre as condições de trabalho e o estilo de vida, que por sua vez
está vinculada a fatores ocupacionais e saúde bucal vem sendo objeto de
investigações no campo da saúde bucal do trabalhador.
O estresse relacionado a determinadas atividades profissionais representou
um fator associado a piores condições de saúde bucal em um estudo conduzido com
trabalhadores suecos (SÖDERFELDT et al, 2002 apud TELES et al, 2006). Um outro
estudo também concluiu que estresse ocupacional, representado pela falta de
controle dos trabalhadores em situações laborais, foi um fator associado à
progressão da doença periodontal em trabalhadores irlandeses avaliados por
Linden, Mullally e Freeman (1996 apud TELES et al, 2006).
As condições de trabalho, tais como o uso de equipamentos de proteção
individual e coletiva, interferem na qualidade da saúde bucal dos trabalhadores
(ARAÚJO, 2000). Um outro fator que contribui para a melhoria da saúde bucal é a
possibilidade de ambientes de trabalho serem também locais de educação em
saúde e da prática de serviços odontológicos em trabalhadores (PETERSEN, 1989
apud TELES et al, 2006).
O estabelecimento de um programa de saúde bucal de prevenção no serviço
de saúde ocupacional é de grande relevância para a melhoria da saúde dos
trabalhadores, como pôde ser observado no estudo de Teles (2005), que, ao avaliar
trabalhadores de uma indústria metalúrgica da região metropolitana de Salvador-BA,
em que havia um programa de saúde bucal na empresa, pôde observar a presença
de baixo percentual de condição de urgência, o elevado percentual de sextantes
sadios em relação à perda de inserção, e um número majoritário de trabalhadores
sem lesão de mucosa.

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A título de enriquecimento, o quadro abaixo apresenta as doenças do Sistema


Digestivo relacionadas com o trabalho – grupo XI da CID-10*

*Elaborada em cumprimento da lei 8080/90, inciso VII, parágrafo 3, artigo 6


Brasil, 1999

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UNIDADE 5 – DOENÇAS DO TRABALHO NA INDÚSTRIA E


NO MEIO RURAL

Na indústria encontramos uma gama de tipos de doenças que podem


acometer os trabalhadores, dentre elas (que já foram discorridas anteriormente)
temos como exemplos:
• intoxicação por chumbo em montador de baterias automotivas;
• perda auditiva induzida pelo ruído em trabalhador metalúrgico que trabalha
em caldeira por mais de 10 anos;
• pneumoconiose – doença pulmonar causada pela inalação de poeira;
• anemia aplástica causada pela exposição ocupacional a benzeno em
trabalhador da indústria de plásticos que usa benzeno em operação de
colagem de plásticos;
• hepatite em trabalhador de laboratórios;
• leptospirose em trabalhador que desentope esgotos.

A NR-31: Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária


Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura, estabelece os preceitos a serem
observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível
o planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura, pecuária,
silvicultura, exploração florestal e aquicultura com a segurança e saúde e meio
ambiente do trabalho. A sua existência jurídica é assegurada por meio do artigo 13
da Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973.
Dentre as doenças que podem atingir o trabalhador rural, estão aquelas
causadas por:
• materiais ou objetos escoriantes ou vegetais, abrasivos, cortantes ou
perfurantes;
• produtos químicos tóxicos, irritantes, alergênicos, corrosivos, cáusticos ou
solventes;
• materiais ou objetos aquecidos;
• operações com equipamentos elétricos;

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• tratos com animais, suas vísceras e de detritos e na possibilidade de


transmissão de doenças decorrentes de produtos infecciosos ou parasitários;
• picadas de animais peçonhentos.
Para sua proteção a NR 31 recomenda:
a) proteção dos membros inferiores
• botas impermeáveis e antiderrapantes para trabalhos em terrenos úmidos,
lamacentos, encharcados ou com dejetos de animais;
• botas com biqueira reforçada para trabalhos em que haja perigo de queda de
materiais, objetos pesados e pisões de animais;
• botas com solado reforçado, onde haja risco de perfuração.
• botas com cano longo ou botina com perneira, onde exista a presença de
animais peçonhentos;
• perneiras em atividades onde haja perigo de lesões provocadas por materiais
ou objetos cortantes, escoriantes ou perfurantes;
• calçados impermeáveis e resistentes em trabalhos com produtos químicos;
• calçados fechados para as demais atividades.
b) proteção do corpo inteiro nos trabalhos que haja perigo de lesões provocadas
por agentes de origem térmica, biológica, mecânica, meteorológica e química
• aventais;
• jaquetas e capas;
• macacões;
• coletes ou faixas de sinalização;
• roupas especiais para atividades específicas (apicultura e outras).
c) proteção contra quedas com diferença de nível

• cintos de segurança para trabalhos acima de dois metros, quando houver


risco de queda.

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47

UNIDADE 6 – ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DAS


DOENÇAS DO TRABALHO

Enquanto a Medicina Clínica dedica-se ao estudo da doença no indivíduo,


analisando caso a caso, a Epidemiologia estuda os fatores que determinam a
frequência e a distribuição das doenças em grupos de pessoas.
Historicamente, a Epidemiologia surgiu a partir da consolidação de um tripé
de elementos conceituais, metodológicos e ideológicos: a Clínica, a Estatística e a
Medicina Social. Tendo como objetivo final produzir conhecimento e tecnologia
capazes de promover a saúde individual através de medidas de alcance
coletivo.
A epidemiologia originou-se das observações de Hipócrates feitas há mais de
2000 anos de que fatores ambientais influenciam a ocorrência de doenças.
Entretanto, foi somente no século XIX que a distribuição das doenças em grupos
humanos específicos passou a ser medida em larga escala. Isso determinou não
somente o início formal da epidemiologia como também as suas mais espetaculares
descobertas (BONITA; BEAGLEHOLE; KJELLSTRÖM, 2010).
Os achados de John Snow3 de que o risco de contrair cólera em Londres
estava relacionado ao consumo de água proveniente de uma determinada
companhia, proporcionaram uma das mais espetaculares conquistas da
epidemiologia. Os estudos epidemiológicos de Snow foram apenas um dos aspectos

3
John Snow identificou o local de moradia de cada pessoa que morreu por cólera em Londres entre
1848-49 e 1853-54 e notou uma evidente associação entre a origem da água utilizada para beber e
as mortes ocorridas. A partir disso, Snow comparou o número de óbitos por cólera em áreas
abastecidas por diferentes companhias e verificou que a taxa de mortes foi mais alta entre as
pessoas que consumiam água fornecida pela companhia Southwark. Baseado nessa sua
investigação, Snow construiu a teoria sobre a transmissão das doenças infecciosas em geral e
sugeriu que a cólera era disseminada através da água contaminada. Dessa forma, foi capaz de
propor melhorias no suprimento de água, mesmo antes da descoberta do micro-organismo causador
da cólera; além disso, sua pesquisa teve impacto direto sobre as políticas públicas de saúde.
O trabalho de Snow relembra que medidas de saúde pública, tais como melhorias no abastecimento
de água e saneamento, têm trazido enormes contribuições para a saúde das populações. Ficou ainda
demonstrado que, desde 1850, estudos epidemiológicos têm identificado medidas apropriadas a
serem adotadas em saúde pública. Entretanto, epidemias de cólera são ainda frequentes nas
populações pobres, especialmente em países em desenvolvimento. Em 2006, houve em Angola 40
mil casos de cólera com 1.600 óbitos, enquanto no Sudão foram 13.852 casos e 516 mortes, somente
nos primeiros meses do mesmo ano.

