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Resumo
1. IntroduÁ„o
2. Mensagem Subliminar
Neste sentido, portanto, o conceito de subliminar, defendido por esse autor, est· bem
distante do sentido de subliminar do experimento vicarista.
N„o obstante, Vicary ter mais tarde confirmado que o resultado de seu
experimento havia sido uma farsa [cf. Ramonet (2002:56); Druckman (1988:98)],
Mucchielli e Calazans defendem a idÈia de que procedimentos taquicoscÛpicos tÍm um
grande potencial para produzir efeitos advindos de estÌmulos dessa natureza, apontando
o experimento vicarista como referÍncia.
As duas concepÁıes - a primeira, a que se restringe ‡ percepÁ„o de estÌmulos
embutidos (Calazans) e a outra, ‡ percepÁ„o daqueles que est„o subentendidos (FerrÈs)-,
no entanto, n„o negam o poder de influÍncia que essas apreensıes despercebidas
provocam na mente humana. Ambas confirmam que essas mensagens atuam como
armadilhas, ou armas de poder, ou uma cartada final que pessoas ñ a fonte, segundo
seus interesses - possam usar para o ataque a mentes desprovidas de defesa.
Ramonet (2002:48) aponta que alguns estudos afirmam que n„o h· evidÍncias de
que uma pessoa possa agir sob influÍncia de uma percepÁ„o subliminar, enquanto outros
sustentam que a influÍncia existe. Complementa que ìExperiÍncias provaram que esse
tipo de propaganda silenciosa n„o suscita, a rigor, sen„o necessidades grosseiras
(vontade de beber, comer, de fumar, refrescar-se) e n„o pode absolutamente impor uma
marca precisa de produtoî. A duraÁ„o do efeito subliminar È muito reduzida. N„o se
mantÈm por tempo suficiente para uma pessoa deslocar-se a um supermercado para
adquirir o produto. H· um esvanecimento do efeito.
Algo imperceptÌvel, despercebido, indistinto, intacto, nulo, incompreendido,
indiferente, incompleto, indiscernÌvel, camuflado, latente, inadvertido. Essas expressıes
associam-se ‡ noÁ„o de subliminar, termo que quando pronunciado pode adquirir
sentido negativo. A crenÁa de que esse fenÙmeno ñ mensagens veladas, sejam imagens
embutidas ou idÈias dissimuladas - est· carregado de alto poder de ataque a mentes
indefesas, continua sendo disseminada pelos meios de comunicaÁ„o, em especial
internet.
Compreender os nÌveis de apreens„o dos fenÙmenos que nos chegam aos
sentidos ñ com respaldo da semiÛtica peirceana -, pode ser uma das saÌdas para se livrar
de certas crenÁas e ganhar um terreno fÈrtil para avanÁar nessa investigaÁ„o dos signos
que configuram a mensagem subliminar.
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3. O Signo
As trÍs categorias, por sua vez, s„o pertencentes a qualquer fenÙmeno. PorÈm,
dependendo da circunst‚ncia, uma poder· ser mais proeminente que a outra em certo
aspecto.
3.1 As Categorias
qualidade de impress„o, ou, ainda, como estados de surpresa ou, tambÈm, como
princÌpios condutores de h·bitos, inundam os nossos sentidos.
Somos compelidos pelos perceptos que insistem em chamar nossa atenÁ„o. …
impossÌvel n„o percebÍ-los, j· que somos equipados para nos sensibilizar quando
atingidos por eles. Neste apresentar-se, eles passam a forma de percipuum, e,
imediatamente, os nossos esquemas interpretativos capturam esse percipuum, esse algo
que se apresenta aos nossos sentidos, e o transforma num julgamento perceptivo. Os
julgamentos de percepÁ„o s„o elementos generalizantes que pertencem ao plano de
terceiridade, afirma Santaella (1998:65).
Para Peirce apud Santaella (1995:70), ìsÛ percebemos aquilo que estamos
equipados para interpretarî. Isso quer dizer que nossos esquemas interpretativos s„o
limitados, por nÛs n„o termos domÌnio sobre as operaÁıes mentais envolvidas nesse
processo de julgamento perceptivo.
