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POR QUE É IMPORTANTE

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DOMINAR A LÍNGUA?

Fernanda Fonseca Pessoa Rossoni

e-Tec Brasil – Redação e Expressão Oral

ro
jene
ja G
San
Fonte: www.sxc.hu
Meta
Estimular o interesse do estudante, demonstrando a
importância do domínio da Língua Portuguesa, que deve ser
valorizada como elemento de cultura.

Objetivos
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
1. diferenciar a linguagem coloquial da linguagem formal;
2. reconhecer as diferentes funções da linguagem presentes
no dia-a-dia.
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AULA 1 – Por que é importante dominar a língua?


Oração é todo enunciado
que se estrutura ao redor de
um verbo.

Período é uma frase que


possui uma ou mais orações.
Pode ser simples (somente uma
oração) ou composto (mais de
uma oração).

Frase é todo enunciado LÍNGUA


lingüístico capaz de transmitir uma
Linguagem própria
idéia. A frase é uma palavra ou
de um grupo, idioma.
conjunto de palavras que constitui
É o sistema lingüístico
um enunciado de
(palavras e expressões)
sentido completo.
que permite a comunicação
entre indivíduos de um
determinado grupo ou
nação (FERREIRA, 1999).

Nesta primeira aula, vamos refletir e discutir


LINGUAGEM
a importância do domínio da LÍNGUA Portuguesa
Sistema de expressão
e, em especial, da utilização da linguagem que serve de meio de
culta. Além disso, conheceremos as funções da comunicação entre
indivíduos e pode ser
LINGUAGEM e seus usos.
percebido pelos diversos
órgãos de sentido (visão,
audição e tato). Inclui tudo
que serve para expressar
idéias, sentimentos, modos
de comportamento e ações
(FERREIRA, 1999).
8 O que nos distingue dos outros animais é a nossa linguagem, que nos dá a
capacidade de comunicação, a qual, por sua vez, permite que tenhamos aquilo
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CULTURA que chamamos de CULTURA. Como veremos, o compartilhamento da língua em


Conjunto de cada grupo social, a utilização da linguagem e a possibilidade de cultura nos
características humanas
permitem o registro da HISTÓRIA.
que não são inatas e que
se criam e se preservam A principal forma de registrar a história é por meio da escrita. Nesse ponto, é
ou aprimoram por meio preciso destacar a importância do domínio da linguagem culta, definida por um
da comunicação e
conjunto das regras que estabelecem a grafia correta das palavras e o uso de
da cooperação entre
sinais de pontuação. Para nos ajudar com essas regras, em algumas páginas
indivíduos em uma
sociedade. É todo fazer deste livro, a professora Norma Culta vai nos ensinar alguns conceitos e algumas
humano que pode ser aplicações das regras.
transmitido de geração
A linguagem também é baseada na intenção de quem a utiliza. Por isso,
em geração
(FERREIRA, 1999). ela possui seis funções: referencial, emotiva, conativa, fática, poética e
metalingüística. Vamos conhecê-las também!
HISTÓRIA
Conjunto de A língua
conhecimentos adquiridos
por meio da tradição O ser humano, por meio da linguagem, possui a capacidade de comunicação,
e/ou por meio dos que possibilita a interação entre indivíduos e a transmissão de conhecimentos,
documentos, relativos assim como o desenvolvimento de cultura. Graças à possibilidade de relação
à evolução, ao passado
social e à escrita, tais conhecimentos puderam ser registrados e perpetuados. O
da humanidade. Como
área de conhecimento, compartilhamento dos saberes tornou possível a nossa aprendizagem constante
consiste na ciência e no e a nossa evolução intelectual.
método que permitem
adquirir e transmitir
conhecimentos em
relação às nossas origens
e aos fatos ocorridos
na vida dos povos, em
particular, e na vida da
humanidade,
em geral.

Fonte: www.sxc.hu
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AULA 1 – Por que é importante dominar a língua?