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48

de uma série abrangente de investigações que incluiu o exame de processos físicos,


químicos, biológicos, sociológicos e políticos.
A abordagem epidemiológica que compara os coeficientes (ou taxas) de
doenças em subgrupos populacionais tornou-se uma prática comum no final do
século XIX e início do século XX. A sua aplicação foi inicialmente feita visando o
controle de doenças transmissíveis e, posteriormente, no estudo das relações entre
condições ou agentes ambientais e doenças específicas. Na segunda metade do
século XX, esses métodos foram aplicados para doenças crônicas não
transmissíveis, tais como doença cardíaca e câncer, sobretudo nos países
industrializados.
A epidemiologia atual é uma disciplina relativamente nova e usa métodos
quantitativos para estudar a ocorrência de doenças nas populações humanas e para
definir estratégias de prevenção e controle. Por exemplo, por volta de 1950, Richard
Doll e Andrew Hill estudaram a relação entre hábito de fumar e a ocorrência de
câncer de pulmão entre médicos britânicos. Esse trabalho foi precedido de estudos
experimentais sobre o poder carcinogênico do tabaco e por observações clínicas
relacionando o hábito de fumar e outros possíveis fatores ao câncer de pulmão.
Estudando coortes com longos períodos de acompanhamento, eles foram capazes
de demonstrar a associação entre o hábito de fumar e o câncer de pulmão (BONITA;
BEAGLEHOLE; KJELLSTRÖM, 2010).
A coorte de médicos britânicos demonstrou ainda uma redução progressiva
na taxa de mortalidade entre indivíduos não fumantes nas décadas subsequentes.
Médicos fumantes que nasceram entre 1900-1930 morreram, em média, dez anos
mais jovens que os médicos não fumantes. Os efeitos nocivos do tabagismo estão
bem definidos, mas para a maioria das doenças diversos fatores podem contribuir
para sua ocorrência.
Alguns desses fatores são essenciais para o desenvolvimento de certas
doenças, enquanto outros somente aumentam o risco de desenvolvê-las. Por essa
razão, novos métodos epidemiológicos são necessários para analisar essa relação.
Em países pobres, nos quais HIV/AIDS, tuberculose e malária são causas comuns
de morte, a epidemiologia das doenças transmissíveis tem sido de fundamental
importância. Esse ramo da epidemiologia tem se tornado importante em todos os

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49

países em virtude do surgimento de novas doenças transmissíveis, tais como a


síndrome da angústia respiratória aguda (SARA), encefalopatia espongiforme bovina
e a pandemia de influenza. Nos últimos 50 anos, a epidemiologia tem se
desenvolvido consideravelmente e, hoje, o seu maior desafio é explorar os
determinantes de saúde e de doença, a maioria deles localizados fora do setor
saúde (BONITA; BEAGLEHOLE; KJELLSTRÖM, 2010).
Os mesmos pesquisadores acima, autores do clássico “Epidemiologia Básica”
recordam que o estudo de ENGELS “As Condições da Classe Trabalhadora na
Inglaterra em 1844” pode ser considerado o primeiro texto analítico da
Epidemiologia. Neste trabalho, o autor demonstrou, no contexto da Revolução
Industrial, que a exploração e o desgaste da classe trabalhadora deterioravam
profundamente as suas condições de saúde.
Na atualidade, a Epidemiologia mantém seu caráter essencialmente coletivo e
social, assim como vem ampliando o seu importante papel na consolidação de um
saber científico sobre a saúde humana, fornecendo subsídios para o planejamento e
a organização das ações de saúde e para a avaliação de programas, atividades e
procedimentos preventivos e terapêuticos.
Devido à crescente complexidade e abrangência da sua prática atual, Almeida
Filho e Rouquairol (2003) assim definem a moderna Epidemiologia:

Ciência que estuda o processo saúde-doença na sociedade, analisando a


distribuição populacional e os fatores determinantes das enfermidades,
danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas
específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças e fornecendo
indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração, e
avaliação das ações de saúde.

Preliminarmente, convém ressaltar que, devido ao seu caráter eminentemente


observacional, a moderna Epidemiologia estrutura-se em torno de um conceito
fundamental denominado “risco”, que pode ser definido como a probabilidade dos
membros de uma determinada população desenvolverem uma dada doença ou
evento relacionado à saúde em um período de tempo.
Em outras palavras, o risco é o correspondente epidemiológico do conceito
matemático de probabilidade e se operacionaliza quantitativamente sob forma de

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uma proporção, levando em conta três dimensões: ocorrência de doença,


denominador de base populacional e tempo.
Risco é entendido pela epidemiologia como a probabilidade de ocorrência de
uma doença, agravo, óbito, ou condição relacionada à saúde (incluindo cura,
recuperação ou melhora) em uma população ou grupo durante um período de tempo
determinado.
Em epidemiologia, o risco é estimado sob forma de uma proporção
matemática (ou seja, a razão entre duas grandezas onde o numerador está contido
no denominador), ou seja, um indicador.
Trabalhamos com percentagens (%) ou com razões de 1: 1.000; 1: 10.000; 1:
100.000; em eventos mais raros como câncer, AIDS, etc. Um indicador de risco pode
ser definido como uma proporção entre o número de pessoas acometidas por
determinado evento (numerador) e a população ou grupo estudado (denominador),
que para podermos usar em análises comparativas, devem ser especificados
fundamentalmente quanto a um determinado período de tempo, mas também quanto
à localidade, sexo e outras variáveis. Isto é trabalhamos sempre com dados
relativizados. Os chamados indicadores de saúde são indicadores de risco utilizados
mais frequentemente para comparações do estado de saúde das populações
(PEREIRA, 2007).
Para entendermos as medidas de risco existentes, precisamos ter muito claro
as definições de agravo ou dano à saúde, de fator de risco e suas formas de
ocorrência:
Agravo ou dano à saúde pode ser entendido como um prejuízo à saúde de
um ou mais indivíduos, de uma coletividade ou população;
Em termos de vigilância, dano pode referir-se também em determinado
produto, que dependendo do tipo de utilização, pode se colocar como um
fator de risco à saúde (medicamentos, alimentos, água, seringas, bolsas de
sangue, etc.). Usa-se também, o termo dano ambiental, referindo-se a
alterações e prejuízos ambientais; estes, também, podem se tornar fatores de
risco à saúde (águas contaminadas, ar poluído, lixo mal acondicionado ou
destinado etc.);

