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Pregado na Cidade de S.

Luís do Maranhão, ano de 1654

     Este Sermão (que todo é alegórico) pregou o Autor três dias antes de se embarcar
ocultamente para o Reino, a procurar o remédio da salvação dos índios, pelas causas
que se apontam no I. Sermão do I. Tomo. E nele tocou todos os pontos de doutrina
(posto que perseguida) que mais necessários eram ao bem espiritual, e temporal
daquela terra, como facilmente se pode entender das mesmas alegorias.

                                                                  Vos estis sal terrae.


                                                                          Mateus. 5
1. A nota apresentada no início do sermão fornece alguns dados pertinentes sobre o
contexto extralinguístico em que foi proferido e sobre o próprio texto.

1.1. Indique o lugar e a data em que foi proferido o Sermão.

1.2. Recorde as informações que recolheu sobre a vida e a obra do Padre António
Vieira e indique o motivo por que se encontrava nesse local nessa data.

1.3. De acordo com a nota, qual era a reação à «doutrina» que o Padre António Vieira
pregava?

1.3.1. Os ensinamentos da referida doutrina eram relevantes em duas vertentes da


vida do homem. Identifique-as.

1.4. Transcreva o adjetivo usado para qualificar o Sermão e mencione a sua


subclasse.

1.4.1. O adjetivo referido remete para a figura de retórica «alegoria». Apresente uma
definição deste recurso estilístico e um exemplo.

.1. O Sermão foi proferido na cidade de S. Luís do Maranhão, no dia 13 de junho


de 1654.

1.2. O Padre António Vieira tinha emigrado para o Brasil na sua juventude e aí se
encontrava nessa data desenvolvendo ações missionárias junto dos índios.

1.3. Segundo a nota introdutória do Sermão, a doutrina defendida pelo Padre Vieira
era mal recebida e objeto de contestação.

1.3.1. Os ensinamentos do Padre Vieira eram relevantes para o bem-estar espiritual e


secular, mundano do homem.

1.4. O adjetivo usado é «alegórico» e pertence à subclasse dos qualificativos.

1.4.1. A alegoria pode ser definida de diferentes maneiras. No que diz respeito
ao Sermão, podemos entender alegoria enquanto recurso estilístico que consiste
na representação de uma realidade abstrata através de uma realidade concreta,
por meio de analogias, metáforas, imagens e comparações.
.

1. A frase «Vos estis sal terrae» («Vós sois o sal da terra»), transcrita da Bíblia,


mais concretamente do Evangelho de S. Mateus, capítulo V, versículo 13,
constitui o chamado conceito predicável, a partir do qual se desenvolverá
o Sermão.

1.1. Observe a frase «Vós sois o sal da terra».

1.1.1. Identifique os referentes do pronome pessoal «vós».


Os referentes do pronome pessoal «vós» são “sois” e “o sal”.

1.1.2. Refira a subclasse a que pertence o verbo usado.


A subclasse a que pertence o verbo usado «sois», que é o verbo ser é o
presente do indicativo. 

1.1.3. Identifique a função sintática desempenhada pelo constituinte «o sal da


terra».
A função sintática desempenhada pelo constituinte «o sal da terra» é
complemento direto.

1.1.4. Indique por palavras suas a relação de sentido entre o constituinte com a
função de sujeito e o constituinte referido em 1.1.3.
 A relação de sentido entre o constituinte com a função de sujeito
«vós» e o constituinte referido em 1.1.3 com a função de complemento direto
«o sal da terra» é uma relação de indicação, ou seja, indicar o que é o «vós».

1.1.5. Identifique o que representa o «sal».


         Na frase «vós sois o sal da terra», o «sal» representa os pregadores, que
pregam a sua doutrina.

1.1.6. Indique, agora, o que representa o elemento «terra».


            Na frase «vós sois o sal da terra», a «terra» representa os ouvintes da
doutrina dos pregadores.

1.1.7 Sabendo que «predicar» significa atribuir propriedades a entidades ou


situações ou estabelecer relações entre entidades ou situações, explique em que
medida a frase de 1.1. representa um conceito predicável .

A frase de 1.1. representa um conceito predicável pois é um passo das


escrituras (“Vós sois o sal da terra”) que é aplicado às condições da época.

1.2. Por que motivo é atribuída por Cristo a propriedade  «sal da terra» aos
referentes do pronome pessoal «vós».
            É atribuída por Cristo a propriedade «sal da terra» aos referentes do
pronome pessoal «vós» que são os pregadores porque para ele os pregadores
seriam os únicos capazes de parar com esta corrupção que existe na terra,
com as suas doutrinas.

1.3. Relacione a função do sal com a função das entidades referidas por  «vós».
            A relação entre o sal, com a função das entidades referidas por «vós»
é que são a mesma coisa, ou seja, o sal e o vós estão se a referir aos
pregadores.

1.4. Como avalia Padre António Vieira o sucesso dessas entidades no desempenho
da sua função?

            Padre Vieira avalia este sucesso como muito mau pois conclui-se no
primeiro parágrafo “não é tudo isto verdade?” palavras de Padre Vieira e isto
mostra que ele não gostava do que se estava a passar na “terra”.

1.5. Enuncie o problema levantado pelo padre Vieira.


            O problema levantado por Padre Vieira foi que a terra está corrupta e
o discurso é desenvolvido através de um admirável jogo de simetrias pois a
terra está corrompida ou “porque o sal não salga” ou “porque a terra se não
deixa salgar”.

