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INTRODUÇÃO
Essa artigo tem como finalidade apresentar os diferentes pontos de vista do sociólogo Émile
Durkheim e o intelectual Max Weber em relação ao corpo social, dado que, um apresenta sobre fato
social na sociedade, e o outro sobre ação social, ambos possuem características que compõem esses
conceitos e que são fundamentais para o entendimento da sociedade, tanto em seus respectivos
períodos, como atualmente.

ÉMILE DURKHEIM
Com o surgimento da Revolução Francesa, os acontecimentos ocorridos no mundo como a
Revolução Industrial, e as ideias positivistas de Auguste Comte, o intelectual Émile Durkheim
começa a estudar a sociedade e a praticar sua própria ideologia, por meio do que ele chamou de fato
social, pois, ele não acreditava que a sociologia deveria ser estudada aplicando métodos aos
indivíduos. Desse modo, tornou-se um dos grandes fundadores da sociologia. Para o intelectual, é
necessário estudar a sociedade da mesma forma que estudamos as ciências naturais, ou seja, de
forma objetiva. Logo, ele enfatiza a importância de ver a sociedade como “coisas”, para que se
tenha um estudo claro das transformações ocorrentes, com o objetivo de deixá-la unida e impedir
sua decadência.

Em primeira análise, os fatos sociais consistem na maioria das ações executadas pelos seres
humanos. A sociedade, segundo o autor, não é formada por meio das ações individuais de cada um,
mas sim, de algo externo ao indivíduo. Outrossim, não é reconhecido pelos humanos. Sendo outro
aspecto do fato social o poder coercivo, isto é, os padrões interferem indiretamente nas ações, como
por exemplo, comer de boca aberta. Nesse sentido, a ação é condicionada pelos fatos, pois, caso
contrário, o ser humano sofrerá algum tipo de julgamento. Além disso, Émile Durkheim ressalta a
importância de esquecer os dogmas, as ideologias e os preconceitos para estudar as transformações
ocorridas na sociedade.
Para o autor, o indivíduo adquire uma influência externa por meio da sociedade, que atuam
independente da atuação, como por exemplo, a linguagem, a qual obtém ao longo do tempo por
meio dos indivíduos presentes no corpo social para se relacionar com os outros, todavia, mesmo que
não a usufrua, ela vai continuar existindo. Ademais, esse aspecto é geral, visto que atinge todos os
membros da sociedade.
Em consoante ao autor, os fatos sociais influenciam de maneiras diferentes a cidade e o
campo devido a coercitividade, por que a cidade possui uma limitação, enquanto o campo é

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disperso. Dessa forma, nas cidades existem correntes de opiniões que comprimem os indivíduos em
um determinado local, já no campo, os sujeitos não recebem certo impacto.
O suicídio é um exemplo de fato social muito relevante para Durkheim, visto que, ele foi o
primeiro intelectual a investigar esse acontecimento de uma maneira sociológica. Segundo o
sociólogo, todas as ações são determinadas pela sociedade, inclusive o ato de suicidar-se. Por que
acontece de forma estabelecidas entre os grupos sociais, por exemplo, os solteiros tendem a se
suicidar mais que os ligados conjugalmente, pois muitas vezes não se sentem relacionados com
nenhum vínculo social, ao contrário dos casados. Portanto, nota-se que a exterioridade influencia na
ação individual o ser humano. Além disso, a regulação da sociedade e a integração do indivíduo
influencia no ato do suicídio. Desse modo, o autor conseguiu definir quatro maneiras de
autodestruição, sendo eles: anômico, egoísta, altruísta e fatalista.
O suicídio anômico acontece no contexto de crise na sociedade, como por exemplo, crises
econômicas ocorridas durante o mandato de Fernando Collor, que proporcionou uma série de
suicídios. Sendo o mais enfatizado na visão do autor, já que é o mais presente na sociedade
moderna. Da mesma forma que existem fatores inseridos no corpo coletivo que influenciam esse
fato social, existem o que não influenciam, por exemplo, a guerra, pois as pessoas se sentem
correlacionadas a um propósito.
Outrossim, para Durkheim, na sociedade também existe o suicídio egoísta que ocorre
quando o indivíduo não se sente integrado no seu grupo social ou quando as ligações estão fracas.
Por exemplo, sujeitos que não se sentem compactuados com a família e amigos. Entretanto, o
suicídio altruísta ocorre ao contrário, visto que acontece quando o indivíduo se sente
excessivamente interligado ao meio social ou alguma causa na qual acredita, tal como os terroristas.
E por fim, existe o suicídio fatalista que ocorre quando o ser humano está totalmente regulado pela
sociedade. Porém, esse suicídio é pouco frequente na sociedade contemporânea.
Portanto, segundo o autor Émile Durkheim, nota-se que o fato social está presente na
sociedade e na vida nos indivíduos, influenciando no seu modo de agir por meio de suas quatro
características.