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Fatores de risco são os componentes que podem levar à doença ou contribuir


para o risco de adoecimento e manutenção dos agravos de saúde. Podem,
também, ser definidos como: atributos de um grupo da população que
apresenta maior incidência de uma doença ou agravo à saúde em
comparação com outros grupos que não o tenha ou com menor exposição a
tal característica, ou ainda, um fator de risco, ou fator de exposição, é algum
fenômeno de natureza física, química, orgânica, psicológica ou social, no
genótipo ou fenótipo, ou alguma enfermidade anterior ao efeito que se está
estudando, que pela variabilidade de sua presença ou ausência está
relacionada com a doença investigada, ou pode ser causa de seu
aparecimento.
Operacionalmente, as medidas típicas do risco são chamadas de incidência e
prevalência. A incidência é a proporção de casos novos de uma dada patologia em
uma população delimitada, durante um período determinado de tempo. Já, a
prevalência é a proporção de casos (novos e antigos) de uma certa doença em uma
população delimitada, em um tempo determinado.
Cumpre destacar que a prevalência é uma medida de risco de grande
utilidade para os estudos epidemiológicos relacionados com a inspeção do trabalho
na área de segurança e saúde no trabalho.
A partir do conhecimento e do domínio desses conceitos básicos, a
investigação epidemiológica deve seguir um roteiro básico: a construção da questão
e formulação das hipóteses de pesquisa, a definição da estratégia de investigação, a
seleção de técnicas de produção de dados, o trabalho de campo e a sistematização
e análise dos dados coletados. A formulação da hipótese resulta inicialmente da
construção de um quadro teórico baseado em um estudo cuidadoso da literatura
científica específica sobre um dado assunto.
Sua formulação propriamente dita deverá ser feita em termos probabilísticos,
de modo a antecipadamente indicar com precisão e objetividade a natureza das
medidas e a direção das associações em estudo.
Em relação à definição da estratégia de investigação, o instrumental da
Epidemiologia engloba quatro estratégias básicas de pesquisa: estudos ecológicos,

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52

estudos de caso-controle, estudos de coorte, e estudos seccionais (ou de


prevalência).
Os estudos ecológicos abordam áreas geográficas, analisando
comparativamente indicadores globais, quase sempre por meio de correlação
entre variáveis ambientais (ou socioeconômicas) e indicadores de saúde. Um
exemplo de estudo ecológico é a investigação da ocorrência de correlação
entre concentração populacional e níveis de sintomatologia psiquiátrica, em
um setor de baixa renda e em vários bairros de uma capital nordestina.
Os estudos de caso-controle iniciam-se pelos doentes identificados (“casos”),
estabelecem “controles” (sujeitos comparáveis aos casos, porém não
doentes) para eles, e retrospectivamente procuram conhecer os níveis de
exposição ao suposto fator de risco. Esse tipo de estudo é de grande utilidade
para se abordar associações etiológicas com doenças de baixa incidência.
Um exemplo típico de estudo de caso-controle é aquele que demonstrou a
associação entre rubéola durante a gestação e malformações congênitas a
partir de casos de crianças portadoras de catarata congênita.
Os estudos de coorte consistem no inverso dos estudos de caso-controle,
pois partem da observação de grupos comprovadamente expostos a um fator
de risco suposto como causa de doença e prospectivamente observa o
aparecimento de doentes. Esse tipo de estudo é o único capaz de abordar
hipóteses etiológicas produzindo medidas de incidência. Exemplos clássicos
de estudo de coorte são o da associação entre o hábito de fumar e o câncer
de pulmão e, entre o nível de colesterol no sangue e doenças
cardiovasculares.
Os estudos seccionais (ou de prevalência) observam o fator de risco e o efeito
num mesmo momento histórico e em populações de referência precisamente
delimitadas. Esse tipo de estudo tem sido o mais empregado na
Epidemiologia moderna e é o desenho de investigação mais útil para a
inspeção do trabalho na área de segurança e saúde. Um exemplo típico de
estudo seccional é o estudo da prevalência de certa doença profissional entre
trabalhadores de uma certa empresa ou de um certo ramo de atividade
econômica. Após definir a estratégia de investigação mais adequada em

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53

relação aos objetivos da pesquisa, deve-se selecionar as técnicas de


produção de dados. As fontes desses dados podem ser secundárias (por
exemplo, o arquivo do serviço médico da empresa) ou pode-se obter dados
primários através da utilização de entrevistas ou aplicação de questionários.
A fase seguinte da investigação consiste no trabalho de campo, que na
verdade constitui-se no próprio processo de produção de dados referentes às
variáveis estudadas, através do emprego criterioso das técnicas de coleta dentro da
estratégia de investigação selecionada. Na última fase, realiza-se a sistematização e
a análise dos dados coletados de modo a abordar efetivamente o problema da
investigação, finalmente transformando dados em informação útil, através do teste
das hipóteses da investigação.

Epidemiologia e inspeção do trabalho na área de segurança e saúde:


aplicações práticas
Atualmente, parece consenso que a questão da segurança e saúde no
trabalho exige tanto uma abordagem individual (clínica) como coletiva
(epidemiológica).
A clínica, ao realizar diagnósticos individuais, caracteriza-se por ser um
método complexo, exaustivo e de natureza intensiva. Na definição de um “caso
clínico” de doença profissional estão envolvidos diversos exames e análises
clínico/laboratoriais, tornando-se inviáveis de serem aplicados a uma população.
Por sua vez, a investigação epidemiológica fundamenta-se em técnicas de
coleta padronizadas, simplificadas e extensivas, passíveis de serem aplicadas a
uma população. Na definição de um “caso epidemiológico”, interessa, sobretudo,
testes e/ou técnicas que expressem a fase mais precoce possível da enfermidade,
evitando sua evolução grave e irreversível e, promovendo o seu controle (MIRANDA,
1998).
Um exemplo típico e prático nos é dado Miranda et al (1998) denominado
Projeto Benzeno:
A ocorrência em 1990 de dois óbitos (um operador industrial e um médico do
trabalho) comprovadamente relacionados à exposição ocupacional ao benzeno