1.5.1. Identifique e classifique o vocábulo que introduz esse problema.


            O vocábulo que introduz esse problema é o “ou” e é um articulador.
1.6. Refira as duas hipóteses gerais apresentadas como causas possíveis do
problema.

            As duas hipóteses gerais apresentadas como causas possíveis do problema


são “o sal que não salga” que esta a resposta é escolhida por Cristo e
relativamente à “terra que se não deixa salgar” a resposta escolhida pelo
Santo António.

1.6.1. Identifique os elementos linguísticos que as introduzem como causa do


problema e as apresentam como duas alternativas.

              Os elementos linguísticos que as introduzem como causa do


problema e as apresentam como duas alternativas são “ou é porque”/” ou
porque”; ”e os pregadores” /”e os ouvintes.”

1.7. Enumere os motivos que poderão ter conduzido à primeira causa e os que
poderão ter conduzido à segunda.

            Os motivos que poderão ter conduzido à primeira causam  “o sal que não
salga “ : os pregadores não pregam a verdadeira doutrina”; “os pregadores
dizem uma cousa e fazem outra”; “os pregadores se pregam a si e não a
Cristo”. Os que poderão ter conduzido à segunda causa ”a terra que se não
deixa salgar”: “os ouvintes sendo verdadeira a doutrina que lhes dão , a não
querem receber”; “os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que
fazer o que dizem”; “os ouvintes em vez de servir a Cristo, servem as suas
apetites.”
2. O segundo parágrafo inicia-se com uma premissa e, com base nela, o padre
António Vieira coloca uma pergunta.

2.1. Enuncie a premissa.


            A premissa “Suposto, pois ,que ou o sal não salgue ou a terra se não
deixe salgar”.

2.2. Parafraseie a pergunta.


            A pergunta que Padre Vieira faz é “que se há-de fazer a este sal e
que se há-de fazer a esta terra?”.

2.3. Identifique a parte do problema para o qual é proposta, neste parágrafo,


uma solução e refira a solução proposta, bem como a finalidade da adoção de tal
proposta.
            A parte do problema para o qual é proposta, uma solução «é se o sal
não salga», e a solução proposta é que o pregador não pregar a sua doutrina
deve assim ser merecedor de todo o desprezo e ser metido debaixo dos pés de
todos.

2.3.1. O problema e a finalidade da solução proposta estão representados por


duas orações subordinadas adverbiais que ocorrem na mesma frase. Classifique-
as.
As orações são subordinadas adverbias consecutivas.

2.3.2. Qual é o tipo de argumento usado para sustentar essa proposta? Justifique
a sua resposta.
                        O tipo de argumento usado para sustentar essa proposta é um
argumento convincente/lógico. Porque a obrigação dos pregadores é pregar
bem a sua doutrina e se tal não acontecesse teriam consequências.

3. Para fundamentar o que se há de fazer à terra que se não deixa salgar (isto é,
aos ouvintes que não querem seguir os ensinamentos da verdadeira doutrina), o
padre António Vieira recorre ao exemplo de Santo António.

3.1. Indique a razão por que o padre Vieira convoca a figura de Santo António.
            A razão por que o padre Vieira convoca a figura de Santo António  é
porque vai fazer o mesmo que ele, já que os homens não o querem ouvir ,
então vai pregar aos  peixes ,tal como o Santo António.

3.2. Relate o episódio ocorrido com o santo e que justifica o título deste sermão.
            Santo António foi pregar para Itália mais especificamente para
Arímino foi pregar, contra os hereges, só que não funcionou porque eles o não
queriam ouvir e por pouco que não o matavam, pois levantaram-se contra ele.
Pois bem já que os homens não o queriam ouvir resolveu virar-se para o mar e
ir pregar aos peixes. Mudou somente o púlpito e o auditório, mas não desistiu
da sua doutrina. Por isso esta obra tem o título de “Sermão de Santo António
aos peixes».
3.3. Em determinado passo do capítulo, o autor do texto recorre a diversas
interrogações. Aponte a intencionalidade do pregador ao colocar essas questões.
            A intenção do pregador, ao colocar essas interrogações foi expor o
que poderia fazer Santo António com tudo o que se ia passando.

3.4. Aponte a decisão tomada pelo padre Vieira.


            A decisão tomada pelo padre Vieira foi que iria pregar a sua doutrina aos
peixes e não aos homens.

3.4.1. Refira três argumentos apresentados pelo pregador que justificam essa
atitude.

            Os argumentos apresentados pelo pregador são  que o mar está perto ,
logo vai pregar para o mar que bem o ouvirão (“o mar está tão perto que bem
me ouvirão ”), os que não lhe interessa  o sermão poderão retirar-se , pois o
sermão não lhe diz respeito(“os demais podem deixar o sermão, pois não é
para eles”) e por último a Senhora do mar costuma dar graça, ou seja,
abençoa para nada correr mal(“Maria, quer Domina maris: «Senhora do mar”;
e posto que o assunto seja tão desusado, espero que me não falte com a
costumada graça.”)

3.5. O primeiro capítulo termina com uma invocação e com a expressão de um


desejo.

3.5.1. Indique o destinatário da invocação e a sua intencionalidade.

                        O destinatário da invocação é “Senhora do mar» e a intencionalidade


é que a senhora o ajude e não falte com a costumada graça, pois é o desejo
expresso pelo Padre Vieira.

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