O ponto (.)
determina o final de um
pensamento assertivo
(negativo ou positivo)
de mensagem e/ou
estrutura
sintática completa.

u
c.h
Não se deve
x
w.s

separar o verbo de
ww
te:

seu complemento
n
Fo

com vírgula!
Como sabemos, a linguagem é a condição
essencial para que haja cultura. Esta, por sua vez,
caracteriza a existência social de determinado povo
ou nação. Entretanto, as manifestações culturais
podem variar de tempos em tempos e também
de acordo com o grupo ao qual as pessoas
pertencem. É por isso que a linguagem apresenta
variações no espaço e no tempo, de acordo com a
classe social, a escolaridade, a profissão, o sexo e
a região onde vivemos. A tais diferenças damos o
nome de DIALETO.
A mudança lingüística não é mero aci-
dente: pertence à essência da língua.
A língua se faz mediante a mudança. DIALETO
Mudança lingüística é a manifestação Variedades que ocorrem na fala das
pessoas de uma mesma língua, de
da criatividade da linguagem na história
acordo com o local ou as condições
das línguas. sociais em que vivem – constitui a
(Eugênio Coseriu) “maneira de falar”. Tal variação pode
ser determinada por fatores como
classe econômica, escolaridade, sexo,
idade, região onde se vive e profissão.
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Nunca separe o
sujeito da frase e o
verbo com vírgula!

Quando se usa o vocativo


em uma frase, ele deve vir
entre vírgulas. Ex.: Venha ver
isto, Pedro!

Separam-se por vírgula os


verbos que dão idéia de dizer e
contestar, vindos depois ou no
meio da citação.

Exemplo 1: Diálogos de pessoas de sexos diferentes.

Ai, menina! Comprei uma


blusinha que é uma graça! Linda
mesmo! E o preço? Uma maravilha:
um pouquinho mais de cem reais!
Menina! Que
gracinha! Comprou
onde?
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AULA 1 – Por que é importante dominar a língua?


Cara! Comprei uma camisa
bonita e barata.

Emprega-se a vírgula
para indicar a elipse de
um termo.

Separam-se, com vírgula,


as expressões da frase que
indicam tempo e lugar.

Separam-se, com vírgula,


as expressões corretivas e
explicativas da frase.
12 No exemplo 1, podemos ver a diferença na linguagem de homens e mulheres,
ou seja, a variedade no dialeto de pessoas de sexos diferentes. Observe que,
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enquanto as mulheres se tratam por “menina”, os homens usam a palavra


“cara”. Além disso, comumente, a fala do sexo feminino contém palavras no
diminutivo, como “blusinha” e “gracinha”, ao passo que os homens, em grande
maioria, são mais sucintos em suas falas e evitam o uso de diminutivos.
MODALIZAÇÃO Essas definições podem ser MODALIZADAS, mas, de que qualquer forma, tais
A expressão da dialetos podem nos oferecer informações sobre o falante.
atitude do falante
com relação ao Exemplo 2: A diferença também acontece nas frases adiante, que mostram
conteúdo de
as falas de pessoas de diferentes idades.
seu enunciado.
a) “É, cara, tô azarando uma mina que é o maior barato!”
b) “Estou interessado em uma mulher bonita, elegante e inteligente.”
As frases a e b exemplificam diferenças dialetais de idade: a primeira,
identificada pelas gírias, representa a fala de um jovem em situação informal. A
segunda, pela fala formal, pode mostrar um adulto em situação igualmente formal.
Além disso, nós podemos apresentar variações em nosso modo de 13
expressão, dependendo do indivíduo com quem estamos conversando e do

AULA 1 – Por que é importante dominar a língua?


assunto. A situação e o contexto, ou seja, a importância do assunto, o local
onde ocorre a conversa e o grau de intimidade existente entre o falante e o
ouvinte também influenciam no nosso modo de falar.
Assim, de acordo com o nível de formalidade da situação, podemos ter
diferentes tipos de fala: coloquial e formal. A primeira utiliza um vocabulário
mais simples e costuma conter desvios em relação à norma padrão. A segunda,
também chamada de linguagem culta ou dialeto padrão, obedece rigorosamente
às normas gramaticais.
O coloquialismo pode ser falado por qualquer pessoa independentemente do
nível social. A linguagem coloquial pode ser usada principalmente na comunicação
verbal (comunicação por linguagem falada) cotidiana. No entanto, as pessoas
mais escolarizadas costumam optar pela linguagem culta; afinal, como sabemos,
na escrita formal os desvios em relação à gramática são inadmissíveis.

Exemplo 3:
Formal: Está certo!

Coloquial: Tá certo!
14 Exemplo 4: Trecho extraído do debate que se seguiu à palestra do poeta
Paulo Leminski, “Poesia: a paixão da linguagem”, proferida durante o curso Os
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Sentidos da Paixão (FUNARTE, 1986).