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(benzenismo) em uma mesma empresa processadora foi o evento sanitário


desencadeador do processo de investigação epidemiológica.
O programa constituiu-se em um estudo de prevalência com base na análise
de dados hematimétricos referentes a 7.356 trabalhadores de nove diferentes
empresas do Complexo Petroquímico de Camaçari, Bahia. O Hemograma completo
com contagem de plaquetas foi utilizado como indicador biológico de efeito da
exposição ao benzeno. Utilizando dados secundários dos arquivos dos serviços
médicos das empresas, numa primeira triagem foram classificados como “suspeitos”
850 trabalhadores que apresentaram valores leucocitários abaixo de 5.000 e/ou
neutrófilos abaixo de 2.500. Posteriormente, para cada um destes trabalhadores
foram realizados três novos hemogramas, com intervalo de 15 dias. Numa segunda
triagem, após análise da história ocupacional e da série histórica dos exames
hematológicos, 216 trabalhadores foram classificados como “caso epidemiológico”
por apresentarem valores leucocitários abaixo de 4.000 e/ou valor de neutrófilos
abaixo de 2.000, e/ou valores decrescentes ao longo do tempo observados nas
séries históricas de hemogramas. Para todos esses 216 trabalhadores classificados
como “caso epidemiológico” caracterizou-se evidente exposição ocupacional ao
benzeno, sendo que todos foram afastados da exposição e encaminhados ao
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mediante a emissão da Comunicação de
Acidente de Trabalho (CAT).
Esses trabalhadores foram submetidos a criteriosa investigação hematológica
e tiveram reconhecido, pela perícia do INSS, o nexo causal para benzenismo. Os
resultados deste trabalho permitiram evidenciar o valor do método epidemiológico na
fiscalização trabalhista da área de segurança e saúde, pois a partir de dois casos
fatais de benzenismo foi possível promover a busca ativa de casos novos em outros
trabalhadores expostos. A ação fiscalizadora, consubstanciada em um método
inerente à prática prevencionista, possibilitou o afastamento de um significativo
número de trabalhadores de ambientes contaminados com benzeno, trabalhadores
estes portadores de lesões precoces e ainda em uma fase em que há alta
probabilidade de reversão da evolução fatal da enfermidade.

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Epidemiologia ambiental e ocupacional


O ambiente humano é constituído por vários elementos básicos: o ar
respirado, a água bebida, o alimento consumido, o clima ao redor dos corpos e o
espaço disponível para movimentos. Além disso, existimos em um ambiente social e
cultural, que é de grande importância para nossa saúde física e mental.
A maioria das doenças é causada ou influenciada por fatores ambientais. O
entendimento da maneira pela qual um agente do meio ambiente interfere na saúde
é importante para o delineamento de programas de prevenção.
A epidemiologia ambiental fornece as bases científicas para o estudo e a
interpretação das relações entre o ambiente e a saúde nas populações.
A epidemiologia ocupacional lida especificamente com os fatores ambientais
no local de trabalho. As lesões físicas dependem fortemente de fatores presentes no
ambiente de trabalho ou de moradia, mas também são fortemente influenciadas por
fatores comportamentais. Normalmente a palavra “acidente” é aplicada aos eventos
que precederam um agravo à saúde, mas isso pode ser errôneo uma vez que a
palavra acidente implica ocorrência de um evento ao acaso ao invés de ser
resultante de uma combinação de fatores causais que poderiam ser prevenidos
(BONITA; BEAGLEHOLE; KJELLSTRÖM, 2010).
A saúde ocupacional e ambiental inclui um grande número de fatores causais
específicos e proximais. No caso de transporte e saúde, os fatores de risco mais
distais podem ser analisados usando-se a estrutura do modelo hierárquico a seguir,
proposto pela Organização Mundial de Saúde, para analisar os diferentes elementos
causais de prevenção e indicadores em relação a fatores de risco ambientais.

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Modelo hierárquico de análise

Fonte: BONITA; BEAGLEHOLE; KJELLSTRÖM (2010, p. 88)

A relação hierárquica dos fatores causais na saúde ambiental e ocupacional é


apresentada no Quadro abaixo:
Ordem hierárquica dos fatores causais em saúde ocupacional e ambiental

Fatores responsáveis pela Principais atividades Qualidade pobre do


atual tendência em humanas que afetam a ambiente: exposições e
saúde/ambiente qualidade risco
do ambiente

• Dinâmica populacional • Lixo doméstico • Poluição atmosférica


• Urbanização • Água potável • Alimentação
• Pobreza e equidade • Uso da terra e • Solo
• Ciência e tecnologia desenvolvimento da • Moradia
• Padrões de consumo agricultura • Local de trabalho
e de produção • Industrialização • Ambiente global
• Desenvolvimento • Energia
econômico

Fonte: BONITA; BEAGLEHOLE; KJELLSTRÖM (2010, p. 146)

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Impacto da exposição a fatores ambientais e o impacto em países de baixa


renda
Estimativas da carga global de doenças têm mostrado a contribuição das
exposições ambientais para a saúde. Entre 25% e 35% da carga global de doenças
pode ser devido à exposição a fatores ambientais.
Os principais problemas de saúde estão relacionados ao consumo de água
não tratada e à falta de saneamento, poluição do ar doméstico devido à queima de
biomassa na cozinha ou no aquecimento do domicílio, e à poluição atmosférica
oriunda dos motores dos veículos ou da geração de eletricidade nas cidades.
A carga de doenças ambientais é maior nos países com baixa renda do que
naqueles com alta renda, apesar de certas doenças não transmissíveis, tais como as
cardiovasculares e câncer, terem maior carga per capita em países de alta renda. As
crianças apresentam a maior carga de mortalidade, com mais de 4 milhões de óbitos
anuais causados por fatores ambientais, a quase totalidade deles nos países em
desenvolvimento. A taxa de mortalidade infantil por causas ambientais é 12 vezes
maior nos países de baixa renda do que nos de alta renda, indicando o ganho que
poderia ser alcançado se fosse estimulado que os ambientes se tornassem
saudáveis (BONITA; BEAGLEHOLE; KJELLSTRÖM, 2010).

Multicausalidade
Nos estudos epidemiológicos sobre fatores ambientais, as exposições são
frequentemente analisadas de forma isolada. Entretanto, é importante ter em mente
que existem inúmeros mecanismos através dos quais as exposições ambientais
podem influenciar o efeito de outras exposições. Multicausalidade e uma clara
hierarquia das causas são, com frequência, evidentes; isto pode explicar diferenças
entre os resultados de estudos epidemiológicos conduzidos em diferentes locais. A
forma como uma exposição ambiental afeta um indivíduo pode também depender da
exposição a outros fatores de risco e características individuais, tais como:
Idade e sexo;
Fatores genéticos;
Presença de doença;
Nutrição;

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Personalidade;
Condicionamento físico.
A epidemiologia ocupacional, geralmente, está preocupada com a população
adulta, jovem ou de meia-idade, e, em geral, predominantemente masculina. Além
disso, na epidemiologia ocupacional a maioria das pessoas expostas está
relativamente saudável, pelo menos quando começam a trabalhar.