MAX WEBER
Contrariamente aos primeiros sociólogos, inclusive ao filósofo Émile Durkheim, o
intelectual Max Weber, centrou seu estudo na ação social, não nas estruturas, por que para o
sociólogo, esses sistemas são inerentes ao ser humano, isto é, não é algo externo ao indivíduo.
Logo, definiu que o dever a sociologia é entender os sentidos das ações. O autor também aponta
características importantes para o estudo das ciências sociais. Visto que, por meio de estudos

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empíricos que resultam nas experiências humanas como únicas responsáveis pela formação das
ideias existentes no mundo conseguiu definir quatro tipos de ação social, sendo eles: ação
tradicional, efetiva, social racional com relação a fins, por fim, ação social racional movida por
valores. Desse modo, o método empírico tem como propósito procurar soluções por meio desse
processo.

Dada a sua complexidade, a discussão realizada por Weber sobre a objetividade das
ciências sociais merece uma consideração cuidadosa. Segundo o autor, para chegar ao
conhecimento que pretende, o cientista social efetua quatro operações: 1) estabelece leis e
fatores hipotéticos que servirão como meios para seu estudo; 2) analisa e expõe
ordenadamente “o agrupamento individual desses fatores historicamente dados e sua
combinação concreta e significativa”, procurando tornar inteligível a causa e natureza dessa
significação; 3) remonta ao passado para observar como se desenvolveram as diferentes
características individuais daqueles agrupamentos que possuem importância para o presente
e procura fornecer uma explicação histórica a partir de tais constelações individuais
anteriores, e 4) avalia as constelações possíveis no futuro (QUINTANEIRO, 2002, p. C).

Desse modo, as leis que estabelecem essas operações são definidas pelas ações sociais que
precisam ser analisadas individualmente. Ademais, é necessário saber suas causas e as finalidades
futuras, por isso, a ação tradicional consiste nos atos cotidianos, ou seja, atitudes que fazemos
diariamente, por isso, sempre reagimos da mesma forma; como por exemplo, cumprimentar o
próximo, pedir à benção, consumir algo. Já a ação efetiva equivale à ações movidas a sentimentos,
como amor, raiva, ódio, desespero, ciúmes, exemplo, torcer para um time de futebol. Entretanto, ao
contrário da ação efetiva, a ação social racional com relação a fins é definida por meio de um
objetivo que proporciona algo benéfico para si, assim como, fazer algum tipo de investimento
financeiro visando o lucro. Além disso, o autor Max Weber, identifica a ação social racional movida
por valores, que está relacionada a questões ideológicas dos indivíduos, como usar determinada
roupa por causa da sua religião. O que dá significado a essa ação é o valor ideológico a qual ela
possui. Nesse sentido, é possível perceber que as ações são causadas por diferentes finalidades.
Para o autor, é preciso separar a ação social em duas maneiras; são elas a ação homogênea e
ação proveniente de uma imitação. Em primeira análise, a ação homogênea consiste na execução
generalizada, ou seja, feita por vários indivíduos unanimemente, pois, está relacionada com a
situação dos sujeitos presentes na sociedade, exemplo, quando os estabelecimentos divulgam
promoções, por que as pessoas se deparam em uma condição de déficit financeira. Além disso,
existe a ação homogênea simultânea que ocorre quando vários indivíduos exercem a mesma ação,
como, se preservar de um contágio. Por último, a ação social proveniente de uma imitação

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constitua-se quando o indivíduo imita o que é imposto pela massa, já que não possui uma relação de
sentido, somente uma imitação. Logo, esse tipo de ação social, segundo o intelectual Max Weber, é
o menos visado pela sua sociologia compreensiva.
CONCLUSÃO
Dessa maneira, nota-se que Émile Durkheim estuda a sociedade como coisas para se afastar
do senso comum; visa a sociedade como um organismo vivo; e menciona que os indivíduos são
guiados pelos fatos sociais, independente da sua vontade. Já o sociólogo Weber, acredita que para
estudar as ciências sociais é inevitável fazer sociologia sem o juízo de valor, por que são os
indivíduos que guiam a sociedade por meio das ações sociais.
Portanto, é possível perceber com base nesse artigo que o sociólogo Émile Durkheim e Max Weber,
tem ideologias sociológicas distintas, entretanto, ambos contribuíram de forma relevante para o
estudo da sociologia até os dias atuais.

BIBLIOGRAFIA
Texto: GIDDENS, Anthony. O que é sociologia? In: GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4a. edição.
Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 02 -19.

Obrigatório: DURKHEIM, Émile. In: RODRIGUES, José Albertino (org.). Sociologia. Ática, São
Paulo, 2008. (p. 73-143).

RODRIGUES, José Albertino. Introdução: A sociologia de Durkheim. In: Durkheim. São Paulo:
Ática, 2008 (p.7-38).

SELL, Carlos Eduardo. Max Weber e a racionalização da vida. Petropólis: Vozes, 2013 (p. 20-53).

SELL, Carlos Eduardo. Sociologia clássica: Durkheim, Weber e Marx. p. 26-44.

QUINTANEIRO, Tânia. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2 ed. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2002. p. 8-24

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