Estudei durante seis anos muito a vida de um paulista e fiz um filme sobre
ele, que é o Mário de Andrade, um puta poeta muito pouco falado pelas
ditas vanguardas modernistas (...). Hoje em dia, felizmente, já existem
vários trabalhos, há muita gente reavaliando a poética do Mário, que
ela é muito mais importante e profunda do que aparentemente pareceu
nestes últimos anos. Estudando o Mário, eu descobri que o Mário foi um
exemplo de um cara que morreu de amor, mas de amor pelo seu povo,
pelo seu país, pela sua cultura (...).

Observe que nesse trecho é possível identificar palavras e construções


características da linguagem coloquial oral. O poeta considerou conveniente utilizá-
INTERLOCUTOR la nesta situação, além de adequada para os seus respectivos INTERLOCUTORES. Uma
Aquele que fala com forma de ajustá-lo à modalidade de escrita culta é a seguinte:
outro ou que fala em
Estudei muito, durante seis anos, a vida de um paulista, sobre o qual
nome de outro.
fiz um filme, que é o Mário de Andrade, um grande poeta muito pouco
citado pelas ditas vanguardas modernistas (...). Hoje em dia, felizmente,
já existem vários trabalhos e reavaliações da poética do Mário, que é
muito mais importante e profunda do que pareceu nestes últimos anos.
Estudando-o, eu descobri que ele foi um exemplo de pessoa que morreu
de amor, mas de amor pelo seu povo, pelo seu país, pela sua cultura
(...).

Mesmo um poeta como Paulo Leminski utiliza a modalidade coloquial na


linguagem oral, pois, em determinadas situações, ela é admissível. Constitui
o que chamamos de adequação situacional. Entretanto, mesmo que o
coloquialismo seja comum na fala, devemos evitá-lo na escrita.
O que distingue a linguagem coloquial da formal é a presença da oralidade
(comunicação pela fala, com vocabulário mais simples). Porém, mesmo na fala,
não são muitos os desvios admitidos. Muitas formas particulares do dialeto popular
são condenadas, como, por exemplo, falar “nós vai”, em vez de “nós vamos”.
Em resumo, como o modo de falar depende da situação e do contexto, vale
utilizar o padrão adequado para as diferentes situações de comunicação social.
Como profissionais, o ideal é utilizarmos a linguagem formal, mesmo que em
comunicação verbal.
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ATIVIDADE 1 – ATENDE AO OBJETIVO 1

AULA 1 – Por que é importante dominar a língua?


Identifique, no quadro a seguir, qual das frases é coloquial e qual é formal:

Frase Classificação
“Não te falei que você iria conseguir?”
“Ainda não o vimos por aqui.”
“Ver-se-ia em maus lençóis se continuasse
a insistir naquilo.”
“Eu ainda não entrara no banco quando
aquilo aconteceu.”
“E aí, galera? A aula foi mó legal, num foi?”
“Ainda não vi ele.”

É importante ressaltar que a maneira com a qual nos expressamos pode


variar, mesmo usando somente o dialeto formal (como vimos, o que obedece
às normas gramaticais). Essa diversificação acontece conforme o objetivo da
comunicação, que faz com que a linguagem seja estruturada de forma mais
específica para atender à finalidade pretendida.
Com isso, cada mensagem possui uma função predominante, que pode ser
classificada como referencial, emotiva, fática, conativa, poética ou metalingüística,
como estudaremos a seguir.

Funções da linguagem
Como vimos, a linguagem sempre varia conforme a situação, mas ela
também pode assumir funções que levam em consideração o que se quer
transmitir e os objetivos da comunicação.
Não há comunicação neutra. Há sempre um contexto, uma necessidade, uma
situação pessoal determinando o que se diz, gerando um discurso que pode ser
informativo, autoritário, apelativo ou poético. Daí a possibilidade de se falar em
funções da linguagem.
As funções se organizam em torno dos elementos da comunicação: um
emissor, que envia uma mensagem a um receptor, usando um código, que
flui através de um canal. Elas são classificadas conforme a importância que
atribuem a cada um desses elementos.
16 ATENÇÃO!
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Elementos da comunicação:
Emissor: emite, envia a mensagem (transmissor).
Receptor: recebe a mensagem.
Mensagem: conteúdo transmitido pelo emissor.
Código: conjunto de signos (linguagem) usado na transmissão
e na recepção da mensagem.
Referente: contexto relacionado ao emissor e ao receptor.
Canal: meio pelo qual circula a mensagem.