Fatores ambientais que podem afetar a saúde


Fator Exemplo
Psicológico Estresse, desemprego, mudança de turno de trabalho, relações
humanas.

Biológico Bactérias, vírus, parasitas.

Físico Clima, ruído, radiação e ergonomia.

Acidental Situações perigosas, velocidade, uso de drogas e bebidas alcoólicas.

Químico Tabaco, produtos químicos, poeira, irritantes de pele, aditivos


alimentares.
Fonte: BONITA; BEAGLEHOLE; KJELLSTRÖM (2010, p. 146)

Ao contrário, estudos epidemiológicos sobre exposições ambientais


normalmente incluem crianças, pessoas idosas e doentes. Pessoas expostas na
população geral são provavelmente mais sensíveis a tais fatores do que
trabalhadores na indústria. Isso é de grande importância quando os resultados de
estudos da epidemiologia ocupacional são usados para estabelecer padrões de
segurança para agentes ambientais específicos. Por exemplo, o efeito do chumbo
ocorre em menor nível de exposição em crianças do que em adultos.
O nível de chumbo no sangue é uma maneira aceitável de medir a exposição,
e os níveis apresentados para os dois diferentes desfechos em saúde são aqueles
que mais provavelmente protegeriam a maioria da população.

Exposição e dose
Os estudos epidemiológicos sobre o efeito de fatores ambientais,
frequentemente, lidam com fatores específicos que podem ser medidos
quantitativamente. Os conceitos de exposição e dose são particularmente
importantes na epidemiologia ambiental e ocupacional.
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A exposição possui duas dimensões: nível e duração. Para fatores ambientais


que causam efeitos agudos, mais ou menos imediatamente após o início da
exposição, o nível atual da exposição irá determinar se o efeito vai ocorrer ou não.
Entretanto, muitos fatores ambientais produzem efeitos apenas após um
longo período de exposição. Isso acontece com produtos químicos que se
acumulam no organismo (por exemplo, cádmio) e outros agentes que tenham efeito
cumulativo (por exemplo, radiação ou ruído). Para esses agentes, o nível de
exposição no passado e a duração da exposição são mais importantes do que os
níveis atuais. A exposição total (ou dose externa) precisa ser estimada. Esta é
frequentemente obtida de forma aproximada a partir do produto da duração pelo
nível de exposição.
Em estudos epidemiológicos, vários tipos de estimativas de exposição e dose
têm sido utilizados para quantificar a relação entre o fator ambiental e o nível de
saúde da população, podendo ser expressa apenas em termos de exposição (por
exemplo: número de cigarros fumados por dia).
A dose externa também pode ser expressa como uma medida combinada,
como por exemplo, maços/anos de cigarros fumados e fibras/ano (ou partículas/ano)
para o nível de exposição ao asbesto no local de trabalho. Às vezes uma medida,
como, por exemplo, o fluxo de trânsito por hora em um determinado local ou o
consumo de petróleo por ano, é usada como indicadora da exposição à poluição do
ar. Essas variáveis podem, também, ser consideradas como indicadores de
“pressão” na hierarquia causal. Outros exemplos seriam o uso de pesticidas em uma
área ou o número de crianças morando em residências que foram pintadas com
tintas contendo chumbo.

Monitoração biológica
Se o fator ambiental em estudo é um agente químico, o nível de exposição e
a dose podem ser estimados, às vezes, através da medida da sua concentração em
fluídos orgânicos ou nos tecidos. Essa abordagem é chamada de monitoração
biológica. Geralmente, utiliza-se a urina e o sangue para essa monitoração, mas
para certos agentes químicos, outros tecidos e fluídos podem ser de particular
interesse: o cabelo é muito útil para o estudo da exposição ao metilmercúrio, através

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do consumo de pescados; a unha tem sido usada para estudar a exposição ao


arsênico; a análise de fezes pode dar uma estimativa da exposição recente a metais
através da alimentação (particularmente chumbo e cádmio); o leite materno é um
bom material para estudar a exposição a inseticidas organoclorados e outros
hidrocarbonetos clorados, tais como, difenil policlorado e dioxinas; e biópsias de
tecido adiposo, ossos, pulmão, fígado e rim podem ser usadas no estudo de
pacientes com suspeita de envenenamento.

Interpretação dos dados biológicos


A interpretação dos dados da monitoração biológica requer um detalhado
conhecimento da cinética e do metabolismo dos agentes químicos, incluindo dados
sobre absorção, transporte, acumulação e excreção. Devido à rápida excreção de
certos produtos químicos, apenas as exposições mais recentes podem ser medidas.
Às vezes, um tecido ou fluído dá uma boa indicação de exposição recente,
enquanto em outras ocasiões reflete a dose total. Uma vez que os agentes químicos
têm que ser absorvidos para alcançar um indicador biológico, a dose medida é
também conhecida como dose absorvida ou dose interna que, ao contrário da dose
externa, é estimada a partir de medidas no ambiente.

Vigilância Epidemiológica
O objetivo primordial de se instituir sistemas de vigilância epidemiológica em
Saúde Pública é garantir o correto monitoramento das doenças.
Vigilância epidemiológica pode ser definida como um sistema contínuo de
coleta sistemática, análise e disseminação dos dados. Desta maneira morbidade e
mortalidade podem ser reduzidas, melhorando-se as condições de saúde da
população (BAGATIN; ANTÃO; PINHEIRO, 2006).
Os resultados gerados pela vigilância epidemiológica podem ser úteis para
orientar ações imediatas em casos que tenham extrema importância em termos de
saúde pública – por exemplo, os casos de síndrome respiratória aguda grave
(SARS) que ocorreram recentemente na Ásia e no Canadá – mensurar a
importância das doenças, estudar fatores de risco e populações expostas, avaliar
ações que estão sendo implementadas facilitando a alocação de recursos de forma

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eficaz, identificar a necessidade de implementação de novos programas e avaliar o


desempenho dos já existentes.
Para que esses programas sejam eficazes é necessária estrita colaboração
entre pneumologistas e profissionais de saúde pública. Diversos elementos são
essenciais para o funcionamento de proconsiderados na elaboração desses
programas: profissionais qualificados, armazenamento dos dados, controle de
qualidade e manutenção confidencial dos dados.
A análise de dados de vigilância epidemiológica pode não responder a todas
as questões relacionadas à epidemiologia das doenças ocupacionais, mas em
conjunto com dados de toxicologia, higiene industrial e resultados de investigações
nos locais de trabalho e na comunidade, possibilita a obtenção de informações
relevantes para os profissionais envolvidos na prevenção e controle das doenças
ocupacionais.
Embora nenhum país tenha um sistema de vigilância epidemiológica para
doenças ocupacionais que seja totalmente abrangente e completo, existem diversas
fontes de dados que proporcionam valiosas informações sobre a frequência e causa
dessas doenças, as quais são descritas a seguir (BAGATIN, ANTÃO; PINHEIRO,
2006).
Dentre os usos da vigilância epidemiológica, Bonita, Beaglehole, Kjellström
(2010) inferem que a vigilância é uma característica essencial da prática
epidemiológica e pode ser usada para:
• identificar casos isolados ou agrupados;
• avaliar o impacto de eventos para a saúde pública e avaliar tendências;
• medir fatores de risco para doenças;
• monitorar a efetividade e avaliar o impacto de medidas de prevenção e
controle, estratégias de intervenção e mudanças nas políticas de saúde; e,
• planejar e fornecer atenção aos doentes.