Esbarrando nesses limites, o percepto adentra a mente como signo, contudo n„o
se mostra capaz para atingir os esquemas interpretativos. S„o percepÁıes que n„o
ultrapassam o limiar da consciÍncia. ìA recepÁ„o subliminar È a mensagem percebida,
por qualquer um dos sentidos, ‡ margem dos esquemas reflexivos, portanto
insdiscenÌvel, ocorrendo num plano de primeiridadeî (Nascimento, 2001:117).
que os perceptos que constituem essas peÁas se faÁam presentes, na sua presentidade, na
sua imediaticidade qualitativa. Neste apresentar-se, eles passam ‡ forma de percipuum
e, imediatamente, os nossos esquemas interpretativos capturam esse percipuum, esse
algo que se apresenta aos nossos sentidos, e o transforma num julgamento perceptivo.
Como podemos atestar ao nos defrontarmos com esses an˙ncios. Podemos verificar,
entretanto, que muitas apreensıes, nesses an˙ncios, operam-se em nÌvel de terceiridade:
a mulher, jÛia, colar, brinco, borboleta, as cores, as palavras, enfim h· ocorrÍncia do
processo da semiose ñ interpretaÁ„o de um signo em outro signo.
sugerir. Esses s„o, portanto, signos n„o capturados na malha de nossos esquemas
interpretativos. S„o signos apreendidos no plano de primeiridade. O potencial
comunicativo desses signos se apresenta como mera qualidade de impress„o e
possibilidades. Estamos diante do fenÙmeno subliminar.
H·, portanto, na composiÁ„o textual dos dois an˙ncios acima, um ponto em
comum. O texto verbal limita-se ao nome da marca, em primeiro plano e, seguidamente,
em segundo plano, ‡ Ínfase para a data ìDia das M„esî, na figura 1, e a informaÁıes
sobre o produto e endereÁos, em ambas as peÁas.
No que se refere ‡ fotografia, as imagens dos dois an˙ncios apresentam alguns
signos que podem passar despercebidos, de alguma forma para algum leitor, pelo menos
num dado momento e por um certo tempo. S„o algumas formas aptas a sugerir possÌveis
associaÁıes similares e contÌguas a mentes interpretadoras: o ìformato em Vî no
arranjo estratÈgico da composiÁ„o da peÁa. Na figura 1, destaque para a pose da modelo
enfatizando braÁos, pernas, decote e cava do vestido, em forma de V. O design da jÛia -
borboleta -, na figura 2, a disposiÁ„o do cord„o do colar, reforÁa o formato em V. S„o
formatos que apresentam aptitude para uma associaÁ„o por similaridade ñ aparÍncia
fÌsica - com a marca VIVARA (Se considerada a fonte empregada.), j· que n„o h·, de
forma explÌcita, um texto verbal, por exemplo, que apresente argumentos, provas, para
reforÁar a idÈia da marca. Cria-se uma possÌvel relaÁ„o de aparÍncia.
Subliminar, nessas peÁas, s„o signos que n„o atingem os esquemas
interpretativos do processo de percepÁ„o para se revelar em outro signo. Sua apreens„o
se d· em nÌvel de indiscernimento, portanto, de primeiridade. S„o, simplesmente,
qualidades de sentimento inanalis·veis, inexplic·veis e inintelectuais.
Esses an˙ncios, enquanto qualidade de sensaÁ„o, s„o apenas a primeira parte
desse processo perceptivo, em que todo o seu conte˙do n„o passa de perceptos, os quais
insistentemente evocam-nos para atentar a eles, apresentando-se num compÛsito de
qualidades, de aparÍncias. No entanto, se esses signos com um potencial comunicativo
de primeiridade sair desse nÌvel de mera qualidade de sentimento, ou seja, passar de
velado a revelado, deixa sua condiÁ„o de subliminar.
Para o leitor que, atÈ ent„o, n„o havia discernido as formas sugestivas ìem Vî
por inferÍncia de similaridade com a marca VIVARA, a apreens„o desses signos, atÈ
ent„o, havia se dado em ambiente de primeiridade, impossibilitando avaliar o processo.
A partir do instante em que se faz tal associaÁ„o, significa que o percepto atingiu o
julgamento perceptivo. Deixar·, pois, sua condiÁ„o de subliminar, efetivando a semiose.
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Assim sendo, uma sÈrie infinita de outros signos podem se revelar pelas possibilidades
infinitas de associaÁıes que a mensagem est· apta a despertar em nossa mente, ou
melhor, em cada mente interpretadora.
6. ConsideraÁıes Finais
7. Bibliografia