Função referencial ou denotativa

Com faixas e carro de som, cerca de 200 estudantes das redes municipal
e estadual de Belo Horizonte deram início ontem, na Avenida Sinfrônio
Brochado, na Região do Barreiro, a uma série de manifestações em
defesa do meio-passe no transporte (Douglas Couto, 2008).

O trecho, retirado do Jornal Hoje em Dia, mostra um dos casos em que a


função referencial da linguagem é usada.
Quando a linguagem é objetiva e tem somente a intenção de informar
sobre um acontecimento ou fato verídico, dizemos que predominou a
função referencial (ou denotativa) da linguagem. Recebe esse nome por
ser centralizada no referente, ou seja, o emissor (aquele que fala) oferece
informações sobre a realidade, o contexto.
Neste caso, normalmente, a linguagem é direta e prevalece a terceira pessoa
do singular (“ele”). É a função utilizada nas notícias de jornal e revista e também
em livros científicos e didáticos, cujo objetivo é traduzir a realidade com o
máximo de clareza possível.
Função emotiva ou expressiva 17

AULA 1 – Por que é importante dominar a língua?


Estou tendo agora uma vertigem. Tenho um pouco de medo. A que me
levará minha liberdade? O que é isto que estou te escrevendo? Isto me
deixa solitária (Clarice Lispector).

Como vimos, em qualquer tipo de texto existe uma função de linguagem. No caso
dessa poesia de Clarice Lispector, utiliza-se a função emotiva, também chamada de
expressiva.
O objetivo é expressar sentimentos, emoções e opiniões, sempre focando o
emissor; por isso se chama “emotiva”. Ou seja, o texto costuma ser escrito com
verbos conjugados na primeira pessoa do singular (eu), além de utilizar largamente
interjeições e exclamações. A emotiva é a função predominante em biografias,
memórias, poesias líricas e cartas de amor.

Interjeição é a expressão
com que um estado emotivo
é traduzido ou sentimentos
espontâneos e repentinos são
exprimidos. Pode ser uma
palavra ou a simples voz ou um
grito. Exemplos: Ah! Puxa! Ora!
Olá! Cuidado!
Fora! Ufa!
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Função conativa ou apelativa
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Figura 1.1: Publicidade da butique Felicidade:


verbos conjugados no modo imperativo, de forma
a convencer o expectador a comprar.

A função conativa está presente no anúncio publi-


citário da figura, pois a linguagem é centralizada no
Quando receptor. O objetivo do emissor é convencer o
conjugados no
expectador a adquirir determinado comportamento,
modo imperativo, os
verbos exprimem ou seja, neste caso, a vontade de ir à loja e efetuar
ordem ou pedido. compras para “ser feliz”.
Exemplos: Compre
um carro! Pense Os anúncios publicitários, em geral, utilizam
nisto! Arrume seu esta função; os discursos autoritários e os sermões
quarto! Faça o
também costumam lançar mão deste tipo de lin-
favor!
guagem. Baseiam-se em uma ordem, uma invo-
cação, um conselho ou uma advertência e, para isso,
utilizam-se verbos no modo imperativo, vocativos e
pronomes em segunda pessoa.
Função fática 19

Enfim, o que acontecer, acontecerá. E por quanto nada aconteceria, os

AULA 1 – Por que é importante dominar a língua?


dois não sabiam inventar acontecimentos. Sentavam-se no que é de graça:
banco de praça pública. E de acomodados, nada os destinguiria do resto do
nada. Para a grande glória de Deus. Ele fala: Pois é!
Ela: – Pois é o quê?
Ele: – Eu só disse pois é!
Ela: – Mas pois é o quê?
Ele: – Melhor mudarmos de assunto porque você não me entende.
Ela: – Entende o quê?
Ele: – Santa Virgem Macabéa, vamos mudar de assunto e já!

(Fragmento de A hora da estrela, obra de Clarice Lispector)

O foco da função fática é o canal, ou seja, o objetivo é prolongar ou


interromper a comunicação com o receptor, visando sempre averiguar a
eficiência do canal, assim como aconteceu com o “pois é”, que iniciou a
conversa do trecho de A hora da estrela. As expressões que usamos nas
saudações cotidianas e ao telefone apresentam este tipo de função.
O que queremos, ao usar esta linguagem, é iniciar ou manter a conversa
e chamar a atenção de outra pessoa, assim como verificar se o receptor da
mensagem nos está compreendendo. As seguintes expressões exemplificam o
uso da função fática no decorrer da comunicação: “Alô!”, “Entenderam?”, “Veja
bem”, “Olha”, “Hein?“, “Hum-hum!”, “Olá! Como vai?” (para iniciar a conversa),
“Ela não desanima nunca... você concorda? Não acha?” (para manter a conversa),
“Está me ouvindo?” (verificando o funcionamento do canal), “Qualquer dia, amigo,
eu volto a te encontrar” (para interromper a comunicação).
20 Função poética
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O amor é uma companhia.


Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo,
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência
dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no
meio.
(Alberto Caeiro – pseudônimo de Fernando Pessoa)

SAIBA MAIS...

Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de junho de


1888 – Lisboa, 30 de novembro de 1935), mais conhecido
como Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português.
É um dos maiores poetas de língua portuguesa. O crítico literário Harold
Bloom considerou-o, ao lado de Pablo Neruda, o mais representativo poeta
do século XX. Por ter vivido a maior parte de sua juventude na África do
Sul, a língua inglesa também possui destaque em sua vida, com Pessoa
traduzindo, escrevendo, trabalhando e estudando no idioma.
Teve uma vida discreta, em que atuou no jornalismo, na publicidade, no
comércio e, principalmente, na literatura, na qual se desdobrou em várias
outras personalidades conhecidas como hete-
rônimos, tais quais: Alberto Caeiro, Álvaro de
Campos, Ricardo Reis e Bernardo Soares.
A figura enigmática em que se tornou movimenta
grande parte dos estudos sobre sua vida e obra,
além do fato de ser o maior autor da heteronímia.
Quando lemos uma poesia, é impossível não admirar a elaboração da 21
mensagem, como a do poema de Alberto Caeiro (heterônimo de Fernando

AULA 1 – Por que é importante dominar a língua?


Pessoa). Tal admiração provém da valorização das palavras pelo emissor
(autor, poeta).
A ênfase na mensagem, a construção do texto de maneira especial, a
combinação criativa e sugestiva das palavras e a utilização da linguagem
figurada são características da função poética. Essa construção aparece em
obras literárias (inclusive em prosa), letras de músicas e até mesmo em algumas
propagandas. Atrai a atenção pela forma de expressão e pela estética.
Repare que a função fática se opõe à referencial. Afinal, nela predomina a
conotação (linguagem figurada) e o subjetivismo, em oposição à denotação
(sentido real) e ao objetivismo presente na função referencial.

ATENÇÃO!

Não se esqueça de que podemos encontrar duas ou mais funções


em uma mesma mensagem; porém, sempre com predominância
de uma delas.

Função metalingüística

Frase é qualquer enunciado lingüístico


com sentido acabado.

Você já reparou que usamos a linguagem para falar da própria linguagem?


E essa finalidade representa uma função.
A função metalingüística ocorre quando uma linguagem é usada para
explicar a si própria e quando uma palavra comenta outra palavra. Ou seja, é
centrada no código (linguagem usada na transmissão e na recepção de uma
mensagem). Acontece com a poesia que fala de poesia, com um texto que
comenta outro texto e em um filme que fala de outro filme, por exemplo.
A metalinguagem serve para fornecer explicações conceituais, definições
e comentários. É aplicada em textos didáticos, na linguagem científica e em
dicionários.
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ATIVIDADE 2 – ATENDE AO OBJETIVO 2


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O quadro a seguir relaciona os elementos que ficam em evidência em


cada uma das funções da linguagem, com a finalidade de cada uma e
com o tipo de textos em que aparecem. Identifique e preencha o quadro
com as informações que estão faltando.

Elemento que fica Finalidade ou Textos


em evidência conteúdo
Mensagem objetiva, Documentos, relatórios,
fatos, idéias e ações. textos científicos e
matérias jornalísticas.
Emissor Cartas pessoais, diários,
biografias, memórias e
poesias líricas.
Mensagem que
influenciao receptor
com o objetivo de
provocar uma resposta.
Atrai a atenção pela
forma de expressão e
pela estética.
Estabelece, prolonga
ou interrompe a
comunicação com
o receptor, visando
sempre a averiguar a
eficiência do canal.
Aulas, textos didáticos,
linguagem científica e
dicionários.

Com base no que aprendemos nesta nossa primeira aula, você deve ter
percebido o quanto é importante dominar a língua e saber utilizá-la adequadamente,
inclusive na hora de optar pela função da linguagem a ser usada. É conhecendo
a nossa Língua Portuguesa que vamos compreender melhor, e em todas as
situações, os elementos da comunicação.
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RESUMINDO...