Além disso, ao estimar a magnitude de uma epidemia e monitorar a sua


tendência, os dados também podem ser usados para:
• aumentar o comprometimento das pessoas;
• mobilizar as comunidades; e,

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• defender a necessidade de maiores recursos.

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UNIDADE 7 – TOXICOLOGIA

A toxicologia se ocupa da natureza e dos mecanismos das lesões tóxicas e


da avaliação quantitativa do espectro das alterações biológicas produzidos pela
exposição aos agentes químicos.
É a ciência que tem como objeto de estudo o efeito adverso de substâncias
químicas sobre os organismos vivos, com a finalidade principal de prevenir o
aparecimento deste efeito, ou seja, estabelecer o uso seguro destas substâncias
químicas.
A toxicologia se apoia, então, em 3 elementos básicos:
1) o agente químico (AQ) capaz de produzir um efeito;
2) o sistema biológico (SB) com o qual o AQ irá interagir para produzir o efeito;
3) o efeito resultante que deverá ser adverso (ou tóxico) para o SB (LEITE;
AMORIM, 2008).
A Toxicologia é uma Ciência interdisciplinar e requer conhecimentos em
Química, Bioquímica, Patologia, Fisiologia, Epidemiologia, Imunologia, Ecologia e
Biologia Molecular, contribuindo para a Medicina Forense, Toxicologia Clínica;
Saúde Pública; Agricultura; Higiene Industrial; Ciências Ambientais e Segurança e
Medicina do Trabalho (MARTINS, 2010).
A toxicologia é uma ciência aplicada, ampla e complexa, tendo como objetivos
melhorar a qualidade de vida; proteger a saúde humana e do meio ambiente;
caracterizar e gerenciar o risco associado ao uso de compostos químicos e
estabelecer medidas de segurança. Por todas estas aplicações, é perceptível sua
importância social, política, científica e econômica.
Leite e Amorim (2008) e Martins (2010) apresentam duas divisões para a
Toxicologia, sendo a primeira de acordo com a natureza do agente tóxico ou a
maneira pela qual atinge o sistema biológico e a segunda, quanto aos campos de
trabalho.

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A) Quanto a natureza do agente tóxico:


Toxicologia Ambiental: substâncias liberadas no ambiente. Estuda efeitos nocivos de
contaminantes ao organismo humano. Ecotoxicologia: efeitos nocivos sobre populações e
comunidades das demais espécies de um ecossistema.
Toxicologia Ocupacional: estuda efeitos nocivos de agentes químicos presentes no ambiente
de trabalho; estabelece critérios para exposição segura no ambiente laboral.
Toxicologia de Alimentos: estuda efeitos nocivos de substancias em alimentos (aditivos
alimentares, praguicidas, toxinas bacterianas, etc.) e estabelece índices de segurança para o
consumo.
Toxicologia de Medicamentos e Cosméticos: efeitos nocivos de medicamentos e cosméticos
ao organismo, devido ao uso inadequado ou a sensibilidade individual (reações adversas ou
interações com outras substâncias).
Toxicologia Social: estuda efeitos nocivos de drogas ou fármacos em virtude do uso não
terapêutico.

B) Quanto aos campos de trabalho:


Toxicologia Analítica (Química) Toxicologia Clínica Toxicologia Experimental
(Médica)
• detecção do agente tóxico • atendimento ao • estudos de
ou algum parâmetro paciente elucidação de
relacionado a exposição; intoxicado ou mecanismos de
• análise de: fluidos exposto a agentes ação de agentes
orgânicos, alimentos, tóxicos; tóxicos sobre
água, ar, solo, etc.; • diagnóstico clínico; sistemas biológicos
• objetivos: reconhecer, • aplicação de e os efeitos
diagnosticar e/ou prevenir tratamento observados
intoxicações; específico. (avaliação da
• métodos analíticos exatos, toxicidade);
precisos e sensíveis • utiliza diferentes
(requer domínio de análise espécies animais;
instrumental); segue normas
• Atuação de profissionais padronizadas;
de diversas formações; • informações obtidas
• abrangência/finalidade: permitem avaliar o
em todas as áreas da risco sob
Toxicologia Forense determinadas
(ocorrências condições de
policiais/legais); exposição;

• Monitoramento terapêutico
(determinação de • Ecotoxicologia:
fármacos em material efeitos nocivos aos
biológico; correções de organismos de um
doses; efeitos adversos); ecossistema (testes
em algas, bactérias,
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• Monitoramento biológico dafnias, abelhas,


(exposições minhocas, peixes,
ocupacionais); etc.).
• Controle antidopagem
(competições esportivas);
• Diagnóstico de
intoxicações agudas ou
crônicas;
• Controle da
farmacodependência
(drogas psicoativas).

Variáveis de importância envolvidas em toxicologia


• Variáveis físico-químicas da substância:
– Elemento químico/compostos (especiação);
– substância orgânica/inorgânica;
– radicais presentes;
– substância pura/compostos;
– substância orgânica/inorgânica;
– radicais presentes;
– pKa;
– biodisponibilidade;
– coeficiente de partição Solvente/Água.
• hidrossolubilidade/lipossolubilidade
– ação cumulativa.
• conceito de “carga corpórea”
– tipo de aerodispersóides.
• poeiras
• gases
• vapores FUMAÇA
• névoas
• neblinas

Toxicidade
É a capacidade, inerente a um agente químico, de produzir danos aos
organismos vivos, em condições padronizadas de uso. Uma substância muito tóxica
causará dano a um organismo se for administrada em quantidades muito pequenas,
enquanto que uma substância de baixa toxicidade somente produzirá efeito quando
a quantidade administrada for muito grande.
O conhecimento da toxicidade das substâncias químicas se obtém através de
experimentos em laboratório utilizando animais. Os métodos são empregados com
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todo rigor científico com a finalidade de fornecer informações relativas aos efeitos
tóxicos e principalmente para avaliar riscos que podem ser extrapolados ao homem.
Os agentes químicos podem ser classificados, segundo HODGES &
HAGGARD, em 6 classes de toxicidade, de acordo com os valores de DL50 (Tabela
abaixo). Esta classificação é utilizada para consultas rápidas, qualitativas, com
finalidade de obter informações relativas à toxicidade intrínseca das substâncias.

Classificação quanto ao grau de toxicidade

A falha desta classificação está no fato dela se basear apenas na toxicidade


intrínseca da substância que é um parâmetro extremamente variável, sendo
influenciado por uma série de fatores, relacionados principalmente ao agente
químico, organismo e à exposição.
Em situações práticas não se deve conhecer somente a toxicidade das
substâncias, representadas geralmente pela DL50, pois tão importante como
conhecer a toxicidade dos agentes químicos, é conhecer e saber avaliar o risco
tóxico de uma substância química (LEITE; AMORIM, 2008).

Intoxicação
É um conjunto de efeitos nocivos representado pelos sinais e sintomas que
revelam o desequilíbrio orgânico produzido pela interação do agente químico com o
sistema biológico. Corresponde ao estado patológico provocado pelo agente tóxico,
em decorrência de sua interação com o organismo.
Logicamente, o efeito tóxico só será produzido, se a interação com o receptor
biológico apropriado ocorrer em dose e tempo suficientes para quebrar a
homeostasia do organismo. Existem, então, na grande maioria das vezes, uma série
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de processos envolvidos, desde o contato do agente tóxico com o organismo, até o


sintoma clínico que revela esta interação. Isto permite dividir a intoxicação em 4
fases distintas, a saber:
1)Fase de Exposição: corresponde ao contato do agente tóxico com o organismo.
Representa a disponibilidade química das substâncias químicas e passíveis de serem introduzidas no
organismo.
2)Fase Toxicocinética: consiste no movimento do AT dentro do organismo. É formada pelos
processos de absorção, distribuição, armazenamento e eliminação (biotransformação e excreção).
Todos esses processos envolvem reações mútuas entre o agente tóxico e o organismo, conduzindo à
disponibilidade biológica.
3)Fase Toxicodinâmica: corresponde à ação do AT no organismo. Atingindo o alvo, o agente
químico ou seu produto de biotransformação interage biologicamente causando alterações
morfológicas e funcionais, produzindo danos.
4)Fase Clínica: corresponde à manifestação clínica dos efeitos resultantes da ação tóxica. É
o aparecimento de sinais e sintomas que caracterizam o efeito tóxico e evidenciam a presença do
fenômeno da intoxicação.

EFEITO TÓXICO
São os efeitos adversos causados por substâncias químicas. Assim, todo o
efeito tóxico é indesejável e nocivo. Mas nem todos efeitos indesejáveis são tóxicos.
CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS TÓXICOS
Efeito idiossincrático As reações idiossincráticas correspondem às respostas quantitativamente
anormais a certos agentes tóxicos, provocados por alterações genéticas. O
indivíduo pode ter uma resposta adversa com doses baixas (não-tóxicas)
ou então ter uma resposta extremamente intensa com doses mais
elevadas. Exemplo: sensibilidade anormal aos nitritos e outros agentes
metemoglobinizantes, devido a deficiência, de origem genética, na NADH-
metemoglobina redutase.
Efeito alérgico Reações alérgicas ou alergia química são reações adversas que ocorrem
somente após uma prévia sensibilização do organismo ao AT, ou a um
produto quimicamente semelhante.
Na primeira exposição, a substância age como um hapteno promovendo a
formação dos anticorpos, que em 2 ou 3 semanas estão em concentrações
suficientes para produzir reações alérgicas em exposições subsequentes.
Alguns autores não concordam que as alergias químicas sejam efeitos
tóxicos, já que elas não obedecem ou apresentam uma relação
dose/resposta (elas não são dose dependente). Entretanto, como a alergia
química é um efeito indesejável e adverso ao organismo, pode ser
reconhecido como efeito tóxico.

Efeito imediato, Efeitos Imediatos ou agudos são aqueles que aparecem imediatamente
crônico e retardado após uma exposição aguda, ou seja, exposição única ou que ocorre, no
máximo, em 24 horas. Em geral são efeitos intensamente graves.
Efeitos crônicos são aqueles resultantes de uma exposição crônica, ou
seja, exposição a pequenas doses, durante vários meses ou anos. O efeito
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crônico pode advir de dois mecanismos:


(a) Somatória ou Acúmulo do Agente Tóxico no Organismo: a velocidade
de eliminação é menor que a de absorção, assim, ao longo da exposição o
AT vai sendo somado no organismo, até alcançar um nível tóxico.
(b) Somatória de Efeitos: ocorre quando o dano causado é irreversível e,
portanto, vai sendo aumentado a cada exposição, até atingir um nível
detectável; ou, então, quando o dano é reversível, mas o tempo entre cada
exposição é insuficiente para que o organismo se recupere totalmente.
Efeitos retardados são aqueles que só ocorrem após um período de
latência, mesmo quando já não mais existe a exposição. Exemplo: efeitos
carcinogênicos que têm uma latência a 20-30 anos.

Efeitos reversíveis e A manifestação de um ou outro efeito vai depender, principalmente, da


irreversíveis capacidade do tecido lesado em se recuperar. Assim, lesões hepáticas são
geralmente reversíveis, já que este tecido tem grande capacidade de
regeneração, enquanto as lesões no sistema nervoso central (SNC) são
geralmente irreversíveis, uma vez que as células nervosas são pouco
renovadas.

Efeitos locais e O efeito local refere-se àquele que ocorre no local do primeiro contato entre
sistêmicos o AT e o organismo. Já o sistêmico exige uma absorção e distribuição da
substância, de modo a atingir o sítio de ação, onde se encontra o receptor
biológico. Existem substâncias que apresentam os dois tipos de efeitos.
(ex.: Benzeno, chumbo tetraetila, etc.).

Efeitos resultantes da O termo interação entre substâncias químicas é utilizado todas as vezes
interação de agentes em que uma substância altera o efeito de outra. A interação pode ocorrer
químicos durante a fase de exposição, toxicocinética ou toxicodinâmica. Como
consequência destas interações podem resultar diferentes tipos de efeitos:
Adição: É aquele produzido quando o efeito final de 2 ou mais agentes é
quantitativamente, é igual à soma dos efeitos produzidos individualmente.
Ex.: Chumbo e arsênio atuando a nível da biossíntese do heme (aumento
da excreção urinária da coproporfirina).
Sinergismo: Ocorre quando o efeito de 2 ou mais agentes químicos
combinados, é maior do que a soma dos efeitos individuais.
Ex.: A hepatotoxicidade, resultante da interação entre tetracloreto de
carbono e álcool é muito maior do que aquela produzida pela soma das
duas ações em separado, uma vez que o etanol inibi a biotransformação do
solvente clorado.
Potenciação: Ocorre quando um agente tóxico tem seu efeito aumentado
por atuar simultaneamente, com um agente “não tóxico”.
Ex.: O isopropanol, que não é hepatotóxico, aumenta excessivamente a
hepatotoxicidade do tetracloreto de carbono.
Antagonismo: Ocorre quando dois agentes químicos interferem um com a
ação do outro, diminuindo o efeito final. É, geralmente, um efeito desejável
em toxicologia, já que o dano resultante (se houver) é menor que aquele
causado pelas substâncias separadamente. Existem vários tipos de
antagonismo:
(a) Antagonismo químico (também chamado neutralização) – ocorre
quando o antagonista reage quimicamente com o agonista, inativando-o.
Este tipo de antagonismo tem um papel muito importante no tratamento
das intoxicações. Ex.: Agentes quelantes como o EDTA, BAL e
penicilamina, que sequestram metais (As, Hg, Pb, etc.) Diminuindo suas
ações tóxicas.
(b) Antagonismo funcional – ocorre quando dois agentes produzem efeitos
contrários em um mesmo sistema biológico atuando em receptores
diferentes. Ex.: Barbitúricos que diminuem a pressão sanguínea,
interagindo com a norepinefrina, que produz hipertensão.
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(c) Antagonismo não-competitivo, metabólico ou farmacocinético – é