AULA 1 – Por que é importante dominar a língua?


Nesta aula, nós vimos que:
• A cultura consiste em todo fazer humano que pode ser transmitido
de geração para geração.
• A língua é a linguagem verbal utilizada por determinado povo ou
nação.
• Linguagem representa todo sistema organizado de sinais que
serve como meio de comunicação entre os indivíduos.
• Às diferenças entre as linguagens faladas dos indivíduos damos
o nome de dialeto. Por sua vez, os dialetos mudam conforme as
condições sociais e regionais em que vivemos.
• As diferentes linguagens que utilizamos podem ser caracterizadas
por meio de seis funções lingüísticas, de acordo com a finalidade
a que se propõem. São elas: referencial, emotiva, conativa, fática,
poética e metalingüística.
• A função referencial (ou denotativa) é aquela que traduz objetiva-
mente a realidade exterior ao emissor.
• A função emotiva (ou expressiva) é a que traduz emoções e opi-
niões do emissor.
• A função conativa (ou apelativa) é a que tem por objetivo influenciar
o comportamento do receptor da mensagem, por meio de apelo,
ordem, súplica ou sugestão.
• A função fática é a que objetiva iniciar, prolongar ou interromper
o contato com o emissor a fim de testar o funcionamento do
canal.
• A função poética é a que enfatiza a elaboração da mensagem, de
modo a ressaltar o seu significado (muitas vezes figurado).
• A função metalingüística é a que utiliza o código (linguagem)
como assunto ou para explicar o próprio código.
• Conhecer a norma culta da Língua Portuguesa e a finalidade de
cada função da linguagem contribui com nossa capacidade de
interpretar e escrever adequadamente um texto, como veremos na
próxima aula.
24 Informação sobre a próxima aula
e-Tec Brasil – Redação e Expressão Oral

Na próxima aula, vamos aprender sobre os elementos constitutivos do


texto, a organização das idéias e as características imprescindíveis a um bom
texto: clareza, coesão e coerência.

RESPOSTAS DAS ATIVIDADES

Atividade 1
Frase Classificação
“Não te falei que você iria conseguir?” coloquial
“Ainda não o vimos por aqui.” formal
“Ver-se-ia em maus lençóis se continuasse a insistir formal
naquilo.”
“Eu ainda não entrara no banco quando aquilo aconteceu.” formal
“E aí, galera? A aula foi mó legal, num foi?” coloquial
“Ainda não vi ele.” coloquial

Atividade 2
Elemento que fica
Finalidade ou conteúdo Textos
em evidência
Documentos, relatórios,
Mensagem objetiva, fatos,
Referente textos científicos e matérias
idéias e ações.
jornalísticas.
Mensagem subjetiva, Cartas pessoais, diários,
Emissor sentimentos, emoções e biografias, memórias e
opiniões de quem fala. poesias líricas.
Mensagem que influencia Linguagem publicitária;
Receptor o receptor com o objetivo linguagens de propaganda
de provocar uma resposta. política e religiosa.
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AULA 1 – Por que é importante dominar a língua?


Obras literárias (inclusive
Atrai a atenção pela forma
em prosa), letras de músicas
Mensagem de expressão e pela
e até mesmo em algumas
estética.
propagandas.
Estabelece, prolonga ou
interrompe a comunicação
Comunicação verbal e,
Canal com o receptor, visando
normalmente, coloquial.
sempre averiguar a
eficiência do canal.
Linguagem que usa a
própria linguagem para Aulas, textos didáticos,
Código fornecer explicações linguagem científica e
conceituais, definições e dicionários.
comentários.

Referências bibliográficas
COUTO, Douglas. Jornal Hoje em Dia. Disponível em: <http://www.
hojeemdia.com.br>. Acesso em: 11 set. 2008.
FARACO, C. A.; MANDRIR, D. Prática de redação para estudantes
universitários. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1987.
FARACO, C. E.; MOURA, F. M. Língua e literatura. 5. ed. São Paulo: Ática,
1985.
FERREIRA, A. B.de H. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua
portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
FERREIRA, M.; PELLEGRINI, T. Redação: palavra e arte. São Paulo: Atual,
1999.
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo:
Ática, 1997.

Bibliografia recomendada
TERRA, E.; NICOLA, J. De olho no mundo do trabalho. Volume único. São
Paulo: Scipione, 2004.

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