quando um fármaco altera a cinética do outro no organismo, de modo que
menos AT alcance o sítio de ação ou permaneça menos tempo agindo. Ex.:
Bicarbonato de sódio que aumenta a secreção urinária dos barbitúricos;
fenobarbital que aumenta a biotransformação do tolueno, diminuindo sua
ação tóxica.
(d) Antagonismo competitivo, não-metabólico ou farmacodinâmico – ocorre
quando os dois fármacos atuam sobre o mesmo receptor biológico, um
antagonizando o efeito do outro. São os chamados bloqueadores e este
conceito é usado, com vantagens, no tratamento clínico das intoxicações.
Ex.: Naloxone, no tratamento da intoxicação com opiáceos. Atropina no
tratamento da intoxicação por organofosforado ou carbamato.

Fonte: LEITE; AMORIM (2008)

Toxicologia Ocupacional
Segundo Nascimento (2008), Toxicologia Ocupacional é a área da toxicologia
aplicada aos princípios e métodos para identificação, gestão e controle dos
compostos químicos no ambiente de trabalho, visando o uso adequado e seguro de
agentes químicos, que ofereça um ambiente salubre ao trabalhador. Esta área tem
por objeto de estudo o trabalhador, enquanto a Higiene Ocupacional, com a qual se
complementa, estuda os ambientes ocupacionais.
Para fins de prevenção e retorno à atividade ocupacional quando acometido
por alguma intoxicação ou qualquer doença ocupacional é de fundamental
importância a caracterização da doença como profissional ou do trabalho, embora,
para o diagnóstico e tratamento, esta relação causal não tem influência na
abordagem terapêutica e nem no prognóstico.
Nem sempre é fácil estabelecer o nexo causal entre a exposição ocupacional
e o aparecimento de agravos à saúde, portanto, ao Enfermeiro cabe monitorar
ambiente/trabalhadores junto com a equipe de profissionais que atua nesta área.

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UNIDADE 8 – PRIMEIROS SOCORROS

O atendimento de primeiros socorros pode ser dividido em etapas básicas


que permitem a maior organização no atendimento e, portanto, resultados mais
eficazes (BRASIL, 2003).
A avaliação do local do acidente é a primeira etapa básica na prestação de
primeiros socorros. Ao chegar no local de um acidente, ou onde se encontra um
acidentado, deve-se assumir o controle da situação e proceder a uma rápida e
segura avaliação da ocorrência. Deve-se tentar obter o máximo de informações
possíveis sobre o ocorrido. Dependendo das circunstâncias de cada acidente, é
importante também:
a) evitar o pânico e procurar a colaboração de outras pessoas, dando ordens
breves, claras, objetivas e concisas;
b) manter afastados os curiosos, para evitar confusão e para ter espaço em
que se possa trabalhar da melhor maneira possível.
A proteção do acidentado deve ser feita com o mesmo rigor da avaliação da
ocorrência e do afastamento de pessoas curiosas ou que visivelmente tenham
perdido o autocontrole e possam prejudicar a prestação dos primeiros socorros
(BRASIL, 2003).
A avaliação e exame do estado geral de um acidentado de emergência
clínica ou traumática é a segunda etapa básica na prestação dos primeiros socorros.
Ela deve ser realizada simultaneamente ou imediatamente à “avaliação do acidente
e proteção do acidentado”.
O exame deve ser rápido e sistemático, observando as seguintes
prioridades:
• Estado de consciência – avaliação de respostas lógicas (nome, idade, etc);
• Respiração – movimentos torácicos e abdominais com entrada e saída de ar
normalmente pelas narinas ou boca;
• Hemorragia – avaliar a quantidade, o volume e a qualidade do sangue que se
perde. Se é arterial ou venoso;
• Pupilas – verificar o estado de dilatação e simetria (igualdade entre as
pupilas);
• Temperatura do corpo – observação e sensação de tato na face e
extremidades.

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Deve-se ter sempre uma ideia bem clara do que se vai fazer, para não expor
desnecessariamente o acidentado, verificando se há ferimento com o cuidado de
não movimentá-lo excessivamente. Em seguida, proceder a um exame rápido das
diversas partes do corpo.
Se o acidentado está consciente, perguntar por áreas dolorosas no corpo e
incapacidade funcionais de mobilização. Pedir para apontar onde é a dor, pedir para
movimentar as mãos, braços, etc.
A pessoa que está prestando os primeiros socorros deve seguir um plano de
ação baseando-se no P.A.S., que são as três letras iniciais a partir das quais se
desenvolvem todas as medidas técnicas e práticas de primeiros socorros.
Prevenir – afastar o perigo do acidentado ou o acidentado do perigo.
Alertar – contatar o atendimento emergencial informando o tipo de
acidente, o local, o número de vítimas e o seu estado.
Socorrer – após as avaliações (BRASIL, 2003).
Enfim, primeiros socorros são uma série de procedimentos simples com o
intuito de manter vidas em situações de emergência, feitos por pessoas comuns com
esses conhecimentos, até a chegada de atendimento médico especializado. O
melhor é obter treino em primeiros socorros antes de se precisar usar os
procedimentos em quaisquer situações de emergência.
Diversas situações podem precisar de primeiros socorros. As situações mais
comuns são atendimento de vítimas de acidentes automobilísticos, atropelamentos,
incêndios, tumultos, afogamentos, catástrofes naturais, acidentes industriais,
tiroteios ou atendimento de pessoas que passem mal: apoplexia (ataque cardíaco),
ataques epilépticos, convulsões, etc.
Tão importante quanto os próprios primeiros socorros é providenciar o
atendimento especializado. Ao informar as autoridades, deve-se ser direto e preciso
sobre as condições da(s) vítima(s) e o local da ocorrência.

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